Agajan Antonio Andranick Der Bedrossian - Instituto de Ensino e ...
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6<br />
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA<br />
UNIVERSIDAD DE LA SABANA<br />
INSTITUTO DE ENSINO E FOMENTO<br />
AGAJAN ANTONIO ANDRANICK DER BEDROSSIAN<br />
LUCIANA BASGAL PESSOA DER BEDROSSIAN<br />
NANCY BASGAL PESSOA<br />
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA SEXUALIDADE<br />
NA ADOLESCÊNCIA:<br />
INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />
PONTA GROSSA<br />
2006<br />
AGAJAN ANTONIO ANDRANICK DER BEDROSSIAN<br />
LUCIANA BASGAL PESSOA DER BEDROSSIAN<br />
NANCY BASGAL PESSOA
7<br />
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA SEXUALIDADE<br />
NA ADOLESCÊNCIA:<br />
INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />
Monografia apresentada para obtenção do título <strong>de</strong><br />
especialista em Desenvolvimento pessoal e<br />
Familiar, pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta<br />
Grossa / Universidad <strong>de</strong> La Sabana / IEF.<br />
Orientador: Prof. Sávio Ferreira <strong>de</strong> Souza<br />
PONTA GROSSA<br />
2006
“AMICUS PLATO, MAGIS AMICA VERITAS”.<br />
8
9<br />
RESUMO<br />
O presente trabalho consta do estudo da sexualida<strong>de</strong> na adolescência com enfoque<br />
na iniciação sexual precoce. Enfatiza a formação e a educação do adolescente,<br />
frente à socieda<strong>de</strong> atual on<strong>de</strong> tanto o avanço tecnológico quanto a evolução dos<br />
costumes sofreram uma transformação vertiginosa, acarretando em uma significativa<br />
mudança <strong>de</strong> hábitos. Sendo a adolescência o período <strong>de</strong> transição entre a infância<br />
e a ida<strong>de</strong> adulta, torna-se urgente e necessária uma busca <strong>de</strong> correta informação e<br />
orientação direcionadas à formação a<strong>de</strong>quada do adolescente, tanto por parte dos<br />
pais, pedagogos e profissionais da saú<strong>de</strong>. Temas abordados como: ‗gravi<strong>de</strong>z na<br />
adolescência‘, ‗doenças sexualmente transmissíveis‘, e ‗<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns psíquicas‘ advêm<br />
<strong>de</strong> uma iniciação sexual precoce gerando riscos e danos, tanto ao jovem quanto à<br />
família. Tendo em vista que a sexualida<strong>de</strong> não é um bem em si mesmo, mas um<br />
bem da pessoa, a proposta é exortar a socieda<strong>de</strong> a uma profunda conscientização e<br />
reavaliação do conceito <strong>de</strong> abstinência sexual, principalmente como valor humano,<br />
entre outros procedimentos. O estudo é realizado através <strong>de</strong> ampla revisão da<br />
literatura, acrescido da casuística clínica dos autores médicos. Apresenta alguns dos<br />
fatores <strong>de</strong> risco e proteção para que um jovem tenha relacionamento sexual e quais<br />
as conseqüências que provêm <strong>de</strong> suas escolhas.
10<br />
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO........................................................................ 6<br />
2 OBJETIVOS............................................................................ 11<br />
3 3 REFERENCIAL TEÓRICO E CONSIDERAÇÕES<br />
3.1 A ADOLESCÊNCIA E A PUBERDADE................................... 12<br />
3.1.1 A Adolescência ....................................................................... 12<br />
3.1.2 A Puberda<strong>de</strong> ........................................................................... 20<br />
3.2. FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA OS<br />
ADOLESCENTES.................................................................... 23<br />
3.2.1 Quando e por que os Adolescentes se Tornam<br />
Sexualmente Ativos................................................................ 23<br />
3.2.2 Fatores <strong>de</strong> Risco mais Comuns.............................................. 28<br />
3.2.3 Fatores <strong>de</strong> Proteção mais Comuns......................................... 30<br />
3.3 A SEXUALIDADE MASCULINA E FEMININA........................ 32<br />
3.4 A FINALIDADE DO ATO SEXUAL.......................................... 34<br />
3.5 A REVOLUÇÃO SEXUAL....................................................... 41<br />
3.6 A EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE........................................ 48<br />
3.6.1 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> na Família................................. 53<br />
3.6.2 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> na Escola.................................. 62<br />
3.6.3 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> e o Papel do Médico................. 64<br />
3.6.4 A Educação da Sexualida<strong>de</strong> e o Po<strong>de</strong>r Público...................... 67<br />
3.6.5. As Virtu<strong>de</strong>s da Sexualida<strong>de</strong> Humana..................................... 76<br />
3.6.5.1 A Generosida<strong>de</strong>...................................................................... 77<br />
3.6.5.2 A Prudência............................................................................. 77<br />
3.6.5.3 A Castida<strong>de</strong>............................................................................. 78<br />
3.6.5.4 A Temperança......................................................................... 81<br />
3.6.5.5 O Pudor................................................................................... 82<br />
3.6.5.6 A Fortaleza.............................................................................. 83<br />
3.6.5.7 O Respeito.............................................................................. 83<br />
3.6.5.8 A Lealda<strong>de</strong>.............................................................................. 84<br />
3.7 A RELAÇÃO MÍDIA, SEXUALIDADE E FAMÍLIA................... 84<br />
3.8 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA INICIAÇÃO SEXUAL<br />
PRECOCE.............................................................................. 91<br />
3.9. AS CONSEQÜÊNCIAS DA INICIAÇÃO SEXUAL
11<br />
PRECOCE.............................................................................. 100<br />
3.9.1 Conseqüências Físicas........................................................... 101<br />
3.9.1.1 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)........................ 101<br />
3.9.1.2 Infertilida<strong>de</strong>.............................................................................. 113<br />
3.9.2. Conseqüências Biológicas, Psicológicas e Sociais................ 114<br />
3.9.2.1 Gravi<strong>de</strong>z Precoce e fora do Casamento................................. 114<br />
3.9.2.2 Conseqüências Sociais........................................................... 120<br />
3.9.2.3 Conseqüências Psicológicas e Éticas..................................... 122<br />
4 CASOS CLÍNICOS................................................................. 124<br />
5 CONCLUSÃO......................................................................... 131<br />
6 OUTRAS CONSIDERAÇÕES................................................ 138<br />
REFERÊNCIAS................................................................................... 141<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Vivemos numa época <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas extraordinárias no campo das<br />
Ciências e da Tecnologia e, simultaneamente, numa época <strong>de</strong> <strong>de</strong>sorientação do<br />
comportamento social, numa escala que mal se po<strong>de</strong>ria imaginar a uns anos atrás.<br />
Uma <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>sorientações está especial e manifestadamente relacionada com a<br />
sexualida<strong>de</strong> humana 1 .<br />
Apesar <strong>de</strong> todo <strong>de</strong>senvolvimento sociocultural e tecnológico ocorrido no<br />
século XX, informações relacionadas aos aspectos <strong>de</strong> crescimento e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento biopsicossocial e sexual, tão necessárias à construção da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicossocial, não têm alcançado <strong>de</strong> forma ampla e a<strong>de</strong>quada a maior<br />
parte dos adolescentes, ocasionando entre estes altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação<br />
sobre diferentes aspectos 2,3,4 .
12<br />
No documento <strong>de</strong> fundação da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) <strong>de</strong> 7<br />
<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1948, a saú<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>finida como sendo um estado <strong>de</strong> completo bem estar<br />
físico, mental e social, e não apenas a ausência <strong>de</strong> doença ou enfermida<strong>de</strong> 5 . A<br />
partir daí <strong>de</strong>duz-se que a sexualida<strong>de</strong> humana está relacionada à saú<strong>de</strong> por um elo<br />
mais forte do que simplesmente as suas características biológicas.<br />
Os jovens brasileiros estão passando por uma mudança <strong>de</strong> hábitos<br />
significativa. Hoje os jovens começam a vida sexual ativa mais cedo e têm maior<br />
número <strong>de</strong> parceiros 6 .<br />
De maneira geral, o adolescente não recebe na família informações que<br />
envolvam a saú<strong>de</strong> como um todo e a sexualida<strong>de</strong> em particular e, quando tem<br />
acesso, essas informações são muitas vezes limitadas e ina<strong>de</strong>quadas, provenientes<br />
<strong>de</strong> amigos ou outras pessoas pouco preparadas para essa função. Neste campo do<br />
conhecimento, a maior parte das informações disseminadas diz respeito ao uso <strong>de</strong><br />
preservativos para prevenção <strong>de</strong> Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)<br />
<strong>de</strong>ntre as quais a AIDS ou SIDA (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida).<br />
Entretanto, o mecanismo <strong>de</strong> funcionamento do corpo relacionado à puberda<strong>de</strong>,<br />
maturação sexual, vivências e conflitos <strong>de</strong>correntes do crescimento e da<br />
sexualida<strong>de</strong>, com efeito, pouco é abordado 7,8,9,10 .<br />
Há três epi<strong>de</strong>mias que nos foram legadas pelo recente final do século: a<br />
AIDS, um problema gravíssimo; as drogas, uma epi<strong>de</strong>mia juvenil igualmente<br />
contagiosa; e, em terceiro lugar as rupturas conjugais 11 .<br />
O interesse pelo tema da sexualida<strong>de</strong> humana surgiu após observações<br />
feitas em consultas médicas especializadas, pelos autores <strong>de</strong>ste trabalho, on<strong>de</strong> se<br />
observou que o início cada vez mais precoce da ativida<strong>de</strong> sexual traz consigo uma
13<br />
gama <strong>de</strong> problemas que <strong>de</strong> outro modo não existiriam, como por exemplo a gravi<strong>de</strong>z<br />
na adolescência.<br />
Embora o termo ―ativida<strong>de</strong> sexual‖ tenha uma abrangência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um beijo<br />
entre enamorados, no presente estudo é utilizado como sendo uma experiência<br />
sexual com copulação.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se exclusivamente os aspectos fisiológicos da mulher, a ida<strong>de</strong><br />
mínima i<strong>de</strong>al para a mulher engravidar é <strong>de</strong> quatro a sete anos após a primeira<br />
menstruação 12 , ou seja, <strong>de</strong> 16 a 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando-se a ida<strong>de</strong> média<br />
da primeira menstruação em 12 anos. Quanto mais nova for a mãe, maior é o risco<br />
<strong>de</strong> ocorrer algum problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ligado a sua gravi<strong>de</strong>z. Postergando a primeira<br />
gestação para mais tar<strong>de</strong>, após os 20 anos, diminuem-se substancialmente os riscos<br />
inerentes à gravi<strong>de</strong>z 13,31 . Alguns autores são enfáticos ao afirmar que a ida<strong>de</strong><br />
mínima i<strong>de</strong>al para o a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sempenho reprodutivo é <strong>de</strong> 16 anos 31 .<br />
Os problemas ou <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns da ativida<strong>de</strong> sexual precoce são citados<br />
freqüentemente na literatura médica e serão referenciados no <strong>de</strong>correr do trabalho.<br />
Apresentam-se, a seguir, resumidamente, cinco grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />
correlacionadas:<br />
a) físicas: DST, infertilida<strong>de</strong> conjugal e câncer <strong>de</strong> colo uterino;<br />
b) sócio-econômicas: gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada; gravi<strong>de</strong>z precoce; formação <strong>de</strong><br />
núcleos familiares mal estruturados, tais como lares mono parentais e a<br />
inversão da posição <strong>de</strong> avós que assumem o papel reservado aos pais;<br />
empobrecimento econômico da família; diminuição das perspectivas<br />
sociais dos pais, mormente da mãe e evasão escolar;<br />
c) psíquicas: sentimento <strong>de</strong> culpa, compulsão sexual e outros distúrbios da<br />
sexualida<strong>de</strong>;
14<br />
d) familiares: a formação <strong>de</strong> um novo núcleo familiar on<strong>de</strong> o casamento<br />
muitas vezes foi a única solução encontrada para uma gestação<br />
in<strong>de</strong>sejada está correlacionada ao maior número <strong>de</strong> separações 14,15, 46 .<br />
Quando os adolescentes coabitam antes <strong>de</strong> se casarem (ainda que não<br />
haja uma gestação envolvida), apresentam um maior número <strong>de</strong><br />
separações e divórcios, possivelmente <strong>de</strong>vido a um menor sentimento <strong>de</strong><br />
responsabilida<strong>de</strong> na manutenção da união e maior tendência ao<br />
individualismo 16,17,18 . Casamentos ou coabitações precoces motivados<br />
pela gravi<strong>de</strong>z igualmente têm levado a um maior número <strong>de</strong> separações.<br />
A taxa <strong>de</strong> uniões contraídas antes dos 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e que terminam<br />
em separação é 3 a 4 vezes maior que nas uniões contraídas após os 20<br />
anos 19 . A gravi<strong>de</strong>z e/ou casamento precoce <strong>de</strong>bilitam as chances <strong>de</strong><br />
uma estabilida<strong>de</strong> conjugal. Estudos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, no Brasil,<br />
<strong>de</strong>monstraram que 44% das mães adolescentes, três anos após o<br />
casamento, não mais residiam com o marido, enquanto três quartos <strong>de</strong><br />
suas colegas <strong>de</strong> classe, que postergavam a gravi<strong>de</strong>z e o casamento<br />
para ida<strong>de</strong>s mais elevadas, permaneciam unidas. A fonte <strong>de</strong><br />
instabilida<strong>de</strong> conjugal repousa mais no casamento precoce do que na<br />
própria gravi<strong>de</strong>z. Essas jovens que se separam ou divorciam, também<br />
têm menos chances futuras <strong>de</strong> uma nova união sólida e duradoura 31 .<br />
e) éticas 1 : maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> provocar um aborto, transmissão ao<br />
cônjuge <strong>de</strong> uma DST outrora incubada ou latente, inclusive po<strong>de</strong>ndo isto<br />
fugir ao conhecimento do próprio portador.<br />
1 Chama-se Ética a área da Filosofia que estuda os valores morais. Reflete sobre o bem e o mal, o<br />
que é certo ou errado. A partir <strong>de</strong> Sócrates (469 a.C-399 a.C.), a Filosofia, que antes estudava a<br />
natureza, passa a se ocupar <strong>de</strong> problemas relativos ao valor da vida. O primeiro a organizar essas<br />
questões é o filósofo grego Aristóteles (384 a.C-322 a.C.). Em sua obra, entre outros pontos,
15<br />
Por outro lado, observa-se que, a política adotada em nosso país para o<br />
combate das conseqüências da sexualida<strong>de</strong> precoce, como a distribuição <strong>de</strong><br />
preservativos, anticoncepcionais e informação sexual dos jovens, não tem resultado<br />
em redução dos problemas 10,20 . O que se tem observado, pelo contrário, é o início<br />
cada vez mais precoce da ativida<strong>de</strong> sexual entre os jovens em nosso meio 21 .<br />
A análise dos aspectos biológicos, antropológicos e psicológicos a respeito<br />
da sexualida<strong>de</strong>, com abertura e naturalida<strong>de</strong>, sem falsos preconceitos, po<strong>de</strong><br />
possibilitar uma nova forma <strong>de</strong> enfoque do ancestral conceito <strong>de</strong> sexo e sexualida<strong>de</strong>.<br />
Este trabalho procura fornecer subsídios para uma reavaliação dos<br />
programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> familiares, educacionais e públicos sobre a sexualida<strong>de</strong><br />
humana, que atualmente estão principalmente centrados na prevenção <strong>de</strong> DST /<br />
AIDS, gravi<strong>de</strong>z na adolescência e distúrbios da sexualida<strong>de</strong>, e assim diminuir as<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns supracitadas.<br />
Foi utilizado, como método <strong>de</strong> pesquisa, essencialmente a revisão<br />
bibliográfica a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a influência que a sexualida<strong>de</strong> tem no bem estar<br />
físico, mental e social do adolescente. Este estudo traz uma sucinta <strong>de</strong>scrição sobre<br />
adolescência e puberda<strong>de</strong>. Aborda os principais fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteção para<br />
os adolescentes; analisa quando e por que os adolescentes se tornam sexualmente<br />
ativos; examina características sexuais masculinas e femininas e a finalida<strong>de</strong> do ato<br />
sexual. Faz uma narração histórica da revolução sexual, trazendo à tona questões<br />
que vem influenciando o comportamento sexual e a educação da sexualida<strong>de</strong>.<br />
Reflete a relação que há entre a mídia, a sexualida<strong>de</strong> e a família, assim como as<br />
principais causas e conseqüências da iniciação sexual precoce, tais como doenças<br />
<strong>de</strong>stacam-se os estudos da relação entre a ética individual e a social, e entre a vida teórica e a<br />
prática. (MANCUSO, V. et al. Lexicon – Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo: Edições<br />
Loyola, 2003. p. 260-261.). Ética é a disciplina filosófica que tem por objeto <strong>de</strong> estudo os julgamentos<br />
<strong>de</strong> valor na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal (Língua<br />
Portuguesa On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 fev. 2006.)
16<br />
sexualmente transmissíveis e gravi<strong>de</strong>z na adolescência. Pon<strong>de</strong>ra sobre uma<br />
a<strong>de</strong>quada educação da sexualida<strong>de</strong>, nos contextos familiares, escolares, médicos e<br />
atuação do po<strong>de</strong>r público. Conjuntamente foram inseridas discussões sobre os<br />
temas abordados, baseados nas experiências clínicas dos autores.
17<br />
2 OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS<br />
Como objetivo geral o presente trabalho almeja contribuir com o estudo<br />
sobre a sexualida<strong>de</strong> humana, enfocada no adolescente e seu contexto psicológico e<br />
social.<br />
Como objetivo específico, preten<strong>de</strong> ajudar a fazer um diagnóstico da atual<br />
situação, estabelecer as relações <strong>de</strong> causa e efeito na sexualida<strong>de</strong> dos jovens, mais<br />
especificamente pon<strong>de</strong>rar sobre algumas questões:<br />
a) os fatores que fazem com que um adolescente <strong>de</strong>cida iniciar ativida<strong>de</strong>s<br />
sexuais;<br />
b) a influência do ambiente nesta importante <strong>de</strong>cisão;<br />
c) o risco inerente ao início precoce da ativida<strong>de</strong> sexual;<br />
d) a ida<strong>de</strong> média on<strong>de</strong> o adolescente dá início a sua vida sexual;<br />
e) o manejo das questões relacionadas à sexualida<strong>de</strong> pelas esferas do<br />
po<strong>de</strong>r público;<br />
f) aspectos positivos e concretos que possam ser aplicados para ajudar o<br />
adolescente a aguardar mais tempo antes <strong>de</strong> começar a ativida<strong>de</strong><br />
sexual;<br />
g) prestar auxílio na formação dos pais, professores e profissionais <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> para promover a educação dos jovens com relação à sexualida<strong>de</strong>;
18<br />
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONSIDERAÇÕES<br />
Os costumes atuais já não seguem as normas tradicionais, on<strong>de</strong> as relações<br />
sexuais estão <strong>de</strong>stinadas a consumar um amor estável <strong>de</strong>ntro do matrimônio, do<br />
qual po<strong>de</strong>rão vir os filhos, criados e educados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse âmbito familiar.<br />
Atualmente é cada vez maior o número <strong>de</strong> jovens que começam a ter relações<br />
sexuais antes do matrimônio, sendo que muitos dos quais não se casam, e mantêm<br />
relações eventuais e transitórias. As moças e os rapazes com freqüência <strong>de</strong>ixam-se<br />
levar pelos seus impulsos, sentimentos e não raro pela pressão do meio ambiente,<br />
não obstante algumas vezes não tenham um <strong>de</strong>sejo claro <strong>de</strong> ter um relacionamento<br />
sexual nesse momento.<br />
Na seqüência serão apresentadas características clínicas, fisiológicas e<br />
psicológicas da sexualida<strong>de</strong> humana, com ênfase nos adolescentes.<br />
3.1 A ADOLESCÊNCIA E A PUBERDADE<br />
3.1.1 A Adolescência<br />
A palavra adolescência vem do latim ―adolescere‖ que significa ―tornar–se<br />
homem ou mulher‖ ou ―crescer na maturida<strong>de</strong>‖ 22 .<br />
Em muitas socieda<strong>de</strong>s são comuns rituais <strong>de</strong> passagem da infância para a<br />
fase adulta. Estes ritos po<strong>de</strong>m incluir benções religiosas, separação da família,<br />
testes severos <strong>de</strong> força e resistência, marcar o corpo <strong>de</strong> alguma maneira ou atos <strong>de</strong><br />
magia. Nas socieda<strong>de</strong>s industriais mo<strong>de</strong>rnas, a passagem para a ida<strong>de</strong> adulta<br />
geralmente é menos abrupta e menos claramente <strong>de</strong>finida. Essas socieda<strong>de</strong>s
19<br />
reconhecem um período longo <strong>de</strong> transição conhecido como adolescência 23 .<br />
Somente a partir do final do século XIX a adolescência foi vista como uma etapa<br />
distinta do <strong>de</strong>senvolvimento humano 22 .<br />
A adolescência é um período <strong>de</strong> vida que merece atenção, pois po<strong>de</strong><br />
resultar em problemas futuros para o <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo. Para<br />
compreen<strong>de</strong>r como a adolescência po<strong>de</strong> favorecer o aparecimento <strong>de</strong> problemas<br />
como a gravi<strong>de</strong>z precoce, o alcoolismo, abuso <strong>de</strong> drogas, entre outros 23 , é<br />
necessário uma breve revisão sobre este período.<br />
O adolescente, como os adultos, traça a sua própria história a partir <strong>de</strong> uma<br />
interação consigo mesmo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua intimida<strong>de</strong>, com os outros seres humanos<br />
através da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação e com o ambiente 24 .<br />
Atualmente, a adolescência se caracteriza como uma fase intermediária que<br />
ocorre entre a infância e a ida<strong>de</strong> adulta, na qual há muitas transformações tanto<br />
físicas como psicológicas, possibilitando o surgimento <strong>de</strong> comportamentos<br />
irreverentes e <strong>de</strong>safiantes com os outros, o questionamento dos mo<strong>de</strong>los e padrões<br />
infantis que são necessários ao próprio crescimento 22 .<br />
Geralmente consi<strong>de</strong>ra-se que a adolescência tem início na puberda<strong>de</strong> 23 . A<br />
adolescência é uma fase da vida, da mesma forma que a infância, juventu<strong>de</strong>,<br />
maturida<strong>de</strong> e senilida<strong>de</strong> 25 . É uma época animadora, on<strong>de</strong> tudo parece possível 26 .<br />
Adolescência é o período <strong>de</strong> transição entre a infância e a ida<strong>de</strong> adulta,<br />
caracterizada por intenso crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento, que se manifesta por<br />
marcantes transformações anatômicas, fisiológicas, mentais e sociais<br />
28 . O<br />
adolescente está numa época que busca para si privacida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />
melhor sua intimida<strong>de</strong> 20 .
