A hora e a vez da Educação Profissional - Senac
A hora e a vez da Educação Profissional - Senac
A hora e a vez da Educação Profissional - Senac
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Até dezembro de 2007, não havia padronização dos cursos de<br />
aprendizagem nem avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e efetivi<strong>da</strong>de desse<br />
modelo relacionado à profissionalização do aprendiz e do<br />
impacto do programa em sua vi<strong>da</strong> egressa. Entendi<strong>da</strong> como<br />
uma lei volta<strong>da</strong> basicamente à inserção social do adolescente<br />
pobre, muitas empresas tratavam a aprendizagem profissional<br />
como assistencialismo.<br />
As diretrizes curriculares edita<strong>da</strong>s pelo governo têm como<br />
premissas básicas a formação integral – intelectual, técnica,<br />
cultural e ci<strong>da</strong>dã, o estímulo à elevação <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de e à<br />
inserção social e ci<strong>da</strong>dã. A proposta pe<strong>da</strong>gógica deve abor<strong>da</strong>r<br />
conteúdos de formação humana e científica, elaborados<br />
em conjunto com o Ministério <strong>da</strong> Educação e órgãos federais<br />
responsáveis por programas formativos estruturantes, como<br />
os relacionados à educação para os direitos humanos e às<br />
políticas de segurança pública para adolescentes e jovens.<br />
Também devem fazer parte itens fun<strong>da</strong>mentais para a formação<br />
do trabalhador, como conhecer os processos de planejamento<br />
e organização do trabalho e o desenvolvimento<br />
do trabalho em equipe.<br />
Além disso, o programa deverá estar<br />
condizente com a descrição <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />
inerentes à ocupação, objeto do<br />
documento Classificação Brasileira de<br />
Ocupações.<br />
No caso de a aprendizagem ocorrer em<br />
nível técnico de ensino, o que é uma tendência<br />
natural, o MTE recomen<strong>da</strong> que o<br />
programa seja a<strong>da</strong>ptado aos princípios<br />
norteadores <strong>da</strong> aprendizagem, pois,<br />
nesse nível, a formulação de diretrizes e<br />
o processo de vali<strong>da</strong>ção são do âmbito<br />
<strong>da</strong> educação, e não do trabalho. A equipe<br />
do MTE deverá identificar, no programa<br />
a<strong>da</strong>ptado, o planejamento <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong>des práticas exerci<strong>da</strong>s nos ambientes<br />
produtivos, observando a pertinência<br />
com os objetivos específicos do<br />
curso, para que seja reconhecido como<br />
válido no cumprimento <strong>da</strong> cota <strong>da</strong><br />
empresa. Esse “reconhecimento” ocorre<br />
pela divulgação do curso no Ca<strong>da</strong>stro<br />
Nacional de Aprendizagem <strong>Profissional</strong>,<br />
disponível na página do MTE para<br />
to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de (http://www.mte.gov.<br />
br/politicas_juventude/aprendizagem_<br />
consulta.asp).<br />
“ O empregador<br />
formará pessoas<br />
para atuar em<br />
sua empresa,<br />
em empresa<br />
fornecedora ou<br />
parceira, mas,<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente,<br />
colocará seu<br />
nome e sua marca<br />
à disposição<br />
do projeto de<br />
desenvolvimento<br />
social e econômico<br />
do país”<br />
Correio – O Programa de Aprendizagem acompanhou as<br />
mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s nas leis de trabalho, <strong>da</strong> educação e do<br />
mercado ao longo dos anos. Para você, qual foi a principal<br />
mu<strong>da</strong>nça?<br />
Ana – Não posso dizer que já ocorreu a mu<strong>da</strong>nça. O que posso<br />
afirmar é que estamos promovendo um processo de aproximação<br />
entre a educação profissional e as deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s empresas.<br />
Do ponto de vista conceitual, isso está mais claro para governo<br />
e gestores <strong>da</strong>s políticas públicas de educação e trabalho.<br />
Na prática, é um pouco mais demorado. Do ponto de vista<br />
legal, é necessário avançar em algumas normas, mas também<br />
não é suficiente. Precisamos de um tempo para mu<strong>da</strong>r a<br />
cultura do assistencialismo.<br />
Por exemplo, é fato que as grandes empresas investem na formação<br />
profissional de seus empregados, mas, muitas <strong>vez</strong>es,<br />
não cumprem a Lei <strong>da</strong> Aprendizagem antes de serem notifica<strong>da</strong>s.<br />
Com certeza, acham que os programas não formam<br />
como necessário; esquecem que são os corresponsáveis pela<br />
formação e que financiam a aprendizagem.<br />
Podem e devem se envolver mais<br />
com a elaboração e o desenvolvimento<br />
dessas políticas.<br />
Correio – A socie<strong>da</strong>de brasileira valoriza<br />
o trabalho desenvolvido com os<br />
jovens aprendizes? A taxa de empregabili<strong>da</strong>de<br />
dos jovens é alta?<br />
Ana – Tenho certeza de que a socie<strong>da</strong>de<br />
ain<strong>da</strong> não valoriza, mas é pelo fato<br />
de não conhecer o programa. Acredito<br />
que, quando to<strong>da</strong> média e grande empresa<br />
brasileira passar a contratar jovens<br />
aprendizes espontaneamente, sentirá o<br />
quanto pode ser importante participar<br />
<strong>da</strong> formação inicial de um jovem como<br />
fator de competitivi<strong>da</strong>de.<br />
Quanto aos resultados <strong>da</strong> empregabili<strong>da</strong>de,<br />
em pouco tempo, poderemos<br />
saber e acompanhar a trajetória dos<br />
egressos. E vamos poder ver quais empresas<br />
e enti<strong>da</strong>des formadoras, de fato,<br />
possuem bons programas de inclusão<br />
de adolescentes e jovens. Afinal, não<br />
deixa de ser uma ótima propagan<strong>da</strong> de<br />
responsabili<strong>da</strong>de social.<br />
12<br />
jul|ago 2010 | correio do senac | nº 700