imagem e invisualidade: a leitura tátil de ilustrações em relevo - anpap
imagem e invisualidade: a leitura tátil de ilustrações em relevo - anpap
imagem e invisualidade: a leitura tátil de ilustrações em relevo - anpap
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
18º Encontro da Associação Nacional <strong>de</strong> Pesquisadores <strong>em</strong> Artes Plásticas<br />
Transversalida<strong>de</strong>s nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />
basicamente no aporte da visão? Como transformar uma informação<br />
estruturalmente visual <strong>em</strong> uma informação capaz <strong>de</strong> ser reconhecida tatilmente<br />
por alguém que nunca acessou os códigos da visualida<strong>de</strong>?<br />
A Invisualida<strong>de</strong> e o Reconhecimento Tátil<br />
O reconhecimento tátil dos <strong>relevo</strong>s não foi fácil para os indivíduos<br />
entrevistados durante o trabalho <strong>de</strong> campo. Porém, percebeu-se que para<br />
alguns a dificulda<strong>de</strong> era menor, especialmente na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> linhas, figuras<br />
geométricas e imagens esqu<strong>em</strong>áticas do tipo sol, lua, estrela, coração. Embora<br />
a escolha dos participantes da investigação não tivesse sido direcionada<br />
previamente neste sentido, consi<strong>de</strong>ra-se relevante relatar que estas crianças,<br />
para as quais o reconhecimento tátil parecera menos dificultoso, já haviam tido<br />
alguma experiência com aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho.<br />
Neste sentido, é relevante ressaltar algumas pesquisas que vêm sendo<br />
realizadas no âmbito do ensino do <strong>de</strong>senho a crianças cegas, com a intenção<br />
<strong>de</strong> possibilitar-lhes o acesso à expressão gráfica, como a da pesquisadora<br />
Maria Lúcia Batezat Duarte:<br />
Ensinar uma criança cega a <strong>de</strong>senhar t<strong>em</strong> como meta imediata<br />
integrá-la a uma brinca<strong>de</strong>ira infantil extr<strong>em</strong>amente usual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
primórdios da história da humanida<strong>de</strong>. Entretanto, dados neurológicos<br />
e psicológicos permit<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar o importante ganho cognitivo que<br />
a apreensão e compreensão da totalida<strong>de</strong> das figuras que<br />
representam os objetos do mundo pelo <strong>de</strong>senho po<strong>de</strong>m significar. Se,<br />
aqueles que perceb<strong>em</strong> visualmente os objetos atualizam essa<br />
visualida<strong>de</strong> quando produz<strong>em</strong> pensamentos, ao cego que <strong>de</strong>senha e<br />
reconhece os objetos pelo seu <strong>de</strong>senho <strong>em</strong> <strong>relevo</strong>, seria possível<br />
atualizar uma m<strong>em</strong>ória tátil e totalizadora dos objetos <strong>em</strong> seus<br />
processos mentais. (DUARTE, 2004-a)<br />
Segundo estudos da pesquisadora Susanna Millar (1997), na ausência<br />
<strong>de</strong> visão o reconhecimento tátil <strong>de</strong> imagens é mais difícil do que a produção <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senhos, ao contrário do que para as crianças vi<strong>de</strong>ntes, que primeiro<br />
reconhec<strong>em</strong> as formas para <strong>de</strong>pois representar<strong>em</strong>-nas graficamente. As<br />
palavras <strong>de</strong> Duarte encontram certamente suporte nos estudos <strong>de</strong> Millar,<br />
quando propõe o ensino do <strong>de</strong>senho para crianças cegas, buscando os<br />
3567