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águas claras ganha um novo espaço gastronômico - Roteiro Brasília

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ÁGUAS CLARAS GANHA UM NOVO ESPAÇO GASTRONÔMICO<br />

Ano XII • nº 212<br />

Janeiro de 2013<br />

R$ 5,90


em poucas palavras<br />

Nesta época de programação cultural habitualmente árida,<br />

não deixa de ser surpreendente o bom começo da temporada<br />

teatral brasiliense. Diferentemente de anos anteriores, 2013<br />

mal deu as caras e já entraram em cartaz – ou entrarão em<br />

breve – produções de fôlego sobre temas delicados como<br />

as relações homoafetivas, tratadas na peça Aos nossos filhos,<br />

ou sobre conflitos existenciais, como os da poeta americana<br />

Anne Sexton, mas também comédias do tipo Você não é perfeita,<br />

tchau, de Alexandre Ribondi, e Arresolvido, de André Paes Leme.<br />

Natural, portanto, que tenhamos escolhido para ilustrar<br />

a capa desta edição o tema teatro, presente nas seções Que<br />

Espetáculo (página 18) e Dia & Noite (página 22), n<strong>um</strong> total<br />

de nove produções. Uma delas traz a Brasília a mais conhecida<br />

atriz portuguesa da atualidade, Maria de Medeiros, aquela<br />

mesmo de Pulp fiction, de Quentin Tarantino, e de Henry e<br />

June, de Phillip Kaufman. Ela protagoniza a peça Aos nossos<br />

filhos, texto da escritora e atriz Laura Castro, que vive há 13<br />

anos com a também atriz Marta Nóbrega e seus três filhos.<br />

Também na gastronomia 2013 começou quente. Para quem<br />

gosta de <strong>um</strong> bom boteco, a melhor novidade é a inauguração,<br />

no Sudoeste, do Primeiro Cozinha de Bar, apenas <strong>um</strong> ano após<br />

a abertura da casa homônima em Águas Claras. Em ambas,<br />

a meta audaciosa dos jovens proprietários é criar o boteco<br />

perfeito, ou seja, aquele que seja animado, descontraído,<br />

tenha boa bebida e comida, mas preze sempre o excelente<br />

atendimento e a higiene absoluta (página 4).<br />

De Águas Claras, aliás, vem outra novidade: o Mirante<br />

Plaza Gourmet, <strong>um</strong> espaço de 1.500 m 2 que abriga <strong>um</strong> mix de<br />

seis grifes já consagradas – Brasil Vexado, Devassa, Marietta,<br />

Marvin, Peixe na Rede e Koni Store – e duas marcas estreantes<br />

– Dona Picanha e Natta de Minas. Tudo para atender à crescente<br />

demanda de <strong>um</strong>a cidade com 135 mil moradores que já não<br />

precisam mais se deslocar para o Plano Piloto em busca de<br />

bons bares e restaurantes (página 6).<br />

Vem do Plano Piloto, finalmente, mais <strong>um</strong>a boa notícia:<br />

a abertura da Cantina Sanfelice (206 Sul). Pilotada pelos<br />

chefs Marcello Piucco e Myriam Carvalho, tem no cardápio<br />

95 itens, alguns deles porções fartas para saciar a fome de<br />

duas ou três pessoas, no mais autêntico estilo italiano de servir.<br />

Destaque para as massas artesanais que Myriam já produz em<br />

sua “officina di pasta” da 412 Norte (página 10).<br />

Com tanta coisa boa para se ver e degustar, só nos resta<br />

desejar a você <strong>um</strong>a boa leitura.<br />

Maria Teresa Fernandes<br />

Editora<br />

4<br />

águanaboca<br />

Um ano depois, a Sanfelice Officina di Pasta dá cria:<br />

é também <strong>um</strong>a autêntica cantina italiana, na 206 Sul.<br />

12<br />

14<br />

15<br />

16<br />

18<br />

22<br />

25<br />

26<br />

30<br />

32<br />

34<br />

picadinho<br />

garfadas&goles<br />

pão&vinho<br />

doisespressoseaconta<br />

queespetáculo<br />

dia&noite<br />

galeriadearte<br />

graves&agudos<br />

brasiliensedecoração<br />

luzcâmeraação<br />

pontofinal<br />

Rodrigo Oliveira<br />

ROTEIRO BRASÍLIA é <strong>um</strong>a publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda. | Setor Hoteleiro Sul, Quadra 6, Bloco C, Sala 1612, Brasília-DF - CEP 70.316-109<br />

Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3961.6261 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes<br />

Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos<br />

Santos Franco, Ana Cristina Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza<br />

de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Reynaldo Domingos Ferreira, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Vicente Sá Fotografia Rodrigo Oliveira,<br />

Sérgio Amaral | Para anunciar Rachel Formiga (8144.9935 / 9959.9935) Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.<br />

3<br />

www.roteirobrasilia.com.br facebook.com/roteirobrasilia @roteirobrasilia


água na boca<br />

À procura do<br />

boteco perfeito<br />

4<br />

Por Lúcia Leão<br />

Fotos Rodrigo Oliveira<br />

Thales e Rebeca Furtado,<br />

Vitor e Thaís<br />

Odísio, Fabrício e<br />

Adriane Russo e Walace<br />

Santos são amigos de longa<br />

data, empreendedores por<br />

vocação e herança genética<br />

e botequeiros de carteirinha.<br />

Certo dia eles resolveram somar seus superpoderes<br />

n<strong>um</strong>a missão hercúlea: criar o<br />

melhor bar da cidade. Shazan! Em pouco<br />

mais de <strong>um</strong> ano o Primeiro Cozinha de<br />

Bar se firmou como <strong>um</strong>a das casas mais<br />

badaladas de Águas Claras. E na filial do<br />

Sudoeste, que mal completou <strong>um</strong> mês de<br />

vida, os clientes não reclamam de longas<br />

esperas no balcão até conseguirem <strong>um</strong>a<br />

das 400 cadeiras dispostas entre o bonito<br />

e animado salão e o avarandado de toldo<br />

vermelho que atrai a visão de quem quer<br />

que chegue ao bairro.<br />

“A gente esperava mesmo agradar a<br />

clientela da cidade e trabalhamos muito<br />

para isso. Mas a receptividade está superando<br />

todas as nossas expectativas. Foi só<br />

levantar as portas e o bar lotou!”, conta,<br />

orgulhosa, Rebeca, que na divisão de tarefas<br />

entre os sócios ficou responsável pela<br />

interface do bar com os clientes.<br />

A ideia de se associar n<strong>um</strong> negócio era<br />

recorrente desde que o grupo adolescia<br />

junto, de bar em bar, ainda no século passado.<br />

Nos últimos anos ela ganhou ênfase<br />

quando, mais maduros e exigentes, os<br />

amigos passaram a observar, do lado de cá<br />

do balcão, como é que pequenos detalhes<br />

podiam macular <strong>um</strong>a bela noitada. Até<br />

que apareceu a oportunidade. É Rebeca –<br />

também sócia do marido Thales na rede<br />

de restaurantes Gordeixos – quem segue<br />

contando: “Nós tínhamos o ponto de<br />

Águas Claras e pensávamos montar outro<br />

restaurante, mas surgiu a ideia de aproveitar<br />

o local para realizar o sonho antigo do<br />

nosso grupo. Só que tinha de ser daquele<br />

jeito: o top, o melhor. Um boteco como<br />

tem que ser: animado, descontraído e


divertido; com boa bebida, salgadinhos,<br />

petiscos e comidinhas populares... Mas<br />

com tudo de primeira classe. E com bom<br />

atendimento, conforto, ambiente bonito e<br />

absoluta higiene, qualidades não muito<br />

comuns à maioria dos botecos”.<br />

Traçado o desenho, foi <strong>um</strong> ano dedicado<br />

à pesquisa em “penosas” incursões<br />

coletivas, anotando o que lhes agradava e<br />

o que lhes desagradava em diferentes botecos<br />

do Brasil e até mundo afora. “O<br />

boteco é <strong>um</strong>a entidade cultural brasileira,<br />

mas a maior parte deles tem alg<strong>um</strong>a<br />

coisa que aborrece os clientes <strong>um</strong> pouco<br />

mais exigentes. Às vezes o tira-gosto está<br />

delicioso, mas o chope vem mau tirado.<br />

Ou o garçom demora a atender, a cadeira<br />

é desconfortável ou o banheiro está<br />

sujo... Ou vai tudo muito bem e no fim a<br />

conta vem errada. Nossa meta é eliminar<br />

tudo que possa desagradar, garantir que<br />

o cliente saia do Primeiro absolutamente<br />

satisfeito”, prossegue Rebeca.<br />

Entre <strong>um</strong> drink e outro – a especialidade<br />

da casa são as batidas de frutas, bem servidas<br />

em copos bojudos, a preços que variam<br />

entre R$ 13 e R$ 22 – o botequeiro<br />

do Primeiro pode escolher entre <strong>um</strong>a boa<br />

variedade de petiscos bem representados<br />

na “Confusão” (<strong>um</strong> mix de coxinhas, dadinhos<br />

de tapioca, chips de mandioca,<br />

pãezinhos de queijo com pernil e costeli-<br />

nhas fritas, servidos com <strong>um</strong>a saborosa geleia<br />

de pimenta, tudo isso por R$ 40). Se a<br />

ideia for <strong>um</strong> prato com mais “sustância”, a<br />

escolha pode ser entre <strong>um</strong> bife de fígado<br />

com jiló (R$ 23), <strong>um</strong>a rabada com agrião<br />

(R$ 25) ou <strong>um</strong> tradicional strogonoff de<br />

filé (R$ 22), pratos individuais bem apresentados<br />

e bem servidos, que têm garantido<br />

especialmente a clientela dos almoços<br />

de sábado e domingo. De terça a sexta, o<br />

bar só funciona a partir da happy hour.<br />

Ainda seguindo os protocolos da “entidade<br />

cultural boteco”, outra aposta que<br />

certamente contribui para o sucesso do<br />

Primeiro é a vizinhança, já que outra característica<br />

do bom botequeiro é eleger<br />

<strong>um</strong>a cadeira cativa n<strong>um</strong> bar perto de casa.<br />

Como já acontece em Águas Claras, a<br />

clientela da casa do Sudoeste – que na verdade<br />

fica ali na divisa com o Setor de Indústrias<br />

Gráficas – é formada essencialmente<br />

por moradores do bairro. E melhor,<br />

guardando <strong>um</strong>a distância de segurança<br />

que não incomoda os que preferem<br />

o sossego do lar.<br />

A partir de março, o Primeiro do Sudoeste<br />

oferecerá também música ao vivo,<br />

com <strong>um</strong>a programação diversificada que<br />

vai do sertanejo à música baiana, passando<br />

pela tradicional MPB e pelo rock. Mas, seja<br />

qual for o ritmo e o estilo, “será sempre<br />

música de primeira”, garante Rebeca.<br />

Primeiro Cozinha de Bar<br />

SIG, Quadra 8 (3028.1331).<br />

De 3ª a 6ª feira, a partir das 17h; sábados,<br />

domingos e feriados, a partir das 12h.<br />

5


água na boca<br />

Rodrigo Oliveira<br />

Espaço gourmet a céu aberto<br />

6<br />

Um estacionamento de terra batida,<br />

outrora lotado de tratores e<br />

caminhões de aluguel, deu lugar<br />

à primeira praça de gastronomia de<br />

Águas Claras. Mais simbólico, impossível.<br />

Seguindo os passos do estacionamento<br />

desativado, a própria cidade evoluiu de<br />

sua condição de imenso canteiro de obras<br />

e já oferece alternativas dignas de metrópoles.<br />

A mais recente novidade é da área<br />

da gastronomia e abre suas portas neste<br />

final de janeiro para conquistar os corações<br />

(e bocas) dos mais de 135 mil moradores<br />

da cidade. Trata-se do Mirante Plaza<br />

Gourmet, <strong>um</strong> espaço diferenciado, comportando<br />

<strong>um</strong> mix equilibrado de ofertas,<br />

para agradar diferentes idades e gostos.<br />

São sete empreendimentos distribuídos<br />

n<strong>um</strong>a construção em L, totalizando 1.500<br />

m 2 , n<strong>um</strong>a das duas principais avenidas<br />

de Águas Claras – a das Araucárias. Com<br />

investimentos totais de cerca de R$ 3,5<br />

milhões, cinco empresários detentores ou<br />

representantes de marcas já tradicionais<br />

em Brasília, somados a dois estreantes,<br />

iniciaram em junho do ano passado suas<br />

obras de instalação. O prédio foi erguido<br />

pela Mirante Incorporações com o objetivo<br />

específico de reunir n<strong>um</strong> mesmo local,<br />

e fora das tradicionais praças de alimentação<br />

dos shopping centers, alternativas de<br />

alimentação de marcas ainda não presentes<br />

em Águas Claras.<br />

Compõem a nova atração os já consolidados<br />

Brasil Vexado, Devassa, Marvin,<br />

Marietta, Peixe na Rede e Koni Store.<br />

A eles se juntaram as estreantes Dona Picanha,<br />

especializada em cortes especiais de<br />

carnes, e Natta de Minas, <strong>um</strong>a delicatessen<br />

que resgata sabores tradicionais das<br />

Alterosas. Com isso, os moradores de<br />

Águas Claras passam a contar com alternativas<br />

que vão de sanduíches naturais,<br />

hambúrgueres, pães, sucos, chopes e cervejas<br />

de diversas origens a comidas japonesa<br />

e nordestina, filés de tilápia com molhos<br />

elaborados, bolos, cafés, doces, carnes<br />

selecionadas e dezenas de petiscos,<br />

n<strong>um</strong> ambiente tinindo de <strong>novo</strong>, de bom<br />

gosto, confortável e, importante, com<br />

bons estacionamentos.<br />

A poucos dias da inauguração, moradores<br />

de Águas Claras já se ouriçam em<br />

busca de informações detalhadas, atraídos<br />

pela derrubada dos tap<strong>um</strong>es e a instalação<br />

de logomarcas il<strong>um</strong>inadas nas fachadas<br />

dos restaurantes. Esse efeito era<br />

justamente o esperado por Jorge Lessa,<br />

diretor da Mirante. Ele acreditou e acredita<br />

tanto no potencial do <strong>novo</strong> espaço<br />

que decidiu, com mais dois sócios, adquirir<br />

a franquia da marca Devassa. Considerando-se<br />

o grande interesse de empreendedores<br />

que ainda tentam se instalar<br />

no local – o que já não é mais possível –,<br />

a estratégia imaginada e posta em prática<br />

por Lessa, residente há anos em Águas<br />

Claras, deu certo. E tudo isso sem que o<br />

primeiro cliente sequer tenha formulado<br />

o primeiro pedido no primeiro dos estabelecimentos<br />

a receber <strong>um</strong> felizardo morador<br />

de Águas Claras.


