13.10.2014 Views

Aplicação do Cadastro Único à gestão da politica de assistência

Aplicação do Cadastro Único à gestão da politica de assistência

Aplicação do Cadastro Único à gestão da politica de assistência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

APLICAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO À GESTÃO DA POLITICA DE<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL EM LONDRINA/PR<br />

Paulo Rogerio Pelegrin Romero 1<br />

Evaristo Emigdio Colmán Duarte 2<br />

RESUMO<br />

Este trabalho analisa a utilização <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> na <strong>gestão</strong><br />

<strong>da</strong> política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social no município <strong>de</strong> Londrina,<br />

enquanto ferramenta <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> utilizan<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentos e<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> gestores e técnicos responsáveis. Aponta<br />

algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas e <strong>politica</strong>s que inibem o<br />

aperfeiçoamento <strong>de</strong>sta ferramenta.<br />

Palavras-chave: <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, Política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social,<br />

Gestão pública em Londrina.<br />

ABSTRACT<br />

This paper analyzes the use of the Single Registry in the<br />

management of social assistance policy in Londrina, using as a<br />

tool for managing <strong>do</strong>cuments and testimony of managers and<br />

technicians responsible. Points out some technical and <strong>politica</strong>l<br />

difficulties that inhibit the improvement of this tool.<br />

Keywords: Single Registry, Social assistance policy, Public<br />

Management in Londrina<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> foi instituí<strong>do</strong> pelo Decreto n.º 3.877 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001,<br />

assina<strong>do</strong> pelo então Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so. Trata-se <strong>de</strong><br />

uma base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s capaz <strong>de</strong> subsidiar o planejamento <strong>de</strong> ações e políticas <strong>de</strong><br />

enfrentamento <strong>à</strong> pobreza, com <strong>de</strong>staque para a implementação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, nas diferentes instâncias <strong>de</strong> governo. Destina-se a ser um<br />

instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações que tem como objetivo i<strong>de</strong>ntificar e unificar to<strong>da</strong>s as<br />

informações em um único banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as famílias em situação <strong>de</strong> pobreza<br />

existentes no País, além <strong>de</strong> outros <strong>da</strong><strong>do</strong>s socioeconômicos (um "censo" <strong>da</strong> pobreza no<br />

Brasil), ou seja, famílias que tenham ren<strong>da</strong> mensal igual ou inferior a ½ salário mínimo por<br />

pessoa. Constitui-se em ferramenta indispensável para i<strong>de</strong>ntificar o segmento <strong>da</strong> população<br />

beneficiária <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Proteção Social <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

1 Gerente <strong>da</strong> Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral. Mestre em Serviço Social e Políticas Sociais pela UEL. E-<br />

mail paulo.romero@caixa.gov.br , telefone (43) 8412-3801<br />

2 Professor <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Serviço Social <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina, assistente social,<br />

mestre em serviço social pela PUC/SP e <strong>do</strong>utor em História pela UNESP. En<strong>de</strong>reço: Av. Garibaldi<br />

Delibera<strong>do</strong>r, 325 ap. 72 bl 2 Londrina PR. E-mail: colman@uel.br Telefone (43) 9989-6790<br />

1


Art. 1 Fica instituí<strong>do</strong> o formulário anexo, como instrumento <strong>de</strong> Ca<strong>da</strong>stramento <strong>Único</strong><br />

para ser utiliza<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais para a concessão <strong>de</strong><br />

programas focaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> caráter permanente, exceto aqueles<br />

administra<strong>do</strong>s pelo Instituto Nacional <strong>do</strong> Seguro Social - INSS e pela Empresa <strong>de</strong><br />

Processamento <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Previdência Social - DATAPREV.<br />

§ 1 Fica obrigatório o uso <strong>do</strong> formulário anexo, a partir <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001.<br />

(BRASIL, 2009a).<br />

Como se vê, a intenção ao ser cria<strong>do</strong> era que fosse a única base ca<strong>da</strong>stral para o<br />

atendimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os programas sociais.<br />

Com a troca <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> eleição <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte Luis Inácio Lula<br />

<strong>da</strong> Silva, o ca<strong>da</strong>stro passou por uma a<strong>de</strong>quação. O novo governo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

dúvi<strong>da</strong>s, realizou um reca<strong>da</strong>stramento geral e, indican<strong>do</strong> a nova direção que <strong>de</strong>sejava<br />

imprimir a esta ferramenta, atribuiu ao Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong><br />

Fome MDS a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela <strong>gestão</strong> <strong>do</strong> mesmo.<br />

Art. 2 Cabe ao Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong> Fome, além <strong>de</strong><br />

outras atribuições que lhe forem conferi<strong>da</strong>s, a coor<strong>de</strong>nação, a <strong>gestão</strong> e a<br />

operacionalização <strong>do</strong> Programa Bolsa Família, que compreen<strong>de</strong> a prática <strong>do</strong>s atos<br />

necessários <strong>à</strong> concessão e ao pagamento <strong>de</strong> benefícios, a <strong>gestão</strong> <strong>do</strong><br />

Ca<strong>da</strong>stramento <strong>Único</strong> <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, a supervisão <strong>do</strong> cumprimento <strong>da</strong>s<br />

condicionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong> oferta <strong>do</strong>s programas complementares, em articulação com<br />

os Ministérios setoriais e <strong>de</strong>mais entes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, e o acompanhamento e a<br />

fiscalização <strong>de</strong> sua execução. (BRASIL, 2009b).<br />

O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo governo fe<strong>de</strong>ral através <strong>da</strong> Caixa Econômica<br />

Fe<strong>de</strong>ral, com início em 2001, sen<strong>do</strong> a ultima normatização a or<strong>de</strong>na<strong>da</strong> pelo Decreto nº<br />

6.135, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007 <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong> Fome.<br />

A responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> por administrar, expedir normas, coor<strong>de</strong>nar, acompanhar e supervisionar<br />

a implantação e a execução <strong>de</strong>ste ca<strong>da</strong>stramento é <strong>do</strong> MDS. O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> permite o<br />

acesso a uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informações, abrevian<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

uma fração <strong>da</strong> população em situação <strong>de</strong> pobreza.<br />

Através <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único, seria possível mapear as diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s no<br />

país, levantan<strong>do</strong> o perfil socioeconômico <strong>da</strong> população <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong> pesquisa<strong>da</strong>. E,<br />

neste senti<strong>do</strong>, é preciso <strong>de</strong>stacar a importância <strong>do</strong> aproveitamento <strong>da</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, não<br />

só pelo governo fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal, mas também por to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s na<br />

<strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas públicas.<br />

A finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> era o controle <strong>do</strong>s programas sociais através <strong>de</strong> um<br />

sistema racional, impessoal e não exposto a manipulações clientelistas. Através <strong>de</strong>sta<br />

ferramenta, tem-se administra<strong>do</strong> vários benefícios nos últimos anos, como é o caso <strong>da</strong><br />

Bolsa Escola, Bolsa Família, Auxilio Gás, PETI entre outras formas <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> <strong>à</strong> população<br />

alvo <strong>de</strong>stas políticas.<br />

A utilização <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais envolve a<br />

compreensão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is movimentos: o primeiro é a elevação ao status <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong><br />

2


várias práticas outrora consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s mero assistencialismo; o segun<strong>do</strong> é a incorporação <strong>de</strong><br />

uma mo<strong>de</strong>rna ferramenta <strong>de</strong> tecnologia para <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> políticas sociais.<br />

Quanto <strong>à</strong> alteração <strong>do</strong> status <strong>de</strong> práticas assistencialistas para um patamar <strong>de</strong><br />

políticas trata-se, evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong> um “movimento”, quer dizer, um processo ain<strong>da</strong> em<br />

curso e não algo concluí<strong>do</strong>. A própria transformação <strong>da</strong> <strong>assistência</strong> médica e a cobertura<br />

previ<strong>de</strong>nciária em políticas <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> foi um processo longo e que, a rigor, continua ain<strong>da</strong><br />

inconcluso se levarmos em consi<strong>de</strong>ração as <strong>de</strong>ficiências <strong>do</strong> sistema único <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o fato<br />

<strong>da</strong> previdência se limitar aos segura<strong>do</strong>s, quer dizer, aqueles que contribuem apenas.<br />

Contu<strong>do</strong>, existe no or<strong>de</strong>namento jurídico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nacional a premissa <strong>de</strong> que os<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e os benefícios <strong>da</strong> previdência são direitos <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos. 3 Outra área<br />

importante cujo status <strong>de</strong> direito está ca<strong>da</strong> vez mais assimila<strong>do</strong> na cultura política nacional é<br />

o <strong>da</strong> educação, mesmo reconhecen<strong>do</strong> que o acesso <strong>à</strong> mesma por parte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> massa<br />

<strong>da</strong> juventu<strong>de</strong> mostra a distância entre o direito e a realização <strong>de</strong>sse direito.<br />

Já as ações que caracterizam a área <strong>da</strong> <strong>assistência</strong> social tradicionalmente foram<br />

objeto ou <strong>da</strong> filantropia (laica ou religiosa) ou <strong>da</strong> manipulação clientelista <strong>do</strong>s “<strong>do</strong>nos <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r” 4 que administram a “aju<strong>da</strong>” como um meio para garantir a fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> seu “curral”<br />

político e não como um serviço que o Esta<strong>do</strong> é obriga<strong>do</strong> a prestar ao ci<strong>da</strong>dão. A<br />

contraparti<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta manipulação é a postura subserviente em que a população <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong>ssa aju<strong>da</strong> se coloca em face <strong>do</strong> governante ou <strong>do</strong> “coronel”. É muito comum verificar que<br />

em face <strong>de</strong> um direito viola<strong>do</strong> ou carência <strong>de</strong> algum serviço, o “povo” recorra ao <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>,<br />

ao sena<strong>do</strong>r, ao verea<strong>do</strong>r, ou ao prefeito ao invés <strong>de</strong> invocar o seu direito, mesmo que tenha<br />

que <strong>de</strong>fendê-lo perante os juízes.<br />

Com as mu<strong>da</strong>nças inicia<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, pretendia-se<br />

consoli<strong>da</strong>r a saú<strong>de</strong>, previdência, educação e outras áreas como direitos e, passar a tratar a<br />

