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Nov-Dez - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Comparação entre acuida<strong>de</strong> visual e PhotoScreening como métodos <strong>de</strong> triagem visual para crianças em ida<strong>de</strong> escolar<br />

359<br />

INTRODUÇÃO<br />

Aambliopia é a causa mais comum <strong>de</strong> perda da visão<br />

unilateral em crianças, sendo necessários programas <strong>de</strong><br />

triagem visual para seu diagnóstico. Ela ocorre como<br />

um <strong>de</strong>feito no processamento visual central, sendo manifestada<br />

como acuida<strong>de</strong> visual diminuída em um olho ou mesmo em ambos<br />

os olhos (1) . É um dos distúrbios visuais mais prevalentes na<br />

infância, afetando 2 a 5% da população (2) . É a principal causa <strong>de</strong><br />

cegueira monocular, na faixa etária dos 20 aos 70 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

(3) .<br />

A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> fatores ambliopigênicos em crianças é um<br />

<strong>de</strong>safio para os oftalmologistas. A ausência <strong>de</strong> compreensão e a<br />

falta <strong>de</strong> cooperação pelas crianças para a realização dos testes<br />

diagnósticos como o exame <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual, e a falta <strong>de</strong> informação<br />

dos pais ou familiares prejudicam e retardam a <strong>de</strong>tecção<br />

<strong>de</strong> alterações visuais passíveis <strong>de</strong> correção, prejudicando o prognóstico<br />

visual <strong>de</strong>stas crianças.<br />

Por esta razão, testes <strong>de</strong> triagem visual realizados precocemente<br />

fazem-se necessários.<br />

O uso do photoscreener ainda não é frequente no Brasil.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> fácil manuseio e que, por ser um<br />

teste objetivo, facilita a triagem visual, principalmente nas crianças<br />

em ida<strong>de</strong> pré-escolar, na fase pré-verbal quando estas ainda<br />

não são capazes <strong>de</strong> informar a acuida<strong>de</strong> visual.<br />

O primeiro relato da literatura empregando este equipamento<br />

data <strong>de</strong> 1989, e menciona o uso <strong>de</strong> dois aparelhos <strong>de</strong><br />

photoscreening, em estudo mascarado, encontrando-se boa<br />

especificida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> (4) .<br />

Vários outros estudos foram realizados, a maioria visando<br />

avaliar sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> do “photoscreener”, sendo<br />

alguns dos resultados obtidos relatados a seguir:<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 81,6% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90,6% (5) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 82,8% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 61,8% (6) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 77,0% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 70,0% (7) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 86,0% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 52,0% (8) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 65,0% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 87,0% (1) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 94,6% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90,1% (9) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90,3% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 96,1% (10) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 55,0% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 94,0% (11,12) ;<br />

- sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 83,0% e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 79,0% (13) ;<br />

- valor preditivo positivo <strong>de</strong> 80% com o MTI<br />

photoscreener (14) .<br />

O presente trabalho tem como objetivo avaliar se este é<br />

um bom método <strong>de</strong> triagem visual em crianças escolares, comparando<br />

os resultados obtidos com o teste <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual utilizando<br />

tabelas <strong>de</strong> Snellen.<br />

MÉTODOS<br />

O presente estudo foi avaliado e aprovado para execução<br />

pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong><br />

Botucatu.<br />

Foram avaliados estudantes do primeiro grau da Escola<br />

EMEF “Professor José Antônio Sartori”, do Município <strong>de</strong><br />

Botucatu, São Paulo. As crianças apresentavam-se com ida<strong>de</strong><br />

entre 5 e 12 anos, tendo sido consi<strong>de</strong>radas elegíveis para este<br />

estudo todas as crianças que estudavam naquele estabelecimento<br />

<strong>de</strong> ensino.<br />

A coleta dos dados foi realizada nos meses <strong>de</strong> março a<br />

junho <strong>de</strong> 2008, sendo o trabalho <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>senvolvido por um<br />

aluno da graduação do curso <strong>de</strong> medicina e uma biomédica.<br />

Foram incluídas as crianças que receberam autorização dos<br />

pais ou responsáveis para participação <strong>de</strong>ste estudo e que apresentavam<br />

