Março, 2011 - Associação Portuguesa dos Nutricionistas

Março, 2011
Índice
Caros leitores,
Editorial
EDITORIAL
DESTAQUES
ACTIVIDADES
ACTUALIDADES
ENTREVISTA COM …
CIENTIFICIDADES
PRÓXIMOS EVENTOS APN
Ficha Técnica
Directora Editorial
Alexandra Bento
Coordenador Científico
Nuno Borges
Corpo Redactorial
Tânia Cordeiro, Delphine Dias, Helena Real,
Ana Martins
Design Gráfico
Associação Portuguesa dos Nutricionistas
Propriedade
Associação Portuguesa dos Nutricionistas
Redacção
Associação Portuguesa dos Nutricionistas
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4000-291 Porto
Tel.: +351 22 208 59 81
Fax: +351 22 208 51 45
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Periodicidade trimestral
Após a publicação em Diário da República da Lei n.
51/2010 de 14 de Dezembro, que cria a Ordem dos
Nutricionistas e aprova o seu Estatuto, aguardamos,
para breve, a nomeação da Comissão Instaladora, por
parte do Ministério da Saúde.
Estamos a organizar o X Congresso de Nutrição e
Alimentação que decorrerá nos dias 12 e 13 de Maio,
no Centro de Congressos de Lisboa, a par do II
Congresso Ibero-Americano de Nutrição. No dia 12 de
Maio, preparamo-nos, igualmente, para lançar a 11ª
Edição da Revista Nutrícias.
Em 2011 damos continuidade aos Nutrition Awards,
um projecto pioneiro em Portugal, que resulta da
parceria entre a APN e a GCI e que pretende
reconhecer, premiar e divulgar projectos, produtos e
serviços na área da Nutrição em Portugal.
Para além da descrição de outras actividades, nesta
edição da APNnews, damos particular destaque à
temática da diabetes, doença crónica, cuja prevalência
tem vindo a aumentar de forma preocupante, muito à
custa dos hábitos alimentares pouco saudáveis,
sedentarismo e excesso de peso.
No mês de Abril realizaremos o Curso de Actualização
Profissional “Diabetes e Nutrição” que vai contar com
a colaboração de nutricionistas especialistas na área.
Votos de boas leituras!
Saudáveis cumprimentos,
Alexandra Bento
Presidente da Direcção da
Associação Portuguesa dos Nutricionistas

Março, 2011
Destaques
Publicação da Lei nº 51/2011 que cria a
Ordem dos Nutricionistas e aprova o seu
estatuto
No dia 14 de Dezembro de 2010, foi publicada em Diário
da República na 1º série – nº 240, a Lei n. 51/2010 de 14
de Dezembro, que cria a Ordem dos Nutricionistas e
aprova o seu Estatuto.
A Ordem dos Nutricionistas irá regular a profissão dos
Nutricionistas e dos Dietistas.
Poderá encontrar a Lei n. 51/2010 de 14 de Dezembro no
site:
http://www.apn.org.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/d
oc267.pdf
X Congresso de Nutrição e Alimentação
II Congresso Ibero-Americano de Nutrição
A APN encontra-se a organizar o X Congresso de
Nutrição e Alimentação, este ano sob a temática:
Nutrição e Saúde: um desafio global.
Nos dias 12 e 13 de Maio, no Centro de Congressos de
Lisboa, ao X Congresso de Nutrição e Alimentação,
associa-se o II Congresso Ibero-Americano de Nutrição.
Este evento constituirá uma excelente oportunidade
para a partilha de experiências diferentes, realidades e
networking, entre os diferentes países que estarão
presentes neste congresso.
Este congresso contará com a participação de mais de
50 oradores nacionais e 15 oradores internacionais, de
reconhecido mérito na área das Ciências da Nutrição,
que abordarão um conjunto de temas variados,
pertinentes e actuais.
Consulte o programa e saiba como se inscrever no site:
http://www.apn.org.pt/scid/nutrievent2011/?pager=C
ontentViewOne&realizationContentID=10
A APN foi a Votos
No dia 8 de Janeiro decorreram, na sede
da Associação Portuguesa dos
Nutricionistas, as eleições para os Corpos
Sociais da APN do próximo triénio (2011-
2013).