<strong>assistência</strong> também como uma política pública, obrigação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e direito <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que este movimento não ocorre sem atritos. Alterar uma cultura política<br />

<strong>de</strong> 500 anos certamente provoca a resistência <strong>da</strong>queles que utilizam os recursos públicos<br />

como proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong> e moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca em beneficio <strong>de</strong> seus interesses políticos<br />

individuais.<br />

O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> se apresenta, pois, neste cenário contraditório como um meio para<br />

<strong>de</strong>senvolver os objetivos inscritos na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. A esse respeito é<br />

3 Em que pesem os esforços <strong>do</strong>s setores conserva<strong>do</strong>res – inclusive aqueles hospe<strong>da</strong><strong>do</strong>s no próprio governo<br />

Lula, assim como antes estavam no governo FHC– para liqui<strong>da</strong>r com esta premissa, mediante a transformação<br />

<strong>de</strong>stes serviços em merca<strong>do</strong>rias para valorização <strong>do</strong> capital.<br />

4 Assim é como <strong>de</strong>signa Raymun<strong>do</strong> Faoro ao “estamento burocrático” que constituiu as oligarquias políticas<br />

brasileiras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época colonial e ain<strong>da</strong> se mantém na atual conformação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> nacional. A sua obra<br />

“Os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r” tem como subtítulo precisamente o objeto <strong>de</strong>ssa obra já clássica: “formação <strong>do</strong> patronato<br />

político brasileiro”. No Brasil, o patrimonialismo foi implanta<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> colonial português, quan<strong>do</strong> o<br />

processo <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> títulos, <strong>de</strong> terras e po<strong>de</strong>res quase absolutos aos senhores <strong>de</strong> terra legará a<br />

posteri<strong>da</strong><strong>de</strong> uma prática político-adminstrativa em que o público e o priva<strong>do</strong> não se distinguirão perante as<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. (Cf. FAORO, 1975).<br />

3


ilustrativa a constatação feita no Estu<strong>do</strong> nº 273, <strong>de</strong> 2003, <strong>da</strong> consultoria legislativa <strong>do</strong><br />

Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral referente <strong>à</strong> unificação <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>.<br />

A unificação <strong>de</strong> programas sociais como os que temos atualmente no Brasil –<br />

oficialmente 16, sem consi<strong>de</strong>rar os trabalha<strong>do</strong>res rurais aposenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> INSS e o<br />

recém-lança<strong>do</strong> Primeiro Emprego –, em um país <strong>de</strong> dimensão continental e com<br />

heranças patrimonialistas como o Brasil, não é tarefa fácil. Evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>do</strong> ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>da</strong> economici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> gasto público e <strong>da</strong> eficácia <strong>do</strong> atendimento <strong>à</strong>s<br />

pessoas que necessitam <strong>do</strong>s benefícios, a unificação é positiva. Há, porém, pedras<br />

no meio <strong>do</strong> caminho, entre as quais a divisão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r que o assunto envolve. Com<br />

efeito, a pulverização existente em governos anteriores e, até o momento, no atual,<br />

não <strong>de</strong>ve menosprezar os impasses políticos, especialmente quan<strong>do</strong> se preten<strong>de</strong><br />

além <strong>da</strong> unificação, a integração nos três níveis <strong>de</strong> governo. (BRASIL, 2003, p. 11).<br />

Quer dizer, mesmo sen<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>ntes os benefícios <strong>da</strong> unificação, pela eficácia e<br />

economici<strong>da</strong><strong>de</strong> que se conseguiriam, os autores <strong>do</strong> parecer <strong>de</strong>stacam como obstáculos<br />

mais importantes a herança <strong>do</strong> patrimonialismo brasileiro, a “divisão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res” que o<br />

assunto envolve uma forma eufemística <strong>de</strong> expressar que ca<strong>da</strong> nível (fe<strong>de</strong>ral, estadual e<br />

municipal) tem interesse em manter sob seu controle a manipulação <strong>do</strong>s recursos e a<br />

<strong>gestão</strong> <strong>do</strong>s programas.<br />

Mas, o que interessa <strong>de</strong>stacar é que a utilização <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s<br />

políticas sociais é parte <strong>do</strong> esforço pela transformação <strong>de</strong> práticas assistencialistas,<br />

clientelistas, empíricas e <strong>de</strong>sconexas em políticas públicas, ou seja, objeto <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento<br />

estatal e usufruí<strong>do</strong> pelos ci<strong>da</strong>dãos enquanto direitos.<br />

O outro movimento importante é a crescente incorporação <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong><br />

Informação (TI´s) na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais.<br />

O impacto <strong>de</strong>stas mo<strong>de</strong>rnas tecnologias <strong>de</strong> informação se <strong>de</strong>ve ao amplo espectro<br />

<strong>de</strong> aplicações que propiciam na educação, diversão, cultura, comunicação e, claro, nos<br />

processos <strong>de</strong> trabalho. No caso <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as “primitivas” máquinas<br />

<strong>de</strong> controle numérico aos sofistica<strong>do</strong>s supercomputa<strong>do</strong>res que monitoram as viagens<br />

espaciais, trata-se <strong>de</strong> instrumentos que potencializam o trabalho humano, tornan<strong>do</strong>-o mais<br />

preciso e produtivo.<br />

Des<strong>de</strong> as iniciais aplicações na indústria, a utilização <strong>de</strong>stas tecnologias abarca hoje<br />

to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> trabalho, incluí<strong>do</strong> o <strong>do</strong>s serviços e a <strong>gestão</strong> estatal. Da<strong>da</strong> a<br />

convergência <strong>da</strong>s tecnologias <strong>da</strong> informática com as telecomunicações, estes são hoje<br />

utiliza<strong>do</strong>s largamente pelos esta<strong>do</strong>s, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> lugar a gigantescos e sofistica<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong><br />

informação.<br />

O Esta<strong>do</strong> brasileiro recorre a elas para uma crescente lista <strong>de</strong> funções públicas na<br />

sua relação com os ci<strong>da</strong>dãos: urna eletrônica nas eleições; <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>;<br />

processamento <strong>de</strong> benefícios previ<strong>de</strong>nciários; impostos e taxas diversas e muitas outras.<br />

4


Por trás disso funcionam gigantescos bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s hospe<strong>da</strong><strong>do</strong>s em po<strong>de</strong>rosos<br />

computa<strong>do</strong>res, que gerenciam não apenas o registro <strong>de</strong> pessoas, mas o cálculo,<br />

monitoramento <strong>de</strong> pendências, controles diversos e multas automatiza<strong>da</strong>s.<br />

No setor <strong>da</strong>s políticas sociais, o mais importante (pelos recursos que movimenta) e o<br />

primeiro a incorporar estas tecnologias foi o <strong>da</strong> Previdência Social. A DATAPREV (Empresa<br />

<strong>de</strong> Tecnologia e Informações <strong>da</strong> Previdência Social) cria<strong>da</strong> em 1974, a partir <strong>da</strong> fusão <strong>do</strong>s<br />

Centros <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s institutos <strong>de</strong> previdência existentes até 1964, ou<br />

seja, antes mesmo <strong>da</strong> disseminação e generalização <strong>do</strong> uso <strong>da</strong>s mo<strong>de</strong>rnas tecnolgias <strong>de</strong><br />

informação.<br />

Posteriormente, foi a área <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolveu outro importante sistema <strong>de</strong><br />

informação, aquele <strong>de</strong>pois viria a ser o DATASUS (Departamento <strong>de</strong> Informática <strong>do</strong> SUS).<br />

Mais recentemente, também a educação, através <strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e<br />

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um sistema que<br />

cobre to<strong>da</strong>s as áreas que afeta essa <strong>politica</strong> pública.<br />

O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> não nasceu vincula<strong>do</strong> a nenhuma área especifica, como se verá,<br />

mas sobreviveu ao governo que o criou porque incorporou a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> unificação <strong>de</strong><br />

programas dispersos. Esta i<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> unificação traduz precisamente o elemento mais<br />

importante <strong>de</strong> sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois, a unificação <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> <strong>do</strong>s programas é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um<br />

passo importante na recionalização, ou seja, na sua eficiente administração, na sua <strong>gestão</strong><br />

mais econômica.<br />

O <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> <strong>de</strong>ve ser visto como o que é: um instrumento, um meio. Contu<strong>do</strong>,<br />

é um meio a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> racional, um mo<strong>de</strong>lo que se confronta com<br />

o estilo mais arcaico e patrimonialista, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a que, por envolver um gigantesco sistema <strong>de</strong><br />

informação, ele só po<strong>de</strong> funcionar, se abarcar o país inteiro, sobrepon<strong>do</strong>-se ao controle <strong>do</strong>s<br />

governos locais e ao seu arbítrio.<br />

Propicia, portanto, em tese, o funcionamento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> mais<br />

transparente e impessoal. Esta carateristica <strong>do</strong> instrumento <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> é certamente<br />

percebi<strong>da</strong> pelos agentes envolvi<strong>do</strong>s na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais nos níveis fe<strong>de</strong>ral,<br />

estadual e municipal, provocan<strong>do</strong> resistências e atritos. Seja como for, o que interessa<br />

enfatizar é a potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, como um meio <strong>de</strong> racionalização e <strong>gestão</strong><br />

transparente <strong>da</strong> política <strong>de</strong> assistencia social, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a analisar o uso que <strong>de</strong>le se faz, no<br />

caso que nos ocupa, no município <strong>de</strong> Londrina.<br />

Escolhemos o municipio <strong>de</strong> Lodrina, como espaço <strong>de</strong> observação não só pela<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas também pela inserção privilegia<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste município, no universo <strong>da</strong>s<br />

<strong>politica</strong>s assistenciais no plano nacional, sen<strong>do</strong> inclusive consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma referência na<br />

criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> <strong>de</strong>stas políticas.<br />

5


O objeto <strong>da</strong> dissertação <strong>da</strong> qual extraímos esta apresentação era o exame <strong>da</strong><br />

utilização <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais no município <strong>de</strong> Londrina.<br />

Neste trabalho restringimos a exposição <strong>à</strong> sua utilização na política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social.<br />

