09.06.2014 Views

Futuro Aventureiros Perfil Entrevista Segurança - Reparação ...

Futuro Aventureiros Perfil Entrevista Segurança - Reparação ...

Futuro Aventureiros Perfil Entrevista Segurança - Reparação ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

eparacao25_Layout 1 6/9/2010 11:45 AM Page 8<br />

8<br />

CAPA<br />

CADÊ O PROFISSIONAL<br />

PARA TREINAR?<br />

Em comum, os proprietários de<br />

oficinas da capital de São Paulo, ouvidos<br />

nesta matéria, concordam que<br />

tanto a NBR 15861 como o projeto do<br />

deputado estadual Major Olímpio<br />

(PDT/SP) só trazem melhorias ao<br />

setor. Porém, o maior impasse é exatamente<br />

quem treinar e qualificar.<br />

“Estamos muito carentes de mãode-obra<br />

e não é raro se deparar com os<br />

que não sabem nem abrir o capô de<br />

um veículo. Estou há mais de 30 anos<br />

nessa área e sempre me atualizei.<br />

Hoje, o profissional começa a trabalhar<br />

e se esquece de se aperfeiçoar”, diz<br />

o proprietário da Plínio Car Serviços<br />

Automotivos, Plínio de Aguiar, acrescentando<br />

que há mais de um ano e<br />

meio tem vaga em aberto, mas não<br />

consegue preenchê-la.<br />

Para Pedro Luis Scopino, da oficina<br />

Scopino, o problema é a falta de<br />

renovação. “Você não ouve nenhuma<br />

criança dizendo que no futuro quer<br />

ser mecânico, pois a atividade, por<br />

incrível que pareça, não é vista como<br />

uma profissão. Esse é um dos motivos<br />

que faz as empresas familiares serem<br />

as que mais se destacam neste setor”.<br />

Da experiência de Alberto<br />

Martinucci Jr., dono da MotorFast<br />

Centro Automotivo, sobra sempre para<br />

oficinas promoverem a qualificação. “E<br />

o custo é alto. Somando o piso da categoria<br />

mais benefícios e encargos, o salário<br />

de um iniciante, um auxiliar mecânico,<br />

fica em torno de R$ 2.000,00.<br />

Aliado à falta de educação nas escolas e<br />

a carência de cursos técnicos, sobra para<br />

as oficinas qualificarem seus profissionais.<br />

O contingente de desempregado<br />

no país ainda é alto, mas o contingente<br />

disponível para oficinas e centros automotivos<br />

é ínfimo”, lamenta.<br />

Com três vagas em aberto e<br />

mesmo com anúncios na mídia, não<br />

houve quem as preenchessem. Esta é a<br />

realidade vivenciada na Peghasus.<br />

“Quando a lei permitia o menor<br />

PARA SCOPINO, O PROBLEMA É A FALTA<br />

DE RENOVAÇ‹O<br />

aprendiz, os garotos participavam de<br />

cursos no Senai e, ao mesmo tempo,<br />

as oficinas formavam a mão-de-obra<br />

na prática. Trabalho escravo e infantil<br />

foram as alegações para que a legislação<br />

fosse alterada. Desta forma, hoje<br />

tanto faz contratar um garoto de 19 ou<br />

uma pessoa de 30 anos, pois o salário<br />

base é o mesmo. E, com todo o treinamento<br />

e qualificação que damos,<br />

corremos sempre o risco de perdermos<br />

profissionais para outras oficinas”,<br />

avalia Candido”.<br />

Membro do GOE – Grupo de<br />

Oficinas Especializadas –, ele destaca que<br />

um dos projetos do grupo é a parceria<br />

com uma instituição de menores abandonados<br />

para formação de mão-deobra.<br />

“Só não conseguimos implementá-lo<br />

no ano passado, pois a burocracia é<br />

grande. Mas vamos levá-lo adiante”.<br />

MARTINUCCI DIZ QUE SOBRA PARA AS<br />

OFICINAS PROMOVEREM A QUALIFICAÇ‹O<br />

Junho de 2010 - Edição 25<br />

EXPECTATIVAS DE<br />

MUDANÇAS<br />

Segundo Edson Roberto de Avila,<br />

presidente do GOE e diretor Técnico<br />

Responsável da Oficina Mingau, localizada<br />

em Suzano-SP, não apenas o<br />

setor, como também o consumidor,<br />

pedestre e o meio ambiente, só têm a<br />

ganhar com a norma NBR 15861.<br />

“Nós temos um mercado bastante<br />

promissor e, infelizmente, a mão-deobra<br />

está escassa. A norma é uma<br />

forma de valorizar o reparador qualificado<br />

e fazer com que os que não tenham<br />

conhecimento necessário busquem<br />

a qualificação e isso não significa<br />

um custo para eles, mas sim um<br />

investimento que lhes trará retorno”.<br />

A norma, ainda de acordo com<br />

Avila, é bastante direcionada não<br />

somente à qualificação da mão-deobra,<br />

como também para que as oficinas<br />

se conscientizem em prestar serviços<br />

com qualidade. “A responsabilidade<br />

do reparador vai aumentar e ele irá se<br />

cobrar mais. O projeto de um padrão<br />

para abertura de novas oficinas veio<br />

exatamente para somar à norma, já que<br />

requer a necessidade de um técnico responsável<br />

pela manutenção executada<br />