Elieverson Neander, o Eli, e Paulo Godoy Dayzoval, executivos<br />

da área financeira em Brasília, uniram-se e depois de examinar<br />

várias alternativas optaram pela franquia do restaurante<br />

Brasil Vexado, convencidos de que <strong>um</strong>a nova unidade em<br />

Águas Claras é compensadora e atende plenamente aos desejos<br />

dos aficionados pela saborosa culinária nordestina. Ambos decidiram<br />

ass<strong>um</strong>ir o risco de empreender n<strong>um</strong> setor em que são<br />

estreantes, mas sustentados pela experiência de dez anos de<br />

operação da marca. A culinária típica do Nordeste revelou-se<br />

<strong>um</strong> sucesso no Distrito Federal desde os tempos pioneiros,<br />

apoiada especialmente na carne de sol assada e seus acompanhamentos.<br />

No caso do Brasil Vexado, seu criador, o potiguar<br />

Ronaldo Teixeira, começou sua trajetória de êxito nos anos 70<br />

usando <strong>um</strong> simples tambor de latão adaptado como assador,<br />

em pequena loja na 111 Sul. Hoje, o Brasil Vexado tem três restaurantes<br />

próprios e cinco franquias, e com planos firmes de expansão,<br />

comandados pelo filho do fundador.<br />

O mineiro José Wilson Medeiros, proprietário nos anos 70<br />

do restaurante Amazonas, de 120 lugares, no SoHo, em Nova<br />

York, e seu filho Marcelo, de 25 anos, advogado que não quer<br />

seguir na profissão, juntaram experiência e juventude e decidiram<br />

abrir <strong>um</strong>a delicatessen e panificadora em Águas Claras.<br />

Como moradores, sentiram na pele, ou melhor, no paladar,<br />

que faltava <strong>um</strong> local para degustar receitas saborosas como os<br />

bolos e broas de canjiquinha de fubá ou o pão de queijo com o<br />

autêntico polvilho e queijo artesanal, além de doces e pães cuidadosamente<br />

fabricados com ingredientes preferencialmente<br />

naturais. Essas eram iguarias comuns, mas valorizadas, na terra<br />

natal de ambos. Juntaram vigor e lembranças e trouxeram doceiras<br />

e quitandeiras da saudosa Patos de Minas, para dar à nova<br />

marca que surge em Águas Claras o sabor da tradição e da<br />

qualidade que tanto valorizam a conversa em torno de <strong>um</strong>a boa<br />

e farta mesa do interior.<br />

Hélio Bernardo, Marcelo Matos, Rafael Azevedo e Ricardo<br />

Paternostro, jovens empresários brasilienses, mas já com boa vivência<br />

na área de alimentação, abriram a primeira franquia do<br />

grupo na 201 Norte do Plano Piloto, no ano passado. Em<br />

Águas Claras vão replicar a experiência, mas com <strong>um</strong>a inovação:<br />

será a primeira loja do Koni de Brasília fora dos shoppings<br />

a implantar <strong>um</strong> <strong>novo</strong> conceito – não haverá atendimento nas<br />

mesas, mas o modelo de comida expressa, com o cliente fazendo<br />

seu pedido no caixa e recebendo, mediante senha, seu pedi-<br />

7


água na boca<br />

do no balcão. É o fast food puro a serviço<br />

também da comida japonesa. O restaurante<br />

de Águas Claras será o de número<br />

nove da franquia no Distrito Federal.<br />

Mais três estão para ser abertos nos próximos<br />

meses na região, o que contribuirá<br />

para ultrapassar o número de 40 unidades<br />

do Koni Store em todo o país. Uma<br />

trajetória meteórica, considerando-se que<br />

o primeiro deles foi aberto em 2006, no<br />

bairro carioca do Leblon, mirando <strong>um</strong><br />

público essencialmente jovem.<br />

Edson Costacurta decidiu investir a<br />

indenização recebida de <strong>um</strong>a estatal<br />

abrindo em Brasília, há 30 anos, algo<br />

que era o início de <strong>um</strong>a onda que veio<br />

para ficar – a alimentação rápida e saudável.<br />

Começou com sanduíches naturais,<br />

sucos e doces lights – nascia, assim, a primeira<br />

Marietta. Quase duas décadas depois,<br />

criou o Marvin, <strong>um</strong>a hamburgueria<br />

de estilo norte-americano com o charme<br />

dos anos 50. A união dos dois resultou<br />

no grupo que hoje agrega 11 Mariettas e<br />

seis Marvins. Águas Claras agregará<br />

ambos os estilos no mesmo ambiente, a<br />

décima segunda Marieta e o sétimo Marvin.<br />

A fórmula fez tanto sucesso que hoje<br />

há franquias em Belo Horizonte, Fortaleza,<br />

Salvador, Ribeirão Preto e Cuiabá. Para<br />

o fundador do grupo, a vinda para<br />

Águas Claras é resultante dos pedidos da<br />

própria clientela, coincidindo com o convite<br />

para sua instalação feito pelos responsáveis<br />

do Mirante Plaza Gourmet. Agora,<br />

a cidade está completa no que diz respeito<br />

à oferta de sanduíches naturais com fortíssima<br />

tradição.<br />

Jorge Lessa, Glauco Santana e Erico<br />

Cagali formam <strong>um</strong> trio experiente na<br />

área do comércio de varejo. Calçados, farmácia<br />

e distribuição de bebidas estão no<br />

histórico de vida profissional e familiar<br />

de cada <strong>um</strong> deles. Além disso, Jorge e<br />

Glauco são sócios da Mirante Empreendimentos,<br />

a empresa que criou e lançou<br />

o mais <strong>novo</strong> espaço gastronômico de<br />

Águas Claras. Uma chancela e tanto para<br />

o <strong>novo</strong> empreendimento, a terceira franquia<br />

da Cervejaria Devassa no Distrito Federal,<br />

capaz de atender até 300 pessoas.<br />

Com <strong>novo</strong> padrão visual e arquitetônico, a<br />

Devassa oferece <strong>um</strong> local descontraído para<br />

a degustação de boas cervejas e comida<br />

de qualidade. O carro-chefe da casa é o<br />

chope premi<strong>um</strong> artesanal, <strong>um</strong> produto exclusivo<br />

da franquia, combinado com o cardápio<br />

harmonizado de sanduíches, petiscos,<br />

saladas, tapiocas, vários tipos de carnes<br />

e frangos. Além, é claro, das conhecidas<br />

opções de cerveja da marca: loura, ruiva,<br />

negra, índia e sarará.<br />

O jornalista Fernando Luz e a economista<br />

Christiane Fleury decidiram estender<br />

sua união também para a esfera comercial.<br />

Logo após assinarem o contrato de<br />

franquia do restaurante Peixe na Rede,<br />

mudaram-se para Águas Claras e hoje residem<br />

a 100 metros do restaurante, cujas<br />

obras de reforma acompanharam diuturnamente.<br />

Querem ser os primeiros a chegar<br />

e os últimos a sair do <strong>novo</strong> trabalho,<br />

de olho na correta gestão da quinta franquia<br />

do Peixe na Rede (a sexta abre as portas<br />

em breve no Deck Norte). Em poucos<br />

anos o empreendimento, que começou<br />

com <strong>um</strong> pequeno projeto de piscicultura<br />

em 1995, exibe hoje <strong>um</strong>a das trajetórias de<br />

maior sucesso gastronômico de Brasília.<br />

Restaurantes próprios na Asa Norte e Asa<br />

Sul e franquias no Sudoeste, Setor Bancário<br />

Sul, Lago Norte e Águas Claras atestam<br />

a ampla aceitação da culinária baseada<br />

na oferta do saudável filé de tilápia, <strong>um</strong><br />

peixe leve, de sabor suave, rico em ômega<br />

3 e com baixíssimo teor de gordura.<br />

O atacadista de carnes selecionadas<br />

Gilmar Neves, baseado há anos em Taguatinga,<br />

não titubeou quando foi “desafiado”<br />

pela Mirante Emprendimentos a<br />

abrir sua primeira loja de varejo para<br />

compor <strong>um</strong> mix de restaurantes puros.<br />

Do desafio ao projeto foi <strong>um</strong> pulo e nasceu<br />

a Dona Picanha, com <strong>um</strong>a oferta<br />

bem mais elástica do que o nome indica.<br />

Carnes de boi, suína, aves e peixes estarão<br />

em oferta, já embaladas ou fatiadas<br />

na hora, n<strong>um</strong> açougue com cara de boutique,<br />

mas com preços muito convidativos,<br />

garante Gilmar.<br />

Mirante Plaza Gourmet<br />

Avenida Araucárias, 885<br />

8<br />

Fernando Luz<br />

Durante 40 anos minha praia foi o<br />

jornalismo, a comunicação. Agora estou<br />

dando <strong>um</strong>a guinada. Com a inauguração<br />

do Mirante Plaza Gourmet, vou passar<br />

todo o meu tempo dirigindo <strong>um</strong><br />

restaurante. Sem saber fritar ou mesmo<br />

cozinhar <strong>um</strong> simples ovo.<br />

Não se preocupem. Não serei o<br />

cozinheiro. As receitas dos pratos, seus<br />

molhos e acompanhamentos já foram<br />

longamente testados. A magia das<br />

mãos da chef Maria Luiza da Mata está<br />

Meu Peixe de Águas Claras<br />

há muito aprovada por <strong>um</strong> público que se<br />

mantém fiel há anos e não para de crescer.<br />

A proficiência do criador de tilápias e<br />

doublé de gestor Leonel da Mata assegura<br />

que não vou derrapar nas curvas.<br />

O cliente será o nosso rei. O atendimento<br />

virá em primeiro lugar. Suporte básico para<br />

a qualidade e o sabor de <strong>um</strong>a alimentação<br />

saudável. Fora os preços, altamente<br />

convidativos.<br />

Pois é, sou mais <strong>um</strong> franqueado da rede<br />

Peixe na Rede. Graças à persistência, esforço<br />

e tirocínio do casal Leonel e Maria Luiza da<br />

Mata, fundadores e multiplicadores dos<br />

restaurantes Peixe na Rede.<br />

Tudo começou há cinco anos, quando<br />

informalmente indaguei ao Leonel sobre<br />

a possibilidade de me associar a eles,<br />

como <strong>um</strong> pequeno investidor. Era apenas<br />

intuição. Das boas. Os anos se passaram.<br />

Foi lançada a franquia, me candidatei,<br />

fui aceito. Nas minhas buscas, fisguei<br />

o Peixe na Rede em Águas Claras, no<br />

Mirante Plaza. Sorte é fundamental.<br />

Com tal receita, quem precisa saber<br />

fritar ovo? Apareçam e comprovem<br />

com seus próprios olhos. E olfato.<br />

E papilas gustativas.


