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Francisco. Custo menor ajuda<br />
Luiz Ribeiro<br />
Em 2001, o cafeicultor Edmun<strong>do</strong> Coutinho Aguiar Filho, que mantinha plantações na<br />
próspera região de Patrocínio, no Vale <strong>do</strong> Paranaíba, arriscou-se no que parecia uma<br />
aventura. Comprou uma fazenda no Norte de Minas Gerais, em área banhada pelo Rio<br />
São Francisco, para, da mesma forma, investir na plantação. À época, convenci<strong>do</strong> da<br />
iniciativa, passou a divulgar entre os agricultores os atributos que a região oferecia.<br />
Mas, ninguém lhe dava crédito e, por isso, batizou de São Tomé, aquele que no dita<strong>do</strong><br />
popular só acredita ven<strong>do</strong>, à propriedade no município de Pirapora. Nove anos mais<br />
tarde, Edmun<strong>do</strong> Filho prova que estava certo. Encontrou água farta, terra barata,<br />
obteve alta produtividade <strong>do</strong> negócio, e – o mais importante – bons lucros. O produtor<br />
já não está só.<br />
Os cafezais irriga<strong>do</strong>s no entorno <strong>do</strong> Velho Chico cresceram e têm perspectivas de se<br />
consolidarem como nova zona cafeeira no esta<strong>do</strong>, assim como o próprio Vale <strong>do</strong> Parnaíba e o<br />
Sul de Minas. A região de Pirapora atrai investi<strong>do</strong>res para um outro negócio promissor e<br />
lucrativo: a silvicultura irrigada, na forma <strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> mogno africano. \"Quan<strong>do</strong> cheguei e<br />
fazia propaganda <strong>do</strong> potencial da região para o café, os céticos falaram mais alto. Agora,<br />
aqueles que têm espírito de São Tomé podem ver que eu falava a verdade\", afirma Edmun<strong>do</strong><br />
Filho.<br />
A Fazenda São Tomé tem 4,3 mil hectares, <strong>do</strong>s quais 500 hectares já ocupa<strong>do</strong>s pelo café<br />
irriga<strong>do</strong> da variedade arábica. Mas, essa extensão não foi ocupada de uma vez. No início, foi<br />
feito apenas um plantio experimental de 18 hectares, sen<strong>do</strong> cultivada em seguida, ainda em<br />
2001, uma outra área de 241 hectares. Em 2004, foram planta<strong>do</strong>s mais 241 hectares.<br />
Edmun<strong>do</strong> revela que em seis safras de café em Pirapora, alcançou produtividade média de 69<br />
sacas por hectare, bem superior a de outras regiões produtoras.<br />
Outro produtor que está satisfeito com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no Norte de Minas é Vergniaud<br />
Lopes. Ele mantém 157 hectares irriga<strong>do</strong>s de café arábica à beira <strong>do</strong> São Francisco no<br />
município de Ibiaí, distante 40 quilômetros de Pirapora. Chegou à região em 2004 e, hoje,<br />
alcança uma produtividade de 70 sacas por hectare. Da área de Vergniaud, 435 hectares de<br />
café são irriga<strong>do</strong>s por gotejamento, no município de origem: Patrocínio, onde plantou seu<br />
primeiro cafezal em 1974.<br />
Mas,suas atenções estão voltadas para o Norte de Minas. \"O custo aqui é um terço inferior às<br />
despesas em Patrocínio. Lá, a água é escassa e a mão de obra é mais difícil”, compara o<br />
produtor, ressaltan<strong>do</strong>, ainda, a facilidade de escoamento da produção. Concorda com ele<br />
Edmun<strong>do</strong> Filho. \"As vantagens <strong>do</strong> café irriga<strong>do</strong> na região são várias. O cultivo é muito simples.<br />
É tu<strong>do</strong> mecaniza<strong>do</strong> e a irrigação com a água retirada <strong>do</strong> São Francisco tem custo acessível, o<br />
equivalente a três sacas por hectare ao ano\", afirma o cafeicultor.<br />
As boas condições de logística foram reforçadas com a implantação de um terminal de cargas<br />
em Pirapora destina<strong>do</strong> ao escoamento da produção por ramal ferroviário até Corinto,<br />
recupera<strong>do</strong> pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). A disponibilidade de mão de obra – mais<br />
barata <strong>do</strong> que a encontrada no Vale <strong>do</strong> Paranaíba – é outro aspecto positivo. A cafeicultura<br />
irrigada se tornou também uma nova fonte de geração deempregos na região. Na Fazenda São<br />
Tomé, nos perío<strong>do</strong>s de safra (maio a agosto) são ocupadas entre 400 e 700 pessoas. Em<br />
perío<strong>do</strong>s normais, a propriedade gera em torno de 70 postos de trabalho.<br />
Água e calor como receita<br />
Diferentemente das regiões típicas de cultivo, café ganhou o clima como alia<strong>do</strong> e mostra<br />
eficiência<br />
Luiz Ribeiro