01.12.2014 Views

Agajan Antonio Andranick Der Bedrossian - Instituto de Ensino e ...

Agajan Antonio Andranick Der Bedrossian - Instituto de Ensino e ...

Agajan Antonio Andranick Der Bedrossian - Instituto de Ensino e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA<br />

UNIVERSIDAD DE LA SABANA<br />

INSTITUTO DE ENSINO E FOMENTO<br />

AGAJAN ANTONIO ANDRANICK DER BEDROSSIAN<br />

LUCIANA BASGAL PESSOA DER BEDROSSIAN<br />

NANCY BASGAL PESSOA<br />

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA SEXUALIDADE<br />

NA ADOLESCÊNCIA:<br />

INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />

PONTA GROSSA<br />

2006<br />

AGAJAN ANTONIO ANDRANICK DER BEDROSSIAN<br />

LUCIANA BASGAL PESSOA DER BEDROSSIAN<br />

NANCY BASGAL PESSOA


7<br />

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA SEXUALIDADE<br />

NA ADOLESCÊNCIA:<br />

INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />

Monografia apresentada para obtenção do título <strong>de</strong><br />

especialista em Desenvolvimento pessoal e<br />

Familiar, pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta<br />

Grossa / Universidad <strong>de</strong> La Sabana / IEF.<br />

Orientador: Prof. Sávio Ferreira <strong>de</strong> Souza<br />

PONTA GROSSA<br />

2006


“AMICUS PLATO, MAGIS AMICA VERITAS”.<br />

8


9<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho consta do estudo da sexualida<strong>de</strong> na adolescência com enfoque<br />

na iniciação sexual precoce. Enfatiza a formação e a educação do adolescente,<br />

frente à socieda<strong>de</strong> atual on<strong>de</strong> tanto o avanço tecnológico quanto a evolução dos<br />

costumes sofreram uma transformação vertiginosa, acarretando em uma significativa<br />

mudança <strong>de</strong> hábitos. Sendo a adolescência o período <strong>de</strong> transição entre a infância<br />

e a ida<strong>de</strong> adulta, torna-se urgente e necessária uma busca <strong>de</strong> correta informação e<br />

orientação direcionadas à formação a<strong>de</strong>quada do adolescente, tanto por parte dos<br />

pais, pedagogos e profissionais da saú<strong>de</strong>. Temas abordados como: ‗gravi<strong>de</strong>z na<br />

adolescência‘, ‗doenças sexualmente transmissíveis‘, e ‗<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns psíquicas‘ advêm<br />

<strong>de</strong> uma iniciação sexual precoce gerando riscos e danos, tanto ao jovem quanto à<br />

família. Tendo em vista que a sexualida<strong>de</strong> não é um bem em si mesmo, mas um<br />

bem da pessoa, a proposta é exortar a socieda<strong>de</strong> a uma profunda conscientização e<br />

reavaliação do conceito <strong>de</strong> abstinência sexual, principalmente como valor humano,<br />

entre outros procedimentos. O estudo é realizado através <strong>de</strong> ampla revisão da<br />

literatura, acrescido da casuística clínica dos autores médicos. Apresenta alguns dos<br />

fatores <strong>de</strong> risco e proteção para que um jovem tenha relacionamento sexual e quais<br />

as conseqüências que provêm <strong>de</strong> suas escolhas.


10<br />

SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO........................................................................ 6<br />

2 OBJETIVOS............................................................................ 11<br />

3 3 REFERENCIAL TEÓRICO E CONSIDERAÇÕES<br />

3.1 A ADOLESCÊNCIA E A PUBERDADE................................... 12<br />

3.1.1 A Adolescência ....................................................................... 12<br />

3.1.2 A Puberda<strong>de</strong> ........................................................................... 20<br />

3.2. FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA OS<br />

ADOLESCENTES.................................................................... 23<br />

3.2.1 Quando e por que os Adolescentes se Tornam<br />

Sexualmente Ativos................................................................ 23<br />

3.2.2 Fatores <strong>de</strong> Risco mais Comuns.............................................. 28<br />

3.2.3 Fatores <strong>de</strong> Proteção mais Comuns......................................... 30<br />

3.3 A SEXUALIDADE MASCULINA E FEMININA........................ 32<br />

3.4 A FINALIDADE DO ATO SEXUAL.......................................... 34<br />

3.5 A REVOLUÇÃO SEXUAL....................................................... 41<br />

3.6 A EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE........................................ 48<br />

3.6.1 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> na Família................................. 53<br />

3.6.2 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> na Escola.................................. 62<br />

3.6.3 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> e o Papel do Médico................. 64<br />

3.6.4 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> e o Po<strong>de</strong>r Público...................... 67<br />

3.6.5. As Virtu<strong>de</strong>s da Sexualida<strong>de</strong> Humana..................................... 76<br />

3.6.5.1 A Generosida<strong>de</strong>...................................................................... 77<br />

3.6.5.2 A Prudência............................................................................. 77<br />

3.6.5.3 A Castida<strong>de</strong>............................................................................. 78<br />

3.6.5.4 A Temperança......................................................................... 81<br />

3.6.5.5 O Pudor................................................................................... 82<br />

3.6.5.6 A Fortaleza.............................................................................. 83<br />

3.6.5.7 O Respeito.............................................................................. 83<br />

3.6.5.8 A Lealda<strong>de</strong>.............................................................................. 84<br />

3.7 A RELAÇÃO MÍDIA, SEXUALIDADE E FAMÍLIA................... 84<br />

3.8 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA INICIAÇÃO SEXUAL<br />

PRECOCE.............................................................................. 91<br />

3.9. AS CONSEQÜÊNCIAS DA INICIAÇÃO SEXUAL


11<br />

PRECOCE.............................................................................. 100<br />

3.9.1 Conseqüências Físicas........................................................... 101<br />

3.9.1.1 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)........................ 101<br />

3.9.1.2 Infertilida<strong>de</strong>.............................................................................. 113<br />

3.9.2. Conseqüências Biológicas, Psicológicas e Sociais................ 114<br />

3.9.2.1 Gravi<strong>de</strong>z Precoce e fora do Casamento................................. 114<br />

3.9.2.2 Conseqüências Sociais........................................................... 120<br />

3.9.2.3 Conseqüências Psicológicas e Éticas..................................... 122<br />

4 CASOS CLÍNICOS................................................................. 124<br />

5 CONCLUSÃO......................................................................... 131<br />

6 OUTRAS CONSIDERAÇÕES................................................ 138<br />

REFERÊNCIAS................................................................................... 141<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Vivemos numa época <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas extraordinárias no campo das<br />

Ciências e da Tecnologia e, simultaneamente, numa época <strong>de</strong> <strong>de</strong>sorientação do<br />

comportamento social, numa escala que mal se po<strong>de</strong>ria imaginar a uns anos atrás.<br />

Uma <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>sorientações está especial e manifestadamente relacionada com a<br />

sexualida<strong>de</strong> humana 1 .<br />

Apesar <strong>de</strong> todo <strong>de</strong>senvolvimento sociocultural e tecnológico ocorrido no<br />

século XX, informações relacionadas aos aspectos <strong>de</strong> crescimento e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento biopsicossocial e sexual, tão necessárias à construção da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicossocial, não têm alcançado <strong>de</strong> forma ampla e a<strong>de</strong>quada a maior<br />

parte dos adolescentes, ocasionando entre estes altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação<br />

sobre diferentes aspectos 2,3,4 .


12<br />

No documento <strong>de</strong> fundação da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) <strong>de</strong> 7<br />

<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1948, a saú<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>finida como sendo um estado <strong>de</strong> completo bem estar<br />

físico, mental e social, e não apenas a ausência <strong>de</strong> doença ou enfermida<strong>de</strong> 5 . A<br />

partir daí <strong>de</strong>duz-se que a sexualida<strong>de</strong> humana está relacionada à saú<strong>de</strong> por um elo<br />

mais forte do que simplesmente as suas características biológicas.<br />

Os jovens brasileiros estão passando por uma mudança <strong>de</strong> hábitos<br />

significativa. Hoje os jovens começam a vida sexual ativa mais cedo e têm maior<br />

número <strong>de</strong> parceiros 6 .<br />

De maneira geral, o adolescente não recebe na família informações que<br />

envolvam a saú<strong>de</strong> como um todo e a sexualida<strong>de</strong> em particular e, quando tem<br />

acesso, essas informações são muitas vezes limitadas e ina<strong>de</strong>quadas, provenientes<br />

<strong>de</strong> amigos ou outras pessoas pouco preparadas para essa função. Neste campo do<br />

conhecimento, a maior parte das informações disseminadas diz respeito ao uso <strong>de</strong><br />

preservativos para prevenção <strong>de</strong> Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)<br />

<strong>de</strong>ntre as quais a AIDS ou SIDA (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida).<br />

Entretanto, o mecanismo <strong>de</strong> funcionamento do corpo relacionado à puberda<strong>de</strong>,<br />

maturação sexual, vivências e conflitos <strong>de</strong>correntes do crescimento e da<br />

sexualida<strong>de</strong>, com efeito, pouco é abordado 7,8,9,10 .<br />

Há três epi<strong>de</strong>mias que nos foram legadas pelo recente final do século: a<br />

AIDS, um problema gravíssimo; as drogas, uma epi<strong>de</strong>mia juvenil igualmente<br />

contagiosa; e, em terceiro lugar as rupturas conjugais 11 .<br />

O interesse pelo tema da sexualida<strong>de</strong> humana surgiu após observações<br />

feitas em consultas médicas especializadas, pelos autores <strong>de</strong>ste trabalho, on<strong>de</strong> se<br />

observou que o início cada vez mais precoce da ativida<strong>de</strong> sexual traz consigo uma


13<br />

gama <strong>de</strong> problemas que <strong>de</strong> outro modo não existiriam, como por exemplo a gravi<strong>de</strong>z<br />

na adolescência.<br />

Embora o termo ―ativida<strong>de</strong> sexual‖ tenha uma abrangência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um beijo<br />

entre enamorados, no presente estudo é utilizado como sendo uma experiência<br />

sexual com copulação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se exclusivamente os aspectos fisiológicos da mulher, a ida<strong>de</strong><br />

mínima i<strong>de</strong>al para a mulher engravidar é <strong>de</strong> quatro a sete anos após a primeira<br />

menstruação 12 , ou seja, <strong>de</strong> 16 a 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando-se a ida<strong>de</strong> média<br />

da primeira menstruação em 12 anos. Quanto mais nova for a mãe, maior é o risco<br />

<strong>de</strong> ocorrer algum problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ligado a sua gravi<strong>de</strong>z. Postergando a primeira<br />

gestação para mais tar<strong>de</strong>, após os 20 anos, diminuem-se substancialmente os riscos<br />

inerentes à gravi<strong>de</strong>z 13,31 . Alguns autores são enfáticos ao afirmar que a ida<strong>de</strong><br />

mínima i<strong>de</strong>al para o a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sempenho reprodutivo é <strong>de</strong> 16 anos 31 .<br />

Os problemas ou <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns da ativida<strong>de</strong> sexual precoce são citados<br />

freqüentemente na literatura médica e serão referenciados no <strong>de</strong>correr do trabalho.<br />

Apresentam-se, a seguir, resumidamente, cinco grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

correlacionadas:<br />

a) físicas: DST, infertilida<strong>de</strong> conjugal e câncer <strong>de</strong> colo uterino;<br />

b) sócio-econômicas: gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada; gravi<strong>de</strong>z precoce; formação <strong>de</strong><br />

núcleos familiares mal estruturados, tais como lares mono parentais e a<br />

inversão da posição <strong>de</strong> avós que assumem o papel reservado aos pais;<br />

empobrecimento econômico da família; diminuição das perspectivas<br />

sociais dos pais, mormente da mãe e evasão escolar;<br />

c) psíquicas: sentimento <strong>de</strong> culpa, compulsão sexual e outros distúrbios da<br />

sexualida<strong>de</strong>;


14<br />

d) familiares: a formação <strong>de</strong> um novo núcleo familiar on<strong>de</strong> o casamento<br />

muitas vezes foi a única solução encontrada para uma gestação<br />

in<strong>de</strong>sejada está correlacionada ao maior número <strong>de</strong> separações 14,15, 46 .<br />

Quando os adolescentes coabitam antes <strong>de</strong> se casarem (ainda que não<br />

haja uma gestação envolvida), apresentam um maior número <strong>de</strong><br />

separações e divórcios, possivelmente <strong>de</strong>vido a um menor sentimento <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> na manutenção da união e maior tendência ao<br />

individualismo 16,17,18 . Casamentos ou coabitações precoces motivados<br />

pela gravi<strong>de</strong>z igualmente têm levado a um maior número <strong>de</strong> separações.<br />

A taxa <strong>de</strong> uniões contraídas antes dos 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e que terminam<br />

em separação é 3 a 4 vezes maior que nas uniões contraídas após os 20<br />

anos 19 . A gravi<strong>de</strong>z e/ou casamento precoce <strong>de</strong>bilitam as chances <strong>de</strong><br />

uma estabilida<strong>de</strong> conjugal. Estudos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, no Brasil,<br />

<strong>de</strong>monstraram que 44% das mães adolescentes, três anos após o<br />

casamento, não mais residiam com o marido, enquanto três quartos <strong>de</strong><br />

suas colegas <strong>de</strong> classe, que postergavam a gravi<strong>de</strong>z e o casamento<br />

para ida<strong>de</strong>s mais elevadas, permaneciam unidas. A fonte <strong>de</strong><br />

instabilida<strong>de</strong> conjugal repousa mais no casamento precoce do que na<br />

própria gravi<strong>de</strong>z. Essas jovens que se separam ou divorciam, também<br />

têm menos chances futuras <strong>de</strong> uma nova união sólida e duradoura 31 .<br />

e) éticas 1 : maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> provocar um aborto, transmissão ao<br />

cônjuge <strong>de</strong> uma DST outrora incubada ou latente, inclusive po<strong>de</strong>ndo isto<br />

fugir ao conhecimento do próprio portador.<br />

1 Chama-se Ética a área da Filosofia que estuda os valores morais. Reflete sobre o bem e o mal, o<br />

que é certo ou errado. A partir <strong>de</strong> Sócrates (469 a.C-399 a.C.), a Filosofia, que antes estudava a<br />

natureza, passa a se ocupar <strong>de</strong> problemas relativos ao valor da vida. O primeiro a organizar essas<br />

questões é o filósofo grego Aristóteles (384 a.C-322 a.C.). Em sua obra, entre outros pontos,


15<br />

Por outro lado, observa-se que, a política adotada em nosso país para o<br />

combate das conseqüências da sexualida<strong>de</strong> precoce, como a distribuição <strong>de</strong><br />

preservativos, anticoncepcionais e informação sexual dos jovens, não tem resultado<br />

em redução dos problemas 10,20 . O que se tem observado, pelo contrário, é o início<br />

cada vez mais precoce da ativida<strong>de</strong> sexual entre os jovens em nosso meio 21 .<br />

A análise dos aspectos biológicos, antropológicos e psicológicos a respeito<br />

da sexualida<strong>de</strong>, com abertura e naturalida<strong>de</strong>, sem falsos preconceitos, po<strong>de</strong><br />

possibilitar uma nova forma <strong>de</strong> enfoque do ancestral conceito <strong>de</strong> sexo e sexualida<strong>de</strong>.<br />

Este trabalho procura fornecer subsídios para uma reavaliação dos<br />

programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> familiares, educacionais e públicos sobre a sexualida<strong>de</strong><br />

humana, que atualmente estão principalmente centrados na prevenção <strong>de</strong> DST /<br />

AIDS, gravi<strong>de</strong>z na adolescência e distúrbios da sexualida<strong>de</strong>, e assim diminuir as<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns supracitadas.<br />

Foi utilizado, como método <strong>de</strong> pesquisa, essencialmente a revisão<br />

bibliográfica a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a influência que a sexualida<strong>de</strong> tem no bem estar<br />

físico, mental e social do adolescente. Este estudo traz uma sucinta <strong>de</strong>scrição sobre<br />

adolescência e puberda<strong>de</strong>. Aborda os principais fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteção para<br />

os adolescentes; analisa quando e por que os adolescentes se tornam sexualmente<br />

ativos; examina características sexuais masculinas e femininas e a finalida<strong>de</strong> do ato<br />

sexual. Faz uma narração histórica da revolução sexual, trazendo à tona questões<br />

que vem influenciando o comportamento sexual e a educação da sexualida<strong>de</strong>.<br />

Reflete a relação que há entre a mídia, a sexualida<strong>de</strong> e a família, assim como as<br />

principais causas e conseqüências da iniciação sexual precoce, tais como doenças<br />

<strong>de</strong>stacam-se os estudos da relação entre a ética individual e a social, e entre a vida teórica e a<br />

prática. (MANCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo: Edições<br />

Loyola, 2003. p. 260-261.). Ética é a disciplina filosófica que tem por objeto <strong>de</strong> estudo os julgamentos<br />

<strong>de</strong> valor na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal (Língua<br />

Portuguesa On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 fev. 2006.)


16<br />

sexualmente transmissíveis e gravi<strong>de</strong>z na adolescência. Pon<strong>de</strong>ra sobre uma<br />

a<strong>de</strong>quada educação da sexualida<strong>de</strong>, nos contextos familiares, escolares, médicos e<br />

atuação do po<strong>de</strong>r público. Conjuntamente foram inseridas discussões sobre os<br />

temas abordados, baseados nas experiências clínicas dos autores.


17<br />

2 OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS<br />

Como objetivo geral o presente trabalho almeja contribuir com o estudo<br />

sobre a sexualida<strong>de</strong> humana, enfocada no adolescente e seu contexto psicológico e<br />

social.<br />

Como objetivo específico, preten<strong>de</strong> ajudar a fazer um diagnóstico da atual<br />

situação, estabelecer as relações <strong>de</strong> causa e efeito na sexualida<strong>de</strong> dos jovens, mais<br />

especificamente pon<strong>de</strong>rar sobre algumas questões:<br />

a) os fatores que fazem com que um adolescente <strong>de</strong>cida iniciar ativida<strong>de</strong>s<br />

sexuais;<br />

b) a influência do ambiente nesta importante <strong>de</strong>cisão;<br />

c) o risco inerente ao início precoce da ativida<strong>de</strong> sexual;<br />

d) a ida<strong>de</strong> média on<strong>de</strong> o adolescente dá início a sua vida sexual;<br />

e) o manejo das questões relacionadas à sexualida<strong>de</strong> pelas esferas do<br />

po<strong>de</strong>r público;<br />

f) aspectos positivos e concretos que possam ser aplicados para ajudar o<br />

adolescente a aguardar mais tempo antes <strong>de</strong> começar a ativida<strong>de</strong><br />

sexual;<br />

g) prestar auxílio na formação dos pais, professores e profissionais <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> para promover a educação dos jovens com relação à sexualida<strong>de</strong>;


18<br />

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONSIDERAÇÕES<br />

Os costumes atuais já não seguem as normas tradicionais, on<strong>de</strong> as relações<br />

sexuais estão <strong>de</strong>stinadas a consumar um amor estável <strong>de</strong>ntro do matrimônio, do<br />

qual po<strong>de</strong>rão vir os filhos, criados e educados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse âmbito familiar.<br />

Atualmente é cada vez maior o número <strong>de</strong> jovens que começam a ter relações<br />

sexuais antes do matrimônio, sendo que muitos dos quais não se casam, e mantêm<br />

relações eventuais e transitórias. As moças e os rapazes com freqüência <strong>de</strong>ixam-se<br />

levar pelos seus impulsos, sentimentos e não raro pela pressão do meio ambiente,<br />

não obstante algumas vezes não tenham um <strong>de</strong>sejo claro <strong>de</strong> ter um relacionamento<br />

sexual nesse momento.<br />

Na seqüência serão apresentadas características clínicas, fisiológicas e<br />

psicológicas da sexualida<strong>de</strong> humana, com ênfase nos adolescentes.<br />

3.1 A ADOLESCÊNCIA E A PUBERDADE<br />

3.1.1 A Adolescência<br />

A palavra adolescência vem do latim ―adolescere‖ que significa ―tornar–se<br />

homem ou mulher‖ ou ―crescer na maturida<strong>de</strong>‖ 22 .<br />

Em muitas socieda<strong>de</strong>s são comuns rituais <strong>de</strong> passagem da infância para a<br />

fase adulta. Estes ritos po<strong>de</strong>m incluir benções religiosas, separação da família,<br />

testes severos <strong>de</strong> força e resistência, marcar o corpo <strong>de</strong> alguma maneira ou atos <strong>de</strong><br />

magia. Nas socieda<strong>de</strong>s industriais mo<strong>de</strong>rnas, a passagem para a ida<strong>de</strong> adulta<br />

geralmente é menos abrupta e menos claramente <strong>de</strong>finida. Essas socieda<strong>de</strong>s


19<br />

reconhecem um período longo <strong>de</strong> transição conhecido como adolescência 23 .<br />

Somente a partir do final do século XIX a adolescência foi vista como uma etapa<br />

distinta do <strong>de</strong>senvolvimento humano 22 .<br />

A adolescência é um período <strong>de</strong> vida que merece atenção, pois po<strong>de</strong><br />

resultar em problemas futuros para o <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo. Para<br />

compreen<strong>de</strong>r como a adolescência po<strong>de</strong> favorecer o aparecimento <strong>de</strong> problemas<br />

como a gravi<strong>de</strong>z precoce, o alcoolismo, abuso <strong>de</strong> drogas, entre outros 23 , é<br />

necessário uma breve revisão sobre este período.<br />

O adolescente, como os adultos, traça a sua própria história a partir <strong>de</strong> uma<br />

interação consigo mesmo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua intimida<strong>de</strong>, com os outros seres humanos<br />

através da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação e com o ambiente 24 .<br />

Atualmente, a adolescência se caracteriza como uma fase intermediária que<br />

ocorre entre a infância e a ida<strong>de</strong> adulta, na qual há muitas transformações tanto<br />

físicas como psicológicas, possibilitando o surgimento <strong>de</strong> comportamentos<br />

irreverentes e <strong>de</strong>safiantes com os outros, o questionamento dos mo<strong>de</strong>los e padrões<br />

infantis que são necessários ao próprio crescimento 22 .<br />

Geralmente consi<strong>de</strong>ra-se que a adolescência tem início na puberda<strong>de</strong> 23 . A<br />

adolescência é uma fase da vida, da mesma forma que a infância, juventu<strong>de</strong>,<br />

maturida<strong>de</strong> e senilida<strong>de</strong> 25 . É uma época animadora, on<strong>de</strong> tudo parece possível 26 .<br />

Adolescência é o período <strong>de</strong> transição entre a infância e a ida<strong>de</strong> adulta,<br />

caracterizada por intenso crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento, que se manifesta por<br />

marcantes transformações anatômicas, fisiológicas, mentais e sociais<br />

28 . O<br />

adolescente está numa época que busca para si privacida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

melhor sua intimida<strong>de</strong> 20 .


20<br />

As modificações corporais que ocorrem na adolescência fazem com que o<br />

adolescente se preocupe muito com o seu corpo e se torne muito cioso <strong>de</strong>le 27 .<br />

Segundo o relatório da OMS <strong>de</strong> 1975, a adolescência correspon<strong>de</strong> ao<br />

período da vida situado entre 10 e 19 anos dividida em 2 subperíodos: 10 a 14 anos<br />

e 15 a 19 anos 28 . Eles representam, no Brasil, cerca <strong>de</strong> 20% da população, ou seja,<br />

aproximadamente um quinto dos brasileiros. Já para outros autores, a adolescência<br />

se esten<strong>de</strong> até os 20 anos 29 . Mas nem sempre é tão simples <strong>de</strong>terminar o início ou<br />

o fim da adolescência. A maturida<strong>de</strong> emocional po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> realizações como<br />

a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pendência dos pais, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> valores e formação <strong>de</strong> relacionamentos. Algumas pessoas nunca <strong>de</strong>ixam<br />

a adolescência, não importando a sua ida<strong>de</strong> cronológica 23 .<br />

O termo adolescência refere-se mais diretamente ao aspecto psíquico <strong>de</strong>ste<br />

período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano, particularmente crítico quanto à <strong>de</strong>finição da<br />

função específica do sexo, ao estabelecer da própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e à <strong>de</strong>terminação da<br />

profissão, dos valores, da i<strong>de</strong>ologia e do estilo <strong>de</strong> vida 23,25 .<br />

Os adolescentes apresentam características biológicas, psicológicas, sociais<br />

e espirituais próprias. Não são ―diferentes‖ ou ―estranhos‖ mas sim, vivem um<br />

momento <strong>de</strong> vida com necessida<strong>de</strong>s especiais pela rapi<strong>de</strong>z das mudanças que<br />

sofrem. O adolescente <strong>de</strong>scobre, pela primeira vez, que é um ser diferente dos<br />

outros. Nessa fase da vida, torna-se possível a <strong>de</strong>scoberta dos seres (da própria<br />

pessoa e dos outros) e a ampliação do horizonte individual 30 .<br />

Um dos gran<strong>de</strong>s paradoxos da adolescência é o conflito entre o anseio do<br />

jovem <strong>de</strong> afirmar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única e um <strong>de</strong>sejo irresistível <strong>de</strong> ser exatamente<br />

como seus amigos ou amigas. Para a maioria <strong>de</strong>les, qualquer coisa que distinga o<br />

adolescente da multidão po<strong>de</strong> ser perturbador 23 .


21<br />

Na adolescência, não só a sexualida<strong>de</strong> está se <strong>de</strong>senvolvendo, mas todo o<br />

organismo, principalmente a maneira <strong>de</strong> pensar, sentir e refletir. O ser humano é<br />

uma peça só. Deve crescer harmoniosamente em seu conjunto 23 . Essas mudanças<br />

pelas quais passam os adolescentes, trazem interferências e injunções específicas a<br />

um organismo em crise <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, evi<strong>de</strong>nciando a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual, que<br />

é o ponto <strong>de</strong> convergência das transformações biológicas e psicológicas que<br />

sustentam o processo <strong>de</strong> adolescer 31 .<br />

São as mudanças que ocorrem na forma <strong>de</strong> ser, muito mais sutis e sem<br />

<strong>de</strong>terminações precisas. Existem pessoas <strong>de</strong> vinte, trinta ou mesmo quarenta anos<br />

que continuam <strong>de</strong>monstrando características particulares dos adolescentes. São<br />

pessoas que ainda não encontraram as suas próprias respostas às chamadas<br />

questões vitais, que não <strong>de</strong>scobriram ainda o sentido <strong>de</strong> suas vidas e não<br />

conseguiram elaborar ainda o seu projeto <strong>de</strong> vida. Mudam <strong>de</strong> profissão, <strong>de</strong> trabalho,<br />

<strong>de</strong> temperamento, <strong>de</strong> humor, <strong>de</strong> afetos. São pessoas instáveis, querendo que o<br />

mundo e as pessoas girem em torno <strong>de</strong>las 32 .<br />

Na adolescência, os jovens expressam a dois a sua sexualida<strong>de</strong>, e passam<br />

a compartilhá-la na forma da amiza<strong>de</strong> e do conhecimento do outro 20 .<br />

Durante a adolescência o pensamento do jovem muda à medida que<br />

<strong>de</strong>senvolve a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com abstrações 23 .<br />

Os adolescentes estão no limiar do amor, da vida profissional e da<br />

participação na socieda<strong>de</strong> adulta. Eles estão conhecendo as pessoas mais<br />

interessantes do mundo: eles mesmos. Contudo, a adolescência também é uma<br />

época <strong>de</strong> riscos, quando alguns jovens adotam comportamentos que restringem<br />

suas opções e limitam suas possibilida<strong>de</strong>s 26 .


22<br />

Freqüentemente, as meninas se <strong>de</strong>senvolvem mais precocemente do que os<br />

meninos e passam a procurar garotos mais velhos, o que em geral preocupa um<br />

pouco os pais. E os garotos, que, até então, faziam parte dos bate-papos da turma,<br />

são passados para trás, levando para casa certa frustração 33 .<br />

No Brasil a adolescência possui diferentes configurações, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

classe social em que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é<br />

entendida como um período <strong>de</strong> experimentação sem gran<strong>de</strong>s conseqüências<br />

emocionais, econômicas e sociais; o adolescente não assume responsabilida<strong>de</strong>s,<br />

pois se <strong>de</strong>dica apenas aos estudos, sendo essa a sua via <strong>de</strong> acesso ao mundo<br />

adulto. Enquanto nas classes mais baixas os riscos do experimentar, tentar e viver<br />

novas experiências são maiores e não há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar somente aos<br />

estudos, tornando a adolescência, simplesmente, um período que antece<strong>de</strong>rá a<br />

constituição da própria família 22 .<br />

As mudanças físicas, pelas quais passa, ocorrem <strong>de</strong>vido ao aumento da<br />

produção hormonal neste período, o que po<strong>de</strong> provocar uma alteração das<br />

emoções, portanto, explicando a perda <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sequilíbrio psicológico do<br />

adolescente 22 .<br />

O adolescente está passando por transformações anatômicas, fisiológicas,<br />

psicológicas e <strong>de</strong> comportamento social, como nunca mais irá ocorrer. A voz alterase,<br />

surge a acne na pele, os braços parecem <strong>de</strong>scontrolados, o apetite aumenta e<br />

as meninas, não querendo engordar, fazem sacrifícios enormes. Sentem-se<br />

pesados, moles e irritados, reclamões, contrariados e perseguidos 33 .<br />

No entanto, para a análise do comportamento, essa alteração das emoções<br />

no adolescente po<strong>de</strong> ser explicada através do papel do ambiente em sua vida, ou<br />

seja, seus comportamentos po<strong>de</strong>m ser frutos <strong>de</strong> uma interação com um ambiente


23<br />

punitivo que não possibilita o aumento e a a<strong>de</strong>quação do seu repertório<br />

comportamental. Muitos <strong>de</strong>stes comportamentos são esquivos <strong>de</strong> um ambiente<br />

aversivo. Os problemas do adolescente estão em sua relação com o mundo 22 .<br />

Esta postura é compartilhada com a teoria da aprendizagem social que<br />

também acredita que o comportamento é primeiramente <strong>de</strong>terminado pelos fatores<br />

sociais e ambientais, operando com o contexto situacional particular 22 .<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente as modificações biológicas são importantes, mas o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento psicológico dos adolescentes é mais <strong>de</strong>terminado pelo ambiente<br />

sócio-cultural em que vivem 22 , portanto este é o foco da análise do comportamento.<br />

A maior contribuição das mudanças biológicas, do ponto <strong>de</strong> vista cultural, é a<br />

transformação do estado não reprodutivo ao reprodutivo, pois o amadurecimento do<br />

sistema reprodutivo impõe os limites para cada sexo; neste contexto, surge a<br />

sexualida<strong>de</strong> na adolescência; sendo esta temática <strong>de</strong> relevância mundial, pois tanto<br />

dificulda<strong>de</strong>s como <strong>de</strong>safios que aparecem aos adolescentes ocorrem<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da diversida<strong>de</strong> cultural, étnica e social 22 .<br />

Acompanhando as alterações hormonais, o comportamento sexual do<br />

adolescente é um produto <strong>de</strong> fatores culturais presentes no ambiente, que cada vez<br />

mais erotiza 2 as relações sociais 22 .<br />

Existem algumas características que são próprias dos adolescentes:<br />

a) o adolescente é um ―vir a ser‖, ou seja, não é mais criança e ainda não é<br />

um adulto. Fica entre duas ―ca<strong>de</strong>iras‖ e isso o <strong>de</strong>ixa muitas vezes em<br />

uma posição <strong>de</strong>sconfortável 30 ;<br />

2 Erotismo: amor sensual, lúbrico; amor físico, prazer e <strong>de</strong>sejo sexual distintos da procriação;<br />

exaltação <strong>de</strong> tudo o que é referente ao <strong>de</strong>sejo sexual; paixão amorosa (Língua Portuguesa On-Line.<br />

Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 fev. 2006.).


24<br />

b) o adolescente passa por inúmeras e rápidas mudanças, tanto<br />

biologicamente com aumento <strong>de</strong> peso, altura, força física, capacida<strong>de</strong><br />

mental, como também em sua forma <strong>de</strong> ser. Tem consciência <strong>de</strong> que<br />

está crescendo e mudando, compara-se aos outros, mas não gosta <strong>de</strong><br />

ser comparado. Espera ser exigido, mas muitas vezes <strong>de</strong>monstra o<br />

contrário 30 ;<br />

c) o adolescente é alguém que interroga e se interroga. Encanta-se e às<br />

vezes assusta-se com aquilo <strong>de</strong> que já é capaz. Por esse motivo, sentese<br />

e manifesta-se ao mesmo tempo tímido e audaz. Em conseqüência,<br />

às vezes é ousado, irreverente, solidário, sonhador, generoso, curioso e<br />

outras vezes rebel<strong>de</strong> e agressivo, duas manifestações do medo.<br />

Experimenta, ao mesmo tempo, tristezas e alegrias, bom e mau humor,<br />

sensação <strong>de</strong> onipotência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo, inquietações e agressivida<strong>de</strong>,<br />

energia e preguiça, urgência e <strong>de</strong>smazelo, amor e raiva, curiosida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> experimentar, medo e audácia 30 .<br />

A adolescência tipicamente não traz gran<strong>de</strong>s oscilações emocionais, embora<br />

o mau humor realmente aumente à medida que os meninos e meninas passam por<br />

esse período 26 .<br />

De todos esses aspectos contraditórios, po<strong>de</strong>rá ser visto que o traço<br />

predominante é positivo: quase sempre são profundamente sequiosos do bem e do<br />

belo e têm autêntico ―sangue <strong>de</strong> herói‖ 30 .<br />

A partir <strong>de</strong>ssas características, resumem-se as necessida<strong>de</strong>s mais<br />

prementes e evi<strong>de</strong>nciáveis num adolescente da seguinte forma:<br />

a) <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser ele mesmo: há uma busca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal 30 ;


25<br />

b) <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> estar consigo mesmo: precisa estar só, conhecer-se melhor e<br />

olhar para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo 30 ;<br />

c) valer-se por si mesmo 30 ;<br />

d) po<strong>de</strong>r escolher e <strong>de</strong>cidir 30 ;<br />

e) ter êxito: esse <strong>de</strong>sejo manifesta-se por uma confiança às vezes<br />

excessiva nas suas capacida<strong>de</strong>s e uma falta completa <strong>de</strong> senso à hora<br />

<strong>de</strong> avaliar quanto custam às realizações humanas 30 ;<br />

f) assim como os adultos, os adolescentes têm uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sentido, uma razão para viver 94 ;<br />

g) o adolescente quer amar e ser amado: só o amor realiza a plenitu<strong>de</strong> da<br />

existência, que almeja e busca sempre a aceitação 30 .<br />

O <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>sta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar e ser amado é a principal<br />

característica da adolescência, por isso tem <strong>de</strong> ser orientada e monitorada com<br />

especial cuidado. Se tudo correr bem, protegida pela castida<strong>de</strong> e pela pureza, a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar <strong>de</strong>sabrochará numa belíssima maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração,<br />

generosa e aberta às gran<strong>de</strong>s doações. Se correr mal, porém, produzirá<br />

personalida<strong>de</strong>s egoístas e <strong>de</strong>formadas, incapazes <strong>de</strong> dar-se, e talvez pelo resto da<br />

sua vida 30 .<br />

―O homem tem o direito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver como homem, e a mulher, como<br />

mulher, sem dar espaço a mimetismos que produzem crises <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

complexos psicológicos e problemas sociais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> transcendência‖ 34 .


26<br />

3.1.2 A Puberda<strong>de</strong><br />

A puberda<strong>de</strong> não coexiste exatamente com a adolescência: é antes uma das<br />

manifestações <strong>de</strong>la 35 . Ao contrário da adolescência, que para alguns parece não ter<br />

fim, a puberda<strong>de</strong> tem pontos mais claros. Ocorre geralmente entre os oito e os treze<br />

anos nas meninas, e entre os nove e os quatorze anos nos meninos 36 .<br />

A puberda<strong>de</strong> é o período fisiológico <strong>de</strong> transição entre a infância e a ida<strong>de</strong><br />

adulta. É a fase que correspon<strong>de</strong> a uma evolução mais ou menos seqüencial X37 ,<br />

durante a qual os caracteres sexuais secundários aparecem, o estirão puberal<br />

ocorre, e profundas mudanças psicológicas acontecem. Ao final <strong>de</strong>ssa fase o<br />

indivíduo está fisiologicamente apto para a reprodução 36,38,39 .<br />

A puberda<strong>de</strong> começa quando a glândula hipófise na base do cérebro envia<br />

uma mensagem para as glândulas sexuais para aumentar a secreção <strong>de</strong> hormônios<br />

<strong>de</strong>stas 23 .<br />

O mecanismo neuro-endócrino responsável pelo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da<br />

puberda<strong>de</strong> não está totalmente esclarecido, mas evidências sugerem que<br />

aminoácidos com ações inibidoras ou estimuladoras estão envolvidos no processo.<br />

Acredita-se que o glutamato apresenta um papel facilitador, enquanto o ácido gamaamino-butírico<br />

(GABA) exerce uma ação inibidora. O fator <strong>de</strong> crescimento<br />

transformante α (TGF α, transforming growth factor) e as IGFs (insulin-like growth<br />

factors) também teriam um papel regulador da puberda<strong>de</strong> 38,39 .<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento puberal é acompanhado <strong>de</strong> aceleração da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crescimento, o chamado estirão da puberda<strong>de</strong>, ao qual se segue um período <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saceleração e, finalmente, a parada do crescimento resultante do fechamento das<br />

epífises ósseas 3 . Durante a puberda<strong>de</strong>, o ganho estatural passa <strong>de</strong> 5,3 a 7,0 cm<br />

3 Estrutura normalmente situada nas extremida<strong>de</strong>s dos ossos longos, responsável pelo crescimento<br />

ósseo.


27<br />

nas meninas e 5,0 a 7,5 cm nos meninos, no momento do pico <strong>de</strong> crescimento 40 ,<br />

que ocorre em torno <strong>de</strong> 12 e 14 anos nos sexos feminino e masculino,<br />

respectivamente. O número total <strong>de</strong> centímetros ganhos durante a puberda<strong>de</strong> é em<br />

média, <strong>de</strong> 25,3 ± 4,1 cm nas meninas e 27,6 ± 3,6 cm nos meninos. Isso representa,<br />

aproximadamente, 16% da estatura adulta 41 .<br />

Durante a puberda<strong>de</strong>, eleva-se a secreção <strong>de</strong> três hormônios: os esterói<strong>de</strong>s<br />

sexuais, o hormônio <strong>de</strong> crescimento (GH, growth hormone) e o IGF-1. A seqüência<br />

<strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les na aceleração estatural não está bem esclarecida<br />

42 .<br />

O principal sinal <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> nas meninas geralmente é o florescimento<br />

das mamas 23, 36 . O aparecimento das mamas (telarca) é o primeiro sinal da<br />

puberda<strong>de</strong> em 85% das meninas, seguido logo após pelo aparecimento dos pelos<br />

pubianos (pubarca) 36 . Alguns meninos adolescentes, para seu pesar, têm aumento<br />

temporário das mamas 4 ; isso é normal e po<strong>de</strong> durar até <strong>de</strong>zoito meses 23 .<br />

No sexo feminino, o aumento da secreção <strong>de</strong> estradiol resulta em<br />

aceleração da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o aparecimento da telarca. Níveis<br />

mo<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>sse esterói<strong>de</strong> sexual são capazes <strong>de</strong> estimular o crescimento puberal<br />

42 .<br />

No sexo masculino, o aumento da secreção <strong>de</strong> testosterona parece<br />

estimular o aumento <strong>de</strong> GH e <strong>de</strong> IGF-1 antes <strong>de</strong> promover a aceleração do<br />

crescimento 43 .<br />

Em estudos, usando como mo<strong>de</strong>lo clínico meninos com atraso puberal,<br />

verificou-se:<br />

4 Ginecomastia.


28<br />

a) que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento está associada positivamente com<br />

aumento do volume testicular e a testosterona plasmática 43 .<br />

b) que um nível <strong>de</strong> testosterona > 1 ng/ml parece ser necessário para<br />

aumentar a secreção <strong>de</strong> GH e IGF-1 a níveis púberes 43,44 .<br />

O clímax da puberda<strong>de</strong> distingue-se por certos sinais <strong>de</strong> maturação sexual:<br />

nos rapazes, por vários sinais, sendo o mais significativo a presença <strong>de</strong><br />

espermatozói<strong>de</strong>s vivos (células reprodutoras masculinas) na urina, e nas moças,<br />

pela primeira menstruação 25 .<br />

A voz fica mais grave, principalmente nos meninos. A pele fica mais áspera<br />

e oleosa. É comum o surgimento <strong>de</strong> acne, principalmente nos meninos 23 .<br />

Como os hormônios estão associados com a agressão nos meninos e a<br />

<strong>de</strong>pressão nas meninas, alguns pesquisadores atribuem a maior emotivida<strong>de</strong> e mau<br />

humor do início da adolescência às alterações hormonais. Entretanto, as influências<br />

sociais po<strong>de</strong>m combinar-se com as influências hormonais, po<strong>de</strong>ndo até suplantá-las<br />

23 .<br />

Algumas pessoas passam muito rapidamente pela puberda<strong>de</strong> e outras mais<br />

lentamente. É comum encontrar lado a lado jovens <strong>de</strong> mesmo sexo e ida<strong>de</strong> com<br />

graus variados <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento puberal 23 . O tempo <strong>de</strong> duração da puberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primeiros sinais até a maturida<strong>de</strong> completa varia <strong>de</strong> um e meio a seis<br />

anos tanto nos rapazes quanto nas moças 36,45 .<br />

Com bases em fontes histórias, os estudiosos do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

constataram a existência <strong>de</strong> uma tendência que atinge várias gerações na chegada<br />

da puberda<strong>de</strong>: uma diminuição na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da puberda<strong>de</strong> e na qual os jovens<br />

atingem a estatura adulta e maturida<strong>de</strong> sexual 23 .


29<br />

A puberda<strong>de</strong> precoce ou amadurecimento sexual precoce é o aparecimento<br />

dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> no sexo feminino e<br />

dos 9 anos no sexo masculino 36,45 .<br />

3.2 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA OS ADOLESCENTES<br />

Discorre-se na seqüência sobre alguns dos fatores que <strong>de</strong> alguma maneira<br />

influem na personalida<strong>de</strong> do adolescente e na sua <strong>de</strong>cisão quanto ao momento <strong>de</strong><br />

iniciar a ativida<strong>de</strong> sexual.<br />

3.2.1 Quando e por que os adolescentes se tornam sexualmente ativos<br />

É possível que o período da adolescência seja a fase mais intensa <strong>de</strong> todo o<br />

ciclo <strong>de</strong> vida. Ele oferece oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento na competência, autonomia,<br />

auto-estima e intimida<strong>de</strong>. Entretanto, ele também oferece gran<strong>de</strong>s riscos. Uma parte<br />

dos adolescentes enfrentará gran<strong>de</strong>s problemas. Os adolescentes americanos <strong>de</strong><br />

hoje enfrentam maiores ameaças a seu bem-estar físico e mental do que sua<br />

contrapartida nos anos anteriores 23 .<br />

A adolescência é um período <strong>de</strong> experiências em termos <strong>de</strong> comportamento,<br />

as quais freqüentemente incluem a exploração da sexualida<strong>de</strong>. Entretanto, muitas<br />

vezes, esse processo traz dificulda<strong>de</strong> para o adolescente quanto a compreensão<br />

plena do significado e as conseqüências do exercício sexual, po<strong>de</strong>ndo trazer<br />

resultados muito <strong>de</strong>sfavoráveis à sua saú<strong>de</strong> 46 .<br />

A ativida<strong>de</strong> sexual, a qual po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> um beijo casual ao contato genital,<br />

po<strong>de</strong> satisfazer diversas necessida<strong>de</strong>s, sendo o prazer físico apenas uma <strong>de</strong>las 26 . A


30<br />

<strong>de</strong>cisão que um adolescente toma para iniciar ou postergar a ativida<strong>de</strong> sexual é<br />

bastante complexo 47,48,49,50,51,52,53,54 . Os adolescentes po<strong>de</strong>m tornar-se sexualmente<br />

ativos por diversos motivos: para ter intimida<strong>de</strong>, buscar novas experiências, provar<br />

sua maturida<strong>de</strong>, acompanhar os amigos, encontrar alívio das pressões, ou investigar<br />

os mistérios do amor 26 .<br />

Existe ainda uma influência do advento dos contraceptivos orais no início<br />

precoce das ativida<strong>de</strong>s sexuais, uma vez que eles permitem a liberação sexual da<br />

mulher jovem 55,29 .<br />

Embora exista um relacionamento entre a produção <strong>de</strong> hormônios e a<br />

sexualida<strong>de</strong>, os adolescentes po<strong>de</strong>m começar sua ativida<strong>de</strong> sexual mais <strong>de</strong> acordo<br />

com o que seus amigos fazem do que com o que as suas glândulas secretam 23 .<br />

Dados recentes provenientes do Department of Health and Human Services<br />

<strong>de</strong>monstram uma diminuição da ativida<strong>de</strong> sexual entre os adolescentes <strong>de</strong> 15 a 19<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nos EUA, na última década 56 . Contudo, a iniciação do inter-curso<br />

sexual durante a adolescência permanece alta entre os jovens norte-america-nos,<br />

alguns pesquisadores <strong>de</strong>finem tais índices como preocupantes 56,57,58,59,60 .<br />

As meninas, mais do que os meninos, muitas vezes sentem-se pressionadas<br />

a se entregar à ativida<strong>de</strong>s para as quais não se consi<strong>de</strong>ram preparadas. A pressão<br />

social era o principal motivo mencionado por 73% das meninas e 50% dos meninos<br />

quando indagados a respeito dos motivos para não esperar até estarem mais velhos<br />

para se envolver em sexo. Somente 6% dos meninos e 11% das meninas<br />

mencionaram o amor como motivo 26 .<br />

A ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual está ocorrendo mais cedo em todo o<br />

mundo, com aumento das conseqüências <strong>de</strong>sse problema, entre eles a gravi<strong>de</strong>z<br />

precoce 13 . Além do aumento da gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes, notou-se que há um


31<br />

número cada vez maior <strong>de</strong> mães adolescentes com dois ou mais filhos <strong>de</strong> pais<br />

diferentes 20 .<br />

Um número significativo <strong>de</strong> mulheres inicia a ativida<strong>de</strong> sexual em torno <strong>de</strong><br />

dois anos após a primeira menstruação 5 sendo que, no Brasil, 20% <strong>de</strong>las tornam-se<br />

grávidas já no primeiro mês após a primeira relação sexual. Em estudos recentes, a<br />

média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o início da ativida<strong>de</strong> sexual nas adolescentes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Curitiba foi <strong>de</strong> 15,1 anos 61,62,63 .<br />

Nos EUA, 45% das adolescentes cursando o ensino médio 6 e 48% dos<br />

rapazes cursando o ensino médio já iniciaram a ativida<strong>de</strong> sexual 58 . A ida<strong>de</strong> média<br />

para a primeira relação sexual foi <strong>de</strong> 17 anos nas meninas e 16 anos nos meninos<br />

64,50,51 . Contudo, aproximadamente um quarto <strong>de</strong> todos os jovens relataram que a<br />

primeira relação foi próximo dos 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 65,64,66 .<br />

Observa-se ainda, que a taxa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual entre adolescentes com<br />

doenças crônicas ou algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência física é a mesma observada entres<br />

os <strong>de</strong>mais adolescentes 67 . Os fatores que predispõe esse grupo especial <strong>de</strong><br />

adolescentes a iniciar precocemente ou a postergar o início da ativida<strong>de</strong> sexual são<br />

os mesmos para os <strong>de</strong>mais adolescentes.<br />

Relatórios, diagnósticos, jornais, revistas e programas <strong>de</strong> televisão vêm<br />

<strong>de</strong>stacando cada vez mais o tema da gravi<strong>de</strong>z na adolescência, buscando <strong>de</strong>nunciar<br />

e dar visibilida<strong>de</strong> ao aumento do número <strong>de</strong> meninas grávidas em todo o País.<br />

Nessas matérias são citados vários fatores que apontam os riscos físicos e<br />

psíquicos <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z nesta faixa etária, os prejuízos sociais para a jovem mãe,<br />

centrados principalmente no afastamento da vida escolar e no abandono <strong>de</strong> projetos<br />

futuros. Historicamente, no entanto, a ida<strong>de</strong> das mulheres terem filhos está<br />

5 A primeira menstruação, ou menarca, ocorre mais comumente entre 9 e 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

6 No texto original: High School.


32<br />

relacionada aos mecanismos gerados pela própria socieda<strong>de</strong>. Por exemplo, no<br />

Brasil do século passado, a faixa etária entre 12 e 18 anos não tinha o caráter <strong>de</strong><br />

passagem da infância para a vida adulta. E as meninas <strong>de</strong> elite entre 12 e 14 anos<br />

estavam aptas para o casamento; e não casá-las nessa ida<strong>de</strong> era problemático para<br />

os pais. Esta constatação mostra o quanto a concepção <strong>de</strong> adolescência está<br />

atrelada não só a fatores físicos e psicológicos mas também a fatores econômicos e<br />

sociais que <strong>de</strong>terminam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada época 68 .<br />

Os adolescentes estão sujeitos a fatores <strong>de</strong> risco ou <strong>de</strong> proteção, através<br />

dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, da estrutura social dos valores, dos modos <strong>de</strong><br />

produção, dos conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e doença e <strong>de</strong> um marco conceitual <strong>de</strong> educação,<br />

que interferem direta ou indiretamente sobre o trabalho, família, escola, lazer,<br />

amigos. Essas interferências po<strong>de</strong>m favorecer ou dificultar o crescimento e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, a busca da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e da in<strong>de</strong>pendência, a criativida<strong>de</strong>, a autoestima<br />

e o juízo crítico, a sensibilida<strong>de</strong> e a agressivida<strong>de</strong>, o plano <strong>de</strong> vida, e a<br />

sexualida<strong>de</strong>. O estilo <strong>de</strong> vida que estes adolescentes e jovens venham a ter é que<br />

<strong>de</strong>terminará o baixo ou alto risco quanto aos distúrbios afetivos, <strong>de</strong> conduta e <strong>de</strong><br />

aprendizagem, a violência social e ecológica, gravi<strong>de</strong>z, DST-AIDS, abuso <strong>de</strong> drogas,<br />

aci<strong>de</strong>ntes e suicídios 69 .<br />

Em 1996, 29.520 garotas <strong>de</strong> 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> engravidaram no Brasil 70 . Em<br />

1997, no Brasil, das quatro milhões <strong>de</strong> mulheres que engravidam anualmente, um<br />

quarto <strong>de</strong>las eram gestantes adolescentes 70,71,22 . Além disso, o parto normal tem<br />

sido a primeira causa <strong>de</strong> internação <strong>de</strong> jovens entre 10 e 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nos<br />

hospitais conveniados com o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) em todos os estados<br />

do país 72 .