20<br />
As modificações corporais que ocorrem na adolescência fazem com que o<br />
adolescente se preocupe muito com o seu corpo e se torne muito cioso <strong>de</strong>le 27 .<br />
Segundo o relatório da OMS <strong>de</strong> 1975, a adolescência correspon<strong>de</strong> ao<br />
período da vida situado entre 10 e 19 anos dividida em 2 subperíodos: 10 a 14 anos<br />
e 15 a 19 anos 28 . Eles representam, no Brasil, cerca <strong>de</strong> 20% da população, ou seja,<br />
aproximadamente um quinto dos brasileiros. Já para outros autores, a adolescência<br />
se esten<strong>de</strong> até os 20 anos 29 . Mas nem sempre é tão simples <strong>de</strong>terminar o início ou<br />
o fim da adolescência. A maturida<strong>de</strong> emocional po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> realizações como<br />
a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pendência dos pais, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />
sistema <strong>de</strong> valores e formação <strong>de</strong> relacionamentos. Algumas pessoas nunca <strong>de</strong>ixam<br />
a adolescência, não importando a sua ida<strong>de</strong> cronológica 23 .<br />
O termo adolescência refere-se mais diretamente ao aspecto psíquico <strong>de</strong>ste<br />
período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano, particularmente crítico quanto à <strong>de</strong>finição da<br />
função específica do sexo, ao estabelecer da própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e à <strong>de</strong>terminação da<br />
profissão, dos valores, da i<strong>de</strong>ologia e do estilo <strong>de</strong> vida 23,25 .<br />
Os adolescentes apresentam características biológicas, psicológicas, sociais<br />
e espirituais próprias. Não são ―diferentes‖ ou ―estranhos‖ mas sim, vivem um<br />
momento <strong>de</strong> vida com necessida<strong>de</strong>s especiais pela rapi<strong>de</strong>z das mudanças que<br />
sofrem. O adolescente <strong>de</strong>scobre, pela primeira vez, que é um ser diferente dos<br />
outros. Nessa fase da vida, torna-se possível a <strong>de</strong>scoberta dos seres (da própria<br />
pessoa e dos outros) e a ampliação do horizonte individual 30 .<br />
Um dos gran<strong>de</strong>s paradoxos da adolescência é o conflito entre o anseio do<br />
jovem <strong>de</strong> afirmar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única e um <strong>de</strong>sejo irresistível <strong>de</strong> ser exatamente<br />
como seus amigos ou amigas. Para a maioria <strong>de</strong>les, qualquer coisa que distinga o<br />
adolescente da multidão po<strong>de</strong> ser perturbador 23 .
21<br />
Na adolescência, não só a sexualida<strong>de</strong> está se <strong>de</strong>senvolvendo, mas todo o<br />
organismo, principalmente a maneira <strong>de</strong> pensar, sentir e refletir. O ser humano é<br />
uma peça só. Deve crescer harmoniosamente em seu conjunto 23 . Essas mudanças<br />
pelas quais passam os adolescentes, trazem interferências e injunções específicas a<br />
um organismo em crise <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, evi<strong>de</strong>nciando a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual, que<br />
é o ponto <strong>de</strong> convergência das transformações biológicas e psicológicas que<br />
sustentam o processo <strong>de</strong> adolescer 31 .<br />
São as mudanças que ocorrem na forma <strong>de</strong> ser, muito mais sutis e sem<br />
<strong>de</strong>terminações precisas. Existem pessoas <strong>de</strong> vinte, trinta ou mesmo quarenta anos<br />
que continuam <strong>de</strong>monstrando características particulares dos adolescentes. São<br />
pessoas que ainda não encontraram as suas próprias respostas às chamadas<br />
questões vitais, que não <strong>de</strong>scobriram ainda o sentido <strong>de</strong> suas vidas e não<br />
conseguiram elaborar ainda o seu projeto <strong>de</strong> vida. Mudam <strong>de</strong> profissão, <strong>de</strong> trabalho,<br />
<strong>de</strong> temperamento, <strong>de</strong> humor, <strong>de</strong> afetos. São pessoas instáveis, querendo que o<br />
mundo e as pessoas girem em torno <strong>de</strong>las 32 .<br />
Na adolescência, os jovens expressam a dois a sua sexualida<strong>de</strong>, e passam<br />
a compartilhá-la na forma da amiza<strong>de</strong> e do conhecimento do outro 20 .<br />
Durante a adolescência o pensamento do jovem muda à medida que<br />
<strong>de</strong>senvolve a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com abstrações 23 .<br />
Os adolescentes estão no limiar do amor, da vida profissional e da<br />
participação na socieda<strong>de</strong> adulta. Eles estão conhecendo as pessoas mais<br />
interessantes do mundo: eles mesmos. Contudo, a adolescência também é uma<br />
época <strong>de</strong> riscos, quando alguns jovens adotam comportamentos que restringem<br />
suas opções e limitam suas possibilida<strong>de</strong>s 26 .
22<br />
Freqüentemente, as meninas se <strong>de</strong>senvolvem mais precocemente do que os<br />
meninos e passam a procurar garotos mais velhos, o que em geral preocupa um<br />
pouco os pais. E os garotos, que, até então, faziam parte dos bate-papos da turma,<br />
são passados para trás, levando para casa certa frustração 33 .<br />
No Brasil a adolescência possui diferentes configurações, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
classe social em que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é<br />
entendida como um período <strong>de</strong> experimentação sem gran<strong>de</strong>s conseqüências<br />
emocionais, econômicas e sociais; o adolescente não assume responsabilida<strong>de</strong>s,<br />
pois se <strong>de</strong>dica apenas aos estudos, sendo essa a sua via <strong>de</strong> acesso ao mundo<br />
adulto. Enquanto nas classes mais baixas os riscos do experimentar, tentar e viver<br />
novas experiências são maiores e não há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar somente aos<br />
estudos, tornando a adolescência, simplesmente, um período que antece<strong>de</strong>rá a<br />
constituição da própria família 22 .<br />
As mudanças físicas, pelas quais passa, ocorrem <strong>de</strong>vido ao aumento da<br />
produção hormonal neste período, o que po<strong>de</strong> provocar uma alteração das<br />
emoções, portanto, explicando a perda <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sequilíbrio psicológico do<br />
adolescente 22 .<br />
O adolescente está passando por transformações anatômicas, fisiológicas,<br />
psicológicas e <strong>de</strong> comportamento social, como nunca mais irá ocorrer. A voz alterase,<br />
surge a acne na pele, os braços parecem <strong>de</strong>scontrolados, o apetite aumenta e<br />
as meninas, não querendo engordar, fazem sacrifícios enormes. Sentem-se<br />
pesados, moles e irritados, reclamões, contrariados e perseguidos 33 .<br />
No entanto, para a análise do comportamento, essa alteração das emoções<br />
no adolescente po<strong>de</strong> ser explicada através do papel do ambiente em sua vida, ou<br />
seja, seus comportamentos po<strong>de</strong>m ser frutos <strong>de</strong> uma interação com um ambiente
23<br />
punitivo que não possibilita o aumento e a a<strong>de</strong>quação do seu repertório<br />
comportamental. Muitos <strong>de</strong>stes comportamentos são esquivos <strong>de</strong> um ambiente<br />
aversivo. Os problemas do adolescente estão em sua relação com o mundo 22 .<br />
Esta postura é compartilhada com a teoria da aprendizagem social que<br />
também acredita que o comportamento é primeiramente <strong>de</strong>terminado pelos fatores<br />
sociais e ambientais, operando com o contexto situacional particular 22 .<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente as modificações biológicas são importantes, mas o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento psicológico dos adolescentes é mais <strong>de</strong>terminado pelo ambiente<br />
sócio-cultural em que vivem 22 , portanto este é o foco da análise do comportamento.<br />
A maior contribuição das mudanças biológicas, do ponto <strong>de</strong> vista cultural, é a<br />
transformação do estado não reprodutivo ao reprodutivo, pois o amadurecimento do<br />
sistema reprodutivo impõe os limites para cada sexo; neste contexto, surge a<br />
sexualida<strong>de</strong> na adolescência; sendo esta temática <strong>de</strong> relevância mundial, pois tanto<br />
dificulda<strong>de</strong>s como <strong>de</strong>safios que aparecem aos adolescentes ocorrem<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da diversida<strong>de</strong> cultural, étnica e social 22 .<br />
Acompanhando as alterações hormonais, o comportamento sexual do<br />
adolescente é um produto <strong>de</strong> fatores culturais presentes no ambiente, que cada vez<br />
mais erotiza 2 as relações sociais 22 .<br />
Existem algumas características que são próprias dos adolescentes:<br />
a) o adolescente é um ―vir a ser‖, ou seja, não é mais criança e ainda não é<br />
um adulto. Fica entre duas ―ca<strong>de</strong>iras‖ e isso o <strong>de</strong>ixa muitas vezes em<br />
uma posição <strong>de</strong>sconfortável 30 ;<br />
2 Erotismo: amor sensual, lúbrico; amor físico, prazer e <strong>de</strong>sejo sexual distintos da procriação;<br />
exaltação <strong>de</strong> tudo o que é referente ao <strong>de</strong>sejo sexual; paixão amorosa (Língua Portuguesa On-Line.<br />
Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 fev. 2006.).
24<br />
b) o adolescente passa por inúmeras e rápidas mudanças, tanto<br />
biologicamente com aumento <strong>de</strong> peso, altura, força física, capacida<strong>de</strong><br />
mental, como também em sua forma <strong>de</strong> ser. Tem consciência <strong>de</strong> que<br />
está crescendo e mudando, compara-se aos outros, mas não gosta <strong>de</strong><br />
ser comparado. Espera ser exigido, mas muitas vezes <strong>de</strong>monstra o<br />
contrário 30 ;<br />
c) o adolescente é alguém que interroga e se interroga. Encanta-se e às<br />
vezes assusta-se com aquilo <strong>de</strong> que já é capaz. Por esse motivo, sentese<br />
e manifesta-se ao mesmo tempo tímido e audaz. Em conseqüência,<br />
às vezes é ousado, irreverente, solidário, sonhador, generoso, curioso e<br />
outras vezes rebel<strong>de</strong> e agressivo, duas manifestações do medo.<br />
Experimenta, ao mesmo tempo, tristezas e alegrias, bom e mau humor,<br />
sensação <strong>de</strong> onipotência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo, inquietações e agressivida<strong>de</strong>,<br />
energia e preguiça, urgência e <strong>de</strong>smazelo, amor e raiva, curiosida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> experimentar, medo e audácia 30 .<br />
A adolescência tipicamente não traz gran<strong>de</strong>s oscilações emocionais, embora<br />
o mau humor realmente aumente à medida que os meninos e meninas passam por<br />
esse período 26 .<br />
De todos esses aspectos contraditórios, po<strong>de</strong>rá ser visto que o traço<br />
predominante é positivo: quase sempre são profundamente sequiosos do bem e do<br />
belo e têm autêntico ―sangue <strong>de</strong> herói‖ 30 .<br />
A partir <strong>de</strong>ssas características, resumem-se as necessida<strong>de</strong>s mais<br />
prementes e evi<strong>de</strong>nciáveis num adolescente da seguinte forma:<br />
a) <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser ele mesmo: há uma busca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal 30 ;
25<br />
b) <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> estar consigo mesmo: precisa estar só, conhecer-se melhor e<br />
olhar para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo 30 ;<br />
c) valer-se por si mesmo 30 ;<br />
d) po<strong>de</strong>r escolher e <strong>de</strong>cidir 30 ;<br />
e) ter êxito: esse <strong>de</strong>sejo manifesta-se por uma confiança às vezes<br />
excessiva nas suas capacida<strong>de</strong>s e uma falta completa <strong>de</strong> senso à hora<br />
<strong>de</strong> avaliar quanto custam às realizações humanas 30 ;<br />
f) assim como os adultos, os adolescentes têm uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> sentido, uma razão para viver 94 ;<br />
g) o adolescente quer amar e ser amado: só o amor realiza a plenitu<strong>de</strong> da<br />
existência, que almeja e busca sempre a aceitação 30 .<br />
O <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>sta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar e ser amado é a principal<br />
característica da adolescência, por isso tem <strong>de</strong> ser orientada e monitorada com<br />
especial cuidado. Se tudo correr bem, protegida pela castida<strong>de</strong> e pela pureza, a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar <strong>de</strong>sabrochará numa belíssima maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração,<br />
generosa e aberta às gran<strong>de</strong>s doações. Se correr mal, porém, produzirá<br />
personalida<strong>de</strong>s egoístas e <strong>de</strong>formadas, incapazes <strong>de</strong> dar-se, e talvez pelo resto da<br />
sua vida 30 .<br />
―O homem tem o direito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver como homem, e a mulher, como<br />
mulher, sem dar espaço a mimetismos que produzem crises <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
complexos psicológicos e problemas sociais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> transcendência‖ 34 .
26<br />
3.1.2 A Puberda<strong>de</strong><br />
A puberda<strong>de</strong> não coexiste exatamente com a adolescência: é antes uma das<br />
manifestações <strong>de</strong>la 35 . Ao contrário da adolescência, que para alguns parece não ter<br />
fim, a puberda<strong>de</strong> tem pontos mais claros. Ocorre geralmente entre os oito e os treze<br />
anos nas meninas, e entre os nove e os quatorze anos nos meninos 36 .<br />
A puberda<strong>de</strong> é o período fisiológico <strong>de</strong> transição entre a infância e a ida<strong>de</strong><br />
adulta. É a fase que correspon<strong>de</strong> a uma evolução mais ou menos seqüencial X37 ,<br />
durante a qual os caracteres sexuais secundários aparecem, o estirão puberal<br />
ocorre, e profundas mudanças psicológicas acontecem. Ao final <strong>de</strong>ssa fase o<br />
indivíduo está fisiologicamente apto para a reprodução 36,38,39 .<br />
A puberda<strong>de</strong> começa quando a glândula hipófise na base do cérebro envia<br />
uma mensagem para as glândulas sexuais para aumentar a secreção <strong>de</strong> hormônios<br />
<strong>de</strong>stas 23 .<br />
O mecanismo neuro-endócrino responsável pelo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da<br />
puberda<strong>de</strong> não está totalmente esclarecido, mas evidências sugerem que<br />
aminoácidos com ações inibidoras ou estimuladoras estão envolvidos no processo.<br />
Acredita-se que o glutamato apresenta um papel facilitador, enquanto o ácido gamaamino-butírico<br />
(GABA) exerce uma ação inibidora. O fator <strong>de</strong> crescimento<br />
transformante α (TGF α, transforming growth factor) e as IGFs (insulin-like growth<br />
factors) também teriam um papel regulador da puberda<strong>de</strong> 38,39 .<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento puberal é acompanhado <strong>de</strong> aceleração da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
crescimento, o chamado estirão da puberda<strong>de</strong>, ao qual se segue um período <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>saceleração e, finalmente, a parada do crescimento resultante do fechamento das<br />
epífises ósseas 3 . Durante a puberda<strong>de</strong>, o ganho estatural passa <strong>de</strong> 5,3 a 7,0 cm<br />
3 Estrutura normalmente situada nas extremida<strong>de</strong>s dos ossos longos, responsável pelo crescimento<br />
ósseo.
27<br />
nas meninas e 5,0 a 7,5 cm nos meninos, no momento do pico <strong>de</strong> crescimento 40 ,<br />
que ocorre em torno <strong>de</strong> 12 e 14 anos nos sexos feminino e masculino,<br />
respectivamente. O número total <strong>de</strong> centímetros ganhos durante a puberda<strong>de</strong> é em<br />
média, <strong>de</strong> 25,3 ± 4,1 cm nas meninas e 27,6 ± 3,6 cm nos meninos. Isso representa,<br />
aproximadamente, 16% da estatura adulta 41 .<br />
Durante a puberda<strong>de</strong>, eleva-se a secreção <strong>de</strong> três hormônios: os esterói<strong>de</strong>s<br />
sexuais, o hormônio <strong>de</strong> crescimento (GH, growth hormone) e o IGF-1. A seqüência<br />
<strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les na aceleração estatural não está bem esclarecida<br />
42 .<br />
O principal sinal <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> nas meninas geralmente é o florescimento<br />
das mamas 23, 36 . O aparecimento das mamas (telarca) é o primeiro sinal da<br />
puberda<strong>de</strong> em 85% das meninas, seguido logo após pelo aparecimento dos pelos<br />
pubianos (pubarca) 36 . Alguns meninos adolescentes, para seu pesar, têm aumento<br />
temporário das mamas 4 ; isso é normal e po<strong>de</strong> durar até <strong>de</strong>zoito meses 23 .<br />
No sexo feminino, o aumento da secreção <strong>de</strong> estradiol resulta em<br />
aceleração da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o aparecimento da telarca. Níveis<br />
mo<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>sse esterói<strong>de</strong> sexual são capazes <strong>de</strong> estimular o crescimento puberal<br />
42 .<br />
No sexo masculino, o aumento da secreção <strong>de</strong> testosterona parece<br />
estimular o aumento <strong>de</strong> GH e <strong>de</strong> IGF-1 antes <strong>de</strong> promover a aceleração do<br />
crescimento 43 .<br />
Em estudos, usando como mo<strong>de</strong>lo clínico meninos com atraso puberal,<br />
verificou-se:<br />
4 Ginecomastia.
28<br />
a) que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento está associada positivamente com<br />
aumento do volume testicular e a testosterona plasmática 43 .<br />
b) que um nível <strong>de</strong> testosterona > 1 ng/ml parece ser necessário para<br />
aumentar a secreção <strong>de</strong> GH e IGF-1 a níveis púberes 43,44 .<br />
O clímax da puberda<strong>de</strong> distingue-se por certos sinais <strong>de</strong> maturação sexual:<br />
nos rapazes, por vários sinais, sendo o mais significativo a presença <strong>de</strong><br />
espermatozói<strong>de</strong>s vivos (células reprodutoras masculinas) na urina, e nas moças,<br />
pela primeira menstruação 25 .<br />
A voz fica mais grave, principalmente nos meninos. A pele fica mais áspera<br />
e oleosa. É comum o surgimento <strong>de</strong> acne, principalmente nos meninos 23 .<br />
Como os hormônios estão associados com a agressão nos meninos e a<br />
<strong>de</strong>pressão nas meninas, alguns pesquisadores atribuem a maior emotivida<strong>de</strong> e mau<br />
humor do início da adolescência às alterações hormonais. Entretanto, as influências<br />
sociais po<strong>de</strong>m combinar-se com as influências hormonais, po<strong>de</strong>ndo até suplantá-las<br />
23 .<br />
Algumas pessoas passam muito rapidamente pela puberda<strong>de</strong> e outras mais<br />
lentamente. É comum encontrar lado a lado jovens <strong>de</strong> mesmo sexo e ida<strong>de</strong> com<br />
graus variados <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento puberal 23 . O tempo <strong>de</strong> duração da puberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primeiros sinais até a maturida<strong>de</strong> completa varia <strong>de</strong> um e meio a seis<br />
anos tanto nos rapazes quanto nas moças 36,45 .<br />
Com bases em fontes histórias, os estudiosos do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
constataram a existência <strong>de</strong> uma tendência que atinge várias gerações na chegada<br />
da puberda<strong>de</strong>: uma diminuição na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da puberda<strong>de</strong> e na qual os jovens<br />
atingem a estatura adulta e maturida<strong>de</strong> sexual 23 .
29<br />
A puberda<strong>de</strong> precoce ou amadurecimento sexual precoce é o aparecimento<br />
dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> no sexo feminino e<br />
dos 9 anos no sexo masculino 36,45 .<br />
3.2 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA OS ADOLESCENTES<br />
Discorre-se na seqüência sobre alguns dos fatores que <strong>de</strong> alguma maneira<br />
influem na personalida<strong>de</strong> do adolescente e na sua <strong>de</strong>cisão quanto ao momento <strong>de</strong><br />
iniciar a ativida<strong>de</strong> sexual.<br />
3.2.1 Quando e por que os adolescentes se tornam sexualmente ativos<br />
É possível que o período da adolescência seja a fase mais intensa <strong>de</strong> todo o<br />
ciclo <strong>de</strong> vida. Ele oferece oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento na competência, autonomia,<br />
auto-estima e intimida<strong>de</strong>. Entretanto, ele também oferece gran<strong>de</strong>s riscos. Uma parte<br />
dos adolescentes enfrentará gran<strong>de</strong>s problemas. Os adolescentes americanos <strong>de</strong><br />
hoje enfrentam maiores ameaças a seu bem-estar físico e mental do que sua<br />
contrapartida nos anos anteriores 23 .<br />
A adolescência é um período <strong>de</strong> experiências em termos <strong>de</strong> comportamento,<br />
as quais freqüentemente incluem a exploração da sexualida<strong>de</strong>. Entretanto, muitas<br />
vezes, esse processo traz dificulda<strong>de</strong> para o adolescente quanto a compreensão<br />
plena do significado e as conseqüências do exercício sexual, po<strong>de</strong>ndo trazer<br />
resultados muito <strong>de</strong>sfavoráveis à sua saú<strong>de</strong> 46 .<br />
A ativida<strong>de</strong> sexual, a qual po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> um beijo casual ao contato genital,<br />
po<strong>de</strong> satisfazer diversas necessida<strong>de</strong>s, sendo o prazer físico apenas uma <strong>de</strong>las 26 . A
30<br />
<strong>de</strong>cisão que um adolescente toma para iniciar ou postergar a ativida<strong>de</strong> sexual é<br />
bastante complexo 47,48,49,50,51,52,53,54 . Os adolescentes po<strong>de</strong>m tornar-se sexualmente<br />
ativos por diversos motivos: para ter intimida<strong>de</strong>, buscar novas experiências, provar<br />
sua maturida<strong>de</strong>, acompanhar os amigos, encontrar alívio das pressões, ou investigar<br />
os mistérios do amor 26 .<br />
Existe ainda uma influência do advento dos contraceptivos orais no início<br />
precoce das ativida<strong>de</strong>s sexuais, uma vez que eles permitem a liberação sexual da<br />
mulher jovem 55,29 .<br />
Embora exista um relacionamento entre a produção <strong>de</strong> hormônios e a<br />
sexualida<strong>de</strong>, os adolescentes po<strong>de</strong>m começar sua ativida<strong>de</strong> sexual mais <strong>de</strong> acordo<br />
com o que seus amigos fazem do que com o que as suas glândulas secretam 23 .<br />
Dados recentes provenientes do Department of Health and Human Services<br />
<strong>de</strong>monstram uma diminuição da ativida<strong>de</strong> sexual entre os adolescentes <strong>de</strong> 15 a 19<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nos EUA, na última década 56 . Contudo, a iniciação do inter-curso<br />
sexual durante a adolescência permanece alta entre os jovens norte-america-nos,<br />
alguns pesquisadores <strong>de</strong>finem tais índices como preocupantes 56,57,58,59,60 .<br />
As meninas, mais do que os meninos, muitas vezes sentem-se pressionadas<br />
a se entregar à ativida<strong>de</strong>s para as quais não se consi<strong>de</strong>ram preparadas. A pressão<br />
social era o principal motivo mencionado por 73% das meninas e 50% dos meninos<br />
quando indagados a respeito dos motivos para não esperar até estarem mais velhos<br />
para se envolver em sexo. Somente 6% dos meninos e 11% das meninas<br />
mencionaram o amor como motivo 26 .<br />
A ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual está ocorrendo mais cedo em todo o<br />
mundo, com aumento das conseqüências <strong>de</strong>sse problema, entre eles a gravi<strong>de</strong>z<br />
precoce 13 . Além do aumento da gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes, notou-se que há um
31<br />
número cada vez maior <strong>de</strong> mães adolescentes com dois ou mais filhos <strong>de</strong> pais<br />
diferentes 20 .<br />
Um número significativo <strong>de</strong> mulheres inicia a ativida<strong>de</strong> sexual em torno <strong>de</strong><br />
dois anos após a primeira menstruação 5 sendo que, no Brasil, 20% <strong>de</strong>las tornam-se<br />
grávidas já no primeiro mês após a primeira relação sexual. Em estudos recentes, a<br />
média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o início da ativida<strong>de</strong> sexual nas adolescentes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Curitiba foi <strong>de</strong> 15,1 anos 61,62,63 .<br />
Nos EUA, 45% das adolescentes cursando o ensino médio 6 e 48% dos<br />
rapazes cursando o ensino médio já iniciaram a ativida<strong>de</strong> sexual 58 . A ida<strong>de</strong> média<br />
para a primeira relação sexual foi <strong>de</strong> 17 anos nas meninas e 16 anos nos meninos<br />
64,50,51 . Contudo, aproximadamente um quarto <strong>de</strong> todos os jovens relataram que a<br />
primeira relação foi próximo dos 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 65,64,66 .<br />
Observa-se ainda, que a taxa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual entre adolescentes com<br />
doenças crônicas ou algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência física é a mesma observada entres<br />
os <strong>de</strong>mais adolescentes 67 . Os fatores que predispõe esse grupo especial <strong>de</strong><br />
adolescentes a iniciar precocemente ou a postergar o início da ativida<strong>de</strong> sexual são<br />
os mesmos para os <strong>de</strong>mais adolescentes.<br />
Relatórios, diagnósticos, jornais, revistas e programas <strong>de</strong> televisão vêm<br />
<strong>de</strong>stacando cada vez mais o tema da gravi<strong>de</strong>z na adolescência, buscando <strong>de</strong>nunciar<br />
e dar visibilida<strong>de</strong> ao aumento do número <strong>de</strong> meninas grávidas em todo o País.<br />
Nessas matérias são citados vários fatores que apontam os riscos físicos e<br />
psíquicos <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z nesta faixa etária, os prejuízos sociais para a jovem mãe,<br />
centrados principalmente no afastamento da vida escolar e no abandono <strong>de</strong> projetos<br />
futuros. Historicamente, no entanto, a ida<strong>de</strong> das mulheres terem filhos está<br />
5 A primeira menstruação, ou menarca, ocorre mais comumente entre 9 e 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