Mais <strong>um</strong>a Adega do Vinho<br />

A<br />

Adega do Vinho abriu em dezembro<br />

sua quarta loja no Distrito Federal,<br />

desta vez em Águas Claras,<br />

no Vitrinni Shopping. Há cinco anos no<br />

mercado, sua primeira unidade surgiu no<br />

Setor Sudoeste, a segunda no SIA e a terceira<br />

na 408 Sul. E a expectativa é abrir<br />

mais <strong>um</strong>a ou duas ainda este ano. Na mira,<br />

Lagos Sul e Norte, Asa Norte, Setor<br />

Noroeste e até Goiânia.<br />

O segredo do sucesso dos sócios Carlos<br />

Eduardo França (na foto ao lado) e<br />

Felipe Matos é a criteriosidade e exclusividade<br />

dos produtos, além do atendimento<br />

oferecido nas lojas, com pessoal<br />

treinado para escolher o vinho que melhor<br />

harmonize com determinado prato,<br />

o melhor custo-benefício etc.<br />

A importação é própria e quem sempre<br />

viaja em busca de novidades é Carlos<br />

Eduardo. Há 12 anos no mercado, primeiro<br />

como representante comercial e,<br />

em seguida, como empresário, Carlão,<br />

como é conhecido, diz que “selecionar vinho<br />

é <strong>um</strong>a paixão” e que aprende diariamente.<br />

Para ele, o problema no Brasil é a<br />

preferência pela cerveja. “Vinho é ali-<br />

mento”, proclama. Mesmo assim, acredita<br />

que o cons<strong>um</strong>o no Distrito Federal tenha<br />

dobrado de cinco anos para cá.<br />

Atualmente, a Adega do Vinho vem<br />

trabalhando com produtos de diversos<br />

pontos do globo, como os da Quinta da<br />

Bacalhôa e os chilenos com grandes pontuações,<br />

como os Quintay, melhor rosé,<br />

melhor Pinot Noir (R$ 89) e melhor Sauvignon<br />

Blanc no Chile em 2012. Do Brasil,<br />

o esp<strong>um</strong>ante Luiz Argenta (R$ 49),<br />

de Flores da Cunha (RS), considerado<br />

hoje o melhor esp<strong>um</strong>ante brasileiro,<br />

principalmente o brut rosé, com toque<br />

de Pinot Noir. O tinto da Argenta é, segundo<br />

Carlão, o preferido da presidente<br />

da República, Dilma Rousseff. De vinho<br />

do Porto, a dica é o Taylor’s Ruby (R$ 79).<br />

“Estamos nos melhores restaurantes do<br />

DF e nossos vinhos não são vendidos nos<br />

supermercados”, diz o empresário.<br />

A Adega do Vinho tem também taças,<br />

acessórios, bacalhau e muitos outros<br />

produtos à venda. Assim, na pressa, é<br />

possível sair da loja com todos os ingredientes<br />

de <strong>um</strong> bom jantar. Há produtos<br />

para todos os gostos e bolsos. De vinhos<br />

Fotos: Divulgação<br />

de R$ 15 até a Champagne Brut Armand<br />

de Brignac, a preferida das estrelas de<br />

Hollywood, por R$ 1.990. Ou o chileno<br />

Tatay de Cristóbal, 100% Carménère, da<br />

Viña Von Siebenthal, por R$ 1.390.<br />

Adega do Vinho<br />

Vitrinni Shopping – Águas Claras (3297.0036)<br />

104 Sudoeste (3343.2626)<br />

408 Sul (3343.0244)<br />

SIA (3233.0006)<br />

9


água na boca<br />

Marcello Piucco,<br />

Myriam Carvalho<br />

e Richard Thoele<br />

A evolução da<br />

Sanfelice<br />

Por Beth Almeida<br />

Fotos Rodrigo Oliveira<br />

Quando pensamos<br />

na cozinha<br />

italiana,<br />

logo nos vem à cabeça<br />

<strong>um</strong>a mesa de pratos fartos, rodeada<br />

de familiares e amigos que compartilham<br />

a refeição e a conversa. Compõem<br />

o cenário especialidades da nonna,<br />

cujas receitas passam de geração a gera-<br />

ção. Foi pensando nesse clima de confraternização<br />

que dois talentos gastronômicos<br />

de Brasília, a paranaense Myriam<br />

Carvalho e o gaúcho Marcello Piucco,<br />

juntaram as panelas para abrir, neste 21<br />

de janeiro, a Cantina Sanfelice.<br />

O cardápio, composto por 95 itens,<br />

conta com porções fartas, para duas a<br />

três pessoas, de acordo com o apetite de<br />

cada <strong>um</strong>. Os comensais podem escolher<br />

entre massas, molhos, carnes, peixes e<br />

guarnições para compor a refeição como<br />

se estivessem n<strong>um</strong> almoço de domingo<br />

com a família. “Pensamos em traduzir esse<br />

clima de cantina, mas também oferecemos<br />

a meia porção e opções de pratos<br />

do dia, para quem cost<strong>um</strong>a almoçar fora<br />

durante a semana”, explica Myriam.<br />

Entre os destaques do cardápio, além<br />

das massas que Myriam já produz na Sanfelice<br />

Officina di Pasta, que funciona na<br />

412 Norte há pouco mais de <strong>um</strong> ano, ragus<br />

de carnes diversas, como de javali e de<br />

pato, risotos, polentas, bruschettas, osso-<br />

10


uco, bistecas e várias opções de peixes,<br />

como o Bacalhau Napolitano, confitado<br />

no azeite, com cebolas e azeitonas pretas.<br />

A refeição pode ser iniciada com o bufê de<br />

antepastos disponível diariamente no balcão<br />

da casa e encerrada com doçuras tipicamente<br />

italianas, como o tiramisú ou o semifredo,<br />

<strong>um</strong> creme gelado de chocolates<br />

meio amargo e branco.<br />

Na carta de vinhos, 100 rótulos de<br />

procedências diversas e, como não poderia<br />

faltar n<strong>um</strong>a casa italiana, o vinho da<br />

casa, <strong>um</strong> merlot produzido na região<br />

gaúcha de Bento Gonçalves, que pode<br />

ser servido em taças ou em jarras.<br />

A sociedade surgiu a partir da parceria<br />

que Myriam e o marido, Richard<br />

Thoele, já mantinham com o L’affaire,<br />

restaurante do Hotel Mercure cuja cozinha<br />

é comandada por Marcello Piucco e<br />

que utiliza as massas produzidas pela<br />

Sanfelice. A partir da disponibilidade de<br />

<strong>um</strong> local, o antigo Barcelona, na 206<br />

Sul, os dois decidiram juntar os talentos e<br />

montar a casa.<br />

“Gosto da produção das massas, mas<br />

estava sentindo falta de conferir os meus<br />

pratos finalizados, prontos para ir à mesa”,<br />

explica Myriam, que, após <strong>um</strong>a especialização<br />

em Módena, na Itália,<br />

terra natal de <strong>um</strong> ramo de<br />

sua família, e de trabalhar<br />

<strong>um</strong>a temporada em Madrid,<br />

decidiu retornar a<br />

Brasília, onde já tinha comandado<br />

a cozinha do<br />

Hotel Meliá. Na cantina,<br />

ela fica responsável pelo almoço,<br />

enquanto Marcello<br />

cuida do jantar.<br />

Com 90 lugares, divididos<br />

em dois ambientes,<br />

o restaurante recebeu decoração típica de<br />

cantina italiana, assinada pelo artista<br />

plástico Nemm Soares, cujo talento pode<br />

ser conferido em diversas outras casas<br />

da cidade. Entre os painéis, belas referências<br />

à cozinha italiana, como <strong>um</strong> formado<br />

com rolos de massa e outro com<br />

utensílios de cozinha diversos. Para completar,<br />

não podem faltar, é claro, os embutidos<br />

pendurados sobre o balcão.<br />

No subsolo, que também poderá ser<br />

reservado para eventos, o ambiente familiar<br />

é reforçado por sofás e por <strong>um</strong> nicho<br />

com <strong>um</strong>a santa presenteada pelo pai de<br />

Myriam, o ministro-chefe da Secretaria-<br />

Geral da Presidência da República, Gilberto<br />

Carvalho – e que, segundo ela, é a<br />

padroeira da alegria.<br />

Na entrada da cantina, a clientela que<br />

continua preferindo levar as massas para<br />

casa pode contar com <strong>um</strong> empório, com<br />

os mesmos produtos disponíveis na rotisseria<br />

da Asa Norte. Ao fundo, <strong>um</strong> parquinho,<br />

cuja montagem está sendo providenciada,<br />

promete garantir o sossego dos<br />

pais durante a refeição. Assim, fica fácil<br />

se sentir em casa.<br />

Cantina Sanfelice<br />

206 Sul – Bloco A (3297.3232).<br />

De 2ª a sábado, das 11h30 às 24h;<br />

domingos, das 11h30 às 17h.<br />

www.sanfelicemassas.com.br<br />

11


PICADINHO<br />

Descontos no bufê...<br />

Divulgação<br />

2 de fevereiro, a partir do meio dia. O grupo<br />

carioca, apadrinhado por Martinho da Vila,<br />

promete relembrar os melhores sambasenredo<br />

das escolas do Rio de Janeiro,<br />

além de entoar tradicionais marchinhas<br />

de Carnaval. O ingresso (R$ 75 para sócios<br />

e R$ 110 para convidados) dá direito à<br />

feijoada completa, serviço de open bar<br />

(água, caipirinha, cerveja, refrigerante e<br />

suco), sobremesa e <strong>um</strong>a camiseta da festa.<br />

Pizzas do Cerrado<br />

Divulgação<br />

Até o final de fevereiro esse generoso bufê<br />

do Pampulha (Setor de Clubes Esportivos<br />

Sul) vai custar 20% menos: R$ 39,90<br />

de segunda a sexta-feira e R$ 49,90<br />

aos sábados, domingos e feriados.<br />

... e nas bebidas<br />

No Bierfass (Pontão do Lago Sul) o desconto,<br />

até 8 de fevereiro, é nos preços das bebidas:<br />

Johnnie Walker Red Label, R$ 6,45 a dose;<br />

Old Parr, R$ 8,91; balde com cinco cervejas<br />

Budweiser, R$ 19,90; caipiroscas de limão,<br />

siriguela e abacaxi, com vodca Smirnoff,<br />

R$ 13,40.<br />

Feijoada do Iate<br />

A velha guarda musical de Vila Isabel será<br />

a grande atração da tradicional feijoada<br />

pré-Carnaval do Iate Clube de Brasília, dia<br />

Denise Margis<br />

Para desintoxicar<br />

No Chiquita Bacana, da 209 Sul, <strong>um</strong>a<br />

das novidades do verão é a caipirosca de<br />

mexerica com limão (R$ 11,90), que serve<br />

também para ajudar a dexintoxicar a turma<br />

que passou do ponto nas festas de fim de<br />

ano. Mas há vários outros sabores inusitados,<br />

como frutas vermelhas, amarelas e<br />

verdes,<br />

uva com<br />

manjericão<br />

e picolé de<br />

limão, caju<br />

mexerica<br />

e lima.<br />

Segue na pizzaria Baco (408 Sul e 309 Norte)<br />

o festival Pizzas da Nossa Terra. Inspirado<br />

nos sabores da região Centro-Oeste, o chef<br />

Gil Guimarães criou quatro novas receitas<br />

com produtos típicos do Cerrado, que serão<br />

servidas até 3 de fevereiro. São elas: Vera<br />

Queijos do Planalto, com mussarela de<br />

búfala, queijo tommy (brie), lascas de queijo<br />

gruya, queijo suíço e tomate sweet grape<br />

(R$ 49); Vera Cog<strong>um</strong>elo Porto Bello, com<br />

mussarela de búfala, tomate sweet grape,<br />

cog<strong>um</strong>elos Porto Bello e tomilho fresco<br />

(R$ 49); Vera Queijo Suíço (foto acima),<br />

com cebola roxa e tomates sweet grape<br />

sem pele (R$ 47); e Vera Caipira, <strong>um</strong>a curiosa<br />

mistura de mussarela de búfala, lascas de<br />

12


queijo gruya, gema de ovo, salame artesanal,<br />

manjericão, alho e pimenta preta (R$ 51).<br />

Todas devidamente certificadas pela AVPN<br />

– Associação da Vera Pizza Napoletana).<br />

Sushi Way<br />

Mais <strong>um</strong>a franquia de comida japonesa<br />

desembarca em Águas Claras. No último dia<br />

15 abriu as portas no Vitrinni Shopping (Rua<br />

13 Norte) a segunda unidade da Sushi Way,<br />

presente há mais de oito anos no mercado<br />

brasiliense, cujo diferencial é vender sushi<br />

e sashimi a quilo.<br />

Gastronomia nórdica<br />

Apenas 12 pessoas poderão participar da<br />

expedição gastronômica que o chef Simon<br />

Lau, do Aquavit, pretende levar aos países<br />

escandinavos – Dinamarca, Noruega e<br />

Suécia – de 16 a 26 de junho. Os viajantes,<br />

segundo Lau, tomarão contato com a<br />

chamada “nova gastronomia nórdica”,<br />

Divulgação<br />

com direito a experimentar a culinária do<br />

chef René Redzepi, do afamado restaurante<br />

Noma, de Copenhague, considerado o<br />

melhor do mundo pela revista britânica<br />

Restaurant. Em vans de luxo, a caravana<br />

percorrerá montanhas, florestas, fiordes<br />

escandinavos e encantadoras vilas de<br />

Restaurante Week<br />

O Barbacoa (Espaço Gourmet do ParkShopping) participa<br />

do festival Restaurant Week, até 3 de fevereiro, apenas<br />

no jantar. No menu (R$ 47,90), duas opções de saladas,<br />

três de pratos principais (filé de truta, filé mignon ou essa<br />

picanha de cordeiro da foto 1) e, de sobremesa, torta<br />

crocante de doce de leite ou torta mousse de chocolate<br />

com avelã, servida com coulis de framboesa. Já o Café<br />

Antiquário, do Pontão do Lago Sul, participa apenas<br />

no horário do almoço, com duas opções de menus<br />

(R$ 34,90): de entrada, tartare de salmão com mostarda<br />

ou mix de folhas com tomatinhos de entrada; prato<br />

principal, galeto com maionese de batata, farofinha e<br />

vinagrete (foto 2) ou costelinha suína com tutu de feijão,<br />

couve e arroz branco; sobremesa, cremoso de limão ou<br />

<strong>um</strong> pavê de nozes. E o Enfim, da 210 Sul, que agora<br />

abre somente à noite, funcionará no horário do almoço<br />

pescadores que vivem de produção de<br />

bacalhau e salmão def<strong>um</strong>ado. A hospedagem<br />

será sempre nos melhores hotéis locais,<br />

de luxo ou de charme. O preço da viagem<br />

(R$ 19.500) não inclui as passagens aéreas<br />

de ida e volta entre Brasília e Copenhague.<br />

Pré-reservas até 15 de fevereiro.<br />

de terça-feira a domingo para servir exclusivamente o menu do festival: de entrada,<br />

salmão grelhado com leg<strong>um</strong>es na brasa e conserva de gengibre ou terrine de frango;<br />

prato principal, filé de saint peter com arroz de alho e castanhas ao molho confit<br />

de tomate ou picanha de cordeiro com arroz de funghi ao chutney de maracujá;<br />

sobremesa, banana flambada com sorvete de creme ou mini tartalete de morango.<br />

1<br />

2<br />

Fotos: Daniel Gomes<br />

13


GARFADAS & GOLES<br />

Luiz Recena<br />

lrecena@hotmail.com<br />

Primeiros goles do ano<br />

Cris queria beliscar memórias e comer saudades. Gus queria o que Cris quisesse. Afinal, a manhã de domingo estava esplêndida,<br />

incapaz de incentivar alguém a contrariar. A entidade mais antiga queria agradar a todos, principalmente o casal. Romeu e Julieta,<br />

tapioca de goiabada com queijo, isso é que é <strong>um</strong>a “entidade” baiana! E ao colunista, mais baiano do que os outros, planaltinos,<br />

coube o papel de cicerone e comentarista da história recente. A Musa de Gus tinha memória de tempos pretéritos recentes, antes<br />

da orla de Salvador sofrer o “massacre das barracas”, muitas vezes relatados aqui neste espaço. Queria de volta, por exemplo, o peixe<br />

vermelho frito, daquele que só existia na Toca do Dinho ou em pouquíssimas outras escolhidas casas. Talvez <strong>um</strong>a lambreta, <strong>um</strong>a salada<br />

de polvo. Pura memória e saudades muitas. Saímos pela alegoria mineira: <strong>um</strong>a barraquitcha mambembe, bem pertinho de <strong>um</strong> local<br />

mais <strong>novo</strong>, com infra nota dez, mas <strong>um</strong> pouco mais longe da água. O peixe frito não saiu. Mas sofríveis bolinhos de bacalhau e <strong>um</strong>a<br />

bela porção de acarejezinhos fizeram as honras da viagem no tempo. E os goles? Latões de cerveja e água de coco, tudo bem gelado,<br />

ainda bem. No final, o preço do latão, cinco reais, avisou: a qualidade na praia caiu, está cada vez mais difícil de encontrar, mas o<br />

preço não. A tradição de a<strong>um</strong>entar todos os preços da areia, no verão de Salvador, está mantida, muito bem mantida.<br />

Mais trinta metros<br />

A distância foi coberta com passos rápidos, pois a areia do<br />

meio dia é bem quente sob esse sol baiano. Recuamos trinta<br />

metros em relação ao mar e chegamos ao pequeno oásis, com<br />

chuveirões, sombra, banheiros amplos e limpos e <strong>um</strong>a cerveja<br />

de garrafa, super gelada. É a Bar Akka, apresentada na última<br />

<strong>Roteiro</strong> de 2012. Só meia hora, o suficiente para a entidade<br />

“baiano-brasiliense” decretar: “Gus, é pra cá que a gente vem<br />

quando voltar a Salvador”. Sábias palavras. Afinal, satisfeitas<br />

memória e saudade, só resta a <strong>um</strong> bom e responsável Oráculo<br />

indicar os r<strong>um</strong>os do futuro. Volveremos!<br />

Dramas do verão<br />

Pode ser simples repetição, seriada, tipo filmes de Hollywood.<br />

E é isso mesmo: vamos para o terceiro verão sem as barracas<br />

da orla de Salvador. O prefeito “cabeça de bíblia” foi embora<br />

sem deixar solução encaminhada. O <strong>novo</strong> nomeou comissão<br />

para tratar do assunto, mas não vai ter tempo agora de fazer<br />

quase nada. A justiça de Ávila, que chancelou o massacre,<br />

continua cega, à espera de demandas e querelas, para sobre<br />

elas decidir. De concreto, nada. E o problema, agora, se alastra<br />

para o município vizinho de Lauro de Freitas e outra crise<br />

se desenha no curto prazo. A reportagem de capa da revista<br />

Vilas Magazine, a principal da região, traz chamada que tudo<br />

res<strong>um</strong>e: “Verão: estação mais aguardada do ano encontra<br />

a região despreparada”. É sintomático. Mas é da natureza<br />

dos otimistas apostar na melhora das situações. Apostemos,<br />

então, nos <strong>novo</strong>s burgomestres, daqui e de Lauro.<br />

Ainda há restos<br />

Nem tudo está perdido e ainda há focos de resistência na areia<br />

da orla. Principalmente na região que vai do Farol de Itapuã ao<br />

Flamengo, passando pela Pedra do Sal e Stella Maris. O capital<br />

encontra espaços, a oferta surge e a demanda responde. A Barraca<br />

“Do Gordo” já frequentou a coluna e agora volta com cardápio<br />

<strong>novo</strong>, encabeçado por <strong>um</strong> aviso singular: “Bom dia ou boa tarde.<br />

Obs: cuide de sua mesa, pois não tenho tempo pra olhar.<br />

E quando forem ao mar, favor avisar ao Gordo. Não cobramos<br />

mesa! Cobramos os 10%”. Precavido, o Gordinho mandou<br />

seu recado aos bebuns de fins de semana, que tomam todas<br />

e tudo perdem, alguns até os filhos pequenos. Inclua-se aqui<br />

gringos que mergulham no mar e em barris de caipirinha, não<br />

necessariamente nessa ordem... O cardápio simples tem o clássico<br />

vermelho, para três pessoas, com arroz, farofa e salada (R$ 55),<br />

e o carro-chefe, para este colunista, o camarão frito para duas<br />

pessoas, com farofa e salada (R$ 35). Tem mais delícias a conferir.<br />

Tem chope na linha<br />

Abrir cafés está na moda na orla norte de Salvador. Porém, o Café<br />

Crioulo só entra nessa fita porque tem chope. Melhor: também<br />

tem chope. E da Devassa, aquela loura idem, que com suas amigas<br />

índias, morenas e escuras, sacudiu o Rio de Janeiro tempos atrás.<br />

Pois o chope da loura desembarcou em Stella Maris, com tulipas<br />

e calderetas certas e <strong>um</strong> garçom, o Araújo, que esbanja simpatia<br />

