Espanha: e sai mais um Real-Barça na - Post Milenio

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8 De 4 a 10 de fevereiro de 2011 Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! Matança de porco no Sporting de Toronto Casa do Alentejo 28º Aniversário Por: Carlos Morgadinho Noite de festa no centro Leonino, o Sporting Clube de Toronto, na Dupont Street. Assim com um jantar com produtos de suínos abatidos para esta festa tradicional das nossas gentes onde o entrecosto, enchidos, bifanas, torresmos e outros deliciosos petiscos (…não, nada de BBQ de asinhas de Águia Real) fizeram a alegria do mais exigente palato presente nesta festa tão peculiar das nossas regiões pois não há lugar desde os Açores à Madeira, passando obviamente pelo continente, onde estas festas não se realizassem no passado pois era a própria sobrevivência para a estação invernosa onde muitas vezes as populações ficavam isoladas semanas a fio pelo mau tempo. Foram muitos os “leões” e não só que se juntaram naquela noite para confraternizar e saborearem tão apreciada culinária. Houve música como “digestivo” e a animação era total naquela gente hospitaleira e divertida. Não foi esquecido o grande símbolo daquele clube, o Leão, que se juntou para a foto da praxe onde liderava o presidente, Augusto Pires, juntamente com mais uns quantos sócios e dirigentes. O nosso obrigado pelas atenções de que fomos alvo. Aqui deixamos um forte abraço. Este vosso escriba e o Chefe, são, e não é segredo, também “Leões”…. ACasa do Alentejo em Toronto continua a primar por se salientar na qualidade dos eventos com que presenteia a nossa comunidade. Continua também a Casa do Alentejo, a ser o grande bastião na divulgação da cultura e tradições do povo português. Hoje, venho até vós no sentido de comunicar-lhes a realização de mais dois eventos de elevado nível artístico na nossa Casa e assim, desde já convidá-los a estarem presentes. Deste modo, informo que a Casa do Alentejo em Toronto, irá celebrar 28 anos de existência nos próximos dia 18, 19 e 20 de Fevereiro. Esses, são evidentemente, vinte e oito anos que muito nos orgulham e que nos congratulam por termos sido os pioneiros de diversas iniciativas culturais que hoje brotam pelas diversas associações da nossa comunidade. No programa das celebrações deste aniversário, teremos na Sexta-feira, dia 18, às 18:30 horas (aproximadamente), um distinto encontro no Salão Azul, com serviço de “vinhos alentejanos” e aperitivos e a apresentação de cumprimentos pelos clubes, associações e entidades oficiais presentes. Este encontro será precedido de um jantar com espectáculo no Salão Nobre. Porém, o momento alto das celebrações este ano, terá lugar no Sábado, dia 19 de Fevereiro, com a realização de um jantar/espectáculo – “Grande Gala do Fado” – que será abrilhantado pela extraordinária voz da fadista JOANA AMEN- DOEIRA e seus músicos privativos. JOANA AMEN- DOEIRA vem de Portugal para actuar exclusivamente neste espectáculo. Fará ainda parte deste evento, a muito apreciada voz do talentoso fadista EDGAR BALEIZÃO, também ele vindo de Portugal, somente para actuar nesta “Grande Gala do Fado” que promete ser, simplesmente resplandecente e inesquecível! Não perca e faça já as suas reservas para o 416 537 7766. Os lugares são limitados! Aproveitamos também, para mais uma vez, chamar a vossa atenção para um outro grandioso jantar/espectáculo a ter lugar na Casa do Alentejo, no Sábado, dia 12 de Fevereiro, com abertura das portas às 19:30 horas. Desta feita a organização “Planeta Portugal” realiza na Casa do Alentejo a celebração do ‘DIA DOS NAMORA- DOS” abrilhantado pelo famoso duo LUCAS E MATHEUS vindo exclusivamente do Brasil… Uma inesquecível e muito romântica “NOITE DOS NAMORADOS” . Não perca e faça já as suas reservas para o 416 537 7766. Patrocine as iniciativas da Casa do Alentejo e verá que regressará a sua casa satisfeito, porque aqui, nós tudo fazemos para servi-lo com estima e carinho e com sobretudo com um toque especialmente personalizado! Armando A. Viegas Médicos e farmacêuticos suspeitos de fraude! CRUZ DOS SANTOS Já não chegam, as despesas exorbitantes que o Estado tem gasto com o sistema de saúde do nosso País (suportada, directa ou indirectamente pelo cidadão) e obtermos agora a