33<br />

O número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> mulheres não casadas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s,<br />

incluindo as adolescentes permanece alto nos EUA 73,74 . No Brasil se observa o<br />

mesmo 20 .<br />

Uma outra questão que se levanta é que a atual alta taxa <strong>de</strong> comercialização<br />

do sexo só po<strong>de</strong> se sustentar na medida em que solucione um ponto capital:<br />

oferecer um produto que não acarrete para o consumidor a menor conseqüência<br />

<strong>de</strong>sagradável ou gravosa. Na nossa socieda<strong>de</strong> permissiva, as palavras sexo e<br />

prazer a tal ponto se aproximaram uma da outra que quase chegam a i<strong>de</strong>ntificar-se.<br />

O comércio do sexo em doses maciças tem a pretensão <strong>de</strong> oferecer ao possível<br />

consumidor os <strong>de</strong>rivados mais sofisticados do prazer sexual, suprimindo porém o<br />

risco da responsabilida<strong>de</strong> pelas conseqüências ou implicações naturais do comportamento<br />

sexual sadio e reto, <strong>de</strong>ntre as quais a concepção, a gestação e o nascimento<br />

dos filhos. Neste ciclo da comercialização o aborto representa a última garantia<br />

oferecida ao consumidor: em último caso (concepção), não será preciso arcar<br />

com imprevistos incômodos (o filho), que estraga a festa do consumo do sexo 75 .<br />

A maioria das gestações são in<strong>de</strong>sejadas nas mulheres entre 15 e 19 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e aproximadamente 1 em cada 3 gestação nesse grupo termina em aborto<br />

73 . Também no Brasil se observa um crescente número <strong>de</strong> abortos em adolescentes<br />

20 .<br />

Nos Estados Unidos, em 1992, 12,7% dos bebês nascidos vivos eram <strong>de</strong><br />

jovens com menos <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 22 . A gravi<strong>de</strong>z na adolescência tornou-se um<br />

gran<strong>de</strong> problema nesse país, pois a cada um milhão <strong>de</strong> adolescentes que<br />

engravidam 84% não querem ser mães, o que favorece o aparecimento <strong>de</strong> um outro<br />

problema - o aborto, algo que também ocorre no Brasil, principalmente nas classes


34<br />

sociais mais privilegiadas que vêem nele, a solução para o problema da gravi<strong>de</strong>z da<br />

jovem adolescente 22 .<br />

A busca incessante <strong>de</strong> prazer através do estímulo sexual po<strong>de</strong> levar os<br />

adolescentes a terem relacionamentos efêmeros, experiências <strong>de</strong> relações a três ou<br />

mais pessoas, busca por experiências homossexuais, um índice crescente <strong>de</strong><br />

suicídios e doenças <strong>de</strong>pressivas, crescimento no uso <strong>de</strong> drogas e crescente prostituição<br />

infantil. Estes fatores são conseqüências <strong>de</strong> uma frustração do relacionamento<br />

fácil e superficial, on<strong>de</strong> ocorre uma insatisfação pessoal crescente que faz<br />

com que o jovem busque caminhos <strong>de</strong>sconhecidos, por lugares duvidosos, que<br />

aprofundam, na maioria das vezes, um sentimento oculto <strong>de</strong> sofrimento interior 20 .<br />

3.2.2 Fatores <strong>de</strong> risco mais comuns<br />

O comportamento <strong>de</strong> risco geralmente vem com vários fatores juntos. O<br />

grupo que teve iniciação precoce da ativida<strong>de</strong> sexual está mais associado com DST,<br />

abuso <strong>de</strong> substâncias 7 e <strong>de</strong>linqüência 76,77,78 .<br />

Transcreve-se da literatura alguns <strong>de</strong>stes itens:<br />

a) violência: ocorre pela propensão do adolescente à revolta e pela<br />

tendência a formar ―turmas‖ ou ―gangues‖. É mais comum ocorrer em<br />

adolescentes que vêm <strong>de</strong> famílias disfuncionais 26 ;<br />

b) falta <strong>de</strong> limites: o adolescente possui um sentimento <strong>de</strong> auto-suficiência<br />

e por isso, dificilmente saberá dizer não e menos ainda explicar por que<br />

não, quando a consciência o urgir a uma recusa. A falta <strong>de</strong> limites <strong>de</strong>ixa-<br />

7 Uso prejudicial <strong>de</strong> álcool e outras drogas.


35<br />

o sem um norte, sem o anteparo das convicções e critérios <strong>de</strong> conduta.<br />

Po<strong>de</strong> parecer paradoxal, mas a falta <strong>de</strong> limites torna-o inseguro 26 ;<br />

c) hedonismo: a busca do prazer pelo prazer leva o adolescente a prestar<br />

culto ao corpo e a fugir <strong>de</strong> tudo o que represente algum tipo <strong>de</strong><br />

sofrimento. Além disso, o induz a ver os outros como coisa, objeto a ser<br />

comprado ou usado e <strong>de</strong>scartado. As graves conseqüências <strong>de</strong>ste modo<br />

<strong>de</strong> viver são representadas pelo egoísmo, consumismo e pelo<br />

materialismo;<br />

d) ociosida<strong>de</strong>: po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> muitos vícios e doenças;<br />

e) pressões sociais e ambientais: ocorrem comumente na atualida<strong>de</strong> e<br />

inci<strong>de</strong>m principalmente sobre as moças. Os adolescentes experimentam<br />

uma gran<strong>de</strong> força externa que os coagem à ativida<strong>de</strong> sexual 26 ;<br />

f) permissivida<strong>de</strong> na família: é um dos piores fatores <strong>de</strong> risco e ocorre<br />

geralmente pela indiferença dos pais que <strong>de</strong>sejam apenas não ter<br />

problemas com as conseqüências dos atos dos adolescentes, <strong>de</strong>ixandoos<br />

―livres‖ para fazerem o que quiser <strong>de</strong> suas vidas, sem orientações,<br />

sem amparo e sem limites;<br />

g) ausência <strong>de</strong> um dos pais 79 ;<br />

h) mídia: É um gran<strong>de</strong> fator <strong>de</strong> risco quando mal utilizada, pois distorce os<br />

valores e promove o egoísmo. Deve-se ter controle sobre o que os filhos<br />

assistem na TV, lêem em jornais e revistas ou vêem na internet, bem<br />

como o tempo gasto com estas ativida<strong>de</strong>s;<br />

i) conceitos pouco claros ou distorcidos na educação: as i<strong>de</strong>ologias<br />

redutoras do ser humano impressionam os adolescentes pois


36<br />

apresentam explicações simplistas e radicais para os absurdos que<br />

presenciam na socieda<strong>de</strong>;<br />

j) baixo rendimento acadêmico 79 ;<br />

k) pobreza 79 ;<br />

l) participação em outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco 79 ;<br />

m) doença mental 79 ;<br />

n) infantilismo sexual: é a incapacida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>rivada do egoísmo, da<br />

superficialida<strong>de</strong>, da trivialida<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>gradação consumista e política –<br />

<strong>de</strong> exercer a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> na perpetuação da espécie humana. É<br />

infantil aquele que não po<strong>de</strong> ou não quer respon<strong>de</strong>r pelos seus atos com<br />

um nível <strong>de</strong> resposta proporcional à importância <strong>de</strong>sses atos e das suas<br />

conseqüências 80 . Quando o outro passa a ser simples objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo,<br />

alimenta-se o afã <strong>de</strong> posse, violência, exploração econômica e emoções<br />

que eclo<strong>de</strong>m caoticamente. A pornografia po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma<br />

manifestação aberrante e comercial <strong>de</strong>sse fenômeno 81 .<br />

3.2.3 Fatores <strong>de</strong> proteção mais comuns<br />

Tendo como base uma ampla análise bibliográfica é possível enumerar<br />

alguns dos fatores <strong>de</strong> proteção que contribuem para que o adolescente atrase o<br />

início do intercurso sexual. Normalmente, quanto maior o número <strong>de</strong>sses fatores<br />

presentes na vida do jovem maior será a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual:<br />

a) família: é o principal fator protetor para os jovens. É na família que os<br />

jovens obtêm o exemplo para suas vidas. Em famílias bem estruturadas<br />

existe menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver problemas com os jovens 82 . A<br />

presença do pai e da mãe juntos <strong>de</strong>ntro do lar também está associada a


37<br />

postergação da ativida<strong>de</strong> sexual pelos filhos<br />

66,65,83,84,49,85,52,53,79,54 .<br />

Recentemente se comprovou que a supervisão paterna também é um<br />

fator relevante <strong>de</strong> proteção, não apenas no que se refere a<br />

sexualida<strong>de</strong>,mas também à <strong>de</strong>linqüência juvenil 48,49,50,51,52,53,54,84 . Pais<br />

coerentes e firmes na disciplina educadora são fundamentais da<br />

educação dos jovens 79 ;<br />

b) resiliência: a palavra tem sonorida<strong>de</strong> estranha e significado pou-co<br />

conhecido, mas po<strong>de</strong> fazer a diferença numa vida. O conceito vem da<br />

física: é a proprieda<strong>de</strong> que alguns materiais apresentam <strong>de</strong> voltar ao<br />

normal <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> submetidos à máxima tensão. As fibras <strong>de</strong> um tapete<br />

<strong>de</strong> náilon é o exemplo simplificado <strong>de</strong>ssa ação – elas recuperam a forma<br />

assim que acabam <strong>de</strong> ser pisa-das e amassadas. A psicologia tomou<br />

emprestada essa imagem para explicar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com<br />

problemas, superá-los e até <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar transformar por adversida<strong>de</strong>s.<br />

É a capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> fazer frente aos obstáculos e superá-los <strong>de</strong><br />

forma construtiva, saindo fortalecido <strong>de</strong>les 86 . Os jovens têm uma gran<strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resiliência. Geralmente tomam um referencial com<br />

alguma figura marcante em suas vidas, on<strong>de</strong> encontram fon-te <strong>de</strong> força<br />

<strong>de</strong> caráter e estímulo que os ajuda a encontrar critério <strong>de</strong> firmeza e<br />

sentido para suas vidas. Em contrapartida, jovens que sempre foram<br />

poupados <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong> não conseguem adquirir e nem<br />

fortalecer a resiliência 84,86 . Aqui se engloba a permissivida<strong>de</strong> e a superproteção.<br />

Detalhando melhor, o resiliente não se abate facilmente, não<br />

culpa os outros pelos seus fracassos e tem um humor invejável. Para<br />

completar o leque <strong>de</strong> requintes, ele age com ética e dispõe <strong>de</strong> uma


38<br />

energia espantosa para trabalhar. Segundo Haim Grunspun, professor<br />

<strong>de</strong> psicopatologia da PUC-SP, um terço da população do mundo tem<br />

traços <strong>de</strong> resiliência 54,86 ;<br />

c) consciência a<strong>de</strong>quadamente formada: precisa-se formar os jovens para<br />

que saibam diferenciar o Bem verda<strong>de</strong>iro do Mal e não <strong>de</strong>ixá-los<br />

confundir com o pensamento atual <strong>de</strong> que o bem é ―o que é bom para<br />

mim‖ e o mal é ―o que é mau para mim‖. Os adolescentes têm um senso<br />

aguçado dos valores e embora gostem <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar da ―acomodação‖ da<br />

consciência, sofrem com adultos que mostram não ter princípios,<br />

reagindo com <strong>de</strong>sprezo ou revolta;<br />

d) formação religiosa: é um ponto muito importante e que favorece a boa<br />

formação da consciência. Infelizmente nos dias atuais as famílias estão<br />

cada vez menos se empenhando na formação religiosa dos filhos;<br />

e) educação para a castida<strong>de</strong>: maior ênfase recebida sobre a abstinência,<br />

durante a educação 79 ;<br />

f) alto <strong>de</strong>sempenho escolar: os jovens mais <strong>de</strong>dicados aos estudos, com<br />

objetivos mais claros e palpáveis, ten<strong>de</strong>m a se envolver menos com<br />

problemas diversos, bem como a postergar o intercurso sexual<br />

49,50,51,52,53,54 .<br />

3.3 SEXUALIDADE MASCULINA E FEMININA<br />

Constata-se, sem dificulda<strong>de</strong>, que há uma igualda<strong>de</strong> fundamental entre o<br />

homem e a mulher: a mesma natureza humana, a mesma dignida<strong>de</strong> e a mesma<br />

honra, mas que não os confun<strong>de</strong>. Ao lado da igualda<strong>de</strong> fundamental, existem


39<br />

diferenças acessórias, adicionais, porém marcantes e capazes <strong>de</strong> caracterizar a<br />

sexualida<strong>de</strong> masculina e feminina. As diferenças físicas e orgânicas entre um<br />

homem e uma mulher não se manifestam apenas no aparelho reprodutor, mas estão<br />

presentes em todo o organismo e em todas as células do organismo 87 .<br />

Um homem não é capaz <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira intimida<strong>de</strong> até ter alcançado uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> estável, enquanto que a mulher se <strong>de</strong>fine através do casamento e da<br />

maternida<strong>de</strong>. Assim, a mulher (em contraste com o homem) <strong>de</strong>senvolve a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

por meio da intimida<strong>de</strong>, não antes <strong>de</strong>la 26 .<br />

Apresenta-se a seguir algumas das características da sexualida<strong>de</strong> humana:<br />

a) características sexuais primárias: são os órgãos necessários para a<br />

reprodução. Na mulher, os órgãos sexuais são os ovários, o útero e a<br />

vagina; no homem, os testículos, a próstata, o pênis e as vesículas<br />

seminais. Durante a puberda<strong>de</strong>, esses órgãos aumentam e maturam 23 .<br />

Nos meninos, o primeiro sinal físico <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> é justamente o<br />

crescimento dos testículos e do escroto 23,88 ;<br />

b) características sexuais secundárias: são sinais fisiológicos <strong>de</strong> maturação<br />

sexual que não envolvem diretamente os órgãos sexuais: por exemplo,<br />

as mamas das mulheres e os ombros largos dos homens. Outros<br />

caracteres sexuais secundários envolvem a alteração na voz e na textura<br />

da pele, <strong>de</strong>senvolvimento muscular e crescimento <strong>de</strong> pêlos pubianos,<br />

faciais, axilares e corporais 23 .<br />

O ciclo menstrual e a ovulação formam o principal sinal <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong><br />

sexual nas meninas, o que é caracterizado por uma perda mensal <strong>de</strong> tecido do<br />

revestimento uterino 8 . A primeira menstruação 9 ocorre bastante tar<strong>de</strong> na seqüência<br />

8 Endométrio.<br />

9 Menarca.


40<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento feminino. Em média, uma menina nos EUA menstrua pela<br />

primeira vez antes <strong>de</strong> seu décimo terceiro aniversário, cerca <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong>pois<br />

que suas mamas começaram a se <strong>de</strong>senvolver 23 . Os primeiros ciclos menstruais<br />

geralmente são anovulatórios 23 .<br />

A espermatogênese é o principal sinal <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> sexual nos homens.<br />

Seu momento é altamente variável, mas, quase um quarto dos meninos <strong>de</strong> 15 anos,<br />

têm espermatozói<strong>de</strong>s na urina 23 .<br />

3.4 A FINALIDADE DO ATO SEXUAL<br />

Talvez a sexualida<strong>de</strong> seja o campo <strong>de</strong> atuação humana on<strong>de</strong> mais se gerem<br />

equívocos, reducionismos e comportamentos ina<strong>de</strong>quados 89 . Fisiológicamente<br />

consi<strong>de</strong>rado, o ser humano parece igualar-se aos <strong>de</strong>mais animais mamíferos quanto<br />

ao sexo. Todavia a sexualida<strong>de</strong> serve precisamente para diferenciar os homens e os<br />

irracionais 90 . No ser humano o instinto sexual é uma inclinação muito forte. E esse<br />

instinto reforça-se porque o exercício das faculda<strong>de</strong>s sexuais produz um prazer<br />

específico. O sexo é uma realida<strong>de</strong> muito rica: além do prazer põem em jogo bens e<br />

<strong>de</strong>veres muito altos da pessoa e da socieda<strong>de</strong> 177 .<br />

Existem duas atitu<strong>de</strong>s errôneas sobre a sexualida<strong>de</strong> humana, que são<br />

opostas entre si. A primeira é o hedonismo e a segunda é o que po<strong>de</strong>-se chamar <strong>de</strong><br />

―puritanismo‖. Para o hedonista o sexo é primordialmente uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prazer. Já o ―puritano‖ pensa que o sexo é algo vergonhoso 91 .<br />

O sexo é por natureza bom. O problema esta quando se <strong>de</strong>svincula o ato<br />

sexual <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> 91 . As más intercorrências que o sexo po<strong>de</strong> trazer quase<br />

sempre vêm do seu uso ina<strong>de</strong>quado.


41<br />

Diferente <strong>de</strong> como entendia o pensamento clássico, que via no amor a<br />

preferência do bem da pessoa amada sobre o seu próprio, atualmente consi<strong>de</strong>ra-se<br />

equivocadamente a satisfação sexual pessoal como a expressão mais importante do<br />

amor 96 . O puro e simples <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazer <strong>de</strong>svirtua a autêntica sexualida<strong>de</strong>,<br />

preten<strong>de</strong>ndo reduzí-la a algo <strong>de</strong> acessório, a mera diversão 25 . Deixar-se levar pelo<br />

instinto sexual simplesmente para obter prazer conduz a um caminho <strong>de</strong> crescente<br />

ansieda<strong>de</strong> 25,94 . Com cada resposta dada ao estímulo, este vai per<strong>de</strong>ndo força<br />

porque o limiar da sexualida<strong>de</strong> se eleva 25 . Ainda que fisiológica e anatômicamente o<br />

homem e a mulher possa ter uma relação puramente sexual (como macho e fêmea),<br />

essa relação nunca será propriamente humana. Quando um trata o outro como<br />

objeto <strong>de</strong> prazer <strong>de</strong>turpa-se a própria natureza humana 91 .<br />

O <strong>de</strong>sejo é uma força or<strong>de</strong>nada para obter algo que se percebe como um<br />

bem. Os <strong>de</strong>sejos são motivados por algo concreto que a pessoa assume como<br />

necessário para satisfazer as funções da própria natureza. Geralmente se refere a<br />

necessida<strong>de</strong>s básicas, como a alimentação ou reprodução. Os seres humanos têm<br />

um <strong>de</strong>sejo sexual e tendência a satisfazê-lo, não como um instinto cego, guiado por<br />

períodos <strong>de</strong> cio, orientado somente para a perpetuação da espécie, mas como um<br />

ato pessoal <strong>de</strong> doação, como por exemplo, para manifestar o amor conjugal. O<br />

prazer é a gratificação sensível quando realizado o <strong>de</strong>sejo. Uma vez que o <strong>de</strong>sejo foi<br />

satisfeito e obtido o prazer, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>saparece por um período <strong>de</strong> tempo 92 .<br />

A relação genital heterossexual humana tem uma dignida<strong>de</strong> característica, a<br />

qual po<strong>de</strong>-se dividir em três dimensões naturais mais relevantes: unitiva, procriativa<br />

e recreativa 93 :


42<br />

a) a dimensão unitiva faz referência ao amor recíproco, íntimo e exclusivo,<br />

é a chave antropológica da relação sexual humana, que <strong>de</strong> modo i<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong>ve refletir a vonta<strong>de</strong> real <strong>de</strong> comunhão conjugal, fiel e indissolúvel.<br />

b) a dimensão procriativa é a possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> toda a relação<br />

heterossexual, mais ou menos provável, <strong>de</strong> acordo com as circustâncias,<br />

resultar em uma nova vida humana. A procriação é uma ação tão<br />

sublime que não tem nenhum paralelo em outra ativida<strong>de</strong> humana.<br />

c) a dimensão recreativa se refere ao prazer intenso que a relação sexual<br />

po<strong>de</strong> produzir nos copulantes. Essa dimensão complementa as duas<br />

dimensões anteriores.<br />

A sexualida<strong>de</strong> humana é o meio <strong>de</strong> expressão do amor, e é somente na<br />

medida em que é veiculo do amor que se torna verda<strong>de</strong>iramente humana. É<br />

somente então que po<strong>de</strong> realmente contribuir para a felicida<strong>de</strong> e para a paz do<br />

indivíduo 94 .<br />

A atração sexual é um mecanismo biológico que facilita a conservação da<br />

espécie. Neste sentido, o bem individual (o prazer) está or<strong>de</strong>nado para o bem da<br />

espécie (a procriação) 177 .<br />

As mulheres, sobretudo, <strong>de</strong>senvolvem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por meio da intimida<strong>de</strong>, e<br />

não antes <strong>de</strong>la. Muitas pesquisas sustentam a idéia <strong>de</strong> que para as mulheres,<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e intimida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolvem juntas. Sem dúvida, as meninas dão mais<br />

importância à intimida<strong>de</strong> do que os meninos, até mesmo em amiza<strong>de</strong>s da escola<br />

primária 26 .<br />

A sexualida<strong>de</strong> necessita <strong>de</strong> uma visão alegre e saudável, construtiva, sólida<br />

e prolongada. O homem nasceu para amar, com o esforço <strong>de</strong> toda a sua pessoa,<br />

que está crescendo no adolescente, e que precisa <strong>de</strong> orientação correta 20 . O


elacionamento sexual, sendo o mais íntimo possível, supõe maturida<strong>de</strong> e<br />

compromisso da parte dos interessados 95 . Quanto mais valor as pessoas atribuem<br />

ao prazer por si só, quanto mais veneram a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> prazer, ou quanto mais<br />

diretamente procuram o prazer, nessa mesma medida o prazer lhes foge, tornandose<br />

indiferentes e impotentes 94 . O hedonismo, o prazer conseguido a todo o custo<br />

como lei máxima <strong>de</strong> todo o comportamento, está inevitavelmente vinculado à<br />

permissivida<strong>de</strong>, isto é, à submissão irrestrita a tudo o que for agradável 96 .<br />

Ver a si mesmo como um ser sexual, adaptar-se às excitações sexuais e<br />

formar ligações românticas são partes da formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual. Tal<br />

processo que começa na adolescência e continua na ida<strong>de</strong> adulta, é controlado<br />

biologicamente, mas sua expressão é em parte culturalmente <strong>de</strong>finida 26 .<br />

Amor não é sexo, mas para a maioria das pessoas o incluí 97,98 . Amar é<br />

querer bem um ao outro; implica doação e entrega, para que o bem do ser amado<br />

possa ser atingido 90 .<br />

Na verda<strong>de</strong>, pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao mesmo tempo em<br />

que une profundamente os esposos, torna-os aptos para a geração <strong>de</strong><br />

novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher.<br />

Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o ato<br />

conjugal conserva integralmente o sentido <strong>de</strong> amor mútuo e verda<strong>de</strong>iro e a<br />

sua or<strong>de</strong>nação para a altíssima vocação do homem para a paternida<strong>de</strong>. Nós<br />

pensamos que os homens do nosso tempo estão particularmente em<br />

condições <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r o caráter profundamente razoável e humano <strong>de</strong>ste<br />

princípio fundamental 99 .<br />

A relação sexual é algo tão íntimo e profundo que ela não po<strong>de</strong> ser a<br />

primeira <strong>de</strong>monstração do amor nascente; é, antes, a expressão suprema da<br />

maturação e da consolidação <strong>de</strong>sse amor 90 .<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das condições, circunstâncias ou fatos que motivem o<br />

relacionamento sexual <strong>de</strong> um casal, é ―indiscutível‖ que a finalida<strong>de</strong> própria,<br />

intrínseca, natural da função sexual é a ―perpetuação da espécie‖, é a transmissão<br />

do dom da vida. Todas as circunstâncias que envolvem o ato sexual seja a atração<br />

43


44<br />

mútua, afetivida<strong>de</strong> ou o prazer, estão em última análise ―a serviço do fim último, o<br />

fim procriativo‖. O ato sexual constitui uma porta aberta para o dom da vida 100 .<br />

Atualmente po<strong>de</strong>mos observar uma ruptura do comportamento sexual e a<br />

responsabilida<strong>de</strong> sexual pessoal em face as suas conseqüências naturais 101 .<br />

Consi<strong>de</strong>rado a priori, o ato sexual normalmente realizado é potencialmente<br />

fecundo porque está aberto à vida. Só a posteriori, quando a mulher menstrua ou<br />

não menstrua, é que se revela a infecundida<strong>de</strong> ou fecundida<strong>de</strong> do ato 102 .<br />

A vida humana e sua origem estão vinculadas naturalmente ao<br />

comportamento sexual do casal humano. Quando o casal, seja por quais razões for,<br />

trivializa a vida, trivializa o relacionamento sexual; e quando trivializa o<br />

relacionamento sexual, trivializa também a vida humana. Nesse caso, o casal<br />

<strong>de</strong>grada-se em ―humanida<strong>de</strong>‖ (profundida<strong>de</strong> da liberda<strong>de</strong> e da correspon<strong>de</strong>nte<br />

responsabilida<strong>de</strong>) 101 .<br />

Sabendo-se que a evolução natural do ato sexual <strong>de</strong>stina-se à geração <strong>de</strong><br />

uma nova vida humana, po<strong>de</strong>-se afirmar que sua realização fora do contexto unitivo<br />

bem como o uso <strong>de</strong> qualquer processo direta e intencionalmente voltado para<br />

impedir a concepção esvazia o ato <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong>za, <strong>de</strong> sua maior dignida<strong>de</strong>,<br />

roubando-lhe seu verda<strong>de</strong>iro significado e sentido. A função sexual <strong>de</strong>ve estar<br />

sempre inserida no amor e na responsabilida<strong>de</strong>, porque está or<strong>de</strong>nada<br />

precipuamente para a transmissão do dom da vida, sendo o <strong>de</strong>leite sexual legítimo e<br />

<strong>de</strong>sejável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que respeitada aquela 102 . Portanto, todo o ato sexual em sua<br />

realização e evolução <strong>de</strong>ve estar, sempre, aberto à transmissão da vida 177 , embora,<br />

é evi<strong>de</strong>nte, a concepção não ocorra na gran<strong>de</strong> maioria das vezes; e obviamente,<br />

não é necessário estarem os esposos com o pensamento voltado para a geração <strong>de</strong><br />

um filho; e também a infecundida<strong>de</strong> involuntária <strong>de</strong> um ato, mesmo quando


45<br />

previamente conhecida, não interfere na moralida<strong>de</strong> 10 do mesmo. Mas todo artifício<br />

posto em prática para, por seu efeito direto, <strong>de</strong>svirtuar o <strong>de</strong>sfecho próprio do ato<br />

sexual, impossibilitando a concepção, constitui uma atitu<strong>de</strong> contra a vida humana<br />

por <strong>de</strong>srespeitar voluntariamente o processo natural <strong>de</strong> sua formação, impedindo<br />

seu surgimento nos atos que seriam naturalmente fecundos 103 .<br />

Uma coisa é um ato sexual com alguém que se ama, outra é que o próprio<br />

ato sexual seja encarnação do amor. No primeiro caso, na melhor das hipóteses o<br />

amor é o motivo, mas o ato permanece externo; no segundo caso o amor é a alma<br />

<strong>de</strong>ste ato e nele atinge a sua própria perfeição 104 .<br />

É importante ter em mente que amor e sexualida<strong>de</strong> não são sinônimos. Do<br />

contrário, estaríamos diante <strong>de</strong> uma relação pré-individual e anônima, que não<br />

busca o bem alheio e sim a própria satisfação. Na atualida<strong>de</strong> este mesmo assunto<br />

está bastante distorcido, porque a <strong>de</strong>cadência do mundo oci<strong>de</strong>ntal transformou as<br />

relações sexuais numa espécie <strong>de</strong> jogo trivial, um conjunto <strong>de</strong> sensações sem<br />

qualquer compromisso. Dessa maneira, a sexualida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>grada, banaliza e por<br />

fim, se torna uma coisa catártica ou neurotizante. Temos que recuperar o verda<strong>de</strong>iro<br />

sentido antropológico da sexualida<strong>de</strong>, que na vida conjugal revela e escon<strong>de</strong> ao<br />

mesmo tempo a profundida<strong>de</strong> e o mistério da interligação <strong>de</strong> duas pessoas que se<br />

gostam 98 .<br />

É muito importante diferenciar amor <strong>de</strong> instinto e também <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo ou<br />

querer sensível. Instinto é mera atração física ou carnal ao outro. É a atração pela<br />

10 Moralida<strong>de</strong>: qualida<strong>de</strong> do que é moral. Moral: do Lat. morale. Conjunto <strong>de</strong> costumes e opiniões<br />

que um indivíduo ou um grupo <strong>de</strong> indivíduos possuem relativamente ao comportamento; conjunto <strong>de</strong><br />

regras <strong>de</strong> comportamento consi<strong>de</strong>radas como universalmente válidas; parte da filosofia que trata dos<br />

costumes e dos <strong>de</strong>veres do homem para com o seu semelhante e para consigo; ética; relativo aos<br />

costumes (Língua Portuguesa On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso<br />

em: 1 mar. 2006.).


46<br />

virilida<strong>de</strong> ou feminilida<strong>de</strong> isoladas, reduzidas ao corporal. É a simples possessão do<br />

outro ao serviço <strong>de</strong> seus próprios apetites <strong>de</strong> prazer. Busca somente o <strong>de</strong>leite<br />

sexual, se <strong>de</strong>têm no corpo, sem chegar à pessoa encarnada nesse corpo. Uma<br />

relação amorosa reduzida a comunicação instintiva, converte automaticamente os<br />

dois amantes em simples requisitos masculino e feminino, para a satisfação do<br />

<strong>de</strong>sejo sexual. Essa situação gera uma gran<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e uma gran<strong>de</strong> tensão na<br />

relação amorosa, pois o que é simples requisito, não é insubstituível, po<strong>de</strong> mudar a<br />

qualquer momento. O instinto estabelece uma intimida<strong>de</strong> e uma união somente<br />

física. Quando satisfeito, per<strong>de</strong>-se o interesse pelo objeto concreto que lhe estava<br />

proporcionando e a pessoa busca novos e sucessivos objetos <strong>de</strong> prazer. O amor é<br />

uma atração pela pessoa inteira do homem ou da mulher. O amor é uma tendência,<br />

primordialmente incorpórea, imaterial. É a dar-se ao outro, prolongar-se no ser<br />

amado. É doação total <strong>de</strong> si mesmo, sem reservar-se em nada. No amor,<br />

estabelece-se uma relação entre dois interiores. É um movimento reflexivo e<br />

voluntário até o outro, é interessar-se pelo ser pessoal do outro e caminhar<br />

<strong>de</strong>cididamente até seu encontro. O amor é, por sua essência, eleição, preferência<br />

por uma <strong>de</strong>terminada pessoa e ten<strong>de</strong> ao exclusivismo. Busca a estabilida<strong>de</strong> e não<br />

se resigna a ser passageiro. Ele não se <strong>de</strong>ve a uma exigência imposta e sim, a uma<br />

inclinação natural. É uma eleição livre que proce<strong>de</strong> da inteligência e da vonta<strong>de</strong>. O<br />

querer sensível expressa <strong>de</strong>sejos, apetites e sentimentos <strong>de</strong> mútua atração que<br />

provém somente das qualida<strong>de</strong>s que se vê no ser amado, através <strong>de</strong> dados que nos<br />

proporcionam os sentidos. É um querer baseado somente no conhecimento<br />

sensível, o que se encontra em um plano inferior ao querer racional 105 .


47<br />

3.5 A REVOLUÇÃO SEXUAL<br />

A socieda<strong>de</strong> sempre esperou que as mulheres transmitissem os valores<br />

sociais <strong>de</strong> uma geração para a outra. Mas talvez isso po<strong>de</strong> não ter mais valida<strong>de</strong> em<br />

vista das mudanças nos papéis femininos que ocorreram principalmente a partir <strong>de</strong><br />

1970 26 .<br />

O movimento feminista <strong>de</strong>stinado a conseguir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos sociais<br />

e políticos da mulher nasceu na Europa. As idéias feministas tiveram início na<br />

França, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época da Revolução Francesa (1791). O objetivo inicial <strong>de</strong>sse<br />

movimento era projetar a mulher na vida pública, o que é totalmente correto e justo,<br />

visto que a mulher apresenta a mesma dignida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> do homem no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> e promoção do bem comum. Entretanto, ao<br />

<strong>de</strong>sejarem equiparar-se aos homens, chegou-se ao extremo <strong>de</strong> muitas mulheres<br />

enten<strong>de</strong>rem que têm o direito <strong>de</strong> assumir os erros <strong>de</strong> comportamento do sexo<br />

oposto, como se fossem vantagens <strong>de</strong>stes. Ao invés <strong>de</strong> lutarem para melhorar os<br />

maus hábitos masculinos, resolveram imitá-los 106 . ―O princípio da igualda<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

extrapolar-se e per<strong>de</strong>r o equilíbrio quando se confun<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> (<strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

direitos e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s) com dissolução da diversida<strong>de</strong>‖ 34 .<br />

Aí temos como exemplo o sexo <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s e<br />

conseqüências (representado pela <strong>de</strong>fesa ao uso <strong>de</strong> contraceptivos, divórcio,<br />

aborto), a grosseria <strong>de</strong> maneiras, completa ausência <strong>de</strong> pudor e vícios como uso <strong>de</strong><br />

álcool, drogas e jogos. Como conseqüência <strong>de</strong>sse novo modo <strong>de</strong> atuar também<br />

começou a haver uma <strong>de</strong>preciação lenta e progressiva da família. Algumas mulheres<br />

conteporâneas não aceitam os trabalhos domésticos e os filhos, argumentando que<br />

isso po<strong>de</strong>ria diminuir a sua liberda<strong>de</strong> na utilização do tempo. Muitas mulheres<br />

começaram a se comportar <strong>de</strong> maneira egoísta, valorizando apenas sua ascensão


48<br />

profissional e a aparência física, cultuando o dinheiro e o bem estar. Porém, se as<br />

mulheres pensaram que se igualaram aos homens estão enganadas, pois os<br />

mesmos homens que se julgavam no direito <strong>de</strong> dominar e subjugar a mulher,<br />

encontraram nesse feminismo um novo meio <strong>de</strong> continuar esse domínio 106 . No<br />

fundo <strong>de</strong> toda a ―libertação‖ sexual opera um fator oculto, um medo ao compromisso,<br />

juntamente com o claro <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazer 25 . ―Se a mulher se homogeneíza com o<br />

homem ou o homem com a mulher, os dois ficam <strong>de</strong>sorientados e não sabem como<br />

se relacionar‖ 34 .<br />

A mudança social mais impressionante e <strong>de</strong> mais longo alcance da segunda<br />

meta<strong>de</strong> do século XX, e que nos isola <strong>de</strong>finitivamente do mundo do passado, é a<br />

morte do campesinato. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial só havia um país<br />

além da Grã-Bretanha, on<strong>de</strong> a agricultura e a pesca empregavam menos <strong>de</strong> 20% da<br />

população, a Bélgica. Mesmo na Alemanha e nos EUA, as maiores economias<br />

industriais da época, a população agrícola, apesar <strong>de</strong> estar em franco <strong>de</strong>clineo,<br />

ainda equivalia mais ou menos a um quarto dos habitantes. Na França, Suécia e<br />

Áustria, ainda estava entre 35 e 40%. Quanto aos países agrários atrasados –<br />

digamos, na Europa, a Bulgária e a Romênia -, cerca <strong>de</strong> quatro em cinco habitantes<br />

trabalhavam na terra 107 .<br />

No início da década <strong>de</strong> 1980 nenhum país na Europa Oci<strong>de</strong>ntal, com<br />

exceção da República da Irlanda e dos Estados Ibéricos, tinha mais <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> sua<br />

população na ativida<strong>de</strong> agrícola. No Japão os camponeses foram reduzidos <strong>de</strong><br />

52,4% da população em 1947 a 9% em 1985. Na América Latina, a percentagem <strong>de</strong><br />

camponeses se reduziu à meta<strong>de</strong> em vinte anos na Colômbia (1951-73), no México<br />

(1960-80) e – quase – no Brasil (1960-80). Caiu em dois terços, ou quase isso, na<br />

República Dominicana (1960-81), Venezuela (1961-81) e Jamaica (1953-81). A


49<br />

situação era semelhante nos países do islã oci<strong>de</strong>ntal. O número <strong>de</strong> agricultores na<br />

Argélia diminuiu <strong>de</strong> 75% da população para 20%; na Tunísia, <strong>de</strong> 68% para 23% em<br />

pouco mais <strong>de</strong> trinta anos; o Irã caiu <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 55% <strong>de</strong> camponeses em meados<br />

da década <strong>de</strong> 1950 para 29% em meados da <strong>de</strong> 1980, isso só para citar alguns<br />

exemplos.<br />

Só três regiões do Globo permaneceram essencialmente dominadas por<br />

al<strong>de</strong>ias e campos: a África subsaariana, o sul e o su<strong>de</strong>ste da Ásia continental e a<br />

China.<br />

Quando o campo se esvazia, as cida<strong>de</strong>s se enchem. Na Ásia, multiplicaramse<br />

as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> muitos milhões <strong>de</strong> habitantes, normalmente as capitais. Seul<br />

(Coréia do Sul), Teerã (Irã), Karachi (Paquinstão), Jacarta (Indonésia), Manila<br />

(Filipinas), Nova Délhi (Índia), Bancoc (Tailândia), todas tinham entre cinco e oito<br />

milhões <strong>de</strong> habitantes em 1980. Em 1950, nenhuma <strong>de</strong>las, com exceção <strong>de</strong> Jacarta,<br />

tinha mais que cerca <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> habitantes. As maiores aglomerações urbanas<br />

no fim da década <strong>de</strong> 1980 eram encontradas nos países do Terceiro Mundo: Cairo,<br />

Cida<strong>de</strong> do México, São Paulo e Xangai, cujas populações se contavam na casa das<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões 107 .<br />

Do início da década <strong>de</strong> 20 até o final dos anos 70 vimos uma revolução nas<br />

atitu<strong>de</strong>s e no comportamento sexual. Uma das maiores mudanças foi a maior<br />

aprovação e tolerância com o sexo antes do casamento, principalmente num<br />

relacionamento sem comprometimento. Essa onda <strong>de</strong> liberação sexual po<strong>de</strong> ter atingido<br />

o seu máximo e po<strong>de</strong> agora estar até em refluxo; mas, enquanto isso, os adolescentes<br />

<strong>de</strong> hoje, assim como o restante da população, são sexualmente mais ativos<br />

e aceitam mais a ativida<strong>de</strong> sexual. Isso se aplica principalmente às meninas 26 .