Os objetivos <strong>da</strong> investigação eram os <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a abrangência <strong>de</strong> sua utilização,<br />

ou seja, que áreas <strong>de</strong> políticas sociais a utilizam hoje; alcançar um conhecimento inicial <strong>de</strong><br />

sua incorporação como ferramenta nesta <strong>gestão</strong>, o quanto está sen<strong>do</strong> utiliza<strong>da</strong> e levantar<br />

finalmente alguns possíveis problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho ou planejamento <strong>da</strong> própria<br />

ferramenta.<br />

A meto<strong>do</strong>logia emprega<strong>da</strong> para abor<strong>da</strong>r o tema incluiu a realização <strong>de</strong> entrevistas<br />

com agentes responsáveis pela <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> políticas sociais <strong>do</strong> município, análise <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>cumentos oficiais que normatizam a matéria e exame <strong>da</strong> literatura sobre o tema <strong>do</strong><br />

ca<strong>da</strong>stro único e tecnologias <strong>de</strong> informação.<br />

A escolha <strong>do</strong>s sujeitos <strong>da</strong> entrevista aten<strong>de</strong>u ao critério <strong>de</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou<br />

seja, são agentes que tem e tiveram participação em nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong>s políticas em que<br />

o ca<strong>da</strong>stro único é utiliza<strong>do</strong>. Quer dizer, cujas opiniões e julgamentos acerca <strong>da</strong> utilização<br />

<strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro tiveram consequências praticas, e <strong>de</strong>terminaram as formas <strong>de</strong> sua aplicação ou<br />

a limitação <strong>de</strong> seu uso. Trata-se <strong>de</strong> profissionais que ocuparam cargos <strong>de</strong> gerencia e <strong>da</strong><br />

mais alta direção municipal enquanto corpo <strong>de</strong> gestores <strong>da</strong> política social <strong>do</strong> município.<br />

Neste trabalho eles serão i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s pela nomenclatura <strong>de</strong> agentes 5 .<br />

2. CADASTRO ÚNICO<br />

O Governo Fe<strong>de</strong>ral, através <strong>do</strong> Decreto n.º 3.877 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001, assina<strong>do</strong><br />

pelo então Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Republica, Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so, instituiu o Ca<strong>da</strong>stramento<br />

<strong>Único</strong>, com o intuito <strong>de</strong> iniciar um processo <strong>de</strong> informatização, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> através <strong>de</strong>ste<br />

sistema a situação <strong>de</strong> pobreza <strong>da</strong> população brasileira. Com estas informações, po<strong>de</strong> iniciar<br />

os programas sociais como a Bolsa Escola, PETI, Vale Gás, entre outros programas que<br />

utilizam a base <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> para eleger seus beneficiários.<br />

2.1. Público alvo<br />

O ca<strong>da</strong>stro <strong>Único</strong> foi cria<strong>do</strong> a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as famílias <strong>de</strong> menor ren<strong>da</strong>, enten<strong>de</strong>se<br />

por família a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> composta por pessoas resi<strong>de</strong>ntes em um mesmo <strong>do</strong>micílio, que<br />

compartilham ren<strong>da</strong> e <strong>de</strong>spesas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> relacionamento <strong>de</strong><br />

5 Utilizaremos o termo “agente” no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>à</strong> pessoa encarrega<strong>da</strong> <strong>da</strong> direção <strong>de</strong> uma agência e também<br />

que exerce certo cargo ou <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> função como representante <strong>da</strong> administração pública.<br />

6


grau <strong>de</strong> parentesco, ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong> por um Município para fins <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> beneficiários<br />

nos Programas Sociais <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que o fato <strong>da</strong>s famílias estarem ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s não gera a<br />

inclusão automática <strong>de</strong>ssas em programas sociais <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. O recebimento<br />

<strong>de</strong> algum benefício social <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal está condiciona<strong>do</strong> a<br />

critérios <strong>de</strong> acesso e permanência estabeleci<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> programa, <strong>à</strong> fixação <strong>de</strong> metas <strong>de</strong><br />

atendimento, <strong>à</strong> composição e ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> família.<br />

É a partir <strong>da</strong>s informações conti<strong>da</strong>s no banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> que as<br />

famílias pobres são direciona<strong>da</strong>s para os programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> governo<br />

fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu perfil social e econômico. Os programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />

ren<strong>da</strong> são recursos em dinheiro que o Governo Fe<strong>de</strong>ral entrega mensalmente <strong>à</strong>s famílias<br />

em situação <strong>de</strong> pobreza.<br />

2.2. Objetivo <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong><br />

Dentre as principais metas <strong>do</strong> Ca<strong>da</strong>stramento <strong>Único</strong>, <strong>de</strong>staca-se a canalização <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, através <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> apoio <strong>à</strong> <strong>gestão</strong> pública. Até porque,<br />

centralizan<strong>do</strong> o gerenciamento no governo fe<strong>de</strong>ral ten<strong>de</strong> a diminuir o déficit <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />

projetos nos municípios e reduzir os <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> verbas públicas.<br />

Observa-se que o governo fe<strong>de</strong>ral está implementan<strong>do</strong> este sistema, visan<strong>do</strong><br />

prioritariamente, simplificar o ca<strong>da</strong>stramento <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong>, nos programas <strong>de</strong><br />

transferência direta <strong>de</strong> benefícios e fiscalizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma contínua os beneficiários <strong>do</strong>s<br />

programas implementa<strong>do</strong>s.<br />

Tais programas compõem a Agen<strong>da</strong> <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, em busca <strong>da</strong> “inclusão<br />

social”, por meio <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> transferência direta <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>à</strong> população carente.<br />

Como exemplo <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ca<strong>da</strong>stramento <strong>Único</strong>, uma família <strong>de</strong> 5<br />

pessoas, que possuísse ren<strong>da</strong> familiar mensal <strong>de</strong> R$ 1.000,00, (em 2010) <strong>de</strong>veria ser<br />

ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>, pois a ren<strong>da</strong> mensal per capita era <strong>de</strong> R$ 200,00, portanto, 1/2 salário mínimo<br />

mensal, enquadran<strong>do</strong>-se para receber um ou mais benefícios <strong>do</strong>s programas sociais <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

2.3. <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> no Governo Lula<br />

Em 09 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004, através <strong>da</strong> Lei Nº 10.836, o Presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio Lula <strong>da</strong><br />

Silva criou o Programa Bolsa Família, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> <strong>à</strong>s ações <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> com<br />

condicionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e a unificação <strong>do</strong>s procedimentos <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> e execução <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Em 2005, o MDS propôs a NOB 2005 o SUAS – Sistema <strong>Único</strong> <strong>de</strong> Assistência<br />

Social. Este texto foi <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> em seminários municipais e estaduais e a sua versão final foi<br />

7


aprova<strong>da</strong>, no dia 14 <strong>de</strong> julho, na reunião <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência Social. A<br />

partir <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2005, o SUAS passou a ser uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. (BRASIL, 2010).<br />

Trata-se <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social implanta<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o país,<br />

envolven<strong>do</strong> governo (fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal) e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil. O SUAS,<br />

Sistema <strong>Único</strong> <strong>de</strong> Assistência Social, reúne pela primeira vez os serviços, programas e<br />

benefícios para cerca <strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> brasileiros em to<strong>da</strong>s as faixas etárias. Com a<br />

implantação <strong>do</strong> SUAS, cumpre-se a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> Constituição <strong>de</strong> 1988, que integra a<br />

Assistência <strong>à</strong> Seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> Social, juntamente com Saú<strong>de</strong> e Previdência Social. Uma tentativa<br />

<strong>de</strong> que as diversas ações e iniciativas <strong>de</strong> atendimento <strong>à</strong> população empobreci<strong>da</strong> <strong>de</strong>ixem o<br />

campo <strong>do</strong> voluntaria<strong>do</strong> e passem a operar sob a estrutura <strong>de</strong> uma política pública <strong>de</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. Além <strong>de</strong> eliminar o problema mais recorrente, atraso no repasse <strong>de</strong> verbas <strong>do</strong><br />

governo fe<strong>de</strong>ral, para Esta<strong>do</strong>s, Municípios e Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a novi<strong>da</strong><strong>de</strong> é a utilização <strong>de</strong><br />

partilha <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>de</strong> Assistência Social, cuja distribuição <strong>de</strong> valores é<br />

estabeleci<strong>da</strong> com base em indica<strong>do</strong>res como a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, levan<strong>do</strong> em<br />

consi<strong>de</strong>ração as condições <strong>de</strong> moradia, ren<strong>da</strong> familiar, i<strong>da</strong><strong>de</strong> e situação escolar <strong>de</strong> filhos,<br />

receita e porte <strong>do</strong> município. Reduzin<strong>do</strong> sensivelmente a burocracia para <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

aprovação <strong>de</strong> projetos sociais, <strong>de</strong>scentralizan<strong>do</strong> procedimentos, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> aos municípios<br />

autonomia para organizar sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção social, sen<strong>do</strong> fiscaliza<strong>do</strong>s, principalmente,<br />

pelos respectivos conselhos <strong>de</strong> Assistência Social.<br />

2.4. Construção e ajustes <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> único<br />

Anteriormente <strong>à</strong> criação <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, a ca<strong>da</strong> Programa Social implanta<strong>do</strong> pelo<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral, era necessária a coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s específicos para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> programa,<br />

resultan<strong>do</strong> várias e esparsas bases ca<strong>da</strong>strais, com frequente superposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

para on<strong>de</strong> seriam direciona<strong>do</strong>s os recursos.<br />

A concessão <strong>de</strong> benefícios se fazia com o intuito <strong>de</strong> reforçar o “curral eleitoral” <strong>do</strong>s<br />

políticos que se utilizavam <strong>do</strong>s programas, como o <strong>da</strong> Meren<strong>da</strong> Escolar e a Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Solidária, para fortalecer seus redutos eleitorais, porém, sempre estouravam alguns<br />

escân<strong>da</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursos ou mesmos <strong>de</strong> produtos como os anuncia<strong>do</strong>s por<br />

telejornais e os publica<strong>do</strong>s nos jornais como:<br />

A Polícia Fe<strong>de</strong>ral vai investigar o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> alimentos <strong>do</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Solidária no<br />