informação, que parte deste mesmo orçamento, servia para “encher” os bolsos de alguns esculápios e boticários. “Remédios vendidos várias vezes sem chegar ao doente”! Ao que isso chegou! Que falta de ética! Ainda há bem pouco tempo, as relações entre os médicos e a indústria farmacêutica, andavam sob intenso escrutínio e pelo debate público, como resultado de algumas acusações graves, na maior parte dos casos ainda por provar, sobre factos e atitudes de alguns elementos da classe. E agora isto! “Burlas” cometidas por profissionais de saúde, através de esquemas receituário, envolvendo medicamentos dos mais caros que existem no mercado e que tinham uma comparticipação do Estado de 100% (custo zero para o doente), “sendo o valor da receita – entre os 300 e os 400 euros – totalmente suportado pelo Serviço Nacional de Saúde” e que esses mesmos remédios, nunca chegavam às mãos dos doentes. Ou seja, não eram usados nos respectivos tratamentos. Dizia o Prof. Dr. Manuel Antunes, no seu célebre livro “A Doença da Saúde”, que: “A grande diversidade de produtos farmacêuticos existentes no mercado e a autonomia, que não se discute, dos médicos no que respeita às prescrições de medicação são, na prática, impeditivos de qualquer controlo”. Refere ainda, que as relações do Médico com os delegados de informação, com o contacto permanente, vêm-se a tornar intensas…“íntimas”! E que a situação é idêntica à que ocorre com a indústria de equipamentos médicos, pelo que podem aplicar-se-lhes as mesmas considerações. Bom, até aqui nada de anormal, na medida em que entre dois ou mais produtos similares o médico naturalmente terá preferência por aqueles cuja informação lhe chega mais detalhada e da forma mais convidativa ou atraente. O “marketing” e outros ingredientes publicitários à mistura, servem de suporte e “lembrança” da marca, transmitida pessoal e directamente do delegado de informação para o médico, que é “extremamente variável e que é aqui que começam a surgir os problemas”. Ou seja, “onde se situa o limite do valor entre a simples lembrança publicitária e algo que claramente excede este âmbito?” Para bom entendedor…Entretanto, a Polícia Judiciária, já está no terreno e, encarregarse-á, através de seus distintos profissionais Coordenadores e Inspectores, de averiguar e de “desmantelar”, a breve trecho, esta rede de (suspeitos) falsificadores de receitas médicas, que terá lesado o Ministério da Saúde, em mais de dois milhões de euros. Uma vergonha!
Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! De 4 a 10 de fevereiro de 2011 9 O armário de rede AIDA BAPTISTA aidabatista@sapo.pt Eram três lanços de escada até se chegar à porta da cozinha. Para ser mais precisa, quase podia reduzi-los a dois porque o primeiro era constituído apenas por três degraus, como se estes outra função não tivessem que proporcionar o balanço necessário para a subida. Falo das escadas das traseiras da casa, porque a que dava acesso directo à sala de estar fora traçada de forma discreta, de modo a que ninguém percebesse quem entrava ou saía de casa. Já a da rua estava exposta a toda a vizinhança, da mesma forma que nós estudávamos o movimento do interior dos quintais de todos os que nos eram próximos. Logo à entrada da cozinha, havia um móvel suspenso na parede do lado esquerdo. Hoje percebo a razão de o terem pendurado ali. Fazíamos as refeições diárias sempre na cozinha e havia que libertar espaço para podermos circular à vontade. Só em dia de visitas se ia para a sala e, nessas alturas, de todos os filhos eu era a única que tinha já ganho o estatuto de poder partilhar uma refeição com os de fora. Esse era um dos poucos privilégios de que eu tirava proveito com alguma satisfação e orgulho. O armário era constituído por três unidades de portas o que o tornava na mais vulgar das peças de mobiliário. Porém, um pormenor o destacava de todos os outros: a porta do meio era em rede, uma rede de plástico feita numa malha muitíssimo fina e apertada, que quase impedia a luz natural de entrar. Era nesta divisória que se guardavam os restos de comida, porque além de arejarem estavam a salvo da gulodice das moscas e de outros insectos. Na verdade, na maior parte das vezes não se tratava propriamente de sobras, mas antes de certos alimentos que