Imagens e Contradições da Cidade: O lixo em foco - Mapa dos ...

quando recolhem nas ruas farta quantidade de material que
reprocessado, traz economia diminuindo, por exemplo, as árvores a
serem derrubadas com o objetivo de se fabricar papel. Sua
contribuição estende-se ao setor de limpeza urbana. Calcula-se que
esses mais de 2.000 papeleiros, recolhem um volume de papel
equivalente ao efetuado pela prefeitura municipal. Teoricamente, se
os catadores de papel pararem suas atividades, a prefeitura terá que
dobrar sua frota de veículos, inaugurar um novo “lixão” e ainda
dobrar seu quadro de funcionários no setor. 8
Com esse aumento do interesse pelo lixo, cresce a indústria da reciclagem de
maneira satisfatória para quem tem recursos para investir, e institui-se mais espaços
para o lixo na cidade. O Sr. Magid Cury 9 é um médio empresário nesse ramo e conta
que trabalha com a comercialização de materiais recicláveis desde 1965. Possui
formação na área de Direito, mas nunca advogou. Inicialmente, sua idéia era ter uma
indústria de transformação de metais, por isso, começou comprando materiais para a
indústria, mas os recursos necessários à fundição eram muito dispendiosos, com isso,
não levou o projeto adiante. Quando começou em 1963, ele tinha uma fábrica de
panelas, instalada no mesmo local. Mas, atualmente, lida somente com a compra e
revenda dos materiais, que são coletados, principalmente, por catadores de papel.
Ao ouvir o Sr. Magid explicar o funcionamento de seu negócio, não pude deixar
de pensar como esse é um universo de obscuras e interessantes relações. Buscar
desvendar o emaranhado que constitui o universo dessas relações é uma tentativa de
refletir sobre as articulações sociais que constituem historicamente o lugar do lixo na
cidade.
São diferentes os processos que envolvem o comércio de materiais recicláveis,
como explica o Sr. Magid. Para quem lida especificamente com o ferro velho, este já
não é mais tão interessante de se comercializar. 10 No que se refere aos outros materiais
recicláveis, o comércio mais lucrativo é o das latinhas de alumínio. Em seu depósito, o
Sr. Magid compra cerca de 100 toneladas por mês, que chegam por meio de seus