e está aprendendo a não economizar no creme do colarinho.<br />

Téo é o proprietário, carioca e conhecedor de endereços<br />

cremosos do velho Rio. É <strong>um</strong>a bela aposta para o verão.<br />

14


PÃO & VINHO<br />

ALEXANDRE FRANCO<br />

pao&vinho@agenciaalo.com.br<br />

Réveillon com o Walter<br />

Final de ano, festas e, mais do que tudo, férias,<br />

o aguardado descanso do trabalho, mais proveitoso<br />

quando podemos viajar com a família. Desta feita,<br />

embora em geral prefira passar o Natal e o Réveillon<br />

em casa, me limitando às festas familiares, decidi levar<br />

todos para o mundo encantado do Walter.<br />

Embarque no Aeroporto de C<strong>um</strong>bica, em Sampa,<br />

bem mais tranquilo que o esperado. Na verdade,<br />

devo admitir, havia bem pouca gente tanto no check-in<br />

quanto na Polícia Federal. Sem dúvida, <strong>um</strong> bom começo.<br />

Primeira parada, Miami Beach. Verdadeira filial do<br />

Brasil, na qual de forma nenh<strong>um</strong>a se necessita do idioma<br />

do tio Sam, pois os que não são brasileiros já ao menos<br />

“arranham” o nosso querido português, ou ao menos <strong>um</strong><br />

razoável “portunhol”. Mas, quando nas terras do tal Tio<br />

Sam, prefiro “mergulhar” e pedir sempre pelos sparkling,<br />

red ou white wines.<br />

A primeira observação vínica não pode ser outra que<br />

não o preço. Vinhos, mesmo em restaurantes a ótimos<br />

preços, em especial o nacional, que com<strong>um</strong>ente apresenta<br />

qualidade de boa a ótima já a partir dos US$ 15 em loja,<br />

que equivalerá a uns US$ 30 em restaurantes mais comuns<br />

ou a uns US$ 45 nos restaurantes melhores.<br />

É claro que aí não se incluem ícones como o Insígnea<br />

ou o Opus One, mas mesmo estes, quando comprados<br />

em lojas, saem por preços bem mais razoáveis do que os<br />

que estamos acost<strong>um</strong>ados a ver no Brasil. Imaginem que<br />

pude comprar o onipotente Opus One, que no Brasil não<br />

se encontra por menos de R$ 2.000, pelo preço bastante<br />

razoável de US$ 230, algo próximo dos R$ 500.<br />

A segunda surpresa é a facilidade de se encontrar lojas<br />

que comercializam vinhos. É sabido que a cada esquina<br />

se pode achar as famosas liquor houses, mas a novidade,<br />

para mim, é que agora mesmo as grandes redes de<br />

farmácias, como a Wallgreen ou a CVS, oferecem <strong>um</strong>a<br />

boa variedade de vinhos e, pasmem, bom champanhe,<br />

na faixa dos US$ 50. Aliás, em alguns mercados encontrei<br />

bons champanhes por US$ 36.<br />

Não preciso nem dizer que minhas festas de Natal em<br />

Miami e Réveillon em Orlando, bem como minhas férias,<br />

foram e estão sendo regadas a muito champanhe, muito<br />

Chardonnay, sem dúvida o grande vinho branco de<br />

produção americana, e, claro, muito Cabernet Sauvignon<br />

de excelente qualidade, além de eventuais bons Pinots.<br />

No quesito Disney, a casa do Walter nesta época do<br />

ano é impossível em razão do movimento, que é nada<br />

menos que alucinante, inacreditável. Trânsito digno de<br />

h<strong>um</strong>ilhar o de São Paulo em dia de tempestade. Parques<br />

mais lotados do que a Praça Castro Alves no auge do<br />

Carnaval. A programada passagem de ano no Epcot<br />

ficou para outra vez, ou mais provavelmente para outra<br />

pessoa, pois para mim me pareceu muito melhor curtir<br />

com a família na linda casa alugada, com direito a piscina<br />

aquecida e tudo mais. E, claro, muito champanhe e<br />

<strong>um</strong> ótimo charuto, após a boa refeição em <strong>um</strong> ótimo<br />

restaurante, o BRIO, italiano de estirpe.<br />

So far, so good... como dizem os americanos, ou,<br />

para nós, “até agora tudo em cima”. A próxima parada<br />

será em Barbados, para descansar dessas férias na Disney<br />

do Walter que, embora divertida, é sempre bastante<br />

cansativa, e depois “home sweet home” – mas tudo<br />

sempre com <strong>um</strong> bom vinho.<br />

15


DOIS ESPRESSOS E A CONTA<br />

cláudio ferreira<br />

claudioferreira_64@hotmail.com<br />

Janeiro saúde<br />

Ok, você chegou à conclusão de que os exageros<br />

do Natal e do Ano Novo não serão sanados apenas com<br />

alg<strong>um</strong>as horas de academia. A malhação tem que incluir<br />

também o prato de comida. Difícil é trocar os suculentos<br />

pernis e rosbifes com deliciosos molhos por vegetais e<br />

outros ingredientes mais leves. Ou esquecer <strong>um</strong> pouco os<br />

vinhos de boa qualidade e a cerveja para aplacar o calor.<br />

Fé e força de vontade, portanto, são os primeiros itens da<br />

lista de resoluções para este 2013 que acabou de nascer.<br />

Começar o ano com dietas mirabolantes talvez não<br />

seja a melhor das opções – ir de dez a zero em tão pouco<br />

tempo pode não dar certo. Que tal ir equilibrando as<br />

refeições aos poucos? A cidade está cheia de restaurantes<br />

naturais e os cozinheiros estão cada vez mais esmerados<br />

em fazer você não sentir falta de picanhas e similares.<br />

Comer nesses lugares duas ou três vezes por semana, pelo<br />

menos, pode dar <strong>um</strong>a equilibrada no sistema digestivo.<br />

Para adentar o mundo vegetariano, no entanto,<br />

é preciso ter <strong>um</strong> pouco de paciência. Nos self-services,<br />

os clientes mais cost<strong>um</strong>eiros desenvolvem <strong>um</strong>a relação<br />

quase fraternal com as folhas. A fila se estende e demora,<br />

esperando esse diálogo terminar. Alg<strong>um</strong>as “misturas”<br />

feitas nesses restaurantes são muito excêntricas –<br />

no Girassol (409 Sul), por exemplo, ou você lê a<br />

“legenda” dos pratos, que é enorme, ou faz a fila andar.<br />

Ainda não me arrisco a experimentar a infinidade de<br />

“pós” que estão à disposição da gente nos restaurantes<br />

naturais, servindo de tempero. Mas já aprendi a gostar<br />

de tofu e a experimentar sem medo a “comida viva”<br />

do Café Corbucci (203 Norte). Onde tem berinjela e<br />

abobrinha – e elas estão cada vez mais populares nas<br />

receitas – eu me esqueço da carne.<br />

Apesar do clima escaldante, outra providência para<br />

manter a forma pode ser apelar para as sopas, à noite.<br />

Vários bufês oferecem da tradicional canja aos caldos<br />

mais refinados. Tomar sopa é comer sem culpa –<br />

mas é bom ser comedido no queijo ralado para não<br />

transformar a iguaria em <strong>um</strong> pirão que, decididamente,<br />

não vai colaborar com a reeducação alimentar.<br />

Um dos segredos dessa reeducação, penso eu,<br />

“leigamente”, é não transformar a dieta n<strong>um</strong>a camisa<br />

de força e a vida em <strong>um</strong>a sucessão de torturas. Comer<br />

a rabanada que sobrou não mata ninguém – só não<br />

vale comer, de <strong>um</strong>a vez, todas as rabanadas que<br />

sobraram. O mesmo vale para o panetone. Também<br />

os chocolates ganhos de presente podem ser<br />

cons<strong>um</strong>idos com parcimônia ou, melhor ainda,<br />

divididos com os mais próximos.<br />

Difícil é manter-se em dieta se as visitas não foram<br />

embora depois do Ano Novo. Além de conhecer a<br />

Esplanada, o turista quer sempre provar os nossos pratos<br />

típicos. E aí, dá-lhe pastel com caldo de cana na Torre<br />

de TV, pizza na Dom Bosco (107 Sul), o “verdadeiro filé<br />

à parmegiana” do Dona Lenha (413 Norte), o picadinho<br />

do Fred (405 Sul). Nesse caso, é mais urgente intercalar<br />

as iguarias com refeições mais saudáveis.<br />

Resta ainda lutar contra outro inimigo da boa forma:<br />

a happy hour do horário de verão. É tentador sair do<br />

trabalho com o dia ainda claro e mergulhar no dominó<br />

de chopes coadjuvado por petiscos, de preferência fritos.<br />

Basta <strong>um</strong> companheiro de boa conversa para tornar a<br />

tarde-noite agradável. O prejuízo só é percebido depois.<br />

Dá pra ser feliz? Intercalando as coisas gostosas<br />

(e prejudiciais) com as mais saudáveis, sim.<br />

16


QUE ESPETÁCULO<br />

Paula Kossatz<br />

Família<br />

moderna<br />

Peça estrelada pela atriz portuguesa Maria de Medeiros aborda<br />

conflitos familiares surgidos a partir das relações homoafetivas.<br />

18<br />

Por Maria Teresa Fernandes<br />

Uma jovem vai visitar a mãe e<br />

anuncia que está grávida. Para<br />

quem lutou contra a ditadura,<br />

é divorciada e tem filhos de dois casamentos,<br />

ouvir essa notícia não deveria causar<br />

espanto nem desencadear <strong>um</strong> conflito<br />

de gerações. Mas desencadeia, sim, por<br />

causa de <strong>um</strong> pequeno detalhe: a criança em<br />

questão terá duas mães e pai desconhecido.<br />

Entre 1º a 24 de fevereiro, o palco do<br />

CCBB Brasília recebe a estreia nacional<br />

da peça Aos nossos filhos, dirigida por João<br />

das Neves e escrita por Laura Castro a<br />

partir de sua experiência pessoal, já que<br />

ela vive há 13 anos com a também atriz<br />

Marta Nóbrega, com quem tem três filhos:<br />

Rosa, gerada por inseminação artificial<br />

na barriga de Marta; José, gerado<br />

por fertilização in vitro na barriga de Laura;<br />

e Clarissa, adotada.<br />

O espetáculo coloca em confronto<br />

duas gerações de mulheres, ambas revolucionárias<br />

a seu tempo, e traz pela primeira<br />

vez aos palcos brasileiros a atriz<br />

portuguesa Maria de Medeiros, conhecida<br />

mundialmente por sua atuação no filme<br />

Pulp fiction, de Quentin Tarantino,<br />

entre muitos outros (leia entrevista na página<br />

ao lado). Ela interpreta a mulher que,<br />

nos anos 60, lutou contra a ditadura no<br />

Brasil, pegou em armas e foi exilada. Uma<br />

mãe e <strong>um</strong>a profissional dedicada que buscou<br />

passar seus valores de liberdade e coragem<br />

para os filhos.<br />

A filha, vivida pela própria Laura<br />

Castro, é <strong>um</strong>a mulher mais “careta”, casada<br />

há 15 anos, só que com outra mulher.<br />

O momento no qual ela conta para<br />

a mãe que vai ter <strong>um</strong> filho gerado na barriga<br />

de sua companheira é desencadeador<br />

de <strong>um</strong>a série de reflexões sobre as liberdades<br />

individuais e as novas configurações<br />

familiares surgidas desde a geração<br />

dos anos 60, com suas consequências<br />

e desdobramentos.<br />

De acordo com Laura Castro, sua experiência<br />

pessoal a aproximou ainda<br />

mais das questões ligadas às famílias homoafetivas<br />

no Brasil. Antes de escrever a<br />

peça, ela participou da minissérie de TV<br />

Novas famílias, da GNT, dirigida por<br />

João Jardim, na qual trabalhou na pesquisa<br />

e acabou virando personagem, junto<br />

com a companheira.<br />

Já a atriz portuguesa Maria de Medeiros<br />

decidiu aceitar seu primeiro papel<br />

em palco brasileiro motivada por seu<br />

profundo interesse pelo tema. No ano<br />

passado ela dirigiu e produziu o filme Repare<br />

bem, que participou da 36ª Mostra<br />

Internacional de Cinema, em São Paulo.<br />

O doc<strong>um</strong>entário relata a história de três<br />

gerações de mulheres perseguidas durante<br />

a ditadura militar do Brasil, tendo como<br />

ponto de partida o militante brasileiro<br />

Eduardo Leite, conhecido como “Bacuri”.<br />

Essa realização a fez intimamente<br />

relacionada ao tema da peça, o conflito<br />

de gerações, em especial à sua personagem,<br />

Vera, militante brasileira perseguida<br />

pelo regime militar.<br />

Também o diretor de Aos nossos filhos,<br />

João das Neves, tem no currículo trabalhos<br />

ligados a essa temática. Dirigiu o setor<br />

de teatro de rua do Centro Popular<br />

de Cultura da União Nacional dos Estudantes<br />

até 1964, quando a UNE foi extinta<br />

pela ditadura. Ainda em 1964, foi<br />

<strong>um</strong> dos fundadores do histórico Grupo<br />

Opinião. Dirigiu óperas contemporâneas,<br />

como Continente zero hora, de Rufo<br />

Herrera, e Corpo santo, do maestro Jorge<br />

Antunes, além de roteirizar e dirigir inúmeros<br />

shows de MPB.<br />

Aos nossos filhos<br />

De 1 a 24/2 no CCBB Brasília. Sextas e sábados,<br />

às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 6 e<br />

R$ 3. Classificação indicativa: 14 anos.


Entrevista: Maria de Medeiros<br />

Também cineasta e cantora, Maria de Medeiros é considerada a melhor atriz de cinema portuguesa de sua geração. Passou a<br />

infância na Áustria e voltou a Portugal após o 25 de abril de 1974, quando <strong>um</strong> golpe militar, conhecido como Revolução dos Cravos,<br />

pôs fim a mais de 40 anos de ditatura salazarista. Depois de passar a juventude em Lisboa, onde estudou no Lyceé Français Charles<br />

Lepierre, instalou-se em Paris. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Sorbonne – Paris IV, frequentando a École Nationale<br />

Superieure des Arts et Techniques du Théatre e o Conservatoire National d’Art de Paris, onde se formou como atriz. Iniciou seu trabalho<br />

como atriz no longa-metragem Silvestre, de João César Monteiro (1982), trabalhando também em Henry e June, de Philip<br />

Kaufman (1990), e Pulp fiction, de Quentin Tarantino (1994). Sua interpretação em Três irmãos, de Teresa Villaverd (1994),<br />

valeu-lhe os prêmios de melhor atriz no Festival de Veneza e no Festival de Cancun. Em Adão e Eva, de Joaquim Leitão (1995),<br />

recebeu <strong>um</strong> Globo de Ouro de melhor atriz. Ao lado de Jô Soares, estrelou o filme luso-brasileiro O xangô de Baker Street, de Miguel<br />

Faria Jr. (2001). Nesta entrevista exclusiva à <strong>Roteiro</strong>, ela fala de sua extensa trajetória profissional e de sua ligação com o Brasil.<br />

