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marca_da_cal - SAFERGS

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4<br />

MARCA DA CAL fevereiro de 2008<br />

Um gaúcho deve estar lá<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○<br />

Entrevista<br />

Só 13 brasileiros foram árbitros em 30<br />

dos 708 jogos de 18 Copas do Mundo:<br />

Carlos Eugênio Simon (RS) 5 jogos<br />

(2 em 2002 e 3 em 2006),<br />

José Roberto Wright 4 (90),<br />

Gilberto de Almei<strong>da</strong> Rêgo 3 (30),<br />

Arnaldo César Coelho 3<br />

(1 em 78 e 2 em 82, inclusive final),<br />

Romualdo Arpi 3 (em 86, inclusive final)<br />

Mário Vianna 2 (1 em 50 e 1 em 54),<br />

Armando Marques 2 (1 em 66 e 1 em 74),<br />

Renato Marsiglia (RS) 2 (94),<br />

Márcio Rezende 2 (98),<br />

Alberto Gama Malcher 1 (50),<br />

Mário Gardelli 1 (50),<br />

João Etzel Filho 1 (62),<br />

Aírton Vieira de Moraes 1 (70).<br />

Apenas 17 árbitros dirigiram jogos em três Copas do Mundo,<br />

de 1930 a 2006. O que soma mais parti<strong>da</strong>s é Joel Quiniou<br />

(França) com oito, e quatro outros têm sete: Jan Langenus<br />

(Bélgica), Juan Gardeazabal (Espanha), Merwyn Griffiths<br />

(Gales) e Ali Bujsaim (Emirados Árabes). Mais sete aparecem<br />

com seis jogos: Eklind (Suécia), Ellis (Inglaterra), Rainea (Romênia),<br />

Al Sharif (Síria), Latyshev (União Soviética), Ghandour<br />

(Egito) e Kamikawa (Japão).<br />

Na Copa de 2006, 21 árbitros de 20 países dirigiram os 64<br />

jogos (os dois do mesmo país, México, eram Benito Archundia<br />

e Marco Rodriguez): com cinco – Elizondo (Argentina) e Archundia<br />

(México); quatro – Michel (Eslováquia), Cantalejo (Espanha),<br />

Rosetti (Itália), Bleeckere (Bélgica) e Larrion<strong>da</strong> (Uruguai);<br />

três – Simon (Brasil), Merk (Alemanha), Ivanov (Rússia),<br />

Poll (Inglaterra), Kamikawa (Japão), Maidin (Cingapura), Busacca<br />

(Suíça) e Amarilla (Paraguai); dois – Codjia (Bênin), Shield<br />

(Áustria), Rodriguez (México) e Poulat (França); um – Ruiz<br />

(Colômbia) e El Fatah (Egito).<br />

Copa do Mundo é o máximo no futebol. E após tanta estatística,<br />

é momento de concluir esta coluna com opinião. Durante<br />

três anos, trabalhei como setorista <strong>da</strong> CBD, no Rio de Janeiro,<br />

no Jornal do Brasil e na sucursal <strong>da</strong> Cal<strong>da</strong>s Júnior. Era um tal de<br />

entra-e-sai de árbitros cariocas pelas salas de decisão do futebol<br />

brasileiro que não podia <strong>da</strong>r outra: as melhores es<strong>cal</strong>as nacionais<br />

e jogos internacionais eram deles. Com a CBF, a centralização<br />

terminou – até mesmo nas designações para Copas do<br />

Mundo. Vale a capaci<strong>da</strong>de. O Brasil pode até ter dois indicados<br />

para 2010. Um gaúcho deve estar lá, outra vez.<br />

*Claudio Dienstmann<br />

Jornalista, historiador, seis Copas do Mundo, Olimpía<strong>da</strong>s,<br />

dez livros publicados, dez prêmios ARI,<br />

coberturas <strong>da</strong> seleção brasileira e de clubes em 40 países.<br />

“O grande árbitro<br />

não se faz sozinho”<br />

Fotos:Daniel Boucinha<br />

José Luiz Barreto é uma <strong>da</strong>s len<strong>da</strong>s vivas do futebol gaúcho, em especial no<br />

âmbito <strong>da</strong> arbitragem. Entre as déca<strong>da</strong>s de 70 e 80, formou, junto com Agomar<br />

Martins e José Cavalheiro de Morais, o famoso Trio ABC, o principal responsável,<br />

na época, pela excelência <strong>da</strong> arbitragem dentro dos gramados gaúchos e<br />

nacionais. Conhecido por sua serie<strong>da</strong>de e competência, Seu Barreto levou estas<br />

quali<strong>da</strong>des também para fora <strong>da</strong>s quatro linhas, quando integrou a diretoria <strong>da</strong><br />

Associação Gaúcha de Árbitros (AGA, embrião do <strong>SAFERGS</strong>) e a presidência<br />