A lista vencedora, e única candidata, é composta:
MESA DA ASSEMBLEIA GERAL
Presidente: Prof. Doutor Pedro Alexandre Afonso de
Sousa Moreira
1º Secretário: Dr. Nuno Miguel dos Santos Pinto Ferreira
2º Secretário: Dr. Hugo Miguel de Sousa Lopes
1º Suplente: Dra. Clara Regina Duarte Simões de Matos
2º Suplente: Prof. Doutora Teresa Maria de Serpa Pinto
Freitas do Amaral
DIRECÇÃO
Presidente: Dra. Alexandra Gabriela de Almeida Bento
Pinto
Vice-presidente: Dra. Helena Margarida Ávila Campos
Marques
Secretário: Dra. Beatriz Justina Ferreira Ramos de
Oliveira
Tesoureiro: Dra. Sílvia Andrea Pereira da Cunha
1º Vogal: Professor Doutor Nuno Pedro Garcia Fernandes
Bento Borges
2º Vogal: Dr. Luís Rêgo Costa Matos
3º Vogal: Dr. José Miguel Lopes Camolas
1º Suplente: Dra. Sónia Marta da Costa Mendes
2º Suplente: Dra. Maria Antónia Rosas Leitão Paes de
Vasconcelos
CONSELHO FISCAL
Presidente: Prof. Doutora Carla Maria de Moura Lopes
1º Secretário: Dr. Nuno Silva Santos Nunes
2º Secretário: Dra. Elsa Cristina Timóteo Feliciano
1º Suplente: Dra. Maria Helena Baptista Antunes
Fernandes Cid
2º Suplente: Dra. Ana Leonor de Sousa Perdigão

Março, 2011
Actividades
Nutrition Awards 2011
A 25 de Novembro de 2010 decorreu, no
Auditório do Infarmed, o lançamento dos
Nutrition Awards 2011.
Os Nutrition Awards constituem uma iniciativa
conjunta da APN e da GCI e pretendem reconhecer,
premiar e difundir projectos, produtos e serviços da
área da Nutrição em Portugal.
A sessão de abertura contou com uma conferência
proferida pela Dra. Maria de Belém Roseira e um
painel de discussão com os diversos parceiros,
tendo o evento sido encerrado pelo Secretário de
Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro.
Nesta segunda edição foram apresentadas mais
duas categorias para além das 5 existentes:
Comunicação em Nutrição e Prémio Especial em
Jornalismo. Assim, em 2011 são 7 as categoriais a
concurso:
Nutrição Clínica
Saúde Pública
Inovação e desenvolvimento de produtos e
serviços
Qualidade e Segurança Alimentar
Investigação em Ciências da Nutrição
Comunicação em Nutrição
Prémio especial Jornalismo
Semana Europeia da Prevenção da
Produção de Resíduos
A APN dinamizou um workshop denominado
“Cozinhar bem e desperdiçar pouco”, em parceria
com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento
do Território (MAOT) no âmbito da Semana
Europeia da Prevenção da Produção de Resíduos,
que decorreu nos dias 22 a 26 de Novembro. Este
workshop contou com a presença do Secretário de
Estado do Ambiente, Dr. Humberto Rosa, e da
Secretária de Estado do Ordenamento do Território
e das Cidades, Dra. Fernanda do Carmo. Foi ainda
desenvolvido e distribuído um folheto alusivo à
temática, como forma de sensibilização para a
prevenção da produção de resíduos na cozinha.
e-book “Receitas para criança com
Paralisia Cerebral”
No dia 3 de Dezembro celebrou-se o Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência e,
neste sentido, a APN com a colaboração da
colega Ana Araújo desenvolveu o e-book “Receitas
para a criança com Paralisia Cerebral”. Este e-book
refere algumas receitas para crianças que sofrem de
Paralisia Cerebral, mostrando que estas crianças
podem ter uma alimentação variada e equilibrada,
apreciando os vários sabores dos alimentos.
Candidaturas até 31 de Março de 2011. Participe!
Pode consultar mais informações sobre as
categorias, júri e apoios e parcerias em
www.nutritionawards.pt

Março, 2011
Actividades
Direito Humano à Alimentação Adequada
O dia 10 de Dezembro é o Dia Internacional da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Dia
Nacional dos Direitos Humanos. No âmbito deste
dia, a APN alertou os órgãos de soberania para a
possibilidade de se estar a assistir em Portugal a
situações de Insegurança Alimentar e Nutricional,
com o envio de documento à Assembleia da
República e ao Governo.
A APN pretende afirmar em Portugal o Direito
Humano à Alimentação Adequada, de forma a que
se possa garantir a todos os portugueses uma
alimentação adequada, segura e saudável.