6 No texto original: High School.
32<br />
relacionada aos mecanismos gerados pela própria socieda<strong>de</strong>. Por exemplo, no<br />
Brasil do século passado, a faixa etária entre 12 e 18 anos não tinha o caráter <strong>de</strong><br />
passagem da infância para a vida adulta. E as meninas <strong>de</strong> elite entre 12 e 14 anos<br />
estavam aptas para o casamento; e não casá-las nessa ida<strong>de</strong> era problemático para<br />
os pais. Esta constatação mostra o quanto a concepção <strong>de</strong> adolescência está<br />
atrelada não só a fatores físicos e psicológicos mas também a fatores econômicos e<br />
sociais que <strong>de</strong>terminam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada época 68 .<br />
Os adolescentes estão sujeitos a fatores <strong>de</strong> risco ou <strong>de</strong> proteção, através<br />
dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, da estrutura social dos valores, dos modos <strong>de</strong><br />
produção, dos conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e doença e <strong>de</strong> um marco conceitual <strong>de</strong> educação,<br />
que interferem direta ou indiretamente sobre o trabalho, família, escola, lazer,<br />
amigos. Essas interferências po<strong>de</strong>m favorecer ou dificultar o crescimento e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, a busca da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e da in<strong>de</strong>pendência, a criativida<strong>de</strong>, a autoestima<br />
e o juízo crítico, a sensibilida<strong>de</strong> e a agressivida<strong>de</strong>, o plano <strong>de</strong> vida, e a<br />
sexualida<strong>de</strong>. O estilo <strong>de</strong> vida que estes adolescentes e jovens venham a ter é que<br />
<strong>de</strong>terminará o baixo ou alto risco quanto aos distúrbios afetivos, <strong>de</strong> conduta e <strong>de</strong><br />
aprendizagem, a violência social e ecológica, gravi<strong>de</strong>z, DST-AIDS, abuso <strong>de</strong> drogas,<br />
aci<strong>de</strong>ntes e suicídios 69 .<br />
Em 1996, 29.520 garotas <strong>de</strong> 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> engravidaram no Brasil 70 . Em<br />
1997, no Brasil, das quatro milhões <strong>de</strong> mulheres que engravidam anualmente, um<br />
quarto <strong>de</strong>las eram gestantes adolescentes 70,71,22 . Além disso, o parto normal tem<br />
sido a primeira causa <strong>de</strong> internação <strong>de</strong> jovens entre 10 e 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nos<br />
hospitais conveniados com o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) em todos os estados<br />
do país 72 .
33<br />
O número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> mulheres não casadas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s,<br />
incluindo as adolescentes permanece alto nos EUA 73,74 . No Brasil se observa o<br />
mesmo 20 .<br />
Uma outra questão que se levanta é que a atual alta taxa <strong>de</strong> comercialização<br />
do sexo só po<strong>de</strong> se sustentar na medida em que solucione um ponto capital:<br />
oferecer um produto que não acarrete para o consumidor a menor conseqüência<br />
<strong>de</strong>sagradável ou gravosa. Na nossa socieda<strong>de</strong> permissiva, as palavras sexo e<br />
prazer a tal ponto se aproximaram uma da outra que quase chegam a i<strong>de</strong>ntificar-se.<br />
O comércio do sexo em doses maciças tem a pretensão <strong>de</strong> oferecer ao possível<br />
consumidor os <strong>de</strong>rivados mais sofisticados do prazer sexual, suprimindo porém o<br />
risco da responsabilida<strong>de</strong> pelas conseqüências ou implicações naturais do comportamento<br />
sexual sadio e reto, <strong>de</strong>ntre as quais a concepção, a gestação e o nascimento<br />
dos filhos. Neste ciclo da comercialização o aborto representa a última garantia<br />
oferecida ao consumidor: em último caso (concepção), não será preciso arcar<br />
com imprevistos incômodos (o filho), que estraga a festa do consumo do sexo 75 .<br />
A maioria das gestações são in<strong>de</strong>sejadas nas mulheres entre 15 e 19 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e aproximadamente 1 em cada 3 gestação nesse grupo termina em aborto<br />
73 . Também no Brasil se observa um crescente número <strong>de</strong> abortos em adolescentes<br />
20 .<br />
Nos Estados Unidos, em 1992, 12,7% dos bebês nascidos vivos eram <strong>de</strong><br />
jovens com menos <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 22 . A gravi<strong>de</strong>z na adolescência tornou-se um<br />
gran<strong>de</strong> problema nesse país, pois a cada um milhão <strong>de</strong> adolescentes que<br />
engravidam 84% não querem ser mães, o que favorece o aparecimento <strong>de</strong> um outro<br />
problema - o aborto, algo que também ocorre no Brasil, principalmente nas classes
34<br />
sociais mais privilegiadas que vêem nele, a solução para o problema da gravi<strong>de</strong>z da<br />
jovem adolescente 22 .<br />
A busca incessante <strong>de</strong> prazer através do estímulo sexual po<strong>de</strong> levar os<br />
adolescentes a terem relacionamentos efêmeros, experiências <strong>de</strong> relações a três ou<br />
mais pessoas, busca por experiências homossexuais, um índice crescente <strong>de</strong><br />
suicídios e doenças <strong>de</strong>pressivas, crescimento no uso <strong>de</strong> drogas e crescente prostituição<br />
infantil. Estes fatores são conseqüências <strong>de</strong> uma frustração do relacionamento<br />
fácil e superficial, on<strong>de</strong> ocorre uma insatisfação pessoal crescente que faz<br />
com que o jovem busque caminhos <strong>de</strong>sconhecidos, por lugares duvidosos, que<br />
aprofundam, na maioria das vezes, um sentimento oculto <strong>de</strong> sofrimento interior 20 .<br />
3.2.2 Fatores <strong>de</strong> risco mais comuns<br />
O comportamento <strong>de</strong> risco geralmente vem com vários fatores juntos. O<br />
grupo que teve iniciação precoce da ativida<strong>de</strong> sexual está mais associado com DST,<br />
abuso <strong>de</strong> substâncias 7 e <strong>de</strong>linqüência 76,77,78 .<br />
Transcreve-se da literatura alguns <strong>de</strong>stes itens:<br />
a) violência: ocorre pela propensão do adolescente à revolta e pela<br />
tendência a formar ―turmas‖ ou ―gangues‖. É mais comum ocorrer em<br />
adolescentes que vêm <strong>de</strong> famílias disfuncionais 26 ;<br />
b) falta <strong>de</strong> limites: o adolescente possui um sentimento <strong>de</strong> auto-suficiência<br />
e por isso, dificilmente saberá dizer não e menos ainda explicar por que<br />
não, quando a consciência o urgir a uma recusa. A falta <strong>de</strong> limites <strong>de</strong>ixa-<br />
7 Uso prejudicial <strong>de</strong> álcool e outras drogas.
35<br />
o sem um norte, sem o anteparo das convicções e critérios <strong>de</strong> conduta.<br />
Po<strong>de</strong> parecer paradoxal, mas a falta <strong>de</strong> limites torna-o inseguro 26 ;<br />
c) hedonismo: a busca do prazer pelo prazer leva o adolescente a prestar<br />
culto ao corpo e a fugir <strong>de</strong> tudo o que represente algum tipo <strong>de</strong><br />
sofrimento. Além disso, o induz a ver os outros como coisa, objeto a ser<br />
comprado ou usado e <strong>de</strong>scartado. As graves conseqüências <strong>de</strong>ste modo<br />
<strong>de</strong> viver são representadas pelo egoísmo, consumismo e pelo<br />
materialismo;<br />
d) ociosida<strong>de</strong>: po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> muitos vícios e doenças;<br />
e) pressões sociais e ambientais: ocorrem comumente na atualida<strong>de</strong> e<br />
inci<strong>de</strong>m principalmente sobre as moças. Os adolescentes experimentam<br />
uma gran<strong>de</strong> força externa que os coagem à ativida<strong>de</strong> sexual 26 ;<br />
f) permissivida<strong>de</strong> na família: é um dos piores fatores <strong>de</strong> risco e ocorre<br />
geralmente pela indiferença dos pais que <strong>de</strong>sejam apenas não ter<br />
problemas com as conseqüências dos atos dos adolescentes, <strong>de</strong>ixandoos<br />
―livres‖ para fazerem o que quiser <strong>de</strong> suas vidas, sem orientações,<br />
sem amparo e sem limites;<br />
g) ausência <strong>de</strong> um dos pais 79 ;<br />
h) mídia: É um gran<strong>de</strong> fator <strong>de</strong> risco quando mal utilizada, pois distorce os<br />
valores e promove o egoísmo. Deve-se ter controle sobre o que os filhos<br />
assistem na TV, lêem em jornais e revistas ou vêem na internet, bem<br />
como o tempo gasto com estas ativida<strong>de</strong>s;<br />
i) conceitos pouco claros ou distorcidos na educação: as i<strong>de</strong>ologias<br />
redutoras do ser humano impressionam os adolescentes pois
36<br />
apresentam explicações simplistas e radicais para os absurdos que<br />
presenciam na socieda<strong>de</strong>;<br />
j) baixo rendimento acadêmico 79 ;<br />
k) pobreza 79 ;<br />
l) participação em outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco 79 ;<br />
m) doença mental 79 ;<br />
n) infantilismo sexual: é a incapacida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>rivada do egoísmo, da<br />
superficialida<strong>de</strong>, da trivialida<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>gradação consumista e política –<br />
<strong>de</strong> exercer a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> na perpetuação da espécie humana. É<br />
infantil aquele que não po<strong>de</strong> ou não quer respon<strong>de</strong>r pelos seus atos com<br />
um nível <strong>de</strong> resposta proporcional à importância <strong>de</strong>sses atos e das suas<br />
conseqüências 80 . Quando o outro passa a ser simples objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo,<br />
alimenta-se o afã <strong>de</strong> posse, violência, exploração econômica e emoções<br />
que eclo<strong>de</strong>m caoticamente. A pornografia po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma<br />
manifestação aberrante e comercial <strong>de</strong>sse fenômeno 81 .<br />
3.2.3 Fatores <strong>de</strong> proteção mais comuns<br />
Tendo como base uma ampla análise bibliográfica é possível enumerar<br />
alguns dos fatores <strong>de</strong> proteção que contribuem para que o adolescente atrase o<br />
início do intercurso sexual. Normalmente, quanto maior o número <strong>de</strong>sses fatores<br />
presentes na vida do jovem maior será a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual:<br />
a) família: é o principal fator protetor para os jovens. É na família que os<br />
jovens obtêm o exemplo para suas vidas. Em famílias bem estruturadas<br />
existe menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver problemas com os jovens 82 . A<br />
presença do pai e da mãe juntos <strong>de</strong>ntro do lar também está associada a
37<br />
postergação da ativida<strong>de</strong> sexual pelos filhos<br />
66,65,83,84,49,85,52,53,79,54 .<br />
Recentemente se comprovou que a supervisão paterna também é um<br />
fator relevante <strong>de</strong> proteção, não apenas no que se refere a<br />
sexualida<strong>de</strong>,mas também à <strong>de</strong>linqüência juvenil 48,49,50,51,52,53,54,84 . Pais<br />
coerentes e firmes na disciplina educadora são fundamentais da<br />
educação dos jovens 79 ;<br />
b) resiliência: a palavra tem sonorida<strong>de</strong> estranha e significado pou-co<br />
conhecido, mas po<strong>de</strong> fazer a diferença numa vida. O conceito vem da<br />
física: é a proprieda<strong>de</strong> que alguns materiais apresentam <strong>de</strong> voltar ao<br />
normal <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> submetidos à máxima tensão. As fibras <strong>de</strong> um tapete<br />
<strong>de</strong> náilon é o exemplo simplificado <strong>de</strong>ssa ação – elas recuperam a forma<br />
assim que acabam <strong>de</strong> ser pisa-das e amassadas. A psicologia tomou<br />
emprestada essa imagem para explicar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com<br />
problemas, superá-los e até <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar transformar por adversida<strong>de</strong>s.<br />
É a capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> fazer frente aos obstáculos e superá-los <strong>de</strong><br />
forma construtiva, saindo fortalecido <strong>de</strong>les 86 . Os jovens têm uma gran<strong>de</strong><br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resiliência. Geralmente tomam um referencial com<br />
alguma figura marcante em suas vidas, on<strong>de</strong> encontram fon-te <strong>de</strong> força<br />
<strong>de</strong> caráter e estímulo que os ajuda a encontrar critério <strong>de</strong> firmeza e<br />
sentido para suas vidas. Em contrapartida, jovens que sempre foram<br />
poupados <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong> não conseguem adquirir e nem<br />
fortalecer a resiliência 84,86 . Aqui se engloba a permissivida<strong>de</strong> e a superproteção.<br />
Detalhando melhor, o resiliente não se abate facilmente, não<br />
culpa os outros pelos seus fracassos e tem um humor invejável. Para<br />
completar o leque <strong>de</strong> requintes, ele age com ética e dispõe <strong>de</strong> uma
38<br />
energia espantosa para trabalhar. Segundo Haim Grunspun, professor<br />
<strong>de</strong> psicopatologia da PUC-SP, um terço da população do mundo tem<br />
traços <strong>de</strong> resiliência 54,86 ;<br />
c) consciência a<strong>de</strong>quadamente formada: precisa-se formar os jovens para<br />
que saibam diferenciar o Bem verda<strong>de</strong>iro do Mal e não <strong>de</strong>ixá-los<br />
confundir com o pensamento atual <strong>de</strong> que o bem é ―o que é bom para<br />
mim‖ e o mal é ―o que é mau para mim‖. Os adolescentes têm um senso<br />
aguçado dos valores e embora gostem <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar da ―acomodação‖ da<br />
consciência, sofrem com adultos que mostram não ter princípios,<br />
reagindo com <strong>de</strong>sprezo ou revolta;<br />
d) formação religiosa: é um ponto muito importante e que favorece a boa<br />
formação da consciência. Infelizmente nos dias atuais as famílias estão<br />
cada vez menos se empenhando na formação religiosa dos filhos;<br />
e) educação para a castida<strong>de</strong>: maior ênfase recebida sobre a abstinência,<br />
durante a educação 79 ;<br />
f) alto <strong>de</strong>sempenho escolar: os jovens mais <strong>de</strong>dicados aos estudos, com<br />
objetivos mais claros e palpáveis, ten<strong>de</strong>m a se envolver menos com<br />
problemas diversos, bem como a postergar o intercurso sexual<br />
49,50,51,52,53,54 .<br />
3.3 SEXUALIDADE MASCULINA E FEMININA<br />
Constata-se, sem dificulda<strong>de</strong>, que há uma igualda<strong>de</strong> fundamental entre o<br />
homem e a mulher: a mesma natureza humana, a mesma dignida<strong>de</strong> e a mesma<br />
honra, mas que não os confun<strong>de</strong>. Ao lado da igualda<strong>de</strong> fundamental, existem
39<br />
diferenças acessórias, adicionais, porém marcantes e capazes <strong>de</strong> caracterizar a<br />
sexualida<strong>de</strong> masculina e feminina. As diferenças físicas e orgânicas entre um<br />
homem e uma mulher não se manifestam apenas no aparelho reprodutor, mas estão<br />
presentes em todo o organismo e em todas as células do organismo 87 .<br />
Um homem não é capaz <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira intimida<strong>de</strong> até ter alcançado uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> estável, enquanto que a mulher se <strong>de</strong>fine através do casamento e da<br />
maternida<strong>de</strong>. Assim, a mulher (em contraste com o homem) <strong>de</strong>senvolve a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
por meio da intimida<strong>de</strong>, não antes <strong>de</strong>la 26 .<br />
Apresenta-se a seguir algumas das características da sexualida<strong>de</strong> humana:<br />
a) características sexuais primárias: são os órgãos necessários para a<br />
reprodução. Na mulher, os órgãos sexuais são os ovários, o útero e a<br />
vagina; no homem, os testículos, a próstata, o pênis e as vesículas<br />
seminais. Durante a puberda<strong>de</strong>, esses órgãos aumentam e maturam 23 .<br />
Nos meninos, o primeiro sinal físico <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> é justamente o<br />
crescimento dos testículos e do escroto 23,88 ;<br />
b) características sexuais secundárias: são sinais fisiológicos <strong>de</strong> maturação<br />
sexual que não envolvem diretamente os órgãos sexuais: por exemplo,<br />
as mamas das mulheres e os ombros largos dos homens. Outros<br />
caracteres sexuais secundários envolvem a alteração na voz e na textura<br />
da pele, <strong>de</strong>senvolvimento muscular e crescimento <strong>de</strong> pêlos pubianos,<br />
faciais, axilares e corporais 23 .<br />
O ciclo menstrual e a ovulação formam o principal sinal <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong><br />
sexual nas meninas, o que é caracterizado por uma perda mensal <strong>de</strong> tecido do<br />
revestimento uterino 8 . A primeira menstruação 9 ocorre bastante tar<strong>de</strong> na seqüência<br />
8 Endométrio.<br />
9 Menarca.
40<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento feminino. Em média, uma menina nos EUA menstrua pela<br />
primeira vez antes <strong>de</strong> seu décimo terceiro aniversário, cerca <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong>pois<br />
que suas mamas começaram a se <strong>de</strong>senvolver 23 . Os primeiros ciclos menstruais<br />
geralmente são anovulatórios 23 .<br />
A espermatogênese é o principal sinal <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> sexual nos homens.<br />
Seu momento é altamente variável, mas, quase um quarto dos meninos <strong>de</strong> 15 anos,<br />
têm espermatozói<strong>de</strong>s na urina 23 .<br />
3.4 A FINALIDADE DO ATO SEXUAL<br />
Talvez a sexualida<strong>de</strong> seja o campo <strong>de</strong> atuação humana on<strong>de</strong> mais se gerem<br />
equívocos, reducionismos e comportamentos ina<strong>de</strong>quados 89 . Fisiológicamente<br />
consi<strong>de</strong>rado, o ser humano parece igualar-se aos <strong>de</strong>mais animais mamíferos quanto<br />
ao sexo. Todavia a sexualida<strong>de</strong> serve precisamente para diferenciar os homens e os<br />
irracionais 90 . No ser humano o instinto sexual é uma inclinação muito forte. E esse<br />
instinto reforça-se porque o exercício das faculda<strong>de</strong>s sexuais produz um prazer<br />
específico. O sexo é uma realida<strong>de</strong> muito rica: além do prazer põem em jogo bens e<br />
<strong>de</strong>veres muito altos da pessoa e da socieda<strong>de</strong> 177 .<br />
Existem duas atitu<strong>de</strong>s errôneas sobre a sexualida<strong>de</strong> humana, que são<br />
opostas entre si. A primeira é o hedonismo e a segunda é o que po<strong>de</strong>-se chamar <strong>de</strong><br />
―puritanismo‖. Para o hedonista o sexo é primordialmente uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
prazer. Já o ―puritano‖ pensa que o sexo é algo vergonhoso 91 .<br />
O sexo é por natureza bom. O problema esta quando se <strong>de</strong>svincula o ato<br />
sexual <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> 91 . As más intercorrências que o sexo po<strong>de</strong> trazer quase<br />
sempre vêm do seu uso ina<strong>de</strong>quado.