<strong>da</strong> Comissão de Árbitros <strong>da</strong> Federação Gaúcha de Futebol. Neste último posto,<br />

que ocupou por um longo período, ele foi o responsável pelo definitivo salto de<br />

quali<strong>da</strong>de na arbitragem do Rio Grande do Sul. Com o seu apoio e conselhos<br />

despontaram e desenvolveram-se nomes que se consagraram na arbitragem<br />

brasileira, como Renato Marsiglia, Carlos Simon e Leonardo Gaciba. Acompanhe<br />

as opiniões fortes e histórias hilárias de José Luiz Barreto, o Seu Barreto,<br />

nesta entrevista exclusiva ao Marca <strong>da</strong> Cal, concedi<strong>da</strong> aos jornalistas José Edi,<br />

Moacir Souza e Daniel Boucinha (fotos).<br />

Como o senhor ingressou na arbitragem?<br />

Inicialmente eu era um futebolista amador.<br />

Jogava pela<strong>da</strong> nos fins de semana nos<br />

clubes de várzea. Atuava como centro médio.<br />

Joguei no Bambala, no Tricolor, no<br />

Fluminense e no Primavera, que eram times<br />

do Bom Fim, onde passei a infância.<br />

Tinha 18 anos. Um dia pensei: já que estou<br />

correndo todo fim de semana sem ganhar<br />

na<strong>da</strong>, vou correr e ganhar alguma coisa. Foi<br />

aí que surgiu o Jorge Pivetta, um ex-árbitro<br />

assistente <strong>da</strong> Federação, que também<br />

foi presidente do futebol de salão do Rio<br />

Grande do Sul. Ele me estimulou para ingressar<br />

no quadro de árbitros. Fiz um exame<br />

teórico rápido e entrei no quadro amador.<br />

Nos anos 60, a Federação Gaúcha de Futebol<br />

era dirigi<strong>da</strong> por Nestor Ludwig. Depois<br />

de um ano muito bom no quadro amador eu<br />

fui aprovado e fiz um curso interno no SESC.<br />

Para passar para o quadro principal passei<br />

por uma prova muito interessante. Apitei um<br />

jogo amador que era decisivo entre Tamoio<br />

X Barra do Ribeiro, realizado em Viamão.<br />

O resultado foi 1 a 1 e fui muito bem no<br />

jogo. Uns dias depois, tinha um jogo entre<br />

Grêmio e Palmeiras, em Porto Alegre. Para<br />

minha surpresa, fui es<strong>cal</strong>ado. O Palmeiras<br />

era conhecido como a academia do futebol,<br />

com jogadores como Djalma Santos, Valdemar<br />

Carabina, Gildo, Leivinha, Ademir <strong>da</strong><br />

Guia, Dudu, Valdir... O Olímpico estava lotado.<br />

Deu tudo certo e a partir <strong>da</strong>í assinei<br />

contrato com a Federação.<br />

Quais os requisitos para ser um<br />

grande árbitro de futebol?<br />

Um grande árbitro não se faz sozinho.<br />

Ele precisa do apoio de alguém. Este<br />

alguém tem que ser o diretor dele, que<br />

também precisa ter a confiança e o apoio<br />

<strong>da</strong> Federação. Porque se o diretor de arbitragem<br />

não tem o apoio <strong>da</strong> Federação<br />

ele não pode apoiar o árbitro. Uma<br />

coisa depende <strong>da</strong> outra. Se ele tiver carta<br />

branca para agir com o árbitro ele vai<br />

agir com mais liber<strong>da</strong>de, apontando os<br />

erros que o profissional eventualmente<br />

cometer. Mas é preciso fazer um rodízio<br />

para jogos importantes. Não convém<br />

concentrar um único árbitro nos jogos<br />

de mais destaque. Não é recomendável<br />

expor um só árbitro em demasia.<br />

Como é o jeito gaúcho de apitar<br />

uma parti<strong>da</strong> de futebol?<br />

A nossa arbitragem pára o jogo por<br />

qualquer toque mínimo que seja. Na<br />

Europa não se vê isto, o jogo corre mais.<br />

Isto ocorre porque a nossa maneira de<br />

jogar futebol envolve muito contato físico.<br />

O futebol europeu é jogado mais<br />

na bola e o contato físico surge eventualmente.<br />

Acompanhando alguns jogos<br />

realizados no continente europeu vi vários<br />

trancos que aqui seriam considerados<br />

falta e lá não foram <strong>marca</strong>dos.<br />

Hoje a reclamação contra a arbitragem<br />

é mais intensa do que<br />

era no seu tempo?<br />

Naquela época, nos chamavam de ladrão<br />

pra fora e ficava tudo por isto mesmo.<br />

Hoje não. Considero que atualmente<br />

são poucas as reclamações, e elas não

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