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Guillory se virou para mim e gesticulou para que eu me levantasse. Lancei<br />

um olhar apavorado para Bren. Seu rosto se suavizou em um sorriso solidário.<br />

21<br />

— Vá em frente — ele murmurou.<br />

Respirei fundo. Não nasci para as câmeras. Até mesmo a ideia de que<br />

estavam me filmando, sentada atrás de Guillory, já me assustava. Eu não queria<br />

ir até a tribuna, mas era o que todos esperavam de mim... A voz da minha mãe<br />

ecoou na minha memória: "Nem sempre importa o que você quer querida. O<br />

importante é parecer bem para os outros." Eu não precisava gostar daquilo tudo.<br />

Só tinha de fazê-lo. Forcei-me a levantar da cadeira.<br />

Quando me levantei, ainda mais flashes dispararam. Um passo. Dois<br />

passos. Três. E, então, eu estava na tribuna e a mão firme de Guillory segurou a<br />

minha para impedir que eu fugisse.<br />

— Srta. Fitzroy, qual é a sensação de despertar em um novo século?<br />

Engoli em seco outra vez. Eu sentia dor o tempo todo e parecia fraca um<br />

gatinho, sempre cansada, mas não imaginei que fosse a isso que a repórter<br />

tivesse se referido. Na verdade, eu ainda não sabia como me sentia. E não queria<br />

saber. Entre o choque emocional, a dor e a estase química, minhas emoções<br />

pareciam distantes, como se não me pertencessem.<br />

— É bom estar de volta — eu disse, entregando a frase de efeito que eles<br />

queriam ouvir. Mais flashes dispararam. Era mentira, mas não importava. Era<br />

isso que eles queriam ouvir.<br />

* * *

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