41<br />
Diferente <strong>de</strong> como entendia o pensamento clássico, que via no amor a<br />
preferência do bem da pessoa amada sobre o seu próprio, atualmente consi<strong>de</strong>ra-se<br />
equivocadamente a satisfação sexual pessoal como a expressão mais importante do<br />
amor 96 . O puro e simples <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazer <strong>de</strong>svirtua a autêntica sexualida<strong>de</strong>,<br />
preten<strong>de</strong>ndo reduzí-la a algo <strong>de</strong> acessório, a mera diversão 25 . Deixar-se levar pelo<br />
instinto sexual simplesmente para obter prazer conduz a um caminho <strong>de</strong> crescente<br />
ansieda<strong>de</strong> 25,94 . Com cada resposta dada ao estímulo, este vai per<strong>de</strong>ndo força<br />
porque o limiar da sexualida<strong>de</strong> se eleva 25 . Ainda que fisiológica e anatômicamente o<br />
homem e a mulher possa ter uma relação puramente sexual (como macho e fêmea),<br />
essa relação nunca será propriamente humana. Quando um trata o outro como<br />
objeto <strong>de</strong> prazer <strong>de</strong>turpa-se a própria natureza humana 91 .<br />
O <strong>de</strong>sejo é uma força or<strong>de</strong>nada para obter algo que se percebe como um<br />
bem. Os <strong>de</strong>sejos são motivados por algo concreto que a pessoa assume como<br />
necessário para satisfazer as funções da própria natureza. Geralmente se refere a<br />
necessida<strong>de</strong>s básicas, como a alimentação ou reprodução. Os seres humanos têm<br />
um <strong>de</strong>sejo sexual e tendência a satisfazê-lo, não como um instinto cego, guiado por<br />
períodos <strong>de</strong> cio, orientado somente para a perpetuação da espécie, mas como um<br />
ato pessoal <strong>de</strong> doação, como por exemplo, para manifestar o amor conjugal. O<br />
prazer é a gratificação sensível quando realizado o <strong>de</strong>sejo. Uma vez que o <strong>de</strong>sejo foi<br />
satisfeito e obtido o prazer, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>saparece por um período <strong>de</strong> tempo 92 .<br />
A relação genital heterossexual humana tem uma dignida<strong>de</strong> característica, a<br />
qual po<strong>de</strong>-se dividir em três dimensões naturais mais relevantes: unitiva, procriativa<br />
e recreativa 93 :
42<br />
a) a dimensão unitiva faz referência ao amor recíproco, íntimo e exclusivo,<br />
é a chave antropológica da relação sexual humana, que <strong>de</strong> modo i<strong>de</strong>al<br />
<strong>de</strong>ve refletir a vonta<strong>de</strong> real <strong>de</strong> comunhão conjugal, fiel e indissolúvel.<br />
b) a dimensão procriativa é a possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> toda a relação<br />
heterossexual, mais ou menos provável, <strong>de</strong> acordo com as circustâncias,<br />
resultar em uma nova vida humana. A procriação é uma ação tão<br />
sublime que não tem nenhum paralelo em outra ativida<strong>de</strong> humana.<br />
c) a dimensão recreativa se refere ao prazer intenso que a relação sexual<br />
po<strong>de</strong> produzir nos copulantes. Essa dimensão complementa as duas<br />
dimensões anteriores.<br />
A sexualida<strong>de</strong> humana é o meio <strong>de</strong> expressão do amor, e é somente na<br />
medida em que é veiculo do amor que se torna verda<strong>de</strong>iramente humana. É<br />
somente então que po<strong>de</strong> realmente contribuir para a felicida<strong>de</strong> e para a paz do<br />
indivíduo 94 .<br />
A atração sexual é um mecanismo biológico que facilita a conservação da<br />
espécie. Neste sentido, o bem individual (o prazer) está or<strong>de</strong>nado para o bem da<br />
espécie (a procriação) 177 .<br />
As mulheres, sobretudo, <strong>de</strong>senvolvem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por meio da intimida<strong>de</strong>, e<br />
não antes <strong>de</strong>la. Muitas pesquisas sustentam a idéia <strong>de</strong> que para as mulheres,<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e intimida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolvem juntas. Sem dúvida, as meninas dão mais<br />
importância à intimida<strong>de</strong> do que os meninos, até mesmo em amiza<strong>de</strong>s da escola<br />
primária 26 .<br />
A sexualida<strong>de</strong> necessita <strong>de</strong> uma visão alegre e saudável, construtiva, sólida<br />
e prolongada. O homem nasceu para amar, com o esforço <strong>de</strong> toda a sua pessoa,<br />
que está crescendo no adolescente, e que precisa <strong>de</strong> orientação correta 20 . O
elacionamento sexual, sendo o mais íntimo possível, supõe maturida<strong>de</strong> e<br />
compromisso da parte dos interessados 95 . Quanto mais valor as pessoas atribuem<br />
ao prazer por si só, quanto mais veneram a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> prazer, ou quanto mais<br />
diretamente procuram o prazer, nessa mesma medida o prazer lhes foge, tornandose<br />
indiferentes e impotentes 94 . O hedonismo, o prazer conseguido a todo o custo<br />
como lei máxima <strong>de</strong> todo o comportamento, está inevitavelmente vinculado à<br />
permissivida<strong>de</strong>, isto é, à submissão irrestrita a tudo o que for agradável 96 .<br />
Ver a si mesmo como um ser sexual, adaptar-se às excitações sexuais e<br />
formar ligações românticas são partes da formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual. Tal<br />
processo que começa na adolescência e continua na ida<strong>de</strong> adulta, é controlado<br />
biologicamente, mas sua expressão é em parte culturalmente <strong>de</strong>finida 26 .<br />
Amor não é sexo, mas para a maioria das pessoas o incluí 97,98 . Amar é<br />
querer bem um ao outro; implica doação e entrega, para que o bem do ser amado<br />
possa ser atingido 90 .<br />
Na verda<strong>de</strong>, pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao mesmo tempo em<br />
que une profundamente os esposos, torna-os aptos para a geração <strong>de</strong><br />
novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher.<br />
Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o ato<br />
conjugal conserva integralmente o sentido <strong>de</strong> amor mútuo e verda<strong>de</strong>iro e a<br />
sua or<strong>de</strong>nação para a altíssima vocação do homem para a paternida<strong>de</strong>. Nós<br />
pensamos que os homens do nosso tempo estão particularmente em<br />
condições <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r o caráter profundamente razoável e humano <strong>de</strong>ste<br />
princípio fundamental 99 .<br />
A relação sexual é algo tão íntimo e profundo que ela não po<strong>de</strong> ser a<br />
primeira <strong>de</strong>monstração do amor nascente; é, antes, a expressão suprema da<br />
maturação e da consolidação <strong>de</strong>sse amor 90 .<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das condições, circunstâncias ou fatos que motivem o<br />
relacionamento sexual <strong>de</strong> um casal, é ―indiscutível‖ que a finalida<strong>de</strong> própria,<br />
intrínseca, natural da função sexual é a ―perpetuação da espécie‖, é a transmissão<br />
do dom da vida. Todas as circunstâncias que envolvem o ato sexual seja a atração<br />
43
44<br />
mútua, afetivida<strong>de</strong> ou o prazer, estão em última análise ―a serviço do fim último, o<br />
fim procriativo‖. O ato sexual constitui uma porta aberta para o dom da vida 100 .<br />
Atualmente po<strong>de</strong>mos observar uma ruptura do comportamento sexual e a<br />
responsabilida<strong>de</strong> sexual pessoal em face as suas conseqüências naturais 101 .<br />
Consi<strong>de</strong>rado a priori, o ato sexual normalmente realizado é potencialmente<br />
fecundo porque está aberto à vida. Só a posteriori, quando a mulher menstrua ou<br />
não menstrua, é que se revela a infecundida<strong>de</strong> ou fecundida<strong>de</strong> do ato 102 .<br />
A vida humana e sua origem estão vinculadas naturalmente ao<br />
comportamento sexual do casal humano. Quando o casal, seja por quais razões for,<br />
trivializa a vida, trivializa o relacionamento sexual; e quando trivializa o<br />
relacionamento sexual, trivializa também a vida humana. Nesse caso, o casal<br />
<strong>de</strong>grada-se em ―humanida<strong>de</strong>‖ (profundida<strong>de</strong> da liberda<strong>de</strong> e da correspon<strong>de</strong>nte<br />
responsabilida<strong>de</strong>) 101 .<br />
Sabendo-se que a evolução natural do ato sexual <strong>de</strong>stina-se à geração <strong>de</strong><br />
uma nova vida humana, po<strong>de</strong>-se afirmar que sua realização fora do contexto unitivo<br />
bem como o uso <strong>de</strong> qualquer processo direta e intencionalmente voltado para<br />
impedir a concepção esvazia o ato <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong>za, <strong>de</strong> sua maior dignida<strong>de</strong>,<br />
roubando-lhe seu verda<strong>de</strong>iro significado e sentido. A função sexual <strong>de</strong>ve estar<br />
sempre inserida no amor e na responsabilida<strong>de</strong>, porque está or<strong>de</strong>nada<br />
precipuamente para a transmissão do dom da vida, sendo o <strong>de</strong>leite sexual legítimo e<br />
<strong>de</strong>sejável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que respeitada aquela 102 . Portanto, todo o ato sexual em sua<br />
realização e evolução <strong>de</strong>ve estar, sempre, aberto à transmissão da vida 177 , embora,<br />
é evi<strong>de</strong>nte, a concepção não ocorra na gran<strong>de</strong> maioria das vezes; e obviamente,<br />
não é necessário estarem os esposos com o pensamento voltado para a geração <strong>de</strong><br />
um filho; e também a infecundida<strong>de</strong> involuntária <strong>de</strong> um ato, mesmo quando
45<br />
previamente conhecida, não interfere na moralida<strong>de</strong> 10 do mesmo. Mas todo artifício<br />
posto em prática para, por seu efeito direto, <strong>de</strong>svirtuar o <strong>de</strong>sfecho próprio do ato<br />
sexual, impossibilitando a concepção, constitui uma atitu<strong>de</strong> contra a vida humana<br />
por <strong>de</strong>srespeitar voluntariamente o processo natural <strong>de</strong> sua formação, impedindo<br />
seu surgimento nos atos que seriam naturalmente fecundos 103 .<br />
Uma coisa é um ato sexual com alguém que se ama, outra é que o próprio<br />
ato sexual seja encarnação do amor. No primeiro caso, na melhor das hipóteses o<br />
amor é o motivo, mas o ato permanece externo; no segundo caso o amor é a alma<br />
<strong>de</strong>ste ato e nele atinge a sua própria perfeição 104 .<br />
É importante ter em mente que amor e sexualida<strong>de</strong> não são sinônimos. Do<br />
contrário, estaríamos diante <strong>de</strong> uma relação pré-individual e anônima, que não<br />
busca o bem alheio e sim a própria satisfação. Na atualida<strong>de</strong> este mesmo assunto<br />
está bastante distorcido, porque a <strong>de</strong>cadência do mundo oci<strong>de</strong>ntal transformou as<br />
relações sexuais numa espécie <strong>de</strong> jogo trivial, um conjunto <strong>de</strong> sensações sem<br />
qualquer compromisso. Dessa maneira, a sexualida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>grada, banaliza e por<br />
fim, se torna uma coisa catártica ou neurotizante. Temos que recuperar o verda<strong>de</strong>iro<br />
sentido antropológico da sexualida<strong>de</strong>, que na vida conjugal revela e escon<strong>de</strong> ao<br />
mesmo tempo a profundida<strong>de</strong> e o mistério da interligação <strong>de</strong> duas pessoas que se<br />
gostam 98 .<br />
É muito importante diferenciar amor <strong>de</strong> instinto e também <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo ou<br />
querer sensível. Instinto é mera atração física ou carnal ao outro. É a atração pela<br />
10 Moralida<strong>de</strong>: qualida<strong>de</strong> do que é moral. Moral: do Lat. morale. Conjunto <strong>de</strong> costumes e opiniões<br />
que um indivíduo ou um grupo <strong>de</strong> indivíduos possuem relativamente ao comportamento; conjunto <strong>de</strong><br />
regras <strong>de</strong> comportamento consi<strong>de</strong>radas como universalmente válidas; parte da filosofia que trata dos<br />
costumes e dos <strong>de</strong>veres do homem para com o seu semelhante e para consigo; ética; relativo aos<br />
costumes (Língua Portuguesa On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso<br />
em: 1 mar. 2006.).
46<br />
virilida<strong>de</strong> ou feminilida<strong>de</strong> isoladas, reduzidas ao corporal. É a simples possessão do<br />
outro ao serviço <strong>de</strong> seus próprios apetites <strong>de</strong> prazer. Busca somente o <strong>de</strong>leite<br />
sexual, se <strong>de</strong>têm no corpo, sem chegar à pessoa encarnada nesse corpo. Uma<br />
relação amorosa reduzida a comunicação instintiva, converte automaticamente os<br />
dois amantes em simples requisitos masculino e feminino, para a satisfação do<br />
<strong>de</strong>sejo sexual. Essa situação gera uma gran<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e uma gran<strong>de</strong> tensão na<br />
relação amorosa, pois o que é simples requisito, não é insubstituível, po<strong>de</strong> mudar a<br />
qualquer momento. O instinto estabelece uma intimida<strong>de</strong> e uma união somente<br />
física. Quando satisfeito, per<strong>de</strong>-se o interesse pelo objeto concreto que lhe estava<br />
proporcionando e a pessoa busca novos e sucessivos objetos <strong>de</strong> prazer. O amor é<br />
uma atração pela pessoa inteira do homem ou da mulher. O amor é uma tendência,<br />
primordialmente incorpórea, imaterial. É a dar-se ao outro, prolongar-se no ser<br />
amado. É doação total <strong>de</strong> si mesmo, sem reservar-se em nada. No amor,<br />
estabelece-se uma relação entre dois interiores. É um movimento reflexivo e<br />
voluntário até o outro, é interessar-se pelo ser pessoal do outro e caminhar<br />
<strong>de</strong>cididamente até seu encontro. O amor é, por sua essência, eleição, preferência<br />
por uma <strong>de</strong>terminada pessoa e ten<strong>de</strong> ao exclusivismo. Busca a estabilida<strong>de</strong> e não<br />
se resigna a ser passageiro. Ele não se <strong>de</strong>ve a uma exigência imposta e sim, a uma<br />
inclinação natural. É uma eleição livre que proce<strong>de</strong> da inteligência e da vonta<strong>de</strong>. O<br />
querer sensível expressa <strong>de</strong>sejos, apetites e sentimentos <strong>de</strong> mútua atração que<br />
provém somente das qualida<strong>de</strong>s que se vê no ser amado, através <strong>de</strong> dados que nos<br />
proporcionam os sentidos. É um querer baseado somente no conhecimento<br />
sensível, o que se encontra em um plano inferior ao querer racional 105 .
47<br />
3.5 A REVOLUÇÃO SEXUAL<br />
A socieda<strong>de</strong> sempre esperou que as mulheres transmitissem os valores<br />
sociais <strong>de</strong> uma geração para a outra. Mas talvez isso po<strong>de</strong> não ter mais valida<strong>de</strong> em<br />
vista das mudanças nos papéis femininos que ocorreram principalmente a partir <strong>de</strong><br />
1970 26 .<br />
O movimento feminista <strong>de</strong>stinado a conseguir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos sociais<br />
e políticos da mulher nasceu na Europa. As idéias feministas tiveram início na<br />
França, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época da Revolução Francesa (1791). O objetivo inicial <strong>de</strong>sse<br />
movimento era projetar a mulher na vida pública, o que é totalmente correto e justo,<br />
visto que a mulher apresenta a mesma dignida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> do homem no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> e promoção do bem comum. Entretanto, ao<br />
<strong>de</strong>sejarem equiparar-se aos homens, chegou-se ao extremo <strong>de</strong> muitas mulheres<br />
enten<strong>de</strong>rem que têm o direito <strong>de</strong> assumir os erros <strong>de</strong> comportamento do sexo<br />
oposto, como se fossem vantagens <strong>de</strong>stes. Ao invés <strong>de</strong> lutarem para melhorar os<br />
maus hábitos masculinos, resolveram imitá-los 106 . ―O princípio da igualda<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />
extrapolar-se e per<strong>de</strong>r o equilíbrio quando se confun<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> (<strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
direitos e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s) com dissolução da diversida<strong>de</strong>‖ 34 .<br />
Aí temos como exemplo o sexo <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s e<br />
conseqüências (representado pela <strong>de</strong>fesa ao uso <strong>de</strong> contraceptivos, divórcio,<br />
aborto), a grosseria <strong>de</strong> maneiras, completa ausência <strong>de</strong> pudor e vícios como uso <strong>de</strong><br />
álcool, drogas e jogos. Como conseqüência <strong>de</strong>sse novo modo <strong>de</strong> atuar também<br />
começou a haver uma <strong>de</strong>preciação lenta e progressiva da família. Algumas mulheres<br />
conteporâneas não aceitam os trabalhos domésticos e os filhos, argumentando que<br />
isso po<strong>de</strong>ria diminuir a sua liberda<strong>de</strong> na utilização do tempo. Muitas mulheres<br />
começaram a se comportar <strong>de</strong> maneira egoísta, valorizando apenas sua ascensão
48<br />
profissional e a aparência física, cultuando o dinheiro e o bem estar. Porém, se as<br />
mulheres pensaram que se igualaram aos homens estão enganadas, pois os<br />
mesmos homens que se julgavam no direito <strong>de</strong> dominar e subjugar a mulher,<br />
encontraram nesse feminismo um novo meio <strong>de</strong> continuar esse domínio 106 . No<br />
fundo <strong>de</strong> toda a ―libertação‖ sexual opera um fator oculto, um medo ao compromisso,<br />
juntamente com o claro <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazer 25 . ―Se a mulher se homogeneíza com o<br />
homem ou o homem com a mulher, os dois ficam <strong>de</strong>sorientados e não sabem como<br />
se relacionar‖ 34 .<br />
A mudança social mais impressionante e <strong>de</strong> mais longo alcance da segunda<br />
meta<strong>de</strong> do século XX, e que nos isola <strong>de</strong>finitivamente do mundo do passado, é a<br />
morte do campesinato. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial só havia um país<br />
além da Grã-Bretanha, on<strong>de</strong> a agricultura e a pesca empregavam menos <strong>de</strong> 20% da<br />
população, a Bélgica. Mesmo na Alemanha e nos EUA, as maiores economias<br />
industriais da época, a população agrícola, apesar <strong>de</strong> estar em franco <strong>de</strong>clineo,<br />
ainda equivalia mais ou menos a um quarto dos habitantes. Na França, Suécia e<br />
Áustria, ainda estava entre 35 e 40%. Quanto aos países agrários atrasados –<br />
digamos, na Europa, a Bulgária e a Romênia -, cerca <strong>de</strong> quatro em cinco habitantes<br />
trabalhavam na terra 107 .<br />
No início da década <strong>de</strong> 1980 nenhum país na Europa Oci<strong>de</strong>ntal, com<br />
exceção da República da Irlanda e dos Estados Ibéricos, tinha mais <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> sua<br />
população na ativida<strong>de</strong> agrícola. No Japão os camponeses foram reduzidos <strong>de</strong><br />
52,4% da população em 1947 a 9% em 1985. Na América Latina, a percentagem <strong>de</strong><br />
camponeses se reduziu à meta<strong>de</strong> em vinte anos na Colômbia (1951-73), no México<br />
(1960-80) e – quase – no Brasil (1960-80). Caiu em dois terços, ou quase isso, na<br />
República Dominicana (1960-81), Venezuela (1961-81) e Jamaica (1953-81). A
49<br />
situação era semelhante nos países do islã oci<strong>de</strong>ntal. O número <strong>de</strong> agricultores na<br />
Argélia diminuiu <strong>de</strong> 75% da população para 20%; na Tunísia, <strong>de</strong> 68% para 23% em<br />
pouco mais <strong>de</strong> trinta anos; o Irã caiu <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 55% <strong>de</strong> camponeses em meados<br />
da década <strong>de</strong> 1950 para 29% em meados da <strong>de</strong> 1980, isso só para citar alguns<br />
exemplos.<br />
Só três regiões do Globo permaneceram essencialmente dominadas por<br />
al<strong>de</strong>ias e campos: a África subsaariana, o sul e o su<strong>de</strong>ste da Ásia continental e a<br />
China.<br />
Quando o campo se esvazia, as cida<strong>de</strong>s se enchem. Na Ásia, multiplicaramse<br />
as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> muitos milhões <strong>de</strong> habitantes, normalmente as capitais. Seul<br />
(Coréia do Sul), Teerã (Irã), Karachi (Paquinstão), Jacarta (Indonésia), Manila<br />
(Filipinas), Nova Délhi (Índia), Bancoc (Tailândia), todas tinham entre cinco e oito<br />
milhões <strong>de</strong> habitantes em 1980. Em 1950, nenhuma <strong>de</strong>las, com exceção <strong>de</strong> Jacarta,<br />
tinha mais que cerca <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> habitantes. As maiores aglomerações urbanas<br />
no fim da década <strong>de</strong> 1980 eram encontradas nos países do Terceiro Mundo: Cairo,<br />
Cida<strong>de</strong> do México, São Paulo e Xangai, cujas populações se contavam na casa das<br />
<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões 107 .<br />
Do início da década <strong>de</strong> 20 até o final dos anos 70 vimos uma revolução nas<br />
atitu<strong>de</strong>s e no comportamento sexual. Uma das maiores mudanças foi a maior<br />
aprovação e tolerância com o sexo antes do casamento, principalmente num<br />
relacionamento sem comprometimento. Essa onda <strong>de</strong> liberação sexual po<strong>de</strong> ter atingido<br />
o seu máximo e po<strong>de</strong> agora estar até em refluxo; mas, enquanto isso, os adolescentes<br />
<strong>de</strong> hoje, assim como o restante da população, são sexualmente mais ativos<br />
e aceitam mais a ativida<strong>de</strong> sexual. Isso se aplica principalmente às meninas 26 .
