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Dissertação - uea - pós graduação

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Desde o período colonial, oficialmente através das Cartas Régias e Alvarás 90 , se<br />

destinavam terras a populações indígenas. Estas políticas não se fundamentavam no<br />

reconhecimento do direito à terra pela tradicionalidade, pelo direito originário, mas sim em<br />

um processo de espoliação territorial. Geralmente eram destinadas às populações indígenas as<br />

piores terras, e as mais diminutas, como por exemplo, as reservas de Terena e Guarani 91 , com<br />

a finalidade de liberar as terras tradicionais, ricas em recursos naturais, para que pudessem ser<br />

utilizadas nos processos de colonização. As reservas configuram verdadeiros de<strong>pós</strong>itos de<br />

índios, a maioria de etnias diversas e às vezes até inimigos, a quem se impunha conviver.<br />

Mesmo a<strong>pós</strong> a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, procedimentos<br />

que podem ser considerados escusos são utilizados contra os povos indígenas, a exemplo<br />

disto, em 1996 o então Ministro da Justiça, Nelson Jobim, além de substituir o decreto 22/91<br />

pelo Decreto 1775/96 que tratam da demarcação de terras indígenas, em face da ambigüidade<br />

do advérbio tradicionalmente , definiu os elementos caracterizadores da tradicionalidade,<br />

elencados no texto constitucional, como círculos concêntricos 92 , que se ampliam<br />

sucessivamente, tendo como núcleo a habitação em caráter permanente, e a parte mais externa<br />

deste círculo, que seria o espaço necessário para assegurar a reprodução física e cultural,<br />

segundo usos, costumes e tradições.<br />

Dá dessa forma uma feição objetiva, ou seja, empiricamente verificável aos<br />

caracterizadores, habitação e atividades produtivas, e natureza estimativa, ou seja,<br />

90 BRASIL, Leis e documentos. Carta Régia de 1611 e o Alvará de 1º de abril de 1650 que trazem a figura do<br />

indigenato.<br />

91<br />

A população indígena Guarani, em torno de 30 mil pessoas, vive hoje em pouco mais de 20 mil hectares<br />

apesar de haver, no Mato Grosso do Sul, 100 mil hectares de terras reconhecidas como de ocupação tradicional<br />

dos Guaranis, divididos em 29 terras indígenas de tamanhos entre 500 e 13.000 hectares. Conforme estatísticas<br />

do CIMI existem 120 terras indígenas, consideradas a partir dos registros feitos das terras Guaranis tekoha ,<br />

donde os índios foram expulsos nas últimas décadas. A partir da década de 1970, se inicia na região o plantio<br />

intensivo da soja, com processos altamente mecanizados, destruindo os últimos pedaços de mata e desta forma<br />

destruindo esses espaços que ainda serviam de refúgio para os Guaranis e Kaiowá. Intensifica-se o<br />

confinamento. Na década de 80 não apenas o confinamento físico cresce, mas os indígenas são realmente<br />

empurrados das regiões onde vivem porque a mecanização não precisa da mão-de-obra dele. Nesse período<br />

também se instalam na região as usinas de açúcar e álcool, onde os indígenas passam a trabalhar em alguns<br />

períodos do ano. Guarani e Kaiowá: da liberdade e fartura para o confinamento e a fome. Disponível em<br />

www.cimi.org.br. Acesso em 06/10/2005.<br />

92 Tomando como base a Teoria dos Círculos e o Mínimo ético de Jeremy Bentham.<br />

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