Receitas com desperdícios e sobras da
CEIA de NATAL
Para o Natal de 201, a APN aconselhou a
população a desperdiçar menos e a
aproveitar as sobras da Ceia de Natal,
transformando-as em novos pratos e novas receitas.
No livro “Receitas com desperdícios e sobras da
Ceia de Natal”, encontram-se receitas tradicionais
tendo como ingredientes alimentos ou partes de
alimentos que, por norma, são desperdiçados
durante a preparação das receitas de Natal.
Paralelamente, foi desenvolvido um folheto de
como prevenir o desperdício durante a compra,
preparação e confecção da ceia de Natal.
Aproveite, aprecie e divulgue!
2ª Edição do Curso de Actualização
Profissional em Nutrição Clínica
A APN dinamizou no dia 12 de Fevereiro, na
Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica Portuguesa, a 2ª
Edição do Curso de Actualização Profissional
em Nutrição Clínica.
3ª Edição do Curso de Actualização
Profissional em Nutrição Clínica
No dia 26 de Fevereiro, a APN promoveu a
3ª Edição do Curso de Actualização
Profissional em Nutrição Clínica, desta vez,
em Lisboa. O curso decorreu nas instalações
da Junta da Freguesia de São João de
Benfica.
Campanha Comer Bem é + Barato
A APN juntamente com a Fundação Calouste
Gulbenkian, Fundação EDP, SIC e a DECO, lança a
campanha “Comer bem é + Barato”. Esta campanha
tem o objectivo de alertar toda a população de que
é possível comer de uma forma saudável a um
custo de 1€. Durante 7 semanas serão lançadas 7
ementas variadas, completas e equilibradas por
apenas…1€!Acompanhe os spots no site da APN.
Formação na ANF
Nos dias 1 e 2 de Fevereiro, a APN realizou na
Associação Nacional de Farmácias (ANF), uma
sessão de formação sobre “Alimentação Saudável”,
destinada a farmacêuticos e técnicos de farmácia.
Esta formação insere-se no âmbito da parceria que a
APN tem, desde longo data, com esta instituição.

Março, 2011
Actualidades
10 passos para melhorar hábitos alimentares e controlo da diabetes
Maria João Afonso
Nutricionista da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
A educação alimentar é fundamental na terapêutica da diabetes. Faz parte do tratamento da diabetes tipo 2,
juntamente com os antidiabéticos orais ou a insulina, e a actividade física.
O padrão de alimentação saudável é o mais indicado, e as quantidades adequadas às necessidades de cada pessoa, a
ser avaliadas individualmente.
O excesso de gordura corporal é uma situação frequente nas pessoas com diabetes tipo 2.
A sua redução, mesmo que moderada, contribui para melhorar os níveis de glicose no sangue (glicemia).
Para além do controlo glicémico, nas pessoas com diabetes, é fundamental prevenir ou tratar o aumento dos níveis de
colesterol e triglicéridos, bem como evitar a hipertensão arterial.
Em caso de dúvidas, consulte um Nutricionista
Mais informações em www.apn.org.pt
1. Faça intervalos entre refeições de 2 horas e meia a 3
horas durante o dia.
2. Opte pelos hidratos de carbono mais saudáveis.
Pão de mistura, centeio ou integral, massa, arroz vaporizado,
basmati ou integral, leguminosas (grão, feijão, ervilha, fava e
lentilha), batata, aveia integral, fruta fresca e leite pouco
gordo ou iogurte magro sem açúcar.
3. Para obter um bom controlo diário das glicemias
Inclua hidratos de carbono em cada refeição, em
quantidades moderadas de cada vez, e
Mantenha de dia-para-dia o total de hidratos de carbono
correspondente a cada refeição (consulte uma tabela de
equivalências de hidratos de carbono).
4. Reserve o doce apenas para situações ocasionais de
festa (se faz auto-vigilância e tem bom controlo glicémico), e
reduza os hidratos de carbono da mesma refeição, para
cerca de metade.
Se precisar de adoçar o café ou outra bebida, pode usar
adoçante.
5. Coma diariamente legumes e hortaliças
Em sopas (com pouca batata) no início das refeições
principais e no segundo prato (cerca de metade do prato).
6. Inclua regularmente peixe (2 vezes por semana do
gordo), mas limite o consumo de carnes vermelhas e gordas.
