Igor Alves Dantas de Oliveira Prof - Faap
Igor Alves Dantas de Oliveira Prof - Faap
Igor Alves Dantas de Oliveira Prof - Faap
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
educação e esqueciam das outras políticas públicas. A educação, inclusive, foi uma questão<br />
que <strong>de</strong>sagradou os eclesiásticos, uma vez que a reforma educacional previa “uma educação<br />
que enfatizava o pensamento in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> doutrina religiosa e a rejeição da<br />
hierarquia” (SALVADÓ, 2008, pp. 56-57).<br />
Não <strong>de</strong>morou para que as instituições tradicionais da Espanha se voltassem contra o<br />
regime republicano. A Igreja mobilizou os fiéis incentivando uma postura espiritual e<br />
patriótica. Além da Igreja, os militares também se posicionaram cautelosos frente à<br />
República. O exército, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do império, estava se fechando cada vez mais, <strong>de</strong> forma<br />
que as famílias pertencentes à aca<strong>de</strong>mia militar evitavam ter laços sociais com outros grupos<br />
não militares (GRAHAM, 2006, p. 26).<br />
Entre os oficiais do exército colonial na África, on<strong>de</strong> estava Francisco Franco,<br />
surgiram opiniões mais ríspidas <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> e a política espanhola não estavam bem.<br />
Em 1927, Franco assumiu o posto mais alto na aca<strong>de</strong>mia militar <strong>de</strong> Zaragoza e convidou os<br />
africanistas que estiveram com ele no exército colonial para assumirem o professorado. Logo,<br />
a aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Zaragoza se transformou em um centro <strong>de</strong> opiniões, baseado na idéia <strong>de</strong> que os<br />
militares <strong>de</strong>veriam ser os guardiões e salvadores da Espanha e do império e com isso se<br />
tornou, também, um dos principais centros <strong>de</strong> uma política ultranacionalista. Os movimentos<br />
em Zaragoza preocuparam a República que em junho <strong>de</strong> 1931 <strong>de</strong>cidiu fechar a aca<strong>de</strong>mia<br />
militar. Além disso, a política republicana também acabou com as promoções por mérito que<br />
foram concedidas durante a guerra do Marrocos, irritando profundamente os africanistas. As<br />
atitu<strong>de</strong>s adotadas pela República representaram uma afronta aos i<strong>de</strong>ais ultranacionalistas e<br />
muitos oficiais se tornaram hostis às metas republicanas <strong>de</strong> impor um governo <strong>de</strong> controle<br />
civil e constitucional sobre o exército (I<strong>de</strong>m, pp. 26-27).<br />
Não só a Igreja e os militares se posicionaram contra a política republicana, como<br />
também parte do setor civil da socieda<strong>de</strong> espanhola. Muitas pessoas da classe média, <strong>de</strong> visão<br />
conservadora e que seguiam o catolicismo, ficaram revoltadas quando a República e as<br />
reformas republicanas começaram a interferir na cultura católica que indicava o<br />
comportamento da vida cotidiana na Espanha. Os republicanos legislaram para impedir as<br />
or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> educação religiosa, acreditando que elas criavam uma barreira para a criação <strong>de</strong><br />
uma nação republicana. A tentativa <strong>de</strong> acabar com a educação religiosa foi um fracasso,<br />
porque todo o período que antece<strong>de</strong>u o início da guerra civil, o clérigo continuou atuando na<br />
educação. Mais do que isso, a Igreja mobilizou uma gran<strong>de</strong> força conservadora para se opor à<br />
República (I<strong>de</strong>m, pp. 28-30).<br />
38