de Pedro Américo - Association des Revues Plurielles
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BIBLIOGRAFIA<br />
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L´invention <strong>de</strong> la photographie -<br />
ed. Decouvertes Gallimard<br />
/Réunion <strong>de</strong>s Musées Nationaux.<br />
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Paris, 1987, 140 pp. il.<br />
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Grasset, Paris,1912, 318 pp., il.<br />
• ROUILLÉ, André, La photographie<br />
en France : Textes et controverses -<br />
1816-1860, ed. Macula, Paris,<br />
1989.<br />
das figuras e da rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> execução<br />
da obra, realizada praticamente<br />
em um ano. As fotografias <strong>de</strong> retratos<br />
dos personagens da guerra no<br />
formato carte-<strong>de</strong>-visite (6 X 9cm)<br />
po<strong>de</strong>riam ser ampliados sem dificulda<strong>de</strong>,<br />
manualmente para uma<br />
tela, por um solitário pintor na<br />
pintura <strong>de</strong> cavalete. Mas em uma<br />
obra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões como a<br />
Batalha do Avahí, nada era espontâneo<br />
e necessitava <strong>de</strong> preparativos<br />
técnicos seguros para o bom resul-<br />
tado final da obra. O problema<br />
então, era resolver em um gran<strong>de</strong><br />
mural a exigência <strong>de</strong> “rapi<strong>de</strong>z” <strong>de</strong><br />
execução e “perfeição” realista dos<br />
fatos. Observe-se que a pintura<br />
contava com mais <strong>de</strong> 400 figuras e<br />
on<strong>de</strong> cada soldado estava retratado<br />
individualmente com gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes. Nossa hipótese<br />
é arriscada, mas seguindo fortes<br />
indícios, é bem possível que tenham<br />
sido feitos clichês em vidro <strong>de</strong>stas<br />
fotografias para que fossem projetadas<br />
com a Lanterna Mágica, fazendo<br />
as ampliações dos retratos na tela.<br />
A nossa hipótese <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />
instrumentos óticos, é reforçada<br />
pelo fato <strong>de</strong> que <strong>Pedro</strong> Américo<br />
conhecia bem o campo fotográfico,<br />
sendo amigo <strong>de</strong> um dos mais<br />
importantes fotógrafos cariocas,<br />
Marc Ferrez, com quem se aconselhava.<br />
Ferrez com ajuda <strong>de</strong> óticos<br />
franceses, havia construído no final<br />
do séc. XIX, uma câmera que fotografava<br />
panoramas em clichê <strong>de</strong><br />
vidro <strong>de</strong> até 1m X 30 cm, um dos<br />
maiores da época.O mais notável é<br />
que Marc Ferrez era também um<br />
<strong>de</strong>voto das projeções luminosas <strong>de</strong><br />
fotografias com a Lanterna Mágica<br />
em locais públicos, e que certamente<br />
o pintor conhecia esses<br />
instrumentos.<br />
Essa hipótese em nada diminui<br />
a autoria criativa da obra. Essa era<br />
uma prática comum dos pintores<br />
murais da pintura <strong>de</strong> história e principalmente<br />
dos populares Panoramas,<br />
os quais <strong>Pedro</strong> Américo conhecia<br />
bem, tendo visitado o Panorama<br />
<strong>de</strong> Londres, na Inglaterra.<br />
O Impressionismo francês, que<br />
ditaria os rumos <strong>de</strong> um novo<br />
mo<strong>de</strong>rnismo nas artes, só seria<br />
conhecido amplamente a partir <strong>de</strong><br />
1880. Portanto, po<strong>de</strong>mos afirmar<br />