7. Reduza o consumo de folhados, fritos e gordura saturada
(das natas, manteiga, carne gorda, enchidos e queijo gordo).
8. Para temperar e cozinhar prefira o azeite, mas com
moderação!
9. Reduza o sal
Para temperar substitua-o por ervas aromáticas e especiarias
e limite o consumo de alimentos processados.
10. Beba no mínimo 1,5 L de água por dia.
Se ingere bebidas alcoólicas, não exceda os 3 dl de vinho por
dia ou 2 cervejas por dia (metade no caso de ser mulher).
Não esqueça
Complemente os bons hábitos alimentares com uma vida
mais activa.
Vigie regularmente o seu peso corporal.

Março, 2011
Actualidades
A importância da alimentação no tratamento da diabetes
Rute Sá Azevedo
Nutricionista, Unidade Local de Saúde de Alto Minho
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, devido a uma
ausência total ou parcial e/ou resistência à actuação da insulina. Esta é uma hormona produzida pelo pâncreas que funciona como
uma “chave”, abrindo a “porta” das nossas células à glicose, a fonte principal de energia do nosso organismo. Se a actuação da
insulina não é eficaz, a glicose acumula-se no sangue (hiperglicemia), causando danos nas nossas artérias e órgãos.
A DM 1 caracteriza-se por uma falência total na produção de insulina, por causas não totalmente conhecidas. Na DM 2 há uma
insuficiência da insulina e/ou uma resistência do organismo à sua acção. Este tipo é muito mais frequente e tem vindo a aumentar
de forma preocupante, devido à combinação: sobrecarga ponderal, excessos alimentares e sedentarismo. Existem outros tipos de
diabetes, menos frequentes.
Os cuidados alimentares são fundamentais na sua prevenção e tratamento. Pré-diabéticos ou diabéticos devem receber
aconselhamento individualizado (por nutricionista), sensível às necessidades individuais, preferências e motivações. Deve
encorajar-se um peso adequado e uma actividade física regular. A alimentação deve seguir um padrão saudável, rica em fibras,
vitaminas, minerais e fitonutrimentos com efeito antioxidante. As fibras promovem a saciedade e tornam a libertação de glicose
na corrente sanguínea mais gradual. Alimentos com glícidos (amidos e açúcares), como cereais pouco refinados/integrais,
hortícolas, frutos e lacticínios magros, devem fazer parte da dieta, mas o diabético deve aprender a contabilizá-los, através da
leitura de rótulos e tabelas, ou uso de equivalentes. O açúcar e alimentos açucarados devem ser consumidos esporádica e
cuidadosamente. Adoçantes artificiais são uma alternativa segura ao açúcar.
São importantes: a consistência, ou seja, comer mais ou menos a mesma quantidade de glícidos em cada refeição, respeitando
horários; o limite máximo de glícidos em cada refeição e, no caso da DM1, a adequação, ou seja, a quantidade e distribuição de
glícidos versus insulina. Uma vez que o diabético tem um risco aumentado de doença cardiovascular, deve-se limitar a ingestão de
gordura, sobretudo de saturada, trans e colesterol, presente em diversas carnes vermelhas, leite e derivados gordos, produtos de
pastelaria e fast-food, etc.
De um modo geral, pode dizer-se que, para o diabético, “nada é proibido, mas tudo é quantificado”…
Diabetes Mellitus Tipo 2 e Tecido Adiposo Visceral
Hugo de Sousa Lopes
Nutricionista, Centro de Saúde de Felgueiras, ACES Tâmega III – Vale do Sousa Norte, ARS Norte | Instituto Superior de Ciências da Saúde Norte
A associação entre Tecido Adiposo Visceral (TAV) e risco de Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) é um assunto largamente
documentado na bibliografia, na continuação dos estudo de relação entre TAV e outros factores, como o risco cardiovascular,
sobre acumulação lipídica, elevação das concentrações de triacilgliceróis em jejum e aumento da mortalidade após a meia
idade(1). Contudo, a avaliação de TAV, fora dos grandes centros de investigação, revela-se, de extrema dificuldade e comporta
elevados custos, criando a necessidade do desenvolvimento de medições fiáveis, práticas e sem custos, que permitam aceder a
este componente específico da composição corporal em contexto clínico (2). O Perímetro da Cintura (PC) revelou ser a medida de
excelência para este fim, dada a sua independência do Índice de Massa Corporal e a sua correlação com o TAV (3). Apesar de a
evidência aconselhar a utilização do PC como medição de rotina pelos profissionais de saúde (4), existe alguma controvérsia
relativamente ao local de medição mais adequado. Devido à sua correlação com TAV avaliado por TAC e ao seu baixo erro de
medição considera-se que o local de medição mais fiável é a denominada “cintura natural” (zona mais estreita do tronco abaixo
do esterno) (5). Objectivando a prevenção de DM2, a International Diabetes Federation sugere a avaliação de risco pelo uso dos
pontos de corte de PC ≥94 cm para homens e PC ≥80 cm para mulheres (6), na população europeia.