dentro do estabelecimento, além das<br />

obrigatoriedades ambientais, como o<br />

tratamento adequado de efluentes,<br />

beneficiando toda a sociedade”.<br />

Em um primeiro momento, analisa<br />

Scopino, a norma obrigará os profissionais<br />

sem capacitação a se qualificarem,<br />

o que é muito positivo. “Os<br />

salários vão melhorar, as condições de<br />

trabalho e muito mais. Os mecânicos<br />

são muito mal vistos pelo consumidor<br />

e quanto mais certificação melhor para<br />

mudar esta imagem”.<br />

SILVINHO ENFATIZA QUE A NORMA<br />

FOI CRIADA PELO SINDIREPA-SP<br />

www.reparacaoautomotiva.com.br<br />

FALTA DE INTERESSE<br />

Apesar do grande interessado em<br />

melhorar o setor ser o próprio mecânico,<br />

Scopino lamenta que durante<br />

várias reuniões realizadas no<br />

Sindirepa-SP para a elaboração e discussão<br />

da norma, com as presenças de<br />

fabricantes, entidades do setor e do<br />

Senai, raros foram os reparadores que<br />

participaram. “E, quando a norma foi<br />

publicada, muitos foram contra nós,<br />

achando que queríamos fechar oficinas.<br />

É bem pelo contrário, o que queremos<br />

é nivelar os profissionais para<br />

não ter briga por preço, por exemplo”.<br />

Para exemplificar, ele cita a diferença<br />

do preço de mão-de-obra, que<br />

chega a ser de oito vezes entre duas oficinas,<br />

para um mesmo serviço no freio<br />

dianteiro. “Isso só ocorre porque quem<br />

cobra extremamente barato não tem<br />

ferramentas adequadas ou qualificação.<br />

A norma vem para melhorar o setor”.<br />

Além disso, pontua o empresário,<br />

muitas oficinas não registram seus funcionários.<br />

“É um absurdo a quantidade<br />

de mecânicos que não tem carteira<br />

assinada e que trocam de trabalho não<br />

por salários melhores, mas só para<br />

terem os benefícios”.<br />

E para quem registra, como é o caso<br />

de Plínio de Aguiar, o problema é a rotatividade.<br />

“Com certeza sou a favor da<br />

norma de qualificação. Desta forma,<br />

conseguiremos uma base salarial mais<br />

justa. O prejuízo é grande para a empresa<br />

que registra e depois de três meses,<br />

por exemplo, o funcionário pede<br />

demissão. Além do que, as pessoas só<br />

estão preocupadas com o salário que<br />

irão ganhar e ainda colocam vários obstáculos,<br />

como não trabalhar aos sábados.<br />

O Senai está aí para ensinar, mas as pessoas<br />

estão muito desinteressadas”.<br />

DIVISOR DE ÁGUAS<br />

Também a favor da norma e do<br />

projeto que determina padrões mínimos<br />

às novas oficinas, o empresário<br />

Alberto Martinucci Jr. defende que<br />

iniciativas como estas são demonstrativos<br />

de seriedade, profissionalismo e<br />

ética; um divisor de águas.<br />

“Evidentemente, quem tem a ganhar é<br />

o consumidor e usuários de veículos<br />

automotores. Além de ser uma forma<br />

de evitar o que eu nem chamo de concorrência<br />

desleal, mas sim uma degradação<br />

do setor, as oficinas clandestinas<br />

ou, como já começaram a ser chamadas,<br />

de boca de porco”.<br />

E com menos oficinas abertas,<br />

prevê Martinucci, essa pode ser uma<br />

forma de contornar a escassez de mãode-obra.<br />

“As exigências serão maiores<br />

às novas empresas, mas é preciso que<br />

haja uma fiscalização como já acontece<br />

em outras categorias, como, por<br />

exemplo, o CREA, que fiscaliza corretores<br />

de imóveis, para que de fato<br />

isso ocorra. Poderá haver dificuldade<br />

em encontrar profissionais qualificados,<br />

mas não em função da quantidade<br />

de oficinas que serão abertas, mas<br />

muito por uma questão de tecnologia<br />

embarcada nos veículos”.<br />

E de que vale um mercado sem<br />

qualificação? Como diz Silvio Ricardo<br />

Candido, o grande passo foi dado. “É<br />

bom frisar que não foram os mecânicos<br />

que criaram a norma, mas sim o<br />

Sindirepa-SP, e participamos em<br />

benefício de nossa classe, pois, caso o<br />

contrário, concessionárias, fabricantes<br />

e sindicatos definiriam os quesitos e<br />

nós teríamos que engolir”.<br />

Assim como Martinucci, ele também<br />

defende um credenciamento, uma<br />

certificação para os reparadores, que<br />

prove a sua capacitação. “O ponto forte<br />

é o consumidor, para que ele mude a<br />

imagem que tem do nosso setor”.<br />

O grande passo foi dado com as<br />

duas iniciativas – a NBR 15861 e o<br />

projeto do deputado estadual Major<br />

Olímpio (PDT/SP). Cabe a agora a<br />

cada um do setor abraçar a ideia e fazer<br />

a sua parte.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!