Pará. A <strong>de</strong>cisão foi toma<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois que a Polícia Civil encontrou 32 sacos <strong>de</strong> farinha,<br />

com a inscrição <strong>do</strong> programa, <strong>à</strong> ven<strong>da</strong> num supermerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conceição <strong>do</strong><br />

Araguaia. O alimento estava com prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> venci<strong>do</strong>. Verea<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nunciaram, nas eleições <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> cestas básicas.<br />

(SINOPSE..., 1999).<br />

8


Outros escân<strong>da</strong>los, envolven<strong>do</strong> também Governa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s, como o que<br />

ocorreu em Roraima:<br />

A quadrilha não está envolvi<strong>da</strong> apenas no <strong>de</strong>svio ocorri<strong>do</strong> na CERON, mas também<br />

no <strong>de</strong>svio <strong>da</strong> meren<strong>da</strong> escolar, no superfaturamento <strong>da</strong>s carteiras escolares, nos<br />

contratos frios <strong>de</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, nas licitações fraudulentas <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s e, <strong>à</strong>s vezes,<br />

também no <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> medicamentos <strong>do</strong>s aidéticos, que morrem <strong>à</strong> míngua no Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Rondônia por ter a quadrilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r assalta<strong>do</strong> esses recursos. Tu<strong>do</strong> isso<br />

consta em processos judiciais. Agora, o Tribunal <strong>de</strong> Contas <strong>da</strong> União confirma<br />

<strong>de</strong>núncias <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s pelo<br />

Programa Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Solidária. (AMORIM, 1997).<br />

A partir <strong>da</strong> criação <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, as prefeituras municipais ficaram<br />

responsáveis pela entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s. Em 2001, ficou sob a Coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s Municípios,<br />

que <strong>de</strong>finiu o público a ser entrevista<strong>do</strong>;<br />

Os órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais, gestores <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>,<br />

ficarão responsáveis pela articulação, abor<strong>da</strong>gem e apoio técnico, junto aos<br />

Municípios, <strong>de</strong> ações integra<strong>da</strong>s para organização <strong>da</strong> logística <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s e<br />

<strong>da</strong>s informações relativas <strong>à</strong>s populações alvo e aos beneficiários <strong>do</strong>s diversos<br />

programas sociais. (BRASIL, 2009a). (ANEXO A§ 3º).<br />

A estratégia <strong>de</strong> planejamento e execução <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>; as prefeituras treinam<br />

equipes <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>res, para que sejam dissemina<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as informações<br />

necessárias sobre o preenchimento <strong>do</strong>s formulários, com <strong>da</strong><strong>do</strong>s seguros, precisos e<br />

corretos; coletam os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>s famílias carentes; digitam; conferem; transmitem e<br />

acompanham o retorno <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s envia<strong>do</strong>s <strong>à</strong> Caixa, que mantém atualiza<strong>da</strong> a base <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>; prestam apoio e informações <strong>à</strong>s famílias <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong> sobre o<br />

<strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>; arquivam os formulários em local a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> por cinco anos; analisam os<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> em âmbito municipal; estimulam o uso <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> pelas<br />

diversas secretarias municipais. É o próprio Município que efetua a transmissão <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />

pois os arquivos-retorno são envia<strong>do</strong>s para a caixa postal <strong>do</strong> Município que, através <strong>de</strong><br />

importação <strong>do</strong> mesmo, faz a manutenção <strong>do</strong> seu ca<strong>da</strong>stro, ten<strong>do</strong> controle preciso sobre os<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s transmiti<strong>do</strong>s e processa<strong>do</strong>s pela Caixa, que é o agente opera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>.<br />

Compete <strong>à</strong> Caixa <strong>de</strong>senvolver aplicativos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> e <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e prestar<br />

suporte operacional aos Municípios, processar o banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>, confeccionar e<br />

distribuir formulários e i<strong>de</strong>ntificar to<strong>da</strong>s as pessoas ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s, inclusive crianças, com um<br />

Número <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação Social – NIS.<br />

Porém, em 2003, novamente, estoura nova on<strong>da</strong> <strong>de</strong> escân<strong>da</strong>los, envolven<strong>do</strong> o<br />

Programa Bolsa Escola.<br />

Graziano disse que o ca<strong>da</strong>stro é vergonhoso e que a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s foi<br />

incluí<strong>da</strong> por algum favoritismo político. O ministro pediu aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>s parlamentares<br />

petistas para fiscalizar e <strong>de</strong>nunciar irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Vamos limpar essa lista.<br />

Recebemos um ca<strong>da</strong>stro único que é uma vergonha. O levantamento mostra que<br />

9


meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s que estão lá foi incluí<strong>da</strong> por algum favoritismo político... (Catia Seabra -<br />

O Globo, 30/06/03).<br />

Sob interferência <strong>do</strong>s mais altos órgãos judiciais e para o disciplinamento <strong>do</strong><br />

funcionamento <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo Acórdão 240/2003 <strong>do</strong> TCU –<br />

Plenário AC-0240-08/03-P, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong>s publicações e reportagens <strong>de</strong> pessoas que não<br />

<strong>de</strong>veriam estar receben<strong>do</strong> benefícios, mas estavam, recomen<strong>da</strong> que seja realiza<strong>da</strong> uma<br />

<strong>de</strong>puração no <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>.<br />

[...] com os seguintes objetivos:<br />

- i<strong>de</strong>ntificar casos <strong>de</strong> pessoas com mais <strong>de</strong> um NIS e proce<strong>de</strong>r <strong>à</strong> análise <strong>da</strong>s<br />

situações em que ocorreram, a fim <strong>de</strong> implementar a<strong>da</strong>ptações na rotina <strong>de</strong><br />

verificação <strong>de</strong> unici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evitar novas ocorrências no futuro;<br />

– implementar rotinas <strong>de</strong> tratamento <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stramentos múltiplos,bloquean<strong>do</strong> o seu<br />

processamento;..<br />

9.1.6.2 crie sistemática <strong>de</strong> crítica <strong>do</strong>s rendimentos <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s no <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong><br />

ten<strong>do</strong> como referência as bases <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Benefícios<br />

– SISBEN e <strong>da</strong> Relação Anual <strong>de</strong> Informações Sociais - RAIS, como forma <strong>de</strong><br />

aumentar a confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s e evitar a inclusão<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> famílias fora <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> público-alvo;<br />

9.1.6.3 crie rotina <strong>de</strong> cruzamento <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> com o<br />

Sistema Informatiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Óbitos - SISOBI, como forma <strong>de</strong><br />

complementar os levantamentos feitos pelos municípios nos cartórios <strong>de</strong> registros;<br />

[...].<br />

Com esta <strong>de</strong>terminação, iniciou o cruzamento <strong>de</strong> informações <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong><br />

com vários bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, como o <strong>da</strong> RAIS Relação Anual <strong>de</strong> Informações Sociais. Um<br />

<strong>do</strong>s campos <strong>de</strong>ste banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s é precisamente o PIS/NIS, o mesmo que i<strong>de</strong>ntifica os<br />

sujeitos no <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, assim como o total <strong>de</strong> proventos recebi<strong>do</strong>s no ano<br />

imediatamente anterior pelo trabalha<strong>do</strong>r. Com este cruzamento, é possível inibir o registro<br />

<strong>de</strong> falsas informações acerca <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> e o atendimento in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> famílias com ren<strong>da</strong><br />

superior ao estima<strong>do</strong> pelos diversos programas que utilizam o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>.<br />

Nesse mesmo ano, avalian<strong>do</strong> o processo <strong>da</strong> Reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> inicia<strong>da</strong> pelo<br />

governo FHC, a diretora – gerente adjunta <strong>do</strong> FMI, Anne Krueger, afirmou que o<br />

“crescimento brasileiro <strong>de</strong>morou, mas que agora está se aceleran<strong>do</strong> rapi<strong>da</strong>mente”. A<br />

funcionária <strong>do</strong> FMI também aconselhou o Brasil, para que as reformas propostas fossem<br />

efetua<strong>da</strong>s, “o Brasil tem feito um bom trabalho para melhorar o quadro macroeconômico, e o<br />

governo tem uma agen<strong>da</strong> importante <strong>de</strong> reformas” e apontou o “atual momento” como i<strong>de</strong>al<br />

para realizar tais reformas. (Folha <strong>de</strong> S. Paulo, 01/04/2004).<br />

No primeiro ano, foram cria<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is novos ministérios: <strong>da</strong> Segurança Alimentar,<br />

responsável pelo Fome Zero, e o <strong>da</strong> Assistência Social. Menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois, os <strong>do</strong>is<br />

Ministérios foram unifica<strong>do</strong>s e criou-se o Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong><br />

Fome (MDS).<br />

Durante a campanha para a presidência, o então candi<strong>da</strong>to Luiz Inácio Lula <strong>da</strong> Silva<br />

realizava severas críticas ao Programa Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Solidária, coman<strong>da</strong><strong>do</strong> pela a então<br />

10


primeira-<strong>da</strong>ma, Ruth Car<strong>do</strong>so, conceituan<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> assistencialista/clientelista, cria<strong>do</strong> para<br />

barganhas políticas. Quan<strong>do</strong> foi cria<strong>do</strong> o Fome Zero, este programa foi muito critica<strong>do</strong> e,<br />

mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>, apresentou divergências na forma <strong>de</strong> condução, geran<strong>do</strong> até<br />

mesmo substituições na equipe <strong>de</strong> governo.<br />

Com o mesmo empirismo, foi cria<strong>do</strong> o Programa Bolsa Família, através <strong>da</strong> Lei nº<br />

10.836, no ano 2004, e regulamenta<strong>do</strong> no final <strong>de</strong>sse mesmo ano. Foi outro movimento <strong>do</strong><br />

governo, na tentativa <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>sgaste e <strong>à</strong>s tentativas fracassa<strong>da</strong>s no combate <strong>à</strong><br />

pobreza. Mas, o que o Governo fez na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> foi uma unificação <strong>do</strong>s Programas já cria<strong>do</strong>s<br />

no Governo anterior. Reportagem, publica<strong>da</strong> na revista Primeira Leitura em 18/04/2004,<br />

mostra que “o governo está interessa<strong>do</strong> em expandir o programa, mas não sabe a quem<br />

realmente entrega os benefícios”. É ain<strong>da</strong> mais grave a situação <strong>de</strong> famílias realmente<br />

pobres, que não recebem seus cartões, como atesta a reportagem;<br />

[...] <strong>do</strong>rmem nas gavetas agências <strong>da</strong> Caixa econômica Fe<strong>de</strong>ral. Sobre o assunto, o<br />

