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Entendendo o Oriente Médio

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SOLUÇÃO PARA A PAZ<br />

No Brasil, crimes de ódio racial ainda são precariamente resumidos em dados específicos,<br />

muitas vezes assinalados apenas como lesão corporal, injúria ou até homicídio e não<br />

enfatizados como crimes de racismo, embora a Constituição brasileira de 1988 o defina<br />

como imprescritível e inafiançável. Ainda assim, as estatísticas dos movimentos antirracistas<br />

apontam para o fato de que pelo menos 150 mil pessoas sejam simpatizantes do movimento<br />

racista, cerca de um terço delas apenas no Estado de Santa Catarina. Há grupos neonazistas<br />

organizados em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Brasília e Belo Horizonte.<br />

No país, há centenas de casos de agressões a negros e judeus, principalmente relacionadas<br />

com esses grupos. Investigações contra eles são realizadas pelo Ministério Público<br />

Federal e por Delegacias de Intolerância Racial. Em 2008, foram presos seis integrantes do<br />

grupo Carecas do ABC, e seguem investigações a respeito do Front 88, do White Power São<br />

Paulo e dos Sulistas SS.<br />

Aproveitando o surgimento e a expansão de novas formas de comunicação, especialmente<br />

as que nascem da internet, como sites, blogs, listas de discussão, canais de IRC e fóruns,<br />

o neonazismo tem crescido de maneira intensa, infelizmente. Nos grupos, duas características<br />

se destacam: o “negacionismo” (chamado por seus defensores de “revisionismo”),<br />

que identifica o discurso direcionado para invalidar a veracidade histórica do Holocausto,<br />

a perseguição e morte dos judeus, o número de mortos, enfim, que pretende uma revisão<br />

da história, a partir dos agentes nazistas; e o cultivo de símbolos nazistas, com especial ênfase<br />

a seus aspectos do paganismo nórdico. Há mais de 15 mil sites neonazistas em língua<br />

espanhola, inglesa e portuguesa. Os subversivos grupos neonazistas preferem a internet por<br />

dois motivos principais: o formato da rede garante anonimato e a extensão permite alcançar<br />

milhares de pessoas ao mesmo tempo, num período muito menor do que o necessário por<br />

outro veículo, o que amplia essa forma de sociabilização. A tentativa desses grupos, em sua<br />

propaganda de ódio, é retomar símbolos, mitos e propostas jurídicas, religiosas e políticas<br />

do nacional-socialismo, valendo-se do negacionismo para tentar se livrar do retrato de destruição<br />

que a presença deste deixou na história. Desse modo, pretendem eles, segundo afirmam,<br />

“proteger a raça ariana”, que estaria correndo perigo iminente, da “contaminação”<br />

por religiões “naturais” (como o judaísmo e o cristianismo), por casamentos inter-raciais,<br />

por adoção de crianças negras em famílias brancas, pela divulgação de heróis e esportistas<br />

negros e homossexuais. Seu objetivo é divulgar um ódio enorme contra todas as minorias.<br />

Paralelamente, surgem também grupos islâmicos radicais que negam o Holocausto. Fazem<br />

isso por motivação política, para tentar negar aos judeus o direito a seu Estado. Um<br />

dos piores exemplos é o presidente do Irã, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, que<br />

afirma, repetidas vezes, que o Holocausto é um mito. Isso causa enorme sofrimento a todos<br />

os que perderam milhões de parentes na tragédia que o Holocausto, de fato, foi. E choca<br />

toda a humanidade que tal defesa seja feita em nome do ódio. Em momentos de conflitos no<br />

<strong>Oriente</strong> Médio, infelizmente, multiplicam-se ataques a cemitérios judaicos e sinagogas por<br />

todo o mundo. Exemplos dessa triste prática são os ataques a sinagogas francesas e, aqui na<br />

América do Sul, na Venezuela, a invasão à principal sinagoga de Caracas por quinze pessoas<br />

armadas, que picharam em suas paredes mensagens de ódio e juramentos de morte, em janeiro<br />

de 2009, e, no Brasil, ataques a sinagogas e pichações em Campinas (SP), Santo André<br />

(SP) e Santa Maria (RS), entre outros. É preciso defender a humanidade desses radicais.<br />

42<br />

PAZ - Book AF.indb 42 01.06.09 15:01:55

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