1. Després JP. Cardiovascular disease under the influence of excess visceral fat. Crit Pathw Cardiol. 2007 Jun;6(2):51-9. 2. Zhu S, Wang Z, Heshka S, Heo M, Faith MS, Heymsfield SB. Waist circumference and
obesity-associated risk factors among whites in the third National Health and Nutrition Examination Survey: clinical action thresholds. Am J Clin Nutr 2002;76:743-9. 3. Janssen I, Katzmarzyk PT, Ross R. Waist
circumference and not body mass index explains obesity-related health risk. Am J Clin Nutr. 2004;79(3):379-84. 4. Wang J. Waist circumference: a simple, inexpensive, and reliable tool that should be
included as part of physical examinations in the doctor's office. Am J Clin Nutr. 2003;78(5):902-3. 5. Wang J, Thornton JC, Bari S, Williamson B, Gallagher D, Heymsfield SB, Horlick M, Kotler D, Laferrère B,
Mayer L, Pi-Sunyer FX, Pierson RN Jr. Comparisons of waist circumferences measured at 4 sites. Am J Clin Nutr. 2003;77(2):379-84. 6 - Alberti KGMM, Zimmet P, Shaw J. IDF: a consensus on Type 2 diabetes
prevention. Diabetic Medicine. 2007;24:451–463.

Março, 2010 2011
Entrevista com…
… Dr. José Pedro Lima Reis, Médico Endocrinologista
Foi Chefe de Serviço de Endocrinologia e Nutrição do Hospital de S. João do Porto e Professor Auxiliar
Convidado de Patologia e Dietoterapia da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do
Porto (FCNAUP), tendo-se reformado em 2002. É autor de dezenas de trabalhos na área da sua especialidade, e
integra o Conselho Científico das revistas Comportamento Alimentar e Revista Portuguesa de Diabetes.
APNnews: Cerca de 12% da população portuguesa dos 20 aos
79 anos é diabética, em que consiste a Diabetes Mellitus
Tipo 2?
José Pedro Lima Reis (JPLR): A diabetes deste tipo caracterizase
por resistência à insulina e falência progressiva da produção
da hormona pelas células β do pâncreas. Habitualmente, à
data do diagnóstico, a deficiência hormonal é relativa e não
absoluta, por isso, durante muitos anos não costuma haver
necessidade da utilização da hormona para tratamento das
pessoas afectadas.
APNnews: Quais os seus principais factores de risco?
JPLR: Os factores de risco constituem uma tríade que reúne
sedentarismo, obesidade e stresse que tem como
característica acompanhar-se da produção de hormonas que
antagonizam a acção da insulina.
APNnews: Quais os seus principais sintomas e formas de
diagnóstico?
JPLR: Os mais conhecidos e mais chamativos são a sede e a
poliúria, contudo há outros dados clínicos que podem evocar
o diagnóstico tais como a presença da doença em familiares, a
macrossomia fetal e as infecções vaginais por fungos. Muitas
vezes o diagnóstico é uma má surpresa veiculada numa
avaliação analítica de rotina.
Se há suspeita da presença da doença a sua confirmação pode
fazer-se através do doseamento de glicose no sangue.
APNnews: Da sua vasta experiência, considera, a equipa
multidisciplinar (médico endocrinologista, nutricionista,
enfermeiro, psicólogo) fundamental para o tratamento
desta patologia? De que forma a integração dos
conhecimentos destes profissionais poderá auxiliar estes
doentes?
JPLR: Trata-se de uma doença cónica sujeita a variadíssimas
complicações agudas e crónicas, de natureza infecciosa,
vascular e neurológica, que podem revelar-se a qualquer
momento durante a sua evolução, por isso, o doente necessita
de assistência e vigilância permanentes, não só para ensino de
procedimentos adequados no que diz respeito ao tratamento
da doença e à profilaxia das suas complicações, mas também
na detecção precoce das que não puderam ser evitadas.