Ministro <strong>de</strong> Desenvolvimento Social Patrus Ananias pronunciou que “começará um<br />

trabalho <strong>de</strong> checagem <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros”. (Primeira Leitura, 2004. ed. 1280).<br />

3. USO DO CASTRO ÚNICO EM LONDRINA<br />

Neste capítulo, examinaremos a utilização que se faz <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> no<br />

município <strong>de</strong> Londrina, sua abrangência, as áreas em que se aplica e o alcance <strong>de</strong> sua<br />

aplicação, enquanto ferramenta <strong>de</strong> <strong>gestão</strong>, para tanto, a partir <strong>de</strong> informações recebi<strong>da</strong>s na<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Londrina foram realiza<strong>da</strong>s entrevistas com, servi<strong>do</strong>res, que <strong>de</strong>tinham<br />

e <strong>de</strong>têm o <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong>s informações <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> no município <strong>de</strong> Londrina, alguns<br />

sen<strong>do</strong> gestores e outros sen<strong>do</strong> técnicos com po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

3.1. Na Assistência Social<br />

É a partir <strong>da</strong>s informações conti<strong>da</strong>s no banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> que as<br />

famílias <strong>de</strong> menor ren<strong>da</strong> são seleciona<strong>da</strong>s para os programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

governo fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu perfil social e econômico. É importante <strong>de</strong>stacar que o<br />

fato <strong>da</strong>s famílias estarem ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s não gera a inclusão automática <strong>de</strong>ssas em<br />

programas sociais <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. O recebimento <strong>de</strong> algum benefício social <strong>do</strong><br />

governo fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal está condiciona<strong>do</strong> aos critérios <strong>de</strong> acesso e<br />

permanência estabeleci<strong>do</strong>s para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s programas, <strong>à</strong> fixação <strong>de</strong> metas <strong>de</strong><br />

atendimento, <strong>à</strong> composição e <strong>à</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> família.<br />

Os programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> são recursos em dinheiro que o Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral entrega mensalmente <strong>à</strong>s famílias em situação <strong>de</strong> pobreza. Os programas sociais<br />

que utilizam o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> são:<br />

11


– Bolsa Família: é um programa <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> <strong>à</strong>s famílias<br />

em situação <strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong> extrema pobreza. O Programa Bolsa Família unificou,<br />

em um só benefício, os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão<br />

Alimentação (PCA) e Auxílio Gás.<br />

– Programa <strong>de</strong> Erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil – PETI: é um programa <strong>do</strong><br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> <strong>à</strong>s famílias com crianças e a<strong>do</strong>lescentes entre 7 e 15<br />

anos, ten<strong>do</strong> como objetivo retirá-los <strong>do</strong> trabalho consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> perigoso, penoso,<br />

insalubre ou <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>nte.<br />

– Agente Jovem <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Humano: é um programa <strong>de</strong><br />

<strong>assistência</strong> social <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos jovens entre 15 e 17 anos e que <strong>de</strong>termina a<br />

capacitação <strong>de</strong>sses para futura inserção no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, zelan<strong>do</strong> pela sua<br />

permanência no sistema <strong>de</strong> ensino.<br />

Outros programas também já utilizaram informações filtra<strong>da</strong>s a partir <strong>do</strong>s bancos <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, programas como o Bolsa Escola, antigo Programa geri<strong>do</strong> pelo<br />

Ministério <strong>da</strong> Educação (MEC), que tinha por público-alvo famílias com crianças e/ou<br />

a<strong>do</strong>lescentes em i<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar, entre 7 e 15 anos, e com ren<strong>da</strong> mensal per capita <strong>de</strong> até R$<br />

90,00.<br />

Como o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> visa ao registro <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as famílias em situação <strong>de</strong> pobreza<br />

<strong>do</strong>s municípios brasileiros, <strong>de</strong>vem ser ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s aquelas com ren<strong>da</strong> mensal <strong>de</strong> até<br />

1/2 salário mínimo por pessoa. O importante é que o município, por meio <strong>de</strong> uma<br />

coor<strong>de</strong>nação técnica, localize as famílias com esse porte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e ca<strong>da</strong>stre to<strong>do</strong>s os seus<br />

membros. Não há limite <strong>de</strong> vagas por município, porém, a partir <strong>de</strong> 2006, foi estima<strong>do</strong> pelo<br />

Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento Social MDS, através <strong>de</strong> informações <strong>do</strong> IBGE, o índice <strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> pobreza, estipulou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> beneficia<strong>do</strong>s pelo<br />

programa Bolsa Família por município.<br />

3.2. O uso <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> na <strong>assistência</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o gestor<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, os responsáveis pela <strong>gestão</strong>, coinci<strong>de</strong>m numa valoração positiva<br />

<strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> e reproduzem as suas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s como a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s:<br />

Bom, primeiro o ca<strong>da</strong>stro único nos, é, nos garante uma série <strong>de</strong> informações <strong>do</strong>s<br />

possíveis beneficiários <strong>da</strong> política <strong>assistência</strong>, o ca<strong>da</strong>stro único nos permite<br />

conhecer as famílias, o porte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssa família, naturalmente, inclusive, uma<br />

avaliação mais em relação a condições <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, acho que a<br />

primeira coisa que o ca<strong>da</strong>stro único, <strong>de</strong>monstra a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>da</strong>s famílias e <strong>de</strong><br />

sua condição em relação <strong>à</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, com isto o gestor, com estes<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s o gestor po<strong>de</strong> organizar políticas, <strong>de</strong>finir bolsões <strong>de</strong> pobreza, reconhecer<br />

lugares on<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> intervenção, mais precisa, mais específica,<br />

mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, este é o primeiro ponto (Agente 1).<br />

12


Da mesma forma que o primeiro agente responsável, o segun<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong><br />

também coinci<strong>de</strong> na apreciação <strong>da</strong>s finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>:<br />

As informações <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> são o parâmetro no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> saber qual o<br />

numero <strong>da</strong> população que está <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limiar, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> política <strong>da</strong> <strong>assistência</strong><br />

social e também serve <strong>de</strong> parâmetro para saber como o município tem que se<br />

organizar perante o público, quais são os serviços que a <strong>assistência</strong> tem que<br />

oferecer para aten<strong>de</strong>r essa população. (Agente 2).<br />

Quer dizer, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos <strong>da</strong>s pessoas responsáveis pela <strong>gestão</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> no Município, po<strong>de</strong> se afirmar categoricamente que eles enten<strong>de</strong>m que o<br />

<strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> permitiria conhecer a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s famílias, a ren<strong>da</strong>, a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> 6 e<br />

ain<strong>da</strong> auxiliar no planejamento <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong>sta política, fornecen<strong>do</strong> os parâmetros <strong>do</strong><br />

público e <strong>do</strong>s espaços em que estas são necessárias, assim como o seu escopo.<br />

Além <strong>da</strong>s ações diretamente vincula<strong>da</strong>s <strong>à</strong> <strong>assistência</strong>, o segun<strong>do</strong> agente <strong>de</strong>staca<br />

também como relevantes outras utili<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

Outro; ponto que é <strong>da</strong><strong>do</strong> relevante que o ca<strong>da</strong>stro único também po<strong>de</strong> ressaltar<br />

políticas <strong>de</strong> outras áreas: por exemplo, nós lançar um programa <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> tarifa<br />

escolar sobre ônibus para estu<strong>da</strong>nte e o ca<strong>da</strong>stro único nos permitia o i<strong>de</strong>ntificar,<br />

a<strong>do</strong>lescente que estu<strong>da</strong>m mais longe <strong>da</strong> escola cujo o porte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1/2 salário<br />

mínimo, permitia <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong> balizar ação <strong>de</strong> outras políticas, um campo <strong>de</strong> ação<br />

em que outras políticas, podia ser cultura, podia ser transporte podia ser lazer, agora<br />

em relação <strong>à</strong> educação e saú<strong>de</strong> que são políticas diretamente com pessoas<br />

envolvi<strong>da</strong>s diretamente com a bolsa família que é o programa que mais utiliza o<br />

ca<strong>da</strong>stro único, eu penso que também o ca<strong>da</strong>stro único que as famílias beneficia<strong>da</strong>s<br />

a partir <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único orientaria uma outra conduta em relação <strong>à</strong>s famílias, por<br />

exemplo: a educação para ver o seu programa <strong>da</strong> evasão escolar, a saú<strong>de</strong> para<br />

rever a ausência <strong>de</strong> programas volta<strong>do</strong>s especificamente a a<strong>do</strong>lescente, mulheres a<br />

<strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa, e para a política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> o ca<strong>da</strong>stro único é fun<strong>da</strong>mental<br />

porque i<strong>de</strong>ntificava quais as ações que <strong>de</strong>vem ser prioritária <strong>de</strong>ssa política. (Agente<br />

2).<br />

O mesmo também afirmou, na sua entrevista, que:<br />

Era usa<strong>do</strong> para mapear as condições <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, inclusive por região,<br />

utilizan<strong>do</strong> o porte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, por bairros, então nos usávamos muito como<br />

instrumento <strong>de</strong> diagnóstico para a preparação <strong>da</strong>s ações. Também o ca<strong>da</strong>stro<br />

único nos aju<strong>da</strong>va para i<strong>de</strong>ntificar as diferenças, aqueles que estavam em situação<br />

<strong>de</strong> pobreza e aqueles que eram beneficia<strong>do</strong>s, ou seja, qual a diferença entre<br />

aqueles que <strong>de</strong>veriam beneficia<strong>do</strong>s e que não haviam si<strong>do</strong> e que <strong>de</strong>veriam ser, tem<br />

direitos, também essa comparação nos era possível ain<strong>da</strong>, inclusive a enten<strong>de</strong>r que<br />

tínhamos trinta e uns mil ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s e sete mil beneficia<strong>do</strong>s, então existe aí um<br />

contraponto. (Agente 2).<br />

6 “O conceito <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> está estrutura<strong>do</strong> no entendimento <strong>de</strong> que os eventos que vulnerabilizam<br />

as pessoas não são apenas <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s por aspectos <strong>de</strong> natureza econômica. Fatores como a fragilização<br />