Você nasceu em Portugal, cresceu na<br />

Áustria e hoje mora na França. Além<br />

disso, está casada com <strong>um</strong> espanhol.<br />

Em que medida essa vivência multicultural<br />

influenciou sua carreira de atriz?<br />

Para mim foi <strong>um</strong> grande privilégio essa<br />

infância multicultural. Estou grata aos<br />

meus pais por isso. Cresci já com a ideia<br />

de ser <strong>um</strong>a cidadã europeia e assim ligada<br />

a várias línguas, várias culturas. Sem<br />

dúvida, isso foi <strong>um</strong>a vantagem para a<br />

minha carreira. Mas creio que sempre<br />

teria escolhido <strong>um</strong>a profissão que me<br />

permitisse estar em contato com diversas<br />

culturas.<br />

Atriz, diretora, cantora, compositora,<br />

em qual dessas funções você se realiza<br />

mais? Por quê?<br />

Esse meu gosto pela diversidade também<br />

se verifica nas artes. E também ele<br />

me foi transmitido pelos meus pais. Meu<br />

pai é <strong>um</strong> compositor e pianista clássico,<br />

mas escreveu vários livros e dirigiu filmes.<br />

Penso que as atividades dialogam e<br />

se completam. Minha formação é cinema<br />

e teatro, mas a prática da música me<br />

faz descobrir e desenvolver muitas ideias<br />

nas outras disciplinas.<br />

Aos nossos filhos trata de <strong>um</strong> tema<br />

ainda tabu na sociedade brasileira, a<br />

união homoafetiva. Como é o trabalho<br />

que você desenvolve atualmente<br />

sobre o assunto? Onde o preconceito<br />

é maior ou menor, de acordo com sua<br />

avaliação? E onde o Brasil se situa<br />

nesse cenário?<br />

Penso que o Brasil é pioneiro em muitas<br />

coisas boas e interessantes. Nossa sociedade<br />

está em plena mutação, como se<br />

verifica nas novas formas familiares, e é<br />

muito importante que as instituições tenham<br />

a capacidade de se adaptar às novas<br />

realidades. Na própria Europa, a relação<br />

com essas novas realidades é muito diferente<br />

de <strong>um</strong> para outro país. Parece-me positivo<br />

e saudável que os artistas tratem desses<br />

temas, criem plataformas de discussão<br />

e pensamento.<br />

Como é a sua personagem na peça de<br />

Laura Castro?<br />

Na peça de Laura Castro interpretarei Vera,<br />

<strong>um</strong>a mulher que participou ativamente da<br />

luta contra a ditadura no Brasil, foi perseguida<br />

e exilada no estrangeiro. Hoje, ela é<br />

mãe de <strong>um</strong>a jovem que se casou com outra<br />

mulher e está esperando o primeiro filho<br />

do casal. Para Vera, que se mantém engajada<br />

em lutas por questões de justiça e liberdade,<br />

as opções de casamento e família<br />

estável de sua filha parecem <strong>um</strong>a caretice.<br />

O diálogo entre mãe e filha coloca <strong>um</strong>a série<br />

de questões sobre a nossa modernidade<br />

e sua relação com a história recente que<br />

são apaixonantes.<br />

Quais são seus planos de carreira depois<br />

de atuar em Aos nossos filhos? Alg<strong>um</strong><br />

outro projeto aqui no Brasil?<br />

Durante a exibição da peça será editado<br />

pela Arlequim no Brasil meu primeiro<br />

disco como autora e compositora, Pássaros<br />

eternos. O disco já saiu na Espanha.<br />

Por <strong>um</strong>a extraordinária coincidência,<br />

<strong>um</strong>a das duas canções que inter preto é<br />

precisamente Aos nossos filhos, de Ivan<br />

Lins e Vítor Martins. Escolhi cantar essa<br />

canção porque faz eco ao doc<strong>um</strong>entário<br />

Repare bem, que acabei de dirigir, a pedido<br />

da Comissão de Anistia e Reparação,<br />

em Brasilia. Espero que o filme também<br />

seja distribuído no Brasil.<br />

Quais são seus diretores de cinema<br />

preferidos? Alg<strong>um</strong> do Brasil?<br />

No cinema, igualmente, tenho gostos<br />

variados. Gosto de Charlie Chaplin, Coppola,<br />

Tarkovski, Almodovar e tantos outros.<br />

Sigo há muito o cinema brasileiro,<br />

que me fascina. Adoro Glauber Rocha,<br />

Arnaldo Jabor e Domingos de Oliveira.<br />

Divulgação<br />

19


que espetáculo<br />

Diego Bresani<br />

Inferno<br />

existencial<br />

Até 3 de fevereiro,<br />

no CCBB Brasília,<br />

<strong>um</strong>a peça inspirada<br />

na poesia<br />

confessional da<br />

norte-americana<br />

Anne Sexton.<br />

20<br />

Por Ana Cristina Vilela<br />

Anne Sexton (1928-1974) era, para<br />

mim, <strong>um</strong>a desconhecida até chegar<br />

às minhas mãos a pauta para<br />

esta matéria. Assim que comecei a pesquisar<br />

sobre a poeta norte-americana, tive<br />

certeza absoluta da dificuldade de criar<br />

<strong>um</strong> texto calcado em sua vida, poesia e<br />

personalidade. Mais ainda, de interpretar<br />

toda a intensidade e complexidade dessa<br />

“bruxa possessa, assombrando o ar negro,<br />

mais corajosa à noite” (do poema Eu sou<br />

da espécie dela, declamado na peça). Dirigir<br />

essa mistura, então, nem se fale! O que<br />

se comprovou na pré-estreia da peça, dia<br />

9, no CCBB Brasília. Em cartaz até 3 de<br />

fevereiro, no Teatro II, o espetáculo é <strong>um</strong><br />

desafio para quem está com a caneta nas<br />

mãos, no palco e atrás das cortinas.<br />

Com texto de Helena Machado e Ju-<br />

lianna Gandolfe, e direção de Rodrigo Fischer,<br />

Sexton foi <strong>um</strong>a das vencedores da<br />

quinta edição do concurso de dramaturgia<br />

Seleção Brasil em Cena, ampliado do<br />

CCBB do Rio para o de Brasília em 2013.<br />

O texto ficou entre os 12 selecionados de<br />

240 inscritos, sendo o <strong>ganha</strong>dor por Brasília.<br />

Pelo Rio, o agraciado foi Arresolvido.<br />

Acontece que o Brasil em Cena abre<br />

portas para os novatos, para os neófitos da<br />

cena teatral. O que é ótimo! Mas aí temos<br />

o outro lado. Anne Sexton pede experiência:<br />

de vida, de mulher, de atriz. Sensualidade<br />

à flor da pele, porém natural. Loucura<br />

nos olhos, no corpo, nos gestos, nas palavras,<br />

mas na medida certa. Como fazer<br />

tudo isso sem cair em clichês? Como agir<br />

sobre essa tênue linha de receios e cuidados<br />

para não pender para o exagero e nem<br />

para a falta de expressão? Somente com talento,<br />

sensibilidade e experiência.<br />

A atriz Jessica Cardoso se esforça. E<br />

tem bons momentos. Um deles é quando<br />

está na sala do psicanalista, após a morte<br />

da mãe, puxando cílios. Mas muitas cenas<br />

soam falsas. O texto tem algo de pretensioso.<br />

Em dado instante, estão à mesa a<br />

poeta Sylvia Plath, em bom momento de<br />

Gaivota Neves, e os poetas John Holmes e<br />

Robert Lowell, bebendo, f<strong>um</strong>ando, falando<br />

poesias, quando de repente começam<br />

a uivar, em <strong>um</strong> clichê de colegiais. A cena<br />

toda soa falsa.<br />

Com atuação mais equilibrada (e madura)<br />

do começo ao fim, Mário Luz interpreta<br />

Cayo, o marido de Anne, e também<br />

seu psicanalista, Dr. Orne, que teve importante<br />

presença na vida da poeta, sendo<br />

o responsável por incentivá-la a escrever.<br />

Paulo Wenceslau faz o poeta e amante<br />

de Anne, James Wright, e o amigo Robert<br />

Lowell. Quando Wright diz amar


Anne, seu “eu te amo” não exala amor alg<strong>um</strong>.<br />

Outro ponto fraco são as frases lugar-com<strong>um</strong>, como “Anne precisa<br />

de <strong>um</strong> homem de verdade” (ou algo assim), ou mesmo a insistência<br />

com a ejaculação feminina (da poeta) e o foco <strong>um</strong> tanto exagerado<br />

em sua sexualidade e sensualidade. Entre outros. Na direção, bons<br />

acertos multimídia, como a f<strong>um</strong>aça do cigarro projetada nas paredes.<br />

Mas até a metade da apresentação as cenas estão muito fragmentadas.<br />

Os poemas não foram bem encaixados, digamos assim. Ao final, o suicídio<br />

não ficou claro para alg<strong>um</strong>as pessoas, como vim a saber.<br />

“Sou da espécie” que acredita no potencial da peça, com o andar das<br />

apresentações e acertos necessários, tanto no texto quanto na direção e<br />

nas interpretações. Há estrada pela frente. Porém, não se deve tirar o<br />

valor das autoras, atores e diretor, que nos apresentaram a poeta, desconhecida<br />

por aqui, e enveredaram por densa seara, com <strong>um</strong>a personagem<br />

depressiva, bipolar, suicida, sensual, tudo isso confessado em suas<br />

poesias, que são totalmente Sexton.<br />

Anne, que ganhou o Pulitzer em 1967, era e estava inteira em<br />

suas palavras. Falava de sexo, de aborto, de traição, de suicídio, de loucura...<br />

Traía o marido, que temia seu sucesso e não sabia lidar com a<br />

situação. Teve amantes vários. Tomou muitos remédios. Ficou internada<br />

inúmeras vezes. Viu as filhas serem levadas pela avó paterna.<br />

Bebia exageradamente. E <strong>um</strong> dia, enfim, se matou.<br />

O que falta na peça é unidade e menos pretensão, mas principalmente<br />

alma. E a de Anne era bem complexa de interpretar, porque<br />

“<strong>um</strong>a mulher como essa não tem vergonha de morrer” e pede alguém<br />

da “espécie dela”, ou que saiba senti-la de fato. Pede experiência. Então,<br />

esperemos o tempo. Enquanto isso, vamos desvendando Sexton,<br />

porque “<strong>um</strong>a mulher como essa é mal compreendida”.<br />

Sexton<br />

Até 3/2 no Teatro II do CCBB Brasília. Horário das sessões: 24, 25 e 26/1, às 21h;<br />

27/1, às 20h; 31/1, 1 e 2/2, às 19h30; 3/2, às 18h30. Classificação indicativa: 18<br />

anos. Mais informações: 3108-7600.<br />

Eu sou da espécie dela (Her kind)<br />

Anne Sexton<br />

Afora eu saí, <strong>um</strong>a bruxa possessa,<br />

assombrando o ar negro, mais corajosa à noite;<br />

sonhando maldade, realizei meu voo manco<br />

por sobre as casas, luz após luz:<br />

coisa sozinha, com doze dedos, fora do juízo.<br />

Uma mulher como essa não é <strong>um</strong>a mulher, quase.<br />

Eu sou da espécie dela.<br />

Encontrei as cavernas mornas na floresta,<br />

então trouxe as panelas, carne destrinchada, gavetas,<br />

armários, tecidos, in<strong>um</strong>eráveis mercadorias;<br />

fiz a ceia para os vermes e os elfos:<br />

choramingando, rearranjando o desalinhado.<br />

Uma mulher como essa é mal compreendida.<br />

Eu sou da espécie dela.<br />

Eu me joguei na sua charrete, motorista,<br />

balancei meus braços nus contra as vilas que<br />

passavam, absorvendo as últimas rotas radiantes,<br />

sobrevivente onde sua chama ainda morde<br />

minhas coxas e minhas costelas estalam<br />

onde suas rodas giram.<br />

Uma mulher como essa não tem vergonha de morrer.<br />

Eu sou da espécie dela.<br />

Comédia bem<br />

brasileira<br />

Rany Carneiro<br />

Um pequeno povoado repleto de muitos<br />

preconceitos. Nele mora <strong>um</strong> menino<br />

que se sente na obrigação de cuidar<br />

da mãe depois da morte do pai. É esse<br />

personagem o fio condutor da trama<br />

divertida e bem brasileira de Arresolvido,<br />

a comédia vencedora do projeto Seleção<br />

Brasil em Cena – etapa Rio de Janeiro. Com<br />

26 anos de carreira, é a primeira peça da<br />

atriz Érida Castello Branco, que começou<br />

a investir recentemente na dramaturgia,<br />

seguindo os conselhos dos colegas do<br />

grupo Tá na Rua, do qual faz parte.<br />

De acordo com o diretor André Paes<br />

Leme, o texto apresenta <strong>um</strong>a crítica sobre<br />

o “lugar” do homem e da mulher nas<br />

camadas menos favorecidas da sociedade<br />

e sobre o nosso sincretismo religioso. “A<br />

autora consegue trabalhar <strong>um</strong>a situação<br />

triste com <strong>um</strong> simpático toque de h<strong>um</strong>or”,<br />

destaca. A montagem, com músicas<br />

executadas e cantadas pelos próprios atores<br />

ao vivo, apresenta valores e crenças dos<br />

personagens em <strong>um</strong>a comédia com sensível<br />

visão do Brasil.<br />

Depois de temporada no Rio de Janeiro,<br />

Arresolvido estreia dia 21 de fevereiro, às<br />

19h30, no CCBB Brasília. Ficará em cartaz<br />

de quinta a domingo, até 17 de março.<br />

Ingressos a R$ 6 e R$ 3. Classificação<br />

indicativa: 12 anos.<br />

Informe-se, nas próximas páginas, sobre outras peças teatrais em cartaz na cidade.<br />

21


dia & noite<br />

h<strong>um</strong>orcandango<br />

Goreti, o palhaço Fimosinha, a Gordinha GG e Maria dos Prazer.<br />

Esses quatro personagens bastante conhecidos do público da cidade foram criados,<br />

respectivamente, pelos comediantes Cláudio Falcão, Ribamar Araújo, Madelon Cabral<br />

e Carlos Anchieta. Eles são a alma de Noistudim, a comédia das férias, em cartaz aos<br />

sábados e domingos no Brasil 21 Cultural. Dirigido por Carlos Anchieta, o espetáculo<br />

inédito reúne cinco esquetes contando as agruras de Goreti, que dá sua versão de como<br />

é passar o verão em Brasília; de Fimosinha, <strong>um</strong> palhaço f<strong>um</strong>ante e alcólatra; da gordinha<br />

que revela as dores e delícias de se vestir tamanho GG e da doméstica Maria dos Prazer,<br />

que precisa ser internada n<strong>um</strong> hospital público. Até 3 de fevereiro. Sábados, às 21h,<br />

e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 50 e R$ 25. Informações: 3039.9296.<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

encontroimprovável<br />

60 minutos de gargalhadas de tirar o fôlego ou seu dinheiro<br />

de volta. É o que anuncia a comédia<br />

Você não é perfeita, tchau, em<br />

cartaz no Teatro Brasília Shopping<br />

até 24 de fevereiro. Escrita e<br />

dirigida pelo jornalista, dramaturgo<br />

e diretor teatral Alexandre Ribondi,<br />

a peça conta a história de Marina<br />

(Júlia Moraes), <strong>um</strong>a intelectual<br />

de classe média envolvida com<br />

questões ambientais que <strong>um</strong>a noite decide ir conhecer <strong>um</strong><br />

forró na periferia da cidade. Lá encontra Valdenor (Abaetê<br />

Queiroz), <strong>um</strong> hilário e cara de pau motorista de táxi. A trama<br />

se desenrola a partir desse encontro improvável entre o típico<br />

macho suburbano – que acredita que <strong>um</strong>a mulher sozinha<br />

em <strong>um</strong> bar precisa mesmo é de companhia masculina – e <strong>um</strong>a<br />

mulher independente que não precisa estar acompanhada<br />

para se divertir. “O texto busca mostrar como a maioria<br />

dos homens não consegue ainda lidar com essa mulher<br />

que soube quebrar tabus, derrubar preconceitos, e que é,<br />

de longe, muito mais madura e independente do que os<br />

representantes do Clube do Bolinha”, explica Ribondi.<br />

Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos<br />

a R$ 40 e R$ 20, na bilheteria do teatro.<br />

denisestoklos<br />

Ainda dá tempo de assistir, na Caixa Cultural, ao espetáculo<br />

Preferiria não, <strong>um</strong>a livre adaptação de O escriturário, de Herman<br />

Melville, escritor norte-americano conhecido pela obra Moby<br />

Dick, . Tal como o personagem Bartleby, que se nega a obedecer<br />

a ordens, a mímica e atriz Denise Stocklos representa o narrador<br />

e narra sua própria história. Como ela vem fazendo, Bartleby<br />

insiste em responder aos chamamentos da vida e do trabalho<br />

com <strong>um</strong> “preferiria não”. Como n<strong>um</strong> concerto, Denise Stoklos<br />

inicia o espetáculo regendo <strong>um</strong>a orquestra invisível. Dos<br />

músicos, só se veem as estantes. No lugar das partituras, a<br />

história de Bartleby. A regente mostra, desde o início, por que se<br />

tornou a atriz<br />

singular que vem<br />

sendo nos últimos<br />

44 anos. Para quem<br />

acompanha a arte<br />

de Stoklos, é fácil<br />

reconhecer seu<br />

tema recorrente:<br />

não à mesmice, à<br />

submissão e à<br />

mediocridade. Em<br />

cartaz apenas até o dia 27. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às<br />

19h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3206.9448.<br />

Mary Stuart<br />

22<br />

Paula Corrubba<br />

debussyparacrianças<br />

Esse é o nome do espetáculo da série Concerto para Crianças, <strong>um</strong>a adaptação do já<br />

apresentado em setembro passado e visto por seis mil espectadores. A proposta é aproximar,<br />

de forma lúdica e divertida, a música clássica do universo infantil.Com cerca de 40 minutos<br />

de duração, o concerto de bolso utiliza música ao vivo, narração, animação em vídeo e conta<br />

com figurinos e adereços que contextualizam a vida e a rica obra do compositor francês do<br />

período impressionista Claude Debussy (1862/1918). No palco, artistas da cidade como<br />

a flautista Beth Ernest Dias, flauta transversal, e o pianista Dib Franciss, piano digital.<br />

Aliado ao concerto, a personagem do Mestre de Cerimônia (Cirila Targhetta/Tatiana<br />

Bittar) apresenta aspectos históricos, curiosidades e características importantes da<br />

época. A história do compositor é representada em vídeos animados projetados em<br />

painel de led. A concepção do espetáculo é de Naná Maris. No Espaço Banco do<br />

Brasil (Shopping Iguatemi), dias 27 de janeiro, 3 e 17 de fevereiro e 3, 17 e 31<br />

de março, sempre às 16h. Entrada franca.