50<br />
Até a Segunda Guerra Mundial, a vasta maioria da humanida<strong>de</strong> partilhava<br />
certo número <strong>de</strong> características, como a existência <strong>de</strong> casamento formal com<br />
relações sexuais privilegiadas para os cônjuges (o adultério era universalmente<br />
tratado como crime); a superiorida<strong>de</strong> dos maridos em relação às esposas 11 e dos<br />
pais em relação aos filhos, assim como às gerações mais jovens. Uma família<br />
nuclear – um casal com filhos – estava geralmente presente em alguma parte,<br />
mesmo quando o grupo ou família co-resi<strong>de</strong>nte ou cooperante era muito maior 108 .<br />
Des<strong>de</strong> então, as profundas mudanças sociais e culturais pelas quais<br />
atravessou a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ram origem a importantes transformações na estrutura e<br />
na vida das famílias, provocando a passagem da família patriarcal para a família<br />
nuclear. A família patriarcal, característica do ambiente agrícola, era normalmente<br />
uma família ampliada, formada pelo conjunto coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> vários núcleos<br />
familiares morando sob um mesmo teto, em torno <strong>de</strong> um mesmo patrimônio e sob a<br />
autorida<strong>de</strong> comum do chefe da família. Era mais uma união <strong>de</strong> diversas famílias do<br />
que uma união <strong>de</strong> pessoas, tinha auto-suficiência cultural, educativa e até<br />
econômica. O fenômeno da industrialização e da urbanização levou a formação <strong>de</strong><br />
unida<strong>de</strong>s familiares menores. Surgiu assim a família nuclear, composta normalmente<br />
pelos cônjuges e filhos (normalmente até 3 filhos). Assim a família per<strong>de</strong>u funções<br />
sociais, educativas e econômicas, que lhe garantiam estabilida<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong>scobriu, ao<br />
preço <strong>de</strong> uma maior fragilida<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong>, o seu novo modo <strong>de</strong> ser, mais<br />
autêntico, como lugar <strong>de</strong> relações interpessoais baseadas no amor e na livre<br />
escolha. Trouxe ainda junto consigo um maior índice <strong>de</strong> solidão dos cônjuges à<br />
mercê <strong>de</strong> seus problemas afetivos e educativos, e muitas vezes a exclusão dos<br />
idosos <strong>de</strong> papéis familiares reconhecidos e significativos 109 .<br />
11 Nas famílias patriarcais.
51<br />
Contudo, na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, esses arranjos básicos da<br />
recém formada família nuclear começaram a mudar com gran<strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z, pelo menos<br />
nos países oci<strong>de</strong>ntais ditos <strong>de</strong>senvolvidos, embora <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sigual mesmo <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong>stas regiões. Tornava-se popular mais uma novida<strong>de</strong>, o divórcio, com<br />
repercussões importantes sobre a estrutura familiar e social. Assim, na Inglaterra e<br />
no País <strong>de</strong> Gales, em 1938 houve um divórcio para cada 58 casamentos, mas em<br />
meados da década <strong>de</strong> 1980, a proporção era um divórcio para cada 2,2 casamentos.<br />
Além disso, po<strong>de</strong>mos ver a aceleração <strong>de</strong>ssa tendência nos <strong>de</strong>svairados anos 60.<br />
No fim da década <strong>de</strong> 1970, houve mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z divórcios para cada mil casais<br />
casados na Inglaterra e Gales, ou cinco vezes mais que em 1961 108 .<br />
Essa tendência <strong>de</strong> modo nenhum se restringia à Grã-Bretanha. Na Bélgica,<br />
França e Países Baixos, o índice bruto <strong>de</strong> divórcios (número anual <strong>de</strong> divórcios por<br />
mil habitantes) praticamente triplicou entre 1970 e 1985 110,111 .<br />
As mulheres na década <strong>de</strong> 1970 mostravam uma substancial diminuição no<br />
casamento formal e uma redução no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter filhos 108 . Nas últimas décadas a<br />
liberda<strong>de</strong> sexual cresceu ante as invenções dos anticoncepcionais físicos e<br />
químicos, favorecendo especialmente as relações pré-matrimoniais: a pílula e o<br />
aborto eram apregoados como garantias <strong>de</strong> ―sexo seguro‖. Os resultados<br />
mostraram-se <strong>de</strong>sastrosos, pois ao invés <strong>de</strong> propiciar a felicida<strong>de</strong> e bem-estar em<br />
jovens e adultos, tornou-se fonte <strong>de</strong> graves <strong>de</strong>sventuras 112,167 . ―Nas relações prématrimoniais,<br />
não haverá porventura uma enorme, embora oculta dose <strong>de</strong> medo a<br />
comprometer-se com uma mulher ou com um homem?‖ 25 .<br />
O século XX foi muito profícuo em alterações na estrutura familiar. Outro<br />
ineditismo que gradativamente torna-se mais popular são as chamadas famílias <strong>de</strong><br />
fato. Por essa expressão enten<strong>de</strong>-se a família fundada em uniões livres <strong>de</strong> fato, quer
52<br />
dizer, em convivências entre homem e mulher não reconhecidas publicamente, seja<br />
do ponto <strong>de</strong> vista civil ou religioso. Trata-se <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> vida conjugal e <strong>de</strong><br />
parentesco, representadas na maioria das vezes pelas coabitações juvenis. Em todo<br />
o mundo oci<strong>de</strong>ntal, um número cada dia maior <strong>de</strong> jovens convive como marido e<br />
mulher antes do matrimônio ou mesmo sem nenhuma perspectiva do matrimônio.<br />
Por outro lado, as convivências não juvenis surgem na maioria das vezes como<br />
conseqüência da separação ou do divórcio 109 .<br />
O número <strong>de</strong> pessoas vivendo sós também aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />
Na Grã-Bretanha on<strong>de</strong> o número permaneceu estável no primeiro terço do século<br />
XX (6% <strong>de</strong> todas as casas), subiu suavemente daí em diante, até a década <strong>de</strong> 1960.<br />
Contudo, entre 1960 e 1980, a porcentagem quase duplicou <strong>de</strong> 12% para 22% <strong>de</strong><br />
todas as casas, e em 1991 era mais <strong>de</strong> um quarto 113 . Em muitas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />
oci<strong>de</strong>ntais, elas somavam cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as casas. Por outro lado, a<br />
família oci<strong>de</strong>ntal nuclear clássica, o casal casado com filhos, estava em visível<br />
retração. Nos EUA, essas famílias caíram <strong>de</strong> 44% <strong>de</strong> todas as casas para 29% em<br />
20 anos (1960-80). Na Suécia quase meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os partos em meados da<br />
década <strong>de</strong> 1980 foi <strong>de</strong> mães solteiras. Mesmo nos países <strong>de</strong>senvolvidos on<strong>de</strong> ainda<br />
formavam mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as casas em 1960 (Canadá, Alemanha Fe<strong>de</strong>ral,<br />
Países Baixos, Grã-Bretanha), eram agora uma clara minoria 113 .<br />
As principais inovações que começaram a transformar o mundo assim que a<br />
II Guerra Mundial terminou talvez tenham sido as do setor químico e far-macêutico.<br />
Seu impacto na <strong>de</strong>mografia dos Países em Desenvolvimento 12<br />
foi imediato. A<br />
revolução sexual no Oci<strong>de</strong>nte, nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, se tornou possível em<br />
parte em função dos antibióticos, <strong>de</strong>sconhecidos antes da Segunda Guerra Mundial,<br />
12 Na época eram <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> países do Terceiro Mundo.
53<br />
que pareceram eliminar os riscos da promiscuida<strong>de</strong>, tornando as doenças venéreas<br />
facilmente curáveis, e da pílula anticoncepcional, cuja disponibili-da<strong>de</strong> se ampliou na<br />
década <strong>de</strong> 1960. O risco, no entanto, no campo sexual, ia retornar na década <strong>de</strong><br />
1980, com o advento <strong>de</strong> uma nova doença, a AIDS 113 .<br />
Na década <strong>de</strong> 1960 teve inicio o reflorescimento do feminismo. Nos países<br />
on<strong>de</strong> se realizavam eleições, as mulheres em toda a parte do mundo haviam<br />
adquirido o direito <strong>de</strong> voto na década <strong>de</strong> 1960 com exceção <strong>de</strong> alguns Estados<br />
islâmicos e, um tanto curiosamente, da Suíça 113 .<br />
Muitos adolescentes vivem atualmente em famílias que são muito diferentes<br />
das famílias <strong>de</strong> algumas décadas atrás. A maioria das mães trabalha fora <strong>de</strong> casa, e<br />
as crianças muitas vezes cuidam <strong>de</strong> si mesmas <strong>de</strong>pois da escola. Muitos jovens<br />
vivem com pais solteiros ou segundas famílias. Muitas famílias enfrentam<br />
dificulda<strong>de</strong>s econômicas severas, que abalam a estrutura familiar 26 .<br />
Outra gran<strong>de</strong> mudança nos relacionamentos ocorreu quando os jovens<br />
adotaram a prática do ―ficar‖, nas décadas <strong>de</strong> 80 e 90. Em lugar <strong>de</strong> namoros,<br />
passaram a trocar beijos e carícias sem compromisso. É isso que vem ditando o<br />
rumo das relações afetivas neste início <strong>de</strong> século, ao menos no Brasil 114 .<br />
A revolução sexual, se bem que contribuiu para uma maior informação para<br />
a sexulaida<strong>de</strong>, também reduziu a relação sexual a uma experiência <strong>de</strong> prazer,<br />
fragilizando as <strong>de</strong>mais dimensões da sexualida<strong>de</strong> humana. Ao centrar-se<br />
<strong>de</strong>masiadamente no ato sexual e no prazer resultante, diminui-se a verda<strong>de</strong>ira<br />
dignida<strong>de</strong> da sexualida<strong>de</strong> humana. O prazer sexual tornou-se um ―ídolo‖ ao qual se<br />
sacrifica outros valores 93 .<br />
A revolução sexual e ―liberação sexual‖ propugnam principalmente a procura<br />
do maior prazer sexual através da libertação <strong>de</strong> qualquer limite ou norma moral que
54<br />
impeça <strong>de</strong> conseguí-lo, justificando assim o prazer pelo prazer e dissociando-o <strong>de</strong><br />
qualquer finalida<strong>de</strong> superior. Suas principais conseqüências são: o <strong>de</strong>svirtuamento<br />
do sentido do amor conjugal e da sua estabilida<strong>de</strong>, a perda do sentido da família e<br />
da responsabilida<strong>de</strong> pela educação dos filhos, justificação <strong>de</strong> todo o tipo <strong>de</strong><br />
comportamento no terreno sexual, a qualificação <strong>de</strong> ―formas alternativas‖ <strong>de</strong><br />
satisfação sexual para as formas aberrantes <strong>de</strong> exercer a sexualida<strong>de</strong>, movimentos<br />
homossexuais e feministas, além do sexo puramente recreativo e também a<br />
proliferação da pornografia 91 . A revolução sexual trouxe também maior aceitação da<br />
homossexualida<strong>de</strong> 26,115 .<br />
3.6 A EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE<br />
O termo ―educação sexual‖ foi utilizado pela primeira vez em 1912 na<br />
Conferência Internacional <strong>de</strong> Higiene, ao pedir que fosse incluída nos programas<br />
para a juventu<strong>de</strong>. ―Educação da sexualida<strong>de</strong>‖ é um termo mais apropriado que<br />
―educação sexual‖, em virtu<strong>de</strong> da sua vinculação a todas as manifestações da<br />
pessoa humana 25 .<br />
No princípio era uma forma <strong>de</strong> dar resposta aos problemas sociais postos<br />
pelas mães solteiras, à gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada e a proliferação das DST. A isso se<br />
acrescentou um sentido mais positivo como resposta à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a<br />
educação inclua a consi<strong>de</strong>ração da sexualida<strong>de</strong> como elemento <strong>de</strong> formação<br />
humana 25 . O ser humano precisa ser educado para viver como tal. Se não é assim,<br />
vive mal preparado. Somente através da boa educação que o homem é capaz <strong>de</strong><br />
usar bem da liberda<strong>de</strong> que possui. A boa educação consiste em adquirir não<br />
somente os conhecimentos necessários, mas também os costumes ou hábitos que
55<br />
permitem ao homem viver bem, dignamente, assegurando-lhe a coerência entre o<br />
que quer e o que po<strong>de</strong> fazer 177 . A educação sexual, ou educação da sexualida<strong>de</strong><br />
(modo mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> expressão), <strong>de</strong>ve ser entendida como uma tarefa que<br />
ensine aos jovens o verda<strong>de</strong>iro sentido da sexualida<strong>de</strong>, levando-se em consi<strong>de</strong>ração<br />
a ida<strong>de</strong> e psicologia própria <strong>de</strong> cada jovem e os direitos inalienáveis dos pais nesta<br />
matéria 91 .<br />
É um erro comum no processo educativo atual consi<strong>de</strong>rar a sexualida<strong>de</strong><br />
como algo puramente biológico 26 . A educação sexual não po<strong>de</strong> ser reduzida a uma<br />
informação sobre os métodos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>. Deve trazer uma<br />
consciência clara e correta sobre a dignida<strong>de</strong> da sexualida<strong>de</strong> e sobre a<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser transmissora da vida 93 .<br />
Existem três pressupostos antropológicos que são fundamentais para a<br />
educação da sexualida<strong>de</strong>:<br />
a) há uma unida<strong>de</strong> substancial da pessoa humana que é formada por<br />
Corpo e Alma <strong>de</strong> modo inseparável;<br />
b) há uma integração <strong>de</strong> todas as dimensões que tem a natureza humana,<br />
Física, Psíquica e Espiritual. Todo o comportamento humano será<br />
a<strong>de</strong>quado ou não conforme a integração <strong>de</strong>ssas três dimensões. A<br />
integrida<strong>de</strong> é a or<strong>de</strong>m pela qual as partes se harmonizam entre si<br />
constituindo uma unida<strong>de</strong>.<br />
c) assim como a lei da gravida<strong>de</strong> rege todos os corpos, existe uma lei<br />
natural que rege toda a dinâmica humana;<br />
Para educar a sexualida<strong>de</strong> é necessário antes educar a afetivida<strong>de</strong>. O amor<br />
maduro exige domínio próprio. Ascen<strong>de</strong> do mundo elementar, amor imaturo, do<br />
mero prazer, até o mundo racional e imaterial em que o homem encontra a sua
56<br />
plena dignida<strong>de</strong>. É necessária a <strong>de</strong>terminação da vonta<strong>de</strong>, o mero sentimento não<br />
basta, ou seja, tem-se que apreen<strong>de</strong>r a cultivar o amor. Imprescindível que se<br />
eduque o coração dos jovens (dos adultos também) para a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Amores<br />
maduros são sempre amores fiéis 96 . É importante que o jovem compreenda que o<br />
amor não é um mero sentimento. O sentimento é passageiro e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>masiadamente <strong>de</strong> circunstâncias externas que po<strong>de</strong>m mudar. O autêntico amor é<br />
estável e permanente 91 .<br />
No que concerne à educação da sexualida<strong>de</strong> das crianças e adolescentes,<br />
faz-se didaticamente uma divisão <strong>de</strong> funções. Divi<strong>de</strong>-se em papel da família, da<br />
escola, dos médicos e do po<strong>de</strong>r público. Cada qual atuará <strong>de</strong> acordo com as suas<br />
capacida<strong>de</strong>s e facilida<strong>de</strong>s próprias para manejar esse tema. No entanto, percebe-se<br />
claramente que todos <strong>de</strong>vem estar voltados para um mesmo objetivo, do contrário<br />
continuará havendo uma gran<strong>de</strong> confusão na mente ainda em formação do jovem.<br />
Cabe aos pais <strong>de</strong>finir como será a linha mestra que guiará tais princípios educativos.<br />
Um tema recorrente ao adolescente é: ―Quem sou eu?‖. Essa pergunta<br />
abrange todos os aspectos do <strong>de</strong>senvolvimento 26 . O instinto sexual hipertrofia-se<br />
facilmente, ten<strong>de</strong>ndo a ocupar o espaço <strong>de</strong>ixado quando há um vácuo existencial 94 .<br />
Embora presente nas crianças mais jovens, é na adolescência que a<br />
tendência sexual <strong>de</strong> uma pessoa geralmente se expressa: se aquela pessoa terá<br />
interesse sexual, romântico e afetivo consistente por pessoas do outro sexo<br />
(heterossexual) ou por pessoas do mesmo sexo (homossexual) 26,115 . Há, no<br />
entanto, homens e mulheres com sentimentos homossexuais que querem seguir um<br />
caminho diferente. A crença <strong>de</strong> que a homossexualida<strong>de</strong> é inata está muito<br />
arraigada, porém pouco comprovada. Os psiquiatras americanos ten<strong>de</strong>m a ver a<br />
homossexualida<strong>de</strong> como conseqüência <strong>de</strong> um bloqueio do <strong>de</strong>senvolvimento psico-
57<br />
sexual do indivíduo, atribuindo pouca importância a causas físicas ou hereditárias. É<br />
importante que o adolescente saiba que a homossexualida<strong>de</strong> não é como uma<br />
con<strong>de</strong>nação vitalícia, ela po<strong>de</strong> ser entendida e po<strong>de</strong> ser curada. Deve-se dar ao<br />
jovem com sensações homossexuais a esperança <strong>de</strong> mudar 115 .<br />
A orientação correta para o exercício da sexualida<strong>de</strong> torna-se<br />
imprescindível. A sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser entendida como um item a mais no processo<br />
educativo, não o mais importante, mesmo na adolescência, on<strong>de</strong> as alterações<br />
hormonais e anatômicas estão explodindo a flor da pele 20 . A indisciplina sexual<br />
<strong>de</strong>sfaz as famílias, rompe os laços humanos mais <strong>de</strong>licados, cria e fomenta a<br />
marginalização, atrapalha o amadurecimento das pessoas, é causa <strong>de</strong> paixões<br />
incontroladas, amarguras, receios, ódios, violências e interfere na vida econômica,<br />
na medida em que <strong>de</strong>strói uma das suas unida<strong>de</strong>s, a família 177 .<br />
Vivemos em uma socieda<strong>de</strong> erotizada, on<strong>de</strong> os jovens recebem mensagens<br />
dúbias sobre o que é bom ou ruim em relação ao sexo. Além do que há certa<br />
permissivida<strong>de</strong> negligente no ar 116 .<br />
Em não poucos ambientes há um clima <strong>de</strong> permissivida<strong>de</strong> ou até <strong>de</strong><br />
promiscuida<strong>de</strong>, que quando não é <strong>de</strong>vidamente evitado é perfeitamente capaz <strong>de</strong><br />
induzir alguns jovens a aceitá-lo como normal. Os adolescentes, mais que os mais<br />
velhos, po<strong>de</strong>m confundir o comum e habitual em normal. Uma verda<strong>de</strong>ira confusão<br />
ocorre na cabeça <strong>de</strong>sses jovens que diante da socieda<strong>de</strong> hedonista em que vivemos<br />
hoje, cria a imagem <strong>de</strong> que sexo é apenas uma ―brinca<strong>de</strong>ira gostosa‖, sem vínculos,<br />
compromissos, respeito ou sentimentos 117 .<br />
Educar para a sexualida<strong>de</strong> sem mencionar o verda<strong>de</strong>iro sentido do amor é<br />
impossível 20 . A educação sexual faz parte da educação global 97 . A boa educação<br />
ensina a viver a sexualida<strong>de</strong> em toda a sua dignida<strong>de</strong> humana 25 . É profundamente
58<br />
lamentável que se limite, na área <strong>de</strong> formação sexual, a informar sobre fisiologia e<br />
anatomia, como se aquilo pertencesse a qualquer animal <strong>de</strong>svinculado da razão<br />
humana. Mais grave ainda é quando se restringe a esfera sexual a evitar riscos <strong>de</strong><br />
doenças sexualmente transmissíveis. Numa visão mais grotesca, quando a<br />
educação sexual já parte do conhecimento dos métodos anticoncepcionais! E, por<br />
fim, é catastrófico quando se consi<strong>de</strong>ra a sexualida<strong>de</strong> como o ―eu me sinto feliz‖,<br />
totalmente <strong>de</strong>svinculado do outro, fomentando o egoísmo do prazer pessoal em<br />
contraposição ao amor compartilhado 117 . É <strong>de</strong>masiado simplista pensar que basta o<br />
conhecimento para modificar a conduta dos seres humanos. Métodos <strong>de</strong> educar a<br />
sexualida<strong>de</strong> como os acima <strong>de</strong>scritos se espalharam pelo mundo, e com a sua<br />
extensão, foi-se comprovando a sua ineficácia. Estudos realizados na Inglaterra em<br />
1971, seguidos por outros nos EUA no ano seguinte concluíram que a informação<br />
escolar sobre os problemas, nos quais também não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar a influência<br />
excessiva da mídia, constitui um incentivo que aciona a curiosida<strong>de</strong> e a tendência a<br />
realizar os atos sexuais que se tenta evitar 25 .<br />
Os adolescentes precisam adotar valores e assumir compromissos. Eles<br />
precisam formar laços íntimos com moças e rapazes <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong> e serem amados<br />
e respeitados pelo que são e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m 26 . Isso significa que eles têm que <strong>de</strong>scobrir<br />
o que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m 26,94 . A sua conduta <strong>de</strong>ve passar <strong>de</strong> ser guiada pelos impulsos e ser<br />
guiada pela razão 177 .<br />
Por intermédio da educação da sexualida<strong>de</strong> tenta-se criar a consciência <strong>de</strong><br />
que a or<strong>de</strong>m sexual consiste em submeter os impulsos sexuais às normas da vida<br />
humana, fortalecendo a idéia <strong>de</strong> que, quando o impulso sexual segue os seus<br />
caprichos e exigências particulares, tiraniza e rebaixa o homem. A educação da
59<br />
sexualida<strong>de</strong> se manifesta em dois aspectos: como iluminação da inteligência e como<br />
fortalecimento da vonta<strong>de</strong> 26 .<br />
Em suma, a educação da sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser:<br />
a) uma educação mais para o ser do que para o fazer ou ter;<br />
b) uma educação para a formação da autoconsciência e dos próprios<br />
valores internos;<br />
c) uma educação para a troca;<br />
d) uma educação para a liberda<strong>de</strong>;<br />
e) uma educação para o amor;<br />
f) uma educação para a vida.<br />
Esta educação precisa estar baseada na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e <strong>de</strong><br />
troca entre o educador e o educando e na comunicação horizontal, não vertical<br />
como o objetivo <strong>de</strong> encontrar várias soluções para os múltiplos problemas. Dessa<br />
forma, não existe uma fórmula única e pronta <strong>de</strong> atuação, não se po<strong>de</strong>ndo recuar<br />
diante da dificulda<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> educar. Essa é a única saída para uma<br />
sexualida<strong>de</strong> com liberda<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> com o resgate do respeito, do amor,<br />
do outro e <strong>de</strong> si mesmo 118 .<br />
3.6.1 A educação da sexualida<strong>de</strong> na família<br />
Em uma pesquisa em 2003 on<strong>de</strong> foram entrevistados dois mil jovens, com<br />
ida<strong>de</strong> entre 15 e 25 anos, <strong>de</strong> todos os estados do Brasil, apresentou que enquanto<br />
46% <strong>de</strong>sses jovens têm na televisão a sua principal fonte <strong>de</strong> infor-mações e<br />
esclarecimentos sobre a sexualida<strong>de</strong>, apenas 22% disseram o mesmo sobre os pais<br />
e 11% afirmaram ter esse tipo <strong>de</strong> orientação com seu médico 119 .
60<br />
A família é a primeira comunida<strong>de</strong> humana, caracterizada por uma<br />
homogeneida<strong>de</strong> fundamental, biológica, psicológica, afetiva e cultural. É a célula<br />
primária e fundamental da socieda<strong>de</strong>, formada pelos cônjuges e seus filhos e<br />
eventualmente pelos ascen<strong>de</strong>ntes e aparentados que moram juntos 120 .<br />
A família, que <strong>de</strong>veria ser a fonte e sustendo <strong>de</strong> toda autorida<strong>de</strong>, vem<br />
passando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX por uma verda<strong>de</strong>ira crise <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, que<br />
se reflete na socieda<strong>de</strong>. À medida que os pais foram abandonando a sua função<br />
educativa e <strong>de</strong>legando cada vez mais esse po<strong>de</strong>r ao sistema escolar foi se tornando<br />
cada vez mais freqüente e cada vez mais precoce uma crise <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> nos<br />
adolescentes, o que era incomum há um século atrás 121 .<br />
Os pais precisam ajudar os filhos adolescentes a terem melhor aceitação e<br />
apreço por sua própria pessoa e a apren<strong>de</strong>rem a controlar suas próprias emoções e<br />
sentimentos. Chama a atenção certa tendência que muitos jovens têm a atuar em<br />
consonância com o ambiente que os cerca, o que torna os adolescentes mais<br />
suscetíveis ao álccol, às drogas e a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m sexual 121 .<br />
Outra característica dos adolescentes, para a qual os pais <strong>de</strong>vem estar<br />
atentos, é a ―pressa para viver‖. Os jovens po<strong>de</strong>m ter uma pressa exagerada para<br />
provar tudo, para ter todo o tipo <strong>de</strong> experiências e exigem que seus caprichos sejam<br />
satisfeitos imediatamente, como se fossem direitos seus 121 .<br />
A responsabilida<strong>de</strong> na orientação dos jovens, incluindo-se a orientação da<br />
sexualida<strong>de</strong>, correspon<strong>de</strong> em primeiro lugar aos pais, sem que isso signifique<br />
esquecer a necessária colaboração dos professores e outros agentes. Isso porque<br />
esse tipo <strong>de</strong> educação entra diretamente no mundo dos valores, em que o fator<br />
principal é constituído pelas relações <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> 26 .