50<br />

Até a Segunda Guerra Mundial, a vasta maioria da humanida<strong>de</strong> partilhava<br />

certo número <strong>de</strong> características, como a existência <strong>de</strong> casamento formal com<br />

relações sexuais privilegiadas para os cônjuges (o adultério era universalmente<br />

tratado como crime); a superiorida<strong>de</strong> dos maridos em relação às esposas 11 e dos<br />

pais em relação aos filhos, assim como às gerações mais jovens. Uma família<br />

nuclear – um casal com filhos – estava geralmente presente em alguma parte,<br />

mesmo quando o grupo ou família co-resi<strong>de</strong>nte ou cooperante era muito maior 108 .<br />

Des<strong>de</strong> então, as profundas mudanças sociais e culturais pelas quais<br />

atravessou a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ram origem a importantes transformações na estrutura e<br />

na vida das famílias, provocando a passagem da família patriarcal para a família<br />

nuclear. A família patriarcal, característica do ambiente agrícola, era normalmente<br />

uma família ampliada, formada pelo conjunto coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> vários núcleos<br />

familiares morando sob um mesmo teto, em torno <strong>de</strong> um mesmo patrimônio e sob a<br />

autorida<strong>de</strong> comum do chefe da família. Era mais uma união <strong>de</strong> diversas famílias do<br />

que uma união <strong>de</strong> pessoas, tinha auto-suficiência cultural, educativa e até<br />

econômica. O fenômeno da industrialização e da urbanização levou a formação <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong>s familiares menores. Surgiu assim a família nuclear, composta normalmente<br />

pelos cônjuges e filhos (normalmente até 3 filhos). Assim a família per<strong>de</strong>u funções<br />

sociais, educativas e econômicas, que lhe garantiam estabilida<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong>scobriu, ao<br />

preço <strong>de</strong> uma maior fragilida<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong>, o seu novo modo <strong>de</strong> ser, mais<br />

autêntico, como lugar <strong>de</strong> relações interpessoais baseadas no amor e na livre<br />

escolha. Trouxe ainda junto consigo um maior índice <strong>de</strong> solidão dos cônjuges à<br />

mercê <strong>de</strong> seus problemas afetivos e educativos, e muitas vezes a exclusão dos<br />

idosos <strong>de</strong> papéis familiares reconhecidos e significativos 109 .<br />

11 Nas famílias patriarcais.


51<br />

Contudo, na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, esses arranjos básicos da<br />

recém formada família nuclear começaram a mudar com gran<strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z, pelo menos<br />

nos países oci<strong>de</strong>ntais ditos <strong>de</strong>senvolvidos, embora <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sigual mesmo <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>stas regiões. Tornava-se popular mais uma novida<strong>de</strong>, o divórcio, com<br />

repercussões importantes sobre a estrutura familiar e social. Assim, na Inglaterra e<br />

no País <strong>de</strong> Gales, em 1938 houve um divórcio para cada 58 casamentos, mas em<br />

meados da década <strong>de</strong> 1980, a proporção era um divórcio para cada 2,2 casamentos.<br />

Além disso, po<strong>de</strong>mos ver a aceleração <strong>de</strong>ssa tendência nos <strong>de</strong>svairados anos 60.<br />

No fim da década <strong>de</strong> 1970, houve mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z divórcios para cada mil casais<br />

casados na Inglaterra e Gales, ou cinco vezes mais que em 1961 108 .<br />

Essa tendência <strong>de</strong> modo nenhum se restringia à Grã-Bretanha. Na Bélgica,<br />

França e Países Baixos, o índice bruto <strong>de</strong> divórcios (número anual <strong>de</strong> divórcios por<br />

mil habitantes) praticamente triplicou entre 1970 e 1985 110,111 .<br />

As mulheres na década <strong>de</strong> 1970 mostravam uma substancial diminuição no<br />

casamento formal e uma redução no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter filhos 108 . Nas últimas décadas a<br />

liberda<strong>de</strong> sexual cresceu ante as invenções dos anticoncepcionais físicos e<br />

químicos, favorecendo especialmente as relações pré-matrimoniais: a pílula e o<br />

aborto eram apregoados como garantias <strong>de</strong> ―sexo seguro‖. Os resultados<br />

mostraram-se <strong>de</strong>sastrosos, pois ao invés <strong>de</strong> propiciar a felicida<strong>de</strong> e bem-estar em<br />

jovens e adultos, tornou-se fonte <strong>de</strong> graves <strong>de</strong>sventuras 112,167 . ―Nas relações prématrimoniais,<br />

não haverá porventura uma enorme, embora oculta dose <strong>de</strong> medo a<br />

comprometer-se com uma mulher ou com um homem?‖ 25 .<br />

O século XX foi muito profícuo em alterações na estrutura familiar. Outro<br />

ineditismo que gradativamente torna-se mais popular são as chamadas famílias <strong>de</strong><br />

fato. Por essa expressão enten<strong>de</strong>-se a família fundada em uniões livres <strong>de</strong> fato, quer


52<br />

dizer, em convivências entre homem e mulher não reconhecidas publicamente, seja<br />

do ponto <strong>de</strong> vista civil ou religioso. Trata-se <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> vida conjugal e <strong>de</strong><br />

parentesco, representadas na maioria das vezes pelas coabitações juvenis. Em todo<br />

o mundo oci<strong>de</strong>ntal, um número cada dia maior <strong>de</strong> jovens convive como marido e<br />

mulher antes do matrimônio ou mesmo sem nenhuma perspectiva do matrimônio.<br />

Por outro lado, as convivências não juvenis surgem na maioria das vezes como<br />

conseqüência da separação ou do divórcio 109 .<br />

O número <strong>de</strong> pessoas vivendo sós também aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

Na Grã-Bretanha on<strong>de</strong> o número permaneceu estável no primeiro terço do século<br />

XX (6% <strong>de</strong> todas as casas), subiu suavemente daí em diante, até a década <strong>de</strong> 1960.<br />

Contudo, entre 1960 e 1980, a porcentagem quase duplicou <strong>de</strong> 12% para 22% <strong>de</strong><br />

todas as casas, e em 1991 era mais <strong>de</strong> um quarto 113 . Em muitas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />

oci<strong>de</strong>ntais, elas somavam cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as casas. Por outro lado, a<br />

família oci<strong>de</strong>ntal nuclear clássica, o casal casado com filhos, estava em visível<br />

retração. Nos EUA, essas famílias caíram <strong>de</strong> 44% <strong>de</strong> todas as casas para 29% em<br />

20 anos (1960-80). Na Suécia quase meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os partos em meados da<br />

década <strong>de</strong> 1980 foi <strong>de</strong> mães solteiras. Mesmo nos países <strong>de</strong>senvolvidos on<strong>de</strong> ainda<br />

formavam mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as casas em 1960 (Canadá, Alemanha Fe<strong>de</strong>ral,<br />

Países Baixos, Grã-Bretanha), eram agora uma clara minoria 113 .<br />

As principais inovações que começaram a transformar o mundo assim que a<br />

II Guerra Mundial terminou talvez tenham sido as do setor químico e far-macêutico.<br />

Seu impacto na <strong>de</strong>mografia dos Países em Desenvolvimento 12<br />

foi imediato. A<br />

revolução sexual no Oci<strong>de</strong>nte, nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, se tornou possível em<br />

parte em função dos antibióticos, <strong>de</strong>sconhecidos antes da Segunda Guerra Mundial,<br />

12 Na época eram <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> países do Terceiro Mundo.


53<br />

que pareceram eliminar os riscos da promiscuida<strong>de</strong>, tornando as doenças venéreas<br />

facilmente curáveis, e da pílula anticoncepcional, cuja disponibili-da<strong>de</strong> se ampliou na<br />

década <strong>de</strong> 1960. O risco, no entanto, no campo sexual, ia retornar na década <strong>de</strong><br />

1980, com o advento <strong>de</strong> uma nova doença, a AIDS 113 .<br />

Na década <strong>de</strong> 1960 teve inicio o reflorescimento do feminismo. Nos países<br />

on<strong>de</strong> se realizavam eleições, as mulheres em toda a parte do mundo haviam<br />

adquirido o direito <strong>de</strong> voto na década <strong>de</strong> 1960 com exceção <strong>de</strong> alguns Estados<br />

islâmicos e, um tanto curiosamente, da Suíça 113 .<br />

Muitos adolescentes vivem atualmente em famílias que são muito diferentes<br />

das famílias <strong>de</strong> algumas décadas atrás. A maioria das mães trabalha fora <strong>de</strong> casa, e<br />

as crianças muitas vezes cuidam <strong>de</strong> si mesmas <strong>de</strong>pois da escola. Muitos jovens<br />

vivem com pais solteiros ou segundas famílias. Muitas famílias enfrentam<br />

dificulda<strong>de</strong>s econômicas severas, que abalam a estrutura familiar 26 .<br />

Outra gran<strong>de</strong> mudança nos relacionamentos ocorreu quando os jovens<br />

adotaram a prática do ―ficar‖, nas décadas <strong>de</strong> 80 e 90. Em lugar <strong>de</strong> namoros,<br />

passaram a trocar beijos e carícias sem compromisso. É isso que vem ditando o<br />

rumo das relações afetivas neste início <strong>de</strong> século, ao menos no Brasil 114 .<br />

A revolução sexual, se bem que contribuiu para uma maior informação para<br />

a sexulaida<strong>de</strong>, também reduziu a relação sexual a uma experiência <strong>de</strong> prazer,<br />

fragilizando as <strong>de</strong>mais dimensões da sexualida<strong>de</strong> humana. Ao centrar-se<br />

<strong>de</strong>masiadamente no ato sexual e no prazer resultante, diminui-se a verda<strong>de</strong>ira<br />

dignida<strong>de</strong> da sexualida<strong>de</strong> humana. O prazer sexual tornou-se um ―ídolo‖ ao qual se<br />

sacrifica outros valores 93 .<br />

A revolução sexual e ―liberação sexual‖ propugnam principalmente a procura<br />

do maior prazer sexual através da libertação <strong>de</strong> qualquer limite ou norma moral que


54<br />

impeça <strong>de</strong> conseguí-lo, justificando assim o prazer pelo prazer e dissociando-o <strong>de</strong><br />

qualquer finalida<strong>de</strong> superior. Suas principais conseqüências são: o <strong>de</strong>svirtuamento<br />

do sentido do amor conjugal e da sua estabilida<strong>de</strong>, a perda do sentido da família e<br />

da responsabilida<strong>de</strong> pela educação dos filhos, justificação <strong>de</strong> todo o tipo <strong>de</strong><br />

comportamento no terreno sexual, a qualificação <strong>de</strong> ―formas alternativas‖ <strong>de</strong><br />

satisfação sexual para as formas aberrantes <strong>de</strong> exercer a sexualida<strong>de</strong>, movimentos<br />

homossexuais e feministas, além do sexo puramente recreativo e também a<br />

proliferação da pornografia 91 . A revolução sexual trouxe também maior aceitação da<br />

homossexualida<strong>de</strong> 26,115 .<br />

3.6 A EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE<br />

O termo ―educação sexual‖ foi utilizado pela primeira vez em 1912 na<br />

Conferência Internacional <strong>de</strong> Higiene, ao pedir que fosse incluída nos programas<br />

para a juventu<strong>de</strong>. ―Educação da sexualida<strong>de</strong>‖ é um termo mais apropriado que<br />

―educação sexual‖, em virtu<strong>de</strong> da sua vinculação a todas as manifestações da<br />

pessoa humana 25 .<br />

No princípio era uma forma <strong>de</strong> dar resposta aos problemas sociais postos<br />

pelas mães solteiras, à gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada e a proliferação das DST. A isso se<br />

acrescentou um sentido mais positivo como resposta à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a<br />

educação inclua a consi<strong>de</strong>ração da sexualida<strong>de</strong> como elemento <strong>de</strong> formação<br />

humana 25 . O ser humano precisa ser educado para viver como tal. Se não é assim,<br />

vive mal preparado. Somente através da boa educação que o homem é capaz <strong>de</strong><br />

usar bem da liberda<strong>de</strong> que possui. A boa educação consiste em adquirir não<br />

somente os conhecimentos necessários, mas também os costumes ou hábitos que


55<br />

permitem ao homem viver bem, dignamente, assegurando-lhe a coerência entre o<br />

que quer e o que po<strong>de</strong> fazer 177 . A educação sexual, ou educação da sexualida<strong>de</strong><br />

(modo mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> expressão), <strong>de</strong>ve ser entendida como uma tarefa que<br />

ensine aos jovens o verda<strong>de</strong>iro sentido da sexualida<strong>de</strong>, levando-se em consi<strong>de</strong>ração<br />

a ida<strong>de</strong> e psicologia própria <strong>de</strong> cada jovem e os direitos inalienáveis dos pais nesta<br />

matéria 91 .<br />

É um erro comum no processo educativo atual consi<strong>de</strong>rar a sexualida<strong>de</strong><br />

como algo puramente biológico 26 . A educação sexual não po<strong>de</strong> ser reduzida a uma<br />

informação sobre os métodos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>. Deve trazer uma<br />

consciência clara e correta sobre a dignida<strong>de</strong> da sexualida<strong>de</strong> e sobre a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser transmissora da vida 93 .<br />

Existem três pressupostos antropológicos que são fundamentais para a<br />

educação da sexualida<strong>de</strong>:<br />

a) há uma unida<strong>de</strong> substancial da pessoa humana que é formada por<br />

Corpo e Alma <strong>de</strong> modo inseparável;<br />

b) há uma integração <strong>de</strong> todas as dimensões que tem a natureza humana,<br />

Física, Psíquica e Espiritual. Todo o comportamento humano será<br />

a<strong>de</strong>quado ou não conforme a integração <strong>de</strong>ssas três dimensões. A<br />

integrida<strong>de</strong> é a or<strong>de</strong>m pela qual as partes se harmonizam entre si<br />

constituindo uma unida<strong>de</strong>.<br />

c) assim como a lei da gravida<strong>de</strong> rege todos os corpos, existe uma lei<br />

natural que rege toda a dinâmica humana;<br />

Para educar a sexualida<strong>de</strong> é necessário antes educar a afetivida<strong>de</strong>. O amor<br />

maduro exige domínio próprio. Ascen<strong>de</strong> do mundo elementar, amor imaturo, do<br />

mero prazer, até o mundo racional e imaterial em que o homem encontra a sua


56<br />

plena dignida<strong>de</strong>. É necessária a <strong>de</strong>terminação da vonta<strong>de</strong>, o mero sentimento não<br />

basta, ou seja, tem-se que apreen<strong>de</strong>r a cultivar o amor. Imprescindível que se<br />

eduque o coração dos jovens (dos adultos também) para a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Amores<br />

maduros são sempre amores fiéis 96 . É importante que o jovem compreenda que o<br />

amor não é um mero sentimento. O sentimento é passageiro e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>masiadamente <strong>de</strong> circunstâncias externas que po<strong>de</strong>m mudar. O autêntico amor é<br />

estável e permanente 91 .<br />

No que concerne à educação da sexualida<strong>de</strong> das crianças e adolescentes,<br />

faz-se didaticamente uma divisão <strong>de</strong> funções. Divi<strong>de</strong>-se em papel da família, da<br />

escola, dos médicos e do po<strong>de</strong>r público. Cada qual atuará <strong>de</strong> acordo com as suas<br />

capacida<strong>de</strong>s e facilida<strong>de</strong>s próprias para manejar esse tema. No entanto, percebe-se<br />

claramente que todos <strong>de</strong>vem estar voltados para um mesmo objetivo, do contrário<br />

continuará havendo uma gran<strong>de</strong> confusão na mente ainda em formação do jovem.<br />

Cabe aos pais <strong>de</strong>finir como será a linha mestra que guiará tais princípios educativos.<br />

Um tema recorrente ao adolescente é: ―Quem sou eu?‖. Essa pergunta<br />

abrange todos os aspectos do <strong>de</strong>senvolvimento 26 . O instinto sexual hipertrofia-se<br />

facilmente, ten<strong>de</strong>ndo a ocupar o espaço <strong>de</strong>ixado quando há um vácuo existencial 94 .<br />

Embora presente nas crianças mais jovens, é na adolescência que a<br />

tendência sexual <strong>de</strong> uma pessoa geralmente se expressa: se aquela pessoa terá<br />

interesse sexual, romântico e afetivo consistente por pessoas do outro sexo<br />

(heterossexual) ou por pessoas do mesmo sexo (homossexual) 26,115 . Há, no<br />

entanto, homens e mulheres com sentimentos homossexuais que querem seguir um<br />

caminho diferente. A crença <strong>de</strong> que a homossexualida<strong>de</strong> é inata está muito<br />

arraigada, porém pouco comprovada. Os psiquiatras americanos ten<strong>de</strong>m a ver a<br />

homossexualida<strong>de</strong> como conseqüência <strong>de</strong> um bloqueio do <strong>de</strong>senvolvimento psico-


57<br />

sexual do indivíduo, atribuindo pouca importância a causas físicas ou hereditárias. É<br />

importante que o adolescente saiba que a homossexualida<strong>de</strong> não é como uma<br />

con<strong>de</strong>nação vitalícia, ela po<strong>de</strong> ser entendida e po<strong>de</strong> ser curada. Deve-se dar ao<br />

jovem com sensações homossexuais a esperança <strong>de</strong> mudar 115 .<br />

A orientação correta para o exercício da sexualida<strong>de</strong> torna-se<br />

imprescindível. A sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser entendida como um item a mais no processo<br />

educativo, não o mais importante, mesmo na adolescência, on<strong>de</strong> as alterações<br />

hormonais e anatômicas estão explodindo a flor da pele 20 . A indisciplina sexual<br />

<strong>de</strong>sfaz as famílias, rompe os laços humanos mais <strong>de</strong>licados, cria e fomenta a<br />

marginalização, atrapalha o amadurecimento das pessoas, é causa <strong>de</strong> paixões<br />

incontroladas, amarguras, receios, ódios, violências e interfere na vida econômica,<br />

na medida em que <strong>de</strong>strói uma das suas unida<strong>de</strong>s, a família 177 .<br />

Vivemos em uma socieda<strong>de</strong> erotizada, on<strong>de</strong> os jovens recebem mensagens<br />

dúbias sobre o que é bom ou ruim em relação ao sexo. Além do que há certa<br />

permissivida<strong>de</strong> negligente no ar 116 .<br />

Em não poucos ambientes há um clima <strong>de</strong> permissivida<strong>de</strong> ou até <strong>de</strong><br />

promiscuida<strong>de</strong>, que quando não é <strong>de</strong>vidamente evitado é perfeitamente capaz <strong>de</strong><br />

induzir alguns jovens a aceitá-lo como normal. Os adolescentes, mais que os mais<br />

velhos, po<strong>de</strong>m confundir o comum e habitual em normal. Uma verda<strong>de</strong>ira confusão<br />

ocorre na cabeça <strong>de</strong>sses jovens que diante da socieda<strong>de</strong> hedonista em que vivemos<br />

hoje, cria a imagem <strong>de</strong> que sexo é apenas uma ―brinca<strong>de</strong>ira gostosa‖, sem vínculos,<br />

compromissos, respeito ou sentimentos 117 .<br />

Educar para a sexualida<strong>de</strong> sem mencionar o verda<strong>de</strong>iro sentido do amor é<br />

impossível 20 . A educação sexual faz parte da educação global 97 . A boa educação<br />

ensina a viver a sexualida<strong>de</strong> em toda a sua dignida<strong>de</strong> humana 25 . É profundamente


58<br />

lamentável que se limite, na área <strong>de</strong> formação sexual, a informar sobre fisiologia e<br />

anatomia, como se aquilo pertencesse a qualquer animal <strong>de</strong>svinculado da razão<br />

humana. Mais grave ainda é quando se restringe a esfera sexual a evitar riscos <strong>de</strong><br />

doenças sexualmente transmissíveis. Numa visão mais grotesca, quando a<br />

educação sexual já parte do conhecimento dos métodos anticoncepcionais! E, por<br />

fim, é catastrófico quando se consi<strong>de</strong>ra a sexualida<strong>de</strong> como o ―eu me sinto feliz‖,<br />

totalmente <strong>de</strong>svinculado do outro, fomentando o egoísmo do prazer pessoal em<br />

contraposição ao amor compartilhado 117 . É <strong>de</strong>masiado simplista pensar que basta o<br />

conhecimento para modificar a conduta dos seres humanos. Métodos <strong>de</strong> educar a<br />

sexualida<strong>de</strong> como os acima <strong>de</strong>scritos se espalharam pelo mundo, e com a sua<br />

extensão, foi-se comprovando a sua ineficácia. Estudos realizados na Inglaterra em<br />

1971, seguidos por outros nos EUA no ano seguinte concluíram que a informação<br />

escolar sobre os problemas, nos quais também não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar a influência<br />

excessiva da mídia, constitui um incentivo que aciona a curiosida<strong>de</strong> e a tendência a<br />

realizar os atos sexuais que se tenta evitar 25 .<br />

Os adolescentes precisam adotar valores e assumir compromissos. Eles<br />

precisam formar laços íntimos com moças e rapazes <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong> e serem amados<br />

e respeitados pelo que são e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m 26 . Isso significa que eles têm que <strong>de</strong>scobrir<br />

o que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m 26,94 . A sua conduta <strong>de</strong>ve passar <strong>de</strong> ser guiada pelos impulsos e ser<br />

guiada pela razão 177 .<br />

Por intermédio da educação da sexualida<strong>de</strong> tenta-se criar a consciência <strong>de</strong><br />

que a or<strong>de</strong>m sexual consiste em submeter os impulsos sexuais às normas da vida<br />

humana, fortalecendo a idéia <strong>de</strong> que, quando o impulso sexual segue os seus<br />

caprichos e exigências particulares, tiraniza e rebaixa o homem. A educação da


59<br />

sexualida<strong>de</strong> se manifesta em dois aspectos: como iluminação da inteligência e como<br />

fortalecimento da vonta<strong>de</strong> 26 .<br />

Em suma, a educação da sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser:<br />

a) uma educação mais para o ser do que para o fazer ou ter;<br />

b) uma educação para a formação da autoconsciência e dos próprios<br />

valores internos;<br />

c) uma educação para a troca;<br />

d) uma educação para a liberda<strong>de</strong>;<br />

e) uma educação para o amor;<br />

f) uma educação para a vida.<br />

Esta educação precisa estar baseada na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e <strong>de</strong><br />

troca entre o educador e o educando e na comunicação horizontal, não vertical<br />

como o objetivo <strong>de</strong> encontrar várias soluções para os múltiplos problemas. Dessa<br />

forma, não existe uma fórmula única e pronta <strong>de</strong> atuação, não se po<strong>de</strong>ndo recuar<br />

diante da dificulda<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> educar. Essa é a única saída para uma<br />

sexualida<strong>de</strong> com liberda<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> com o resgate do respeito, do amor,<br />

do outro e <strong>de</strong> si mesmo 118 .<br />

3.6.1 A educação da sexualida<strong>de</strong> na família<br />

Em uma pesquisa em 2003 on<strong>de</strong> foram entrevistados dois mil jovens, com<br />

ida<strong>de</strong> entre 15 e 25 anos, <strong>de</strong> todos os estados do Brasil, apresentou que enquanto<br />

46% <strong>de</strong>sses jovens têm na televisão a sua principal fonte <strong>de</strong> infor-mações e<br />

esclarecimentos sobre a sexualida<strong>de</strong>, apenas 22% disseram o mesmo sobre os pais<br />

e 11% afirmaram ter esse tipo <strong>de</strong> orientação com seu médico 119 .


60<br />

A família é a primeira comunida<strong>de</strong> humana, caracterizada por uma<br />

homogeneida<strong>de</strong> fundamental, biológica, psicológica, afetiva e cultural. É a célula<br />

primária e fundamental da socieda<strong>de</strong>, formada pelos cônjuges e seus filhos e<br />

eventualmente pelos ascen<strong>de</strong>ntes e aparentados que moram juntos 120 .<br />

A família, que <strong>de</strong>veria ser a fonte e sustendo <strong>de</strong> toda autorida<strong>de</strong>, vem<br />

passando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX por uma verda<strong>de</strong>ira crise <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, que<br />

se reflete na socieda<strong>de</strong>. À medida que os pais foram abandonando a sua função<br />

educativa e <strong>de</strong>legando cada vez mais esse po<strong>de</strong>r ao sistema escolar foi se tornando<br />

cada vez mais freqüente e cada vez mais precoce uma crise <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> nos<br />

adolescentes, o que era incomum há um século atrás 121 .<br />

Os pais precisam ajudar os filhos adolescentes a terem melhor aceitação e<br />

apreço por sua própria pessoa e a apren<strong>de</strong>rem a controlar suas próprias emoções e<br />

sentimentos. Chama a atenção certa tendência que muitos jovens têm a atuar em<br />

consonância com o ambiente que os cerca, o que torna os adolescentes mais<br />

suscetíveis ao álccol, às drogas e a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m sexual 121 .<br />

Outra característica dos adolescentes, para a qual os pais <strong>de</strong>vem estar<br />

atentos, é a ―pressa para viver‖. Os jovens po<strong>de</strong>m ter uma pressa exagerada para<br />

provar tudo, para ter todo o tipo <strong>de</strong> experiências e exigem que seus caprichos sejam<br />

satisfeitos imediatamente, como se fossem direitos seus 121 .<br />

A responsabilida<strong>de</strong> na orientação dos jovens, incluindo-se a orientação da<br />

sexualida<strong>de</strong>, correspon<strong>de</strong> em primeiro lugar aos pais, sem que isso signifique<br />

esquecer a necessária colaboração dos professores e outros agentes. Isso porque<br />

esse tipo <strong>de</strong> educação entra diretamente no mundo dos valores, em que o fator<br />

principal é constituído pelas relações <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> 26 .


61<br />

Há duas palavras-chave para os pais na educação dos filhos: compreensão<br />

e firmeza 122 . A educação da sexualida<strong>de</strong> se apóia principalmente no binômio famílaescola.<br />

Os anos <strong>de</strong> adolescência dos filhos não são um período fácil para os pais 26 .<br />

A educação realiza-se através <strong>de</strong> relações interpessoais, que se dão na<br />

família em maior varieda<strong>de</strong>, continuida<strong>de</strong> e profundida<strong>de</strong>. Na família o homem forjase<br />

no sentido biológico e transcen<strong>de</strong>nte. É nela que se forma a pessoa, <strong>de</strong> que a<br />

sexualida<strong>de</strong> é um dos aspectos 25 .<br />

A adolescência traz incertezas e sentimentos <strong>de</strong>sencontrados.<br />

Posteriormente surge a atração pelas pessoas do sexo oposto. A perturbação, o<br />

<strong>de</strong>sconcerto e o prazer misturam-se na mente do adolescente. Face a essa situação,<br />

o jovem precisa mais da ajuda dos pais. Estes <strong>de</strong>vem falar com os filhos sobre o<br />

sentido e os problemas da sexualida<strong>de</strong> na vida humana 26 .<br />

Os pais são os primeiros educadores e é no lar que a educação se inicia.<br />

Qualquer ação educativa <strong>de</strong> seus filhos por pessoas alheias à família <strong>de</strong>ve contar<br />

com sua autorização e firmar-se como apoio, jamais como substituição. Este<br />

princípio geral tem especial importância no tocante à educação sexual. Os pais têm<br />

absoluta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer sua própria função educativa que é um direito e<br />

<strong>de</strong>ver, uma vez que ninguém, como eles próprios conhecem tão a fundo a personalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus filhos. A família é o melhor ambiente para assegurar uma gradual e<br />

efetiva educação da vida sexual porque possui uma carga afetiva a<strong>de</strong>quada para<br />

fazer assimilar sem traumas as realida<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>licadas, integrando-as harmonicamente<br />

em uma personalida<strong>de</strong> rica e equilibrada. Esta tarefa primária da família<br />

comporta aos pais o direito <strong>de</strong> que não se obrigue seus filhos a assistir na escola<br />

aulas que estejam em <strong>de</strong>sacordo com suas próprias convicções 123 .


Os pais <strong>de</strong>vem estar atentos e vigilantes, pois atualmente existe muita<br />

confusão a respeito da sexualida<strong>de</strong> humana, e como já visto, os adolescentes são<br />

especialmente vulneráveis a isto. Há muitos sofismas, muitas idéias preconcebidas,<br />

muitos conceitos distorcidos, que impe<strong>de</strong>m o jovem <strong>de</strong> ver as coisas com a<br />

serenida<strong>de</strong> necessária 177 .<br />

Nas socieda<strong>de</strong>s em que o consumismo e o materialismo substituíram os<br />

valores humanos, a pessoa é reduzida a simples coisa. Desta forma,<br />

―liberado‖ dos seios da família e da socieda<strong>de</strong>, o indivíduo isolado, vítima <strong>de</strong><br />

uma nova forma <strong>de</strong> alienação, torna-se suscetível a todas as formas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>spotismo 124 .<br />

A idéia <strong>de</strong> que pais e adolescentes não se relacionam bem po<strong>de</strong>m ter<br />

origem na primeira teoria formal da adolescência do psicólogo G. Stanley Hall (1904-<br />

1916). Ele acreditava que os esforços dos jovens para se adaptar a seus corpos em<br />

transformação e às <strong>de</strong>mandas iminentes da ida<strong>de</strong> adulta anunciam um período <strong>de</strong><br />

―tormentas e <strong>de</strong>sgaste‖, o que inevitavelmente leva ao conflito entre gerações.<br />

Sigmund Freud também achava que o atrito entre pais e filhos era inevitável,<br />

originando-se da necessida<strong>de</strong> dos adolescentes <strong>de</strong> se libertar da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

seus pais 125 . Entretanto, a antropóloga Margaret Mead (1928- 1935), ao estudar a<br />

adolescência nas culturas não-oci<strong>de</strong>ntais, concluiu que quando a cultura proporciona<br />

uma transição serena e gradual da infância à ida<strong>de</strong> adulta, a rebeldia adolescente<br />

não é comum 26 .<br />

Mais que uma cabeça bem cheia, um jovem <strong>de</strong>ve ter uma cabeça bem<br />

62<br />

formada<br />

97 . O compromisso dos pais em educar seus filhos implica<br />

responsabilida<strong>de</strong>s, não obstante os pais tenham o direito <strong>de</strong> escolher a educação<br />

que <strong>de</strong>sejam para os seus filhos 124 . Embora os adolescentes encarem os amigos<br />

como companheiros na luta por in<strong>de</strong>pendência, eles ainda se voltam aos pais para<br />

obter apoio e orientação 126 . Na verda<strong>de</strong>, os valores fundamentais da maioria dos


63<br />

adolescentes permanecem mais próximos dos valores <strong>de</strong> seus pais do que<br />

geralmente se imagina 26,126 .<br />

O modo pelo qual as pessoas pensam sobre questões morais reflete o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento cognitivo 23 .<br />

A qualida<strong>de</strong> das relações familiares está intimamente associada à<br />

sexualida<strong>de</strong> do adolescente. Adolescentes provenientes <strong>de</strong> famílias com bom nível<br />

<strong>de</strong> comunicação, cordialida<strong>de</strong>, ternura, afeto, que acompanham e orientam os filhos<br />

são mais propensos a postergar o início da ativida<strong>de</strong> sexual 53,127,128 .<br />

Pesquisas recentes enfatizam a contribuição dos pais tanto na área cognitiva<br />

quanto na emocional 23 .<br />

A <strong>de</strong>ficiência na supervisão dos jovens está muito associada há vários<br />

comportamentos <strong>de</strong> risco 129 . Com menos supervisão dos pais, os adolescentes são<br />

mais suscetíveis à pressão dos amigos 26 . Uma pesquisa com 3.993 estudantes da<br />

primeira série do <strong>Ensino</strong> Médio em seis distritos escolares no sul da Califórnia, os<br />

quais tinham ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> origens étnicas e níveis socioeconômicos, constatou<br />

que os estudantes que não são supervisionados <strong>de</strong>pois da escola ten<strong>de</strong>m a fumar,<br />

beber, usar maconha ou envolver-se em outros comportamentos <strong>de</strong> risco; ficar<br />

<strong>de</strong>primidos e ter notas baixas. A falta <strong>de</strong> supervisão por si mesma não aumenta significativamente<br />

o risco <strong>de</strong> problemas contanto que os pais saibam on<strong>de</strong> estão seus<br />

filhos ou filhas. Quanto menos regularmente os pais monitoram as ativida<strong>de</strong>s dos<br />

filhos e quanto mais horas o jovem fica sem supervisão, maior o risco. A ausência <strong>de</strong><br />

supervisão parece ter os efeitos mais prejudiciais nas meninas, as quais <strong>de</strong> outra<br />

forma são menos inclinadas a problemas do que os meninos 26 . Algumas pesquisas<br />

constataram que crianças <strong>de</strong> famílias divorciadas têm menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem


64<br />

supervisionadas e, consequuentemente maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>svios<br />

<strong>de</strong> comportamento 26 .<br />

Em um estudo realizado em 1997, mais que 90% dos adolescentes<br />

entrevistados afirmaram que tinham recebido informações educativas sobre a AIDS<br />

nas escolas e um número significativo informou ter recebido também dos pais ou<br />

tutores 60 . Contudo o conteúdo da orientação dada nas escolas po<strong>de</strong> não transmitir a<br />

informação completa. As intervenções escolares normalmente não criam um vínculo<br />

pessoal e confi<strong>de</strong>ncial 50,51 . Nenhum outro organismo social tem todas as<br />

características da família, nem a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um forte vínculo entre seus<br />

membros, fundamentado na convivência, aceitação e amor mútuo. Os pais não<br />

po<strong>de</strong>m se dar ao luxo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidar a educação dos filhos, inclusive a educação<br />

sexual, visto que nenhum outro organismo social será capaz <strong>de</strong> substituí-los<br />

integralmente.<br />

No entanto, a maioria dos pais não dá a seus filhos informações suficientes<br />

sobre o sexo, e os jovens ainda obtêm gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> suas informações (e<br />

informações erradas) <strong>de</strong> amigos 26 . Numa pesquisa, 31% dos adolescentes,<br />

incluindo 28% daqueles que eram sexualmente ativos, nunca tinham conversado<br />

sobre sexo com os pais, e 42% disseram que ficavam muito nervosos ou temerosos<br />

para mencionar o assunto 26 .<br />

A ocasião oportuna para iniciar a educação sexual é quando os filhos<br />

perguntam. Quando não fazem perguntas (o que aflige a muitos pais), sempre se<br />

po<strong>de</strong> tentar criar as oportunida<strong>de</strong>s para conversar 97 . Os adolescentes que po<strong>de</strong>m<br />

falar com os pais sobre sexo têm melhores chances <strong>de</strong> evitar a gravi<strong>de</strong>z e outros<br />

riscos ligados à ativida<strong>de</strong> sexual 26 .


65<br />

O primeiro e importante passo é jamais se assustar com o que os filhos<br />

falam sobre qualquer tema, inclusive sobre sexo. Os pais <strong>de</strong>vem estar preparados<br />

para ouvir tudo, o que não significa concordar com tudo 20 . Durante a adolescência,<br />

é comum que os filhos pareçam ter passado uma borracha em certas condutas que<br />

antes pareciam sob controle 33 . É necessário que os pais e educadores fujam dos<br />

extremos. Sexo não é ―tabu‖ e nem ―ban<strong>de</strong>ira‖ 97 .<br />

Como disse o Santo Padre João Paulo II, na sua vinda ao Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

para o Segundo Encontro Mundial com as Famílias: ―O futuro da humanida<strong>de</strong> passa<br />

pela família!‖ 130 . A família é o microcosmo da socieda<strong>de</strong> 130 . É na família que se<br />

apren<strong>de</strong> a elaborar o projeto <strong>de</strong> vida 97 .<br />

A família é o segredo com que os pais po<strong>de</strong>m combater a influência negativa<br />

do ambiente e ajudar os filhos a serem felizes. Explicar, ensinar a diferença entre o<br />

verda<strong>de</strong>iro e o falso, informar, sensibilizar para as coisas que nos ro<strong>de</strong>iam. Preparar<br />

os filhos para escolherem por si próprios, proporcionando-lhes a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir<br />

corretamente 97 . Não é possível compreen<strong>de</strong>r a criança e o adolescente fora <strong>de</strong> seu<br />

contexto familiar 130 .<br />

O ambiente familiar é o lugar natural para transmitir valores, para promover a<br />

dignida<strong>de</strong> da mulher e do homem e do verda<strong>de</strong>iro significado <strong>de</strong>ssa relação afetiva e<br />

sexual. Assim sendo, enten<strong>de</strong>-se que a trajetória da realização pessoal do ser<br />

humano, no estágio da adolescência, exige uma ativa participação dos pais e<br />

educadores, que não se prenda apenas a uma clara apresentação dos fenômenos<br />

biológicos e emocionais da resposta sexual humana. Obviamente a informação é<br />

sempre necessária, porém, não preenche todas as exigências para um<br />

relacionamento como pôr exemplo: o significado e alcance das relações sexuais,<br />

concepção do amor e preparo para a formação <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> familiar 25 .


66<br />

A família <strong>de</strong>sempenha importante papel na sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus filhos<br />

através da transmissão <strong>de</strong> valores e atitu<strong>de</strong>s 131 . Por exemplo, há uma forte<br />

associação entre virginda<strong>de</strong> e família bem estruturada 132 . Em pesquisa com<br />

puérperas 13<br />

adolescentes, foi possível constatar que não ter pai efetivamente<br />

presente, especialmente do ponto <strong>de</strong> vista afetivo, é um fator <strong>de</strong> risco à sexualida<strong>de</strong><br />

precoce. Jovens que não receberam carinho e cuidado familiar cedo se engajam em<br />

relacionamento sexual <strong>de</strong>sprotegido, talvez para suprir uma carência emocional.<br />

Existe uma relação significativa entre as variáveis ter pai/mãe com qualida<strong>de</strong> e bom<br />

relacionamento com os filhos e não ser sexualmente ativo. A mesma relação se<br />

aplica entre virginda<strong>de</strong> e família biparental. Esses mesmos autores assinalam a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um enfoque verda<strong>de</strong>iramente eficaz nas relações familiares,<br />

enfatizando o fato <strong>de</strong> que todo trabalho <strong>de</strong> orientação em sexualida<strong>de</strong> e promoção<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> inclua a família. Sugerem que se criem estratégias para que se favoreça<br />

uma maior comunicação entre pais e filhos 82 .<br />

Um ponto importante é educar e fortalecer as virtu<strong>de</strong>s 20,97 . É fundamental<br />

educar a sexualida<strong>de</strong> em um sentido positivo, não apenas baseado em proibições,<br />

pois a vida tem um sentido positivo <strong>de</strong> pensamento e ação; rejeita o vazio e a<br />

negação exclusiva. Essa educação adquirirá caráter positivo se for vista como<br />

fomentadora <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s relacionadas com tendências sexuais. Uma das finalida<strong>de</strong>s<br />

da educação sexual é <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle racional das tendências<br />

sexuais. O sexo <strong>de</strong>ve ser apresentado no quadro do amor, on<strong>de</strong> ganha sentido na<br />

medida em que a vida na sua totalida<strong>de</strong> tem um sentido. Ligando a sexualida<strong>de</strong> ao<br />

amor na medida em que este é atuação da vonta<strong>de</strong> equivale a realçar a relação<br />

13 Período da vida da mãe que compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento do filho até o quadragésimo dia<br />

após.


67<br />

entre as tendências sexuais e os valores éticos, mas para que isso não seja etéreo,<br />

têm que ser projetado em virtu<strong>de</strong>s 133 .<br />

O relacionamento sexual pré-conjugal po<strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong> autoafirmação<br />

e liberda<strong>de</strong> da tutela paterna. Po<strong>de</strong>r-se-ia também questionar que os pais<br />

não estão preparados para oferecer uma educação afetiva e sexual aos filhos. Isto,<br />

porém, não <strong>de</strong>ve levá-los a culpável omissão <strong>de</strong> relegar obrigação tão grave a uma<br />

orientação impessoal e massiva que, pelo que se observa, também não está<br />

preparada para transmití-la. São os pais que <strong>de</strong>vem, com responsabilida<strong>de</strong> própria e<br />

intransferível, ir gradativamente adquirindo esses conhecimentos para passá-los, na<br />

sua <strong>de</strong>vida hora, aos seus filhos 134 .<br />

Alguns outros trabalhos também sugerem maneiras <strong>de</strong> lidar com o problema<br />

da sexualida<strong>de</strong> precoce, entre eles o programa intitulado ―Adiando o Envolvimento<br />

Sexual‖, on<strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> graus superiores foram preparados por quatro anos<br />

para conversarem com adolescentes da sétima série <strong>de</strong> seis escolas públicas sobre<br />

comunicação, auto-estima, anatomia e fisiologia da reprodução humana. Isso trouxe<br />

bons resultados, com notável redução da porcentagem <strong>de</strong> envolvimento sexual e<br />

gravi<strong>de</strong>z porque os adolescentes têm boa receptivida<strong>de</strong> quando as informações vêm<br />

<strong>de</strong> outros adolescentes 135 . Alguns autores preconizaram o incentivo ao trabalho em<br />

grupo, não só <strong>de</strong> adolescentes, mas também <strong>de</strong> pais e/ou familiares que teriam<br />

encontros quinzenalmente para discutir assuntos relativos à sexualida<strong>de</strong> 135,136 .<br />

Na educação sexual <strong>de</strong>vem-se evitar exemplos pessoais e fugir do<br />

naturalismo que muitos confun<strong>de</strong>m com naturalida<strong>de</strong>. O naturalismo não respeita o<br />

pudor próprio das crianças e adolescentes. O respeito à intimida<strong>de</strong> é um direito, e,<br />

portanto, ao evitar, por exemplo, trocar <strong>de</strong> roupas diante dos filhos ou tomar banho<br />

com eles, os pais estarão usando <strong>de</strong>sse direito, seu e dos filhos 97 .


68<br />

É preciso fugir também da pedagogia da sexualida<strong>de</strong> em termos ―angélicos‖,<br />

―botânicos‖ – os repolhos – ou ―zoológicos‖ – as cegonhas -, pois não somos anjos,<br />

plantas nem animais: somos seres humanos, dotados <strong>de</strong> uma inteligência que quer<br />

compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> que quer <strong>de</strong>cidir, <strong>de</strong> um coração que quer amar.<br />

Seres sexuados que necessitam conhecer o próprio corpo, como se nasce, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se veio, para quê e como viver 97 .<br />

A educação sexual inclui também a moda. Os pais <strong>de</strong>vem supervisionar e<br />

orientar os adolescentes sobre o melhor modo <strong>de</strong> se vestirem 97 .<br />

A atual humanida<strong>de</strong> 14 ensina aos jovens que a última razão da existência<br />

<strong>de</strong>stes na história consiste na mera trivialida<strong>de</strong>, irresponsabilida<strong>de</strong>, comodismo,<br />

egoísmo e conveniências paternas, mercantis e políticas. Perante isso, vemos como<br />

expôs o filósofo alemão Pieper, que é preciso chegar à convicção <strong>de</strong> que, enquanto<br />

não atingirmos uma razão ou fundamentos absolutos, não será total e <strong>de</strong>finitiva a<br />

fundamentação do direito e da justiça. É preciso chegar a conclusão <strong>de</strong> que, <strong>de</strong><br />

outro modo, nunca será eficaz a exigência da justiça como fronteira que a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ve respeitar necessariamente 137,138 .<br />

Em suma, fica claro o importante papel que a família (posteriormente se verá<br />

importância da escola) <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sempenhar na vida dos jovens. Nas relações entre<br />

pais e filhos <strong>de</strong>ve-se preservar um lado saudável que se traduz em qualida<strong>de</strong>s que<br />

<strong>de</strong>vem ser cultivadas, como o amor, a tolerância e o respeito mútuo.<br />

3.6.2 A educação da sexualida<strong>de</strong> na escola<br />

14 Humanida<strong>de</strong>: do Lat. humanitate. O conjunto dos homens; o gênero humano (Língua Portuguesa<br />

On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 mar. 2006.)


69<br />

A escola é a experiência organizadora central na vida da maioria dos<br />

adolescentes. Ela amplia os horizontes intelectuais e sociais 23 . No caso específico<br />

da educação da sexualida<strong>de</strong>, a escola, embora tenha uma função muito importante,<br />

<strong>de</strong>sempenha um papel co-adjuvante. Os pais não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>legar o ato principal da<br />

educação da sexualida<strong>de</strong>, embora possam (e às vezes é até fundamental) pedir<br />

ajuda 26 .<br />

No Brasil, apesar da maioria das adolescentes estarem recebendo aula <strong>de</strong><br />

educação sexual nas escolas, os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência continuaram<br />

aumentando, sugerindo que essa orientação não estaria alcançando seus objetivos<br />

62,139 . Talvez este problema não se <strong>de</strong>ve à <strong>de</strong>sinformação sexual, mas à<br />

<strong>de</strong>sinformação sócio-cultural. Muitas vezes os cursos <strong>de</strong> educação sexual só<br />

fornecem conhecimentos sobre questões referentes à fisiologia sexual e práticas<br />

contraceptivas, mostrando-se como uma política insuficiente e ineficaz para evitar as<br />

graves conseqüências que daí advém 140 .<br />

No que diz respeito ao papel da escola na formação e informação <strong>de</strong><br />

crianças, adolescentes e jovens, esta tem sido reconhecida como importante pólo<br />

integrador e organizador da comunida<strong>de</strong>, responsável pela socialização <strong>de</strong> crianças<br />

e adolescentes, sendo apontada como o local mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> preparação dos<br />

jovens para a vida em socieda<strong>de</strong> 141,142 . Adolescentes, quando questionados quanto<br />

ao local apropriado para discutir sobre sexualida<strong>de</strong>, apontam a escola como local<br />

i<strong>de</strong>al para discussões e troca <strong>de</strong> experiências 143,144 .<br />

Neste contexto, os professores têm sido i<strong>de</strong>ntificados como elementos<br />

envolvidos na construção do conhecimento coletivo, sendo formadores <strong>de</strong> opinião,<br />

os quais atuam como mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação para esses jovens, transmitindo-lhes<br />

noções <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, prática <strong>de</strong> inserção social e conceitos éticos <strong>de</strong>


70<br />

convívio social, complementando a educação familiar e os <strong>de</strong>mais aspectos <strong>de</strong><br />

preparação dos jovens para a vida adulta 145,143,144 .<br />

A institucionalização, nas escolas, <strong>de</strong> um espaço para discussão com<br />

adolescentes sobre aspectos relacionados ao seu <strong>de</strong>senvolvimento, vivências e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> contribuir para a execução <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> educação em<br />

saú<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> informações a<strong>de</strong>quadas sobre os cuidados com a saú<strong>de</strong>, também<br />

po<strong>de</strong> possibilitar o questionamento, a discussão, a reflexão e o estabelecimento <strong>de</strong><br />

juízo <strong>de</strong> valores necessários ao pleno <strong>de</strong>senvolvimento psicossocial 143,146 . Quando<br />

os jovens têm problemas para estabelecer uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ocupacional, eles correm<br />

o risco <strong>de</strong> apresentar comportamento com graves conseqüências negativas, como<br />

gravi<strong>de</strong>z precoce ou ativida<strong>de</strong> criminosa 26 .<br />

Não existe um consenso sobre como abordar a sexualida<strong>de</strong> nas escolas,<br />

mas o tema da abstinência costuma estar presente, sobretudo nos EUA. Das<br />

escolas públicas dos EUA que incluem a educação sexual em sua gra<strong>de</strong> curricular,<br />

14% tratam a abstinência como uma opção do adolescente, 51% ensina a<br />

abstinência como a opção preferida para adolescentes, mas permitem uma<br />

discussão sobre outros métodos contraceptivos como uma opção para evitar uma<br />

gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada e DST e 35 % ensina exclusivamente a abstinência sexual 147 .<br />

Uma pesquisa recente apontou que 96% dos pais acreditam que a abstinência é a<br />

melhor opção para a educação da sexualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stes 40% pensam que se <strong>de</strong>ve<br />

ensinar concomitantemente sobre métodos contraceptivos 148 .<br />

3.6.3 A educação da sexualida<strong>de</strong> e o papel do médico


71<br />

Os adolescentes têm menor probabilida<strong>de</strong> do que as crianças mais jovens<br />

<strong>de</strong> visitar um médico regularmente 23 . Nos EUA, estima-se que 14% dos jovens com<br />

menos <strong>de</strong> 18 anos não recebam os cuidados médicos que necessitam 23 .<br />

Curiosamente, apesar <strong>de</strong> dois terços dos adolescentes sentirem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conversar sobre DST e gravi<strong>de</strong>z com seus médicos, poucos o fazem 149 . Um dos<br />

motivos para isso é o temor do adolescente que o assunto não será tratado <strong>de</strong> forma<br />

confi<strong>de</strong>ncial 79 . Menos da meta<strong>de</strong> dos médicos pergunta habitualmente para seus<br />

pacientes adolescentes sobre a ativida<strong>de</strong> sexual <strong>de</strong>stes, número <strong>de</strong> parceiros,<br />

orientação sexual, abuso sexual, e DST 66 . Os médicos têm maior dificulda<strong>de</strong> do que<br />

as médicas para abordar esse tema com os pacientes adolescentes 150,151 .<br />

A maioria dos adolescentes procura um médico para esclarecer dúvidas<br />

sobre sexualida<strong>de</strong>, DST ou contracepção apenas um ano ou mais após a primeira<br />

relação sexual 50, 51 .<br />

Mais do que outros especialistas, o ginecologista obstetra, seguido pelo<br />

pediatra, são os médicos i<strong>de</strong>ais para começar a abordagem sobre a sexualida<strong>de</strong><br />

com seus pacientes adolescentes 152,153,154 . Pelas particularida<strong>de</strong>s da sua atuação,<br />

os pediatras ocupam uma posição singular para ajudar os pais na educação sexual<br />

das crianças e adolescentes e complementar os programas educacionais<br />

implantados nas escolas 155,156,157 .<br />

Diferente da educação sexual oferecida pelas escolas, os médicos po<strong>de</strong>m<br />

oferecer uma orientação personalizada, individual e confi<strong>de</strong>ncial 50,51,52 .<br />

Nos EUA, a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria vem publicando<br />

periodicamente orientações sobre sexualida<strong>de</strong> e adolescência 79,155,156,157 .<br />

As principais recomendações para a atuação dos pediatras e ginecologistas<br />

obstetras são:


72<br />

a) os médicos <strong>de</strong>vem ensinar os pais e jovens sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sexual normal, antes <strong>de</strong> partir para outras questões mais específicas<br />

155,156,157 ;<br />

b) o médico <strong>de</strong>ve estar atento para a presença <strong>de</strong> amadurecimento sexual<br />

precoce completo ou parcial 45 ;<br />

c) <strong>de</strong>vem encorajar os pais a discutir a sexualida<strong>de</strong> e a contracepção <strong>de</strong><br />

acordo com os valores, crenças, atitu<strong>de</strong>s e circunstâncias familiares,<br />

respeitando os valores próprios que cada família possui 155,156,157 ;<br />

d) encorajar os pais a usar os termos anatômicos próprios 155,156,157 ;<br />

e) animar os pais a respon<strong>de</strong>rem as questões apresentadas pelos filhos <strong>de</strong><br />

modo completo, conciso e correto, respeitando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

entendimento <strong>de</strong> cada criança 155,156,157 ;<br />

f) cabe aos médicos complementar a educação sexual oferecida nas<br />

escolas 155,156,157 ;<br />

g) os médicos precisam encorajar um diálogo honesto e recíproco entre<br />

pais e filhos 155,156,157 ;<br />

h) orientar os pais e adolescentes sobre as circunstâncias associadas com<br />

o início precoce da ativida<strong>de</strong> sexual, incluindo aí o uso do álcool<br />

155,156,157 ;<br />

i) assegurar que o adolescente tenha oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gastar seu tempo<br />

com ativida<strong>de</strong>s salutares e sociais 155,156,157 ;<br />

j) aconselhar os jovens a <strong>de</strong>scontinuar um comportamento sexual <strong>de</strong> risco<br />

e evitar ou mesmo interromper as possíveis relações coercitivas<br />

155,156,157,158 . Os adolescentes mais jovens são especialmente vulneráveis<br />

ao sexo coercitivo 26,54,64 . A ativida<strong>de</strong> sexual involuntária foi relatada por


73<br />

74% das meninas com menos <strong>de</strong> 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 54,64 . Em outro<br />

estudo, esse número ficou em um pouco mais que um quarto 50,51 ;<br />

k) <strong>de</strong>sencorajar o uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas, não penas pelos efeitos<br />

nocivos diretos que exercem sobre o organismo, mas também pelos<br />

riscos e conseqüências relacionados com a ativida<strong>de</strong> sexual<br />

23,155,156,157,159 ;<br />

l) os médicos <strong>de</strong>vem sempre estimular a abstinência e aconselhar sobre<br />

um comportamento sexual a<strong>de</strong>quado 160 . A abstinência <strong>de</strong>ve ser<br />

promovida como a estratégia mais eficaz para prevenir a infecção pelo<br />

HIV (Human Immuno<strong>de</strong>ficiency Virus) e outras DST, bem como para a<br />

prevenção da gravi<strong>de</strong>z 155,156,157,161,162 ;<br />

m) os adolescentes que já iniciaram a ativida<strong>de</strong> sexual necessitam <strong>de</strong><br />

recomendações adicionais, específicas para cada situação particular 161 ;<br />

n) o médico tem um <strong>de</strong>ver imposto pela ética que o obriga a abster-se <strong>de</strong><br />

fazer críticas e julgamentos. Deve adotar uma abordagem positiva, que<br />

aumente o ânimo do jovem para lutar e <strong>de</strong>svencilhar-se <strong>de</strong> uma situação<br />

potencialmente danosa 160,163 ;<br />

o) por fim, cabe ao médico assegurar ao adolescente que o assunto tratado<br />

nessas conversas é sempre confi<strong>de</strong>ncial 160,163 .<br />

É importante observar que essas recomendações são válidas para<br />

quaisquer médicos que tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com os adolescentes. Mais<br />

comumente, mas não exclusivamente, isso se aplica aos pediatras e ginecologistas<br />

obstetras.<br />

O médico também tem outras atuações, como por exemplo observar as<br />

particularida<strong>de</strong>s na condução do pré-natal <strong>de</strong> uma adolescente. Intervenções


74<br />

simples, como o acréscimo <strong>de</strong> ácido fólico como estratégia para a prevenção da espinha<br />

bífida e feto anencefálico, po<strong>de</strong> ser efetivo para diminuir a disparida<strong>de</strong> observada<br />

entre as adolescentes e mulheres adultas 164,165 . A gestante adolescente tem<br />

maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um filho com anencefalia, principalmente na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15<br />

anos ou mais jovem. Os adolescentes têm uma gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ácido fólico<br />

para seu organismo uma vez que estão em plena fase <strong>de</strong> crescimento. Nestes casos,<br />

po<strong>de</strong>rá haver <strong>de</strong>ficiência do ácido fólico para a formação do feto 246 . Estudos<br />

<strong>de</strong>monstram que crianças nascidas <strong>de</strong> mães com 15 anos ou menos apresentam 2,4<br />

vezes mais <strong>de</strong>feitos neurológicos do que as nascidas <strong>de</strong> mães com 20 anos ou mais<br />

31 .<br />

3.6.4 A educação da sexualida<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r público<br />

Antes <strong>de</strong> tudo, é importante observar que jamais se po<strong>de</strong>m impor i<strong>de</strong>ologias<br />

às crianças, seja através <strong>de</strong> programas, mo<strong>de</strong>los e métodos que usurpam dos pais<br />

seu direito <strong>de</strong> serem agentes da educação 124 .<br />

Em 1960 aparece pela primeira vez no mundo a expressão ―Saú<strong>de</strong><br />

Reprodutiva‖ em revistas que tratavam do controle da natalida<strong>de</strong>. Aos poucos<br />

passou a significar os cuidados que a mulher <strong>de</strong>ve tomar para não ser prejudicada<br />

por sua ativida<strong>de</strong> sexual, incluindo nesse conjunto o aborto. Essa expressão foi<br />

fortemente enfatizada na Conferência Internacional das Nações Unidas realizada na<br />

cida<strong>de</strong> do Cairo <strong>de</strong> 5 a 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1994, por <strong>de</strong>legações <strong>de</strong> países<br />

<strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> legalizar o aborto on<strong>de</strong> ainda não fora legalizado 166 . Esse é um<br />

exemplo <strong>de</strong> como o po<strong>de</strong>r público, às vezes, po<strong>de</strong> utilizar-se <strong>de</strong> eufemismos que<br />

confun<strong>de</strong>m a população.