paradamusical<br />

Brasília, Rio, Curitiba, Salvador e Manaus foram as cidades escolhidas para marcar em grande estilo o aniversário<br />

de 350 anos dos Correios. Os shows serão no dia 25 , a partir das 19h, em Brasília, Curitiba e Salvador, e a partir das<br />

21h no Rio e Manaus. Os convocados para animar a festa candanga, no<br />

estacionamento do Nilson Nelson, são Plebe Rude e Os Paralamas do<br />

Sucesso (foto). Batizado de Parada Musical, o projeto deve reunir<br />

mais de 100 mil pessoas nos cinco shows, todos com entrada franca.<br />

Em Curitiba se apresentam Nando Reis & Os Infernais e Cachorro<br />

Grande. No Rio, Péricles e Preta Gil estarão animando o show que terá<br />

como palco os Arcos da Lapa. Em Salvador, sobem ao palco Margareth<br />

Menezes e Sérgio Loroza & Us Madureira. E em Manaus Gaby<br />

Amarantos e Os Tuc<strong>um</strong>anus fazem a festa para comemorar o<br />

aniversário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT),<br />

fundada em 25 de janeiro de 1663.<br />

Fabrício Montez<strong>um</strong>a<br />

Divulgação<br />

esquentandoaspicapes<br />

Será no domingo, 3 de fevereiro, o Pré-Carnaval do Bom, no<br />

restaurante Oliver do Clube de Golfe. Com capacidade para até 500<br />

pessoas, a festa começa às 19h com welcome drink e muita house music.<br />

Nas picapes estarão os Djs Raul Mendes, Sergio Blake (foto) e Julien.<br />

Convites antecipados no site http://www.purpleweek.com.br a R$ 60,<br />

para eles, e R$ 40, para elas. Informações: 9504.6526. Sorteios em<br />

ttps://www.facebook.com/MoncaioProducoes/app_165114686916599<br />

23


dia & noite<br />

famíliaemférias<br />

A obra do venezuelano Armando Reverón pode ser conhecida por pais e<br />

filhos que participarem do Programa Educativo elaborado pelo Museu da<br />

República. Até 10 de fevereiro, os pais que levarem crianças a partir de cinco<br />

anos ao museu poderão visitar a mostra Revendo Reverón: o relâmpago<br />

capturado, com ou sem <strong>um</strong> guia, enquanto as crianças são recepcionadas<br />

por monitores que contam a história do pintor e de suas obras. Em<br />

seguida, elas são levadas para <strong>um</strong>a sala onde terão atividades com conteúdo<br />

multidisciplinar, de acordo com a faixa etária de cada participante. Elas têm<br />

a oportunidade, por exemplo, de usar diversos materiais para produzir as<br />

próprias obras. Ana Saggese, responsável pelo programa, destaca que a experiência de se ver <strong>um</strong>a obra de arte no contexto do<br />

museu é totalmente diferente de vê-la em <strong>um</strong> livro. “Ao vivo se tem noção do tamanho da obra, da sua cor real, textura e parte<br />

de <strong>um</strong> conjunto. No caso da criança, analisar <strong>um</strong>a obra de arte possibilita que ela desenvolva sua capacidade de observação e<br />

de crítica, aprenda sobre períodos da história e amplie sua visão de mundo”. Com curadoria de Wagner Barja, a exposição<br />

apresenta 174 obras de Reveron, entre pinturas, desenhos, objetos e fotografias do artista nascido em Caracas, em 1889, e<br />

falecido na mesma cidade, em 1954. De terça a domingo, das 9 às 18h30. Agendamento para o Programa Educativo: 3325.2589.<br />

Divulgação<br />

patinhofeio<br />

Até 3 de fevereiro, pais e filhos podem curtir o<br />

clássico do dinamarquês Hans Christian Andersen<br />

(1805/1875), aos sábados e domingos, sempre<br />

às 17h. Sucesso desde que foi apresentada pela<br />

primeira vez em 1843, a história adaptada pela Cia.<br />

Teatral Neia e Nando Paz é contada em forma de<br />

musical. Para quem já se esqueceu, o Patinho Feio<br />

conta as desventuras de <strong>um</strong> filhote de cisne que<br />

é chocado por <strong>um</strong>a pata. Por ser diferente dos<br />

irmãos, o pequeno é perseguido e maltratado por<br />

patos e galinhas. Cansado de tanta h<strong>um</strong>ilhação,<br />

ele foge do ninho. Quando chega a primavera,<br />

entretanto, o patinho se transforma n<strong>um</strong> belo cisne.<br />

No Teatro da Escola Parque (307/8 Sul), com<br />

ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda na bilheteria<br />

do teatro meia hora antes da cada sessão. Duração:<br />

50 minutos. Informações: 3443.3149.<br />

domingoémais<br />

A Cia. Titeritar de Teatro e o mágico Steiner comandam a temporada<br />

de espetáculos<br />

gratuitos que têm<br />

como palco a Praça<br />

de Alimentação do<br />

Deck Lago Norte<br />

aos domingos de<br />

janeiro, às 16 horas.<br />

Unindo teatro e<br />

literatura, o<br />

espetáculo de<br />

fantoches desperta<br />

no público o<br />

interesse pela leitura com a originalidade e a vivacidade das marionetes.<br />

No programa, o show Abrakadabra e o teatro de marionetes Entradas<br />

e reprises, dia 27. Entrada franca. Informações: 3468.6115.<br />

Suzayne Oliveira<br />

24<br />

Paki<br />

durarealidade<br />

Os mais de sete mil passageiros que circulam diariamente pelo<br />

Terminal Interestadual de Brasília são os potenciais espectadores da<br />

exposição de fotografias Crack, a vida sem cor, em cartaz até o dia 31.<br />

De autoria dos fotógrafos Salveci dos Santos e Thiago Cruz, as 30<br />

imagens retratam a realidade de usuários e dependentes de crack em<br />

diferentes pontos de Brasília. Aberta 24 horas por dia, a mostra tem<br />

o objetivo de conscientizar e sensibilizar os passageiros e usuários<br />

do terminal interestadual sobre a importância da prevenção ao uso de<br />

crack. A iniciativa acontece graças a <strong>um</strong>a parceria entre o Consórcio<br />

Novo Terminal, que administra o Terminal Interestadual de Brasília,<br />

e o fotógrafo Salveci dos Santos, criador de diversas outras mostras<br />

fotográficas, entre elas Jardim da Alvorada, Grafitar Para Não Pichar,<br />

Pontos Turísticos em Brasília, Jardins Permaculturais e Nossa Brasília,<br />

todas já expostas no local.


galeria de arte<br />

Fotos: Divulgação<br />

O “velho”<br />

Novo Continente<br />

Um pouco da história das civilizações pré-colombianas<br />

está na mostra Tesouros, mitos e mistérios das Américas.<br />

Agora que sabemos – ainda bem –<br />

que os maias estavam errados e o<br />

mundo felizmente não acabou,<br />

chegou a hora de conhecermos <strong>um</strong> pouco<br />

mais da cultura desses e de outros povos<br />

que habitaram as Américas. Objetos<br />

e obras de arte dessas civilizações pré-colombianas,<br />

como a Pirâmide Central de<br />

Chichén Itzá, símbolo da civilização maia<br />

no sudeste mexicano, estão devidamente<br />

representadas na mostra Tesouros, mitos e<br />

mistérios das Américas, em cartaz no Park-<br />

Shopping até 3 de fevereiro.<br />

A Pirâmide Central de Chichén Itzá<br />

tem 25 metros de altura e foi restaurada<br />

há pouco mais de seis anos. Fica na Península<br />

de Yucatán, no México, e foi declarada<br />

pela Unesco <strong>um</strong>a das 7 Maravilhas<br />

do Mundo Moderno. Sua réplica,<br />

com 4,5 metros de altura, está estacionada<br />

no ParkShopping junto<br />

com outras reproduções de mon<strong>um</strong>entos<br />

como os Moais da<br />

Ilha de Páscoa, do Chile, e as<br />

Ruínas de San Agustín, na<br />

Colômbia – nove estátuas<br />

esculpidas em pedra, trazidas<br />

em tamanho real, com<br />

dois metros de altura.<br />

A mostra apresenta a riqueza das míticas<br />

sociedades formadas a partir do ano<br />

3000 a.C. Ao todo, 120 peças estão dispostas<br />

em sete instalações principais e<br />

vêm acompanhadas de painéis informativos.<br />

A réplica do calendário maia, por<br />

exemplo, desperta a curiosidade dos visitantes<br />

por ter sido fonte de <strong>um</strong>a teoria segundo<br />

a qual o mundo terminaria em 21<br />

de dezembro de 2012. Medindo três metros,<br />

como o original, revelará os segredos<br />

do povo conhecido como “Senhores<br />

do Tempo”.<br />

Cinco esculturas de figuras h<strong>um</strong>anas<br />

com cabeças desproporcionais, alg<strong>um</strong>as<br />

usando chapéus e com expressão de mistério,<br />

fazem referência aos mais de 900<br />

moais catalogados e localizados na Ilha de<br />

Páscoa, distante 3.800 km da costa do<br />

Chile. O público poderá sentir de perto<br />

o mistério que ronda as esculturas e a<br />

ilha, além de apreciar peças de até<br />

3,5 metros de altura.<br />

As Ruínas de San Agustín<br />

estão também representadas<br />

em forma de nove réplicas, em<br />

tamanho real de dois metros<br />

de altura. As figuras entalhadas<br />

misturam seres h<strong>um</strong>anos com<br />

aves, répteis, primatas, felinos, além de<br />

símbolos como cinzéis e martelos, sugerindo<br />

divindades criadoras. Elas transmitem<br />

as enigmáticas ideias dessa civilização,<br />

que já acreditava na necessidade de<br />

<strong>um</strong> equilíbrio entre o homem e o meio<br />

ambiente.<br />

Para deixar as instalações fidedignas,<br />

o projeto exigiu o trabalho minucioso de<br />

grande equipe de designers gráficos e industriais,<br />

paleontólogos, consultores em<br />

efeitos especiais, antropólogos e assistentes<br />

de produção. “Esta é <strong>um</strong>a oportunidade,<br />

para quem for ao ParkShopping, de<br />

conhecer mais sobre a herança deixada<br />

pelos povos ancestrais,” explica a curadora<br />

da exposição, Monica Kudrnac, da empresa<br />

Euroemeka, que trabalhou em parceria<br />

com a Fundação de Ciências Naturais<br />

Felix de Azara. “O público poderá conhecer<br />

muitos aspectos dos tempos que<br />

vêm por aí e saber como se preparar para<br />

eles por meio da interiorização que a mostra<br />

permite”, complementa.<br />

Tesouros, mitos e<br />

mistérios das Américas<br />

Até 3/2 no ParkShopping.<br />

De 2ª a sábado, das 10 às 22h;<br />

domingos, das 11 às 22h.<br />

25


graves & agudos<br />

Sol, rock<br />

e água fresca<br />

Lançados ao longo de 2012, discos de bandas<br />

brasilienses confirmam a força criativa do cenário roqueiro<br />

da cidade, além de comporem <strong>um</strong>a ótima trilha para o verão.<br />