61<br />
Há duas palavras-chave para os pais na educação dos filhos: compreensão<br />
e firmeza 122 . A educação da sexualida<strong>de</strong> se apóia principalmente no binômio famílaescola.<br />
Os anos <strong>de</strong> adolescência dos filhos não são um período fácil para os pais 26 .<br />
A educação realiza-se através <strong>de</strong> relações interpessoais, que se dão na<br />
família em maior varieda<strong>de</strong>, continuida<strong>de</strong> e profundida<strong>de</strong>. Na família o homem forjase<br />
no sentido biológico e transcen<strong>de</strong>nte. É nela que se forma a pessoa, <strong>de</strong> que a<br />
sexualida<strong>de</strong> é um dos aspectos 25 .<br />
A adolescência traz incertezas e sentimentos <strong>de</strong>sencontrados.<br />
Posteriormente surge a atração pelas pessoas do sexo oposto. A perturbação, o<br />
<strong>de</strong>sconcerto e o prazer misturam-se na mente do adolescente. Face a essa situação,<br />
o jovem precisa mais da ajuda dos pais. Estes <strong>de</strong>vem falar com os filhos sobre o<br />
sentido e os problemas da sexualida<strong>de</strong> na vida humana 26 .<br />
Os pais são os primeiros educadores e é no lar que a educação se inicia.<br />
Qualquer ação educativa <strong>de</strong> seus filhos por pessoas alheias à família <strong>de</strong>ve contar<br />
com sua autorização e firmar-se como apoio, jamais como substituição. Este<br />
princípio geral tem especial importância no tocante à educação sexual. Os pais têm<br />
absoluta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer sua própria função educativa que é um direito e<br />
<strong>de</strong>ver, uma vez que ninguém, como eles próprios conhecem tão a fundo a personalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> seus filhos. A família é o melhor ambiente para assegurar uma gradual e<br />
efetiva educação da vida sexual porque possui uma carga afetiva a<strong>de</strong>quada para<br />
fazer assimilar sem traumas as realida<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>licadas, integrando-as harmonicamente<br />
em uma personalida<strong>de</strong> rica e equilibrada. Esta tarefa primária da família<br />
comporta aos pais o direito <strong>de</strong> que não se obrigue seus filhos a assistir na escola<br />
aulas que estejam em <strong>de</strong>sacordo com suas próprias convicções 123 .
Os pais <strong>de</strong>vem estar atentos e vigilantes, pois atualmente existe muita<br />
confusão a respeito da sexualida<strong>de</strong> humana, e como já visto, os adolescentes são<br />
especialmente vulneráveis a isto. Há muitos sofismas, muitas idéias preconcebidas,<br />
muitos conceitos distorcidos, que impe<strong>de</strong>m o jovem <strong>de</strong> ver as coisas com a<br />
serenida<strong>de</strong> necessária 177 .<br />
Nas socieda<strong>de</strong>s em que o consumismo e o materialismo substituíram os<br />
valores humanos, a pessoa é reduzida a simples coisa. Desta forma,<br />
―liberado‖ dos seios da família e da socieda<strong>de</strong>, o indivíduo isolado, vítima <strong>de</strong><br />
uma nova forma <strong>de</strong> alienação, torna-se suscetível a todas as formas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spotismo 124 .<br />
A idéia <strong>de</strong> que pais e adolescentes não se relacionam bem po<strong>de</strong>m ter<br />
origem na primeira teoria formal da adolescência do psicólogo G. Stanley Hall (1904-<br />
1916). Ele acreditava que os esforços dos jovens para se adaptar a seus corpos em<br />
transformação e às <strong>de</strong>mandas iminentes da ida<strong>de</strong> adulta anunciam um período <strong>de</strong><br />
―tormentas e <strong>de</strong>sgaste‖, o que inevitavelmente leva ao conflito entre gerações.<br />
Sigmund Freud também achava que o atrito entre pais e filhos era inevitável,<br />
originando-se da necessida<strong>de</strong> dos adolescentes <strong>de</strong> se libertar da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />
seus pais 125 . Entretanto, a antropóloga Margaret Mead (1928- 1935), ao estudar a<br />
adolescência nas culturas não-oci<strong>de</strong>ntais, concluiu que quando a cultura proporciona<br />
uma transição serena e gradual da infância à ida<strong>de</strong> adulta, a rebeldia adolescente<br />
não é comum 26 .<br />
Mais que uma cabeça bem cheia, um jovem <strong>de</strong>ve ter uma cabeça bem<br />
62<br />
formada<br />
97 . O compromisso dos pais em educar seus filhos implica<br />
responsabilida<strong>de</strong>s, não obstante os pais tenham o direito <strong>de</strong> escolher a educação<br />
que <strong>de</strong>sejam para os seus filhos 124 . Embora os adolescentes encarem os amigos<br />
como companheiros na luta por in<strong>de</strong>pendência, eles ainda se voltam aos pais para<br />
obter apoio e orientação 126 . Na verda<strong>de</strong>, os valores fundamentais da maioria dos
63<br />
adolescentes permanecem mais próximos dos valores <strong>de</strong> seus pais do que<br />
geralmente se imagina 26,126 .<br />
O modo pelo qual as pessoas pensam sobre questões morais reflete o seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento cognitivo 23 .<br />
A qualida<strong>de</strong> das relações familiares está intimamente associada à<br />
sexualida<strong>de</strong> do adolescente. Adolescentes provenientes <strong>de</strong> famílias com bom nível<br />
<strong>de</strong> comunicação, cordialida<strong>de</strong>, ternura, afeto, que acompanham e orientam os filhos<br />
são mais propensos a postergar o início da ativida<strong>de</strong> sexual 53,127,128 .<br />
Pesquisas recentes enfatizam a contribuição dos pais tanto na área cognitiva<br />
quanto na emocional 23 .<br />
A <strong>de</strong>ficiência na supervisão dos jovens está muito associada há vários<br />
comportamentos <strong>de</strong> risco 129 . Com menos supervisão dos pais, os adolescentes são<br />
mais suscetíveis à pressão dos amigos 26 . Uma pesquisa com 3.993 estudantes da<br />
primeira série do <strong>Ensino</strong> Médio em seis distritos escolares no sul da Califórnia, os<br />
quais tinham ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> origens étnicas e níveis socioeconômicos, constatou<br />
que os estudantes que não são supervisionados <strong>de</strong>pois da escola ten<strong>de</strong>m a fumar,<br />
beber, usar maconha ou envolver-se em outros comportamentos <strong>de</strong> risco; ficar<br />
<strong>de</strong>primidos e ter notas baixas. A falta <strong>de</strong> supervisão por si mesma não aumenta significativamente<br />
o risco <strong>de</strong> problemas contanto que os pais saibam on<strong>de</strong> estão seus<br />
filhos ou filhas. Quanto menos regularmente os pais monitoram as ativida<strong>de</strong>s dos<br />
filhos e quanto mais horas o jovem fica sem supervisão, maior o risco. A ausência <strong>de</strong><br />
supervisão parece ter os efeitos mais prejudiciais nas meninas, as quais <strong>de</strong> outra<br />
forma são menos inclinadas a problemas do que os meninos 26 . Algumas pesquisas<br />
constataram que crianças <strong>de</strong> famílias divorciadas têm menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem
64<br />
supervisionadas e, consequuentemente maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>svios<br />
<strong>de</strong> comportamento 26 .<br />
Em um estudo realizado em 1997, mais que 90% dos adolescentes<br />
entrevistados afirmaram que tinham recebido informações educativas sobre a AIDS<br />
nas escolas e um número significativo informou ter recebido também dos pais ou<br />
tutores 60 . Contudo o conteúdo da orientação dada nas escolas po<strong>de</strong> não transmitir a<br />
informação completa. As intervenções escolares normalmente não criam um vínculo<br />
pessoal e confi<strong>de</strong>ncial 50,51 . Nenhum outro organismo social tem todas as<br />
características da família, nem a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um forte vínculo entre seus<br />
membros, fundamentado na convivência, aceitação e amor mútuo. Os pais não<br />
po<strong>de</strong>m se dar ao luxo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidar a educação dos filhos, inclusive a educação<br />
sexual, visto que nenhum outro organismo social será capaz <strong>de</strong> substituí-los<br />
integralmente.<br />
No entanto, a maioria dos pais não dá a seus filhos informações suficientes<br />
sobre o sexo, e os jovens ainda obtêm gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> suas informações (e<br />
informações erradas) <strong>de</strong> amigos 26 . Numa pesquisa, 31% dos adolescentes,<br />
incluindo 28% daqueles que eram sexualmente ativos, nunca tinham conversado<br />
sobre sexo com os pais, e 42% disseram que ficavam muito nervosos ou temerosos<br />
para mencionar o assunto 26 .<br />
A ocasião oportuna para iniciar a educação sexual é quando os filhos<br />
perguntam. Quando não fazem perguntas (o que aflige a muitos pais), sempre se<br />
po<strong>de</strong> tentar criar as oportunida<strong>de</strong>s para conversar 97 . Os adolescentes que po<strong>de</strong>m<br />
falar com os pais sobre sexo têm melhores chances <strong>de</strong> evitar a gravi<strong>de</strong>z e outros<br />
riscos ligados à ativida<strong>de</strong> sexual 26 .
65<br />
O primeiro e importante passo é jamais se assustar com o que os filhos<br />
falam sobre qualquer tema, inclusive sobre sexo. Os pais <strong>de</strong>vem estar preparados<br />
para ouvir tudo, o que não significa concordar com tudo 20 . Durante a adolescência,<br />
é comum que os filhos pareçam ter passado uma borracha em certas condutas que<br />
antes pareciam sob controle 33 . É necessário que os pais e educadores fujam dos<br />
extremos. Sexo não é ―tabu‖ e nem ―ban<strong>de</strong>ira‖ 97 .<br />
Como disse o Santo Padre João Paulo II, na sua vinda ao Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
para o Segundo Encontro Mundial com as Famílias: ―O futuro da humanida<strong>de</strong> passa<br />
pela família!‖ 130 . A família é o microcosmo da socieda<strong>de</strong> 130 . É na família que se<br />
apren<strong>de</strong> a elaborar o projeto <strong>de</strong> vida 97 .<br />
A família é o segredo com que os pais po<strong>de</strong>m combater a influência negativa<br />
do ambiente e ajudar os filhos a serem felizes. Explicar, ensinar a diferença entre o<br />
verda<strong>de</strong>iro e o falso, informar, sensibilizar para as coisas que nos ro<strong>de</strong>iam. Preparar<br />
os filhos para escolherem por si próprios, proporcionando-lhes a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir<br />
corretamente 97 . Não é possível compreen<strong>de</strong>r a criança e o adolescente fora <strong>de</strong> seu<br />
contexto familiar 130 .<br />
O ambiente familiar é o lugar natural para transmitir valores, para promover a<br />
dignida<strong>de</strong> da mulher e do homem e do verda<strong>de</strong>iro significado <strong>de</strong>ssa relação afetiva e<br />
sexual. Assim sendo, enten<strong>de</strong>-se que a trajetória da realização pessoal do ser<br />
humano, no estágio da adolescência, exige uma ativa participação dos pais e<br />
educadores, que não se prenda apenas a uma clara apresentação dos fenômenos<br />
biológicos e emocionais da resposta sexual humana. Obviamente a informação é<br />
sempre necessária, porém, não preenche todas as exigências para um<br />
relacionamento como pôr exemplo: o significado e alcance das relações sexuais,<br />
concepção do amor e preparo para a formação <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> familiar 25 .
66<br />
A família <strong>de</strong>sempenha importante papel na sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus filhos<br />
através da transmissão <strong>de</strong> valores e atitu<strong>de</strong>s 131 . Por exemplo, há uma forte<br />
associação entre virginda<strong>de</strong> e família bem estruturada 132 . Em pesquisa com<br />
puérperas 13<br />
adolescentes, foi possível constatar que não ter pai efetivamente<br />
presente, especialmente do ponto <strong>de</strong> vista afetivo, é um fator <strong>de</strong> risco à sexualida<strong>de</strong><br />
precoce. Jovens que não receberam carinho e cuidado familiar cedo se engajam em<br />
relacionamento sexual <strong>de</strong>sprotegido, talvez para suprir uma carência emocional.<br />
Existe uma relação significativa entre as variáveis ter pai/mãe com qualida<strong>de</strong> e bom<br />
relacionamento com os filhos e não ser sexualmente ativo. A mesma relação se<br />
aplica entre virginda<strong>de</strong> e família biparental. Esses mesmos autores assinalam a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um enfoque verda<strong>de</strong>iramente eficaz nas relações familiares,<br />
enfatizando o fato <strong>de</strong> que todo trabalho <strong>de</strong> orientação em sexualida<strong>de</strong> e promoção<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> inclua a família. Sugerem que se criem estratégias para que se favoreça<br />
uma maior comunicação entre pais e filhos 82 .<br />
Um ponto importante é educar e fortalecer as virtu<strong>de</strong>s 20,97 . É fundamental<br />
educar a sexualida<strong>de</strong> em um sentido positivo, não apenas baseado em proibições,<br />
pois a vida tem um sentido positivo <strong>de</strong> pensamento e ação; rejeita o vazio e a<br />
negação exclusiva. Essa educação adquirirá caráter positivo se for vista como<br />
fomentadora <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s relacionadas com tendências sexuais. Uma das finalida<strong>de</strong>s<br />
da educação sexual é <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle racional das tendências<br />
sexuais. O sexo <strong>de</strong>ve ser apresentado no quadro do amor, on<strong>de</strong> ganha sentido na<br />
medida em que a vida na sua totalida<strong>de</strong> tem um sentido. Ligando a sexualida<strong>de</strong> ao<br />
amor na medida em que este é atuação da vonta<strong>de</strong> equivale a realçar a relação<br />
13 Período da vida da mãe que compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento do filho até o quadragésimo dia<br />
após.
67<br />
entre as tendências sexuais e os valores éticos, mas para que isso não seja etéreo,<br />
têm que ser projetado em virtu<strong>de</strong>s 133 .<br />
O relacionamento sexual pré-conjugal po<strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong> autoafirmação<br />
e liberda<strong>de</strong> da tutela paterna. Po<strong>de</strong>r-se-ia também questionar que os pais<br />
não estão preparados para oferecer uma educação afetiva e sexual aos filhos. Isto,<br />
porém, não <strong>de</strong>ve levá-los a culpável omissão <strong>de</strong> relegar obrigação tão grave a uma<br />
orientação impessoal e massiva que, pelo que se observa, também não está<br />
preparada para transmití-la. São os pais que <strong>de</strong>vem, com responsabilida<strong>de</strong> própria e<br />
intransferível, ir gradativamente adquirindo esses conhecimentos para passá-los, na<br />
sua <strong>de</strong>vida hora, aos seus filhos 134 .<br />
Alguns outros trabalhos também sugerem maneiras <strong>de</strong> lidar com o problema<br />
da sexualida<strong>de</strong> precoce, entre eles o programa intitulado ―Adiando o Envolvimento<br />
Sexual‖, on<strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> graus superiores foram preparados por quatro anos<br />
para conversarem com adolescentes da sétima série <strong>de</strong> seis escolas públicas sobre<br />
comunicação, auto-estima, anatomia e fisiologia da reprodução humana. Isso trouxe<br />
bons resultados, com notável redução da porcentagem <strong>de</strong> envolvimento sexual e<br />
gravi<strong>de</strong>z porque os adolescentes têm boa receptivida<strong>de</strong> quando as informações vêm<br />
<strong>de</strong> outros adolescentes 135 . Alguns autores preconizaram o incentivo ao trabalho em<br />
grupo, não só <strong>de</strong> adolescentes, mas também <strong>de</strong> pais e/ou familiares que teriam<br />
encontros quinzenalmente para discutir assuntos relativos à sexualida<strong>de</strong> 135,136 .<br />
Na educação sexual <strong>de</strong>vem-se evitar exemplos pessoais e fugir do<br />
naturalismo que muitos confun<strong>de</strong>m com naturalida<strong>de</strong>. O naturalismo não respeita o<br />
pudor próprio das crianças e adolescentes. O respeito à intimida<strong>de</strong> é um direito, e,<br />
portanto, ao evitar, por exemplo, trocar <strong>de</strong> roupas diante dos filhos ou tomar banho<br />
com eles, os pais estarão usando <strong>de</strong>sse direito, seu e dos filhos 97 .
68<br />
É preciso fugir também da pedagogia da sexualida<strong>de</strong> em termos ―angélicos‖,<br />
―botânicos‖ – os repolhos – ou ―zoológicos‖ – as cegonhas -, pois não somos anjos,<br />
plantas nem animais: somos seres humanos, dotados <strong>de</strong> uma inteligência que quer<br />
compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> que quer <strong>de</strong>cidir, <strong>de</strong> um coração que quer amar.<br />
Seres sexuados que necessitam conhecer o próprio corpo, como se nasce, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
se veio, para quê e como viver 97 .<br />
A educação sexual inclui também a moda. Os pais <strong>de</strong>vem supervisionar e<br />
orientar os adolescentes sobre o melhor modo <strong>de</strong> se vestirem 97 .<br />
A atual humanida<strong>de</strong> 14 ensina aos jovens que a última razão da existência<br />
<strong>de</strong>stes na história consiste na mera trivialida<strong>de</strong>, irresponsabilida<strong>de</strong>, comodismo,<br />
egoísmo e conveniências paternas, mercantis e políticas. Perante isso, vemos como<br />
expôs o filósofo alemão Pieper, que é preciso chegar à convicção <strong>de</strong> que, enquanto<br />
não atingirmos uma razão ou fundamentos absolutos, não será total e <strong>de</strong>finitiva a<br />
fundamentação do direito e da justiça. É preciso chegar a conclusão <strong>de</strong> que, <strong>de</strong><br />
outro modo, nunca será eficaz a exigência da justiça como fronteira que a vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ve respeitar necessariamente 137,138 .<br />
Em suma, fica claro o importante papel que a família (posteriormente se verá<br />
importância da escola) <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sempenhar na vida dos jovens. Nas relações entre<br />
pais e filhos <strong>de</strong>ve-se preservar um lado saudável que se traduz em qualida<strong>de</strong>s que<br />
<strong>de</strong>vem ser cultivadas, como o amor, a tolerância e o respeito mútuo.<br />
3.6.2 A educação da sexualida<strong>de</strong> na escola<br />
14 Humanida<strong>de</strong>: do Lat. humanitate. O conjunto dos homens; o gênero humano (Língua Portuguesa<br />
On-Line. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 5 mar. 2006.)