A importância e complexidade deste seguimento explicam a
necessidade da formação de equipas multidisciplinares bem
articuladas constituídas por médico, nutricionista, enfermeiro
e psicólogo.
APNnew: É sabido que a alimentação é fundamental no
tratamento desta patologia, quais são outros tratamentos
coadjuvantes?
JPLR A doença poderá requerer para tratamento após o
diagnóstico, e não raramente durante muitos anos, apenas
modificações do estilo de vida que incidirão preferencialmente no
tipo de actividade física e na composição e distribuição do regime
alimentar.
Como medidas complementares o médico dispõe dos antidiabéticos
orais que, grosso modo, ou diminuem a resistência à
insulina, ou estimulam a sua produção.
No caso de a doença evoluir para a falência pancreática grave a
insulina exógena terá de ser utilizada.
APNnew: Após o diagnóstico recente de Diabetes Mellitus Tipo
2, quais as alterações que este doente deverá efectuar de
imediato?
JPLR: As alterações imediatas dizem respeito à alimentação e tipo
de actividade física. A sua importância deve ser explicada e
realçada de forma a obter a necessária adesão ao programa que
estabeleceremos e adaptaremos individualmente.
Se a descompensação metabólica verificada pelo estudo analítico
for grande caberá ao médico estabelecer paralelamente a
medicação adequada ao caso em apreço.
APNnew: Quais os principais receios destes doentes? E de que
forma os profissionais de saúde poderão auxiliar estes
pacientes?
JPLR: O receio dos diabéticos é o das complicações da doença que
conhecem por terem afligido ou vitimado familiares próximos ou
de que tiveram notícia através dos meios de comunicação. As que
mais os preocupam e, por isso, citam mais frequentemente, são a
cegueira, a insuficiência renal, a amputação de membros e o
coma.
A maneira de auxiliá-los é estabelecer-lhes um plano de
tratamento adequado e exequível, responsabilizá-los por ele e
transmitir-lhes a segurança de que se forem capazes de manter-se
bem compensados o que mais receiam não acontecerá.
APNnew: De que forma a família do doente diabético deverá
auxiliá-lo nas mudanças que este poderá ter que efectuar?
JPLR: Apoiando-o nas modificações sugeridas para adequar à
doença o seu estilo de vida e, se possível, integrando-se nelas
para facilitar a adesão do familiar a uma nova forma de estar que
implica limitações e esforços.

Março, 2011
Cientificidades
Sabia que...
... No ano de 2009, a Diabetes atingiu cerca de
12,3% dos portugueses, com idades
compreendidas entre os 20 e os 79 anos?
Fonte: Diabetes: Factos e Números. Relatório Anual do
Observatório Nacional da Diabetes, 2010.
... A associação entre a Diabetes e a Depressão,
pode constituir um risco superior de morte por
doença cardíaca em mulheres?
Fonte: A. Pan, M. Lucas, Q. Sun, R. M. van Dam, O. H. Franco, W.
C. Willett, J. E. Manson, K. M. Rexrode, A. Ascherio, F. B. Hu.
Increased Mortality Risk in Women With Depression and
Diabetes Mellitus. Archives of General Psychiatry, 2011; 68 (1).
... Caminhar 5 dias por semana, pelo menos 3000
passos por dia, pode diminuir o risco de
desenvolvimento de obesidade e diabetes?
Fonte: T. Dwyer, A.-L. Ponsonby, O. C. Ukoumunne, A. Pezic, A.
Venn, D. Dunstan, E. Barr, S. Blair, J. Cochrane, P. Zimmet, J.
Shaw. Association of change in daily step count over five years
with insulin sensitivity and adiposity: population based cohort
study. BMJ, 2011; 342 (jan13 1).
... Os compostos fenólicos presentes nos morangos
e maçãs, podem ajudar a regular o transporte de
glicose?
Fonte: Molecular Nutrition & Food Research 2010; 54(12):1773-
1780.
Próximos Eventos APN
Curso de Diabetes e
Nutrição - Porto
25-26.03.2011
Comemoração do Dia
Mundial da Saúde
07.04.2011
X Congresso de
Alimentação e
Nutrição | II
Congresso Iberoamericano
de
Nutrição
12-13.05.2011
Lançamento da
Revista Nutrícias
12.05.2011
Comemoração do Dia
Europeu da
Obesidade
16.05.2011
Entrega dos Prémios
Nutrition Awards
2011
06.2011