75<br />

O Estado não <strong>de</strong>ve instigar a um tipo <strong>de</strong> educação sexual sem abrir opções<br />

aos pais para que possam escolher, com liberda<strong>de</strong>, entre uma solução ou outra.<br />

Será que as autorida<strong>de</strong>s públicas dão às instituições não governamentais –<br />

formadas por cidadãos brasileiros – <strong>de</strong> forma proporcional, os recursos educacionais<br />

semelhantes aos que o governo unilateralmente gasta em um programa milionário<br />

como a campanha dos preservativos? Nesse terreno o caráter subsidiário do Estado<br />

na educação dos filhos <strong>de</strong>veria oferecer a estas instituições recursos semelhantes, a<br />

fim <strong>de</strong> que os pais venham a dispor <strong>de</strong> novas perspectivas e opções.<br />

―Os pais, individualmente ou associados com outros, têm o direito e o <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> promover o bem estar <strong>de</strong> seus filhos e exigir que as autorida<strong>de</strong>s previ-nam e<br />

reprimam a exploração da sensibilida<strong>de</strong> das crianças e dos adolescentes‖ 99 .<br />

Programas públicos para a educação da sexualida<strong>de</strong> baseados<br />

exclusivamente em informações técnicas sobre o sexo e a contracepção foram<br />

tentadas em vários países. Nos países escandinavos os resultados não foram os<br />

esperados para a melhoria <strong>de</strong> vida dos jovens e na Inglaterra <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> constatado<br />

um alarmante aumento <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> adolescentes fez com que as autorida<strong>de</strong>s<br />

incentivassem as famílias a voltar a educar os filhos <strong>de</strong> acordo com os princípios<br />

morais anteriores 26 .<br />

No Brasil, em 1997, o Ministério da Educação quis aprovar um projeto para<br />

distrubuir aos professores <strong>de</strong> primeira à quarta série, <strong>de</strong> todo o país, uma cartilha<br />

com orientação para aulas sobre Educação Sexual. O projeto se limitava a fornecer<br />

instruções <strong>de</strong> Bióloga e Fisiologia sem apresentar alguma escala <strong>de</strong> valores ou<br />

parâmetros éticos. Esse tipo <strong>de</strong> educação incita ao uso do sexo sem amor. Além<br />

disso, estimula a iniciação sexual precoce e promíscua por <strong>de</strong>spertar curiosida<strong>de</strong> já<br />

nas crianças, que ainda não são capazes <strong>de</strong> ter uma visão global da sexualida<strong>de</strong>


76<br />

humana. Projeto semelhante foi implantado nos Estados Unidos cerca <strong>de</strong> 10 anos<br />

antes e verificou-se que em nada contribuiu para eliminar ou diminuir os males<br />

in<strong>de</strong>sejados por todos; ao contrário, estes só aumentaram em número. A<br />

comprovação <strong>de</strong>stes resultados moveu as autorida<strong>de</strong>s governamentais norteamerianas<br />

a repensar seus programas educacionais e a recomendar a abstinência<br />

sexual. A educação para a abstinência foi comprovada como tendo impacto positivo<br />

sobre as atitu<strong>de</strong>s dos jovens em relação à castida<strong>de</strong>. Além disso, reduziu realmente<br />

o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z em jovens <strong>de</strong> muitas comunida<strong>de</strong>s 167 .<br />

Os Ministérios da Saú<strong>de</strong> e da Educação no Brasil iniciaram em 2003 um<br />

programa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> preservativos nas escolas públicas do ensino<br />

fundamental e médio. Preten<strong>de</strong>m entregar cerca <strong>de</strong> 235 milhões <strong>de</strong> preservativos,<br />

por ano, para 2,5 milhões <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> todo o País até 2006. Além <strong>de</strong>stas<br />

medidas existem outras mais antigas que preten<strong>de</strong>m convencer a população,<br />

sobretudo <strong>de</strong> jovens, a evitar as mazelas das DST através do uso puro e simples <strong>de</strong><br />

preservativos. A propaganda, em geral, não faz nenhuma advertência, não entra em<br />

sutilezas, simplesmente incita a usar os preservativos. Por outro lado fomenta o que<br />

este uso traz consigo: uma relação eventual e insegura. É um meio que, sem dúvida,<br />

convida ao <strong>de</strong>sregramento sexual. Este <strong>de</strong>sregramento traz consigo muitos<br />

inconvenientes: aumento do número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> DST, o enfraquecimento da saú<strong>de</strong><br />

e da força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, a perda <strong>de</strong> um comportamento social e profissionalmente<br />

correto, a falta <strong>de</strong> respeito à pessoa humana e, sobretudo, a infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal e<br />

a gravi<strong>de</strong>z precoce e fora do casamento, da qual não poucas vezes <strong>de</strong>riva o aborto.<br />

Paradoxalmente, o enfraquecimento da força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> ocorrerá justamente numa<br />

época da vida on<strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria estar sendo fortalecida.


77<br />

Na década <strong>de</strong> 1990, no Brasil, houve a veiculação nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> uma campanha cujo slogan era o seguinte: ―Pecado é não usar<br />

camisinha‖. Da qual se po<strong>de</strong>m fazer algumas reflexões: trair a esposa usando<br />

camisinha não é pecado; assim como não é pecado o <strong>de</strong>sregramento sexual porque<br />

se usa camisinha; também não é pecado <strong>de</strong>florar uma menina <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se use<br />

camisinha e finalmente tampouco é pecado <strong>de</strong>sfigurar e esteriotipar a imagem do<br />

Brasil, apresentando-o como o país da libertinagem, das mulheres fáceis e dos<br />

bacanais <strong>de</strong> carnaval.<br />

A <strong>de</strong>cisão do Estado em distribuir preservativos nas escolas, para<br />

adolescentes, dá a enten<strong>de</strong>r que a vida sexual, para adolescentes, é algo normal 168 .<br />

Evitar o pior não justifica consentir no que é mau. Evitar a AIDS é ótimo, mas<br />

fomentar a promiscuida<strong>de</strong> é péssimo. Não se estará utilizando um inibidor para a<br />

AIDS – o preservativo – que, em última análise, po<strong>de</strong> se tornar causa <strong>de</strong>sta mesma<br />

doença? Descuida-se a educação dos adolescentes para a afetivida<strong>de</strong> e a vida<br />

sexual sadias, lamenta-se o uso precoce do sexo e a gravi<strong>de</strong>z das adolescentes e<br />

<strong>de</strong> repente, ―a toque <strong>de</strong> caixa‖, põe-se nas mãos dos menores um pacote <strong>de</strong><br />

preservativo como que dizendo: ―fique bem à vonta<strong>de</strong>, a ‗camisinha‘ garante‖. É igual<br />

a querer apagar um incêndio com gasolina! E <strong>de</strong>pois alguns chamam <strong>de</strong><br />

irresponsável a quem dá um grito <strong>de</strong> alerta 169 . Precisa-se acreditar que a orientação<br />

sexual não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve se limitar à oferta <strong>de</strong> preservativos. É necessário que os<br />

pais percebam que a orientação sexual é muito mais do que isso 20 . Não é razoável<br />

<strong>de</strong>scuidar e arriscar a própria saú<strong>de</strong> exclusivamente por motivos hedonistas 93 .<br />

No âmbito <strong>de</strong> uma população estudantil formada por adolescentes, o perigo<br />

<strong>de</strong> que a propaganda <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> preservativos venha a ser um incentivo para<br />

a prática do sexo precoce, é algo claro e evi<strong>de</strong>nte per si. Porque, sob a capa <strong>de</strong>


78<br />

evitar uma doença, parece que, subliminarmente, se está insinuando com uma<br />

pedagogia indireta: ―Transar, não há nada <strong>de</strong>mais‖. ―Se você sente esse impulso<br />

porque não satisfazê-lo?" O importante – isso sim! – é usar a ―camisinha‖. É isto, por<br />

ventura, o mais importante para um pai e uma mãe responsáveis? Que pai<br />

responsável pensa: se minha filha se <strong>de</strong>ita com qualquer coleginha para se<br />

divertirem não tem importância, o que tem importância é que não se esqueçam <strong>de</strong><br />

usar a ―camisinha‖ 169 ?<br />

Por outro lado, sendo a educação afetiva e sexual uma tarefa que compete<br />

primordialmente aos pais, a propaganda maciça, iniludível e impositiva sobre o uso<br />

dos preservativos entre menores, significa uma interferência abusiva num direito<br />

inalienável do pátrio po<strong>de</strong>r 169 .<br />

A verda<strong>de</strong> cientificamente verificada é que o uso <strong>de</strong> preservativo masculino<br />

não é absolutamente seguro. Têm-se feito inúmeras pesquisas a esse respeito nos<br />

meios científicos, como estudos <strong>de</strong> microscopia eletrônica e testes <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong><br />

micro partículas. Estes estudos chegam a uma clara conclusão: o uso <strong>de</strong><br />

preservativos não é confiável. As percentagens <strong>de</strong> ineficácia variam muito <strong>de</strong> acordo<br />

com o tipo <strong>de</strong> parceiro – pessoas casadas, homossexuais ou relações promíscuas,<br />

além do o modo <strong>de</strong> comportar-se na própria relação. Em alguns casos a ineficácia<br />

chega a mais <strong>de</strong> 30%. A média po<strong>de</strong>ria consi<strong>de</strong>rar-se, contudo, <strong>de</strong> uns 10% <strong>de</strong><br />

falhas 10 .<br />

Uma pesquisa apresenta seis gran<strong>de</strong>s falhas do preservativo entre as quais<br />

menciona, por exemplo, a <strong>de</strong>terioração do látex ocasionada pelas condições <strong>de</strong><br />

transporte e armazenagem. Tomadas, porém, todas as precauções e conseguindose<br />

que os preservativos cheguem em perfeitas condições aos usuários, seriam ainda<br />

seguros para prevenir a AIDS? - pergunta o autor. Sua resposta é esta:


79<br />

―Absolutamente não. O tamanho do vírus HIV da AIDS é 450 vezes menor que o<br />

espermatozói<strong>de</strong>. Estes pequenos vírus po<strong>de</strong>m passar entre os poros do látex tão<br />

facilmente em um bom preservativo como em um <strong>de</strong>feituoso‖ 9,112 .<br />

É compreensível que as autorida<strong>de</strong>s coloquem os preservativos entre os<br />

meios <strong>de</strong> prevenção da AIDS. O que não se compreen<strong>de</strong>, é que só proponham isso.<br />

É <strong>de</strong>ver das autorida<strong>de</strong>s salientar também que a prevenção contra a AIDS passa<br />

primeiramente pelo respeito do sexo, a recusa <strong>de</strong> banalização <strong>de</strong> relações sexuais, a<br />

educação das consciências e da responsabilida<strong>de</strong> moral 168 .<br />

A propaganda atualmente veiculada pelo Estado brasileiro para difundir o<br />

uso do preservativo é, por isso mesmo, ina<strong>de</strong>quada, pois por um lado, favorece a<br />

proliferação da promiscuida<strong>de</strong> e, por outro, não evita <strong>de</strong>vidamente a contaminação.<br />

Desta forma, em vez <strong>de</strong> se tornar um método inibidor da doença, torna-se, <strong>de</strong> fato,<br />

um método propagador da mesma.<br />

Recentemente um projeto apresentado pela Agência Norte-Americana para<br />

Desenvolvimento Internacional (USAID) para prevenção <strong>de</strong> AIDS no Brasil provocou<br />

um mal-estar no Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS. A proposta previa uma ação <strong>de</strong><br />

prevenção <strong>de</strong> AIDS entre adolescentes brasileiros baseada na abstinência sexual.<br />

Essa estratégia contraria frontalmente a política brasileira <strong>de</strong> prevenção da doença,<br />

que tem como pilar o uso do preservativo. O coor<strong>de</strong>nador do programa brasileiro<br />

afirmou que "a simples proposta é uma afronta à nossa política". A proposta da<br />

USAID prevê duas ações que têm como base a abstinência. Prega a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e<br />

recomendava a abstinência como melhor forma para evitar a contaminação pelo<br />

HIV. Novamente o coor<strong>de</strong>nador do progama brasileiro se posicionou contra.<br />

"Consi<strong>de</strong>ramos tal política totalmente incorreta e ineficaz (...) para o Brasil, a única<br />

forma inquestionável <strong>de</strong> prevenção contra a AIDS é o uso do preservativo". Em


80<br />

2005, o Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS já havia recusado o financiamento <strong>de</strong><br />

projetos com a USAID, no valor <strong>de</strong> US$ 40 milhões por discordar da forma <strong>de</strong> ação<br />

da agência. O motivo foi que a USAID condicionara novos convênios com<br />

organizações não-governamentais a que elas se comprometessem a não se engajar<br />

em ações pedindo a regulamentação da profissão <strong>de</strong> prostitutas 170 . No entanto o<br />

Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS não apresentou dados que comprovem a<br />

ineficácia do programa <strong>de</strong> abstinência ou a superiorida<strong>de</strong> a longo prazo <strong>de</strong> distribuir<br />

preservativos quando comparado com a abstinência.<br />

O jornal espanhol La Gaceta <strong>de</strong> los Negócios comenta que os patrocinadores<br />

do preservativo, como principal instrumento <strong>de</strong> prevenção da AIDS, em<br />

lugar <strong>de</strong> aceitar a evidência do gran<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> Uganda, se obstinam nas políticas<br />

<strong>de</strong> extensão do uso do preservativo, o que leva inevitavelmente consigo o implícito<br />

convite à promiscuida<strong>de</strong> sexual sob a mentirosa promessa do ―sexo seguro‖ 171 .<br />

Há dados evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> que o chamado ―sexo seguro‖ não tem contido a<br />

expansão da doença. Por exemplo, conduzida por Nelson Man<strong>de</strong>la, a África do Sul<br />

abraçou firmemente a estratégia do ―sexo seguro‖, e o uso <strong>de</strong> preservativo<br />

aumentou. Mas a África do Sul continua a li<strong>de</strong>rar mundialmente os casos <strong>de</strong> infecção<br />

por AIDS com 11,4% <strong>de</strong> sua população atualmente infectada. Parece que as bases<br />

científicas para a prevenção da AIDS através <strong>de</strong> preservativos são mais teóricas que<br />

clinicamente comprovadas 9 .<br />

Em 2005, os números da AIDS no mundo foram os mais altos já verificados.<br />

Apesar dos esforços internacionais, a doença ainda se espalha <strong>de</strong> forma mais rápida<br />

do que os resultados dos programas <strong>de</strong> combate à epi<strong>de</strong>mia. Em 2005 o mundo<br />

atingiu 5 milhões <strong>de</strong> novas infecções, mais <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong> mortes e um total <strong>de</strong><br />

40,3 milhões <strong>de</strong> pessoas infectadas pelo vírus HIV. Em termos <strong>de</strong> comparação, em


81<br />

2003, esse número era <strong>de</strong> 37,2 milhões <strong>de</strong> pessoas infectadas. Em 2005 a<br />

população afetada pelo HIV no mundo era o dobro da que existia em 1995. Dois<br />

terços dos novos infectados (64%), estão na África. Des<strong>de</strong> 1981, a AIDS causou 25<br />

milhões <strong>de</strong> mortes, o que a torna uma das maiores epi<strong>de</strong>mias já registradas. Um dos<br />

principais problemas é que apenas 10% da população afetada fez o exame e sabe<br />

que está contaminada 6 .<br />

A maior proliferação do vírus está ocorrendo na Ásia e no Leste Europeu,<br />

que têm uma incidência da doença 25 vezes maior hoje do que em 1995. Outro<br />

fenômeno é o da predominância <strong>de</strong> casos da doença entre mulheres. Na África, 75%<br />

dos jovens infectados são do sexo feminino. Na América Latina, em 2005, foram<br />

registrados 200 mil novos casos <strong>de</strong> contaminação pelo HIV e o número <strong>de</strong><br />

portadores da doença chegou a 1,8 milhão. Em 2003, o aumento havia sido <strong>de</strong> 170<br />

mil novos casos. Mais <strong>de</strong> um terço da população contaminada na América Latina<br />

está no Brasil 6 .<br />

As campanhas governamentais no mundo todo muitas vezes utilizam-se <strong>de</strong><br />

elementos como a distribuição <strong>de</strong> panfletos com informação sexual explicita e<br />

distribuição gratuita <strong>de</strong> preservativos. Algumas <strong>de</strong>ssas campanhas confun<strong>de</strong>m o<br />

bem e o mal, o certo e o errado na cabeça dos jovens, ao apresentar como<br />

imperativo moral absoluto o uso do preservativo 172 .<br />

Como é feita no Brasil, a campanha pró-camisinha aumenta a pressão social<br />

sobre os jovens para ter sexo e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contágio. Assim afirma uma<br />

pesquisa feita a jovens 173 :<br />

a) 61% dizem que a pressão social é a razão pela qual os meninos não<br />

esperam para ter relações sexuais;


82<br />

b) 80% dos adolescentes sexualmente ativos afirmam que foram "iniciados"<br />

muito cedo;<br />

c) 84% das meninas <strong>de</strong> 16 anos para baixo querem que em suas escolas<br />

lhes ensinem a dizer ―não‖ à relação sexual sem ferir os sentimentos da<br />

outra pessoa.<br />

Os governos costumam conduzir suas campanhas <strong>de</strong> educação sexual para<br />

adolescentes com base na premissa <strong>de</strong> que é pouco realista esperar que os jovens<br />

se abstenham <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual. No entanto um estudo feito na Grã-Bretanha<br />

<strong>de</strong>monstrou que seria mais sensato apoiar a abstinência da maioria dos jovens e<br />

<strong>de</strong>monstrar para os <strong>de</strong>mais os benefícios físicos, emocionais e psicológicos da<br />

continência até o casamento 172 .<br />

Nas palavras do próprio coor<strong>de</strong>nador do Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS, o<br />

Brasil ainda terá <strong>de</strong> percorrer um longo caminho antes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r afirmar que a<br />

epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> AIDS está controlada 6 . Não é com preservativos e outros métodos<br />

contraceptivos que se solucionarão os problemas do <strong>de</strong>sregramento sexual, mas<br />

com um trabalho profundo que venha a colocar no lugar que merece o valor da vida,<br />

do amor, do sexo, do matrimônio e da família 9 .<br />

3.6.5 As virtu<strong>de</strong>s da sexualida<strong>de</strong> humana<br />

Na adolescencia há que se educar as virtu<strong>de</strong>s para que elas ―superem os<br />

hormônios‖. Os hormônios sensibilizam, controlam a libido, mas não tomam<br />

<strong>de</strong>cisões.<br />

As virtu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser divididas em 3 grupos:<br />

a) Virtu<strong>de</strong>s Teologais: Fé, Esperança e Carida<strong>de</strong> (Amor).


83<br />

b) Virtu<strong>de</strong>s Centrais: Fortaleza, Prudência, Justiça e Temperança. A partir<br />

das Virtu<strong>de</strong>s Centrais, formam-se as diversas Virtu<strong>de</strong>s Humanas.<br />

c) Virtu<strong>de</strong>s Humanas: todas as <strong>de</strong>mais, como por exempo a Generosida<strong>de</strong>,<br />

Castida<strong>de</strong>, Pureza, Lealda<strong>de</strong> e o Respeito.<br />

A educação da sexualida<strong>de</strong> inclui necessariamente os valores éticos e <strong>de</strong>ve<br />

ser enquadrada num conceito claro <strong>de</strong> amor, que, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter em conta os<br />

elementos biológicos e sentimentais, é também uma atuação da vonta<strong>de</strong>. Falar <strong>de</strong><br />

ética sexual significa afirmar que a sexualida<strong>de</strong> está intimamente vinculada à<br />

dignida<strong>de</strong> do homem 25 .<br />

Para que os valores éticos não fiquem como algo vago, etéreo, têm <strong>de</strong> ser<br />

projetados em virtu<strong>de</strong>s 25 . As virtu<strong>de</strong>s são disposições básicas do caráter, <strong>de</strong> acordo<br />

com a expressão cunhada por Aristóteles, "a virtu<strong>de</strong> torna bom aquele que a possui"<br />

174 .<br />

A virtu<strong>de</strong>, seja ela qual for, não é uma aquisição permanente e imutável 33 . É<br />

um hábito operativo que Tomás <strong>de</strong> Aquino chamou <strong>de</strong> ―boa qualida<strong>de</strong> da mente,<br />

pela qual se vive retamente e da qual ninguém po<strong>de</strong> servir-se para o mal‖. A atitu<strong>de</strong><br />

ou hábito contrário é o vício. A virtu<strong>de</strong> é uma categoria fundamental da reflexão ética<br />

oci<strong>de</strong>ntal. Tem uma natureza antropológica que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>svinculada da<br />

natureza biológica, ontopsicológica e ontológicometafísica do homem. Por isso, ao<br />

longo dos séculos, a reflexão ética procurou focalizar a importância da prática da<br />

virtu<strong>de</strong> para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong> 175 .<br />

A virtu<strong>de</strong> é uma disposição, uma habilida<strong>de</strong>, adquirida mediante a repetição<br />

<strong>de</strong> atos, que aperfeiçoa a faculda<strong>de</strong> da pessoa para a ação moral que ten<strong>de</strong> à<br />

realização da vida boa 175 . Só compreen<strong>de</strong>mos corretamente o homem quando


84<br />

aceitamos que é pessoa: não um algo, mas alguém irredutível a qualquer outra<br />

realida<strong>de</strong> ou mesmo a qualquer outra pessoa, absolutamente original e inédito 176 .<br />

A moral, entendida aqui como sinônimo <strong>de</strong> ética, mais do que um conjunto<br />

<strong>de</strong> normas, é a arte <strong>de</strong> viver como um ser humano. O homem é um ser livre, ou seja,<br />

está muito menos condicionado por seus instintos, mas, por isso mesmo, precisa<br />

apren<strong>de</strong>r muitas coisas que os animais conhecem por instinto, e outras muitas que<br />

os animais nunca conhecerão, porque justamente são próprias do homem 177 .<br />

A seguir apresentam-se algumas das principais virtu<strong>de</strong>s relacionadas à<br />

sexualida<strong>de</strong>.<br />

3.6.5.1 A Generosida<strong>de</strong> x O Egoísmo<br />

A generosida<strong>de</strong> é a virtu<strong>de</strong> básica para quem quer apren<strong>de</strong>r a amar <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>. Não se po<strong>de</strong> amar sem ser generoso 33 . Enten<strong>de</strong>-se a generosida<strong>de</strong> a<br />

partir da disponibilida<strong>de</strong>, é o condutor que une atitu<strong>de</strong>s vitais em relação à pessoa<br />

do outro. É o <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong> forma comum para fazer <strong>de</strong> forma especial. A mola<br />

mestra da generosida<strong>de</strong> é colocar-se incondicionalmente a serviço do próximo,<br />

constituido-se na principal alavanca contra o egoísmo. A generosida<strong>de</strong> não propõe<br />

medida <strong>de</strong> qualquer tipo, seja material ou imaterial 178 . É a virtu<strong>de</strong> que faz com que a<br />

pessoa atue em favor <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>sinteressadamente e com alegria, tendo em conta<br />

a utilida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega à estas pessoas, ainda que lhe custe esforço<br />

179 .<br />

3.6.5.2 A Prudência x A Imprudência


85<br />

Provém do latim pru<strong>de</strong>ntia (provi<strong>de</strong>ns), que significa a habilida<strong>de</strong> ligada à<br />

prática, à capacida<strong>de</strong> virtuosa <strong>de</strong> regular, <strong>de</strong> modo conveniente e or<strong>de</strong>nada, as<br />

ações para chegar a um fim <strong>de</strong>finido. Posteriormente, na reflexão oci<strong>de</strong>ntal a<br />

prudência conserva a característica <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> que dirige a ação <strong>de</strong> modo<br />

congruente a um fim, o que faz <strong>de</strong>la uma virtu<strong>de</strong> intelectual, pois aperfeiçoa a razão,<br />

e uma virtu<strong>de</strong> moral, porque aperfeiçoa a razão prática. A Prudência, recta ratio<br />

agibilium – reta razão das coisas a serem feitas, não tem objeto próprio, mas<br />

presente em todo ato virtuoso circunstanciado, por este caráter situa-se no próprio<br />

interior do dinamismo da complexa gênese da <strong>de</strong>cisão moral. A Prudência exige<br />

uma disciplina virtuosa da ativida<strong>de</strong> da razão prática, que avalia as circunstâncias <strong>de</strong><br />

um ato moral e efetua a hierarquização dos bens. As virtu<strong>de</strong>s secundárias que<br />

englobam a Prudência são: circunspecção, <strong>de</strong>liberação, cautela, sagacida<strong>de</strong>,<br />

docilida<strong>de</strong>. A Prudência diz respeito aos módulos <strong>de</strong> comportamento do agir humano<br />

consciente em qualquer âmbito 180 .<br />

3.6.5.3 A Castida<strong>de</strong> (um hábito operativo bom versus um vício, a promiscuida<strong>de</strong>)<br />

Castida<strong>de</strong> é a força com que a razão se impõe ao impulso sexual. É virtu<strong>de</strong><br />

que enobrece a sexualida<strong>de</strong> do ser humano, mantendo-o limpo <strong>de</strong> alma e corpo a<br />

fim <strong>de</strong> as tendências sexuais não extravasarem os limites do amor verda<strong>de</strong>iro.<br />

Castida<strong>de</strong> é pureza <strong>de</strong> corpo e alma no amor 181 .<br />

Também conhecida como virtu<strong>de</strong> da Pureza, não <strong>de</strong>ve ser entendida como<br />

uma atitu<strong>de</strong> repressiva, mas, ao contrário, como proteção e respeito por um precioso<br />

dom recebido: o do amor como doação <strong>de</strong> si próprio que se realiza na vocação<br />

específica <strong>de</strong> cada um. A castida<strong>de</strong> é a energia que liberta o amor do egoísmo e da


86<br />

agressivida<strong>de</strong>; em que torna a satisfação um dom <strong>de</strong> si e não meramente um <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> prazer. Como dom-<strong>de</strong>-si, a castida<strong>de</strong> implica na colaboração prioritária dos pais<br />

também na formação <strong>de</strong> outras virtu<strong>de</strong>s que a complementam: Temperança,<br />

Fortaleza e Prudência. A castida<strong>de</strong> como virtu<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> existir sem capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> renúncia, <strong>de</strong> sacrifício e <strong>de</strong> espera 182 .<br />

A castida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo geral é mais difícil para os adolescentes que para os<br />

pais. As pressões são muito fortes, por vezes, quase impossíveis <strong>de</strong> serem<br />

suportadas. Ser vista como a única menina que ainda não fez sexo, o único rapaz<br />

que não tem o que contar, exige uma gran<strong>de</strong> fortaleza, sendo que os pais não<br />

po<strong>de</strong>m se omitir nessa hora 20 .<br />

A castida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser entendida como a orientação harmoniosa da<br />

sexualida<strong>de</strong> 90 . A abstinência e a monogamia conjugal são partes importantes <strong>de</strong><br />

uma estratégia para prevenção dos riscos da ativida<strong>de</strong> sexual 90,183 . A ênfase na<br />

abstinência repassada aos jovens é um dos principais fatores da postergação da<br />

ativida<strong>de</strong> sexual 49,50,51,52,53,54,184,185 . Atualmente a promoção da abstinência sexual<br />

entre os jovens é uma das gran<strong>de</strong>s metas da Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria 79 .<br />

A castida<strong>de</strong> antes do matrimônio é uma questão <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong>. O<br />

verda<strong>de</strong>iro sentido do ato sexual consiste em que é o supremo dom <strong>de</strong> amor que um<br />

homem e uma mulher po<strong>de</strong>m fazer um ao outro. Quanto mais levianamente cada um<br />

entrega o seu próprio corpo, menos valor terá o sexo 186 .<br />

Existe um consenso que a educação baseada na abstinência é mais eficaz<br />

quando iniciada antes dos adolescentes se tornarem sexualmente ativos 14,187,188 . A<br />

abstinência é o método mais eficaz na prevenção <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência<br />

184,185 .


87<br />

―Ninguém faz uma campanha a favor da virginda<strong>de</strong>, da abstinência ou <strong>de</strong><br />

uma vida sexual com apenas um parceiro mutuamente fiel e não infectado. Isso seria<br />

muito enfadonho. Mas estas é que são as verda<strong>de</strong>iras estratégias <strong>de</strong> prevenção‖ 189 .<br />

A castida<strong>de</strong> significa a integração correta da pessoa na sexualida<strong>de</strong> e com<br />

isso a unida<strong>de</strong> interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualida<strong>de</strong>, na<br />

qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal<br />

e verda<strong>de</strong>iramente humana quando é integrada na relação <strong>de</strong> pessoa a pessoa, na<br />

doação mútua integral e temporalmente ilimitada, do homem e da mulher 190 .<br />

A castida<strong>de</strong> comporta uma aprendizagem do domínio <strong>de</strong> si, que é uma<br />

pedagogia da liberda<strong>de</strong> humana. Correlaciona-se intimamente com a virtu<strong>de</strong> da<br />

Temperança. Ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se <strong>de</strong>ixa<br />

subjugar por elas e se torna infeliz. A dignida<strong>de</strong> do homem exige que ele possa agir<br />

<strong>de</strong> acordo com uma opção consciente e livre, isto é, motivado e levado por<br />

convicção pessoal e não por força <strong>de</strong> um impulso interno cego ou <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> mera<br />

coação externa. O homem consegue essa dignida<strong>de</strong> quando, libertado <strong>de</strong> todo<br />

cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem e procura<br />

eficazmente os meios aptos com diligente aplicação 190 .<br />

Os noivos são convidados a viver a castida<strong>de</strong> na continência. Nessa<br />

provação eles verão uma <strong>de</strong>scoberta do respeito mútuo. Reservarão para o tempo<br />

do casamento as manifestações <strong>de</strong> ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-seão<br />

mutuamente a crescer na castida<strong>de</strong> 190 .<br />

A castida<strong>de</strong>, como parte da virtu<strong>de</strong> da temperança, tem como finalida<strong>de</strong><br />

imediata or<strong>de</strong>nar toda a esfera sexual. Para isso, <strong>de</strong>ve realizar duas funções<br />

or<strong>de</strong>nadoras: dominar e orientar os apetites <strong>de</strong> prazer sexual e ajustar os atos<br />

sexuais a sua própria finalida<strong>de</strong> natural. A castida<strong>de</strong> é uma virtu<strong>de</strong> necessária a


88<br />

todos, que <strong>de</strong>ve ser vivida por todos, mas com matizes diversas. Cada um <strong>de</strong>ve<br />

vivê-la em seu próprio estado. Essa virtu<strong>de</strong> não tem como objetivo suprimir ou anular<br />

as tendências do apetite sexual, mas sim, regular essas tendências <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites<br />

que indica a lei moral. Um erro gran<strong>de</strong> e muito comum é relacionar castida<strong>de</strong> com<br />

abstinência total <strong>de</strong> vida sexual. Cada um <strong>de</strong>ve usar <strong>de</strong> seu corpo honestamente,<br />

não se abandonando a paixões. O homem necessita da castida<strong>de</strong> para evitar<br />

escravizar-se em amores egoístas, que estão em contradição com o correto<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das tendências existentes na natureza humana 191 .<br />

3.6.5.4 A Temperança<br />

A castida<strong>de</strong> situa-se no campo da temperança. Temperança é ―a mo<strong>de</strong>ração<br />

estabelecida pela inteligência‖. Refere-se particularmente ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazeres<br />

sensíveis, impedindo-o <strong>de</strong> sair, com ímpeto anormal, do espaço da razão. A<br />

temperança manifesta-se em duas direções principais: a sobrieda<strong>de</strong> e a castida<strong>de</strong><br />

181 .<br />

A temperança é a virtu<strong>de</strong> moral que mo<strong>de</strong>ra a atração pelos prazeres e<br />

procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vonta<strong>de</strong> sobre<br />

os instintos e mantém os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong>ntro dos limites da honestida<strong>de</strong>. A pessoa<br />

temperante orienta para o bem os seus apetites corporais 192 .<br />

Temperança significa domínio <strong>de</strong> si. Neste sentido está intimamente<br />

associada à virtu<strong>de</strong> porque controla os apetites e paixões inferiores, bem como os<br />

excessos. Esta virtu<strong>de</strong> está entre as que mais admiramos nas pessoas: caracteriza<br />

os gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res e os bons amigos. A temperança, como a carida<strong>de</strong>, começa em<br />

casa 193 .


89<br />

Não po<strong>de</strong> haver temperança sem raciocínio sensato e lúcido sobre o que é<br />

equilibrado e bom; e se não houver uma vonta<strong>de</strong> com força <strong>de</strong> domínio suficiente<br />

para manter os <strong>de</strong>sejos e impulsos no ponto certo que a razão indica. Por isso, para<br />

viver a virtu<strong>de</strong> da Temperança é necessário que haja a luz da razão e a força <strong>de</strong><br />

vonta<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se sintetizar a Temperança como: mo<strong>de</strong>ração ou continência dos<br />

diversos prazeres corporais; e também como autodomínio (domínio próprio), sempre<br />

guiada pela inteligência e pela vonta<strong>de</strong>.<br />

3.6.5.5 O Pudor<br />

O pudor significa guardar e possuir a própria intimida<strong>de</strong> em relação a si e<br />

aos outros. É a prudência da nossa intimida<strong>de</strong> 194 .<br />

É uma espécie <strong>de</strong> vergonha pelo receio <strong>de</strong> realizar um ato in<strong>de</strong>coroso ou<br />

indigno. Frente à tendência sexual, o homem sente naturalmente duas inclinações: a<br />

aceitação (atração), que procura a satisfação e o prazer e a <strong>de</strong>fesa (rejeição), pois<br />

tem a impressão <strong>de</strong> que tais atos, em <strong>de</strong>terminadas circunstâncias, se opõem ao<br />

que exige a dignida<strong>de</strong> humana, teme certa <strong>de</strong>sonra ou se envergonha <strong>de</strong> realizar um<br />

ato material, sem espírito, e por isso mesmo indigno da pessoa humana. O pudor é<br />

uma espécie <strong>de</strong> sentinela e <strong>de</strong>fesa da castida<strong>de</strong>. O pudor sofre influências <strong>de</strong> idéias<br />

e atitu<strong>de</strong>s sociais em relação à sexualida<strong>de</strong> e também da natureza e cultura.<br />

Entretanto, todas as aberrações estão estreitamente vinculadas ao enfraquecimento<br />

ou ausência do pudor. O sentido do pudor nasce da sua estreita vinculação com o<br />

sentimento <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> do homem. O pudor é uma <strong>de</strong>fesa da própria intimida<strong>de</strong>.


90<br />

Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como fruto <strong>de</strong> convenções sociais, está enraizado na<br />

consciência <strong>de</strong> todos os homens 181 .<br />

O uso <strong>de</strong> roupas mais ou menos provocantes e o envolvimento em situações<br />

e lugares mais ou menos embaraçosos po<strong>de</strong>m ser evitados pelo pudor 33 .<br />

É muito importante que cultivemos o pudor, ou seja, que a pessoa seja cada<br />

vez mais dona <strong>de</strong> si. É preciso ir contra a moda erotizante, que massifica e<br />

<strong>de</strong>sumaniza, provoca uma grave ausência <strong>de</strong> valores espirituais e, com o tempo,<br />

leva a uma saturação erótico-sexual que culmina numa mistura <strong>de</strong> tédio, apatia e<br />

<strong>de</strong>sleixo, o que não engran<strong>de</strong>ce o ser humano, e sim, o rebaixa <strong>de</strong> nível 195 .<br />

3.6.5.6 A Fortaleza<br />

Já se encontrava no pensamento ético grego. Designava a força do espírito<br />

ante as adversida<strong>de</strong>s da vida; o domínio das paixões; a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impor-se na<br />

condução da coisa pública. Aristóteles em ―Ética à Nicômaco‖ <strong>de</strong>limita duas funções<br />

fundamentais: suportar e atacar. Tomás <strong>de</strong> Aquino, complementando estas funções<br />

enten<strong>de</strong> como energia <strong>de</strong>stinada a vencer o medo proveniente da presença do mal,<br />

exaltando a coragem. Atualmente tem o sentido <strong>de</strong> luta pela <strong>de</strong>fesa da própria<br />

dignida<strong>de</strong> humana. Só a Fortaleza é capaz <strong>de</strong> provocar reação diante <strong>de</strong> situações<br />

<strong>de</strong>sumanizadoras e estimular a promoção dos direitos humanos fundamentais 180 .<br />

3.6.5.7 O Respeito<br />

O Respeito é a base <strong>de</strong> todo o comportamento reto do homem para consigo<br />

mesmo e para com os <strong>de</strong>mais. O respeito permite compreen<strong>de</strong>r como é prejudicial


91<br />

invadir o campo íntimo da sexualida<strong>de</strong> humana. Possibilita enten<strong>de</strong>r até que ponto<br />

há nessa invasão uma profanação e uma <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> si mesmo e dos outros. É<br />

uma atitu<strong>de</strong> fundamental da vida, sem a qual não é possível o amor verda<strong>de</strong>iro, a<br />

justiça, consi<strong>de</strong>ração, pureza e veracida<strong>de</strong>. A falta do Respeito expõe o homem à<br />

futilida<strong>de</strong> 196 .<br />

3.6.5.8 A Lealda<strong>de</strong><br />

A Lealda<strong>de</strong> é a virtu<strong>de</strong> pela qual se aceita os vínculos implícitos na a<strong>de</strong>são<br />

da pessoa com outras pessoas ou instituições. Ela reforça e protege, ao longo do<br />

tempo, o conjunto <strong>de</strong> valores que representam. A lealda<strong>de</strong> aos valores é básica para<br />

um mundo que está se auto-<strong>de</strong>struindo mediante uma ação frenética <strong>de</strong> atenção ao<br />

que é meramente transitório. A lealda<strong>de</strong> supõe buscar e conhecer os valores<br />

permanentes para a situação humana. Se não são aceitos valores permanantes, a<br />

Lealda<strong>de</strong> não faz sentido. É preciso estar maduro para <strong>de</strong>senvolver esta virtu<strong>de</strong> que<br />

traz consigo uma compreensão elevada <strong>de</strong> valores 197 .<br />

3.7 A RELAÇÃO MÍDIA, SEXUALIDADE E FAMÍLIA<br />

Os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>veriam cumprir três finalida<strong>de</strong>s<br />

básicas: informar, formar e distrair 198 . No entanto, muitas das informações difundidas<br />

pela mídia a respeito da sexualida<strong>de</strong> humana erram pela superficialida<strong>de</strong>,<br />

ambigüida<strong>de</strong>, parcialida<strong>de</strong>, e não poucas vezes são voluntariamente ten<strong>de</strong>nciosas e<br />

inverazes 199 .