69<br />
A escola é a experiência organizadora central na vida da maioria dos<br />
adolescentes. Ela amplia os horizontes intelectuais e sociais 23 . No caso específico<br />
da educação da sexualida<strong>de</strong>, a escola, embora tenha uma função muito importante,<br />
<strong>de</strong>sempenha um papel co-adjuvante. Os pais não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>legar o ato principal da<br />
educação da sexualida<strong>de</strong>, embora possam (e às vezes é até fundamental) pedir<br />
ajuda 26 .<br />
No Brasil, apesar da maioria das adolescentes estarem recebendo aula <strong>de</strong><br />
educação sexual nas escolas, os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência continuaram<br />
aumentando, sugerindo que essa orientação não estaria alcançando seus objetivos<br />
62,139 . Talvez este problema não se <strong>de</strong>ve à <strong>de</strong>sinformação sexual, mas à<br />
<strong>de</strong>sinformação sócio-cultural. Muitas vezes os cursos <strong>de</strong> educação sexual só<br />
fornecem conhecimentos sobre questões referentes à fisiologia sexual e práticas<br />
contraceptivas, mostrando-se como uma política insuficiente e ineficaz para evitar as<br />
graves conseqüências que daí advém 140 .<br />
No que diz respeito ao papel da escola na formação e informação <strong>de</strong><br />
crianças, adolescentes e jovens, esta tem sido reconhecida como importante pólo<br />
integrador e organizador da comunida<strong>de</strong>, responsável pela socialização <strong>de</strong> crianças<br />
e adolescentes, sendo apontada como o local mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> preparação dos<br />
jovens para a vida em socieda<strong>de</strong> 141,142 . Adolescentes, quando questionados quanto<br />
ao local apropriado para discutir sobre sexualida<strong>de</strong>, apontam a escola como local<br />
i<strong>de</strong>al para discussões e troca <strong>de</strong> experiências 143,144 .<br />
Neste contexto, os professores têm sido i<strong>de</strong>ntificados como elementos<br />
envolvidos na construção do conhecimento coletivo, sendo formadores <strong>de</strong> opinião,<br />
os quais atuam como mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação para esses jovens, transmitindo-lhes<br />
noções <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, prática <strong>de</strong> inserção social e conceitos éticos <strong>de</strong>
70<br />
convívio social, complementando a educação familiar e os <strong>de</strong>mais aspectos <strong>de</strong><br />
preparação dos jovens para a vida adulta 145,143,144 .<br />
A institucionalização, nas escolas, <strong>de</strong> um espaço para discussão com<br />
adolescentes sobre aspectos relacionados ao seu <strong>de</strong>senvolvimento, vivências e<br />
responsabilida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> contribuir para a execução <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> educação em<br />
saú<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> informações a<strong>de</strong>quadas sobre os cuidados com a saú<strong>de</strong>, também<br />
po<strong>de</strong> possibilitar o questionamento, a discussão, a reflexão e o estabelecimento <strong>de</strong><br />
juízo <strong>de</strong> valores necessários ao pleno <strong>de</strong>senvolvimento psicossocial 143,146 . Quando<br />
os jovens têm problemas para estabelecer uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ocupacional, eles correm<br />
o risco <strong>de</strong> apresentar comportamento com graves conseqüências negativas, como<br />
gravi<strong>de</strong>z precoce ou ativida<strong>de</strong> criminosa 26 .<br />
Não existe um consenso sobre como abordar a sexualida<strong>de</strong> nas escolas,<br />
mas o tema da abstinência costuma estar presente, sobretudo nos EUA. Das<br />
escolas públicas dos EUA que incluem a educação sexual em sua gra<strong>de</strong> curricular,<br />
14% tratam a abstinência como uma opção do adolescente, 51% ensina a<br />
abstinência como a opção preferida para adolescentes, mas permitem uma<br />
discussão sobre outros métodos contraceptivos como uma opção para evitar uma<br />
gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada e DST e 35 % ensina exclusivamente a abstinência sexual 147 .<br />
Uma pesquisa recente apontou que 96% dos pais acreditam que a abstinência é a<br />
melhor opção para a educação da sexualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stes 40% pensam que se <strong>de</strong>ve<br />
ensinar concomitantemente sobre métodos contraceptivos 148 .<br />
3.6.3 A educação da sexualida<strong>de</strong> e o papel do médico
71<br />
Os adolescentes têm menor probabilida<strong>de</strong> do que as crianças mais jovens<br />
<strong>de</strong> visitar um médico regularmente 23 . Nos EUA, estima-se que 14% dos jovens com<br />
menos <strong>de</strong> 18 anos não recebam os cuidados médicos que necessitam 23 .<br />
Curiosamente, apesar <strong>de</strong> dois terços dos adolescentes sentirem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conversar sobre DST e gravi<strong>de</strong>z com seus médicos, poucos o fazem 149 . Um dos<br />
motivos para isso é o temor do adolescente que o assunto não será tratado <strong>de</strong> forma<br />
confi<strong>de</strong>ncial 79 . Menos da meta<strong>de</strong> dos médicos pergunta habitualmente para seus<br />
pacientes adolescentes sobre a ativida<strong>de</strong> sexual <strong>de</strong>stes, número <strong>de</strong> parceiros,<br />
orientação sexual, abuso sexual, e DST 66 . Os médicos têm maior dificulda<strong>de</strong> do que<br />
as médicas para abordar esse tema com os pacientes adolescentes 150,151 .<br />
A maioria dos adolescentes procura um médico para esclarecer dúvidas<br />
sobre sexualida<strong>de</strong>, DST ou contracepção apenas um ano ou mais após a primeira<br />
relação sexual 50, 51 .<br />
Mais do que outros especialistas, o ginecologista obstetra, seguido pelo<br />
pediatra, são os médicos i<strong>de</strong>ais para começar a abordagem sobre a sexualida<strong>de</strong><br />
com seus pacientes adolescentes 152,153,154 . Pelas particularida<strong>de</strong>s da sua atuação,<br />
os pediatras ocupam uma posição singular para ajudar os pais na educação sexual<br />
das crianças e adolescentes e complementar os programas educacionais<br />
implantados nas escolas 155,156,157 .<br />
Diferente da educação sexual oferecida pelas escolas, os médicos po<strong>de</strong>m<br />
oferecer uma orientação personalizada, individual e confi<strong>de</strong>ncial 50,51,52 .<br />
Nos EUA, a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria vem publicando<br />
periodicamente orientações sobre sexualida<strong>de</strong> e adolescência 79,155,156,157 .<br />
As principais recomendações para a atuação dos pediatras e ginecologistas<br />
obstetras são:
72<br />
a) os médicos <strong>de</strong>vem ensinar os pais e jovens sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sexual normal, antes <strong>de</strong> partir para outras questões mais específicas<br />
155,156,157 ;<br />
b) o médico <strong>de</strong>ve estar atento para a presença <strong>de</strong> amadurecimento sexual<br />
precoce completo ou parcial 45 ;<br />
c) <strong>de</strong>vem encorajar os pais a discutir a sexualida<strong>de</strong> e a contracepção <strong>de</strong><br />
acordo com os valores, crenças, atitu<strong>de</strong>s e circunstâncias familiares,<br />
respeitando os valores próprios que cada família possui 155,156,157 ;<br />
d) encorajar os pais a usar os termos anatômicos próprios 155,156,157 ;<br />
e) animar os pais a respon<strong>de</strong>rem as questões apresentadas pelos filhos <strong>de</strong><br />
modo completo, conciso e correto, respeitando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
entendimento <strong>de</strong> cada criança 155,156,157 ;<br />
f) cabe aos médicos complementar a educação sexual oferecida nas<br />
escolas 155,156,157 ;<br />
g) os médicos precisam encorajar um diálogo honesto e recíproco entre<br />
pais e filhos 155,156,157 ;<br />
h) orientar os pais e adolescentes sobre as circunstâncias associadas com<br />
o início precoce da ativida<strong>de</strong> sexual, incluindo aí o uso do álcool<br />
155,156,157 ;<br />
i) assegurar que o adolescente tenha oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gastar seu tempo<br />
com ativida<strong>de</strong>s salutares e sociais 155,156,157 ;<br />
j) aconselhar os jovens a <strong>de</strong>scontinuar um comportamento sexual <strong>de</strong> risco<br />
e evitar ou mesmo interromper as possíveis relações coercitivas<br />
155,156,157,158 . Os adolescentes mais jovens são especialmente vulneráveis<br />
ao sexo coercitivo 26,54,64 . A ativida<strong>de</strong> sexual involuntária foi relatada por
73<br />
74% das meninas com menos <strong>de</strong> 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 54,64 . Em outro<br />
estudo, esse número ficou em um pouco mais que um quarto 50,51 ;<br />
k) <strong>de</strong>sencorajar o uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas, não penas pelos efeitos<br />
nocivos diretos que exercem sobre o organismo, mas também pelos<br />
riscos e conseqüências relacionados com a ativida<strong>de</strong> sexual<br />
23,155,156,157,159 ;<br />
l) os médicos <strong>de</strong>vem sempre estimular a abstinência e aconselhar sobre<br />
um comportamento sexual a<strong>de</strong>quado 160 . A abstinência <strong>de</strong>ve ser<br />
promovida como a estratégia mais eficaz para prevenir a infecção pelo<br />
HIV (Human Immuno<strong>de</strong>ficiency Virus) e outras DST, bem como para a<br />
prevenção da gravi<strong>de</strong>z 155,156,157,161,162 ;<br />
m) os adolescentes que já iniciaram a ativida<strong>de</strong> sexual necessitam <strong>de</strong><br />
recomendações adicionais, específicas para cada situação particular 161 ;<br />
n) o médico tem um <strong>de</strong>ver imposto pela ética que o obriga a abster-se <strong>de</strong><br />
fazer críticas e julgamentos. Deve adotar uma abordagem positiva, que<br />
aumente o ânimo do jovem para lutar e <strong>de</strong>svencilhar-se <strong>de</strong> uma situação<br />
potencialmente danosa 160,163 ;<br />
o) por fim, cabe ao médico assegurar ao adolescente que o assunto tratado<br />
nessas conversas é sempre confi<strong>de</strong>ncial 160,163 .<br />
É importante observar que essas recomendações são válidas para<br />
quaisquer médicos que tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com os adolescentes. Mais<br />
comumente, mas não exclusivamente, isso se aplica aos pediatras e ginecologistas<br />
obstetras.<br />
O médico também tem outras atuações, como por exemplo observar as<br />
particularida<strong>de</strong>s na condução do pré-natal <strong>de</strong> uma adolescente. Intervenções
74<br />
simples, como o acréscimo <strong>de</strong> ácido fólico como estratégia para a prevenção da espinha<br />
bífida e feto anencefálico, po<strong>de</strong> ser efetivo para diminuir a disparida<strong>de</strong> observada<br />
entre as adolescentes e mulheres adultas 164,165 . A gestante adolescente tem<br />
maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um filho com anencefalia, principalmente na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15<br />
anos ou mais jovem. Os adolescentes têm uma gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ácido fólico<br />
para seu organismo uma vez que estão em plena fase <strong>de</strong> crescimento. Nestes casos,<br />
po<strong>de</strong>rá haver <strong>de</strong>ficiência do ácido fólico para a formação do feto 246 . Estudos<br />
<strong>de</strong>monstram que crianças nascidas <strong>de</strong> mães com 15 anos ou menos apresentam 2,4<br />
vezes mais <strong>de</strong>feitos neurológicos do que as nascidas <strong>de</strong> mães com 20 anos ou mais<br />
31 .<br />
3.6.4 A educação da sexualida<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r público<br />
Antes <strong>de</strong> tudo, é importante observar que jamais se po<strong>de</strong>m impor i<strong>de</strong>ologias<br />
às crianças, seja através <strong>de</strong> programas, mo<strong>de</strong>los e métodos que usurpam dos pais<br />
seu direito <strong>de</strong> serem agentes da educação 124 .<br />
Em 1960 aparece pela primeira vez no mundo a expressão ―Saú<strong>de</strong><br />
Reprodutiva‖ em revistas que tratavam do controle da natalida<strong>de</strong>. Aos poucos<br />
passou a significar os cuidados que a mulher <strong>de</strong>ve tomar para não ser prejudicada<br />
por sua ativida<strong>de</strong> sexual, incluindo nesse conjunto o aborto. Essa expressão foi<br />
fortemente enfatizada na Conferência Internacional das Nações Unidas realizada na<br />
cida<strong>de</strong> do Cairo <strong>de</strong> 5 a 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1994, por <strong>de</strong>legações <strong>de</strong> países<br />
<strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> legalizar o aborto on<strong>de</strong> ainda não fora legalizado 166 . Esse é um<br />
exemplo <strong>de</strong> como o po<strong>de</strong>r público, às vezes, po<strong>de</strong> utilizar-se <strong>de</strong> eufemismos que<br />
confun<strong>de</strong>m a população.
75<br />
O Estado não <strong>de</strong>ve instigar a um tipo <strong>de</strong> educação sexual sem abrir opções<br />
aos pais para que possam escolher, com liberda<strong>de</strong>, entre uma solução ou outra.<br />
Será que as autorida<strong>de</strong>s públicas dão às instituições não governamentais –<br />
formadas por cidadãos brasileiros – <strong>de</strong> forma proporcional, os recursos educacionais<br />
semelhantes aos que o governo unilateralmente gasta em um programa milionário<br />
como a campanha dos preservativos? Nesse terreno o caráter subsidiário do Estado<br />
na educação dos filhos <strong>de</strong>veria oferecer a estas instituições recursos semelhantes, a<br />
fim <strong>de</strong> que os pais venham a dispor <strong>de</strong> novas perspectivas e opções.<br />
―Os pais, individualmente ou associados com outros, têm o direito e o <strong>de</strong>ver<br />
<strong>de</strong> promover o bem estar <strong>de</strong> seus filhos e exigir que as autorida<strong>de</strong>s previ-nam e<br />
reprimam a exploração da sensibilida<strong>de</strong> das crianças e dos adolescentes‖ 99 .<br />
Programas públicos para a educação da sexualida<strong>de</strong> baseados<br />
exclusivamente em informações técnicas sobre o sexo e a contracepção foram<br />
tentadas em vários países. Nos países escandinavos os resultados não foram os<br />
esperados para a melhoria <strong>de</strong> vida dos jovens e na Inglaterra <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> constatado<br />
um alarmante aumento <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> adolescentes fez com que as autorida<strong>de</strong>s<br />
incentivassem as famílias a voltar a educar os filhos <strong>de</strong> acordo com os princípios<br />
morais anteriores 26 .<br />
No Brasil, em 1997, o Ministério da Educação quis aprovar um projeto para<br />
distrubuir aos professores <strong>de</strong> primeira à quarta série, <strong>de</strong> todo o país, uma cartilha<br />
com orientação para aulas sobre Educação Sexual. O projeto se limitava a fornecer<br />
instruções <strong>de</strong> Bióloga e Fisiologia sem apresentar alguma escala <strong>de</strong> valores ou<br />
parâmetros éticos. Esse tipo <strong>de</strong> educação incita ao uso do sexo sem amor. Além<br />
disso, estimula a iniciação sexual precoce e promíscua por <strong>de</strong>spertar curiosida<strong>de</strong> já<br />
nas crianças, que ainda não são capazes <strong>de</strong> ter uma visão global da sexualida<strong>de</strong>
76<br />
humana. Projeto semelhante foi implantado nos Estados Unidos cerca <strong>de</strong> 10 anos<br />
antes e verificou-se que em nada contribuiu para eliminar ou diminuir os males<br />
in<strong>de</strong>sejados por todos; ao contrário, estes só aumentaram em número. A<br />
comprovação <strong>de</strong>stes resultados moveu as autorida<strong>de</strong>s governamentais norteamerianas<br />
a repensar seus programas educacionais e a recomendar a abstinência<br />
sexual. A educação para a abstinência foi comprovada como tendo impacto positivo<br />
sobre as atitu<strong>de</strong>s dos jovens em relação à castida<strong>de</strong>. Além disso, reduziu realmente<br />
o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z em jovens <strong>de</strong> muitas comunida<strong>de</strong>s 167 .<br />
Os Ministérios da Saú<strong>de</strong> e da Educação no Brasil iniciaram em 2003 um<br />
programa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> preservativos nas escolas públicas do ensino<br />
fundamental e médio. Preten<strong>de</strong>m entregar cerca <strong>de</strong> 235 milhões <strong>de</strong> preservativos,<br />
por ano, para 2,5 milhões <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> todo o País até 2006. Além <strong>de</strong>stas<br />
medidas existem outras mais antigas que preten<strong>de</strong>m convencer a população,<br />
sobretudo <strong>de</strong> jovens, a evitar as mazelas das DST através do uso puro e simples <strong>de</strong><br />
preservativos. A propaganda, em geral, não faz nenhuma advertência, não entra em<br />
sutilezas, simplesmente incita a usar os preservativos. Por outro lado fomenta o que<br />
este uso traz consigo: uma relação eventual e insegura. É um meio que, sem dúvida,<br />
convida ao <strong>de</strong>sregramento sexual. Este <strong>de</strong>sregramento traz consigo muitos<br />
inconvenientes: aumento do número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> DST, o enfraquecimento da saú<strong>de</strong><br />
e da força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, a perda <strong>de</strong> um comportamento social e profissionalmente<br />
correto, a falta <strong>de</strong> respeito à pessoa humana e, sobretudo, a infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal e<br />
a gravi<strong>de</strong>z precoce e fora do casamento, da qual não poucas vezes <strong>de</strong>riva o aborto.<br />
Paradoxalmente, o enfraquecimento da força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> ocorrerá justamente numa<br />
época da vida on<strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria estar sendo fortalecida.
77<br />
Na década <strong>de</strong> 1990, no Brasil, houve a veiculação nos meios <strong>de</strong><br />
comunicação <strong>de</strong> uma campanha cujo slogan era o seguinte: ―Pecado é não usar<br />
camisinha‖. Da qual se po<strong>de</strong>m fazer algumas reflexões: trair a esposa usando<br />
camisinha não é pecado; assim como não é pecado o <strong>de</strong>sregramento sexual porque<br />
se usa camisinha; também não é pecado <strong>de</strong>florar uma menina <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se use<br />
camisinha e finalmente tampouco é pecado <strong>de</strong>sfigurar e esteriotipar a imagem do<br />
Brasil, apresentando-o como o país da libertinagem, das mulheres fáceis e dos<br />
bacanais <strong>de</strong> carnaval.<br />
A <strong>de</strong>cisão do Estado em distribuir preservativos nas escolas, para<br />
adolescentes, dá a enten<strong>de</strong>r que a vida sexual, para adolescentes, é algo normal 168 .<br />
Evitar o pior não justifica consentir no que é mau. Evitar a AIDS é ótimo, mas<br />
fomentar a promiscuida<strong>de</strong> é péssimo. Não se estará utilizando um inibidor para a<br />
AIDS – o preservativo – que, em última análise, po<strong>de</strong> se tornar causa <strong>de</strong>sta mesma<br />
doença? Descuida-se a educação dos adolescentes para a afetivida<strong>de</strong> e a vida<br />
sexual sadias, lamenta-se o uso precoce do sexo e a gravi<strong>de</strong>z das adolescentes e<br />
<strong>de</strong> repente, ―a toque <strong>de</strong> caixa‖, põe-se nas mãos dos menores um pacote <strong>de</strong><br />
preservativo como que dizendo: ―fique bem à vonta<strong>de</strong>, a ‗camisinha‘ garante‖. É igual<br />
a querer apagar um incêndio com gasolina! E <strong>de</strong>pois alguns chamam <strong>de</strong><br />
irresponsável a quem dá um grito <strong>de</strong> alerta 169 . Precisa-se acreditar que a orientação<br />
sexual não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve se limitar à oferta <strong>de</strong> preservativos. É necessário que os<br />
pais percebam que a orientação sexual é muito mais do que isso 20 . Não é razoável<br />
<strong>de</strong>scuidar e arriscar a própria saú<strong>de</strong> exclusivamente por motivos hedonistas 93 .<br />
No âmbito <strong>de</strong> uma população estudantil formada por adolescentes, o perigo<br />
<strong>de</strong> que a propaganda <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> preservativos venha a ser um incentivo para<br />
a prática do sexo precoce, é algo claro e evi<strong>de</strong>nte per si. Porque, sob a capa <strong>de</strong>
78<br />
evitar uma doença, parece que, subliminarmente, se está insinuando com uma<br />
pedagogia indireta: ―Transar, não há nada <strong>de</strong>mais‖. ―Se você sente esse impulso<br />
porque não satisfazê-lo?" O importante – isso sim! – é usar a ―camisinha‖. É isto, por<br />
ventura, o mais importante para um pai e uma mãe responsáveis? Que pai<br />
responsável pensa: se minha filha se <strong>de</strong>ita com qualquer coleginha para se<br />
divertirem não tem importância, o que tem importância é que não se esqueçam <strong>de</strong><br />
usar a ―camisinha‖ 169 ?<br />
Por outro lado, sendo a educação afetiva e sexual uma tarefa que compete<br />
primordialmente aos pais, a propaganda maciça, iniludível e impositiva sobre o uso<br />
dos preservativos entre menores, significa uma interferência abusiva num direito<br />
inalienável do pátrio po<strong>de</strong>r 169 .<br />
A verda<strong>de</strong> cientificamente verificada é que o uso <strong>de</strong> preservativo masculino<br />
não é absolutamente seguro. Têm-se feito inúmeras pesquisas a esse respeito nos<br />
meios científicos, como estudos <strong>de</strong> microscopia eletrônica e testes <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong><br />
micro partículas. Estes estudos chegam a uma clara conclusão: o uso <strong>de</strong><br />
preservativos não é confiável. As percentagens <strong>de</strong> ineficácia variam muito <strong>de</strong> acordo<br />
com o tipo <strong>de</strong> parceiro – pessoas casadas, homossexuais ou relações promíscuas,<br />
além do o modo <strong>de</strong> comportar-se na própria relação. Em alguns casos a ineficácia<br />
chega a mais <strong>de</strong> 30%. A média po<strong>de</strong>ria consi<strong>de</strong>rar-se, contudo, <strong>de</strong> uns 10% <strong>de</strong><br />
falhas 10 .<br />
Uma pesquisa apresenta seis gran<strong>de</strong>s falhas do preservativo entre as quais<br />
menciona, por exemplo, a <strong>de</strong>terioração do látex ocasionada pelas condições <strong>de</strong><br />
transporte e armazenagem. Tomadas, porém, todas as precauções e conseguindose<br />
que os preservativos cheguem em perfeitas condições aos usuários, seriam ainda<br />
seguros para prevenir a AIDS? - pergunta o autor. Sua resposta é esta:
79<br />
―Absolutamente não. O tamanho do vírus HIV da AIDS é 450 vezes menor que o<br />
espermatozói<strong>de</strong>. Estes pequenos vírus po<strong>de</strong>m passar entre os poros do látex tão<br />
facilmente em um bom preservativo como em um <strong>de</strong>feituoso‖ 9,112 .<br />
É compreensível que as autorida<strong>de</strong>s coloquem os preservativos entre os<br />
meios <strong>de</strong> prevenção da AIDS. O que não se compreen<strong>de</strong>, é que só proponham isso.<br />
É <strong>de</strong>ver das autorida<strong>de</strong>s salientar também que a prevenção contra a AIDS passa<br />
primeiramente pelo respeito do sexo, a recusa <strong>de</strong> banalização <strong>de</strong> relações sexuais, a<br />
educação das consciências e da responsabilida<strong>de</strong> moral 168 .<br />
A propaganda atualmente veiculada pelo Estado brasileiro para difundir o<br />
uso do preservativo é, por isso mesmo, ina<strong>de</strong>quada, pois por um lado, favorece a<br />
proliferação da promiscuida<strong>de</strong> e, por outro, não evita <strong>de</strong>vidamente a contaminação.<br />
Desta forma, em vez <strong>de</strong> se tornar um método inibidor da doença, torna-se, <strong>de</strong> fato,<br />
um método propagador da mesma.<br />
Recentemente um projeto apresentado pela Agência Norte-Americana para<br />
Desenvolvimento Internacional (USAID) para prevenção <strong>de</strong> AIDS no Brasil provocou<br />
um mal-estar no Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS. A proposta previa uma ação <strong>de</strong><br />
prevenção <strong>de</strong> AIDS entre adolescentes brasileiros baseada na abstinência sexual.<br />
Essa estratégia contraria frontalmente a política brasileira <strong>de</strong> prevenção da doença,<br />
que tem como pilar o uso do preservativo. O coor<strong>de</strong>nador do programa brasileiro<br />
afirmou que "a simples proposta é uma afronta à nossa política". A proposta da<br />
USAID prevê duas ações que têm como base a abstinência. Prega a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e<br />
recomendava a abstinência como melhor forma para evitar a contaminação pelo<br />
HIV. Novamente o coor<strong>de</strong>nador do progama brasileiro se posicionou contra.<br />
"Consi<strong>de</strong>ramos tal política totalmente incorreta e ineficaz (...) para o Brasil, a única<br />
forma inquestionável <strong>de</strong> prevenção contra a AIDS é o uso do preservativo". Em
80<br />
2005, o Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS já havia recusado o financiamento <strong>de</strong><br />
projetos com a USAID, no valor <strong>de</strong> US$ 40 milhões por discordar da forma <strong>de</strong> ação<br />
da agência. O motivo foi que a USAID condicionara novos convênios com<br />
organizações não-governamentais a que elas se comprometessem a não se engajar<br />
em ações pedindo a regulamentação da profissão <strong>de</strong> prostitutas 170 . No entanto o<br />
Programa Nacional <strong>de</strong> DST-AIDS não apresentou dados que comprovem a<br />
ineficácia do programa <strong>de</strong> abstinência ou a superiorida<strong>de</strong> a longo prazo <strong>de</strong> distribuir<br />
preservativos quando comparado com a abstinência.<br />
O jornal espanhol La Gaceta <strong>de</strong> los Negócios comenta que os patrocinadores<br />
do preservativo, como principal instrumento <strong>de</strong> prevenção da AIDS, em<br />
lugar <strong>de</strong> aceitar a evidência do gran<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> Uganda, se obstinam nas políticas<br />
<strong>de</strong> extensão do uso do preservativo, o que leva inevitavelmente consigo o implícito<br />
convite à promiscuida<strong>de</strong> sexual sob a mentirosa promessa do ―sexo seguro‖ 171 .<br />
Há dados evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> que o chamado ―sexo seguro‖ não tem contido a<br />
expansão da doença. Por exemplo, conduzida por Nelson Man<strong>de</strong>la, a África do Sul<br />
abraçou firmemente a estratégia do ―sexo seguro‖, e o uso <strong>de</strong> preservativo<br />
aumentou. Mas a África do Sul continua a li<strong>de</strong>rar mundialmente os casos <strong>de</strong> infecção<br />
por AIDS com 11,4% <strong>de</strong> sua população atualmente infectada. Parece que as bases<br />
científicas para a prevenção da AIDS através <strong>de</strong> preservativos são mais teóricas que<br />
clinicamente comprovadas 9 .<br />
Em 2005, os números da AIDS no mundo foram os mais altos já verificados.<br />
Apesar dos esforços internacionais, a doença ainda se espalha <strong>de</strong> forma mais rápida<br />
do que os resultados dos programas <strong>de</strong> combate à epi<strong>de</strong>mia. Em 2005 o mundo<br />
atingiu 5 milhões <strong>de</strong> novas infecções, mais <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong> mortes e um total <strong>de</strong><br />
40,3 milhões <strong>de</strong> pessoas infectadas pelo vírus HIV. Em termos <strong>de</strong> comparação, em
81<br />
2003, esse número era <strong>de</strong> 37,2 milhões <strong>de</strong> pessoas infectadas. Em 2005 a<br />
população afetada pelo HIV no mundo era o dobro da que existia em 1995. Dois<br />
terços dos novos infectados (64%), estão na África. Des<strong>de</strong> 1981, a AIDS causou 25<br />
milhões <strong>de</strong> mortes, o que a torna uma das maiores epi<strong>de</strong>mias já registradas. Um dos<br />
principais problemas é que apenas 10% da população afetada fez o exame e sabe<br />
que está contaminada 6 .<br />
A maior proliferação do vírus está ocorrendo na Ásia e no Leste Europeu,<br />
que têm uma incidência da doença 25 vezes maior hoje do que em 1995. Outro<br />
fenômeno é o da predominância <strong>de</strong> casos da doença entre mulheres. Na África, 75%<br />
dos jovens infectados são do sexo feminino. Na América Latina, em 2005, foram<br />
registrados 200 mil novos casos <strong>de</strong> contaminação pelo HIV e o número <strong>de</strong><br />
portadores da doença chegou a 1,8 milhão. Em 2003, o aumento havia sido <strong>de</strong> 170<br />
mil novos casos. Mais <strong>de</strong> um terço da população contaminada na América Latina<br />
está no Brasil 6 .<br />
As campanhas governamentais no mundo todo muitas vezes utilizam-se <strong>de</strong><br />
elementos como a distribuição <strong>de</strong> panfletos com informação sexual explicita e<br />
distribuição gratuita <strong>de</strong> preservativos. Algumas <strong>de</strong>ssas campanhas confun<strong>de</strong>m o<br />
bem e o mal, o certo e o errado na cabeça dos jovens, ao apresentar como<br />
imperativo moral absoluto o uso do preservativo 172 .<br />
Como é feita no Brasil, a campanha pró-camisinha aumenta a pressão social<br />
sobre os jovens para ter sexo e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contágio. Assim afirma uma<br />
pesquisa feita a jovens 173 :<br />
a) 61% dizem que a pressão social é a razão pela qual os meninos não<br />
esperam para ter relações sexuais;
82<br />
b) 80% dos adolescentes sexualmente ativos afirmam que foram "iniciados"<br />
muito cedo;<br />
c) 84% das meninas <strong>de</strong> 16 anos para baixo querem que em suas escolas<br />
lhes ensinem a dizer ―não‖ à relação sexual sem ferir os sentimentos da<br />
outra pessoa.<br />
Os governos costumam conduzir suas campanhas <strong>de</strong> educação sexual para<br />
adolescentes com base na premissa <strong>de</strong> que é pouco realista esperar que os jovens<br />
se abstenham <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual. No entanto um estudo feito na Grã-Bretanha<br />
<strong>de</strong>monstrou que seria mais sensato apoiar a abstinência da maioria dos jovens e<br />
<strong>de</strong>monstrar para os <strong>de</strong>mais os benefícios físicos, emocionais e psicológicos da<br />
continência até o casamento 172 .<br />
Nas palavras do próprio coor<strong>de</strong>nador do Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS, o<br />
Brasil ainda terá <strong>de</strong> percorrer um longo caminho antes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r afirmar que a<br />
epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> AIDS está controlada 6 . Não é com preservativos e outros métodos<br />
contraceptivos que se solucionarão os problemas do <strong>de</strong>sregramento sexual, mas<br />
com um trabalho profundo que venha a colocar no lugar que merece o valor da vida,<br />
do amor, do sexo, do matrimônio e da família 9 .<br />
3.6.5 As virtu<strong>de</strong>s da sexualida<strong>de</strong> humana<br />
Na adolescencia há que se educar as virtu<strong>de</strong>s para que elas ―superem os<br />
hormônios‖. Os hormônios sensibilizam, controlam a libido, mas não tomam<br />
<strong>de</strong>cisões.<br />
As virtu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser divididas em 3 grupos:<br />
a) Virtu<strong>de</strong>s Teologais: Fé, Esperança e Carida<strong>de</strong> (Amor).