Por Pedro Brandt<br />

Coincidência ou não, o melhor da<br />

safra 2012 do rock de Brasília<br />

rendeu discos que, chegados janeiro<br />

e o auge do verão, funcionam como<br />

<strong>um</strong>a trilha sonora bastante adequada<br />

para a estação. São álbuns, cada <strong>um</strong> à sua<br />

maneira, nos quais as canções estão<br />

cheias de <strong>um</strong> espírito juvenil e celebrativo,<br />

ensolarado na maior parte do tempo<br />

– o que não impede <strong>um</strong>a tempestade estival<br />

aqui e ali só para lembrar ao ouvinte<br />

que nem tudo é sol, mar, sombra ou água<br />

fresca. Se por <strong>um</strong> lado esse joie de vivre é<br />

perceptível no subtexto das músicas, por<br />

outro, lírica e sonoramente, as seis bandas<br />

presentes nesta seleção não poderiam<br />

soar mais diferentes <strong>um</strong>as das outras.<br />

Raquel Pellicano<br />

Velhas caras, novas roupagens<br />

O quinteto Sexy Fi, por exemplo, faz<br />

conexões com Chicago, Londres, São<br />

Paulo e Brasília. Foi na cidade americana,<br />

com produção de John McEntire (conhecido<br />

pelo trabalho com bandas como<br />

Tortoise, Broken Social Scene, Stereolab<br />

e The Sea and Cake), que eles registraram<br />

o disco de estreia, Nunca te vi de boa,<br />

álb<strong>um</strong> que vem sendo comentado no<br />

Brasil e no exterior e está sendo lançado<br />

26<br />

Sexy Fi


internacionalmente (em CD e vinil) pelo<br />

selo londrino Far Out Recordings.<br />

Camila Zamith, dona da sedutora voz<br />

presente em nove das dez faixas, reside<br />

em São Paulo, enquanto o restante da<br />

banda mora em Brasília, inequívoca<br />

fonte de inspiração para o Sexy Fi, como<br />

indicam o emprego de diversas gírias locais<br />

nas letras das músicas (cantadas em<br />

inglês e português) e os títulos de alg<strong>um</strong>as<br />

canções (Plano: pilotis, Roriz 2010,<br />

Looking Asa Sul, feeling Asa Norte e Brasília<br />

graffiti).<br />

O próprio nome do grupo é <strong>um</strong>a anedota<br />

regional: pronuncia-se sexy fi mesmo<br />

e não “sexy fái”, em inglês – fi vem de<br />

fiote, corruptela para filhote, popular expressão<br />

nas ruas da cidade. O quinteto é<br />

a continuação da banda Nancy e compartilha<br />

com ela boa parte das referências sonoras<br />

(indie rock, post rock), mas adiciona<br />

novas influências em Nunca te vi de<br />

boa, como as guitarras de sotaque afro.<br />

Com seu h<strong>um</strong>or peculiar, climas por vezes<br />

oníricos e produção requintada (com<br />

direito a arranjos de cordas, sopros e<br />

vibrafone), o Sexy Fi desafia classificações<br />

fáceis. Na falta de termo<br />

melhor, o guitarrista João Paulo<br />

Praxis apresenta a banda como<br />

“rock de doidão” – ou seja, no<br />

meio do caminho entre o pouco<br />

convencional e o familiar.<br />

Grandeza na<br />

simplicidade<br />

O quarteto Suíte Super<br />

Luxo não mudou<br />

de nome, mas Entre<br />

a piscina e<br />

o trampolim,<br />

seu<br />

segundo<br />

álb<strong>um</strong>, soa<br />

tão diferente de El toro (a elogiada<br />

estreia de 2004) que poderia<br />

muito bem ser outra<br />

banda. O <strong>novo</strong> trabalho soa<br />

mais direto, solar e espontâneo,<br />

ainda que tenha levado<br />

cinco anos para ser concluído.<br />

Nesse meio tempo, a banda trocou<br />

alg<strong>um</strong>as vezes de formação. O<br />

único remanescente é Luc Albano,<br />

guitarrista e vocalista. Autor das<br />

composições, Luc é especialista<br />

em encontrar a grandeza na simplicidade,<br />

seja em suas ideias líricas<br />

e melódicas, seja nos riffs bem sacados,<br />

cortantes – bem exemplificados na<br />

quase balada Jasmim, na pulsação punk<br />

de De cara no chão, na explosiva Fechou<br />

para balanço ou na brincalhona Cabeleiras<br />

do mar. A capa mostra pessoas se divertindo<br />

no mar, <strong>um</strong>a pista da vocação<br />

de verão dessa obra (que<br />

tem os requisitos para fisgar<br />

ouvintes nesta estação e não<br />

largá-los ao longo do ano).<br />

Quem também chegou<br />

de cara nova em 2012 foi o<br />

guitarrista Dillo (antes<br />

Dillo Daraujo). As metamorfoses<br />

estilísticas vividas<br />

ao longo da carreira<br />

alicerçaram Jacaretaguá,<br />

terceiro<br />

álb<strong>um</strong> do<br />

músico.<br />

Se antes<br />

o blues<br />

era parte importante de suas<br />

composições, Dillo – <strong>um</strong><br />

guitarrista de mão cheia –<br />

agora busca rocks originais<br />

(que se permitem temperar<br />

Gabi Seltz<br />

por outros<br />

sons, como<br />

baião, funk<br />

e afrobeat)<br />

capazes de<br />

alcançar <strong>um</strong> público maior sem, no entanto,<br />

deixar a invenção de lado. Jabazinho,<br />

aliás, fala justamente da dificuldade de se<br />

fazer ouvir (“O rádio não toca você”, repete<br />

o refrão).<br />

Para rir e pensar<br />

Frango Kaos, vocalista do quarteto<br />

Galinha Preta, é já há alguns anos o<br />

maior comunicador do rock brasiliense.<br />

Carismático, dono de <strong>um</strong>a presença de<br />

palco radiante (mesmo sempre vestido de<br />

preto) e <strong>um</strong> tanto cômica, que lhe rende<br />

justas comparações com Jello Biafra, vocalista<br />

dos Dead Kennedys, Frango consegue<br />

falar muito com letras curtas (por<br />

vezes, curtíssimas). O bom h<strong>um</strong>or das<br />

canções guarda preocupações sérias, de<br />

assuntos como conflitos armados, pobreza,<br />

desemprego e alienação social.<br />

Lançado em dezembro, o terceiro disco<br />

do grupo, batizado apenas de Galinha<br />

Preta, dispara 16 canções em míseros 19<br />

minutos. É o suficiente para a banda<br />

mostrar <strong>um</strong> hardcore potente que consegue<br />

ser ao mesmo tempo barulhento e,<br />

por mais contraditório que seja, algo<br />

pop. Entre músicas inéditas e alg<strong>um</strong>as regravações,<br />

estão petardos como Mídias<br />

sociais, Lactobacilos, Roubaram meu rim,<br />

Música de trabalho e UnB, nas quais o Galinha<br />

Preta vai do deboche à crítica, passando<br />

com louvor também pelo nonsen-<br />

27<br />

se. Para rir, pensar e bater cabeça.<br />

Pollyanna Carvalho


graves & agudos<br />

Pedro França<br />

Álvaro Dutra<br />

Fôlego de principiante<br />

Donas de shows enérgicos, para pular<br />

e dançar, Cassino Supernova e Rebel<br />

Shot Party colocaram na praça seus primeiros<br />

discos. Garotos que amam os Beatles<br />

e os Rolling Stones, o quinteto Cassino<br />

Supernova ficou em primeiro lugar no<br />

Mamute Festival, o que garantiu a fabricação<br />

do CD Na estrada. Nas dez faixas<br />

do disco, a banda canta amores e farras,<br />

com a garra e a despretensão típicas da<br />

juventude.<br />

O primeiro álb<strong>um</strong> do trio Rebel Shot<br />

Party leva o nome da banda. Diversão ali<br />

é a palavra de ordem (como confirmam<br />

as músicas Se joga, Bombom e Garota infernal).<br />

Mas no meio da bagunça – que tem<br />

punk, garage e hard rock como elementos<br />

principais – sobra espaço também para<br />

<strong>um</strong>a convicta convocação ao combate<br />

(do tédio, da procrastinação ou do que o<br />

ouvinte quiser entender). “Cada coração<br />

é <strong>um</strong>a faísca/ Que a revolução necessita”,<br />

eles bradam em Faísca.<br />

Com esses discos, o verão segue<br />

quente, mas bem mais divertido.<br />

Ouça!<br />

Cassino Supernova – Na estrada<br />

(independente)<br />

www.myspace.com/cassinosupernova<br />

Galinha Preta – Galinha Preta (independente)<br />

soundcloud.com/galinhapreta<br />

Dillo – Jacaretagua (independente)<br />

www.dillo.com.br<br />

Rebel Shot Party - Rebel Shot Party<br />

(independente)<br />

tramavirtual.com.br/rebelshotparty<br />

Sexy Fi – Nunca te vi de boa (Far Out)<br />

www.sexyfi.com.br<br />

Suíte Super Luxo - Entre a piscina e o<br />

trampolim (Rolla Pedra)<br />

suitesuperluxo.bandcamp.com<br />

Pedro Monteiro<br />

28<br />

Quem lança em 2013...<br />

Alg<strong>um</strong>as bandas brasilienses estão<br />

com discos prontos, na boca do forno.<br />

Ainda neste semestre, aguarde pelos<br />

álbuns de Superquadra, Phonopop,<br />

Móveis Coloniais de Acaju e Worsa.<br />

Até o final do ano, as bandas Tiro<br />

Williams, Watson e Judas também<br />

mostrarão novidades.


Poesia<br />

cantada<br />

Por Heitor Menezes<br />

Tem algo nas Gerais – a água, o queijo,<br />

talvez – que faz os versos ressoarem<br />

de maneira diferente. Herança<br />

dos poetas da Inconfidência, ou não, fato é<br />

que a canção mineira, isto é, aquela mistura<br />

especial de poesia e música, tão bem representada<br />

por Milton Nascimento, marca<br />

sobremaneira a nossa cultura musical.<br />

Talvez seja a linguagem, com a apropriação<br />

de termos e aspectos regionais, talvez<br />

seja o lirismo típico do arcadismo que<br />

há muito passou por aquelas terras e montanhas,<br />

fato é que os mineiros são muito<br />

bons nesse negócio. Sorte nossa que essa<br />

fonte ainda não secou.<br />

Tudo isso só para falar do álb<strong>um</strong> Balé<br />

das almas, obra que o cantor, compositor e<br />

instr<strong>um</strong>entista Zebeto Corrêa editou no<br />

finalzinho do ano passado e que aos poucos<br />

vem sendo assimilada e apreciada como<br />

iguaria fina made in Minas Gerais.<br />

O disco, com capa assinada pelo artista<br />

plástico Siron Franco, une a expertise<br />

de cantoria de Zebeto Corrêa, há mais de<br />

20 anos <strong>um</strong> batalhador da nossa bela canção,<br />

com a pena do sociólogo/empresário<br />

Jorge Ferreira, conhecido restaurateur de<br />

Brasília. A dupla assina todas as 13 faixas<br />

do disco, alg<strong>um</strong>as com outros parceiros,<br />

incluindo o poeta Vicente Sá, escriba frequente<br />

das páginas desta <strong>Roteiro</strong>.<br />

Balé das almas é poesia cantada. Para o<br />

ouvinte que precisa catalogar as coisas antes<br />

de se entregar ao prazer da audição, é<br />

preciso dizer que o disco pode muito bem<br />

ser colocado ao lado das grandes obras<br />

produzidas por artistas mineiros. Por dar<br />

vazão à poesia – como dito, a arcadiana,<br />

não a barroca – a obra contém versos mergulhados<br />

na saudade, no amor idílico, nas<br />

imagens de Minas.<br />

A simplicidade permeia não só os<br />

versos, mas também os arranjos acústi-<br />

Zebeto Corrêa canta e Jorge Ferreira declama suas poesias na noite de lançamento do CD, no Feitiço Mineiro.<br />

cos do violonista Rogério Delayon, responsável<br />

pela produção e direção musical.<br />

Faixa a faixa, Balé das Almas dá<br />

espaço à voz límpida e à interpretação segura<br />

de Zebeto Corrêa, que não deixa o<br />

disco virar <strong>um</strong> temido recital de poesia.<br />

As participações de Simone Guimarães,<br />

em Galos de vidro, do guitarrista Vitor<br />

Biglione, em Tatuagem machucada e<br />

Partitura, e do piano de Wagner Tiso, em<br />

Andorinha do mar, não roubam a cena.<br />

Ao contrário, conferem colorido e autenticidade<br />

a <strong>um</strong> tipo de música que certa<br />

vez foi chamada de popular brasileira.<br />

Para quem (ainda) tem o hábito de<br />

comprar discos e ouvir com atenção, vale<br />

a pena procurar Balé das almas, abrir o<br />

encarte e acompanhar o canto cheio de<br />

poesia de Zebeto Corrêa.<br />

Balé das almas<br />

Zebeto Corrêa, Jorge Ferreira, Wilson<br />

Pereira, Vicente Sá e José Carlos Vieira.<br />

À venda por R$ 20 no Feitiço Mineiro e<br />

demais bares do Grupo Jorge Ferreira.<br />

Fotos: André Gago Niemeyer<br />

29


asiliense dE coração<br />

Criatividade em ebulição<br />

Pintor, músico, engenheiro, físico, agitador cultural. Tudo<br />

isso é o maestro Jorge Antunes, primeiro brasileiro a usar<br />

instr<strong>um</strong>entos eletrônicos em suas composições, nos anos 60.<br />

30<br />

Por Vicente Sá<br />

Fotos Gadelha Neto<br />

Estamos n<strong>um</strong> sábado, em março de<br />

1950. O sol clareou a manhã e <strong>um</strong><br />

senhor magro, de bigode, lá pelos<br />

seus trinta e poucos anos, empurra <strong>um</strong>a<br />

bicicleta com <strong>um</strong> menino na garupa no<br />

r<strong>um</strong>o da Quinta da Boa Vista. Levam os<br />

olhos brilhantes e cheios de cores que<br />

eles, pai e filho, vão passar para as telas durante<br />

toda a manhã. Acomodam-se n<strong>um</strong><br />

lugar afastado das outras pessoas e permitem<br />

que o pincel descubra a paisagem.<br />

O homem é Carlos Antunes, pintor<br />

acadêmico premiado. O menino, de oito<br />

anos, é o futuro maestro Jorge Antunes,<br />

que ingressava no mundo da arte pela<br />

porta da pintura. Na casa dos Antunes,<br />

no Santo Cristo, bairro da zona portuária<br />

do Rio de Janeiro, apenas a mãe, Dona<br />

Olinda, havia estudado <strong>um</strong> pouco de<br />

piano. O artista era mesmo o pai, que,<br />

como não dava para viver só da pintura,<br />

mantinha junto a seu ateliê <strong>um</strong> antiquário<br />

onde também restaurava e vendia<br />

móveis antigos.<br />

A formação musical do pequeno Jorge,<br />

o segundo dos três filhos do casal, foi<br />

sendo feita pela discoteca do pai, que tinha<br />

de Beethoven a Francisco Alves e Almirante,<br />

pelas músicas clássicas da Rádio<br />

MEC e pela música popular da Rádio<br />

Mayrink Veiga. Mas a grande inspiração<br />

foi mesmo a obra do compositor e violinista<br />

espanhol Pablo de Sarasate. Tanto<br />

que o instr<strong>um</strong>ento de seus sonhos era<br />

<strong>um</strong> violino e ele, aos sete anos, pediu <strong>um</strong><br />

a Papai Noel. A carta foi escrita por ele<br />

mesmo, que desde os quatro já sabia, graças<br />

à mãe, ler e escrever.<br />

Mas, já que o bom velhinho andava<br />

meio ruim das pernas naqueles anos, e o<br />

presente era caro demais para <strong>um</strong> pai<br />

pintor, o pai antiquário conseguiu o violino<br />

alguns anos depois n<strong>um</strong>a troca por<br />

<strong>um</strong> móvel antigo ou, talvez, por <strong>um</strong>a restauração.<br />

O certo é que, aos 14 anos, Jorge<br />

Antunes começou a tocar seu violino<br />

Maggini. O problema era que o rapaz<br />

magro e de olhos grandes não tinha ainda<br />

nenh<strong>um</strong> conhecimento musical teórico,<br />

apenas muita inspiração e talento.<br />

Para melhorar isso, Dona Olinda o matriculou<br />

na Escola de Música Santa Cecília,<br />

na Tijuca.<br />

Alguns meses depois, o jovem Jorge já<br />

estava começando suas primeiras composições<br />

para violino, <strong>um</strong> feito surpreendente<br />

para a idade e o pouco tempo de<br />

aprendizado musical. O nome da música<br />

não poderia ser outro: Nostalgia, falando a<br />

<strong>um</strong> quadro. O que somente vinha confirmar<br />

a capacidade do jovem de gerir em<br />

seu interior várias formas de arte. Com as<br />

aulas de música, começou a tomar <strong>novo</strong><br />

r<strong>um</strong>o <strong>um</strong> talento natural para as artes<br />

que já tinha sido acordado pela pintura,<br />

mas que ainda precisava de mais <strong>um</strong> pilar<br />

para formar o caráter musical do que viria<br />

a ser <strong>um</strong> dos grandes nomes da música<br />

brasileira.


