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Habitação e modos de vida em vilas operárias - Escola de ...

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Apesar <strong>de</strong> ter sido consi<strong>de</strong>rado um industrial à frente do seu t<strong>em</strong>po, ele era um <strong>em</strong>presário<br />

baseado no lucro, no produto do trabalho por ele comprado. Assim, mesmo sendo humanitário e<br />

preocupado com certo b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> seus operários, ele não podia abrir mão das longas jornadas <strong>de</strong><br />

trabalho, do trabalho do menor e da mulher <strong>de</strong>pois do parto, alegando ser esta, uma imposição do<br />

<strong>em</strong>presariado. Este era o momento da expansão do capitalismo industrial concorrencial.<br />

Segundo dona Deolinda, uma antiga funcionária e moradora da Maria Zélia, <strong>em</strong> <strong>de</strong>poimento a<br />

Blay (1985), percebe-se como era a <strong>vida</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> lá vivia e trabalhava: “Não tive infância, não tive<br />

mocida<strong>de</strong>, não tenho velhice, não conheço nada da <strong>vida</strong>, conheço só o trabalho [...]”. E compl<strong>em</strong>enta<br />

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ainda:<br />

No armazém, se comprava e <strong>de</strong>scontava no pagamento. Não tinha dono, o armazém<br />

era da firma. Às vezes, <strong>de</strong>pois do <strong>de</strong>sconto, sobrava um pouco. Médico e r<strong>em</strong>édio<br />

não pagava. N<strong>em</strong> escola, creche, n<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntista. Aqui era a se<strong>de</strong> do clube. Faziam<br />

festa baile, vinham dançar. Tinha um bar (t<strong>em</strong> até hoje). Uma família não podia dar<br />

festa pra mocida<strong>de</strong> que trabalhava na fábrica. Se casava, não tinha festa não. Baile<br />

tinha nos sábados, domingo, num dia <strong>de</strong> festa assim [...] Não sei porque a fábrica<br />

tinha tudo isso aqui. Não sei se dava lucro. Só sei que qu<strong>em</strong> é bom dura pouco<br />

(BLAY, 1985, p.231).<br />

Figura 16: tipologia - casas g<strong>em</strong>inadas.<br />

Fonte: Benclowicz, 1989.<br />

Na época <strong>em</strong> que realizou sua pesquisa, a autora constatou que na Maria Zélia, além do já<br />

<strong>de</strong>scrito jardim, havia ainda 178 residências distribuídas por 9 ruas, o Grupo <strong>Escola</strong>r Maria Zélia e o<br />

Colégio Manuel da Nóbrega, <strong>em</strong> cujo frontispício se lê “<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Meninos”, e que fica <strong>em</strong> frente ao<br />

grupo escolar, “<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Meninas”.Havia ainda a igreja católica, um armazém, um <strong>de</strong>pósito material,<br />

um bar, uma pequena oficina <strong>de</strong> calçados <strong>de</strong>sativada, e um escritório <strong>de</strong> administração da vila. E<br />

<strong>de</strong>screve também o contraste muito gran<strong>de</strong> que presenciou entre o silêncio e a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

automóveis estacionados <strong>em</strong> suas ruas estreitas.<br />

Habitação e <strong>modos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong> <strong>em</strong> <strong>vilas</strong> operárias<br />

Figura 17: tipologias habitacionais.<br />

Fonte: Benclowicz, 1989.<br />

Estudo <strong>de</strong> caso - Maria Zélia

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