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Prova de Avaliação da Articulação de Sons em Contexto de Frase ...

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Introdução<br />

A aquisição dos sons <strong>da</strong> língua materna é uma <strong>da</strong>s primeiras tarefas <strong>de</strong>senvolvimentais<br />

para qualquer falante <strong>de</strong> uma língua. Há actualmente um vasto leque <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>em</strong>píricos<br />

sobre as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s perceptivas do bebé que apontam no sentido <strong>de</strong> que, na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong><br />

do primeiro ano <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, se <strong>de</strong>senvolve a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> às características fonéticas,<br />

fonotácticas, e prosódicas <strong>da</strong> língua materna. Este momento assinala a <strong>em</strong>ergência <strong>da</strong><br />

aquisição <strong>da</strong> fonologia e <strong>da</strong> representação <strong>da</strong> estrutura fonológica <strong>da</strong> língua. Após uma fase<br />

inicial <strong>de</strong> aquisição fonológica, geralmente situa<strong>da</strong> pelos investigadores entre o aparecimento<br />

<strong>da</strong> primeira palavra e a constituição <strong>de</strong> um léxico com cerca <strong>de</strong> 50 entra<strong>da</strong>s, segue-se um<br />

período <strong>de</strong> refinamento do sist<strong>em</strong>a fonológico, processo gradual que se esten<strong>de</strong> ao longo dos<br />

primeiros cinco anos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Da<strong>da</strong> a sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é natural que as crianças pequenas<br />

cometam algumas incorrecções na articulação dos fon<strong>em</strong>as que compõ<strong>em</strong> as palavras <strong>da</strong> sua<br />

língua no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>. Estas incorrecções, a que chamamos a<br />

partir <strong>de</strong> aqui <strong>de</strong>svios articulatórios, são uma componente normal do processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, resultando <strong>de</strong> vários constrangimentos e limitações na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

categorização, articulação, planeamento motor e m<strong>em</strong>ória, entre outras. Muni<strong>da</strong> <strong>de</strong> um<br />

inventário fonético e fonológico incompleto, a criança simplifica a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

produção <strong>de</strong> fala começando geralmente por omitir sílabas e segmentos <strong>de</strong> palavras (e.g.,<br />

FICO para frigorífico; CENOUA para cenoura; BINCO para brinco; POTA para porta),<br />

substituindo frequent<strong>em</strong>ente alguns sons por outros mais simples, muitas vezes <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

mesma categoria fonética (e.g., TOISA para coisa; PISSAMA para pijama). Mo<strong>de</strong>los<br />

articulatórios computacionais têm sido usados para analisar quantitativamente os<br />

constrangimentos <strong>de</strong>senvolvimentais na articulação <strong>de</strong> fala <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista muscular.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, o mo<strong>de</strong>lo neuronal DIVA (Guenther, 1995) é usado para simular <strong>de</strong>svios<br />

articulatórios <strong>em</strong> fon<strong>em</strong>as-alvo produzidos <strong>em</strong> diferentes posições na palavra (e.g., Ijiri, Inui,<br />

Amano, & Kondo, 2005). Num dos estudos realizados, Ijiri e colaboradores (ibd.)<br />

observaram que a redução na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> movimentação <strong>da</strong> língua no DIVA gerava o som<br />

/∫/ <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> /s/, quando <strong>em</strong> posição inicial <strong>de</strong> palavra. Estes resultados são interessantes e<br />

sintonizam com <strong>da</strong>dos provenientes <strong>da</strong>s análises <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios articulatórios por<br />

substituição extraídos <strong>de</strong> um corpus <strong>de</strong> conversação adulto-criança <strong>de</strong> língua materna<br />

japonesa. Tal como observado pelos investigadores, é frequente crianças japonesas entre os 2<br />

e os 4 anos produzir<strong>em</strong> a articulação SHU-PA para su-pa (supermercado) e SHA-KASHU para<br />

sa-kasu (circo). Noutras línguas, como <strong>em</strong> Português Europeu (PE), observa-se fenómeno<br />

análogo (e.g., CHAPATO para sapato; CHOL para sol).

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