92<br />

A infância e adolescência são fases <strong>de</strong> fácil manipulação. Amortecidos pela<br />

mídia os jovens copiam aos milhares o mesmo exemplo 200 .<br />

Sobre vários temas <strong>de</strong> natureza complexa, a população é muito informada<br />

quanto ao volume <strong>de</strong> acontecimentos e <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s, mas não tanto quanto à<br />

qualida<strong>de</strong> dos mesmos<br />

199 . O excesso <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>sencontradas e<br />

irreconciliáveis aumentou a confusão e a perplexida<strong>de</strong> sobre a sexualida<strong>de</strong> humana<br />

201 . A mídia exerce influência po<strong>de</strong>rosa nas atitu<strong>de</strong>s e comportamento sexual dos<br />

adolescentes. Infelizmente essa influência é habitualmente negativa 26 .<br />

A mídia ajuda a formação <strong>de</strong> um ―ética <strong>de</strong> consenso‖, on<strong>de</strong> assuntos<br />

complexos são tratados apenas pelo consenso, sem maior aprofundamento 202 . Um<br />

dos fatores relevantes na incitação à sexualida<strong>de</strong> precoce são justamente os meios<br />

<strong>de</strong> comunicação 26,203 . A mídia abusa da sensualida<strong>de</strong> como técnica <strong>de</strong> marketing,<br />

transmitindo ao adolescente que o intercurso sexual fora do casamento é um<br />

costume comum e aceitável 46,204 . Associado a isso, existe o comportamento<br />

influenciável do adolescente que reage com vigor aos estímulos eróticos 134 .<br />

Os adolescentes nos EUA são encorajados pelos meios <strong>de</strong> comunicação,<br />

principalmente a televisão, a iniciar mais precocemente a ativida<strong>de</strong> sexual, bem<br />

como a terem múltiplos parceiros 26,205 . No Brasil igualmente se observa um<br />

crescente número <strong>de</strong> parceiros por adolescentes 20 .<br />

A mídia massacra os jovens com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comportamento sexual<br />

<strong>de</strong>scompromissado e banalizado, gerando conflitos diversos. Além disso, transmite à<br />

jovem o conceito <strong>de</strong> mulher liberada como sendo aquela que mantém uma ativida<strong>de</strong><br />

sexual, indiferente dos valores afetivos ligados ao exercício da sexualida<strong>de</strong> 206 .<br />

Os pais não po<strong>de</strong>m ficar indiferentes diante <strong>de</strong> programas e mesmo<br />

comerciais que, por exemplo, exploram a sensualida<strong>de</strong> e incitam a sexualida<strong>de</strong> –


93<br />

entendida apenas como uso da genitalida<strong>de</strong>: ―fazer sexo‖, ―fazer amor‖, ―ficar‖ -,<br />

atingindo os jovens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da puberda<strong>de</strong>, quando não <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância<br />

mesmo 130 .<br />

Um psiquiatra americano chama ao aparelho <strong>de</strong> televisão ―nossa mãe TV‖<br />

130,207 , indicando que, para o bem ou para mal é ela quem cuida dos nossos filhos e<br />

influencia profundamente a todos nós 130 .<br />

Nos últimos quinze anos, a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria vem<br />

acompanhando quanto tempo as crianças e os adolescentes passam na frente da<br />

televisão e o que eles vêem 208 . De acordo com uma pesquisa recente do Nielsen<br />

Media Research, as crianças e os adolescentes gastam em média 3 horas por dia<br />

assistindo a televisão 209 . Nisso não está incluso o tempo gasto com filmes<br />

domésticos (ví<strong>de</strong>o-tapes e DVD) ou vi<strong>de</strong>ogames 210 . Um estudo <strong>de</strong> 1999 encontrou<br />

que o tempo médio total <strong>de</strong>spendido com todos os meios <strong>de</strong> mídia foi <strong>de</strong> 6 horas e<br />

32 minutos por dia 211 .<br />

A criança brasileira, entre os três e os doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, passa em média<br />

quatro horas diante da televisão, o que equivale a um tempo <strong>de</strong> três meses ao ano<br />

130 .<br />

Outro estudo encontrou que 32% das crianças com 2 a 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e<br />

65% entre 8 e 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> tem televisão em seus próprios quartos, nos EUA<br />

212 .<br />

Apesar <strong>de</strong> haver potenciais benefícios quando se assiste a certos programas<br />

televisivos, muitos outros po<strong>de</strong>m trazer resultados nocivos 97 . As crianças e os<br />

adolescentes são particularmente vulneráveis às mensagens trazidas pela televisão,<br />

as quais po<strong>de</strong>m influenciar tanto a sua percepção quanto o seu comportamento<br />

26,97,213 . E vão-se repetindo com absoluta convicção, como verda<strong>de</strong>s incontestáveis,


94<br />

as opiniões <strong>de</strong>ste ou daquele apresentador ou jornalista. É assim que, <strong>de</strong><br />

―mansinho‖, os comerciais, as novelas, os ditos e expressões <strong>de</strong> artistas,<br />

apresentadores, comediantes ou jornalistas acabam por transformar-se numa<br />

bagagem informativa, para <strong>de</strong>pois influir sobre o modo <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> agir, <strong>de</strong> comportar,<br />

<strong>de</strong> vestir, <strong>de</strong> sentir e <strong>de</strong> viver da população 130 .<br />

As crianças mais jovens não são capazes <strong>de</strong> discriminar no que elas<br />

assistem o que é real. Várias pesquisas <strong>de</strong>monstram que há um efeito negativo sobre<br />

a visão da sexualida<strong>de</strong> 97,214,215,216,217 . Há uma mensagem subliminar <strong>de</strong> erotismo<br />

e pornografia difundida pela mídia que chega a atingir dimensões <strong>de</strong> autêntica corrupção<br />

<strong>de</strong> menores 97,130 . Não se restringe aos comerciais, mas é praticada em<br />

quase toda a programação televisiva: cenas <strong>de</strong> sexo e sedução, diálogos <strong>de</strong> duplo<br />

sentido nas novelas e filmes que serão apresentados nos horários noturnos – ou<br />

nem tanto -, exibidas quase que acintosamente em trailers nos intervalos das programações<br />

ditas infantis. Apresentadoras <strong>de</strong> programas infantis que têm bem mais<br />

<strong>de</strong> sex symbols do que <strong>de</strong> educadoras, entre outras formas <strong>de</strong> apelação, transformam<br />

o mundo do entretenimento numa máquina <strong>de</strong> triturar valores 225 . Atualmente, a<br />

mercantilização do sexo é um dos mais lucrativos empreendimentos 201 .<br />

O Professor Haim Grünspun, psiquiatra infantil da USP (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo), comenta que a televisão influencia cada vez mais e <strong>de</strong> modo mais<br />

marcante a imaginação, a fantasia e o comportamento da criança. As crianças<br />

retêm, por assimilação muito daquilo que vêem no ví<strong>de</strong>o, sofrendo freqüentes<br />

mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> em função <strong>de</strong>sses estímulos. Quanto mais tempo diante a<br />

televisão, maior a influência 218 .<br />

Na televisão, lado a lado, se encontram a violência e a pornogra-fia 130,219 . A<br />

cada ano na televisão há milhares <strong>de</strong> cenas que implicam coito, mas curiosamente


95<br />

em quase nenhuma <strong>de</strong>las se faz referências a doenças sexualmente transmissíveis<br />

e à gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada. Também não há referência sobre o impacto emocional<br />

do sexo 26,220 . Para complicar, alguns estudos apontam que os adolescentes têm<br />

naturalmente um senso <strong>de</strong> invencibilida<strong>de</strong> acreditando que estão imunes a qualquer<br />

problema relacionado a ativida<strong>de</strong> sexual, tal como gravi<strong>de</strong>z ou DST 48,221 .<br />

Em 1990 alunos do curso <strong>de</strong> rádio e televisão da Escola <strong>de</strong> Comunicações e<br />

Artes da USP realizaram uma pesquisa durante a semana <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio a 3 <strong>de</strong><br />

junho. A partir das 8 horas da manhã, os estudantes assistiram aos canais <strong>de</strong><br />

televisão Globo, Manchete e Ban<strong>de</strong>irantes e constataram que uma criança que<br />

ficasse duas horas por dia diante da televisão, ao final <strong>de</strong> uma semana terá assistido<br />

a 276 relações sexuais, 72 palavrões e num ano estaria exposta a 1.168 piadas<br />

sobre sexo e 7.446 cenas <strong>de</strong> nu<strong>de</strong>z 97,130,222 .<br />

Nos EUA, entre 1975 e 1988, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamento sexual no<br />

horário nobre na televisão duplicou. Um adolescente americano é tipicamente<br />

exposto a quase 14.000 referências ou piadas sugestivas <strong>de</strong> sexo a cada ano, e<br />

somente 165 <strong>de</strong>las tratam <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> nascimento, autocontrole, abstinência (que<br />

raramente é retratada <strong>de</strong> modo positivo) ou DST 26 .<br />

Nas novelas, não casados fazem sexo com 24 vezes mais freqüência do que<br />

os casados 26 .<br />

Geralmente, os profissionais da informação transmitem as mais variadas<br />

notícias, quase sempre pressionados pela competição e interessados no impacto<br />

que elas causarão. Por isso, com freqüência, faltam-lhes condições para escolher as<br />

palavras mais a<strong>de</strong>quadas à transmissão verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> certos fatos, pois o público a<br />

que se <strong>de</strong>stinam as informações é heterogêneo, composto <strong>de</strong> indivíduos com<br />

variados graus <strong>de</strong> instrução, <strong>de</strong> condições sociais diversas, e também <strong>de</strong> diferentes


96<br />

ida<strong>de</strong>s, profissões e graus diversos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimento. Portanto<br />

pessoas com <strong>de</strong>sigual capacida<strong>de</strong> intelectual recebem, com a mesma linguagem, as<br />

notícias transmitidas pela mídia, e codificam-nas em suas mentes com conotações<br />

subjetivas diversas e, às vezes, antagônicas, aberrantes e falsas 199 .<br />

A televisão ten<strong>de</strong> a reforçar um duplo padrão estereotipado, no qual as<br />

mulheres, mas não os homens, consi<strong>de</strong>ram o casamento importante 26 .<br />

Diante da insistente repetição – impingida como se fosse verda<strong>de</strong> absoluta!<br />

– ―Sexo seguro? Só com camisinha...‖, parece que a mídia está na verda<strong>de</strong><br />

induzindo qualquer pessoa, não importa a ida<strong>de</strong>, à prática da genitalida<strong>de</strong> com um<br />

total e absoluto <strong>de</strong>scompromisso 130 .<br />

O termo ―sexo seguro‖ foi inicialmente usado para <strong>de</strong>nominar práticas<br />

sexuais potencialmente seguras, mas as evi<strong>de</strong>ncias indicam, já há algum tempo, que<br />

poucas práticas são completamente livres <strong>de</strong> risco. Portanto, ―sexo mais seguro‖,<br />

―sexo menos arriscado‖ ou ―sexo <strong>de</strong> risco menor‖ <strong>de</strong>vem substituir o termo ―sexo<br />

seguro‖ 90,223 . Na literatura internacional o termo ―safe sex‖ está sendo substituído<br />

por ―safer sex‖ 223 . Não existe sexo seguro fora da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal 224 .<br />

Nos últimos anos produziu-se na socieda<strong>de</strong> o que se chamaria <strong>de</strong><br />

―socialização da imaturida<strong>de</strong>‖. Populações inteiras <strong>de</strong> pessoas que, sob a influência<br />

<strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação pouco instrutivos e levianos, especialmente a televisão,<br />

conseguem trivializar tudo, tornando o homem um ser in<strong>de</strong>feso, sem critério,<br />

<strong>de</strong>snorteado, perdido, à <strong>de</strong>riva, empurrado por sucessivas mensagens vazias, <strong>de</strong><br />

aparência alegre e divertida. Também há a ―sexofilia e sexocracia‖ da ―onipresente‖<br />

televisão, on<strong>de</strong> existem relações corpo a corpo sem a mínima gota <strong>de</strong> amor<br />

verda<strong>de</strong>iro. Não existe um encontro <strong>de</strong> pessoa a pessoa, <strong>de</strong> alma a alma, e sim uma<br />

instrumentalização do outro 98 .


97<br />

Há muitos filmes e letras <strong>de</strong> música que também se tornaram cada vez mais<br />

sexualmente explícitos; ví<strong>de</strong>os musicais estão repletos <strong>de</strong> imagens sexuais e<br />

violência contra as mulheres 26 . Durante as décadas <strong>de</strong> 70 e 80, a produção <strong>de</strong><br />

filmes com a "exploração sexual" <strong>de</strong> adolescentes foi gran<strong>de</strong>; Hollywood apelou para<br />

os adolescentes por serem o maior segmento da população que vai aos cinemas.<br />

Muitos são os filmes que lidam com o sexo na adolescência, porém <strong>de</strong> maneira<br />

ina<strong>de</strong>quada, pois nestes, a relação sexual e a contracepção estão muito distantes,<br />

além <strong>de</strong> favorecerem a promiscuida<strong>de</strong> 214 .<br />

Estes filmes po<strong>de</strong>m ser vistos como incentivadores ao adolescente para que<br />

inicie sua vida sexual sem medidas contraceptivas. Favorecem como conseqüência<br />

disto, a gravi<strong>de</strong>z na adolescência, quando os processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação são<br />

consi<strong>de</strong>rados na instalação <strong>de</strong> novos comportamentos no repertório do indivíduo. O<br />

adolescente sem discernir as contingências implicadas, preocupa-se apenas com a<br />

obtenção do reforço imediato - o prazer das relações sexuais - sem pensar nas<br />

conseqüências aversivas que po<strong>de</strong>m ocorrer em virtu<strong>de</strong> do seu comportamento 214 .<br />

As gestantes adolescentes apresentam-se duas vezes mais propensas a<br />

pensar que os relacionamentos da televisão são como aqueles da vida real, do que<br />

as adolescentes não-grávidas, e que as personagens não usariam contracepção, se<br />

envolvidas em um relacionamento sexual, o que <strong>de</strong>monstra a falta <strong>de</strong> discernimento<br />

da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta situação 214 .<br />

Mais recente que outras formas <strong>de</strong> comunicação, a internet também merece<br />

cuidados especiais. O psiquiatra inglês Mark Grifiths, da Universida<strong>de</strong> Notthingham<br />

Trent encontrou em sua pesquisa que algumas crianças chegavam a ficar quatorze<br />

horas por dia conectadas à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores. A internet difun<strong>de</strong> ainda uma<br />

pornografia excessivamente acessível 225 .


98<br />

Se as adolescentes e os adolescentes viessem a ser induzidos a pensar que<br />

é normal o exercício precoce do sexo, prestar-se-ia um péssimo serviço a uma<br />

educação sadia e enriquecedora.<br />

Assim, não é <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r que adolescentes que obtêm informações<br />

sobre sexo na televisão e que carecem <strong>de</strong> sistemas bem formados <strong>de</strong> valores,<br />

capacida<strong>de</strong> crítica e forte influência familiar po<strong>de</strong>m aceitar a idéia <strong>de</strong> intercurso antes<br />

e fora do casamento, com múltiplos parceiros e sem proteção contra a gravi<strong>de</strong>z e<br />

doenças 26 .<br />

Os promotores da indústria e da mídia do sexo se <strong>de</strong>nominam os <strong>de</strong>fensores<br />

da <strong>de</strong>mocracia, lutam pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa e são contrários a qualquer tipo <strong>de</strong><br />

censura; mas, no fundo, o que querem é a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer dinheiro, <strong>de</strong><br />

comercializar às custas dos outros, e para esse fim, o comércio é disfarçado <strong>de</strong><br />

―arte‖, <strong>de</strong> ―educação‖, <strong>de</strong> ―esclarecimento‖ 94 .<br />

Em 1997, num artigo publicado num jornal <strong>de</strong> Curitiba, o autor propôs que se<br />

fizesse uma gran<strong>de</strong> mudança ao rumo <strong>de</strong> nossos meios <strong>de</strong> comunicação social.<br />

Comenta que os órgãos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser mais criativos, menos vulgares e<br />

mais sensatos 226 .<br />

3.8 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />

O início da ativida<strong>de</strong> sexual vem ocorrendo cada vez mais cedo, em todo o<br />

mundo, e causando preocupações por suas vastas conseqüências 13,20 . A ativida<strong>de</strong><br />

sexual na população adolescente está aumentando, principalmente entre as jovens<br />

brancas e menores <strong>de</strong> 15 anos 12 . Em 1997, em um hospital público <strong>de</strong> Curitiba, a<br />

média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual foi <strong>de</strong> 15,1 anos 62 . Na pesquisa feita


99<br />

pelo IBOPE (2003), a ida<strong>de</strong> média da primeira relação sexual para as meninas foi <strong>de</strong><br />

16,5 anos e para os meninos, <strong>de</strong> 15 anos, variando <strong>de</strong> acordo com o nível <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong>, faixa <strong>de</strong> renda e regiões do Brasil. Sendo mais precoce quanto menor<br />

o grau <strong>de</strong> instrução, menor a renda familiar e mais ao norte do Brasil se<br />

encontravam os adolescentes entrevistados 227 .<br />

Uma pesquisa da revista Época <strong>de</strong> 2004, concluiu que, apesar das<br />

diferenças regionais, em todo o país, mais da meta<strong>de</strong> dos meninos entre 10 e 14<br />

anos já tiveram alguma experiência sexual. Para as meninas, a ida<strong>de</strong> foi<br />

concordante com outros trabalhos, ou seja, 15 anos e meio 228 .<br />

Gran<strong>de</strong> parte das mulheres entre os 14 e 17 anos têm medo <strong>de</strong> não agradar,<br />

pois ainda estão construindo sua imagem, ou apresentam uma auto-imagem muitas<br />

vezes negativa. Uma gran<strong>de</strong> preocupação da mulher adolescente é saber se vai<br />

agradar ao seu parceiro. Também se consi<strong>de</strong>ra um fator importante para o<br />

relacionamento sexual, nessa faixa etária, o fato <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> impõe aos<br />

adolescentes o pensamento <strong>de</strong> que, se não têm uma vida sexual ativa, ficam fora <strong>de</strong><br />

moda 139 .<br />

A seguir relacionam-se 15 aspectos e fatores que <strong>de</strong> alguma forma po<strong>de</strong>m<br />

influenciar na <strong>de</strong>cisão do jovem em iniciar prematuramente o ato sexual:<br />

a) revolução sexual: como já foi comentada anteriormente, a revolução<br />

sexual trouxe consigo uma antecipação da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong><br />

sexual, sobretudo para as mulheres. Na atualida<strong>de</strong>, a percentagem <strong>de</strong><br />

moças e rapazes sexualmente ativos é praticamente igual 13 ;<br />

b) mídia: os meios <strong>de</strong> comunicação passaram a usar e abusar da<br />

sensualida<strong>de</strong> como técnica <strong>de</strong> marketing. Para ven<strong>de</strong>r mais, apelam<br />

para a sensualida<strong>de</strong> e sexualida<strong>de</strong> 46 . A mídia é uma entida<strong>de</strong> que


100<br />

incentiva a iniciação sexual precoce, uma vez que o comportamento<br />

sexual adulto aparece abertamente na televisão, revistas e jornais,<br />

enviando a mensagem, para o adolescente, que o intercurso sexual fora<br />

do casamento é um costume comum e aceitável 229 . A mídia massacra<br />

os jovens com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comportamento sexual <strong>de</strong>scompromissado<br />

e banalizado 206 . Isso leva os jovens a conflitarem-se sobre como <strong>de</strong>vem<br />

se comportar diante <strong>de</strong>ste ―modismo‖, tido como norma geral. O recado<br />

que a mídia transmite aos jovens é a <strong>de</strong> que, a mulher liberada é aquela<br />

que mantém intensa ativida<strong>de</strong> sexual, indiferente aos valores afetivos<br />

ligados à sexualida<strong>de</strong>. O apelo ao sexo, presente nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação, tem se difundido em todas as classes sóciais e, as<br />

pessoas, inclusive pais e mestres, parecem dispostos a <strong>de</strong>rrubar os<br />

―tabus‖ existentes. Em tudo, nota-se uma conotação sexual sem o<br />

componente que o dignifica e engran<strong>de</strong>ce que é o amor 204 . O<br />

crescimento alarmante <strong>de</strong> adolescentes grávidas, além dos crimes <strong>de</strong><br />

estupro e pedofilia, <strong>de</strong>ve-se à massacrante ―genitalização‖ da juventu<strong>de</strong><br />

produzida pela televisão 230 . Na pesquisa do IBOPE <strong>de</strong> 2003, observa-se<br />

que, o principal meio <strong>de</strong> informação sobre sexo para os adolescentes é a<br />

televisão (46%) 230 . Sendo assim, os jornalistas como formadores <strong>de</strong><br />

opinião, <strong>de</strong>vem ter consciência <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m, através <strong>de</strong> suas<br />

publicações, influenciar o comportamento sexual do público 231 ;<br />

c) prestígio e pressão social: a iniciação sexual precoce das moças se <strong>de</strong>ve<br />

principalmente à pressão da socieda<strong>de</strong> e do namorado, sendo que<br />

algumas pessoas chegam a dar ―status‖ inferior às virgens. Nestes casos<br />

as jovens aceitam a iniciação sexual por temor <strong>de</strong> parecerem diferentes


101<br />

das <strong>de</strong>mais 63 . As adolescentes po<strong>de</strong>m tornar-se sexualmente ativas por<br />

medo <strong>de</strong> parecerem diferentes, em uma socieda<strong>de</strong> que estimula a<br />

ativida<strong>de</strong> sexual e <strong>de</strong>monstra que é importante que ela seja ―liberada‖<br />

para ser valorizada pelos amigos e pela socieda<strong>de</strong> 232 . Segundo a<br />

pesquisa da revista época <strong>de</strong> 2004, para os meninos, essa pressão<br />

social para que sejam experientes sexualmente, é ainda maior 228 ;<br />

d) advento dos contraceptivos orais: vários autores referiram o impacto do<br />

advento dos contraceptivos orais no comportamento sexual dos jovens<br />

29,134 . O surgimento dos anticoncepcionais contribuiu para o início mais<br />

precoce da ativida<strong>de</strong> sexual, uma vez que permitiu a liberação sexual da<br />

mulher jovem. Isso ocorreu pelo fato dos contraceptivos afastarem,<br />

teoricamente, o risco <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, a conseqüência mais temida pelos<br />

jovens, em relação à sexualida<strong>de</strong>. Os jovens <strong>de</strong>senvolvem a noção <strong>de</strong><br />

risco e perigo em relação à sexualida<strong>de</strong> em duas fases: primeiro a<br />

gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>pois DST/AIDS, buscando métodos <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> acordo<br />

com esta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preocupação. Esses mesmos autores comentam<br />

que, em uma pesquisa em 5 escolas <strong>de</strong> São Paulo, o índice <strong>de</strong><br />

adolescentes sexualmente ativos que utilizam contraceptivos é <strong>de</strong> 76%<br />

233 . Os anticoncepcionais po<strong>de</strong>m abrir a porta a uma quantida<strong>de</strong> enorme<br />

<strong>de</strong> abusos contra a mulher. Quando um homem ama <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> uma<br />

mulher, está disposto a casar-se e ter filhos com ela. A contracepção faz<br />

a mulher sexualmente disponível sem exigir qualquer compromisso 9 ;<br />

e) carência afetiva: alguns adolescentes, normalmente aqueles<br />

provenientes <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong>sestruturadas ou com pais agressivos,<br />

ausentes ou mal preparados para educá-los, sentem-se solitários e


102<br />

carentes. Diante <strong>de</strong> tal situação se atiram com facilida<strong>de</strong> aos braços do<br />

sexo oposto na busca premente <strong>de</strong> afeto, preenchimento <strong>de</strong> suas<br />

necessida<strong>de</strong>s e fuga da solidão 48,49,50,51,58,65,66,234,235 . As meninas iniciam<br />

as relações sexuais principalmente com os rapazes com quem estão<br />

afetivamente envolvidas 236 . Os rapazes já o fazem com maior interesse<br />

sexual. Para as moças o amor tem priorida<strong>de</strong> sobre a genitalida<strong>de</strong> 29 .<br />

Algumas jovens <strong>de</strong>sejam engravidar utilizando essa situação como forma<br />

<strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> carinho, afeição ou exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus parceiros 237 .<br />

As meninas que mudam <strong>de</strong> residência repetidas vezes po<strong>de</strong>m se sentir<br />

solitárias e usar a sexualida<strong>de</strong> como meio <strong>de</strong> formar amiza<strong>de</strong>s num<br />

bairro novo. Seus laços com a família e a comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

enfraquecidos: elas po<strong>de</strong>m ser menos supervisionadas <strong>de</strong> perto pelos<br />

pais, po<strong>de</strong>m ser afastadas da família maior, e po<strong>de</strong>m ter passado a<br />

acreditar que os relacionamentos são casuais e temporários 26 . Para<br />

algumas jovens é interessante engravidar, pois com a maternida<strong>de</strong> há a<br />

passagem da condição <strong>de</strong> menina para a <strong>de</strong> mulher. Também existe o<br />

fato <strong>de</strong> uma carência afetiva e relacional com a família provocar na<br />

adolescente o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter um filho, no qual este seria o objeto<br />

privilegiado capaz <strong>de</strong> reparar essa carência 26,232,237,238 . A pesquisa da<br />

revista Época (março, 2004) relata casos <strong>de</strong> meninas que engravidam<br />

para sentirem-se livres e reconhecidas como adultas pela socieda<strong>de</strong>.<br />

Relata-se a existência do ―Mito da Cin<strong>de</strong>rela‖ on<strong>de</strong>, como nos contos <strong>de</strong><br />

fadas, essas jovens acreditam que, ao engravidar, estarão assegurando<br />

seu futuro através <strong>de</strong> um príncipe encantado, ou seja, um provedor. Em<br />

uma pesquisa realizada com 3.900 adolescentes que engravidaram em


103<br />

São Paulo, 33% das jovens mães argumentaram que o bom da<br />

maternida<strong>de</strong> é ter alguém, ter responsabilida<strong>de</strong> e amadurecer, nessa<br />

seqüência. Além disso, 87% <strong>de</strong>ssas jovens conheciam os métodos<br />

anticoncepcionais, porém 70% <strong>de</strong>las não os utilizaram. Existem<br />

adolescentes com <strong>de</strong>sejo inconsciente <strong>de</strong> engravidar. Em geral, trata-se<br />

<strong>de</strong> meninas rebel<strong>de</strong>s que sentem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-afirmação, <strong>de</strong><br />

jovens que querem ter alguém para amar, <strong>de</strong> sentir-se mulher ou<br />

mesmo, para repetir o mo<strong>de</strong>lo já existente na família 206 ;<br />

f) abuso sexual: muitas das gestações em jovens é fruto <strong>de</strong> incesto,<br />

geralmente provocado por membros da família 48,49,58,65,66,234 . Embora<br />

seja difícil <strong>de</strong> estabelecer o elo entre maus tratos na infância e<br />

subseqüente gravi<strong>de</strong>z na adolescência, alguns estudos <strong>de</strong>monstraram<br />

que 50% a 60% <strong>de</strong>ssas adolescentes tiveram história <strong>de</strong> abuso sexual<br />

ou físico na infância 49,50,51,52,53,54,66 ;<br />

g) menarca precoce: menarca é a primeira menstruação da menina. Ela<br />

po<strong>de</strong> ocorrer dos 10 aos 16 anos. Meninas que menstruam antes dos 10<br />

anos são consi<strong>de</strong>radas como tendo menarca precoce e após os 16 anos,<br />

menarca tardia. A ida<strong>de</strong> média da menarca é <strong>de</strong> 12,6 anos 239 .<br />

Evidências observadas <strong>de</strong>monstram uma tendência, nos países<br />

oci<strong>de</strong>ntais à antecipação da menarca com o passar dos anos. Em geral,<br />

a cada 10 anos, a menarca antecipa-se em torno <strong>de</strong> 4 meses 240 . As<br />

causas <strong>de</strong>ssa antecipação da menarca ainda não estão bem explicadas,<br />

porém parece que a maior exposição à luz solar, melhor alimentação e<br />

estímulos emocionais <strong>de</strong>terminam um <strong>de</strong>sbloqueio mais precoce do<br />

hipotálamo pela hipófise, antecipando-se a maturação do eixo neuro-


104<br />

hormonal hipotálamo-hipófise-ovariano 46 . Essa antecipa-ção na primeira<br />

menstruação é observada principalmente em meninas <strong>de</strong> classes sociais<br />

mais altas. Apesar <strong>de</strong> o ama-durecimento sexual estar ocorrendo mais<br />

precocemente, o <strong>de</strong>senvolvimento psicossocial não acompanha o<br />

processo <strong>de</strong> maturação biológica 63,28 . O amadurecimento sexual em<br />

ado-lescentes ocorre pelo menos 4 a 5 anos antes <strong>de</strong> alcançarem a<br />

maturida<strong>de</strong> emocional. As meninas mais jovens também são muito<br />

instáveis emocionalmente e facilmente influenciáveis 135 ;<br />

h) puberda<strong>de</strong> precoce 26,48,49,50,51,52,53,54,58,65,66,234 : sobretudo as meninas,<br />

po<strong>de</strong>m ―ficar‖ 15 com rapazes mais velhos e ver-se diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas<br />

sexuais apropriadas para a sua aparência, mas não para a sua ida<strong>de</strong> 23 ;<br />

i) pobreza: para vários autores, a pobreza está correlacionada <strong>de</strong> modo<br />

significativo com a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> adolescentes 48,49,50,51,52,53,54,58,65,66,234,241.<br />

Num estudo, mais do que 80% das mães adolescentes americanas<br />

provêm <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> baixa renda 26 . Em outro estudo brasileiro houve<br />

aumento significativo dos partos <strong>de</strong> adolescentes na categoria SUS 16<br />

quando comparado com os partos <strong>de</strong> mulheres adultas na mesma<br />

categoria <strong>de</strong> internação; também se verificou predomínio <strong>de</strong><br />

adolescentes sem ocupação remunerada 241 ;<br />

j) repetição do mo<strong>de</strong>lo existente na família: pelo menos um terço dos pais<br />

<strong>de</strong>ssas adolescentes (sejam homens ou mulheres), foram eles próprios<br />

pais e mães adolescentes 50,51,66 ;<br />

15 Ficar: novo brasileirismo. Os jovens trocam beijos e carícias <strong>de</strong> maior ou menor teor sexual, sem<br />

compromisso.<br />

16 SUS: Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública gratuita, voltado principalmente para a<br />

população <strong>de</strong> baixa renda, gerenciado pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil.


105<br />

k) postergação do casamento: um dos fatos geradores da antecipação do<br />

início da vida sexual ativa tem sido a postergação do casamento para<br />

faixas etárias mais elevadas 46 . Isso se relaciona principalmente com a<br />

exigência <strong>de</strong> uma formação escolar mais longa e especialização<br />

profissional mais prolongada, <strong>de</strong>vido à alta competitivida<strong>de</strong> no meio <strong>de</strong><br />

trabalho. Dessa forma, a in<strong>de</strong>pendência financeira é mais árdua e mais<br />

tardia. Os jovens acabam por casarem-se mais tardiamente e sentem<br />

maior dificulda<strong>de</strong> em conter o instinto sexual por um tempo tão longo 134 .<br />

Atualmente, os estudos primários, secundários e graduação se alongam<br />

e, quando por fim acabam o curso, consi<strong>de</strong>ra-se sempre necessário dar<br />

um toque <strong>de</strong> distinção com um mestrado ou especialização que garanta<br />

o futuro. O mercado <strong>de</strong> trabalho, cada dia está mais difícil, exigindo<br />

maior esforço dos jovens. Além disso, consi<strong>de</strong>ra-se cada vez mais difícil<br />

encontrar uma moça ou rapaz que reúna todas as condições necessárias<br />

para o casamento. Outro fator é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ―aproveitar a<br />

juventu<strong>de</strong>‖, on<strong>de</strong> um compromisso atrapalharia essas diversões e<br />

viagens que os jovens almejam nesse período da vida. Também pensam<br />

que manter uma família é uma tarefa difícil, visto que não querem reduzir<br />

o nível <strong>de</strong> conforto que <strong>de</strong>sfrutam na casa <strong>de</strong> seus pais. Tudo isso faz<br />

com que os jovens <strong>de</strong>cidam-se casar cada vez mais tar<strong>de</strong> e por<br />

conseqüência, iniciem antes do casamento sua vida sexual 126 . Na<br />

verda<strong>de</strong>, nas últimas décadas, a ida<strong>de</strong> do casamento foi aumentando por<br />

várias razões: uma, porque a vida conjugal é mais difícil que<br />

antigamente, <strong>de</strong>vido às enormes e rápidas mudanças produzidas na<br />

cultura mo<strong>de</strong>rna; outra, porque a liberalização dos costumes está


106<br />

conduzindo a uma socieda<strong>de</strong> mais aberta, mas permissiva, hedonista e<br />

materialista, que corre o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar a si mesma; e, por último,<br />

porque a concepção da vida mudou, os critérios são diferentes e, entre<br />

outras coisas, porque a mulher, assim como o homem, está imersa em<br />

suas tarefas profissionais. O velho esquema da mulher educada<br />

somente para casar está em <strong>de</strong>cadência, significando que ela não <strong>de</strong>ve<br />

realizar apenas a sua tarefa <strong>de</strong> mãe e esposa, mas ampliar seu campo<br />

<strong>de</strong> ação. Isso implica uma exigência extra, um <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> suas<br />

ocupações no lar e na profissão 98 ;<br />

l) situação cultural: o estilo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno facilita o contato sexual entre<br />

os jovens. O tipo <strong>de</strong> namoro <strong>de</strong> hoje difere dos mo<strong>de</strong>los do passado,<br />

havendo atualmente menor vigilância dos pais<br />

48,49,58,65,66,234 .<br />

Antigamente, fumar, beber ou ter relações sexuais era consi<strong>de</strong>rado uma<br />

atitu<strong>de</strong> apenas dos ―jovens-problema‖, enquanto atualmente, consi<strong>de</strong>rase<br />

tal comportamento normal e fazendo parte da experiência do<br />

adolescente 242 . A diminuição da influência da religião, escola e<br />

comunida<strong>de</strong> em que o adolescente vive são aguns dos fatores mais<br />

eminentes para a iniciação sexual precoce 50,51,229,234 . O hábito <strong>de</strong><br />

namorar precocemente também prediz maior risco <strong>de</strong> envolvimento<br />

sexual precoce. Numa investigação com adolescentes <strong>de</strong> 12 anos que<br />

namoravam, foi encontrado 91% <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolvimento<br />

sexual antes <strong>de</strong> terminarem a escola. Quando o namoro iniciava-se aos<br />

13 anos, esse índice caiu para 56% 135 . No grupo <strong>de</strong> jovens que iniciam<br />

a ativida<strong>de</strong> sexual precoce encontram-se jovens com baixo rendimento<br />

escolar, problemas emocionais (incluindo-se alguns distúrbios mentais e


107<br />

uso <strong>de</strong> tóxicos), jovens provenientes <strong>de</strong> grupos minoritários, vítimas <strong>de</strong><br />

abuso sexual, crianças provenientes <strong>de</strong> lares conflituosos e baixo nível<br />

<strong>de</strong> supervisão dos pais sobre os filhos 26,48,49,58,65,66,234;<br />

m) álcool: o consumo <strong>de</strong> álcool está associado a um maior risco <strong>de</strong> o jovem<br />

ter relações sexuais com estranhos, múltiplos parceiros e sem o uso <strong>de</strong><br />

preservativos 50,51,234,243 ;<br />

n) estruturação familiar: jovens provenientes <strong>de</strong> famílias com apenas um<br />

dos pais são mais suscetíveis a iniciação precoce da sexualida<strong>de</strong> 26 ;<br />

o) outros: em geral as meninas são mais influenciadas por fatores<br />

psicológicos como auto-estima, religiosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> seguir carreira e<br />

senso <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> suas vidas, ao passo que os meninos são mais<br />

afetados por fatores ligados a família e a comunida<strong>de</strong> e o fato <strong>de</strong> morar<br />

em zona rural ou urbana. Os adolescentes da zona rural têm maior<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter intercurso sexual 26 .<br />

3.9 AS CONSEQUÊNCIAS DA INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />

A ativida<strong>de</strong> sexual antes do casamento é sempre um risco, mas alguns<br />

padrões <strong>de</strong> comportamento são especialmente arriscados. Os mais ameaçados são<br />

os adolescentes que começam a ter ativida<strong>de</strong> sexual cedo e que têm múltiplos<br />

parceiros 26 .<br />

Duas gran<strong>de</strong>s questões em relação à ativida<strong>de</strong> sexual são os riscos <strong>de</strong><br />

doenças sexualmente transmissíveis e <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z 26,244 . Todavia, po<strong>de</strong>m ser citados<br />

inúmeros outros problemas.


108<br />

3.9.1 Consequências físicas<br />

3.9.1.1 Doenças sexualmente transmissíveis (DST)<br />

As DST, em outros tempos chamadas <strong>de</strong> doenças venéreas, são doenças<br />

que se disseminam pelo contato sexual. A prevalência <strong>de</strong> DST aumentou<br />

vertiginosamente a partir dos anos 60 23 .<br />

Os adolescentes formam o grupo mais suscetível a contrair DST 245 . Um em<br />

cada três casos <strong>de</strong> DST ocorre entre adolescentes; quanto mais jovem o<br />

adolescente, maior o risco <strong>de</strong> infecção 23 . Isso se <strong>de</strong>ve a imaturida<strong>de</strong> psíquica<br />

própria das ida<strong>de</strong>s mais jovens para lidar com algo tão importante quanto a<br />

sexualida<strong>de</strong>, muitas vezes expondo-se a riscos previsíveis; a uma tendência que têm<br />

em acreditar que estão <strong>de</strong> certa maneira imunes e protegidos <strong>de</strong> problemas que<br />

assolam apenas os outros; e também o fato que o organismo do jovem, sobretudo o<br />

da mulher ainda não está completamente pronto para a ativida<strong>de</strong> sexual. O epitélio<br />

da vagina, <strong>de</strong>vido à baixa exposição aos hormônios estrógenos são friáveis e<br />

oferece pouca resistência a entrada <strong>de</strong> microorganismos patógenos.<br />

As infecções transmitidas pela relação sexual constituem um grupo diferente<br />

<strong>de</strong> agentes microbianos, os quais são transmitidos na maioria das vezes através do<br />

contato direto com o indivíduo contaminado. Em geral, os agentes etiológicos têm o<br />

trato genital humano como único reservatório e sobrevivem mal ou não resistem fora<br />

do corpo humano. Quase quarenta agentes microbianos diferentes po<strong>de</strong>m ser<br />

transmitidos sexualmente, embora apenas alguns têm a transmissão sexual como<br />

mecanismo único ou predominante <strong>de</strong> disseminação. A maioria dos casos <strong>de</strong> DST<br />

está restrito às pessoas sexualmente ativas (em geral adolescentes e adultos jovens


109<br />

com ida<strong>de</strong> entre 15 e 34 anos, sendo que a faixa etária <strong>de</strong> 15 a 25 anos é a mais<br />

acometida por DST 246 ) e recém-nascidos e lactentes <strong>de</strong> mães contaminadas. As<br />

mulheres são mais suscetíveis à infecção e <strong>de</strong>senvolvem complicações com maior<br />

facilida<strong>de</strong> e freqüência do que os homens. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus efeitos sobre a saú<strong>de</strong><br />

reprodutiva po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como causador <strong>de</strong> problemas a longo prazo 247 .<br />

Estima-se que meta<strong>de</strong> das mulheres irá adquirir alguma DST ao longo <strong>de</strong> suas<br />

vidas. Mais <strong>de</strong> 50% são portadoras assintomáticas e as conseqüências para sua<br />

saú<strong>de</strong> são mais freqüentes e mais graves do que para os homens 248 . Não há cura<br />

para os vírus que provocam a AIDS, o herpes genital ou as verrugas genitais. A<br />

gonorréia e a clamídia, se não forem pronta e corretamente tratadas, po<strong>de</strong>m pôr em<br />

risco a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> engravidar e, se mesmo assim a gravi<strong>de</strong>z acontecer, po<strong>de</strong>m<br />

prejudicar o bebê. A sífilis, apesar das atuais facilida<strong>de</strong>s em tratá-la, continua<br />

aumentando no nosso meio. A gravi<strong>de</strong>z ectópica e a infertilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vidas a DST<br />

permanecem sendo um gran<strong>de</strong> problema 189 .<br />

Ainda nos dias atuais há uma crescente incidência <strong>de</strong>ssas doenças no meio<br />

dos adolescentes 20 . Dados do Programa <strong>de</strong> DST/AIDS do estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

mostram que em 2000 foram notificados naquele estado 2.540 casos <strong>de</strong> DST, sendo<br />

que <strong>de</strong>ste total 20% eram adolescentes. Está havendo uma ―feminilização‖ das DST<br />

e da infecção pelo HIV. Comenta que cerca da meta<strong>de</strong> dos casos <strong>de</strong> Aids ocorre em<br />

jovens 139 .<br />

As taxas <strong>de</strong> DST nos EUA está entre as mais altas no mundo industrializado<br />

23,249 . Estima-se que a cada ano um a cada quatro adolescentes com vida sexual<br />

ativa nos EUA adquire alguma DST 249 . Estudos tornaram evi<strong>de</strong>nte que apenas um<br />

em cada três adolescentes usou algum método <strong>de</strong> barreira como proteção para DST


110<br />

nos últimos 3 meses, isso a <strong>de</strong>speito do conhecimento prévio que possuíam 250 e<br />

apenas 63% afirmaram ter utilizado preservativo na última relação sexual 58 .<br />

As doenças obrigatoriamente <strong>de</strong> transmissão sexual são sífilis, gonorréia,<br />

cancro mole, linfogranuloma venéreo, donovanose, condiloma acuminado. As<br />

doenças freqüentemente transmitidas por contato sexual são tricomoníase, herpes<br />

genital simples, candidíase genital, fitiríase (pediculose pubiana), micoplasmose,<br />

infecção por Chlamydia trachomatis, AIDS e salpingite aguda. As doenças<br />

eventualmente transmitidas por contato sexual são: molusco contagioso, pediculose,<br />

escabiose, oxiuríase, hepatite B ou eventualmente A, amebíase, shiguelose e<br />

tuberculose. 251<br />

As DST mais comumente encontradas são 17 :<br />

a) tricomoníase: é uma causa comum <strong>de</strong> vaginite 18 transmitida pelo ato<br />

sexual, po<strong>de</strong>ndo a mulher ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> assintomática até apresentar<br />

sintomas exuberantes. O homem geralmente é portador assintomático. O<br />

agente causador da tricomoníase é um protozoário <strong>de</strong>nominado<br />

Trichomonas vaginalis. Geralmente causa corrimento vaginal importante<br />

com sintomas locais e urinários 251 . No mundo, ocorrem 172 milhões <strong>de</strong><br />

casos novos <strong>de</strong> tricomoníase a cada ano. Somente no Brasil esse<br />

número chega a 5 milhões. Essa doença provoca uma alteração no<br />

epitélio que po<strong>de</strong> ocasionar vulnerabilida<strong>de</strong> biológica muito importante<br />

para a transmissão do HIV, da hepatite e <strong>de</strong> outras patologias 246 .<br />

Evidências também sugerem que a tricomoníase po<strong>de</strong>ria facilitar a<br />

transmissão do HIV para o parceiro masculino já que a inflamação da<br />

17 Aqui as DST não estão relacionadas por qualquer tipo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, seja por incidência, prevalência,<br />

gravida<strong>de</strong> ou outro critério, uma vez que há divergências sobre isso nos diversos estudos levantados.<br />

18 A vaginite é um processo inflamatório da vagina.


111<br />

mucosa resultante da infecção po<strong>de</strong>ria aumentar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vírus<br />

por mililitro <strong>de</strong> conteúdo vaginal 252 ;<br />

b) gonorréia: a gonorréia é uma inflamação do trato urogenital causada por<br />

uma bactéria <strong>de</strong>nominada Neisseria gonorrhoeae, <strong>de</strong> transmissão<br />

prodominantemente sexual. As únicas transmissões não-sexuais são a<br />

conjuntivite e vaginite infantis (transmitidas pela mãe à criança pelo canal<br />

<strong>de</strong> parto). A prevalência da infecção entre mulheres com uma única<br />

exposição é <strong>de</strong> 50%, com duas exposições, 85,7% e com mais <strong>de</strong> duas<br />

exposições, 100%. O risco <strong>de</strong> infecção para o homem, em uma<br />

exposição é <strong>de</strong> 80%. O aumento da incidência no grupo feminino <strong>de</strong> 15 a<br />

19 anos está em <strong>de</strong>sproporção com o que se verifica em outros grupos<br />

etários e correspon<strong>de</strong> às modificações do comportamento sexual 253 . O<br />

uso <strong>de</strong> contraceptivos orais esteve associado com cerca do dobro do<br />

aumento do risco relativo <strong>de</strong> gonorréia, em um estudo <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

caso <strong>de</strong> pacientes <strong>de</strong> uma clínica <strong>de</strong> planejamento familiar. Isso po<strong>de</strong>ria<br />

ocorrer porque fatores hormonais estariam influenciando a gonococcia<br />

na mulher. O período <strong>de</strong> incubação da doença varia <strong>de</strong> três a sete dias,<br />

po<strong>de</strong>ndo a infecção ser sintomática ou assintomática, tanto em homens<br />

quanto em mulheres. Geralmente existem poucos sintomas na mulher,<br />

ao contrário do que ocorre com o homem. O gonococo po<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r<br />

pelo trato genital feminino levando a uma doença inflamatória pélvica<br />

aguda 251 . Os problemas relacionados a essa doença seriam lesões<br />

inflamatórias <strong>de</strong> órgãos genitais externos, útero, trompas e ovários,<br />

po<strong>de</strong>ndo levar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um quadro agudo <strong>de</strong> dor até a esterilida<strong>de</strong>, abortos<br />

sépticos ou mesmo partos prematuros. De 1 a 3% dos pacientes com


112<br />

gonorréia po<strong>de</strong>m vir a sofrer disseminação pelo sangue e <strong>de</strong>senvolvem<br />

um quadro <strong>de</strong> gonorréia disseminada. É mais comum em mulheres,<br />

durante a gestação ou no tempo <strong>de</strong> menstruação 253 . A gonorréia gera<br />

62 milhões <strong>de</strong> novos casos a cada ano no mundo e 1,5 milhões no<br />

Brasil, sendo que na mulher, são 1,2 milhões. Na maioria das vezes, a<br />

doença, nos seus estágios iniciais, apresenta sintomas apenas no<br />

homem 246 ;<br />

c) clamidíase: as infecções por clamídia mostram atualmente gran<strong>de</strong><br />

importância, não apenas por sua elevada freqüência, mas também<br />

<strong>de</strong>vido às dificulda<strong>de</strong>s para seu diagnóstico e pelas gran<strong>de</strong>s<br />

repercussões sobre o aparelho genital 251 . É a DST mais comum nos<br />

EUA com 600.000 casos <strong>de</strong>scritos em 1998 254 . Respon<strong>de</strong> por 60% <strong>de</strong><br />

todas as doenças pélvicas inflamatórias, com elevado índice <strong>de</strong><br />

infertilida<strong>de</strong> e gravi<strong>de</strong>z extra-uterina 212,255 . É uma doença causada pela<br />

Clamidia trachomatis, uma bactéria que parasita exclusivamente os<br />

seres humanos e é responsável por várias síndromes infecciosas<br />

(ocular, pulmonar, entérica, genital). Acomete principalmente mulheres<br />

jovens, com menos <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 256,257,258,259,260 . A maioria das<br />

infecções pela clamídia é assintomática, estimando-se que cheguem a<br />

60 a 70% <strong>de</strong>las 251 e até 40% das adolescentes estão infectados por este<br />

agente 247 . Outros estudos referem que a clamídia po<strong>de</strong> ser encontrada<br />

em 10 a 20% das adolescentes sexualmente ativas, sendo a ida<strong>de</strong> um<br />

dos principais fatores <strong>de</strong> risco para a aquisição da infecção, pois a<br />

clamídia infecta preferencialmente o epitélio colunar, que se encontra<br />

exposto nesta faixa etária, <strong>de</strong>vido ao fato da existência da ectopia


113<br />

fisiológica das adolescentes. Isso também explica a maior prevalência da<br />

doença em usuárias <strong>de</strong> contraceptivos orais. A gonorréia po<strong>de</strong> estar<br />

associada em 40% dos casos, pois o gonococo também tem predileção<br />

pelo epitélio colunar 251 . É o agente etiológico mais encontrado nas<br />

doenças inflamatórias pélvicas, que são causadoras <strong>de</strong> dores<br />

abdominais agudas ou crônicas e esterilida<strong>de</strong> feminina<br />

247 . São<br />

registrados 92 milhões <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> clamídia por ano no mundo,<br />

sendo 1,9 milhões no Brasil. O rastreamento <strong>de</strong>sta doença em mulheres<br />

abaixo <strong>de</strong> 25 anos, <strong>de</strong>tectou 31% <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> 246 . Estima-se que a<br />

erradicação da infecção por clamídia po<strong>de</strong>ria eliminar 80% dos casos <strong>de</strong><br />

infertilida<strong>de</strong> por fatores tubários e 50% das gestações tubárias 261 ;<br />

d) sífilis: a sífilis é uma doença causada pelo Treponema pallidum. A baixa<br />

resistência do treponema às condições do meio exterior exclui <strong>de</strong> maior<br />

valor outras vias que não o contágio sexual ou a via transplacentária. O<br />

risco <strong>de</strong> infecção se situa em torno <strong>de</strong> 30%, aumentando na reexposição.<br />

A doença é classificada em primária, secundária ou terciária,<br />

conforme a sua evolução. Na sífilis primária se observa comumente<br />

lesões <strong>de</strong> pele ou mucosas. Freqüentemente essa lesão é única.<br />

Encontra-se, em geral, no pênis, meato urinário, ânus, vulva, vagina ou<br />

colo do útero 262 . De um modo geral caracteriza-se por lesão tipo úlcera.<br />

A sífilis secundária é uma forma <strong>de</strong> doença disseminada 263 . Na sífilis<br />

secundária, a lesão <strong>de</strong> pele ou mucosa po<strong>de</strong> ser precedida ou<br />

acompanhada <strong>de</strong> sintomas como mal-estar, rouquidão, anorexia 19 , febre,<br />

cefaléia, meningites, neurites, manifestações hepáticas, nefrite, miosites,<br />

19 Perda do apetite.


114<br />

entre outras. Após um ano <strong>de</strong> doença, se não for corretamente tratada,<br />

evolui para a sífilis terciária, que é consi<strong>de</strong>rada a forma tardia da sífilis.<br />

Neste caso, a pessoa po<strong>de</strong> apresentar sintomas <strong>de</strong> três formas: sífilis<br />

terciária benigna, on<strong>de</strong> surgem lesões <strong>de</strong> tecidos, problemas com o<br />

nervo óptico, nos ossos, articulações, entre outros; a sífilis nervosa, on<strong>de</strong><br />

o paciente apresentará problemas neurológicos como meningite ou<br />

outros, em geral apresentando irritabilida<strong>de</strong>, cefaléia, insônia, alterações<br />

da fala e visão, entre outras; e a sífilis cardiovascular, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer lesões cardíacas ou na artéria aorta. Também se po<strong>de</strong> notar<br />

lesões das artérias, veias, aparelho respiratório, esôfago, estômago,<br />

pâncreas, figado, rins, baço, entre tantos outros 262 . No Brasil é estimado<br />

cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> sífilis a cada ano. No mundo todo<br />

esse número chega a 12 milhões a cada ano 246 ;<br />

e) herpes genital: o herpes genital é causado pelo Herpesvirus hominis<br />

(HSV). O HSV tipo 2 é o mais freqüente 251 . O herpes simples vírus tipo 1<br />

ou tipo 2, po<strong>de</strong> produzir infecção oral ou genital e após o surgimento da<br />

primeira infecção, po<strong>de</strong> tornar-se recidivante. Há reativação da infecção<br />

em torno <strong>de</strong> 60 a 90% dos casos 248 . Os sintomas são vesículas<br />

agrupadas, geralmente na região genital, com dor intensa e prurido,<br />

po<strong>de</strong>ndo ocorrer sintomas sistêmicos. Na infecção recorrente esses<br />

sintomas são mais brandos 251,264 . Em estudos feitos entre 1976 a 1994<br />

nos EUA, a soroprevalência encontrada <strong>de</strong>sse vírus em pessoas com<br />

mais <strong>de</strong> 12 anos foi 21,9%, correspon<strong>de</strong>ndo a 45 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

infectadas naquele país. A soroprevalência é maior entre mulheres<br />

(25,6%) do que em homens (17,8%) e maior em negros (45,9%) do que


115<br />

brancos (17,6%). Menos <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong>ste total relataram ter apresentado<br />

em algum momento sintomas <strong>de</strong> infecção por herpes genital. Esses<br />

estudos revelaram portanto, que o número <strong>de</strong> pessoas portadoras do<br />

vírus é muito maior do que se po<strong>de</strong>ria imaginar a primeira vista. Des<strong>de</strong><br />

1970 a prevalência do herpes vírus genital (herpes tipo 2) aumentou em<br />

30% 265 .<br />

f) papilomavírus humano (HPV): a infecção genital pelo HPV é consi<strong>de</strong>rada<br />

uma DST extremamente comum, representando importante problema <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong>vido à sua alta prevalência e transmissibilida<strong>de</strong> 266 . É a<br />

DST viral mais freqüente nos EUA 20 . Apresenta uma infectivida<strong>de</strong> que<br />

varia <strong>de</strong> 25 a 65% 247 . Atualmente, são conhecidos mais <strong>de</strong> 120 tipos <strong>de</strong><br />

HPV, sendo que cerca <strong>de</strong> 36 267 a 45 266 <strong>de</strong>les po<strong>de</strong>m infectar o trato<br />

genital. Os HPV são divididos em três grupos, <strong>de</strong> acordo com seu<br />

potencial <strong>de</strong> oncogenicida<strong>de</strong> 21 : baixo risco oncogênico, risco oncogênico<br />

intermediário e alto risco oncogênico. Os tipos <strong>de</strong> alto risco, quando<br />

associados à outros co-fatores, apresentam estreita relação com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor 267 .<br />

Apesar <strong>de</strong> 99,7% das neoplasias invasoras do colo uterino apresentarem<br />

DNA do HPV, apenas 1% das mulheres infectadas por um dos vários<br />

tipos virais oncogênicos apresenta risco para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

câncer. O HPV po<strong>de</strong> estar associado a câncer <strong>de</strong> ânus, pênis, vagina e<br />

vulva, mas são raros quando comparados com os tumores <strong>de</strong> colo<br />

uterino. Lesões precursoras induzidas pelo HPV se <strong>de</strong>senvolvem<br />

20 De todas as DST, a clamidíase é a mais prevalente nos EUA. Se estratificarmos por agente<br />

etiológico, <strong>de</strong>ntro das DST virais o HPV ocupa o primeiro lugar.<br />

21 Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultar em câncer. No caso específico do HPV, o maior potencial é <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver câncer <strong>de</strong> cólon <strong>de</strong> útero.