<strong>do</strong>s vínculos afetivo-relacionais e <strong>de</strong> pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, <strong>de</strong> gênero ou por<br />

<strong>de</strong>ficiência...), ou vincula<strong>do</strong>s <strong>à</strong> violência, ao território, <strong>à</strong> representação política <strong>de</strong>ntre outros, também afetam<br />

as pessoas. Segun<strong>do</strong> Francisco <strong>de</strong> Oliveira, as situações <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser gera<strong>da</strong>s pela<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e po<strong>de</strong>m ser originárias <strong>da</strong>s formas como as pessoas (as subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s) li<strong>da</strong>m com as per<strong>da</strong>s, os<br />

conflitos, a morte, a separação, as rupturas”. (ALMEIDA, 2006).<br />

13


De resto, esta avaliação acompanha aquilo que é preconiza<strong>do</strong> pelo próprio MDS, ao<br />

<strong>de</strong>finir o que é o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, como se po<strong>de</strong> ler no portal <strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong> Fome:<br />

O Cad<strong>Único</strong> é constituí<strong>do</strong> por sua base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, instrumentos, procedimentos e<br />

sistemas eletrônicos, e sua base <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> pelos governos<br />

municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>ral para obter o diagnóstico socioeconômico <strong>da</strong>s famílias<br />

ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s. Dessa forma, o Cad<strong>Único</strong> possibilita a análise <strong>da</strong>s principais<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s famílias ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s e auxilia o po<strong>de</strong>r público na formulação e<br />

<strong>gestão</strong> <strong>de</strong> políticas volta<strong>da</strong>s a esse segmento <strong>da</strong> população. (BRASIL, 2010).<br />

Ou seja, o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> serve para realizar o diagnostico socioeconômico <strong>da</strong>s<br />

famílias ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s e “auxilia o po<strong>de</strong>r público na formulação e <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> políticas volta<strong>da</strong>s<br />

a esse segmento <strong>da</strong> população”. Observação importante, em face <strong>do</strong> questionamento <strong>de</strong><br />

que é objeto este instrumento por técnicos <strong>da</strong> mesma no município <strong>de</strong> Londrina, por parte<br />

<strong>do</strong>s técnicos responsáveis pela <strong>gestão</strong> <strong>do</strong> mesmo, que, como se verá, leva <strong>à</strong> conclusão<br />

exatamente contrária.<br />

Efetivamente, embora se faça o reconhecimento <strong>da</strong>s utili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong><br />

em outro <strong>de</strong>poimento, encontramos uma opinião diametralmente oposta. Quan<strong>do</strong><br />

pergunta<strong>da</strong> acerca <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> informação, utiliza<strong>do</strong> pelo gestor municipal, na política <strong>de</strong><br />

<strong>assistência</strong> social, o terceiro agente entrevista<strong>do</strong> foi claro e taxativo:<br />

Bem, hoje no município <strong>de</strong> Londrina usamos uma ferramenta própria que é o<br />

IRSAS. O IRSAS tem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> referenciar perfil publico perfil <strong>de</strong> serviços<br />

instala<strong>do</strong>s no território e avaliar, enten<strong>de</strong>, to<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, qual a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> ela se encontra. O ca<strong>da</strong>stro único que é o seu foco ele não<br />

traz esta informação territorializa<strong>da</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o bairro territorializa<strong>do</strong> no<br />

município <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s territorializa<strong>da</strong>s. [...] hoje a ferramenta que nos <strong>da</strong>ria<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar uma leitura territorial <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> atendi<strong>da</strong> e <strong>de</strong>man<strong>da</strong> não<br />

atendi<strong>da</strong> e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> serviços e beneficio é o IRSAS.<br />

(Agente 3).<br />

Aqui, o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> é sumariamente <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong> como ferramenta que po<strong>de</strong><br />

auxiliar na <strong>gestão</strong>, pois, o seu <strong>de</strong>feito é, segun<strong>do</strong> o técnico, que “não traz esta informação<br />

territorializa<strong>da</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o bairro territorializa<strong>do</strong> no município”. É claro que não será a<br />

única critica, mas, significativamente, trata-se <strong>da</strong> introdução <strong>da</strong> resposta <strong>à</strong> entrevista sobre o<br />

sistema <strong>de</strong> informação na qual se <strong>de</strong>staca aquilo que o técnico consi<strong>de</strong>ra essencial.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar, nesse momento, que a critica, a nosso ver, é exagera<strong>da</strong>, pois,<br />

embora o Cadúnico ain<strong>da</strong> não permita uma maior agili<strong>da</strong><strong>de</strong> na realização <strong>de</strong> pesquisas e<br />

consultas, já, na versão 6.0.5, permitiria gerar relatórios “territorializa<strong>do</strong>s”, partin<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

informação <strong>do</strong> CEP <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, por exemplo. Na nova versão implanta<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> 2009,<br />

constam explicitamente os campos <strong>de</strong> “Município”, “Distrito”, “Subdistrito” e “Setor censitário”<br />

na área <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e controle <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s. E o campo <strong>de</strong><br />

14


“Locali<strong>da</strong><strong>de</strong>” para ca<strong>da</strong>strar o bairro, vila, povoa<strong>do</strong>, etc., <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que contam com to<strong>da</strong>s as<br />

informações para organizar relatórios e listagens territorializa<strong>do</strong>s.<br />

Contu<strong>do</strong>, prosseguin<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>squalificação <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, pela sua inépcia<br />

para produzir informações práticas, o terceiro agente assinala que:<br />

[...] a ferramenta <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> a leitura única e exclusiva <strong>do</strong> que ele proporciona<br />

ele tem aquele <strong>do</strong>is relatórios que eu te mostrei relatório analítico e sintético que<br />

você po<strong>de</strong> morrer <strong>de</strong> tentar cruzar <strong>da</strong><strong>do</strong>s que você não vai chegar a uma leitura<br />

territorializa<strong>da</strong> que é o que o IRSAS te proporciona. (Agente 3).<br />

Ou seja, é necessário <strong>de</strong>scartar o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> e utilizar o IRSAS. Para saber <strong>do</strong><br />

que se trata, consultamos inicialmente um artigo <strong>do</strong> periódico <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Serviço<br />

Social <strong>da</strong> UEL, Serviço Social em Revista, publica<strong>do</strong> em 2008. Nele se explica que:<br />

Em Londrina, foi construí<strong>do</strong> pela equipe técnica <strong>da</strong> Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Assistência Social, o IRSAS – Informatização <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços <strong>da</strong> Assistência<br />

Social – é um sistema virtual <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>stro e controle, para a utilização <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a re<strong>de</strong><br />

sócio-assistencial governamental e não governamental. Através <strong>do</strong> IRSAS, o<br />

ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas atendi<strong>da</strong>s pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços po<strong>de</strong> ser<br />

compartilha<strong>do</strong> tornan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa maneira, possível obter-se um ca<strong>da</strong>stro atualiza<strong>do</strong> e<br />

completo, com diversas informações <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> serviços assistenciais.<br />

(MARTINS et al., 2008).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o primeiro agente entrevista<strong>do</strong> <strong>de</strong>clarou, no seu <strong>de</strong>poimento, que:<br />

Hoje o município <strong>de</strong> Londrina conta com uma ferramenta própria que é o IRSAS,<br />

com isto tem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> referenciar perfis públicos, perfil <strong>de</strong> serviços<br />

instala<strong>do</strong> no território e avaliar um plano <strong>de</strong> apoio, quais as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o que<br />

elas precisam. (Agente 1).<br />

Também, o segun<strong>do</strong> agente <strong>de</strong>clarou que o “sistema próprio” <strong>da</strong> prefeitura, o IRSAS,<br />

foi quem permitiu o mapeamento <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Londrina.<br />

No caso <strong>de</strong> Londrina nos tínhamos outro programa que era o IRSAS que também<br />

nos permitiu esse mapeamento <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, agora na maioria <strong>do</strong> Brasil<br />

o gestor não tem em mãos um dispositivo como nós tínhamos aqui. (Agente 2).<br />

Londrina:<br />

In<strong>da</strong>ga<strong>do</strong> sobre o porquê <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> um novo sistema no Município <strong>de</strong><br />

[…] <strong>do</strong>is pontos: primeiro eu não consigo pensar na política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> sem a<br />

formatação <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s que <strong>de</strong>em informações, seria o acesso rápi<strong>do</strong> que a<br />

informática po<strong>de</strong> nos <strong>da</strong>r para o sucesso <strong>do</strong> diagnóstico, então, a primeira proposta<br />

<strong>do</strong> IRSAS foi esta; <strong>de</strong> informatizar e mo<strong>de</strong>rnizar a <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong>,<br />

aí você me pergunta mais o CAD não respon<strong>de</strong>ria esta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ele <strong>de</strong>morou<br />

muito para respon<strong>de</strong>r esta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. (Agente 1).<br />

Vê-se, <strong>de</strong>ssa forma, que há um consenso entre os técnicos e autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />

participam <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>assistência</strong> social, quanto <strong>à</strong> inépcia <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, para além<br />

15


<strong>de</strong> sua função <strong>de</strong> organiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> registro <strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> ren<strong>da</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong>, é necessário pon<strong>de</strong>rar quanto a esta unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois, alguns<br />

reconhecem em principio que é o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> a ferramenta que <strong>de</strong>veria <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong>s<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>gestão</strong>. E, nesse senti<strong>do</strong>, é necessário avançar na consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que os<br />

sistemas <strong>de</strong> informação têm uma dimensão processual, não são produtos prontos e<br />

acaba<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> aplicações comerciais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no âmbito <strong>da</strong>s empresas e, muito<br />

mais, nos gran<strong>de</strong>s sistemas nacionais <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> e controle <strong>de</strong> políticas, é normal que se<br />

façam revisões e a<strong>da</strong>ptações sucessivas <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> critica que resulta <strong>do</strong> uso <strong>da</strong>s<br />

mesmas. Foi assim no caso <strong>do</strong>s sistemas <strong>da</strong> DATAPREV, DATASUS e outros. É assim no<br />

caso <strong>de</strong> um sistema muito importante <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> SIPIA – Sistema <strong>de</strong> Informação Para<br />