Aos 19 anos Jorge Antunes já havia<br />

composto <strong>um</strong>a boa quantidade de músicas,<br />

tanto para violino como para quarteto<br />

de cordas, mas era a pintura que continuava<br />

mandando em sua alma. Seu sonho<br />

ainda era ser pintor. Enviava quadros<br />

para concursos e participava de exposições<br />

e coletivas junto a grandes nomes da<br />

pintura brasileira que despontavam naquele<br />

período, como o carioca Rubens<br />

Gerchman e o paraibano Antonio Dias.<br />

Outro fator se alinhava ao processo<br />

criativo e artístico de Antunes: em suas<br />

pinturas, o conceitual político era muito<br />

forte e, se não assustava, mostrava quem<br />

era o jovem pintor. Era final dos anos 50<br />

e flutuava no ar toda aquela energia: o surgimento<br />

da Bossa Nova, o Teatro de Arena<br />

e o Oficina em São Paulo, a incubação<br />

do Cinema Novo, a juventude entrando<br />

com vontade no movimento estudantil.<br />

Uma ebulição criativa que continuaria ainda<br />

mais forte no início dos anos 60.<br />

A vida artística nunca foi garantia de<br />

bons rendimentos em época nenh<strong>um</strong>a, e<br />

os anos 60 não foram diferentes. Preocupada<br />

com o futuro de seu filho músico e<br />

pintor, dona Olinda insistiu para que ele<br />

fizesse <strong>um</strong> curso técnico. Tornou-se engenheiro,<br />

e como na adolescência havia<br />

feito <strong>um</strong> curso de eletrotécnica, com os<br />

conhecimentos adquiridos ganhou <strong>um</strong><br />

dinheirinho consertando rádios e aparelhos<br />

domésticos dos vizinhos, o que o estimulou<br />

a fazer o curso de Física da Faculdade<br />

Nacional de Filosofia.<br />

Músico, pintor e agora estudante de<br />

Física, Jorge Antunes, aos vinte e poucos<br />

anos, tinha que se desdobrar para frequentar<br />

três ambientes distintos sem ser<br />

ridicularizado em nenh<strong>um</strong> deles. Para<br />

tanto, tinha suas artimanhas. As aulas de<br />

Física aconteciam depois das aulas de<br />

Música; por isso, chegando sempre corrido<br />

à faculdade, pedia ao porteiro que escondesse<br />

seu violino antes de entrar na<br />

sala de aula.<br />

Ao assistir, em 1961, a <strong>um</strong>a apresentação<br />

de música eletrônica nos Concertos<br />

para a Juventude, que aconteciam<br />

aos domingos pela manhã no Teatro<br />

Municipal do Rio de Janeiro, decidiu<br />

que esse era o tipo de música que queria<br />

fazer. No início de 1962 começou a compor<br />

o que já naquela época se chamava<br />

de música eletroacústica.<br />

Naqueles t<strong>um</strong>ultuados anos 60, a vida<br />

de nosso personagem foi <strong>um</strong>a grande loucura:<br />

escrevia, pintava, estudava, compunha<br />

músicas e participava de toda a agitação<br />

artística e política da época. Ainda em<br />

1962, participou ativamente da Greve de<br />

Um Terço, <strong>um</strong>a das maiores do movimento<br />

estudantil brasileiro em todos os<br />

tempos, e em 1967 do Movimento Poema-Processo.<br />

Sua vida tinha tantas facetas<br />

que ele chegava a ser citado nos livros de<br />

artes plásticas como <strong>um</strong> pintor que tinha<br />

como hobby a música e nos livros de música<br />

como <strong>um</strong> músico que gosta de pintar.<br />

Com o endurecimento do golpe militar,<br />

Jorge Antunes, que era professor do<br />

primeiro curso de música eletroacústica<br />

no Instituto Villa-Lobos, perdeu o emprego.<br />

Recém-casado, não podia ficar vivendo<br />

de bicos e conseguiu <strong>um</strong>a bolsa para estudar<br />

na Argentina. De lá seguiu para a França,<br />

somente retornando ao Brasil em<br />

1973, para dirigir o curso de Composição<br />

Musical da Universidade de Brasília. Aqui,<br />

criou o GEMUnB (Grupo de Experimentação<br />

Musical) e fez <strong>um</strong>a turnê de concertos<br />

com sua obras pela Europa, em 1975.<br />

Em 1994 foi eleito membro titular da Academia<br />

Brasileira de Música e ajudou a<br />

criar a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica,<br />

da qual tornou-se presidente.<br />

Considerado até hoje <strong>um</strong> dos maiores<br />

nomes da música eletroacústica no<br />

mundo, Jorge Antunes continua trabalhando<br />

e se apresentando no Brasil e no<br />

exterior. Em abril próximo deve seguir<br />

para o México graças a <strong>um</strong>a bolsa de<br />

compositor do Iberamúsicas – Programa<br />

de Fomento de las Músicas Iberoamericanas.<br />

Sem nunca deixar seu lado político,<br />

o maestro criou em 1984 a Sinfonia<br />

das Diretas, para ser executada com buzinas,<br />

e em 1988 o Hino Nacional Alternativo<br />

da Constituinte. Já no final do governo<br />

de José Roberto Arruda, criou a<br />

ópera de rua O auto do pesadelo de Dom<br />

Bosco, onde satirizava os políticos envolvidos<br />

no escândalo que derrubou o então<br />

governador do Distrito Federal.<br />

Embora muito caseiro, Jorge Antunes<br />

não resiste a <strong>um</strong>a boa agitação cultural<br />

e cost<strong>um</strong>a participar do concurso de marchas<br />

do Pacotão, na época do Carnaval.<br />

É também presença assídua nas Noites<br />

Culturais do T-Bone. Fora isso, pode ser<br />

encontrado em seu site, em dezenas de<br />

gravações de suas obras e no filme<br />

Maestro Jorge Antunes, de Carlos Del Pino.<br />

31


luz câmera ação<br />

O amor no limite<br />

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2009,<br />

com A fita branca, Michael Haneke repete a dose três anos<br />

depois com Amor, <strong>ganha</strong> o Globo de Ouro de melhor longa<br />

estrangeiro e ainda concorre ao Oscar em cinco categorias.<br />

32<br />

Por Sérgio Moriconi<br />

O<br />

escritor Ariano Suassuna disse<br />

certa vez que a radiosa experiência<br />

da vida já vem assombrada<br />

pela inexorável perspectiva da morte.<br />

N<strong>um</strong> mundo cada vez mais voltado para<br />

<strong>um</strong>a cultura “jovem”, ou para os jovens<br />

(que são aqueles que consomem ou ambicionam<br />

cons<strong>um</strong>ir), a morte, o envelhecimento,<br />

a doença, a degradação física são<br />

todos temas tabus. Conhecido por ser<br />

<strong>um</strong> diretor que gosta de afrontar o espectador<br />

com assuntos e abordagens incômodos<br />

– não é necessário lembrar aqui<br />

de Violência gratuita (Funny games/1997)<br />

–, o austríaco Michael Haneke desta vez<br />

escolheu <strong>um</strong>a inaudita perspectiva para a<br />

temática que dá título ao seu <strong>novo</strong> filme.<br />

Apesar de ter se inspirado n<strong>um</strong>a situação<br />

familiar, onde teve de testemunhar o sofrimento<br />

de <strong>um</strong>a pessoa que amava, a história<br />

que vemos se desenrolar na tela –<br />

Haneke garante – não tem nada a ver<br />

com o fato familiar mencionado.<br />

Vencedor da Palma de Ouro, do Globo<br />

de Ouro e indicado ao Oscar em cinco<br />

categorias (filme, filme estrangeiro, diretor,<br />

roteiro original e atriz), Amor é construído<br />

em “huis clos”, expressão francesa para<br />

obras cuja ação se passa entre quatro paredes.<br />

A escolha é mais do que adequada.<br />

No filme (o elenco inteiro está impecável),<br />

<strong>um</strong> casal de idosos, Georges (Jean-Louis<br />

Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) se<br />

vê constrangido a lidar com <strong>um</strong>a doença<br />

grave e degenerativa: Anne sofre <strong>um</strong>a anomalia<br />

cerebral e fica parcialmente paralisada.<br />

A partir desse momento, todas as situações<br />

que se seguem se passam dentro do<br />

apartamento. As únicas imagens de fora<br />

são apenas sugeridas pelas visitas da filha<br />

Eva (Isabelle Huppert) e de <strong>um</strong> dos alunos<br />

de piano de Anne, assim como de quadros<br />

fixados na parede de bucólicas paisagens<br />

desprovidas da presença h<strong>um</strong>ana. As paisagens<br />

são bucólicas, mas inquietantes.<br />

Carregadas nuvens negras parecem ameaçar<br />

a serenidade pastoril. A inquietude, especialmente<br />

a violência (aspecto importante<br />

na obra de Haneke), estão presentes<br />

também em minúsculos detalhes. Na fechadura<br />

da porta encontrada violentada<br />

quando Anne e George retornam de <strong>um</strong><br />

programa noturno, por exemplo.<br />

Os quadros são elementos dramáticos<br />

importantes. Eles não são vistos unicamente<br />

como peças decorativas do cenário.<br />

Surgem como planos longos depois<br />

que Georges estapeia Anne, no mo-


Fotos: divulgação<br />

mento em que ela permanece estática,<br />

sem reação, n<strong>um</strong>a de suas crises cerebrais.<br />

Os quadros fazem o filme respirar<br />

depois de <strong>um</strong>a cena tão dura. Haneke<br />

havia utilizado o mesmo procedimento<br />

por ocasião do primeiro ataque de Anne:<br />

planos longos do apartamento vazio são<br />

inseridos, fazendo as vezes de <strong>um</strong>a pontuação<br />

musical. A música em Amor c<strong>um</strong>pre<br />

<strong>um</strong> papel fundamental. Não só porque<br />

Anne é (ou foi) <strong>um</strong>a notável professora<br />

de piano. No início do filme, o casal<br />

protagonista assiste a <strong>um</strong> recital de <strong>um</strong><br />

dos alunos de Anne no célebre Théatre<br />

des Champs-Elysées, <strong>um</strong>a das mais nobres<br />

salas de concerto de Paris. A música<br />

também está presente através de alguns<br />

excertos de sonatas de Schubert, inseridos<br />

aqui e ali. O compositor, <strong>um</strong>a das<br />

paixões de Haneke, é conhecido pela melancolia<br />

de sua obra, especialmente as sonatas.<br />

Mas a música também está presente<br />

na estrutura mesma do filme. Amor está<br />

muito mais próximo da música do que<br />

da literatura e do teatro, sabidamente<br />

duas linguagens narrativas.<br />

Sutil, refinado, a excelência do filme<br />

está no controle dos tempos narrativos.<br />

Na duração dos planos, no jogo dramático,<br />

na forma como as personagens se<br />

movem no amplo apartamento do casal,<br />

situado n<strong>um</strong> bairro burguês de Paris. As<br />

filmagens foram realizadas em estúdio e<br />

reproduziram tal qual o apartamento da<br />

família de Haneke em Viena. Uma frivolidade?<br />

De forma nenh<strong>um</strong>a. O diretor<br />

confessou que o fato de a ação se<br />

passar n<strong>um</strong> local com as dimensões conhecidas<br />

como a palma de sua mão foi o<br />

que permitiu – já durante a escrita do<br />

roteiro – o controle absoluto dos mencionados<br />

tempos narrativos. A cena da<br />

torneira deixada aberta, cujo som ouvimos<br />

(fora de campo), à medida em que<br />

George se afasta da cozinha, é bem representativa<br />

do magistral trabalho de direção<br />

de Haneke.<br />

Georges e Anne são indivíduos cultos<br />

e sofisticados, oriundos de <strong>um</strong> meio burguês,<br />

assim como Haneke. O diretor preferiu<br />

falar de estrato social que conhece bem,<br />

embora esta não seja a única razão para tal<br />

escolha. Nas entrevistas concedidas durante<br />

o Festival de Cannes, arg<strong>um</strong>entou evitar<br />

a todo custo toda forma de “miserabilismo<br />

e sentimentalismo”. Com certeza, se a história<br />

se desenvolvesse no seio de <strong>um</strong>a família<br />

muito pobre, a personagem (ou <strong>um</strong>a<br />

pessoa qualquer) certamente seria encaminhada<br />

para <strong>um</strong> asilo de velhos ou coisa parecida.<br />

O drama vivido por Georges e Anne<br />

em Amor diz respeito a todas as pessoas.<br />

Todos nós, <strong>um</strong> dia (quando envelhecermos),<br />

vamos nos confrontar com situações<br />

semelhantes. Disso ninguém escapa,<br />

a não ser que viva como <strong>um</strong> avestruz. Amor<br />

não é <strong>um</strong> filme fácil de ser visto. “Tão<br />

difícil quanto a vida”, segundo Haneke.<br />

O diretor cost<strong>um</strong>a dizer que seus compatriotas<br />

(os austríacos) são <strong>um</strong>a “sociedade<br />

insensível e emocionalmente gelada”.<br />

Muitos podem considerar Amor cruel demais.<br />

Talvez o amor de Haneke esteja<br />

mais próximo do zelo e da dedicação. Mas<br />

esta é também <strong>um</strong>a interpretação insatisfatória<br />

e medíocre demais para todas as<br />

implicações que o filme propõe. A insólita<br />

perspectiva do amor em Haneke nos faz<br />

ver outra nuance e densidade do amor.<br />

Estamos longe, muito longe, de sua idealização<br />

romântica. Heneke chamou Trintignant<br />

e Emmanuelle Riva para os papéis<br />

protagonistas do seu filme. Trintignant<br />

estava sem filmar há nove anos por absoluta<br />

falta de convites. Riva, depois de Hiroxima,<br />

meu amor, de Resnais, foi completamente<br />

ignorada pela turma da nouvelle vague.<br />

Este não deixa de ser <strong>um</strong> ato de amor<br />

da parte de Haneke, não é mesmo? Por<br />

fim, é curioso voltar a ver Emmanuelle<br />

Riva retornar em grande estilo, n<strong>um</strong> filme<br />

em que a palavra amor está associada a<br />

<strong>um</strong> profundo drama h<strong>um</strong>ano.<br />

Amor (Amour)<br />

França/Alemanha/Áustria/2012, 127min.<br />

<strong>Roteiro</strong> e direção: Michael Haneke.<br />

Com Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle<br />

Riva, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud,<br />

William Shimell, Ramón Agirre, Rita Blanco,<br />

Carole Franck, Dinara Drukarova, Laurent<br />

Capelluto, Jean-Michel Monroc, Suzanne<br />

Schmidt, Damien Jouillero e Walid Afkir.<br />

Classificação indicativa: 14 anos.<br />

33


Ponto final<br />

Coincidência<br />

ou alerta?<br />

Silvestre Gorgulho *<br />

Desde 5 de dezembro de 2012 Brasília se tornou <strong>um</strong>a nave solta no espaço, pois lá se foi seu<br />

último cordão <strong>um</strong>bilical. Oscar Niemeyer, coordenador do concurso para escolha do projeto<br />

da construção da nova capital e seu principal artista-construtor, juntou-se aos amigos que, no<br />

final da década de 50, tiveram a missão de erguer Brasília, comandando a maior epopeia geopolítica<br />

brasileira dos últimos séculos.<br />

Lá, no andar de cima, Juscelino Kubitschek, Israel Pinheiro, Lucio Costa, Joaquim Cardoso, André<br />

Malraux e Le Corbusier devem ter feito <strong>um</strong>a festa, junto com Prestes, Jorge Amado, Athos Bulcão,<br />

Alfredo Cesquiatti, Bruno Giorgi, Portinari, Di Cavalcanti e tantos outros. Tenho certeza de que<br />

todos receberam Niemeyer com muitas palmas, depois da irreverente saudação de Darcy Ribeiro:<br />

– Oscar, não imaginava que você fosse tão duro na queda!<br />

O corpo de Oscar foi sepultado no dia 7 de dezembro. Nesse mesmo dia, há precisos 25 anos,<br />

a Unesco chancelou Brasília como Patrimônio Cultural da H<strong>um</strong>anidade. Coincidência de datas?<br />

Não sei. Aviso? Talvez. Alerta? Quem sabe? Não deixa de ser emblemático. Diante de <strong>um</strong> fato maior,<br />

que foi o enterro de seu maior criador, Brasília não comemorou os 25 anos como Patrimônio da<br />

H<strong>um</strong>anidade.<br />

Niemeyer foi o número 1 dos artistas-construtores de Brasília. Número 1 com justiça e mérito.<br />

Primeiro, porque ele próprio afastou a ideia de aceitar o convite de JK para fazer o projeto do<br />

Plano Piloto. Foi ele quem exigiu a convocação de <strong>um</strong> concurso nacional. Segundo, pela defesa<br />

contundente que fez do projeto de Lucio Costa, que corria sério risco. Eram 26 projetos<br />

apresentados no concurso, dos quais foram selecionados dez. O Plano Piloto de Lucio corria<br />

risco “porque era <strong>um</strong>a ideia e não <strong>um</strong> projeto”, no voto contra do arquiteto Paulo Antunes<br />

Ribeiro, representante do IAB-Instituto de Arquitetos do Brasil, apoiado pelo presidente<br />

da entidade, Ary Garcia Roza.<br />

Unanimidade não existe. Polêmicas acompanharam a vida e a obra de Oscar.<br />

E elas permanecerão frequentando sua biografia. Não há como fugir e nem como<br />

abafá-las n<strong>um</strong> homem de sua grandeza, de personalidade forte e cuja história está<br />

mergulhada em lutas políticas, defesa de princípios igualitários e fidelidade, até<br />

o fim, à doutrina comunista. Viveu mergulhado nessas polêmicas, sob críticas<br />

de que sua arquitetura é para se admirar e não para se usar. Ônus e bônus<br />

de viver intensamente por quase 105 anos.<br />

O certo é que de sua luta, de sua fantástica obra, de suas<br />

virtudes e de seus defeitos há muitas lições a tirar. Temos<br />

muito a aprender com Oscar.<br />

34<br />

* Jornalista, editor da Folha do Meio Ambiente,<br />

ex-Secretário de Cultura do Distrito Federal e <strong>um</strong><br />

dos mais próximos amigos de Oscar Niemeyer.


Se a gente naO Se mexer, a dengue tOma cOn ta .<br />

Mantenha a caixa d’água<br />

bem fechada e com<br />

<strong>um</strong>a tela no ladrão.<br />

Mantenha bem<br />

Mantenha as garrafas<br />

tampados tonéis por dentro com escova com a boca virada tudo que impeça a água ac<strong>um</strong>ulada<br />

Saiba como você pode ajudar no combate à dengue:<br />

e barris de água.<br />

Lave semanalmente<br />

e sabão os tanques de água.<br />

para baixo.<br />

Remova folhas, galhos e<br />

de correr pelas calhas.<br />

Não deixe água<br />

sobre a laje.<br />

a.<br />

analmente.<br />

Encha os pratinhos de<br />

vasos de plantas com<br />

areia até a borda.<br />

Elimine ou lave os<br />

pratinhos de plantas<br />

com escova, água<br />

e sabão <strong>um</strong>a<br />

vez por semana.<br />

Troque a água dos<br />

vasos de plantas<br />

aquáticas e lave-os<br />

com escova, água e<br />

sabão semanalmente.<br />

Coloque areia dentro<br />

dos cacos que possam<br />

ac<strong>um</strong>ular água.<br />

Coloque o lixo em<br />

sacos plásticos e<br />

mantenha a lixeira<br />

bem fechada.<br />

Feche bem os sacos<br />

de lixo e deixe-os fora<br />

do alcance de animais.<br />

O GDF já está fazendo a sua parte, com agentes de saúde que vão de casa em casa para orientar os moradores.<br />

Mas é fundamental que todos participem: evite água parada, acúmulo de lixo, receba os agentes e convoque<br />

seus vizinhos. Com apenas dez minutos da sua semana você faz tudo que precisa. Vista a camisa do combate<br />

à dengue para continuarmos vencendo essa luta.

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