116<br />

aproximadamente uma década após a infecção inicial, permitindo seu<br />

reconhecimento através <strong>de</strong> recursos diagnósticos e tratamento<br />

conservador previamente à transformação neoplásica. A progressão<br />

maligna é um processo contínuo, on<strong>de</strong> o epitélio passa por alguns<br />

estágios (pré-câncer) antes <strong>de</strong> se tornar câncer invasor 266 . Estima-se<br />

que 75% da população sexualmente ativa entre em contato com um ou<br />

mais tipos <strong>de</strong> HPV durante sua vida. No entanto, a gran<strong>de</strong> maioria<br />

<strong>de</strong>stas infecções é eliminada pelo sistema imune e não <strong>de</strong>senvolve<br />

sintomas no hospe<strong>de</strong>iro. Em mais <strong>de</strong> 90% dos indivíduos infectados o<br />

vírus é eliminado espontaneamente através da ativação do sistema<br />

imune em um período <strong>de</strong> 24 meses. Estima-se que cerca <strong>de</strong> 1 a 2% dos<br />

adultos sexualmente ativos apresentam manifestação clínica do HPV<br />

(condiloma acuminado, que são verrugas genitais) e 4% possuem<br />

manifestações subclínicas, ou seja, alterações nos exames. Os<br />

principais fatores <strong>de</strong> risco para aquisição <strong>de</strong> infecção por HPV são:<br />

tabagismo, imunossupressão, ida<strong>de</strong> (a incidência é mais elevada logo<br />

após os primeiros anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual, principalmente entre jovens<br />

<strong>de</strong> 18 a 28 anos) e ativida<strong>de</strong> sexual (existe associação entre precocida<strong>de</strong><br />

no início da ativida<strong>de</strong> sexual e maior número <strong>de</strong> parceiros com um<br />

aumento da prevalência <strong>de</strong> infecção pelo HPV). As doenças<br />

sexualmente transmissíveis prévias como herpes e clamídia, além <strong>de</strong><br />

baixa ingestão <strong>de</strong> vitaminas C e E, também são fatores <strong>de</strong> maior risco<br />

266 . A paciente infectada pelo HPV bem como seus parceiros po<strong>de</strong>m ser<br />

infectantes, mesmo na ausência <strong>de</strong> lesões visíveis do HPV. O uso <strong>de</strong><br />

condom não elimina o risco <strong>de</strong> transmissão, pois fornece proteção


117<br />

apenas para o corpo do pênis. Se o homem apresentar lesão por HPV<br />

na região escrotal, o preservativo não confere proteção no sentido <strong>de</strong><br />

evitar com que a mulher se infecte 267 ;<br />

g) cancro mole: é uma doença causada pelo Haemophilus ducrey,<br />

causando geralmente várias úlceras genitais dolorosas mas sem<br />

comprometimento do estado geral do paciente. É excessivamente<br />

contagioso, po<strong>de</strong>ndo-se dizer que é a mais venérea <strong>de</strong> todas as<br />

afecções, pois à exceção <strong>de</strong> raríssimos casos <strong>de</strong> contágio profissional,<br />

sua origem tem <strong>de</strong> ser buscada sempre nas relações sexuais.<br />

Naturalmente, o risco aumenta com a promiscuida<strong>de</strong> 264,268 ;<br />

h) linfogranuloma venéreo: é outra doença, que assim como a clamidíase,<br />

também é causada pela Chlamydia trachomatis. Evolui em três fases,<br />

iniciando com lesão local, passando a um gânglio inguinal e<br />

posteriormente, seqüelas da obstrução linfática 268 ;<br />

i) donovanose: é causado pelo Calymmataobacterium granulomatis. Causa<br />

lesões genitais e anais e se não tratadas, evoluem para extensas<br />

cicatrizes <strong>de</strong>formantes na pele. É mais comum no nor<strong>de</strong>ste brasileiro 264 ;<br />

j) micoplasmas: engloba dois agentes causadores <strong>de</strong> infecção genital:<br />

Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Alguns trabalhos<br />

mostram que cerca <strong>de</strong> 15 a 95% das mulheres sexualmente ativas são<br />

portadoras <strong>de</strong> micoplasma. São causadores <strong>de</strong> abortamento habitual 247 .<br />

A infecção pelos micoplasmas também leva a seqüelas no sistema<br />

reprodutivo, principalmente na tuba uterina e na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> migração<br />

dos espermatozói<strong>de</strong>s. A sua freqüência na população <strong>de</strong> pacientes<br />

inférteis não é homogênea na literatura, variando entre 2 e 23%. A ampla


118<br />

variabilida<strong>de</strong> nestas taxas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores populacionais e das<br />

diferentes técnicas diagnósticas emprega-das, o que dificulta traçar um<br />

perfil clínico característico 269 ;<br />

k) AIDS ou SIDA (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida): A infecção é<br />

causada pelo pelo HIV, um vírus pertencente à classe dos retrovírus<br />

270 . Ao entrar no organismo humano, esse vírus po<strong>de</strong> ficar silencioso e<br />

incubado por muitos anos. Esta fase <strong>de</strong>nomina-se assintomática e<br />

relaciona-se ao quadro em que uma pessoa infectada não apresenta<br />

nenhum sintoma ou sinal da doença. O período entre a infecção pelo HIV<br />

e a manifestação dos primeiros sintomas da AIDS irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r,<br />

principalmente, do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da pessoa. Essa virose promove<br />

graves danos no sistema imunológico, <strong>de</strong>ixando a pessoa infectada<br />

suscetível a diversas infecções oportunistas. Até o momento foram<br />

<strong>de</strong>scritos dois tipos <strong>de</strong> vírus com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infectar o ser humano<br />

(HIV-1 e HIV-2). É fundamental consi<strong>de</strong>rar que o HIV engloba dois<br />

grupos <strong>de</strong> pacientes: portadores assintomáticos (soropositivos) e<br />

doentes, ou seja, aqueles que apresentam algum tipo <strong>de</strong> infecção<br />

oportunista. Somente estes últimos são consi<strong>de</strong>rados portadores <strong>de</strong><br />

AIDS. No entando, ambos os grupos po<strong>de</strong>m ser transmissores da<br />

moléstia 271 . De 1º <strong>de</strong> janeiro a 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001 foram registradas<br />

7.099 notificações <strong>de</strong> AIDS no Brasil, totalizando 210.447 casos da<br />

doença <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980. Do total, 155.792 (74%) são do sexo masculino e<br />

54.660 (26%) do sexo feminino. O número <strong>de</strong> casos em menores <strong>de</strong> 13<br />

anos chegou a 7.335 (3,5% do total) 272 . Indicadores epi<strong>de</strong>miológicos<br />

mostram que o padrão <strong>de</strong> transmissão do HIV vem mudando no Brasil. O


119<br />

aumento do número <strong>de</strong> casos associados à subcategoria <strong>de</strong> exposição<br />

heterossexual faz-se acompanhar <strong>de</strong> proporção cada vez maior <strong>de</strong><br />

mulheres, constatada na redução da razão por sexo. A incidência <strong>de</strong><br />

novos casos no Brasil, passou <strong>de</strong> 23 homens para cada mulher com<br />

AIDS em 1984 para 2:1 no ano 2000. É importante ressaltar que no<br />

grupo etário <strong>de</strong> 15 a 19 anos, a razão é <strong>de</strong> 1:1 252 . A maioria dos doentes<br />

com AIDS pertencem à faixa <strong>de</strong> adultos jovens (25 a 35 anos), tendo<br />

provavelmente se contaminado na adolescência 273,274 . Dados nacionais<br />

mostram que a adolescente heterossexual é um dos segmentos da<br />

população nos quais tem aumentado o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> AIDS 246 .<br />

Meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os novos casos <strong>de</strong> infecção pelo HIV nos Estados<br />

Unidos ocorre em pessoas com 13 a 24 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 275 . As DST que<br />

cursam com ulcerações apresentam risco relativo 18,2 vezes maior na<br />

transmissão do HIV 276 ;<br />

l) outras DST menos comuns e com menor repercussão como a<br />

escabiose, pediculose e molusco contagioso também merecem ser<br />

citadas 277 .<br />

Acredita-se que anualmente um milhão <strong>de</strong> jovens na faixa <strong>de</strong> 15 a 25 anos<br />

são atingidos pelas doenças sexualmente transmissíveis e que um número<br />

significativo <strong>de</strong>stes fica estéril, como conseqüência da referida doença 278 . Dados da<br />

OMS mostram que as DST são a segunda enfermida<strong>de</strong> que mais acomete as<br />

mulheres <strong>de</strong> 15 a 44 anos nos países em <strong>de</strong>senvolvimento. São notificados cerca <strong>de</strong><br />

340 milhões <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> DST por ano.<br />

O controle das DST é tarefa árdua. As barreiras incluem aspectos culturais e<br />

questões <strong>de</strong> gênero, dificulda<strong>de</strong>s na modificação do comportamento sexual, altos


120<br />

índices <strong>de</strong> infecção assintomática nas mulheres e testes onerosos e <strong>de</strong> difícil acesso<br />

para diagnóstico laboratorial. Até recentemente, buscava-se diagnóstico etiológico e<br />

tratamento da paciente afetada e seu parceiro sexual, com pouco impacto na<br />

redução <strong>de</strong>ssas infecções em termos populacionais 276 .<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se o aconselhamento como um instrumento importante para a<br />

quebra na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão das DST. Este, auxilia a paciente a compreen<strong>de</strong>r a<br />

relação existente entre o seu comportamento e o problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que está<br />

apresentando e também a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua<br />

saú<strong>de</strong> e evitar novas infecções. Esta prática pressupõe o reconhecimento pelo<br />

profissional <strong>de</strong> que o sucesso a ser alcançado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ação conjunta <strong>de</strong> ambos<br />

os interlocutores (profissional e paciente). Implica, portanto, na participação ativa da<br />

paciente no processo terapêutico e na promoção <strong>de</strong> um diálogo no qual a<br />

mensagem é contextualizada às características e vivências da pessoa em<br />

atendimento 276 .<br />

3.9.1.2 Infertilida<strong>de</strong><br />

Conceitua-se infertilida<strong>de</strong> quando o casal não obtêm gravi<strong>de</strong>z sem o uso <strong>de</strong><br />

qualquer método contraceptivo, após um ano <strong>de</strong> relações sexuais bem distribuídas<br />

ao longo do ciclo menstrual. Po<strong>de</strong>-se dividir em primária quando não houve<br />

gestação anterior ou secundária caso já tenha ocorrido gestação prévia 279 .<br />

As doenças sexualmente transmissíveis po<strong>de</strong>m causar alterações no<br />

aparelho genital masculino ou feminino, com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> seqüelas 269 .<br />

A infertilida<strong>de</strong> conjugal afeta <strong>de</strong> 10 a 15% dos casais em ida<strong>de</strong> reprodutiva<br />

280 , sendo as doenças do trato genital feminino, incluíndo-se as DST, responsáveis


121<br />

por 50 a 60% dos casos, ao passo que 40 a 50% estão relacionados a fatores<br />

masculinos. Dentre as causas femininas <strong>de</strong>stacam-se os fatores tubo-peritoneais<br />

(principalmente doenças das trompas <strong>de</strong> Falópio), associados à doença inflamatória<br />

pélvica, endometriose, cirurgias anteriores, abortos sépticos 22 , apendicite com<br />

peritonite 23<br />

e gravi<strong>de</strong>z ectópica 24 , que apresentam prevalência variável na<br />

<strong>de</strong>pendência do perfil epi<strong>de</strong>miológico da população estudada<br />

281,282,283,284 . A<br />

infertilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ocorrer em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveis<br />

anteriores, não tratadas ou assintomáticas 25 . A clamidíase é uma das principais<br />

causas <strong>de</strong> infertilida<strong>de</strong> feminina passível <strong>de</strong> prevenção 285 . Atualmente é o<br />

microrganismo mais associado à infertilida<strong>de</strong> feminina, com freqüência que varia <strong>de</strong><br />

30% a 50% dos casos 286,287 .<br />

3.9.2 Consequências biológicas, psicológicas e sociais<br />

3.9.2.1 Gravi<strong>de</strong>z precoce e fora do casamento<br />

Nos tempos atuais, a problemática da gravi<strong>de</strong>z na adolescência vem<br />

assumindo proporções significativas 288 . O custo econômico <strong>de</strong>ssa situação também<br />

é expressivo. Estima-se que somente nos EUA há um gasto <strong>de</strong> 21 bilhões <strong>de</strong><br />

dólares anuais com todas as consequências que <strong>de</strong>la advém 289 .<br />

22 Abortamento seguido por infecção, mais comumente encontrado nos abortamentos provocados.<br />

23 Inflamação da membrana interna que reveste os órgãos abdominais.<br />

24 Gestação que se <strong>de</strong>senvolve fora da cavida<strong>de</strong> uterina.<br />

25 Doenças que embora tenham produzido uma infecção, não resultou em sintomas perceptíveis pela<br />

paciente, po<strong>de</strong>ndo entretanto, <strong>de</strong>ixar seqüelas no organismo. Comumente as pacientes sequer<br />

sabem que tiveram tais infecções, justamente por terem sido assintomáticas.


122<br />

Embora comumente as meninas não ovulem nos primeiros ciclos<br />

menstruais, em algumas <strong>de</strong>las isso po<strong>de</strong> ocorrer. Portanto, as meninas após a<br />

menarca precisam ter em conta que po<strong>de</strong>m ficar grávidas 23 .<br />

Nos EUA, <strong>de</strong> todos os nascimentos <strong>de</strong> adolescentes, 78.9% ocorrem fora do<br />

casamento 290 . Entre a população total dos EUA, aproximadamente um terço <strong>de</strong><br />

todas as crianças nascem fora do casamento 15 . Em 1960 esse número era<br />

significativamente menor, apenas 5,3% 291 .<br />

O aumento <strong>de</strong> adolescentes que engravidam fora do casamento é maior<br />

entre os brancos 290 . Essas gestações fora do casamento refletem uma tendência da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar lares mono-parentais, visto que o número <strong>de</strong> gestações fora do<br />

casamento igualmente cresce entre os adultos 292,293,294 . Poucos adolescentes ou<br />

adultos jovens estão casados antes do nascimento do filho 295 . Quase três a cada<br />

quatro <strong>de</strong>sses nascimentos, proporção maior que em qualquer outra época, ocorrem<br />

em mães solteiras 26 .<br />

Um estudo realizado no interior do estado <strong>de</strong> São Paulo, no período <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1992 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996 levantou a ativida<strong>de</strong> econômica das<br />

adolescentes que <strong>de</strong>ram à luz. Foram analisados 7.134 adolescentes,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a 16,6 % do total <strong>de</strong> partos no período do estudo. No que se refere<br />

a ocupação das gestantes adolescentes, 1.005 (14,1%) adolescentes grávidas já<br />

tinham inserção na população economicamente ativa, apenas 482 (6,8%) eram<br />

estudantes, enquanto 5.637 (79,0%) eram do lar, ou sem ocupação remunerada. Em<br />

<strong>de</strong>z (0,1%) pacientes não havia informação sobre a ocupação 241 .


123<br />

A gravi<strong>de</strong>z na adolescente é consi<strong>de</strong>rada por muitos autores como sendo<br />

uma gestação <strong>de</strong> alto risco 26 , <strong>de</strong>vido a todos os fatores físicos, psíquicos e sociais<br />

que pesam sobre a adolescente 31,296,297 .<br />

Des<strong>de</strong> 1998 os esforços para prevenir a gravi<strong>de</strong>z na adolescência vem<br />

aumentando nos EUA 234 . Lá o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z em adolescentes<br />

aumentou até 1991, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a taxa <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong> mães adolescentes vem<br />

diminuindo a cada ano 157,298,299 . Des<strong>de</strong> 1991 essa taxa diminuiu em 35% no grupo<br />

etário <strong>de</strong> 15 a 17 anos e 20% entre 18 a 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 300 . A taxa para o grupo<br />

<strong>de</strong> 10 a 14 anos que era 1,4 por 1.000 em 1992 gradativamente diminuiu para 0,7<br />

por 1.000 em 2002 301 . Embora nos EUA os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes<br />

brancos e negros começasse a cair a partir <strong>de</strong> 1991, no caso do grupo formado por<br />

adolescentes hispânicos esses índices continuaram aumentando até 1996, quando<br />

só então a curva tornou-se <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, ainda assim <strong>de</strong> modo menos acentuado<br />

que para brancos e negros 302,303 .<br />

A taxa <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> entre as adolescentes brasileiras <strong>de</strong> 15 a 19 anos<br />

passou <strong>de</strong> 75 para 81 por mil mulheres entre 1960 e 1985. Esse aumento foi mais<br />

pronunciado entre as adolescentes <strong>de</strong> 15 anos, chegando a expressivos 300% entre<br />

o período <strong>de</strong> 1970 a 1980 304 . Comparando com outros países, em 1992, para cada<br />

mil mulheres entre 15 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, 4 tiveram um parto no Japão, em outros<br />

países esse número foi <strong>de</strong> 8 na Holanda, 33 no Reino Unido, 41 no Canadá e 66 nos<br />

EUA 52 .<br />

Apesar do aumento do uso <strong>de</strong> métodos contraceptivos pelos adolescentes<br />

50,51,66,65,305,306 , inclusive já na primeira relação, e o uso <strong>de</strong> preservativo masculino<br />

estar aumentando progressivamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1970, chegando a triplicar entre 1982 e<br />

26 Gravi<strong>de</strong>z em que a mãe e/ou o feto correm risco <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> ou mortalida<strong>de</strong> maiores que o<br />

normal.


124<br />

1992 307,306,308 , 50% dos casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z ocorre nos seis primeiros meses que se<br />

suce<strong>de</strong>m a primeira relação 66,309 . Na maioria das vezes a gravi<strong>de</strong>z na adolescência<br />

ocorre entre a primeira e a quinta relação sexual 310 .<br />

A cada ano aproximadamente 900.000 adolescentes engravidam nos EUA e<br />

apesar <strong>de</strong>ste número atualmente estar em <strong>de</strong>créscimo, mais <strong>de</strong> 40% das<br />

adolescentes engravidaram ao menos uma vez, antes <strong>de</strong> completar 20 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> 234 . A maioria <strong>de</strong>ssas gestações foram em adolescentes mais velhas (18 ou 19<br />

anos) 234,294 . Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as adolescentes grávidas têm seus filhos e<br />

planejam criá-los sozinhas; muito poucas disponibilizam o filho para adoção 26 . Mais<br />

do que 90% das jovens entre 15 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>screvem a sua gravi<strong>de</strong>z<br />

como sendo in<strong>de</strong>sejada. Nestes casos, meta<strong>de</strong> das gestações termina em aborto<br />

espontâneo ou provocado 294,295 . Aproximadamente 51% <strong>de</strong>ssas gestações evoluem<br />

até o fim, ou seja até o nascimento da criança, 35% termina em aborto induzido e<br />

14% termina em aborto espontâneo ou natimorto 49,66,83,234,309 . As adolescentes<br />

grávidas proveniente <strong>de</strong> famílias favorecidas são mais inclinadas à realização do<br />

aborto 26 .<br />

Uma vez que uma adolescente tem um filho, ela tem um aumento do risco<br />

<strong>de</strong> vir a ficar grávida novamente. Aproximadamente 25% das crianças <strong>de</strong> mães<br />

adolescentes não são o primeiro filho <strong>de</strong>stas 49,60,161,234 .<br />

Há um claro vínculo entre gravi<strong>de</strong>z na adolescência e pobreza revelado pela<br />

concentração <strong>de</strong> mães adolescentes pertencentes aos estratos <strong>de</strong> renda mais<br />

pobres. No grupo <strong>de</strong> menor renda, 35% das mulheres latino-americanas tinham tido<br />

seu primeiro filho antes dos 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> enquanto no <strong>de</strong> melhor renda estes<br />

casos não chegam a 10%. As diferenças são ainda mais fortes quando se analisa o<br />

nível educacional das mulheres. Quase meta<strong>de</strong> das jovens que não completaram o


125<br />

ensino fundamental foram mães adolescentes contra apenas 7% das que<br />

completaram o segundo grau 311 .<br />

A porcentagem <strong>de</strong> adolescentes que engravidam <strong>de</strong> parceiros adultos não<br />

está clara e os estudos apresentam estatísticas díspares que vão <strong>de</strong> 7% a 67% <strong>de</strong><br />

homens adultos 312 . É um grave problema quando adultos têm relações com<br />

adolescentes, porque muitas <strong>de</strong>stas relações po<strong>de</strong>m ser abusivas ou coercitivas. As<br />

meninas que têm relações com homens mais velhos também são mais propensas a<br />

contrair AIDS e outras DST 313,314,315,316 .<br />

Os pais adolescentes têm características semelhantes às mães<br />

adolescentes. Eles tem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem menor rendimento acadêmico,<br />

altas taxas <strong>de</strong> evasão escolar, recursos financeiros limitados, e diminuição em<br />

potencial do salário 317,318 . Alguns pais <strong>de</strong>saparecem da vida <strong>de</strong> sua parceira<br />

adolescente, abandonando inclusive o filho 14 .<br />

Além dos problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, econômica e psicológica <strong>de</strong> uma<br />

gravi<strong>de</strong>z durante a adolescência, ainda têm os problemas médicos <strong>de</strong> uma gestação<br />

numa jovem que nem sempre tem o corpo apto para tal. Os riscos <strong>de</strong> complicações<br />

médicas envolvendo a mãe e o filho são maiores nas mulheres com menos <strong>de</strong> 17<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do que nas adultas. Quanto mais jovem a mãe, maiores serão esses<br />

riscos 306,319 .<br />

Quanto ao curso da gravi<strong>de</strong>z, alguns estudos têm <strong>de</strong>monstrado aumento na<br />

incidência <strong>de</strong> intercorrências pré-natais, intraparto, pós-parto e perinatais entre<br />

gestantes adolescentes, notadamente a prematurida<strong>de</strong> 245,320<br />

e o baixo peso ao<br />

nascimento 245,321 . Existem ainda relatos <strong>de</strong> aumento da incidência <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong><br />

crescimento intra-uterino, sofrimento fetal agudo intra-parto, diabetes gestacional e


126<br />

pré-eclâmpsia<br />

288,322,323,324 , o que po<strong>de</strong>ria concorrer para maior número <strong>de</strong><br />

operações cesarianas neste grupo populacional.<br />

A incidência <strong>de</strong> crianças com baixo peso ao nascer (menor que 2500<br />

gramas) é duas vezes mais comum em filhos <strong>de</strong> mães adolescentes e o índice <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> neonatal 27 é quase três vezes maior que o observado para filhos <strong>de</strong><br />

mães adultas 321 . O índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> materna, embora baixo, é o dobro das<br />

adultas 83,245,306,325 .<br />

Observa-se ainda com maior freqüência um baixo ganho <strong>de</strong> peso materno,<br />

prematurida<strong>de</strong><br />

28 , doença hipertensiva da gestação, anemia e DST.<br />

Aproximadamente 14 % das crianças nascidas <strong>de</strong> mães adolescentes com menos<br />

<strong>de</strong> 17 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> são pré-termo, contra 6% no caso <strong>de</strong> mães entre 25 e 29 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 245,321,325 .<br />

As mães com ida<strong>de</strong> igual ou menor a quatorze anos são mais propensas a<br />

terem filhos com baixo peso ao nascer, sendo que isso é mais pronunciado <strong>de</strong>ntre<br />

as mães negras 234,245,326,325,327 .<br />

Na seqüência citam-se alguns resultados da Pesquisa Nacional <strong>de</strong><br />

Demografia e Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1996, do Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil, que dá uma idéia<br />

estatística da situação da gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes 310 :<br />

a) 18% das adolescentes <strong>de</strong> 15 a 19 anos já haviam ficado grávidas<br />

alguma vez;<br />

b) 1 em 3 mulheres <strong>de</strong> 19 anos já são mães ou estão grávidas do 1° filho;<br />

c) 1 em 10 mulheres <strong>de</strong> 15 a 19 anos já tinha 2 filhos;<br />

d) 49,1% <strong>de</strong>stes filhos foram in<strong>de</strong>sejados;<br />

27 Conceitua-se mortalida<strong>de</strong> neonatal como sendo aquela on<strong>de</strong> o bebê morre no período que vai do<br />

nascimento até 28 dias após.<br />

28 Nascimento com menos <strong>de</strong> 37 semanas <strong>de</strong> gestação. Utiliza-se a nomenclatura ‗prematurida<strong>de</strong>‘<br />

quando se refere ao bebê e ‗pré-termo‘ quando se adota como ponto <strong>de</strong> referência a gestação.


127<br />

e) 20% das adolescentes resi<strong>de</strong>ntes na zona rural tem pelo menos 1 filho;<br />

f) 13% das adolescentes resi<strong>de</strong>ntes na área urbana tem pelo menos 1<br />

filho;<br />

g) 54% das adolescentes sem escolarida<strong>de</strong> já haviam ficado grávidas;<br />

h) 6,4% das jovens com mais <strong>de</strong> 9 anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> ou já eram mães<br />

ou estavam grávidas do 1° filho;<br />

i) 20% das meninas da região norte têm pelo menos 1 filho;<br />

j) 9% das adolescentes da região centro-oeste têm pelo menos 1 filho;<br />

3.9.2.2 Consequências sociais<br />

Numa pesquisa com 1.167 estudantes, em sua maioria brancos, católicos,<br />

<strong>de</strong> classe média, residindo em bairros resi<strong>de</strong>nciais e cursando o segundo e o<br />

terceiro anos do <strong>Ensino</strong> Médio, aqueles que iniciaram a sua ativida<strong>de</strong> sexual mais<br />

cedo, e a mantiveram com freqüência, tinham mais tendência <strong>de</strong> apresentar<br />

comportamento anti-social do que aqueles que se abstinham. O grupo sexualmente<br />

ativo po<strong>de</strong> ter sido menos maduro do que aqueles que esperaram para se entregar<br />

ao sexo. Eles também tinham maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>primidos, <strong>de</strong> ter<br />

problemas com álcool, e <strong>de</strong> ter notas baixas na escola 26 .<br />

Tanto os fatores sociais como os biológicos po<strong>de</strong>m contribuir para o<br />

empobrecimento dos adolescentes após uma gestação in<strong>de</strong>sejada 245 . Como os<br />

adolescentes têm maior risco <strong>de</strong> contraírem uma DST, abuso <strong>de</strong> substâncias, pobre<br />

<strong>de</strong>senvolvimento nutricional 26,245 , durante a gestação, tudo isso contribui para<br />

aumentar o risco <strong>de</strong> parto pré-termo 245 , por exemplo. Outros problemas encontrados<br />

são a interrupção dos estudos 26,328,329 , pobreza, limitação das oportunida<strong>de</strong>s


128<br />

vocacionais e repetição <strong>de</strong> uma nova gravi<strong>de</strong>z 329 . Mesmo quando a gravi<strong>de</strong>z não<br />

interrompe os estudos, normalmente se nota uma baixa performance acadêmica<br />

328,329 . Entretanto, a evasão escolar, às vezes, prece<strong>de</strong> a gravi<strong>de</strong>z, sendo inclusive<br />

uma condição <strong>de</strong> risco para engravidar 328 .<br />

A repercussão <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> adolescentes vai além dos próprios pais<br />

e alcança os filhos. Essas crianças têm uma probabilida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> atraso no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, dificulda<strong>de</strong>s escolares, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns comportamentais, abuso <strong>de</strong><br />

substâncias, ativida<strong>de</strong> sexual precoce, <strong>de</strong>pressão e elas próprias se tornarem pais<br />

adolescentes 330,331 .<br />

Durante a gestação, 88% das mães adolescentes vivem com seus pais e a<br />

maioria continua assim até a criança completar 3 anos e 46% permanece na casa<br />

dos pais até 5 anos após o parto 12 .<br />

Como conseqüências sociais ainda se observam um aumento do número <strong>de</strong><br />

separações, quando o casamento foi resultante <strong>de</strong> uma gestação in<strong>de</strong>sejada; e uma<br />

maior <strong>de</strong>sestruturação familiar após a gravi<strong>de</strong>z na adolescência, pois entre outros<br />

acontecimentos também é mais freqüente que o pai se separe da criança 329 .<br />

Felizmente, no entanto, alguns estudos sugerem que, em longo prazo, po<strong>de</strong><br />

ser evitado que advenha algum efeito social negativo sobre essa mãe adolescente.<br />

Os efeitos negativos <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada na adolescência po<strong>de</strong>m ser<br />

atenuados quando há empenho verda<strong>de</strong>iro dos pais e <strong>de</strong> toda a família da<br />

adolescente 325,330 . Alguns fatores que influenciam positivamente a continuida<strong>de</strong> dos<br />

estudos <strong>de</strong>ssas adolescentes são: a raça (ao menos nos EUA, as adolescentes<br />

negras ten<strong>de</strong>m a se sair melhor que as adolescentes brancas), ter pais com alto<br />

nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, a presença <strong>de</strong> livros no lar e quando a mãe da adolescente<br />

exerce uma profissão 329,332 . A participação dos avós auxiliando a jovem mãe na


criação do filho também é um fator importante para que a mãe adolescente não<br />

tenha maiores prejuízos nos estudos e vida profissional posterior 12 .<br />

129<br />

3.9.2.3 Consequências psicológicas e éticas<br />

A ativida<strong>de</strong> sexual dos adolescentes tem características parecidas com a <strong>de</strong><br />

outros adultos não casados. Embora normalmente sejam relações monogâmicas,<br />

ten<strong>de</strong>m a ser relacionamentos curtos e com sucessivos parceiros. Numa coleta <strong>de</strong><br />

dados em uma população <strong>de</strong> ensino médio, encontrou-se que 11% das<br />

adolescentes e 17% dos adolescentes tiveram quatro ou mais parceiros sexuais 333 .<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista ético, não é possível <strong>de</strong>scartar a tese que uma pessoa<br />

quando teve, no passado, múltiplas relações sexuais, <strong>de</strong>veria comunicar tal fato ao<br />

novo parceiro ou cônjuge. Como visto anteriormente, uma pessoa po<strong>de</strong> ser infértil<br />

por seqüela <strong>de</strong> uma DST que foi assintomática, e por isso mesmo <strong>de</strong>sconhecida.<br />

Outras vezes po<strong>de</strong>-se contaminar a outra pessoa, se quer sabendo que era portador<br />

<strong>de</strong> um vírus sem cura. Um exemplo disso é quando o homem transmite o HPV à<br />

mulher. Comumente assintomático no homem, na mulher torna-se a principal causa<br />

<strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> colo uterino.<br />

As DST nas mulheres po<strong>de</strong>m levar a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns sexuais e psicodinâmicas,<br />

como o sentimento <strong>de</strong> culpa, <strong>de</strong>pressão e ansieda<strong>de</strong>. Por exemplo, o conhecimento<br />

<strong>de</strong> ter o vírus HPV, que é transmitido sexualmente, e sabendo que este po<strong>de</strong><br />

conduzir ao câncer <strong>de</strong> cólon uterino, mesmo apesar da erradicação da lesão, po<strong>de</strong><br />

criar um trauma psico-sexual significativo, afeta o comportamento, a sexualida<strong>de</strong> e a<br />

saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas mulheres. Muitos pacientes infectados apresentam dificulda<strong>de</strong>s


sexuais em testes psicológicos e psicodinâmicos, com perda do <strong>de</strong>sejo sexual e<br />

experiências insatisfatórias em mais <strong>de</strong> 50% dos casos 334 .<br />

130


131<br />

4 CASOS CLÍNICOS<br />

Apresenta-se uma pequena revisão da consulta médica, seguido por relatos<br />

<strong>de</strong> casos clínicos que têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar um pouco da vivência <strong>de</strong> uma<br />

clínica médica. Tais casos ilustram, <strong>de</strong> modo prático, parte dos problemas<br />

relacionados com a sexualida<strong>de</strong> humana e <strong>de</strong>scritos anteriormente.<br />

A medicina é ciência e arte. Uma arte científica, se preferirmos 335 . Coube a<br />

Hipócrates (460-356 a.C.), sistematizar a método clínico, dando a anamnese e ao<br />

exame físico uma estruturação que pouco difere da que se emprega hoje 336 .<br />

A palavra anamnese se origina <strong>de</strong> aná = trazer <strong>de</strong> volta, recordar emnese =<br />

memória. Significa trazer <strong>de</strong> volta à mente todos os fatos relacionados com a doença<br />

e com a pessoa doente 336 .<br />

Na medicina existe a entrevista médica, a relação médico-paciente, as<br />

inumeráveis maneiras <strong>de</strong> sentir, sofrer, interpretar o que se sente, <strong>de</strong> relatar o que<br />

se passa no íntimo <strong>de</strong> cada um, na doença e na saú<strong>de</strong>. Acrescenta-se a isso as<br />

nuances impressas pelo contexto cultural, pela interferência do ambiente, pela<br />

participação dos fenômenos inconscientes, muitos <strong>de</strong>les mal aflorados nas<br />

perguntas do médico e nas respostas do paciente 336 .<br />

O método clínico caracteriza-se por sua flexibilida<strong>de</strong>, às vezes consi<strong>de</strong>rada<br />

sua parte mais frágil pelos que pouco conhecem esse método. Ele permite uma<br />

fusão, fazendo com que a arte e a ciência médica se completem. O que faz a<br />

medicina diferente <strong>de</strong> tantas outras profissões é esse lado não ―científico‖, não<br />

racional, que permite ver além da célula lesada e do órgão doente 336 .<br />

O método clínico concilia o lado racional, que trabalha com os<br />

conhecimentos científicos, com os outros aspectos ainda pouco conhecidos da<br />

natureza humana, que se tornam ainda mais complexos quando há dor, sofrimento,


132<br />

risco <strong>de</strong> vida. Ao fazer a união da arte com a ciência, abre a mente do médico para<br />

conceber a saú<strong>de</strong> e as doenças em uma visão multidimensional, envolvendo<br />

aspectos físicos, psicológicos, sociais, familiares, culturais, ambientais, históricos,<br />

geográficos, todos inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e influenciando uns aos outros, para formar<br />

uma teia <strong>de</strong> correlações, impossíveis <strong>de</strong> serem aprisionadas em fórmulas<br />

matemáticas 336 .<br />

O exame clínico rompe os limites da ciência cartesiana e positivista e aceita<br />

a presença do impon<strong>de</strong>rável. A iniciação do exame clínico tem suas bases em<br />

alguns procedimentos que constituem o Método Clínico e que são a Entrevista, a<br />

Inspeção, a Palpação, a Percussão, a Ausculta e o uso <strong>de</strong> alguns instrumentos e<br />

aparelhos simples 336 .<br />

Para a anamnese a melhor posição é aquela em que o paciente se encontra<br />

sentado em uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>fronte a escrivaninha do médico. A anamnese po<strong>de</strong> ser<br />

conduzida <strong>de</strong> duas maneiras. Deixando-se o paciente relatar livre e<br />

espontaneamente suas queixas sem qualquer interferência do médico, que se limita<br />

a ouví-lo, ou através <strong>de</strong> uma anamnese dirigida. Quando se usa essa segunda<br />

técnica o paciente não terá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um relato livre e dispersivo, pois<br />

o médico, tendo na sua mente um esquema básico, conduzirá a entrevista <strong>de</strong> modo<br />

mais objetivo. A anamnese dirigida exige do médico rigor técnico na sua execução,<br />

<strong>de</strong> tal modo que não se conduza por idéias preconcebidas 336 .<br />

A anamnese é classicamente <strong>de</strong>sdobrada nas seguintes partes:<br />

I<strong>de</strong>ntificação; Queixa Principal; História da Doença Atual; Interrogatório<br />

Sintomatológico; Antece<strong>de</strong>ntes Pessoais e Familiares; Hábitos <strong>de</strong> Vida e Condições<br />

Sócio-Econômicas 336 .


133<br />

Na i<strong>de</strong>ntificação são obrigatórios os seguintes elementos: nome, ida<strong>de</strong>,<br />

sexo, cor (raça), estado civil, profissão, local <strong>de</strong> trabalho, naturalida<strong>de</strong> e residência<br />

336 .<br />

Tendo-se em vista os aspectos especiais da relação médico-paciente na<br />

adolescência, a realização da anamnese tem características próprias. Parte <strong>de</strong>la é<br />

feita com o familiar que estiver acompanhando o adolescente, mas a maior parte é<br />

realizada a sós, com o próprio adolescente 336 .<br />

No primeiro tempo da consulta faz-se a investigação dos antece<strong>de</strong>ntes<br />

familiares, antece<strong>de</strong>ntes pessoais fisiológicos<br />

29 , patológicos e imunização.<br />

Interroga-se sobre a queixa principal e a história da doença atual 336 .<br />

No segundo tempo faz-se apenas com o adolescente a investigação da<br />

alimentação, vida escolar, relações com os pais, irmãos, relações sociais (amigos,<br />

namoros e vida sexual) e <strong>de</strong> trabalho. Toda essa investigação <strong>de</strong>ve ser feita com<br />

cuidado, respeitando-se a personalida<strong>de</strong> do adolescente e levando-se em conta a<br />

sua ida<strong>de</strong> 336 .<br />

Quando se inicia o segundo tempo, em que o adolescente se vê sozinho, é<br />

natural que surja certo constrangimento, que po<strong>de</strong> ser maior ou menor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da ida<strong>de</strong> ou do temperamento <strong>de</strong>le. Esse constrangimento é atenuado quando se<br />

inicia a conversa com um assunto relativamente neutro, como a investigação sobre a<br />

alimentação 336 .<br />

Na seqüência faz-se uma breve <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> alguns dos casos clínicos no<br />

atendimento diário, presenciados pelos autores. Optou-se por utilizar nomes fictícios<br />

em vez das verda<strong>de</strong>iras iniciais:<br />

29 Tipo <strong>de</strong> parto, peso ao nascer, condições do nascimento, alimentação no primeiro ano <strong>de</strong> vida,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento neuropsicomotor, entre outros <strong>de</strong>talhes.


134<br />

a) João, 23 anos, comparece à consulta médica para controle por diabetes<br />

que tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Durante a anamnese relata ser portador do<br />

vírus HIV. Faz controle periódico com um médico infectologista e até a<br />

última consulta ainda não havia <strong>de</strong>senvolvido a AIDS. Acredita ter se<br />

contaminado três anos antes, numa relação sexual eventual, com uma<br />

moça que conhecera no mesmo dia, quando estava <strong>de</strong> férias no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. Não usou preservativo e consi<strong>de</strong>rou que o risco não era<br />

significativo, visto que a moça tinha aproximadamente a sua ida<strong>de</strong> e<br />

aparentava bom nível social e educacional;<br />

b) Samanta, 31 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, comparece pela primeira vez à consulta<br />

com ginecologista após muitos anos. Na primeira consulta não permitiu<br />

que fosse examinada, o que <strong>de</strong> fato veio a ocorrer apenas na terceira<br />

consulta. Relatou que com 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> engravidara do namorado,<br />

tendo sido ―abandonada‖ pouco <strong>de</strong>pois que o namorado soube da<br />

gravi<strong>de</strong>z, inclusive com questionamentos sobre a verda<strong>de</strong>ira paternida<strong>de</strong><br />

da criança. Procurou um médico para iniciar as consultas <strong>de</strong> pré-natal e<br />

contar-lhe as suas aflições. Desastrosamente, o médico prontamente<br />

sugeriu o aborto como solução, o que foi feito pouco tempo <strong>de</strong>pois. Seus<br />

pais não chegaram a saber da gravi<strong>de</strong>z, tão pouco do aborto. Realizado<br />

o aborto, sentiu que seus problemas aumentaram. Não teve mais<br />

namorados, por sentir-se insegura com os homens e passou a enxergar<br />

todos os médicos como ―açougueiros‖ e ―cruéis‖;<br />

c) Patrícia, 18 anos, compareceu à sua primeira consulta ginecológica uma<br />

semana após ter iniciado a ativida<strong>de</strong> sexual com seu primeiro namorado.<br />

Já havia planejado consultar-se antes pois acreditava na importância <strong>de</strong>


135<br />

fazer um acompanhamento médico a partir do momento em que<br />

<strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser virgem. Apresentava sintomas <strong>de</strong> ardência, prurido 30 ,<br />

leucorréia 31 e lesão vulvar. No exame foi prontamente diagnosticado<br />

como sendo gonorréia. O tratamento foi rápido e eficaz, porém apenas<br />

na resolução do problema físico. Patrícia ficou traumatizada com o<br />

―trágico inci<strong>de</strong>nte‖ resultado <strong>de</strong> um momento que a princípio acreditara<br />

ter sido o mais especial <strong>de</strong> sua vida. Tornou-se fechada e incrédula com<br />

relação aos homens;<br />

d) Cassiana, 19 anos, morava no Rio <strong>de</strong> Janeiro e era noiva <strong>de</strong> Pedro há 2<br />

anos. Planejavam se casar em breve, tão logo Pedro conseguisse uma<br />

melhor estabilida<strong>de</strong> financeira. Desejavam muito ter filhos. Em certa<br />

ocasião, após uma discussão, romperam o noivado. Cassiana,<br />

<strong>de</strong>primida, resolveu espairecer e tentar esquecer-se <strong>de</strong> Pedro.<br />

Freqüentou algumas festas e bares noturnos com amigas. Numa <strong>de</strong>ssas<br />

festas conheceu um rapaz com o qual manteve uma única relação<br />

sexual, na mesma noite em que se conheceram. Uma semana mais<br />

tar<strong>de</strong>, Cassiana e Pedro conversaram e <strong>de</strong>cidiram reatar o noivado. De<br />

imediato, mudaram-se para Curitiba por necessida<strong>de</strong> do serviço <strong>de</strong><br />

Pedro. No mesmo mês ela <strong>de</strong>scobriu estar grávida. Uma profunda<br />

angústia tomou conta <strong>de</strong> Cassiana durante os nove meses <strong>de</strong> gestação.<br />

Sonhava que o filho não era <strong>de</strong> seu noivo e tinha muito medo que <strong>de</strong> fato<br />

não fosse. Chorava muito, emagreceu, teve insônia freqüente que a<br />

impedia <strong>de</strong> trabalhar a<strong>de</strong>quadamente durante o dia, per<strong>de</strong>u o <strong>de</strong>sejo que<br />

tinha <strong>de</strong> engravidar, por fim tornou-se <strong>de</strong>pressiva e pensou inclusive em<br />

30 Coceira.<br />

31 Corrimento (secreção) vaginal purulento.


136<br />

abortar ou mesmo suicidar-se. O primeiro médico que procurou sugeriu o<br />

aborto como medida para resolver essa situação angustiante. Sua irmã<br />

mais velha, única pessoa, que sabia situação <strong>de</strong> conflito pela qual<br />

Cassiana passava procurava tranqüilizá-la. Levou-a a outro médico para<br />

dar continuida<strong>de</strong> ao pré-natal. Apesar da alegria e apoio do noivo, que<br />

sempre quisera um filho, e dos conselhos recebidos no consultório do<br />

segundo médico, a gravi<strong>de</strong>z foi um tormento para ela. Calculou e<br />

recalculou incontáveis vezes os dias férteis do ciclo menstrual.<br />

Consultava as datas das ecografias com constância. Porém, a sua<br />

dúvida sobre quem era o pai da criança não se esclarecia e não lhe saia<br />

da cabeça. Dizia-se inconformada e profundamente arrependida do seu<br />

ato. Sonhava em po<strong>de</strong>r voltar atrás e fazer tudo diferente. O maior sonho<br />

<strong>de</strong> sua vida que era o <strong>de</strong> ser mãe, tornava-se, agora, o seu maior<br />

pesa<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> ter cometido um ato impensado,<br />

inconseqüente. Cassiana só conseguiu acalmar-se após o nascimento<br />

da criança, quando fez o teste <strong>de</strong> DNA (sem o conhecimento do seu<br />

noivo) e confirmou que a filha era sim <strong>de</strong> seu noivo;<br />

e) Carolina, 25 anos, era uma bela jovem que compareceu à consulta <strong>de</strong><br />

rotina na ginecologista. Não havia nada <strong>de</strong> errado fisicamente, porém<br />

<strong>de</strong>monstrava-se ansiosa e <strong>de</strong>primida. Comentou que não dormia à noite,<br />

tinha pesa<strong>de</strong>los e sentia-se mal. Na medida em que se <strong>de</strong>strinchava a<br />

sua história veio à tona o motivo dos sintomas. Ela engravidara do<br />

namorado aos 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Teve um filho com um problema renal e<br />

não criava a criança, a qual foi assumida totalmente pelos avós. Ela,<br />

algumas vezes, o visitava. Dois anos mais tar<strong>de</strong> casou-se com outro


137<br />

homem e teve um filho. Permaneceu casada por 6 anos. Não<br />

apresentava problemas <strong>de</strong> relacionamento com o marido, o qual,<br />

inclusive, consi<strong>de</strong>rava muito <strong>de</strong>dicado. Todavia, conheceu um rapaz em<br />

seu local <strong>de</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>rando-o bonito e atraente. Sentiu-se<br />

repentinamente apaixonada por ele. Este a propôs que fugissem juntos.<br />

Sem pensar muito (nas suas próprias palavras), aceitou. Viveu um<br />

romance <strong>de</strong> conto <strong>de</strong> fadas, como comentou, porém, passadas algumas<br />

semanas, começou a sentir sauda<strong>de</strong>s do filho. Tentou entrar em contato<br />

com ele, mas seu marido não <strong>de</strong>ixava que ele aten<strong>de</strong>sse às ligações da<br />

mãe. Ficou indignada com o marido. Sentiu-se muito injustiçada e não<br />

via motivos para que o ―antigo‖ marido ficasse magoado com ela, visto<br />

que ele <strong>de</strong>veria enten<strong>de</strong>r que ela já não o amava como no princípio.<br />

Pensava, na sua simplicida<strong>de</strong>, que ele <strong>de</strong>veria ficar contente em vê-la<br />

feliz com outra pessoa. Cada vez mais triste e afastada do convívio<br />

social, não conseguia enten<strong>de</strong>r o motivo real <strong>de</strong> sentir-se <strong>de</strong>ssa maneira,<br />

afinal, estava ao lado <strong>de</strong> seu ―príncipe encantado‖. Vendo a foto <strong>de</strong> uma<br />

criança na sala da ginecologista, suspirou e comentou: ―Algumas<br />

pessoas tem sorte na vida, outras nem tanto...‖.