abertura pupilar entre 3 e 7 mm, critério preconizado<br />

pelo próprio fabricante e constante do manual <strong>de</strong> utilização do<br />

equipamento para a<strong>de</strong>quada interpretação das fotografias. Portanto,<br />

foram excluídas aquelas que não receberam autorização<br />

para participação e que apresentaram abertura pupilar menor<br />

que 3 mm ou maior que 7 mm, nas condições estabelecidas para<br />

a avaliação.<br />

1) Avaliação da presença <strong>de</strong> alterações oculares utilizando<br />

da acuida<strong>de</strong> visual obtida com a Tabela <strong>de</strong> Snellen<br />

O exame <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual foi realizado na totalida<strong>de</strong> das<br />

crianças, ou seja, em 500 crianças, utilizando-se uma tabela E <strong>de</strong><br />

Snellen, colocada a 5 metros, em boas condições <strong>de</strong> iluminação,<br />

verificando-se a acuida<strong>de</strong> visual dos dois olhos monocularmente,<br />

sem o uso <strong>de</strong> correção óptica e com a correção, caso a criança<br />

utilizasse lentes corretivas.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se alterado o exame em que a criança apresentasse<br />

acuida<strong>de</strong> visual menor que 0,7.<br />

2) Avaliação da presença <strong>de</strong> alterações oculares utilizando<br />

o photoscreener<br />

Setenta e nove crianças escolhidas aleatoriamente foram<br />

fotografadas utilizando-se o aparelho photoscreener TM system<br />

mo<strong>de</strong>l MTI-PS100. A fotografia foi obtida a 0,5 metro <strong>de</strong> distância,<br />

sempre pelo mesmo observador, sem a utilização <strong>de</strong> colírios,<br />

em ambiente <strong>de</strong> penumbra, que promovesse abertura pupilar<br />

suficiente para exame.<br />

As fotos foram avaliadas consi<strong>de</strong>rando-se os seguintes<br />

itens: qualida<strong>de</strong> da foto (boa, ruim ou com mancha); tamanho da<br />

pupila; opacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meios (presente ou não); reflexo corneano<br />

(centrado ou <strong>de</strong>scentrado); presença <strong>de</strong> ametropia; presença <strong>de</strong><br />

outras alterações não refratométricas (ptose, assimetria pupilar).<br />

As fotos foram analisadas pela autora (RLFS), consi<strong>de</strong>rando<br />

as instruções constantes do manual <strong>de</strong> instruções e interpretação<br />

e utilizando-se uma régua específica para a interpretação<br />

que acompanha o aparelho.<br />

Para a interpretação da possível existência <strong>de</strong> erros<br />

refrativos a partir da análise das fotografias obtidas com o aparelho<br />

photoscreener TM system mo<strong>de</strong>l MTI-PS100, foi realizado<br />

o exame <strong>de</strong> duas exposições, impressas em filmes polaroid: uma<br />

superior, quando o flash do aparelho encontra-se na horizontal,<br />

produzindo na pupila um crescente <strong>de</strong> luz que po<strong>de</strong> se localizar<br />

inferior ou superiormente; e uma inferior, quando o flash <strong>de</strong> luz<br />

do aparelho encontra-se na vertical, produzindo um crescente<br />

<strong>de</strong> luz que po<strong>de</strong> localizar-se à direita ou à esquerda da pupila<br />

(Figura 1). Esses crescentes são importantes para a análise dos<br />

prováveis erros refratométricos.<br />

Quanto às fotos obtidas com o photoscreening foram consi<strong>de</strong>radas<br />

com:<br />

- hipermetropia leve crianças com crescente inferior e à<br />

direita menores que 3 mm;<br />

- hipermetropia significativa crianças com crescente inferior<br />

e à direita maiores ou iguais a 3 mm;<br />

- miopia leve crianças com crescente superior e à esquerda<br />

menores que 2 mm;<br />

- miopia significativa crianças com crescente superior e à<br />

esquerda maiores ou iguais a 2 mm;<br />

- anisometropia crianças com diferença maior ou igual a 2<br />

mm entre os crescentes <strong>de</strong> olho direito e olho esquerdo<br />

Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (6): 358-63

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