Infância e A<strong>do</strong>lescência <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>da</strong> Justiça para uso <strong>do</strong>s Conselhos<br />

Tutelares. O resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s revisões e novas versões é que vão sen<strong>do</strong> acrescenta<strong>da</strong>s novas<br />

funções e a<strong>de</strong>quações <strong>à</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong> quem utiliza os sistemas.<br />

No caso <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, já vem ocorren<strong>do</strong> a mesma coisa e, se não se tornou<br />

mais ágil e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>à</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s locais, <strong>de</strong>ve-se, em gran<strong>de</strong> parte, <strong>à</strong> pouca pressão <strong>do</strong>s<br />

usuários para que melhore neste ou naquele senti<strong>do</strong>. Mas, ao analisar a saí<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong><br />

pelo município <strong>de</strong> Londrina (criação <strong>de</strong> um sistema próprio), ficamos com a dúvi<strong>da</strong>, quanto <strong>à</strong><br />

efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa “solução”, pois, ao invés <strong>de</strong> pressionar o MDS para que faça as<br />

a<strong>da</strong>ptações necessárias, procura-se uma solução exclusiva <strong>de</strong>sse município, com o que se<br />

retar<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira resolução <strong>da</strong>s limitações <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>. Se ca<strong>da</strong> município for<br />

“resolver” por seu la<strong>do</strong> as “<strong>de</strong>ficiências” <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único, corre-se o risco <strong>de</strong> se aplicar<br />

critérios diferentes no tratamento <strong>do</strong>s campos com o que se per<strong>de</strong>rá, no final, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> UM<br />

ca<strong>da</strong>stro ÚNICO.<br />

Parece, então, que para justificar essa saí<strong>da</strong> exclusiva, exagera-se a crítica, a ponto<br />

<strong>de</strong> atribuir, ao <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, um <strong>de</strong>feito congênito, ou seja, insolúvel. De acor<strong>do</strong> com o<br />

quarto agente entrevista<strong>do</strong>, este teria si<strong>do</strong> estrutura<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma lógica bancária e<br />

estaria fa<strong>da</strong><strong>do</strong> a ficar preso a ela.<br />

Quem criou o ca<strong>da</strong>stro único? A Caixa Econômica junto com o Ministério. Qual que<br />

era a lógica então, era ter uma conta bancária. Um ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> pessoas<br />

pobres que iam ter ou não, possivelmente, um benefício por conta <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s que<br />

eles não iam inserir ali. Então, qual que era a lógica, a lógica <strong>da</strong> Caixa era o correto,<br />

gerenciar uma conta. Nós, <strong>da</strong> área técnica que temos que nos preocupar se aquela<br />

família ta em situação <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no se tem violência. Hoje porque nossas avaliações<br />

<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que garantem a inserção <strong>de</strong>le no benéfico ou não. Então o<br />

ca<strong>da</strong>stro único acho que aten<strong>de</strong> o fim <strong>de</strong>le. Ele não é um serviço, ele não é nenhum<br />

sistema que teria que avaliar vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, ele não é um ca<strong>da</strong>stro único<br />

para programas sociais, ele aten<strong>de</strong>u os objetivos <strong>de</strong>le. (Agente 4).<br />

Apreciação que constitui certamente um exagero, uma vez que <strong>do</strong> fato <strong>do</strong> sistema ter<br />

si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Caixa e envolver controles bancários, não se segue<br />

16


automaticamente que o sistema não possa ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>à</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s gestores<br />

municipais, fornecen<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> tão váli<strong>do</strong>s quanto forem as<br />

avaliações locais.<br />

O que se evi<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>ssa forma é que, embora se reconheça em tese que a<br />

ferramenta <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> é um auxiliar na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas, no município <strong>de</strong> Londrina,<br />

ele é <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente preteri<strong>do</strong>, a ponto <strong>de</strong> se investir tempo, pessoal técnico e dinheiro no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma aplicação exclusiva, o IRSAS. Ao invés <strong>de</strong> se aproveitar o<br />

potencial e participar <strong>do</strong> seu aprimoramento, o que se consegue e limitar a sua utilização.<br />

Talvez por não estarem preocupa<strong>do</strong>s nem engaja<strong>do</strong>s no aprimoramento <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong><br />

<strong>Único</strong>, os técnicos envolvi<strong>do</strong>s na <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> informação não consigam ter clareza sobre um<br />

problema já <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>, há bastante tempo, que é a divergência <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s entre o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> e o Censo <strong>do</strong> IBGE.<br />

Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong> sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> padronização <strong>da</strong>s informações entre os<br />

diversos institutos e o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, o terceiro agente entrevista<strong>do</strong> respon<strong>de</strong>u:<br />

[...] ain<strong>da</strong> PNAD outros institutos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Paraná e a aca<strong>de</strong>mia faz outras<br />

aproximações, nos ignoramos to<strong>da</strong>s elas, nos queremos saber a pessoa ela esta<br />

dizen<strong>do</strong> que tem uma condição <strong>de</strong> pobreza e ela vem ate o serviço e busca a<br />

inserção no IRSAS ela é registra<strong>da</strong>, hoje nós, como nós tivemos a base <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong><br />

<strong>Único</strong> eu tenho 26 mil para excluir... (Agente 3).<br />

O quarto agente, que participou recentemente <strong>de</strong> um treinamento para utilização <strong>da</strong><br />

nova versão <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>, ao lhe ser pergunta<strong>do</strong> sobre a compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os<br />

diversos instrumentos <strong>de</strong>clarou <strong>de</strong>sconhecer o assunto.<br />

Pergunta – Agora em 2010, vai ter um censo, e não sei se foi você que foi fazer o<br />

treinamento em Brasília na nova versão <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único? Você foi?<br />

Técnico – Fui.<br />

Pergunta – E os parâmetros <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro único são os mesmos que vão ser<br />

utiliza<strong>do</strong>s no censo 2010 <strong>do</strong> IBGE?<br />

Técnico – Não sei te informar.<br />

Pergunta – Isso você não sabe e você acha que seria natural que fossem?<br />

Técnico – Claro! Com certeza! Acho que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sabe que a questão <strong>da</strong><br />

apuração <strong>de</strong> forma a codificá-lo e unificá-lo seriam interessante.<br />

Essas são algumas <strong>da</strong>s opiniões <strong>do</strong>s técnicos e responsáveis pela <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> política<br />

<strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social <strong>do</strong> município.<br />

4. CONCLUSÃO<br />

É pertinente afirmar que o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> po<strong>de</strong> assumir o status <strong>de</strong> instrumento<br />

estratégico para resolver uma <strong>da</strong>s principais causas <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> focalização e baixa<br />

efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais, qual seja a extrema dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> encontra<strong>da</strong> pelo governo<br />

17


em i<strong>de</strong>ntificar as famílias em situação <strong>de</strong> pobreza e suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s prementes. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, o ca<strong>da</strong>stro po<strong>de</strong> funcionar como um mecanismo <strong>de</strong> suporte ao planejamento,<br />

gerenciamento e controle <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s políticas sociais, tanto em nível fe<strong>de</strong>ral quanto<br />

local.<br />

O que nossa investigação <strong>de</strong>monstrou, entretanto, é que para isso, é necessário sua<br />

plena utilização pelos gestores locais. Somente essa plena utilização provocará a pressão e<br />

a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> para superar as <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong>sse instrumento, exigin<strong>do</strong> alterações aos<br />

responsáveis pelo seu <strong>de</strong>senho e pelo acréscimo <strong>da</strong>s funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a <strong>gestão</strong><br />

mostrarem ser necessárias. Também, ficou evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> a carência <strong>de</strong> aplicações na versão<br />

cliente (a que fica instala<strong>da</strong> nas prefeituras) <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> que a torne mais ágil e útil.<br />

Particularmente urgente é o aumento <strong>de</strong> relatórios mais ágeis e varia<strong>do</strong>s que permitam com<br />

simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> gerar estu<strong>do</strong>s e diagnósticos, que hoje as prefeituras não conseguem obter<br />

diretamente <strong>do</strong> sistema. Diante <strong>de</strong>sta dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, surgem “soluções” como o IRSAS no<br />

município <strong>de</strong> Londrina, que,em que pese a boa vonta<strong>de</strong> com que foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, trafega<br />

na contramão <strong>da</strong> política nacional que <strong>de</strong>ve zelar pela consoli<strong>da</strong>ção e extensão <strong>de</strong> um bom<br />

e eficiente sistema nacional <strong>de</strong> auxilio <strong>à</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais, para que o <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong><br />

<strong>Único</strong> possa evoluir a ponto <strong>de</strong> chegar a ser o instrumento que os gestores municipais<br />

necessitam para tomar as <strong>de</strong>cisões nas políticas públicas, principalmente <strong>da</strong> <strong>assistência</strong>.<br />

A atitu<strong>de</strong> governamental <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> Programa Bolsa Família, instituí<strong>do</strong> em<br />

outubro <strong>de</strong> 2003, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar a coor<strong>de</strong>nação e <strong>gestão</strong> <strong>do</strong>s vários<br />

programas sociais, antes segmenta<strong>do</strong>s entre cinco gestores governamentais, ministérios,<br />

po<strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> o preâmbulo <strong>do</strong> entendimento político sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> não só <strong>de</strong><br />

centralização, mas a <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong>s informações. Desenca<strong>de</strong>a<strong>da</strong> em 2004, através <strong>de</strong><br />

uma pactuação que buscou a a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s governos estaduais e municipais não só provocou<br />

um aumento no valor <strong>do</strong>s benefícios, como <strong>do</strong> número <strong>de</strong> favoreci<strong>do</strong>s, passan<strong>do</strong> o público<br />

alvo <strong>do</strong> Programa Bolsa Família a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> prioritário para outras ações <strong>de</strong> caráter<br />

social <strong>do</strong>s municípios e esta<strong>do</strong>s.<br />

As funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, a utilização e a atualização <strong>da</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> po<strong>de</strong>riam ter ótimo aproveitamento, se os <strong>de</strong>mais órgãos, que também<br />

atuam no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> soluções tecnológicas com fins similares <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong>stros, realizassem troca <strong>de</strong> informações constantes na base, como <strong>da</strong> tecnologia<br />

sistêmica usa<strong>da</strong> no armazenamento <strong>de</strong>sses <strong>da</strong><strong>do</strong>s.<br />