sem medo <strong>de</strong> errar, que <strong>Pedro</strong><br />
Américo entre 1860 e 1880 havia<br />
mo<strong>de</strong>rnizado a pintura <strong>de</strong> história<br />
no Brasil. Nesse ponto, a sua<br />
pintura <strong>de</strong> história ocupou um significativo<br />
espaço <strong>de</strong> representação na<br />
socieda<strong>de</strong> brasileira. Além do resultado<br />
pictórico e além da recepção<br />
crítica <strong>de</strong> sua obra, ele interagiu<br />
com sua pintura dialogando com as<br />
transformações sócio-culturais <strong>de</strong><br />
seu tempo. Foi nesse período histórico<br />
da inauguração da chamada<br />
“era do espetáculo” que <strong>Pedro</strong><br />
Américo respon<strong>de</strong>u aos <strong>de</strong>safios<br />
buscando uma solução das mais<br />
avançadas e mo<strong>de</strong>rnas para a<br />
época. Combinando a imaginação e<br />
o rigor realista “verda<strong>de</strong>iro”, tendo<br />
as fotografias como mo<strong>de</strong>los na<br />
representação pictórica da história,<br />
e fazendo uma instalação da<br />
Batalha do Avahí em uma espetacular<br />
rotunda <strong>de</strong> Panorama, com<br />
cobrança <strong>de</strong> ingresso visando o<br />
gran<strong>de</strong> público não letrado, ele<br />
inseria a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
“a Bizâncio comercial”, no cosmopolitismo<br />
do “espetáculo das artes”<br />
da civilização oci<strong>de</strong>ntal. A história<br />
posterior, <strong>de</strong> uma cultura, como a<br />
brasileira, marcada por altas taxas<br />
<strong>de</strong> analfabetismo, revelaria por<br />
certo, muito da eficácia, do alcance<br />
e do impacto coletivo <strong>de</strong>sta representação<br />
visual ●<br />
1 Wat, Pierre, “Salonard et refusés, XIX<br />
siècle”. In Laneyrie-Dagen, N. et al.,<br />
Le Métier d’Artiste, Larousse-<br />
Bordas/HER, 1999, p.162.<br />
2 Cf. Américo, <strong>Pedro</strong>, La Réforme <strong>de</strong><br />
l’École <strong>de</strong>s Beaux-Arts et l’opposition<br />
par un élève, A. Morel et Cie.<br />
Editeurs, Paris, 1863, 15 p., 15 X 10<br />
cm, p.11. As citações em francês a<br />
seguir, correspon<strong>de</strong>m a esse texto <strong>de</strong><br />
P. Américo. Agra<strong>de</strong>cemos imensamente<br />
ao Padre Ruy Vieira o acesso<br />
a esse raro e precioso opúsculo.<br />
Padre Vieira é fundador do Museu<br />
<strong>Pedro</strong> Américo em Areia, em<br />
Paraíba, terra natal do artista.<br />
3 RODIN, Auguste, L´Art, 1912, p.78.<br />
4 Étienne-Jules Marey publica em 1873<br />
em Paris, La machine animale, locomotion<br />
terrestre et aérienne com 117<br />
figuras. Em 1872-1873, jornais <strong>de</strong> S.<br />
Francisco, como o Bulletin, a<br />
Chronicle e o Post haviam tornado<br />
notável o fato das experiências fotográficas<br />
do movimento, feitas por<br />
Muybridge. Cf. Hendrick, G. op.cit.,<br />
p. 100. e FRIZOT, M. op.cit.<br />
5 Trata-se <strong>de</strong> uma foto <strong>de</strong> cavalo <strong>de</strong><br />
autoria <strong>de</strong> C. Famin - photographe,<br />
Paris, colada em cartão ver<strong>de</strong>, tendo<br />
no verso o carimbo da Photographie<br />
Artistique, A.Foucelle, Rue <strong>de</strong> Seine,<br />
6, Paris. Dim. 12 X 15 aprox. (pasta<br />
44, arquivo do MNBA-RJ).<br />
6 Nullius, Gazeta <strong>de</strong> Notícias, 29 set. e<br />
2 out. 1877, p. 2 e 3. Biblioteca<br />
Nacional - RJ.<br />
40 LATITUDES n° 23 - avril 2005