138<br />

5 CONCLUSÃO<br />

Os objetivos do trabalho foram alcançados, uma vez que, conforme o que<br />

está enunciado no documento <strong>de</strong> fundação da OMS, a saú<strong>de</strong> é um estado <strong>de</strong><br />

completo bem estar físico, mental e social, e, importa aqui ressaltar, não apenas a<br />

ausência <strong>de</strong> doença ou enfermida<strong>de</strong> 5 . Neste contexto, o presente estudo traz à tona<br />

que a sexualida<strong>de</strong> humana está relacionada com a saú<strong>de</strong> por um elo mais forte e<br />

amplo do que simplesmente por suas características biológicas. Portanto, educar a<br />

sexualida<strong>de</strong> é algo mais amplo e mais profundo do que educar simplesmente para<br />

as suas doenças correlacionadas.<br />

A expressão sexual não é a<strong>de</strong>quada para as relações anteriores à ida<strong>de</strong><br />

adulta. Há porém, cada vez mais adolescentes iniciando ativida<strong>de</strong> sexual, com todo<br />

o tipo <strong>de</strong> repercussões que recaem sobre o jovem. Tornam-se mães e pais,<br />

aumentam os casos <strong>de</strong> abortos, DST, seqüelas sociais e psíquicas. Para diminuir a<br />

incidência <strong>de</strong>stes casos, não se po<strong>de</strong> ser tão simplista ou ingênuo quanto apenas<br />

informar sobre métodos contraceptivos. É preciso <strong>de</strong>svendar a questão, fazer um<br />

diagnóstico correto, para compreendê-la e resolvê-la.<br />

Na natureza tudo faz sentido. Há um tempo certo para cada fase. Primeiro<br />

há o tempo <strong>de</strong> maturação, seguido pelo tempo <strong>de</strong> germinação. Após isso, há o<br />

tempo <strong>de</strong> procriar e por fim, o tempo <strong>de</strong> parturir, que dá início ao processo <strong>de</strong> criar.<br />

Tudo se completa no seu <strong>de</strong>vido tempo. Não se <strong>de</strong>ve interferir nessa seqüência<br />

evolutiva sob pena <strong>de</strong> quebrar um ciclo que a própria natureza fez perfeito 31 .<br />

O que faz um adolescente tomar uma <strong>de</strong>cisão sobre quando vai iniciar sua<br />

vida sexual é um conjunto <strong>de</strong> fatores muito complexo. Tanto que não po<strong>de</strong> ser<br />

reduzido a qualquer fórmula matemática. Porém existem dados concretos,<br />

observados em diferentes estudos, que permitem ajudar os pais, educadores e


139<br />

médicos a i<strong>de</strong>ntificar quais são os jovens mais propensos a iniciar prematuramente a<br />

ativida<strong>de</strong> sexual e quais as possíveis conseqüências que daí resultarão.<br />

Em síntese, os adolescentes que pen<strong>de</strong>m para o início precoce da ativida<strong>de</strong><br />

sexual têm algumas características em comum. No entanto, é natural supor que nem<br />

todos têm os mesmos distintivos. Po<strong>de</strong>m ser provenientes <strong>de</strong> famílias com pais<br />

agressivos, ausentes ou displicentes quanto ao modo <strong>de</strong> educá-los. Alguns sofreram<br />

algum grau <strong>de</strong> abuso físico ou sexual na infância. Foram criados com limites pouco<br />

claros, confusos ou contraditórios. Têm uma tendência a tentar satisfazer os seus<br />

<strong>de</strong>sejos e caprichos prontamente. Têm algum grau <strong>de</strong> carência afetiva, são imaturos<br />

e inseguros emocionalmente. São mais propensos a aceitar facilmente teorias<br />

reducionistas ou explicações antropológicas simplórias. Costumam ter menor<br />

rendimento escolar.<br />

O meio externo também tem sua importância na <strong>de</strong>cisão do adolescente. A<br />

pobreza material e a miséria contribuem para que os jovens recorram à prática<br />

sexual antecipada. O tipo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno, com gran<strong>de</strong> exposição a material <strong>de</strong><br />

conteúdo erótico, o modo atual <strong>de</strong> se namorar, a falta <strong>de</strong> objetivos claros e até<br />

mesmo a diminuição da influência da religião cooperam para que o adolescente<br />

caminhe em busca do sexo. Tem-se ainda que considarar a forte pressão que os<br />

amigos, a socieda<strong>de</strong> e a mídia às vezes exercem para que o jovem precipite sua<br />

vida sexual. Na atualida<strong>de</strong> não é incomum que essa pressão beire à coação.<br />

Ao optar por iniciar a ativida<strong>de</strong> sexual o jovem se expõe a riscos que em<br />

outra situação não os teria. Apesar <strong>de</strong> toda a orientação e todos os cuidados, os<br />

casos <strong>de</strong> DST crescem entre os jovens e a gravi<strong>de</strong>z mantém-se em números<br />

alarmantes. Como conseqüências indiretas existe um número significativo <strong>de</strong>


140<br />

abortos que são provocados como meio <strong>de</strong> controle da natalida<strong>de</strong>, maior incidência<br />

<strong>de</strong> infertilida<strong>de</strong> no futuro, problemas sociais e psicológicos diversos.<br />

Sob o ponto <strong>de</strong> vista da fisiologia e da anatomia, sem consi<strong>de</strong>rar outros<br />

aspectos como os psicológicos e sociais, a ida<strong>de</strong> mínima a<strong>de</strong>quada para a mulher<br />

ter a primeira relação sexual coinci<strong>de</strong> com a menor ida<strong>de</strong> necessária para uma<br />

a<strong>de</strong>quada gestação, ou seja entre 16 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Portanto, o que for antes<br />

disso é uma agressão à própria constituição física da mulher. Em um sentido mais<br />

amplo também será uma agressão à natureza da mulher todo o ato sexual fora das<br />

dimensões unitiva e procriativa e da dimensão que complementa as duas anteriores,<br />

a recreativa.<br />

A comparação dos dados obtidos da literatura norte-americana com a<br />

brasileira permite concluir que, apesar das diferenças econômicas e culturais que<br />

notadamente separam os dois países, os adolescentes têm muito em comum quanto<br />

ao comportamento sexual. Os fatores que influenciam a <strong>de</strong>cisão do adolescente<br />

neste campo são os mesmos nos dois países. Possuem ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> iniciação<br />

sexual semelhante, embora no Brasil alguns estudos apontam que a ida<strong>de</strong> média<br />

para a primeira relação sexual po<strong>de</strong> ser até um ano antes que nos EUA. Os dois<br />

países têm os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência <strong>de</strong>ntre os mais altos do mundo,<br />

apesar <strong>de</strong> este estudo não permitir concluir se nos outros paises os índices são<br />

realmente menores, ou o número <strong>de</strong> partos é artificialmente menor <strong>de</strong>vido a uma<br />

maior incidência <strong>de</strong> abortos, sejam eles espontâneos ou provocados. No Brasil o<br />

número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> mães adolescentes parece ser três a quatro vezes maior<br />

que nos EUA. Na atualida<strong>de</strong>, nos dois países em foco, a primeira relação sexual<br />

costuma acontecer entre 15 e 17 anos nas meninas, sendo que nos meninos a ida<strong>de</strong><br />

média é um ano menor. No entanto, há um número não <strong>de</strong>spresível <strong>de</strong> jovens que


141<br />

tem a primeira relação bem antes que essa média. Seja no Brasil ou nos EUA<br />

evi<strong>de</strong>ncia-se um número crescente <strong>de</strong> gestações na adolescência. Nos EUA em<br />

quarenta anos houve um salto <strong>de</strong> 5,3% para 78,9% no número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong><br />

adolescentes que ocorrem fora do casamento. Nos EUA o número adolescentes<br />

grávidas está se estabilizando na última década, com uma ligeira tendência <strong>de</strong><br />

regressão. Como isso coinci<strong>de</strong> como uma intensificação <strong>de</strong> campanhas pela<br />

abstinência sexual fora do casamento, é possível supor que os dois fatos estão<br />

interrrelacionados, não obstante esse trabalho não se proponha a esta confirmação.<br />

Os fatores que compelem o adolescente a iniciar prematuramente a ativida<strong>de</strong> sexual<br />

ou os fatores que colaboram para o adolescente protelá-la são os mesmos nas duas<br />

pátrias. O que aumenta o risco <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência num país, também o faz<br />

no outro. Os índices <strong>de</strong> DST também são similares, invertendo-se a penas a or<strong>de</strong>m.<br />

Nos EUA o mais comum é a clamidíase, que no Brasil ocupa a segunda colocação,<br />

atrás da tricomoníase.<br />

O método normal e fundamental da educação sexual é o diálogo pessoal<br />

entre pais e filhos, é a formação individual no âmbito da família. A família é uma<br />

força educativa insubstituível. A escola e os professores <strong>de</strong>têm um papel <strong>de</strong><br />

formação complementar na educação dos jovens, seguidos pelos médicos e o po<strong>de</strong>r<br />

público.<br />

Dado que os pais são os educadores principais por natureza, <strong>de</strong>veria haver<br />

uma forma <strong>de</strong> participação, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser consultados sobre a melhor maneira<br />

do po<strong>de</strong>r público gerenciar as campanhas que preten<strong>de</strong>m diminuir a incidência <strong>de</strong><br />

DST, gravi<strong>de</strong>z na adolescência e outras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns relacionadas à sexualida<strong>de</strong><br />

humana. Muitas vezes as propostas e campanhas públicas voltadas para os jovens<br />

têm um vício sofista. Tentam convencer pela argumentação em <strong>de</strong>trimento da


142<br />

verda<strong>de</strong>. Há uma diferença, nem sempre nítida, entre verda<strong>de</strong> e opinião. Num<br />

campo tão sério quanto a sexualida<strong>de</strong> humana, a verda<strong>de</strong> tem que ser<br />

incansavelmente buscada, ocupando o lugar das opiniões. Um projeto educaional<br />

tem que ser embasado no maior número <strong>de</strong> fatos verda<strong>de</strong>iros que se possa<br />

conseguir.<br />

A sexualida<strong>de</strong> não é um bem em si mesmo. É um bem da pessoa. A<br />

sexualida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> jamais <strong>de</strong>svincular-se da pessoa. O ato sexual humano tem<br />

características próprias que não são observadas em qualquer outro animal. Um ser<br />

humano nunca po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um simples meio para se conseguir algo.<br />

A abstinência é consi<strong>de</strong>rada por vários autores como sendo o método mais<br />

eficaz na prevenção <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência, DST e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> natureza<br />

psíquica advinda <strong>de</strong> uma iniciação sexual precoce, além <strong>de</strong> contribuir para que o<br />

adolescente cresça em virtu<strong>de</strong>s 1,23,35,49,50,51,52,53,54,90,96,155, 156,157,161,162,169,183,184,185,191 .<br />

Uma campanha pública que tenha o compromisso sério <strong>de</strong> combater a gravi<strong>de</strong>z<br />

precoce e as DST tem que ter um programa <strong>de</strong> incentivo e apoio para a abstinência<br />

sexual. Ao não consi<strong>de</strong>rar essa necessida<strong>de</strong> os resultados <strong>de</strong>ssas campanhas<br />

po<strong>de</strong>m estar irreparavelmente corrompidos e comprometidos.<br />

Uma maneira <strong>de</strong> prevenir a iniciação sexual precoce á ajudando os<br />

adolescentes, através <strong>de</strong> todas as esferas possíveis: família, escola, médicos e<br />

po<strong>de</strong>r público. Ainda assim, é necessário que os adolescentes estejam bem<br />

supervisionados, sobretudo por seus pais, os quais os adolescentes ouvem mais do<br />

que o senso comum supõe. O tempo e a qualida<strong>de</strong> da supervisão direta aplicada<br />

aos adolescentes é um dos fatores mais importantes para atrasar o início da vida<br />

sexual.


143<br />

Enumeram-se algumas das muitas ações positivas que as pessoas e<br />

organismos que prestam cuidados ou exercem influência sobre os adolescentes<br />

po<strong>de</strong>m executar:<br />

a) orientar os adolescentes na solução <strong>de</strong> seus problemas particulares, e<br />

ao mesmo tempo <strong>de</strong>smistificar esses problemas;<br />

b) estimulá-los a estudar, realizar práticas esportivas e outras ativida<strong>de</strong>s<br />

sociais saudáveis e produtivas, preenchendo seu tempo livre. A<br />

ociosida<strong>de</strong> é a antítese <strong>de</strong> tudo aquilo que a adolescência por essência<br />

é;<br />

c) os pais têm a obrigação <strong>de</strong> manter a autorida<strong>de</strong> sobre os filhos e a<br />

coerência em suas próprias vidas. Poucos feitos po<strong>de</strong>m dar mais<br />

tranqüilida<strong>de</strong> emocional aos adolescentes que observarem o quão<br />

coerente os seus pais são;<br />

d) os pais precisam estar sempre presentes e ter disponibilida<strong>de</strong> para ouvilos;<br />

e) ter controle sobre o uso que os adolescentes fazem da Internet e o<br />

tempo que dispen<strong>de</strong>m com todas as formas <strong>de</strong> mídia, ví<strong>de</strong>o-games aí<br />

inclusos;<br />

f) os jovens precisam ser educados para a solidarieda<strong>de</strong>;<br />

g) <strong>de</strong>monstrar confiança nos adolescentes, incentivá-los e estimular neles a<br />

paciência, a serenida<strong>de</strong> e a autoconfiança;<br />

h) <strong>de</strong>monstrar orgulho legítimo pelos seus atos meritórios;<br />

i) comemorar datas especiais, sobretudo em família, mesmo quando o<br />

adolescentes parece dar pouca importância para isso;


144<br />

j) canalizar a energia própria dos adolescentes para benefícios <strong>de</strong>les<br />

mesmos e da comunida<strong>de</strong>. Os adolescentes são generosos e têm<br />

verda<strong>de</strong>ira ânsia <strong>de</strong> ajudar, ainda que algumas vezes não tenham se<br />

<strong>de</strong>spertado para isso;<br />

k) finalmente, os pais têm a obrigação <strong>de</strong> estarem sempre atentos e<br />

vigilantes com o que se passa na vida dos filhos.


145<br />

6 OUTRAS CONSIDERAÇÕES<br />

A educação é um serviço absolutamente indispensável para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e maturida<strong>de</strong> dos jovens. Os pais são os primeiros e autênticos<br />

educadores e a relação da família com a escola nasce da insuficiência da família<br />

para educar plenamente em todos os âmbitos. Os pais não <strong>de</strong>vem renunciar a sua<br />

função <strong>de</strong> educadores. A escola e outros meios <strong>de</strong> educação têm uma participação<br />

complementar e precisam obrigatoriamente estar em sintonia com os pais.<br />

A questão parece que se enquadra <strong>de</strong>ntro do tema dos direitos da família na<br />

educação. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 32 , reconhece a primazia<br />

dos pais na educação, dizendo que estes têm priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito na escolha do<br />

gênero <strong>de</strong> instrução que será ministrada aos seus filhos 337 . O mesmo princípio foi<br />

adotado pela Convenção Sobre os Direitos da Criança 33 , adotada pela Assembélia<br />

Geral da ONU e ratificada no Brasil através <strong>de</strong> Decreto Legislativo em 14 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1990 338 .<br />

O Estado <strong>de</strong>ve respeitar a liberda<strong>de</strong> dos pais e assegurar aos filhos a<br />

educação moral que esteja <strong>de</strong> acordo com suas próprias convicções. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

direito fundamental, ineludível.<br />

De acordo com o Código Civil Brasileiro (2002, em vigor a partir <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 2003) a menor ida<strong>de</strong> consentida para que um homem ou uma mulher casem é 16<br />

anos. Mesmo assim, nesta condição po<strong>de</strong>m unir-se por matrimônio apenas com<br />

autorização <strong>de</strong> ambos os pais, enquanto não for atingida a maiorida<strong>de</strong> civil aos 18<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Excepcionalmente será permitido o casamento <strong>de</strong> quem ainda não<br />

alcançou a ida<strong>de</strong> núbil (16 anos) em caso <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z 339 . Disto concluí-se que, se a<br />

lei <strong>de</strong>termina uma ida<strong>de</strong> mínima para o casamento, é porque enten<strong>de</strong> que abaixo<br />

32 Art. 26, §3º.<br />

33 Art. 18.


146<br />

<strong>de</strong>ssa ida<strong>de</strong> as pessoas não estão maduras o suficiente para tamanha<br />

responsabilida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se fazer uma análise paralela, se não é aconselhável se<br />

casar tão jovem presume-se que também não é <strong>de</strong>sejável a gravi<strong>de</strong>z nestas<br />

cicunstâncias. Se não é a<strong>de</strong>quado gerar um novo ser humano nesta conjuntura,<br />

então o i<strong>de</strong>al é não ter relações sexuais, uma vez que po<strong>de</strong>riam resultar numa<br />

gestação in<strong>de</strong>sejada.<br />

O sexo <strong>de</strong>ntro do seu contexto é essencial para a natureza humana. A<br />

atração sexual e o amor conjugal dão origem ao vínculo matrimonial, a partir do qual<br />

se sustenta a família que por sua vez nutre toda a socieda<strong>de</strong>. Todavia, o sexo<br />

<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>, ao contrário, dissolver a estrura familiar,<br />

abalando profundamente os alicerces <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos adolescentes se forma à medida que as pessoas resolvem<br />

três questões importantes: a escolha da ocupação, a adoção <strong>de</strong> valores nos quais<br />

acreditar e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual satisfatória 26,94 .<br />

O homem, o mais complexo dos seres vivos, é constituído por corpo (soma)<br />

e alma (psique), que formam juntos uma pessoa única, indivisível, com uma história<br />

sempre inédita e irrepetível. Embora ao nascimento não esteja acabado, possui<br />

todas as capacida<strong>de</strong>s necessárias para a sua plenitu<strong>de</strong>, ainda que para o completo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> muitas capacida<strong>de</strong>s necessite <strong>de</strong> ajuda através da educação.<br />

O adolescente precisa apren<strong>de</strong>r a viver. E para isso precisa <strong>de</strong>senvolver o<br />

pensamento. A formação <strong>de</strong> um conceito claro <strong>de</strong> pessoa integral é o primeiro passo<br />

para o adolescente enten<strong>de</strong>r-se a si próprio. Isso irá nortear a caracterização do<br />

adolescente como pessoa completa. Permitirá o diagnóstico dos problemas<br />

humanos, bem como a elaboração das possíveis soluções.


147<br />

O adolescente é sensível e simultaneamente intelectivo, qualida<strong>de</strong>s<br />

necessárias para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> seus próprios fins juntamente com a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar os meios. É possuidor da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação,<br />

socialização, pensar e or<strong>de</strong>nar o pensamento, ter vonta<strong>de</strong> pessoal, emoções,<br />

sentimentos, amar, doar-se e ser feliz quando faz a outro feliz.<br />

A correta educação o irá auxiliar a alcançar a sua plenitu<strong>de</strong> através da<br />

liberda<strong>de</strong>. Neste processo é importante a vonta<strong>de</strong>, inclinação racional para o bem<br />

que atua simultaneamente com a razão e obrigatoriamente implica responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Somente com a liberda<strong>de</strong> é possível alcançar o amor, que é incondicional,<br />

com vocação <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong>. Não há amor sem liberda<strong>de</strong> ou lealda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> certa<br />

forma o inverso também é verda<strong>de</strong>iro. O amor real implica um encontro com o ser do<br />

outro, uma relação pessoal, uma doação.<br />

Indo <strong>de</strong> encontro ao verda<strong>de</strong>iro sentido da vida, quando age como <strong>de</strong>ve <strong>de</strong><br />

fato agir, o adolescente alcança a sua auto-satisfação. A questão é que nem sempre<br />

esse caminho está suficientemente explícito.


148<br />

REFERÊNCIAS<br />

1 AARDWEG, G. Homossexualida<strong>de</strong> e Esperança. Lisboa: DIEL, 2002. p7.<br />

2 ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. 5 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.<br />

p.90.<br />

3 OPAS - Organización Panamericana <strong>de</strong> la Salud. Manual <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> la Adolescencia.<br />

O.P.S./O.M.S: Washington, 1992. p.47-83.<br />

4 MARSHALL, W. A.; TANNER, J.M. Puberty. In: FALKNER, F.; TANNER, J.M. Human Growth. 2nd<br />

ed. New York: Plenum Pub. Corp, 1986. p.171-210.<br />

5 WORLD HEALTH ORGANIZATION. Constitution of the World Health Organization. Geneva,<br />

1948. Disponível em:<br />

http://policy.who.int/cgibin/om_isapi.dll?infobase=Basicdoc&softpage=Browse_Frame_Pg42. Acesso<br />

em 22 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2004.<br />

6 CHADE, J.; FORMENTI, L. Epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> AIDS bate recor<strong>de</strong>s. O Estado <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo,<br />

22 nov. 2005. p. A7.<br />

7 BASSO, S.C. Sexualidad humana. O.P.A.S./O.M.S.: Brasília; 1991. p. 232.<br />

8 VITIELLO, N.; CONCEIÇÃO, I.S.C.; CANELLA, P.R.B.; CAVALCANTI, R,C. Adolescência hoje.<br />

São Paulo: Roca, 1988. p.175.<br />

9 SMITH, R. The condom: Is it really safe sex? Seattle: Public. Education Commitee, 1991. p.1-3.<br />

10 DAVIS, K. R.; WELLER, S. C. The Effectiveness of Condoms in Reducing Heterosexual<br />

Transmission of HIV. Family Planning Perspectives, v.31 n. 6, p. 272-279, nov/<strong>de</strong>c. 1999.<br />

11 CIFUENTES, R. L. As Crises Conjugais. São Paulo: Quadrante, 2002. p. 49.<br />

12 ZUCKERMAN, B. S.; WALKER, D. K.; FRANK, D. A.; CHASE, C.; HAMBURG, B. Adolescent<br />

Pregnancy: Behavioral Determinants of Outcome. The Journal of Pediatrics, v. 105, n. 6, p. 857-<br />

863, <strong>de</strong>c. 1984.<br />

13 GAUDERER, E. C. Crianças, adolescentes e nós — questionamentos e emoções mo<strong>de</strong>rnizando<br />

a nossa medicina. São Paulo: Alme<strong>de</strong>, 1987. 224 p.<br />

14 KIRBY, D.; KORPI, M.; BARTH, R.P.; CAGAMPANG, H. H. The Impact of Postponing Sexual<br />

Involvement Curriculum Among Youth in California. Family Planning Perspectives, v.27 n. 3, p.<br />

100-108, may/jun; 1997.<br />

15 ROBERT, E.; MELISSA, G.; LAUREN, R. Marriage Plus: Sabotaging the Presi<strong>de</strong>nt’s Efforts to<br />

Promote Health Marriage. Heritage Foundation Backgroun<strong>de</strong>r No. 1677. Disponível em:<br />

http://www.heritage.org/Research/Welfare/BG1677.cfm. Acesso em: 22 ago. 2003.<br />

16 COHAN, C. L. Toward a Greater Un<strong>de</strong>rstanding of the Cohabitation Effect: Premarital<br />

Cohabitation and Marital Communication. Journal of Marriage and Family. v. 64. p. 180-192. fev.<br />

2002.<br />

17 BROWN, S. L. Union Transitions Among Cohabitors: The Significance of Relationship<br />

Assessments and Expectations. Journal of Marriage and the Family. v.62, p. 833-846. ago. 2000.


149<br />

18 TEACHMAN, J. Premarital Sex, Premarital Cohabitation, and the Risk of Subsequent Marital<br />

Dissolution Among Women. Journal of Marriage and Family. v. 65, p. 444-455. mai. 2003.<br />

19 Correa, M. M.; Coates, V. Gravi<strong>de</strong>z. In: Coates, V.; Françoso, L; Benos, G. Medicina do<br />

adolescente.1ed. Savier, São Paulo, 1993. p 259-62.<br />

20 REGINATO, V. Apren<strong>de</strong>ndo a ser Pai em <strong>de</strong>z Lições. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 136-144.<br />

21 REGINATO, V. Apren<strong>de</strong>ndo a ser Pai em <strong>de</strong>z Lições. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 138.<br />

22 BUENO, G. M. Variáveis <strong>de</strong> risco para a Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência. Disponível em:<br />

http://virtualpsy.locaweb.com.br/in<strong>de</strong>x.php?art=56&sec=30. Acesso em: 25 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2006.<br />

23 PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Adolescência. In: Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre:<br />

Artmed, 2000. p. 307-339.<br />

24 LONDOÑO, A. S. Educación <strong>de</strong> la Afectividad. Para el Amor y la Convivência – Uma Alternativa<br />

a la Educacion Sexual. Bogotá: Agora es, 1999. p.26.<br />

25 HOZ, V.G. Educação da Sexualida<strong>de</strong>. Lisboa: Diel, 1998. 66p.<br />

26 PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Psicossocial na Adolescência. In:<br />

Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 340-366.<br />

27 PORTO, C.C. Exame Clínico. 3 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1996. p. 158-218.<br />

28 PINTO e SILVA, J.L.; MOTTA, M.L. Aspectos Médicos Sociais. In: NEME B. Obstetrícia Básica.<br />

São Paulo: Sarvier, 1995. p. 886-889.<br />

29 SOUZA, R.P. Sexualida<strong>de</strong> na Adolescência. In: SOUZA, R.P. e MAAKAROUM, M.F. Manual <strong>de</strong><br />

Adolescência. [S.l. : s.n.] 1989. p. 1-7 e 53-58.<br />

30 CHIMELLI, M. Amar os Adolescentes. São Paulo: Quadrante, 2005. p. 8-84.<br />

31 DARZÉ, E. Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência: Aspectos Psicossomáticos. Femina, v.13, n.7, p. 599-<br />

606. jul. 1985.<br />

32 CHIMELLI, M. Amar os Adolescentes. São Paulo: Quadrante, 2005. p. 11-12.<br />

33 REGINATO, V. Apren<strong>de</strong>ndo a ser Pai em <strong>de</strong>z Lições. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 144-152.<br />

34 ECHEVARRÍA, J. O mundo precisa do gênio feminino. Folha <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo, 08 mar.<br />

2006. p. 3.<br />

35 HOZ, V.G. Educação da Sexualida<strong>de</strong>. Lisboa: DIEL, 1998. p. 8-9.<br />

36 VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 2 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: MEDSI, 2001. 939 p.<br />

37 HOZ, V.G. Educação da Sexualida<strong>de</strong>. Lisboa: DIEL, 1998. p. 8.<br />

38 LEBRETHON, M. C.; BOURGUIGNON, J. P. Management of Central Isosexual Precocity:<br />

Diagnosis, Treatment, Outcome. Current opinion in pediatrics, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 12, n. 4, p. 159-162,<br />

aug. 2000.


150<br />

39 GRUMBACH, M. M. The Neuroendocrinology of Human Puberty Revisited. Hormone research,<br />

Basel, n. 57, p. 2-14, 2002.<br />

40 SEMPÉ, M.; PÉDRON, G.; ROY-PERNOT, M. P. Auxologie, métho<strong>de</strong> et séquences. Paris:<br />

Théraplix, 1979. p. 1-205.<br />

41 TANNER, J. M.; WHITEHOUSE, R. H. The Adolescent Growth Spurt of Boys and Girls on the<br />

Harpen<strong>de</strong>n Growth Study. Annals of human biology, London, v. 3, n. 2, p. 109-126, mar. 1976.<br />

42 BRAUNER, R.; MALANDRY, F.; FONTOURA, M.; PREVOT, C.; SOUBERBIELLE, J.C.;<br />

RAPPAPORT, R. Idiopathic central precocious puberty in girls as a mo<strong>de</strong>l of the effect of<br />

plasma estradiol level on growth, skeletal maturation and plasma insulin-like growth factor I.<br />

Hormone research, Basel, v. 36, n. 3-4, p. 116-120, 1991.<br />

43 ADAN, L.; SOUBERBIELLE, J.C.; BRAUNER, R. Management of the short stature due to<br />

pubertal <strong>de</strong>lay in boys. The Journal of clinical endocrinology and metabolism, Springfield, v. 78, n. 2,<br />

p.478-482, fev.1994.<br />

44 SILVA, A. C. C. S. e ADAN, L. F. Crescimento em meninos e meninas com puberda<strong>de</strong><br />

precoce. Arquivos Brasileiros <strong>de</strong> Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 47, n. 4, p. 422-431.<br />

ago. 2003.<br />

45 HALBE, H.W. e FONSECA A. M. Puberda<strong>de</strong> Precoce. Revista Sinopse <strong>de</strong> Ginecologia e<br />

Obstetrícia, São Paulo, n. 1, p. 20-22. mar. 2003.<br />

46 VITIELLO, N. Planejamento Familiar para Adolescentes. Reprodução, v.6, n.4, p.159-168, 1991.<br />

47 BOYER, C. B. Psychosocial, behavioral, and educational factors in preventing sexually<br />

transmitted diseases. Adolescent Medicine, Phila<strong>de</strong>lphia, v.1, n. 3, p.597-614, out.1990.<br />

48 BROOKS-GUNN, J.; FURSTENBURG, F. F. Adolescent sexual behavior. The American<br />

psychologist, Washington, n. 10, p. 249-257, 1989.<br />

49 JASKIEWICZ, J. A.; McANARNEY, E. R. Pregnancy during adolescence. Pediatrics in review /<br />

American Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Evanston. n. 15, p. 32-38, 1994.<br />

50 ALLAN GUTTMACHER INSTITUTE. Sex and America's Teenagers. The Allan Guttmacher<br />

Institute, New York,1994. Diponível em: http://www.agi-usa.org/. Acesso em 01 <strong>de</strong>z. 2005<br />

51 COMMITTEE on psychosocial aspects of child and family health and committee on adolescence.<br />

Sexuality Education for Children and Adolescents. Pediatrics, Springfield, v.108, n. 2, p. 498-502,<br />

ago. 2001.<br />

52 HOFFERTH, S. L. Contraceptive Decision-making Among Adolescents. In: HOLLERTH, S.;<br />

HAYES, C. Risking the Future: Adolescent Sexuality, Pregnancy, and Childbearing. National<br />

Aca<strong>de</strong>my Press: Washington, 1987, v. 2, Cap. 3. p. 56-77.<br />

53 JACCARD, J.; DITTUS, P.J.; GORDON, V. V. Maternal correlates of adolescent sexual and<br />

contraceptive behavior. Family planning perspectives, New York, n. 28, p. 159-165, 1996.<br />

54 JACCARD, J.; DITTUS, P. Parent-Teen Communication. Toward the Prevention of Uninten<strong>de</strong>d<br />

Pregnancy. New York: Springer-Verlag. 1991. 118 p.<br />

55 GONÇALVES, N. Orientação Sexual. In PIATO, S. Ginecologia da Infância e Adolescência. São<br />

Paulo: Atheneu, 1991. p. 231-239.


151<br />

56 ABMA, J. C.; CHANDRA, A.; MOSHER, W. E.; PETERSON, L. S.; PICCININO, L. J. Fertility,<br />

Family Planning and Women's Health: New Data from the 1995 National Survey on Family<br />

Growth. National Center for Health Statistics. Vital Health Stat. n.23, p.1-114, 1997.<br />

57 CENTERS for disease control and prevention. Trends in sexual risk behaviors among high<br />

school stu<strong>de</strong>nts. United States, 1991–1997. MMWR. Morbidity and mortality weekly report. Atlanta,<br />

v. 47, n.36, p.749 –752, 18 sep.1998.<br />

58 CENTERS for disease control and prevention. Youth Risk Behavior Surveillance. United States,<br />

2003. MMWR. Morbidity and mortality weekly report. Atlanta, v. 53, n. SS-2, p.1-29, 21 may.2004.<br />

59 NATIONAL Campaign to Prevent Teen Pregnancy. Fact Sheet: Recent Trends in Teen<br />

Pregnancy, Sexual Activity, and Contraceptive Use. Washington: National Campaign to Prevent<br />

Teen Pregnancy; 2004. Disponívem em: www.teenpregnancy.org/resources/reading/pdf/rectrend.pdf.<br />

Acessado em: 12 mai. 2004.<br />

60 WARREN, C. W.; HARRIS, W. A.; KANN, L. Pregnancy, Sexually Transmitted Diseases, and<br />

Related Risk Behaviors Among US Adolescents. Atlanta: Centers for Disease Control and<br />

Prevention; 1994. CDC Publication No. 099-4630<br />

61 PESSOA, L. B.; COSTA, M.; CORAIOLA, M. P. S.; MIYOSHI, M.; REY, S. D. e ROMANEL, V. C.<br />

Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência – Um Gran<strong>de</strong> Problema Social. Trabalho apresentado ao XI CONCIAM,<br />

Hospital Universitário Evangélico <strong>de</strong> Curitiba, Curitiba, outubro, 1997.<br />

62 PESSOA, L. B.; CORAIOLA, M. P. S.; COSTA, M.; MIYOSHI, M.; REY, S. D.; ROMANEL, V. C.;<br />

NASCIMENTO, D. J. Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência: um Gran<strong>de</strong> Problema Social. Revista do Médico<br />

Resi<strong>de</strong>nte do Hospital Universitário Evangélico <strong>de</strong> Curitiba, Curitiba, v.1, n.1, p.25-30, jan./jun. 1999.<br />

63 RODRIGUES, A. P.; SOUZA, M. C. B. e BRASIL, R. M. C. Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência. Femina,<br />

v.21, p.199-223, março, 1993.<br />

64 SMITH, C. A. Factors associated with early sexual activity among urban adolescents. Social-<br />

Work, v. 42, n. 4, p. 334-346. jan. 1997.<br />

65 DAILARD, C. Recent findings from the "Add Health" Survey: teens and sexual activity.<br />

Guttmacher Rep Public Policy, New York, V. 4, n. 4, p. 1-3, ago. 2001.<br />

66 HAFFNER, D. W.; Facing Facts: Sexual Health for America's Adolescents: The Report of the<br />

National Commission on Adolescent Sexual Health. SIECUS report, New York, v. 23,0n. 2,0p. 2-8.<br />

ago/set. 1995.<br />

67 SURIS, J. C.; RESNICK, M. D.; CASSUTO, N.; BLUM, R. W. Sexual behavior of adolescents<br />

with chronic disease and disability. The Journal of adolescent health , New york, v. 19, n. 2, p. 124-<br />

131, 19 ago. 1996.<br />

68 GRAVIDEZ na Adolescência. Dicas, Idéias para a Ação Municipal, São Paulo, [S. e S. n], 2001,<br />

n. 191.<br />

69 CHIMELLI, M. Amar os Adolescentes. São Paulo: Quadrante, 2005. p. 16-17.<br />

70 BUENO, G. M. Variáveis <strong>de</strong> Risco para a Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência-1. Disponível em:<br />

http://www.virtualpsy.org/infantil/gravi<strong>de</strong>z.html. Acesso em: 12 fev. 2006.<br />

71 KAHHALE, E. M. S. P.; ODIERNA, I. C.; GALLETTA, M. A.; NEDER, M.; ZUGAIB, M. Assistência<br />

Multiprofissional à Adolescente Grávida: Dificulda<strong>de</strong>s Somato-Psico-Sociais. Revista <strong>de</strong><br />

Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v.8, n. 1, 1997.


152<br />

72 ADOLESCÊNCIA e Puberda<strong>de</strong>-1. Disponível em: http<br />

http://www.odontomed.com.br/canais.asp?cod=10. Acesso em: 03 mar. 2006.<br />

73 VENTURA, S. J.; MATHEWS, T. J.; CURTIN, S. C. Declines in Teenage Birth Rates, 1991-97:<br />

National and State Patterns. Natl Vital Stat Rep, Atlanta, v. 47, n. 1, p. 1-17, 19 ago.1998.<br />

74 AMINI, S. B.; CATALANO, P. M.; DIERKER, L. J.; MANN, L.I. Births to Teenagers: Trends and<br />

Obstetric Outcomes. Obstetrics and gynecology, New York, n. 87, p.668-674, mai. 1996.<br />

75 VILADRICH, P. O Aborto e Socieda<strong>de</strong> Permissiva. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1995. p. 49-58.<br />

76 COHEN, D. A.; RICHARDSON, J.; LABREE, L. Parenting behaviors and the onset of smoking<br />

and alcohol use: a longitudinal study. Pediatrics, Springfield, v. 94, n. 3, p. 368 –375. set. 1994.<br />

77 FLANNERY, D.; WILLIAMS, L.; VAZSONYI, A. Who are they with and what are they doing?<br />

Delinquent behavior, substance use, and early adolescents’ after-school time. The American<br />

journal of orthopsychiatry, New York, v. 69, n. 2, p. 247 –253. abr. 1999.<br />

78 RICHARDSON, J. L.; DWYER, K.; MCGUIGAN, K.; et al. Substance use among eighth gra<strong>de</strong><br />

stu<strong>de</strong>nts who take care of themselves after school. Pediatrics, Springfield, v. 84, n. 3, p. 556 –566.<br />

set. 1989.<br />

79 COMMITTEE on Adolescence. Contraception and Adolescents. Pediatrics, Springfield. v. 104,<br />

n. 5, pp. 1161-1166. nov. 1999.<br />

80 VILADRICH, P. O Aborto e Socieda<strong>de</strong> Permissiva. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1995. p 73-74.<br />

81 NIETO, J. L. C. A Vonta<strong>de</strong> d Po<strong>de</strong>r. Nietzche, hoje. São Paulo: Quadrante, 2004. p. 55-59.<br />

82 TAQUETTE, S. R.; VILHENA, M. M.; PAULA, M. C. Fatores Associados à Iniciação Sexual<br />

Genital: Estudo Transversal com Adolescentes no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Adolescência & Saú<strong>de</strong>, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, v.1, n.3, p.17-22,set. 2004.<br />

83 MOORE, K. A.; DRISCOLL, A. K.; LINDBERG, L. D. A Statistical Portrait of Adolescent Sex,<br />

Contraception, and Childbearing. Washington: National Campaign to Prevent Teen Pregnancy;<br />

1998. p 11.<br />

84 RESNICK, M. D. Protective factors, resiliency and healthy youth <strong>de</strong>velopment. Adolescent<br />

medicine, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 11, n. 1, p. 157 –165. fev. 2000.<br />

85 ALLAN Guttmacher Institute. Sex and America's Teenagers. New York: The Allan Guttmacher<br />

Institute [S.l. : s.n.] 1994.<br />

86 ZAIDAN, P. Resiliência. Você também vai querer ter. Revista Cláudia, São Paulo, p.120-123,<br />

mar. 2004.<br />

87 PENTEADO, J. C.; DIP, R.H.M. A Vida dos Direitos Humanos – Bioética Médica e Jurídica.<br />

Porto Alegre: Sergio <strong>Antonio</strong> Fabris, 1999, p. 194-195.<br />

88 MACIEL-GUERRA, A.T.; GUERRA, G. Menino ou menina? Os distúrbios da diferenciação do<br />

sexo. São Paulo: Manole Ltda, 2002. 327 p.<br />

89 LONDOÑO, A. S. Educación <strong>de</strong> la Afectividad. Para el Amor y la Convivência – Uma<br />

Alternativa a la Educacion Sexual. Bogotá: Agora es, 1999. p. 171.


153<br />

90 BETTENCOURT, E. Sexo Seguro? Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Lúmen<br />

Christi, n. 438, p.523-525, nov. 1998.<br />

91 CIFUENTES, R. L. Sexo e Amor. São Paulo: Quadrante, 1995. p. 15-146.<br />

92 LONDOÑO, A. S. Educación <strong>de</strong> la Afectividad. Para el Amor y la Convivência – Uma<br />

Alternativa a la Educacion Sexual. Bogotá: Agora es, 1999. p.58-59.<br />

93 MANZANERA, M. Procreación responsable: critérios bioeticos. Cua<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Bioética,<br />

Santiago, Espanha, v. 8, n. 25, p. 20-32, jan./fev/mar. 1996.<br />

94 FRANKL, V. Se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sentido. 2. ed. São Paulo: Quadrante, 1998. 69 p.<br />

95 BETTENCOURT, E. Sexo Pré-Matrimonial em Casa. Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, n. 506, p. 346-350, ago. 2004.<br />

96 CIFUENTES, R. L. A Maturida<strong>de</strong>. São Paulo: Quadrante, 2003. 119 p.<br />

97 CHIMELLI, M. Gastando Tempo com os Filhos. 2 ed. Quadrante: São Paulo, 1993. p.43-56.<br />

98 ROJAS, E. O Amor Inteligente. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Objetiva Ltda, 1998. p. 11-223.<br />

99 JOÃO PAULO VI. Humanae Vitae. 6 ed. São Paulo: Paulinas, 1968. 36 p.<br />

100 PENTEADO, J. C.; DIP, R. H. M. A Vida dos Direitos Humanos – Bioética Médica e Jurídica.<br />

Porto Alegre: Sergio <strong>Antonio</strong> Fabris, 1999, p. 199.<br />

101 VILADRICH, P. O Aborto e Socieda<strong>de</strong> Permissiva. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1995. p 73.<br />

102 PENTEADO, J. C.; DIP, R. H. M. A Vida dos Direitos Humanos – Bioética Médica e Jurídica.<br />

Porto Alegre: Sergio <strong>Antonio</strong> Fabris, 1999, p. 199-200.<br />

103 PENTEADO, J.C.; DIP, R.H.M. A Vida dos Direitos Humanos – Bioética Médica e Jurídica.<br />

Porto Alegre: Sergio <strong>Antonio</strong> Fabris, 1999. 503 p.<br />

104 AARDWEG, G. Homossexualida<strong>de</strong> e Esperança. Lisboa: DIEL, 2002. p. 11-12.<br />

105 CASTILLO, G. Anatomia <strong>de</strong> uma historia <strong>de</strong> amor. Amor somado y amor vivido. Pamplona:<br />

Eunsa, 2002, p. 22-35.<br />

106 ULIANO, S. C. Por um novo Feminismo. São Paulo: Quadrante, 1995. 63p.<br />

107 HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2003. 2 ed. p. 284-285.<br />

108 HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2003. 2 ed. p. 314- 336.<br />

109 MANCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico Enciclopédico. São Paulo: Edições<br />

Loyola, 2003. p. 290-291.<br />

110 UNITED NATIONS secretariat esa/stat/ac. Department of Economic and Social Affairs 16 October<br />

2003. Statistics Division. Expert Group Meeting to Review the United Nations Demographic Yearbook<br />

System. New York. Nov, 2003. Dissemination of Data in the Demographic Yearbook System:


154<br />

Current approaches and Future Direction. Disponível em: http://www.un.org/esa/<strong>de</strong>sa/. Acesso em:<br />

15 jun. 2005.<br />

111 UNITED NATIONS, Department of Economic and Social Affairs. Statistics Division, Demographic<br />

and Social Statistics Branch. United Nations Demographic Yearbook review. National reporting of<br />

data on marriage and divorce. Implications for international recommendations. Disponível em:<br />

http://unstats.un.org/unsd/Demographic/products/dyb/dybtr.htm. Acesso em: 06 mar 2006.<br />

112 BETTENCOURT, E. Sexo Seguro? Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Lúmen<br />

Christi, n. 438, p.523-525, nov. 1998.<br />

113 HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2003. 2 ed. p. 265-317.<br />

114 SEXO na Cabeça. Revista Época, n. 303, p. 46-51, mar. 2004.<br />

115 AARDWEG, G. Homossexualida<strong>de</strong> e Esperança. Lisboa: DIEL, 2002. 221p.<br />

116 BASTOS, A. C. Ginecologia Infanto-Juvenil. 2 ed, São Paulo: Roca, 1988, 177 p.<br />

117 REGINATO, V. Apren<strong>de</strong>ndo a ser Pai em <strong>de</strong>z Lições. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 136-138.<br />

118 SAITO, M. I. Educação Sexual: Adolescência, Sexualida<strong>de</strong> e Escola. Jornal <strong>de</strong> Pediatria, v.<br />

16, p.41-44. 1992.<br />

119 WYETH. Pesquisa IBOPE. Hábitos e atitu<strong>de</strong>s dos jovens em relação ao sexo. [S.l. : s.n.] f. 1.<br />

p.1-7. nov. 2003.<br />

120 MANCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo: Edições<br />

Loyola, 2003. p 289-290.<br />

121 LONDOÑO, A. S. Educación <strong>de</strong> la Afectividad. Para el Amor y la Convivência – Uma<br />

Alternativa a la Educacion Sexual. Bogotá: Agora es, 1999. p. 251-262.<br />

122 LYFORD-PIKE, A. Carinho e Firmeza com os Filhos. São Paulo: Quadrante, 2003. 134 p.<br />

123 ARÉCHAGA, I. Los padres <strong>de</strong>ben asumir el papel principal em la educación sexual <strong>de</strong> los<br />

hijos. Aceprensa, Madrid, p. 3, 10 jan. 1996.<br />

124 BETTENCOURT, E. Declaração do Rio <strong>de</strong> Janeiro sobre a Família. Revista Pergunte e<br />

Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 429, p.50-55, fev. 1998.<br />

125 FREUD, A. The Ego and the Mechanisms of Defense. New York: International Universities<br />

Press, 1971. 191 p.<br />

126 VEGA, A. V. Namoro para um Tempo Novo. Lisboa, Rei dos Livros, 1995. 175p.<br />

127 DITTUS, P. J.; JACCARD, J. Adolescents’ perceptions of maternal disapproval of sex:<br />

relationship to sexual outcomes. The Journal of adolescent health, New York, v. 26, n.4, p. 268 –<br />

278. 2000.<br />

128 ROMER, D.; STANTON, B.; GALBRAITH, J.; FEIGELMAN, S.; BLACK, M. M. Parental influence<br />

on adolescent sexual behavior in high-poverty settings. Archives of pediatrics & adolescent<br />

medicine , Chicago, v. 153, n. 10, p. 1055-1062. out. 1999.