dispensavam a geleira e que minha mãe preparava com o propósito de serem consumidos mais tarde, porque a passagem do tempo os tornava mais saborosos. Parecerá estranho mas, qualquer um de nós, se fizer o esforço de recuar no tempo, poderá apresentar um exemplo que o confirme. Estou a pensar, por exemplo, em carapauzinhos fritos vulgarmente designados por joaquinzinhos. Experimentem comê-los quentes, acabadinhos de fritar. Sabem muito bem, sem dúvida, e marcha logo cabeça, espinha e tudo! Agora tentem saboreá-los depois de mergulhados uma noite em molho de escabeche! Aquela receita antiga em que a cebola, o alho, o louro e o vinagre de vinho tinham tido tempo de emprestar ao peixe um sabor inigualável, que só o ponto certo da confecção sabia dar. Criada à beira-mar, e numa terra farta de peixe de grande qualidade, confesso que os carapaus não faziam parte com regularidade da nossa ementa diária. Como família numerosa que éramos, seria necessária uma grande quantidade destes exemplares para satisfazer o apetite de crianças e jovens em fase de crescimento. Por isso, minha mãe, que nunca tivera acesso a nenhum curso de gestão doméstica mas fora dotada de um forte sentido prático para gerir quotidianos, cedo aprendeu que mais valia optar por peixes que, depois de limpos e escamados, proporcionassem belas postas de lombo que, por si só, corresponderiam à dose perfeita por pessoa em cada refeição. Como a maioria das crianças, preferíamos a carne ao peixe, mas isso nunca impediu minha mãe de equilibrar as ementas de modo a que, no mínimo, duas vezes por semana comêssemos peixe. Sem contar com as refeições de bacalhau que esse sempre entrou numa categoria autónoma, a de bacalhau, ou seja, nem carne nem peixe! Em dia de peixe frito, já sabíamos que minha mãe reservava algumas postas para as destinar ao célebre molho de escabeche, ficando de um dia para o outro guardadas no suspenso armário de parede. No dia seguinte, enquanto tomávamos o nosso pequeno-almoço constituído de uma chávena de café com leite acompanhada de um papo-seco com manteiga ou marmelada, vimo-la muitas vezes abrir a porta do móvel e de lá tirar o prato, onde o peixe ficara uma noite mergulhado naquele molho avinagrado. Sentava-se à mesa, pegava numa das postas, retirava-lhe a pele e a espinha do meio, colocava os lombos assim obtidos no interior de uma carcaça de pão e deliciava-se a comê-la com a sua caneca de café feito à moda antiga, mas cuja técnica ainda hoje se preserva em algumas casas. Alguém se lembra? A água levantava fervura, deitavam-se as colheres de pó lá para dentro e, quando o líquido ameaçava transbordar, juntava-se água fria. Deixava-se depois o café assentar (era a expressão que se usava) para que as borras ficassem depositadas no fundo. Durante os anos da minha curta adolescência, achava horrível que minha mãe pudesse tirar tanto prazer de uma refeição tão inusitada como aquela - peixe frito ao pequenoalmoço – que, aos meus olhos, se revelava desprovida de qualquer sentido de oportunidade. Na primeira refeição do dia, pensava eu, só as torradas ou o pão com manteiga, marmelada ou queijo (o fiambre não fazia ainda parte da nossa dieta alimentar) acompanhados de leite e café deveriam ser consentidos. Uma vez por outra, e quando as galinhas poedeiras exageravam na produção, tínhamos direito a um miminho extra – um ovo estrelado. Era nesses dias que nos deliciávamos com as sopas de pão molhadas na gema coberta de açúcar. Mudei de hábitos e passei a dispensar o açúcar, mas tenho irmãos que mesmo com um bitoque no prato exigem sempre o pacotinho de açúcar para cobrir a gema, numa mistura de doce e salgado que não dispensam. Os anos passam, amadurecemos e aprendemos a olhar para certas práticas do passado de uma outra forma, numa tentativa tantas vezes falhada de reabilitar a tradição. Quantas vezes me lembro dessas postas de peixe e como gostaria de as poder comer ao pequeno-almoço com uma caneca de café! Já tentei a experiência, mas não resultou. Preparei a receita com os mesmos ingredientes, mas o sabor nunca mais foi o mesmo, porque na marinada do molho de escabeche faltará sempre a mão de minha mãe a dosear os condimentos guardados na porta de rede da minha memória!
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