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entre o rastro da história e o limiar da memória

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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e Cultura<br />

São Cristóvão/SE: GELIC/UFS, V. 4, 3 e 4 de maio de 2012. ISSN: 2175-4128<br />

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passando por cima de todos e vitimando a muitos para saciar a própria sede de<br />

vingança e, com isso, <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de à tradição do cangaço no sertão nordestino.<br />

No meio desse fogo cruzado se encontra o povo do interior sergipano,<br />

representado na obra como uma massa de pessoas desfavoreci<strong>da</strong>s ou desvali<strong>da</strong>s, mas<br />

contraditoriamente forte e sobrevivente do horror <strong>da</strong>s lutas trava<strong>da</strong>s Nordeste a fora.<br />

Essa gente não conta com a aju<strong>da</strong> do Governo nem com a proteção dos cangaceiros e,<br />

em decorrência disso, é a grande vítima do cenário <strong>da</strong> guerra trava<strong>da</strong> no cenário<br />

enfeitado pelos pés de jurema, palma e macambira.<br />

Neste cenário, são vítimas de varia<strong>da</strong>s torturas, pois, quando “o bando de<br />

Lampião e a volante do governo agora deram pra esta zona do Aribé. Enquanto se<br />

perseguem e se chama em porfia<strong>da</strong>s e sangrentas brigas” (OD, 1996, p. 125)<br />

absurdos acontecem, conforme são representa<strong>da</strong>s no folhetos e no romance. Os<br />

cangaceiros “vão também esfolando a região, a saque, morte e desonra, metendo o<br />

pau na pobreza desvali<strong>da</strong>. Furam olhos, arrancam unhas, decepam os quibas e a<br />

metade <strong>da</strong> língua” (OD, 1996, p. 125).<br />

Quer na forma, quer no conteúdo, a presença do cordel em Os desvalidos<br />

revigora os dois aspectos teóricos: o <strong>da</strong> <strong>história</strong> e o <strong>da</strong> <strong>memória</strong>, na medi<strong>da</strong> em que<br />

não se contrapõem ao cordel, mas se <strong>entre</strong>cruzam com ele num discurso construído<br />

por um narrador que tenta recuperar as vozes populares e, por conseguinte, a<br />

<strong>história</strong> oficial e a não oficial, os causos e as <strong>memória</strong>s sociais de uma gente<br />

testemunha ocular do ciclo do cangaço em Sergipe.

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