Futuro Aventureiros Perfil Entrevista Segurança - Reparação ...
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eparacao25_Layout 1 6/9/2010 11:45 AM Page 6<br />
6<br />
Junho de 2010 - Edição 25<br />
www.reparacaoautomotiva.com.br<br />
CAPA<br />
Por um setor mais unido e profissionalizado<br />
Mal visto pelo consumidor final e concorrendo deslealmente com as ditas ‘oficinas’ fundo de quintal, há<br />
iniciativas para mudar esse cenário. O que falta, então?<br />
Texto: Karin Fuchs<br />
Na edição de abril do jornal<br />
Reparação Automotiva, a<br />
abordagem da matéria de<br />
capa foi escassez de mão-de-obra qualificada<br />
para suprir a demanda nas oficinas<br />
mecânicas. Mas, além da indisponibilidade<br />
de profissionais qualificados<br />
no mercado – muitas oficinas<br />
continuam com vagas, sem conseguir<br />
preenchê-las – a concorrência desleal<br />
com as chamadas ‘fundo de quintal’,<br />
que oferecem preços baixos e qualidade<br />
de serviço bem duvidoso são as responsáveis<br />
pela péssima imagem que o<br />
consumidor tem deste setor. Aliás,<br />
Silvio Ricardo Candido, proprietário<br />
da Auto Mecânica Peghasus, ilustra<br />
bem essa realidade. “Em um estudo<br />
sobre as classes mais mal vistas pela<br />
população, os mecânicos só perdem<br />
para políticos e advogados”.<br />
E como cruzar os braços ou se<br />
lamentar não faz parte do perfil dos<br />
empresários que lutam por melhorias<br />
neste setor, muitas iniciativas já estão<br />
em andamento para reverter esse<br />
cenário. Como a criação da norma<br />
NBR 15861, para a qualificação de<br />
mecânicos de manutenção de veículos<br />
rodoviários automotores, e o projeto<br />
de autoria do deputado estadual Major<br />
Olímpio (PDT/SP), visando à criação<br />
de padrões mínimos para a abertura de<br />
novas oficinas.<br />
Confira nesta matéria quais são as<br />
principais mudanças com as duas iniciativas<br />
citadas acima e as expectativas<br />
de representantes do setor para reverter<br />
a imagem das oficinas perante o<br />
consumidor final.<br />
FOTOS: DIVULGAÇ‹O<br />
UMA NORMA PARA QUALIFICAR<br />
Publicada no início do ano passado, a norma NBR<br />
15861 tem como principal objetivo estabelecer<br />
requisitos e sistemáticas para a qualificação de<br />
mecânicos de veículos rodoviários automotores<br />
dos ciclos otto e diesel, valorizando assim a mãode-obra<br />
especializada.<br />
A iniciativa para a sua elaboração partiu do<br />
Sindirepa-SP e o primeiro passo, informa<br />
Salvador Parisi, diretor de normalização e certificação<br />
do sindicato, foi estabelecer quais parâmetros seriam adotados para a sua<br />
criação. Uma das referências, base para o estudo, foi o CBO (Classificação Brasileira de<br />
Ocupações), elaborado pelo Ministério do Trabalho e a grade curricular existente,<br />
tendo o Senai Ipiranga, localizado na capital de São Paulo, como um dos grandes<br />
apoiadores da iniciativa. “De nada adianta exigir uma certificação se o profissional não<br />
tem onde se capacitar. Para a criação da norma houve um equilíbrio do que existe em<br />
termos de capacitação disponível ao mercado e certificação”.<br />
Ficou estabelecido assim que a formação mínima para o cumprimento da norma é o<br />
curso de 1.200 horas do Senai, dividido em três módulos, sendo o primeiro deles o básico,<br />
com 400 horas de treinamento e abordagem de várias matérias aplicadas na especialização<br />
pretendida, como câmbio, motor e suspensão. “O somatório de toda a carga<br />
horária dos módulos é justamente a grade do curso para a formação de um profissional<br />
técnico em automobilística”, sinaliza Parisi.<br />
Pode parecer uma carga pesada, mas é mínima para as exigências atuais do mercado. O<br />
mecânico artesanal, que tinha habilidade e intuição, já faz parte de um passado distante.<br />
Com a tecnologia cada vez mais evolutiva e mudando constantemente, as exigências de<br />
conhecimento do profissional são cada vez maiores. “O que não pode mais acontecer é<br />
a segurança do consumidor ficar comprometida, com reparos inadequados. O objetivo<br />
da norma não é penalizar ninguém, mas sim colocar todas as empresas em um patamar<br />
satisfatório. Inclusive, ela serve como base para a própria regulamentação do setor”,<br />
comenta o diretor do Sindirepa-SP.<br />
UM PADR‹O M¸NIMO PARA AS OFICINAS<br />
De autoria do deputado estadual<br />
Major Olímpio (PDT/SP), o projeto de lei<br />
nº 322/08 prevê a criação de padrões<br />
mínimos para a abertura de novas oficinas<br />
no Estado de São Paulo, entre eles, a<br />
exigência de uma carga horária de 400<br />
horas de treinamento para profissionais<br />
e/ou comprovação de dois anos<br />
de experiência.<br />
O objetivo é garantir atendimento de qualidade para o consumidor. Em<br />
junho do ano passado, foi realizada na Assembleia Legislativa uma consulta<br />
pública que contou com mais de 200 participantes de entidades do setor. O<br />
projeto tramita na Câmara Municipal, sem data prevista para votação.<br />
Na avaliação de Antonio Fiola, presidente<br />
do Sindirepa-SP, o principal mote do projeto<br />
é manter o setor o mais formalizado<br />
possível. “Existem muitos empresários<br />
com muita experiência e conhecimento<br />
técnico, mas existem também os que estão<br />
completamente na informalidade. O resultado<br />
é uma concorrência desleal, o que é<br />
uma das principais queixas dos<br />
empresários da reparação. Este projeto vem ao encontro da formalização”.<br />
Fiola ressalta que o objetivo não é prejudicar ninguém, mas sim exigir às<br />
novas empresas a comprovação de um mínimo de horas de treinamento e<br />
capacitação, muito além do que simplesmente ter um CNPJ. Em uma segunda<br />
etapa, a exigência será de equipamentos mínimos para as oficinas<br />
estarem aptas a prestar serviços adequados e com qualidade aos<br />
seus clientes.