O cruzamento <strong>de</strong> seus <strong>da</strong><strong>do</strong>s com os <strong>de</strong>mais já existentes e manti<strong>do</strong>s com<br />

excelência na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> como: os indica<strong>do</strong>res censitários <strong>do</strong> IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong><br />

Geografia e Estatística, o Censo Demográfico e <strong>da</strong> Pesquisa Nacional por Amostras <strong>de</strong><br />

Domicílios (PNAD) e <strong>da</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Orçamentos Familiares (POF); e outros sistemas<br />

gigantes em armazenamento <strong>de</strong> informações, sistema <strong>do</strong> FGTS - Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Garantia <strong>do</strong><br />

18


Tempo <strong>de</strong> Serviço e <strong>da</strong>s informações <strong>do</strong> INSS - Instituto Nacional <strong>do</strong> Seguro Social, Sistema<br />

<strong>de</strong> Benefícios – SISBEN e <strong>da</strong> RAIS - Relação Anual <strong>de</strong> Informações Sociais,<br />

<strong>de</strong>senvolveriam um processo <strong>de</strong> complementação <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e valiosa crítica <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>.<br />

Alguns cruzamentos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s permitiram a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s beneficiários com ren<strong>da</strong><br />

superior <strong>à</strong> <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pelo Programa Bolsa Família e <strong>de</strong> programas remanescentes <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. O CAGED, <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> Geral <strong>de</strong> Emprega<strong>do</strong>s e Desemprega<strong>do</strong>s, que<br />

registra as admissões e dispensas <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s, contrata<strong>do</strong>s sob o regime <strong>da</strong><br />

Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Leis <strong>do</strong> Trabalho - CLT, a partir <strong>de</strong> informações envia<strong>da</strong>s pelas empresas<br />

ao Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego pela RAIS, constituin<strong>do</strong> outro sistema que controla as<br />

inconsistências no ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> família.<br />

Tais cruzamentos foram realiza<strong>do</strong>s, para evitar frau<strong>de</strong>s e aumentar o controle sobre<br />

as prefeituras, que por diversas ocasiões inseriram <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> no sistema.<br />

Entretanto, é necessária ain<strong>da</strong> a padronização <strong>da</strong>s informações <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong> com os<br />

critérios utiliza<strong>do</strong>s pelo Censo <strong>do</strong> IBGE. Somente a partir <strong>da</strong> padronização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s, será possível fazer cruzamentos váli<strong>do</strong>s entre to<strong>do</strong>s estes sistemas, obten<strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong>s consistentes e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com uma gama <strong>de</strong> informação que,<br />

além <strong>de</strong> confiáveis, <strong>de</strong>verão ter vali<strong>da</strong>ção pelos critérios internacionais <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

socioeconômicos.<br />

REFERÊNCIAS<br />

AMORIM, Ernan<strong>de</strong>s. [Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> legislativa: pronunciamento]. Brasília: Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral,<br />

1997. Disponível em:<br />

. Acesso<br />

em: 18 jan. 2010.<br />

BEHRING, Elaine Rossetti. Política social no capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo: Cortez,<br />

1988.<br />

BIANCHETTI, Lucídio. Da chave <strong>de</strong> fen<strong>da</strong> ao laptop. Tecnologia digital e novas<br />

qualificações: <strong>de</strong>safios <strong>à</strong> educação. Petrópolis: Vozes, 2001.<br />

BOGADO, Francielle Toscan. Influência <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informação no processo <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>do</strong> Serviço Social: uma visão <strong>do</strong>s assistentes sociais que participaram <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e implantação <strong>de</strong> aplicações informáticas em Londrina e Região. 2006.<br />

Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social e Política Social) – Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Londrina, Londrina, 2006.<br />

BRASIL. Constituição (1988). Constituição <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil. Brasília,<br />

DF, 1988.<br />

BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate <strong>à</strong> Fome. Sistema <strong>Único</strong> <strong>de</strong><br />

Assistência Social – SUAS. Norma Operacional Básica NOB/SUAS. Brasília; 2005.<br />

19


______. [<strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> <strong>Único</strong>] O que é. Disponível em:<br />

. Acesso em: 28 fev. 2010.<br />

______. A história <strong>da</strong> Assistência Social brasileira. [Brasília, 2010]. Disponível em:<br />

. Acesso em: 28 fev. 2010.<br />

______. Beneficiários <strong>da</strong> Tarifa Social <strong>de</strong> Energia Elétrica que consomem entre 80 kWh e<br />

220 kWh <strong>de</strong>vem estar inscritos no Cad<strong>Único</strong>. Bolsa Família INFORMA, n. 62, 12 jan. 2007.<br />

Disponível em: . Acesso<br />

em 20 out. 2009.<br />

BRASIL. Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>. Indica<strong>do</strong>res e <strong>da</strong><strong>do</strong>s básicos – Brasil – 2008: IDB – 2008.<br />

Disponível em: < http://tabnet.<strong>da</strong>tasus.gov.br/cgi/idb2008/matriz.htm>. Acesso em: 27 fev.<br />

2010.<br />

BRASIL. Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Consultoria Legislativa. Estu<strong>do</strong> nº 273, <strong>de</strong> 2003. Referente <strong>à</strong><br />

STC nº 200304427, <strong>da</strong> Sena<strong>do</strong>ra LÚCIA VÂNIA, sobre a unificação <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. Brasília, 2003. Disponível em:<br />

. Acesso em: 20 out.<br />

2009.<br />

______. Decreto-Lei nº 3.877, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001. Institui o Ca<strong>da</strong>stramento único para<br />

Programas Sociais <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral Presidência <strong>da</strong> República. Disponível em:<br />

. Acesso<br />

em: 20 out. 2009a.<br />

______. Decreto-Lei nº 5.209 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2004. Regulamenta a Lei nº 10.836 <strong>de</strong><br />

09 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004. Cria o Bolsa Família e dá outras providências. Disponível em:<br />

. Acesso em: 16 out. 2009b.<br />

BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. A Reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anos 90: lógica e<br />

mecanismos <strong>de</strong> controle. Brasília, 1997. (MARE, nº 01). Disponível em:<br />

. Acesso em: 12 out. 2009.<br />

CASTELLS, Manuel. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em re<strong>de</strong>: a era <strong>da</strong> informação: economia, socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2001.<br />

CHIAVENATO, I<strong>da</strong>lberto. Introdução <strong>à</strong> teoria geral <strong>da</strong> administração. 3. ed. São Paulo:<br />

McGraw-Hill <strong>do</strong> Brasil. 1983.<br />

DATAPREV. Empresa <strong>de</strong> Tecnologia e Informação <strong>da</strong> Previdência Social. Apresentação<br />

institucional <strong>da</strong> Dataprev. Brasília, <strong>de</strong>z. 2009. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 18 jan. 2010.<br />

______. Relatório <strong>de</strong> Gestão [2001]. Perfil <strong>da</strong> Organização. Negócio Tecnologia <strong>da</strong><br />

Informação. [Brasília, 2001]. Disponível em:<br />

. Acesso em: 20 out. 2009.<br />

______. Sobre a Dataprev: A Dataprev. Brasília, jul. 2009. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 20 out. 2009.<br />

20


______. Sobre a Dataprev: clientes. Brasília, jul. 2009. Disponível em:<br />

. Acesso em: 20 out. 2009.<br />

FAORO, Raymun<strong>do</strong>. Os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r: formação <strong>do</strong> patronato político brasileiro. Porto<br />

Alegre: Globo, 1975.<br />

JONAS, Jonas, Liz Clara <strong>de</strong> Campos. <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong> único: uma visão <strong>de</strong> sua a<strong>de</strong>quação <strong>à</strong><br />

política <strong>de</strong> <strong>assistência</strong> social no município <strong>de</strong> Londrina. 2006. 113f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong><br />

em Serviço Social e Política Social – Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina, Londrina, 2006.<br />

LAUDON, Keneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas <strong>de</strong> Informação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: LTC,<br />

1999.<br />

LOJKINE, Jean. A revolução informacional. Tradução <strong>de</strong> José Paulo Netto. São Paulo:<br />

Cortez, 1995.<br />

MARTINS, Maria Lucimar Pereira et al. Avaliação e Monitoramento nas Políticas Sociais.<br />

Serviço Social em Revista, Londrina, v. 10, n. 2, jan./jul. 2008. Disponível em:<br />

. Acesso em: 20 out. 2009.<br />

MATTOS, Antonio Carlos M. Sistemas <strong>de</strong> Informação uma visão executiva. São Paulo:<br />

Saraiva, 2005<br />

RAMOS, Carlos Alberto. Subsídios para a reformulação <strong>do</strong> questionário <strong>do</strong> <strong>Ca<strong>da</strong>stro</strong><br />

<strong>Único</strong>. Brasília: UnB, 2002.<br />

REDE SUAS: <strong>gestão</strong> e sistemas <strong>de</strong> informação para o Sistema <strong>Único</strong> <strong>de</strong> Assistência Social.<br />

Brasília: Secretaria Nacional <strong>de</strong> Assistência Social, 2007.<br />

SINOPSE - resumo <strong>do</strong>s jornais [O Globo, 20 jan. 1999. p. 2, 9]. Disponível em:<br />

. Acesso em: 18 jan.<br />

2010.<br />

TAKAHASHI, Ta<strong>da</strong>o (Org). Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação no Brasil: Livro Ver<strong>de</strong>. Brasília:<br />

Ministério <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia, 2000.<br />

TAPAJÓS, Luziele M. S. Informação e políticas <strong>de</strong> seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> social: uma nova arena <strong>de</strong><br />

realização <strong>do</strong>s direitos sociais. 2003. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Educação) – Pontifícia<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo, 2003.<br />

WEBER, Max. Textos Seleciona<strong>do</strong>s. Tradução <strong>de</strong> Mauricio Tragtenberg. São Paulo: Nova<br />

Cultural, 1997. (Os Economistas).<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!