155<br />

129 SNYDER, H.; SICKMUND, M. Juvenile Offen<strong>de</strong>rs and Victims: 1997 Update on Violence.<br />

Washington: US Department of Justice, Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention [S. e S.<br />

n], 1997.<br />

130 CHIMELLI, M. Família & Televisão. São Paulo: Quadrante, 2002, p. 9-47.<br />

131 ROMO, L. F.; LEFKOWITZ E. S.; SIGMAN, M.; AU, T. K. A longitudinal study of maternal<br />

messages about dating and sexuality and their influence on Latin adolescents. The Journal of<br />

adolescent health, New York, v. 31, p. 59-69, 2002.<br />

132 RAINE, T.R. et al. Socio<strong>de</strong>mographic Correlates of Virginity in Seventh-gra<strong>de</strong> Black and<br />

Latin Stu<strong>de</strong>nts. The Journal of adolescent health, New York, v.24, p.304-312, 1999.<br />

133 HOZ, V. G. Educação da Sexualida<strong>de</strong>. Lisboa: Ediciones RIALP, 1998. p. 40-46.<br />

134 GONÇALVES, N. Orientação Sexual. In PIATO, S. Ginecologia da Infância e Adolescência.<br />

São Paulo: Atheneu, 1991. p. 231-239.<br />

135 TSANG, R. C. Teenage Pregnancy is Preventable – A Challenge to our Society. Pediatric<br />

Annals, v. 22, n. 2, p. 133-135, feb. 1993.<br />

136 GOMES, S. M. T. A. Características <strong>de</strong> um Serviço <strong>de</strong> Atenção Primária. In: SOUZA, R. P.;<br />

MAAKAROUM, M. F. Manual <strong>de</strong> Adolescência. [S. e S. n], 1989. p. 43-48.<br />

137 PIEPER, J. Justiça e Fortaleza. RIALP: Madrid, 1968, p. 31-32.<br />

138 VILADRICH, P. O Aborto e Socieda<strong>de</strong> Permissiva. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1995. p 70-74.<br />

139 TAKIUTI, A. D. Da Prevenção da Segunda Gravi<strong>de</strong>z na População Adolescente. Revista do<br />

IX Congresso Paulista <strong>de</strong> Obstetrícia e Ginecologia. São Paulo, p.7-10. 2004.<br />

140 DADOORIAN, D. Adolescentes – Por Que Elas Querem Engravidar? Femina, São Paulo, v.25,<br />

n.1, p.47-51, jan.-fev. 1996.<br />

141 Drucker, P. F. Socieda<strong>de</strong> pós-capitalista. 6 ed. São Paulo: Pioneira; 1996. p.163.<br />

142 FONTOURA, A. A. Sociologia educacional. A escola viva. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Aurora, 1967. p.<br />

425.<br />

143 OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia da Educação. São Paulo: Ática, 1993. p.107.<br />

144 REIS, A. O. A. O discurso <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública sobre adolescentes grávidas. São Paulo: USP,<br />

1993. p.166.<br />

145 RIBEIRO, P. R. M. Educação sexual. Além da informação. São Paulo: EPU, 1990. p. 62.<br />

146 COSTA, M. C. O.; SOUZA, R. P. Avaliação e cuidados primários da criança e do<br />

adolescente. Porto Alegre: Artes Médicas; 1998. p. 290.<br />

147 LANDRY, D. J.; KAESER, L; RICHARDS, C. L. Abstinence promotion and the provision of<br />

information about contraception in public school district sexuality education policies. Family<br />

planning perspectives, New Yor. , v. 31, n. 6, p. 280-286. nov./<strong>de</strong>z. 1999.<br />

148 ACEPRENSA. Más recursos para educar a los jóvenes en la continência. Disponível em:<br />

http://www.aceprensa.com/art.cgi?articulo=11338. Acesso em: 08 mar. 2006.


156<br />

149 KAPPHAHN, C. J; WILSON, K. M.; KLEIN, J. D. Adolescent girls' and boys' preferences for<br />

provi<strong>de</strong>r gen<strong>de</strong>r and confi<strong>de</strong>ntiality in their health care. The Journal of adolescent health, New<br />

York, v. 25, n. 2, p. 131-142. ago 1999.<br />

150 LANGILLE, D. B.; MANN, K. V.; GAILIUNAS, P. N. Primary care physician's perceptions of<br />

adolescent pregnancy and STD prevention practices in a Nova Scotia county. American journal<br />

of preventive medicine, Amsterdam, v. 13, n. 4, p. 324-330. jul./ago. 1997.<br />

151 MAHEUX, B.; HALEY, N.; RIVARD, M.; GERVAIS, A. Do women physicians do more STD<br />

prevention than men? Quebec Study of Recently Trained Family Physicians. Canadian family<br />

physician Mé<strong>de</strong>cin <strong>de</strong> famille canadien, Mississauga, v. 43, p. 1089-1095. ago. 1997.<br />

152 GEVELBER, M. A.; BIRO, F. M. Adolescents and sexually transmitted diseases. Pediatric<br />

clinics of North América, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 46, n. 4, p. 747-766. jun. 1997.<br />

153 BOEKELOO, B.O.; MARX, E.S.; KRAL, A. H.; COUGHLIN, S. C.; BOWMAN, M. A.; RABIN, D. L.<br />

Frequency and thoroughness of STD/HIV risk assessment by physicians in a high-risk<br />

metropolitan area. American Public Health Association, New York, n. 12, p. 1645-1648. <strong>de</strong>z. 1991.<br />

154 ACQUAVELLA, A. P.; BRAVERMAN, P. Adolescent gynecology in the office setting. Pediatric<br />

clinics of North América, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 46, n. 3, p. 489-503. jun. 1999.<br />

155 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence Contraception and adolescents.<br />

Pediatrics, Springfield, v.104, n. 5, p. 1161-1166. 5 nov. 1999.<br />

156 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence Counseling, the adolescent about<br />

pregnancy options. Pediatrics, Springfield, v.101, n. 5, p. 938-940. mai. 1999.<br />

157 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence Adolescent pregnancy: current<br />

trends and issues: 1998. Pediatrics, Springfield, v.103, n. 2, p. 516-520. fev. 1999.<br />

158 PECKHAM, S. Preventing uninten<strong>de</strong>d teenage pregnancies. Public Health, London, v. 107, n.<br />

2, p.125-133. mar. 1993.<br />

159 CARD, J. J.; NIEGO, S.; MALLARI, A.; FARRELL, W. S. The program archive on sexuality,<br />

health & adolescence: promising "prevention programs in a box". Family planning perspectives,<br />

New York, v. 28, n. 5, p. 210-220. set./out. 1996<br />

160 BEACH, R. K. Contraception for adolescents: part 1. Adolescent Health Update. v. 7, n. 1.<br />

1994.<br />

161 ELO, I. T.; KING, R. B.; FURSTENBERG, F. F. Adolescent females: their sexual partners and<br />

the fathers of their children. JOURNAL OF MARRIAGE AND THE FAMILY, Minneapolis, v. 61, n. 1,<br />

p. 74-84. fev. 1999.<br />

162 CENTER for Disease Control and Prevention. HIV health education and risk reduction<br />

gui<strong>de</strong>lines. Disponível em: www.cdc.gov/hiv/HERRG/HIV_HERRG.htm. Acesso em: 12 mai. 2004.<br />

163 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence Contraception and adolescents. .<br />

Pediatrics, Springfield, v.86, n. 1 , p.134-138. jul. 1990.<br />

164 ERICKSON, J. D. Folic acid and prevention of spina bifida and anencephaly. 10 years after<br />

the U.S. Public Health Service recommendation. MMWR. Recommendations and reports, Atlanta,<br />

v. 51, n. RR-13, p. 1-3, 15 set. 2002.


157<br />

165 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Genetics. Folic acid for the prevention of<br />

neural tube <strong>de</strong>fects. Pediatrics, Springfield, v.104, n. 2 , p. 325-327. ago. 1999.<br />

166 BETTENCOURT, E. Saú<strong>de</strong> Reprodutiva (Reproductive Health). Revista Pergunte e<br />

Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 520, p.465-480. 2005.<br />

167 BETTENCOURT, E. Educação Sexual nas Escolas: A Experiência Norte-Americana. Revista<br />

Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 416, p.2-15, jan. 1997.<br />

168 BETTENCOURT, E. Preservativos nas Escolas. Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, n. 423, p.362-365, ago. 1997.<br />

169 CIFUENTES, R. L. Carta às Famílias do Brasil. [S.l. : s.n.] 2003.<br />

170 FORMENTI, L. USAID sugere abstinência e causa mal-estar. O Estado <strong>de</strong> São Paulo, São<br />

Paulo, 10 mar. 2006. p A8.<br />

171 EFICACIA anti-SIDA. La Gaceta <strong>de</strong> los Negócios. Madrid, 16 fev. 2002. p. 12.<br />

172 Gran Bretaña: la estrategia <strong>de</strong>l “sexo seguro” no funciona con los adolescentes. Disponível<br />

em: http://www.aceprensa.com/art.cgi?articulo=10470. Acesso em 08 mar. 2003.<br />

173 The Parents Coalition for Responsible Sex Education, Março <strong>de</strong> 1991. Disponível em:<br />

http://www.vidahumana.org/vidafam/sida/resultados_sida.html. Acesso em: 10 mai. 2005.<br />

174 ARISTÓTELES. Ética a Nicomacos. São Paulo: Martin Claret, 2001. 240 p.<br />

175 MANCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo: Edições Loyola,<br />

2003. 823 p.<br />

176 NIETO, J. L. C. Provérbios e Virtu<strong>de</strong>s. São Paulo: Quadrante, 1999. 84 p.<br />

177 LORDA, J. L. Moral: A Arte <strong>de</strong> Viver. São Paulo: Quadrante, 2001. 238 p.<br />

178 CHARLES, P. Generosida<strong>de</strong>. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1991, 55p.<br />

179 ISAAKS, D. Educación <strong>de</strong> Lãs Virtu<strong>de</strong>s Humanas. 12 ed. Pamplona: EUNSA, 1996, p. 61.<br />

180 MAUNCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo: Edições Loyola,<br />

2003. 823 p.<br />

181 HOZ, V. G. Educação da Sexualida<strong>de</strong>. Lisboa: RIALP, 1998. p.21-32.<br />

182ARÉCHAGA, I. Los padres <strong>de</strong>ben asumir el papel principal em la educación sexual <strong>de</strong> los<br />

hijos. Aceprensa, Madrid, 10 jan. 1996. p1-4.<br />

183 CIFUENTES, R. L. Planejamento Familiar. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 24 fev. 1998. p. 8.<br />

184 Alan Guttmacher Institute. School-based sexuality education: the issues and challengers.<br />

Family planning perspectives, New York, v. 30, n. 4, p. 188-193. jul./ago. 1998.<br />

185 HAWKINS, J. D.; CATALANO, R. F.; KOSTERMAN, R.; ABBOTT, R.; Hill, K. G. Preventing<br />

adolescent health risk behaviors by strengthening protection during childhood. Archives of<br />

Pediatrics Adolescent medicine, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 153, n. 3, 226-234. mar. 1999.


158<br />

186 CIFUENTES, R. L. As Crises Conjugais. São Paulo: Quadrante, 2002. p 51-52.<br />

187 HAIGNERE. C. S.; GOLD, R.; MCDANIEL, H. J. Adolescence abstinence and condom use,<br />

are we sure we are really teaching what is safe? Health Education & Behavior, Michigan, v. 26, n.<br />

1, p. 43-54. 1 fev. 1999.<br />

188 JEMMOTT. J. B.; JEMMOTT, L. S.; FONG, G. T. Abstinence and safer-sex HIV risk-reduction<br />

interventions for African American adolescents: a randomized control trial. JAMA: the journal<br />

of the American Medical Association, Chicago, v. 279, n. 19, p. 1529-1536. 20 mai. 1998.<br />

189 NOBLE, R. C. O Mito do Sexo Seguro. Revista Seleções: São Paulo, p.31-33, <strong>de</strong>z. 1991.<br />

190 CATECISMO da Igreja Católica. 6 ed. São Paulo: Vozes, 1993. p. 527-530.<br />

191 LÓPEZ, T. La Sexualidad en la Revelación cristiana. Estúdio teológico-moral. In: CHOZA, J.<br />

Analítica <strong>de</strong> la Sexualidad. Pmplona: EUNSA, 1978. p. 227-274.<br />

192 FAUS, F. Autodomínio. Elogio da Temperança. São Paulo: Quadrante, 2004. 84p.<br />

193 STENSON, J. B. Enquanto ainda é Tempo. A Formação Moral e Religiosa dos Filhos. São<br />

Paulo: Quadrante, 2002. 150p.<br />

194 CIFUENTES, R. L. Sexo e Amor. São Paulo: Quadrante, 1995. p. 186.<br />

195 CIFUENTES, R. L. Sexo e Amor. São Paulo: Quadrante, 1995. p. 185-186.<br />

196 HILDEBRAND, D. Atitu<strong>de</strong>s Éticas Fundamentais. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1995. p.3-12.<br />

197 ISAAKS, D. Educación <strong>de</strong> Lãs Virtu<strong>de</strong>s Humanas. 12 ed. Pamplona: EUNSA, 1996, 462 p.<br />

198 CHIMELLI, M. Família & Televisão. São Paulo: Quadrante, 2002. p 9.<br />

199 PENTEADO, J. C.; DIP, R. H. M. A Vida dos Direitos Humanos – Bioética Médica e Jurídica.<br />

Porto Alegre: Sergio <strong>Antonio</strong> Fabris, 1999. p. 188-189.<br />

200 REGINATO, V. Apren<strong>de</strong>ndo a ser Pai em <strong>de</strong>z Lições. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 150-152.<br />

201 CIFUENTES, R. L. Sexo e Amor. São Paulo: Quadrante, 1995. p. 28-29.<br />

202 LONDOÑO, A. S. Educación <strong>de</strong> la Afectividad. Para el Amor y la Convivência – Uma<br />

Alternativa a la Educacion Sexual. Bogotá: Agora es, 1999. p.128-129.<br />

203 CHIMELLI, M. Gastando Tempo com os Filhos. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1993. p. 28-34.<br />

204 CASSAGUERRA, M. A.; MOREIRA, A. J. Problemas Sexuais. In: TOURINHO, C. R.; BASTAS, A.<br />

C.; MOREIRA, A. J. Ginecologia da Infância e Adolescência. Rio <strong>de</strong> Janeiro: BYK-Proscienx, 1977.<br />

p. 94-104.<br />

205 ESCOBAR-CHAVES, S. L.; TORTOLERO, S. R.; MARKHAM, C. M.; LOW, B. J.; EITEL, P.<br />

Impact of the Media on Adolescent Sexual Attitu<strong>de</strong>s and Behaviors. Pediatrics, Springfield, v. 116<br />

n. 1, p. 303-326. 1 jul. 2005.<br />

206 BONETTO, D. V. S. Gravi<strong>de</strong>z e Anticoncepção na Adolescência. In: Manual <strong>de</strong> Adolescência da<br />

Socieda<strong>de</strong> Paranaense <strong>de</strong> Pediatria. Curitiba: Topograf, 1996. p. 45-48.


159<br />

207 SHWARTS, E. K. Anais do Primeiro Congresso Brasileiro Psicopatologia Infanto-Juvenil.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1972.<br />

208 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Task Force on Children, and Television. Children,<br />

adolescents and television. News and Comment. v. 35, n. 8. <strong>de</strong>z. 1984.<br />

209 (1998) Report on Television. New York. Nielsen Media Research. 1998. Acesso em:<br />

http://store.vnuemedia.com/nielsenmediaresearch/store/product_view.jsp?product_id=8451&category<br />

_name. Acesso em: 15 jan. 2005.<br />

210 MARES, M. L. Children's use of VCRs. The Annals of the American Aca<strong>de</strong>my of Political and<br />

Social Science, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 557, p. 120-131. 1998. 1998; 557:120-131.<br />

211 ROBERTS, D. F.; FOEHR, U. G.; RIDEOUT, V. J.; BRODIE, M. Kids and Media at the New<br />

Millennium: A Comprehensive National Analysis of Children's Media Use. .The Henry J Kaiser<br />

Family Foundation Report. Disponícel em:<br />

http://www.kff.org/entmedia/loa<strong>de</strong>r.cfm?url=/commonspot/security/getfile.cfm&PageID=13263. Acesso<br />

em 10 mar. 2003.<br />

212 TAYLOR-ROBINSON. D. Chlamydia trachomatis and sexually transmitted disease. British<br />

medical journal, London, v. 308, p. 50-151. 15 jan. 1994.<br />

213 GERBNER, G.; GROSS, L.; MORGAN, M.; SIGNORIELLI, N. Growing up with television: the<br />

cultivation perspective. In BRYANT, J.; ZILLMANN, D. Eds. Media Effects: Advances in Theory and<br />

Research. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1994. p. 17-41.<br />

214 STRASBURGER, V. C. "Sex, drugs, rock'n'roll," and the media: are the media responsible<br />

for adolescent behavior? Adolescent medicine, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 8, n. 3, p. 403-414. out. 1997.<br />

215 KUNKEL, D.; COPE, K. M.; FARINOLA, W. J. M.; BIELY, E.; ROLLIN, E.; DONNERSTEIN,<br />

E. Sex on TV: Content and Context. The Henry J Kaiser Family Foundation. Disponível em:<br />

http://www.kff.org/entmedia/1457-sex.cfm. Acesso em: 15 mar. 2006.<br />

216 HUSTON, A. C.; Wartella E, Donnerstein E. Measuring, the Effects of Sexual Content in the<br />

Media. The Henry J Kaiser Family Foundation Report. Disponível em:<br />

http://www.kff.org/entmedia/1457-sex.cfm. Acesso em 15 mar. 2006.<br />

217 BROWN, J. D.; GREENBERG, B. S.; BUERKEL-ROTHFUSS, N. L. Mass media, sex and<br />

sexuality. Adolescent medicine, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 4, n. 3, p. 4:511-525. out. 1993.<br />

218 GRÜNSPUN, H. A Televisão e a Criança. In: GRÜNSPUN, H. A Criança e seu Ambiente. Anais<br />

Nestlé, 1970, p.60.<br />

219 PONTIFÍCIO Conselho para as Comunicações Sociais. Documento Pornografia e violência<br />

nas comunicações sociais. 7 mai. 1989, notas 14 e 15. Disponível em:<br />

http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/pccs/documents/rc_pc_pccs_doc_07051989_po<br />

rnography_po.html. Acesso em 14 mar. 2006.<br />

220 BETTENCOURT, E. Debate sobre o Preservativo. Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, n. 461, p. 449-456, nov. 1998.<br />

221 ZABIN. L. S.; STARK. H. A.; EMERSON, M. R. Reasons for <strong>de</strong>lay in contraceptive clinic<br />

utilization: adolescent clinic and nonclinic populations compared.The Journal of adolescent<br />

health, New York, v. 12, n. 3, p. 225-232. mai. 1991.<br />

222 SEXO e Violência na TV. Revista Veja, 04 jun. 1990.


160<br />

223 BETTENCOURT, E. A Discutida Eficácia do Preservativo. Revista Pergunte e<br />

Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 409, p.267-274, jun. 1996.<br />

224 BETTENCOURT, E. Sexo Seguro? Revista Pergunte e Respon<strong>de</strong>remos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 497,<br />

p. 502-505, nov. 2003.<br />

225 CHIMELLI, M. Família & Televisão. São Paulo: Quadrante, 2002. p 29.<br />

226 GIRARDI, C. A. Realização Sexual e Afetiva. Gazeta do Povo, Curitiba, 16 fev. 1997.<br />

227 WYETH. Hábitos e Atitu<strong>de</strong>s dos Jovens em Relação ao Sexo. [S.l. : s.n.] f. 2. p. 1-7. nov.<br />

2003.<br />

228 MÃES Antes da Hora. Revista Época, Rio <strong>de</strong> Janeiro, n. 303, p. 54-59, mar. 2004.<br />

229 HOEKELMAN, R. A. Teenage pregnancy – one of our nation´s most challenging dilemmas.<br />

A Pediatrican´s View , v.22, n.2, p.81-82. fev. 1993.<br />

230 CHIMELLI, M. Família & Televisão. São Paulo: Quadrante, 2002, p. 42.<br />

231 MONTEIRO, R. L. M.; MONTEIRO, D. L. M. A Mídia na Informação sobre Saú<strong>de</strong> Sexual.<br />

Adolescência & Saú<strong>de</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.2, n.1, p.17-28, mar. 2005.<br />

232 HENRIQUES, C. A.; SOUZA, M. C. B.; CANELLA, P. R. B. Ambulatório <strong>de</strong> Ginecologia<br />

Infanto-Puberal e da Adolescência. 3 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Atheneu, 1986, p.1-9.<br />

233 FIGUEIREDO, R.; ANDALAFT, J. Uso <strong>de</strong> Contracepção <strong>de</strong> Emergência e Condom entre<br />

Adolescentes e Jovens. Revista da Sogipa, São Paulo, a. 6, n. 2, p.3-6, abr./mai./jun. 2005.<br />

234 Kirby D. Emerging Answers: Research Findings on Programs to Reduce Teen Pregnancy.<br />

Washington: National Campaign to Prevent Teen Pregnancy, 2001. Disponível em:<br />

http://www.servicelearning.org/lib_svcs/lib_cat/in<strong>de</strong>x.php?library_id=5337. Acesso em: 15 jan. 2006.<br />

235 DONOVAN P. The Politics of Blame: Family Planning, Abortion, and the Poor. Alan<br />

Guttmacher Institute, 1995. Disponível em: http://www.guttmacher.org/media/experts/donovan.html.<br />

Acesso em: 10 fev. 2005.<br />

236 TIBA, I. Puberda<strong>de</strong> e Adolescência: Desenvolvimento Biopsicossocial. São Paulo: Ágora,<br />

1986. 236 p.<br />

237 CAMPOS, L. S. C.; PEIXOTO, R. M. L.; MIRANDA, S. P.; VIEIRA, E. Gravi<strong>de</strong>z e Adolescência.<br />

Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Ginecologia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 95, n. 6, p. 251-256. jun. 1985.<br />

238 DADOORIAN, D. A Gravi<strong>de</strong>z e o Desejo na Adolescência. Femina, v.30, n.2, p 133-134, mar.<br />

2002.<br />

239 COLLI, A. S.; MARCONDES, E.; SETIAN, N. Adolescência. São Paulo: Sarvier, 1979, 220p.<br />

240 COLLI, A. S.; SAITO, M. I. Adolescência. In: MARCONDES, E. Pediatria Básica, 8 ed. São<br />

Paulo: Sarvier, v. 1, 1991. p. 539-569.<br />

241 MICHELAZZO, D.; YAZLLE, M.; DIÓGENES, E.; MENDES, M. C. et al. Indicadores sociais <strong>de</strong><br />

grávidas adolescentes: estudo caso-controle. Revista Brasileira <strong>de</strong> Ginecologia e Obstetrícia, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, v.26, n.8, p. 633-639. set. 2004.


161<br />

242 HOWARD, M.; MITCHEL, M. E. Preventing Teenage Pregnancy: Some Questions to be<br />

Answered and Some Answered to be Questioned. Pediatric Annals, v. 33, n. 2, p. 109-118, fev.<br />

1993.<br />

243 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence Homosexuality and adolescence.<br />

Pediatrics, Springfield, v. 92, n. 4. p. 631-634. out. 1993.<br />

244 AMERICAN Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics, Committee on Adolescence. Policy Statement: Condom Use<br />

by Adolescents (RE0059). Pediatrics, Springfield , v. 107, n. 6, p. 1463-1469. jun. 2001.<br />

245 FRASER, A. M.; BROCKERT, J. E.; WARD, R. H. Association of young maternal age with<br />

adverse reproductive outcomes. The New England journal of medicine, Massachusetts, v. 332, n.<br />

17, p. 1113-1117, 27 abr. 1995.<br />

246 PASSOS, M. R. L. DST na Adolescente. Revista do IX Congresso Paulista <strong>de</strong> Obstetrícia e<br />

Ginecologia. [S.l. : s.n.]. São Paulo, p.3-6. 2004.<br />

247 NAUD, P.; FEDRIZZI, E. N.; JÚNIOR, E. B. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). In:<br />

FREITAS, F.; MENKE, C. H.; RIVOIRE, W. Rotinas em Ginecologia. Porto Alegre: Artes Médicas<br />

Sul, 1993, cap. 21. p. 323-342.<br />

248 VASCONCELOS, A. L. R. Medidas para prevenção e controle. In LINHARES, I. M. Manual <strong>de</strong><br />

orientação DST/AIDS da FEBRASGO. São Paulo: Ponto, 2004. Cap. 1, P. 13-21.<br />

249 COOPER, L. G.; LELAND, N. L.; ALEXANDER, G. Effect of maternal age on birth outcomes<br />

among young adolescents. Social biology, Chicago, v. 42, n. (1-2), p. 42:22-35. 1995.<br />

250 KANN, L.; KINCHEN, S. A.; WILLIAMS, B. I. Youth Risk Surveillance-United States, 1997.<br />

MMWR. CDC surveillance summaries : Morbidity and mortality weekly report. CDC surveillance<br />

summaries / Centers for Disease Control, Atlanta, v. 47, n. 1, p. 1-89. abr. 1998.<br />

251 ZAMITH, R.; Lima, G. R.; GIRÃO, M. J. B. C. Doenças sexualmente transmissíveis. In LIMA, G.<br />

R.; GIRÃO, M. J. B. C.; BARACAT, E. C. Ginecologia <strong>de</strong> Consultório. São Paulo: Projetos Médicos,<br />

2003, Cap. 21, p. 193-210.<br />

252 AMARAL, E. M. Infecção pelo HIV em ginecologia e obstetrícia. In: LINHARES, I. M.; DUARTE,<br />

G.; GIRALDO, P.C.; BAGNOLI, V. R. Manual <strong>de</strong> Orientação Febrasgo DST/AIDS. São Paulo:<br />

Ponto, 2004. Cap. 11. p. 94-108.<br />

253 BELDA, W. Gonorréia. In VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 8 ed. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. Cap 111. p. 926-937.<br />

254 DIVISION of STD Prevention. Sexually Transmitted Disease Surveillance, 1997. Atlanta, US<br />

Department of Health and Human Services, Public Health Service, Centers for Disease Control and<br />

Prevention, 1998. Disponível em:<br />

http://www.cdc.gov/nchstp/dstd/Stats_Trends/1997_Surv_Rpt_main_pg.htm. Acesso em: 16 mar.<br />

2006.<br />

255 HEATH, C. B.; HEATH, J. M. Chlamydia trachomatis infection update. American family<br />

physician, Kansas City, v. 52, n. 5, p. 455-1462. out. 1995.<br />

256 NELSON, M. E. Prevalence of Chlamydia trachomatis infection among women in a<br />

multiphysician primary care practice. American journal of preventive medicine, New York, v. 8, n. 5,<br />

p. 298-302. set./out. 1992.


162<br />

257 GERSHMAN, K. A.; BARROW, J. C. A tale of two sexually transmitted diseases: prevalence<br />

and predictors of chlamydia and gonorrhea in women attending Colorado family planning<br />

clinics. Sexually transmitted diseases, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 23, p. 481-488. 1996. 1996; 23:481-488.<br />

258 STERGAC,H. I. S. A.; SCHOLES, D.; HEIDRICH, F.E.; SHERER, D. M.; HOLMES, K. K.;<br />

STAMM, W. E. Selective screening for Chlamydia trachomatis infection in a primary care<br />

population of women. American journal of epi<strong>de</strong>miology, Baltimore, v. 138, p. 138:143-153. 1993.<br />

259 PARK, B. J.; STERGACHIS, A.; SCHOLES, D.; HEIDRICH, F. E.; HOLMES, K. K.; STAMM, W.<br />

E. Contraceptive methods and the risk of Chlamydia trachomatis infection in young women.<br />

American journal of epi<strong>de</strong>miology, Baltimore, v. 142, p. 771-778. 1995.<br />

260 WINTER, L.; GOLDY, A. S.; BAER, C. Prevalence and epi<strong>de</strong>miologic correlates of Chlamydia<br />

trachomatis in rural and urban populations. Sexually transmitted diseases, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 17, n;<br />

1, p. 30-36. jan./fev./mar. 1990.<br />

261 CATES, W.; ROLFS, R. T.; ARAL, S. O. Sexually transmitted diseases, pelvic inflammatory<br />

disease, and infertility: an epi<strong>de</strong>miologic update. Epi<strong>de</strong>miologic reviews, Baltimore, v. 12, p. 199-<br />

220. 1990.<br />

262 BELDA, W. Sífilis. In VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 8 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Guanabara Koogan, 1991. Cap 111. p. 910-925.<br />

263 LÉPORI, L. R. Ginecologia. São Paulo: Soriak, 2005. p. 153-178.<br />

264 TEIXEIRA, A. C. Normatização <strong>de</strong> conduta clínica em ginecologia. Curitiba: Netsul, 1995, cap.<br />

16, p. 50-57.<br />

265 FLEMING, T. D.; QUILLAN, G. M,; JOHNSON, R. E.; NAHMIAS, A. J.; ARAL, S. O.; LEE, F.K.;<br />

ST. LOUIS, M.E. Herpes Simplex Virus Type 2 in the United States, 1976 to 1994. The New<br />

England journal of medicine, Massachusetts, v.337, n. 16, p. 1105-1111. out. 1997.<br />

266 PEREYRA, E. A. G. ; PARELLADA, C.I. Enten<strong>de</strong>ndo Melhor a Infecção pelo Papilomavírus<br />

Humano. São Paulo: SCHERING, 2003. p. 3-16.<br />

267 NEVES, N. A. Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). In: LINHARES, I. M.; DUARTE, G.;<br />

GIRALDO, P.C.; BAGNOLI, V. R. Manual <strong>de</strong> Orientação Febrasgo DST/AIDS. São Paulo: Ponto,<br />

2004. Cap. 8. p. 71-77.<br />

268 SILVA, T. T. Úlceras Genitais. In: LINHARES, I. M.; DUARTE, G.; GIRALDO, P.C.; BAGNOLI, V.<br />

R. Manual <strong>de</strong> Orientação Febrasgo DST/AIDS. São Paulo: Ponto, 2004. Cap. 5. p. 51-58.<br />

269 PENNA, I. A.; DUARTE, G. F.; ALBERTO, R. et al. Frequency of infection with Mycoplasma<br />

hominis and Ureaplasma urealyticum in infertile women and clinical repercussions. Revista<br />

Brasileira <strong>de</strong> Ginecologia e Obstetrícia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 27, n. 2, p. 64-68. fev. 2005.<br />

270 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. O que é HIV e AIDS. Disponível em:<br />

http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISF86565C9PTBRIE.htm. Acesso em: 11 mar. 2006.<br />

271 TEIXEIRA, A. C. Normatização <strong>de</strong> conduta clínica em ginecologia. Curitiba: Netsul, 1995, cap.<br />

16, p. 50-57.<br />

272 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Boletim epi<strong>de</strong>miológico.<br />

http://www.aids.gov.br/LumisShowItemDetails.asp?ItemID={30C19A9D-E2E7-43AB-8CBE-<br />

70FB6E97D0ED}&UIPartUID={D90F22DB-05D4-4644-A8F2-<br />

FAD4803C8898}&ServiceInstUID={6D15E0D0-B4F3-428D-B73F-


163<br />

0CF22C32BF05}&ViewID={F230E8EA-C719-45CB-B2E8-A0FC1A5B7C05}. Acessado em 12 mar.<br />

2006.<br />

273 RAMOS, L. O.; LOPES, G. P. Sexualida<strong>de</strong> na Adolescência. In: Saú<strong>de</strong> da Adolescente. Manual<br />

<strong>de</strong> Orientação Febrasgo. São Paulo: Ponto, 2001. p. 88-100.<br />

274 CDC. Centers for Disease Control and Prevention. AIDS Surveillance - General Epi<strong>de</strong>miology<br />

(through 2004). Disponível em:<br />

http://www.cdc.gov/hiv/topics/surveillance/resources/sli<strong>de</strong>s/epi<strong>de</strong>miology/in<strong>de</strong>x.htm. Acesso em 12<br />

mar. 2006.<br />

275 FUTTERMAN, D.; CHABON, B.; HOFFMAN, N. D. HIV and AIDS in adolescents. Pediatric<br />

clinics of North America, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 47, n. 1, p. 171-188. fev. 2000.<br />

276 VASCONCELOS, A. L. R. Medidas para Prevenção e Controle. In: LINHARES, I. M.; DUARTE,<br />

G.; GIRALDO, P.C.; BAGNOLI, V. R. Manual <strong>de</strong> Orientação Febrasgo DST/AIDS. São Paulo:<br />

Ponto, 2004. Cap. 1. p. 13-21.<br />

277 GIRALDO, P. C. Outras doenças sexualmente transmissíveis. In: LINHARES, I. M.; DUARTE, G.;<br />

GIRALDO, P.C.; BAGNOLI, V. R. Manual <strong>de</strong> Orientação Febrasgo DST/AIDS. São Paulo: Ponto,<br />

2004. Cap. 10. p. 87-93.<br />

278 RAMOS, L. O.; LOPES, P. G. Saú<strong>de</strong> do Adolescente. São Paulo: Ponto, 2004. p. 5-100.<br />

279 FREITAS, V.; LIMA, G. R. Propedêutica do Casal Infértil. In LIMA, G. R.; GIRÃO, M. J. B. C.;<br />

BARACAT, E. C. Ginecologia <strong>de</strong> Consultório. São Paulo: Projetos Médicos, 2003, Cap. 19, p. 177-<br />

182.<br />

280 MOSHER, W. D.; PRATT, W. F. Fecundity and infertility in the United States: inci<strong>de</strong>nce and<br />

trends. Fertility and sterility, New York, v. 56, n. 2, p. 192-193. ago. 1991.<br />

281 OPSAHL, M. S.; MILLER, B.; KLEIN, T. A. The predictive value of hysterosalpingography for<br />

tubal and peritoneal infertility factors. Fertility and sterility, New York, v. 60, n. 3, p. 444-448. set.<br />

1993.<br />

282 RANDOLPH, J. F.; YING, Y. K.; MAIER, D. B.; SCHMIDT, C. L.; RIDDICK, D. H. Comparison of<br />

real-time ultrasonography, hysterosalpingography, and laparoscopy/hysteroscopy in the<br />

evaluation of uterine abnormalities and tubal patency. Fertility and sterility, New York, v. 46, n. 5,<br />

p. 828-832, nov. 1986.<br />

283 JAFFE, S. B.; JEWELEWICZ, R. The basic infertility investigation. Fertility and sterility, New<br />

York, v. 56, n. 4, p. 599-613. out. 1991.<br />

284 HENIG, I.; PROUGH, S. G.; CHEATWOOD, M.; DELONG, E. Hysterosalpingography,<br />

laparoscopy and hysteroscopy in infertility. A comparative study. The Journal of reproductive<br />

medicine, Chicago, v. 36, n. 8, p. 573-575. ago. 1991.<br />

285 CATES, W.; WASSERHEIT, J. N. Genital chlamydia infections: epi<strong>de</strong>miology and<br />

reproductive sequelae. American journal of obstetrics and gynecology, New York, v. 164, n. 6.<br />

jun. 1991.<br />

286 HORNER, P.; THOMAS, B.; GILROY, C. B.; EGGER, M.; TAYLOR-ROBINSON, D. Role of<br />

Mycoplasma genitalium and Ureaplasma urealyticum in acute and chronic nongonococcal<br />

urethritis. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of América,<br />

Chicago, v. 32, n. 7, abr. 2001.


164<br />

287 JUDLIN P. Genital mycoplasmas. Gynécologie, obstétrique & fertilité, Paris, v. 31. p.954-959. 2003.<br />

288 BARROS, F. C.; VAUGHAN, J. P.; VICTORA , C. G.; HUTTLY, S. R. Epi<strong>de</strong>mic of caesarean<br />

sections in Brazil. Lancet, London, v. 338, p. 167-169. 1991.<br />

289 MILLER, F. Impact of Adolescent Pregnancy as we Approach the New Millennium. Journal<br />

of pediatric and adolescent gynecology, Phila<strong>de</strong>lphia, n. 13, p. 5-8. 2000.<br />

290 MARTIN, J. A.; PARK, M. M.; SUTTON, P. D. Births: preliminary data for 2001. Natl Vital Stat<br />

Rep (National vital statistics reports: from the Centers for Disease Control and Prevention,<br />

National Center for Health Statistics, National Vital Statistics System), Hyattsville, v. 50, n.<br />

10, p. 1-20. 12 fev. 2002.<br />

291 PATRICK, F. F. Encouraging Marriage and Discouraging Divorce. Disponível em:<br />

http://www.heritage.org/Research/Family/BG1421.cfm#ftnt2. Acesso em: 26 mar. 2001.<br />

292 VENTURA, S. J.; PETERS, K. D.; MARTIN. J. A.; MAURER, J. D. Births and <strong>de</strong>aths: United<br />

States, 1996. Monthly vital statistics report, Washington, v. 46, n. 1, s. 2, p. 1-40. 11 set. 1997.<br />

293 FORREST, J. D.; SINGH, S. The sexual and reproductive behavior of American women,<br />

1982–1988. Family planning perspectives, New York, v. 22, n. 5, p. 206-214. set./out. 1990.<br />

294 FORREST, J. D. Epi<strong>de</strong>miology of uninten<strong>de</strong>d pregnancy and contraceptive use. American<br />

journal of obstetrics and gynecology, St. Louis, v. 170, n. 5, s. 2, p. 1485-1489. mai. 1994.<br />

295 ALAN Guttmacher Institute. Teen pregnancy: trends and lessons learned. 2002. Disponível<br />

em: www.guttmacher.org/pubs/ib_1_02.html. Acessado em: 12 mai. 2004.<br />

296 MARTINS-COSTA, S.; RAMOS, J. G.; CHAVES, E. M. Assistência ao Pré-Natal Normal e <strong>de</strong> Alto<br />

Risco. In: FREITAS, F. e col. Rotinas em Obstetrícia. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1993. p.1-<br />

16.<br />

297 ALMEIDA, P. A. M.; DELASCIO, D. Propedêutica da Gestação <strong>de</strong> Alto Risco. São Paulo:<br />

Manole, 1974. 101 p.<br />

298 PICCININO, L.; MOSHER, W. Trends in contraception in the United States 1982-1985.<br />

Family planning perspectives, New York, v. 30, n. 1, p. 4-10, jan./fev. 1998.<br />

299 CENTERS for Disease Control and Prevention. Sexual behavior among high school<br />

stu<strong>de</strong>nts 1990. MMWR. Morbidity and mortality weekly report, Atlanta, v. 40, n. 51-52, p.<br />

885-888. 3 jan. 1992.<br />

300 LESLIE-HARWIT, M.; MEHEUS, A. Sexually transmitted disease in young people: the<br />

importance of health education. Sexually transmitted diseases, Phila<strong>de</strong>lphia, v. 16, n. 1, p. 15-<br />

20. jan./fev./mar. 1989.<br />

301 MENACKER, F.; MARTIN, J. A.; MACDORMAN, M. F.; VENTURA, S. J. Births to 10-14 year-old<br />

mothers, 1990-2002: trends and health outcomes. Natl Vital Stat Rep (National vital statistics<br />

reports : from the Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Health<br />

Statistics, National Vital Statistics System), Hyattsville, v. 53, n. 7, p. 1-18. 15 nov. 2004.


165<br />

302 FORREST, J. D.; FORDYCE, R. R. US women's contraceptive attitu<strong>de</strong>s and practices: how<br />

have they changed in the 1980s? Family planning perspectives, New York, v. 20, n. 3, p. 112-<br />

118. mai./jun. 1988.<br />

303 PICCININO. L.; MOSHER, W. Trends in contraception in the United States 1982-1985.<br />

Family planning perspectives, New York, v. 30, n. 1, p. 4-10. jan./fev. 1998.<br />

304 CORREA, M.M.; COATES, V. Gravi<strong>de</strong>z. In: COATES, V.; FRANÇOSO, L; BENOS, G. Medicina<br />

do adolescente. São Paulo: Savier, 1993. p 259-62.<br />

305 GRUNBAUM, J. A.; KANN, L.; KINCHEN, S. A. et al. Youth risk behavior surveillance-United<br />

States, 2001. MMWR. Surveillance summaries : Morbidity and mortality weekly report.<br />

Surveillance summaries / CDC, Atlanta, v. 51, n. 4, p. 1-62, 28 jun. 2002.<br />

306 FORREST, J. D. Timing of reproductive life stages. Obstetrics and gynecology, New York,<br />

v. 82, n. 1, p. 105-111. 1 jul. 1993.<br />

307 KANN, L.; WARREN, C. W.; HARRIS, W. A. Youth risk behavior surveillance-United States,<br />

1993. Morbidity and mortality weekly report. Surveillance summaries / CDC, Atlanta, v.<br />

44, n. 1, p. 1-56. 24 mar. 1995.<br />

308 SONENSTEIN, F. L.; PLECK, J. H.; KU, L. C. Sexual activity, condom use, and AIDS<br />

awareness among adolescent males. Family planning perspectives, New York, v. 21, n. 4 p.<br />

152-158. jul./ago. 1989.<br />

309 ZABIN, L. S.; KANTER, J. F.; ZELNIK, M. The risk of adolescent pregnancy in the first<br />

months of intercourse. Family planning perspectives, New York, v. 11, n. 4 p. 215-222. jul./ago.<br />

1979.<br />

310 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Jovens Mães. Disponível em:<br />

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/sau<strong>de</strong>_old/jovensmaes.html. Acessado em 09 mar. 2006.<br />

311 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. SAÚDE. Disponível em:<br />

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/unicef/sau<strong>de</strong>.html. Acessado em: 09 mar. 03.<br />

312 AMERICAN Medical Association, Council on Scientific Affairs Confi<strong>de</strong>ntial health services for<br />

adolescents. JAMA : the journal of the American Medical Association, Chicago, v. 269, n. 11,<br />

p. 1420-1424. 17 mar. 1993.<br />

313 DARROCH, J. E.; LANDRY, D. J.; OSLAK, S. Age differences between sexual partners in the<br />

United States. Family planning perspectives, New York, v. 31, n. 4, p. 160-167. jul./ago. 1999.<br />

314 LANDRY, D. J.; FORREST, J. D. How old are U.S. fathers? Family planning perspectives,<br />

New York, v; 27, n. 4, p. 159-161. jul./ago. 1995.<br />

315 MILLER, K. S.; CLARK, L. F.; MOORE. J. S. Sexual initiation with ol<strong>de</strong>r male partners and<br />

subsequent HIV risk behavior among female adolescents. Family planning perspectives, New<br />

York, v. 29, n. 5, p. 212-214. set./out. 1997.<br />

316 DONOVAN P. Can statutory rape laws be effective in preventing adolescent pregnancy?<br />

Family planning perspectives, New York, v. 29, n. 1, p. 30-34,40. jan./fev. 1997.


166<br />

317 MARSIGLIO, W. Adolescent fathers in the United States: their initial living arrangements,<br />

marital experience and educational outcomes. Family planning perspectives, New York, v. 19,<br />

n. 6, p. 240-251. nov./<strong>de</strong>z. 1987.<br />

318 HARDY, J. B.; DUGGAN, A. K. Teenage fathers and the fathers of infants of urban, teenage<br />

mothers. Am J Public Health, v. 78, n. 8, p. 919-922, 1 ago. 1998.<br />

319 SATIN, A.J.; LEVENO, K. J.; SHERMAN, M. L.; REEDY, N. J.; LOWE, T. W.; MCINTIRE, D. D.<br />

Maternal youth and pregnancy outcomes: middle school versus high school age groups<br />

compared with women beyond the teen years. American journal of obstetrics and gynecology.,<br />

St. Louis, v. 171, n. 4, p. 184-187. out. 1994.<br />

320 JOLLY, M. C.; SEBIRE, N.; HARRIS, J.; ROBINSON, S.; REGAN, L. Obstetric risks of<br />

pregnancy in women less than 18 years old. Obstetrics and gynecology, New York, v. 96, p. 962-966.<br />

jul. 2000.<br />

321 DAVIDSON, N. W.; FELICE, M. E. Adolescent pregnancy. In: FRIEDMAN, S. B.; FISHER, M.;<br />

SCHONBERG, S. K. Comprehensive Adolescent Health Care. St Louis: Quality Medical Publishing,<br />

1992. p.1026-1040.<br />

322 ORVOS, H.; NYIRATI, I.; HAJDU, J.; PAL, A.; NYARI, T.; KOVACS, L. Is adolescent pregnancy<br />

associated with adverse perinatal outcome? Journal of perinatal medicine, New York, v. 27, n. 3, p.<br />

199-203. nov. 1999.<br />

323 ABU-HEIJA, A.; ALI, A. M.; AL-DAKHEIL, S. Obstetrics and perinatal outcome of adolescent<br />

nulliparous pregnant women. Gynecologic and obstetric investigation, New York, v. 53, p. 90-22.<br />

324 EURE, C.R.; LINDSAY, M. K.; GRAVES, W. L. Risk of adverse pregnancy outcomes in young<br />

adolescent parturients in an inner-city hospital. American journal of obstetrics and gynecology, St.<br />

Louis, v. 186, n. 5, p. 918-920. mai. 2002.<br />

325 GOLDENBERG, R. L.; KLERMAN, L. V. Adolescent pregnancy-another look. The New<br />

England journal of medicine, Massachusetts, v. 332, n. 17, p. 1161-1162. 27 abr. 1995.<br />

326 KLERMAN, L. V. Adolescent pregnancy and parenting: controversies of the past and<br />

lessons for the future.The Journal of adolescent health, New York, v.14, p. 553-561, 1993.<br />

327 BLANKSON, M. L.; CLIVER, S. P.; GOLDENBERG, R. L.; HICKEY, C. A.; JIN, J.; DUBARD, M.<br />

B. Health behavior and outcomes in sequential pregnancies of black and white adolescents.<br />

JAMA: the journal of the American Medical Association, Chicago, v. 269, n. 11, p. 1401-1403.<br />

17 mar. 1993.<br />

328 STEVENS-SIMON, C.; LOWY, R. Teenage childbearing. An adaptive strategy for the<br />

socioeconomically disadvantaged or a strategy for adapting to socioeconomic disadvantage?<br />

Archives of pediatrics and adolescent medicine, Chicago, v. 149, n. 8, p. 912-915. ago 1995.<br />

329 UPCHURCH, D. M.; MCCARTHY, J. The timing of a first birth and high school completion.<br />

American sociological review, New York, v. 55, p. 224-234. 1990.<br />

330 FURSTENBERG, F. F.; BROOKS-GUNN, J.; MORGAN, S. P. Adolescent Mothers in Later<br />

Life. New York: Cambridge University Press; 1987. 205 p.<br />

331 NORD, C. W.; MOORE, K. A.; MORRISON, D. R.; BROWN, B.; MYERS, D. E. Consequences of<br />

teen-age parenting. The Journal of school health, Columbus, v. 62, p. 310-318. 1992.


167<br />

332 EAST, P. L.; FELICE, M. E. Adolescent Pregnancy and Parenting: Findings From a Racially<br />

Diverse Sample. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 1996. 155 p.<br />

333 HOFF, T.; GREENE, L.; DAVIS, J. National Survey of Adolescents and Young Adults: Sexual<br />

Health Knowledge, Attitu<strong>de</strong>s and Experiences. Menlo Park: Henry J. Kaiser Family Foundation;<br />

2003. Disponível em: http://www.kff.org/youthhivstds/3218-in<strong>de</strong>x.cfm. Acesso em: 17 jun. 2005.<br />

334 PEREYRA, E. A. G. Condutas em HPV. Disponível em:<br />

http://www.sogesp.com.br/jornal/<strong>de</strong>talhes_jornal.asp?ed=60&sum=22. Acesso em: 27 fev. 2002.<br />

335 BLASCO, P. G. O Médico <strong>de</strong> Família Hoje. São Paulo: SOBRAMFA, 1997. p. 29-66.<br />

336 PORTO, C. C. Exame Clínico. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan, 3 ed., 1996. p. 1-35.<br />

337 DECLARAÇÃO Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:<br />

http://www.dhnet.org.br/direitos/<strong>de</strong>conu/textos/integra.htm. Acesso em: 12 mar. 2003.<br />

338 ALBERNAZ, V. H.; FERREIRA, P. R. V. Convenção Sobre os Direitos da Criança. Disponível<br />

em: http://www.pge.sp.gov.br/centro<strong>de</strong>estudos/bibliotecavirtual/direitos/tratado11.htm. Acesso em: 14<br />

mar. 2003.<br />

339 CÓDIGO Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 55 ed., 2004. p.331-332.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!