83<br />
b) Virtu<strong>de</strong>s Centrais: Fortaleza, Prudência, Justiça e Temperança. A partir<br />
das Virtu<strong>de</strong>s Centrais, formam-se as diversas Virtu<strong>de</strong>s Humanas.<br />
c) Virtu<strong>de</strong>s Humanas: todas as <strong>de</strong>mais, como por exempo a Generosida<strong>de</strong>,<br />
Castida<strong>de</strong>, Pureza, Lealda<strong>de</strong> e o Respeito.<br />
A educação da sexualida<strong>de</strong> inclui necessariamente os valores éticos e <strong>de</strong>ve<br />
ser enquadrada num conceito claro <strong>de</strong> amor, que, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter em conta os<br />
elementos biológicos e sentimentais, é também uma atuação da vonta<strong>de</strong>. Falar <strong>de</strong><br />
ética sexual significa afirmar que a sexualida<strong>de</strong> está intimamente vinculada à<br />
dignida<strong>de</strong> do homem 25 .<br />
Para que os valores éticos não fiquem como algo vago, etéreo, têm <strong>de</strong> ser<br />
projetados em virtu<strong>de</strong>s 25 . As virtu<strong>de</strong>s são disposições básicas do caráter, <strong>de</strong> acordo<br />
com a expressão cunhada por Aristóteles, "a virtu<strong>de</strong> torna bom aquele que a possui"<br />
174 .<br />
A virtu<strong>de</strong>, seja ela qual for, não é uma aquisição permanente e imutável 33 . É<br />
um hábito operativo que Tomás <strong>de</strong> Aquino chamou <strong>de</strong> ―boa qualida<strong>de</strong> da mente,<br />
pela qual se vive retamente e da qual ninguém po<strong>de</strong> servir-se para o mal‖. A atitu<strong>de</strong><br />
ou hábito contrário é o vício. A virtu<strong>de</strong> é uma categoria fundamental da reflexão ética<br />
oci<strong>de</strong>ntal. Tem uma natureza antropológica que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>svinculada da<br />
natureza biológica, ontopsicológica e ontológicometafísica do homem. Por isso, ao<br />
longo dos séculos, a reflexão ética procurou focalizar a importância da prática da<br />
virtu<strong>de</strong> para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong> 175 .<br />
A virtu<strong>de</strong> é uma disposição, uma habilida<strong>de</strong>, adquirida mediante a repetição<br />
<strong>de</strong> atos, que aperfeiçoa a faculda<strong>de</strong> da pessoa para a ação moral que ten<strong>de</strong> à<br />
realização da vida boa 175 . Só compreen<strong>de</strong>mos corretamente o homem quando
84<br />
aceitamos que é pessoa: não um algo, mas alguém irredutível a qualquer outra<br />
realida<strong>de</strong> ou mesmo a qualquer outra pessoa, absolutamente original e inédito 176 .<br />
A moral, entendida aqui como sinônimo <strong>de</strong> ética, mais do que um conjunto<br />
<strong>de</strong> normas, é a arte <strong>de</strong> viver como um ser humano. O homem é um ser livre, ou seja,<br />
está muito menos condicionado por seus instintos, mas, por isso mesmo, precisa<br />
apren<strong>de</strong>r muitas coisas que os animais conhecem por instinto, e outras muitas que<br />
os animais nunca conhecerão, porque justamente são próprias do homem 177 .<br />
A seguir apresentam-se algumas das principais virtu<strong>de</strong>s relacionadas à<br />
sexualida<strong>de</strong>.<br />
3.6.5.1 A Generosida<strong>de</strong> x O Egoísmo<br />
A generosida<strong>de</strong> é a virtu<strong>de</strong> básica para quem quer apren<strong>de</strong>r a amar <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong>. Não se po<strong>de</strong> amar sem ser generoso 33 . Enten<strong>de</strong>-se a generosida<strong>de</strong> a<br />
partir da disponibilida<strong>de</strong>, é o condutor que une atitu<strong>de</strong>s vitais em relação à pessoa<br />
do outro. É o <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong> forma comum para fazer <strong>de</strong> forma especial. A mola<br />
mestra da generosida<strong>de</strong> é colocar-se incondicionalmente a serviço do próximo,<br />
constituido-se na principal alavanca contra o egoísmo. A generosida<strong>de</strong> não propõe<br />
medida <strong>de</strong> qualquer tipo, seja material ou imaterial 178 . É a virtu<strong>de</strong> que faz com que a<br />
pessoa atue em favor <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>sinteressadamente e com alegria, tendo em conta<br />
a utilida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega à estas pessoas, ainda que lhe custe esforço<br />
179 .<br />
3.6.5.2 A Prudência x A Imprudência
85<br />
Provém do latim pru<strong>de</strong>ntia (provi<strong>de</strong>ns), que significa a habilida<strong>de</strong> ligada à<br />
prática, à capacida<strong>de</strong> virtuosa <strong>de</strong> regular, <strong>de</strong> modo conveniente e or<strong>de</strong>nada, as<br />
ações para chegar a um fim <strong>de</strong>finido. Posteriormente, na reflexão oci<strong>de</strong>ntal a<br />
prudência conserva a característica <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> que dirige a ação <strong>de</strong> modo<br />
congruente a um fim, o que faz <strong>de</strong>la uma virtu<strong>de</strong> intelectual, pois aperfeiçoa a razão,<br />
e uma virtu<strong>de</strong> moral, porque aperfeiçoa a razão prática. A Prudência, recta ratio<br />
agibilium – reta razão das coisas a serem feitas, não tem objeto próprio, mas<br />
presente em todo ato virtuoso circunstanciado, por este caráter situa-se no próprio<br />
interior do dinamismo da complexa gênese da <strong>de</strong>cisão moral. A Prudência exige<br />
uma disciplina virtuosa da ativida<strong>de</strong> da razão prática, que avalia as circunstâncias <strong>de</strong><br />
um ato moral e efetua a hierarquização dos bens. As virtu<strong>de</strong>s secundárias que<br />
englobam a Prudência são: circunspecção, <strong>de</strong>liberação, cautela, sagacida<strong>de</strong>,<br />
docilida<strong>de</strong>. A Prudência diz respeito aos módulos <strong>de</strong> comportamento do agir humano<br />
consciente em qualquer âmbito 180 .<br />
3.6.5.3 A Castida<strong>de</strong> (um hábito operativo bom versus um vício, a promiscuida<strong>de</strong>)<br />
Castida<strong>de</strong> é a força com que a razão se impõe ao impulso sexual. É virtu<strong>de</strong><br />
que enobrece a sexualida<strong>de</strong> do ser humano, mantendo-o limpo <strong>de</strong> alma e corpo a<br />
fim <strong>de</strong> as tendências sexuais não extravasarem os limites do amor verda<strong>de</strong>iro.<br />
Castida<strong>de</strong> é pureza <strong>de</strong> corpo e alma no amor 181 .<br />
Também conhecida como virtu<strong>de</strong> da Pureza, não <strong>de</strong>ve ser entendida como<br />
uma atitu<strong>de</strong> repressiva, mas, ao contrário, como proteção e respeito por um precioso<br />
dom recebido: o do amor como doação <strong>de</strong> si próprio que se realiza na vocação<br />
específica <strong>de</strong> cada um. A castida<strong>de</strong> é a energia que liberta o amor do egoísmo e da
86<br />
agressivida<strong>de</strong>; em que torna a satisfação um dom <strong>de</strong> si e não meramente um <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> prazer. Como dom-<strong>de</strong>-si, a castida<strong>de</strong> implica na colaboração prioritária dos pais<br />
também na formação <strong>de</strong> outras virtu<strong>de</strong>s que a complementam: Temperança,<br />
Fortaleza e Prudência. A castida<strong>de</strong> como virtu<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> existir sem capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> renúncia, <strong>de</strong> sacrifício e <strong>de</strong> espera 182 .<br />
A castida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo geral é mais difícil para os adolescentes que para os<br />
pais. As pressões são muito fortes, por vezes, quase impossíveis <strong>de</strong> serem<br />
suportadas. Ser vista como a única menina que ainda não fez sexo, o único rapaz<br />
que não tem o que contar, exige uma gran<strong>de</strong> fortaleza, sendo que os pais não<br />
po<strong>de</strong>m se omitir nessa hora 20 .<br />
A castida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser entendida como a orientação harmoniosa da<br />
sexualida<strong>de</strong> 90 . A abstinência e a monogamia conjugal são partes importantes <strong>de</strong><br />
uma estratégia para prevenção dos riscos da ativida<strong>de</strong> sexual 90,183 . A ênfase na<br />
abstinência repassada aos jovens é um dos principais fatores da postergação da<br />
ativida<strong>de</strong> sexual 49,50,51,52,53,54,184,185 . Atualmente a promoção da abstinência sexual<br />
entre os jovens é uma das gran<strong>de</strong>s metas da Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria 79 .<br />
A castida<strong>de</strong> antes do matrimônio é uma questão <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong>. O<br />
verda<strong>de</strong>iro sentido do ato sexual consiste em que é o supremo dom <strong>de</strong> amor que um<br />
homem e uma mulher po<strong>de</strong>m fazer um ao outro. Quanto mais levianamente cada um<br />
entrega o seu próprio corpo, menos valor terá o sexo 186 .<br />
Existe um consenso que a educação baseada na abstinência é mais eficaz<br />
quando iniciada antes dos adolescentes se tornarem sexualmente ativos 14,187,188 . A<br />
abstinência é o método mais eficaz na prevenção <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência<br />
184,185 .
87<br />
―Ninguém faz uma campanha a favor da virginda<strong>de</strong>, da abstinência ou <strong>de</strong><br />
uma vida sexual com apenas um parceiro mutuamente fiel e não infectado. Isso seria<br />
muito enfadonho. Mas estas é que são as verda<strong>de</strong>iras estratégias <strong>de</strong> prevenção‖ 189 .<br />
A castida<strong>de</strong> significa a integração correta da pessoa na sexualida<strong>de</strong> e com<br />
isso a unida<strong>de</strong> interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualida<strong>de</strong>, na<br />
qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal<br />
e verda<strong>de</strong>iramente humana quando é integrada na relação <strong>de</strong> pessoa a pessoa, na<br />
doação mútua integral e temporalmente ilimitada, do homem e da mulher 190 .<br />
A castida<strong>de</strong> comporta uma aprendizagem do domínio <strong>de</strong> si, que é uma<br />
pedagogia da liberda<strong>de</strong> humana. Correlaciona-se intimamente com a virtu<strong>de</strong> da<br />
Temperança. Ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se <strong>de</strong>ixa<br />
subjugar por elas e se torna infeliz. A dignida<strong>de</strong> do homem exige que ele possa agir<br />
<strong>de</strong> acordo com uma opção consciente e livre, isto é, motivado e levado por<br />
convicção pessoal e não por força <strong>de</strong> um impulso interno cego ou <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> mera<br />
coação externa. O homem consegue essa dignida<strong>de</strong> quando, libertado <strong>de</strong> todo<br />
cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem e procura<br />
eficazmente os meios aptos com diligente aplicação 190 .<br />
Os noivos são convidados a viver a castida<strong>de</strong> na continência. Nessa<br />
provação eles verão uma <strong>de</strong>scoberta do respeito mútuo. Reservarão para o tempo<br />
do casamento as manifestações <strong>de</strong> ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-seão<br />
mutuamente a crescer na castida<strong>de</strong> 190 .<br />
A castida<strong>de</strong>, como parte da virtu<strong>de</strong> da temperança, tem como finalida<strong>de</strong><br />
imediata or<strong>de</strong>nar toda a esfera sexual. Para isso, <strong>de</strong>ve realizar duas funções<br />
or<strong>de</strong>nadoras: dominar e orientar os apetites <strong>de</strong> prazer sexual e ajustar os atos<br />
sexuais a sua própria finalida<strong>de</strong> natural. A castida<strong>de</strong> é uma virtu<strong>de</strong> necessária a
88<br />
todos, que <strong>de</strong>ve ser vivida por todos, mas com matizes diversas. Cada um <strong>de</strong>ve<br />
vivê-la em seu próprio estado. Essa virtu<strong>de</strong> não tem como objetivo suprimir ou anular<br />
as tendências do apetite sexual, mas sim, regular essas tendências <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites<br />
que indica a lei moral. Um erro gran<strong>de</strong> e muito comum é relacionar castida<strong>de</strong> com<br />
abstinência total <strong>de</strong> vida sexual. Cada um <strong>de</strong>ve usar <strong>de</strong> seu corpo honestamente,<br />
não se abandonando a paixões. O homem necessita da castida<strong>de</strong> para evitar<br />
escravizar-se em amores egoístas, que estão em contradição com o correto<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das tendências existentes na natureza humana 191 .<br />
3.6.5.4 A Temperança<br />
A castida<strong>de</strong> situa-se no campo da temperança. Temperança é ―a mo<strong>de</strong>ração<br />
estabelecida pela inteligência‖. Refere-se particularmente ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prazeres<br />
sensíveis, impedindo-o <strong>de</strong> sair, com ímpeto anormal, do espaço da razão. A<br />
temperança manifesta-se em duas direções principais: a sobrieda<strong>de</strong> e a castida<strong>de</strong><br />
181 .<br />
A temperança é a virtu<strong>de</strong> moral que mo<strong>de</strong>ra a atração pelos prazeres e<br />
procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vonta<strong>de</strong> sobre<br />
os instintos e mantém os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong>ntro dos limites da honestida<strong>de</strong>. A pessoa<br />
temperante orienta para o bem os seus apetites corporais 192 .<br />
Temperança significa domínio <strong>de</strong> si. Neste sentido está intimamente<br />
associada à virtu<strong>de</strong> porque controla os apetites e paixões inferiores, bem como os<br />
excessos. Esta virtu<strong>de</strong> está entre as que mais admiramos nas pessoas: caracteriza<br />
os gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res e os bons amigos. A temperança, como a carida<strong>de</strong>, começa em<br />
casa 193 .
89<br />
Não po<strong>de</strong> haver temperança sem raciocínio sensato e lúcido sobre o que é<br />
equilibrado e bom; e se não houver uma vonta<strong>de</strong> com força <strong>de</strong> domínio suficiente<br />
para manter os <strong>de</strong>sejos e impulsos no ponto certo que a razão indica. Por isso, para<br />
viver a virtu<strong>de</strong> da Temperança é necessário que haja a luz da razão e a força <strong>de</strong><br />
vonta<strong>de</strong>.<br />
Po<strong>de</strong>-se sintetizar a Temperança como: mo<strong>de</strong>ração ou continência dos<br />
diversos prazeres corporais; e também como autodomínio (domínio próprio), sempre<br />
guiada pela inteligência e pela vonta<strong>de</strong>.<br />
3.6.5.5 O Pudor<br />
O pudor significa guardar e possuir a própria intimida<strong>de</strong> em relação a si e<br />
aos outros. É a prudência da nossa intimida<strong>de</strong> 194 .<br />
É uma espécie <strong>de</strong> vergonha pelo receio <strong>de</strong> realizar um ato in<strong>de</strong>coroso ou<br />
indigno. Frente à tendência sexual, o homem sente naturalmente duas inclinações: a<br />
aceitação (atração), que procura a satisfação e o prazer e a <strong>de</strong>fesa (rejeição), pois<br />
tem a impressão <strong>de</strong> que tais atos, em <strong>de</strong>terminadas circunstâncias, se opõem ao<br />
que exige a dignida<strong>de</strong> humana, teme certa <strong>de</strong>sonra ou se envergonha <strong>de</strong> realizar um<br />
ato material, sem espírito, e por isso mesmo indigno da pessoa humana. O pudor é<br />
uma espécie <strong>de</strong> sentinela e <strong>de</strong>fesa da castida<strong>de</strong>. O pudor sofre influências <strong>de</strong> idéias<br />
e atitu<strong>de</strong>s sociais em relação à sexualida<strong>de</strong> e também da natureza e cultura.<br />
Entretanto, todas as aberrações estão estreitamente vinculadas ao enfraquecimento<br />
ou ausência do pudor. O sentido do pudor nasce da sua estreita vinculação com o<br />
sentimento <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> do homem. O pudor é uma <strong>de</strong>fesa da própria intimida<strong>de</strong>.
90<br />
Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como fruto <strong>de</strong> convenções sociais, está enraizado na<br />
consciência <strong>de</strong> todos os homens 181 .<br />
O uso <strong>de</strong> roupas mais ou menos provocantes e o envolvimento em situações<br />
e lugares mais ou menos embaraçosos po<strong>de</strong>m ser evitados pelo pudor 33 .<br />
É muito importante que cultivemos o pudor, ou seja, que a pessoa seja cada<br />
vez mais dona <strong>de</strong> si. É preciso ir contra a moda erotizante, que massifica e<br />
<strong>de</strong>sumaniza, provoca uma grave ausência <strong>de</strong> valores espirituais e, com o tempo,<br />
leva a uma saturação erótico-sexual que culmina numa mistura <strong>de</strong> tédio, apatia e<br />
<strong>de</strong>sleixo, o que não engran<strong>de</strong>ce o ser humano, e sim, o rebaixa <strong>de</strong> nível 195 .<br />
3.6.5.6 A Fortaleza<br />
Já se encontrava no pensamento ético grego. Designava a força do espírito<br />
ante as adversida<strong>de</strong>s da vida; o domínio das paixões; a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impor-se na<br />
condução da coisa pública. Aristóteles em ―Ética à Nicômaco‖ <strong>de</strong>limita duas funções<br />
fundamentais: suportar e atacar. Tomás <strong>de</strong> Aquino, complementando estas funções<br />
enten<strong>de</strong> como energia <strong>de</strong>stinada a vencer o medo proveniente da presença do mal,<br />
exaltando a coragem. Atualmente tem o sentido <strong>de</strong> luta pela <strong>de</strong>fesa da própria<br />
dignida<strong>de</strong> humana. Só a Fortaleza é capaz <strong>de</strong> provocar reação diante <strong>de</strong> situações<br />
<strong>de</strong>sumanizadoras e estimular a promoção dos direitos humanos fundamentais 180 .<br />
3.6.5.7 O Respeito<br />
O Respeito é a base <strong>de</strong> todo o comportamento reto do homem para consigo<br />
mesmo e para com os <strong>de</strong>mais. O respeito permite compreen<strong>de</strong>r como é prejudicial
91<br />
invadir o campo íntimo da sexualida<strong>de</strong> humana. Possibilita enten<strong>de</strong>r até que ponto<br />
há nessa invasão uma profanação e uma <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> si mesmo e dos outros. É<br />
uma atitu<strong>de</strong> fundamental da vida, sem a qual não é possível o amor verda<strong>de</strong>iro, a<br />
justiça, consi<strong>de</strong>ração, pureza e veracida<strong>de</strong>. A falta do Respeito expõe o homem à<br />
futilida<strong>de</strong> 196 .<br />
3.6.5.8 A Lealda<strong>de</strong><br />
A Lealda<strong>de</strong> é a virtu<strong>de</strong> pela qual se aceita os vínculos implícitos na a<strong>de</strong>são<br />
da pessoa com outras pessoas ou instituições. Ela reforça e protege, ao longo do<br />
tempo, o conjunto <strong>de</strong> valores que representam. A lealda<strong>de</strong> aos valores é básica para<br />
um mundo que está se auto-<strong>de</strong>struindo mediante uma ação frenética <strong>de</strong> atenção ao<br />
que é meramente transitório. A lealda<strong>de</strong> supõe buscar e conhecer os valores<br />
permanentes para a situação humana. Se não são aceitos valores permanantes, a<br />
Lealda<strong>de</strong> não faz sentido. É preciso estar maduro para <strong>de</strong>senvolver esta virtu<strong>de</strong> que<br />
traz consigo uma compreensão elevada <strong>de</strong> valores 197 .<br />
3.7 A RELAÇÃO MÍDIA, SEXUALIDADE E FAMÍLIA<br />
Os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>veriam cumprir três finalida<strong>de</strong>s<br />
básicas: informar, formar e distrair 198 . No entanto, muitas das informações difundidas<br />
pela mídia a respeito da sexualida<strong>de</strong> humana erram pela superficialida<strong>de</strong>,<br />
ambigüida<strong>de</strong>, parcialida<strong>de</strong>, e não poucas vezes são voluntariamente ten<strong>de</strong>nciosas e<br />
inverazes 199 .
92<br />
A infância e adolescência são fases <strong>de</strong> fácil manipulação. Amortecidos pela<br />
mídia os jovens copiam aos milhares o mesmo exemplo 200 .<br />
Sobre vários temas <strong>de</strong> natureza complexa, a população é muito informada<br />
quanto ao volume <strong>de</strong> acontecimentos e <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s, mas não tanto quanto à<br />
qualida<strong>de</strong> dos mesmos<br />
199 . O excesso <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>sencontradas e<br />
irreconciliáveis aumentou a confusão e a perplexida<strong>de</strong> sobre a sexualida<strong>de</strong> humana<br />
201 . A mídia exerce influência po<strong>de</strong>rosa nas atitu<strong>de</strong>s e comportamento sexual dos<br />
adolescentes. Infelizmente essa influência é habitualmente negativa 26 .<br />
A mídia ajuda a formação <strong>de</strong> um ―ética <strong>de</strong> consenso‖, on<strong>de</strong> assuntos<br />
complexos são tratados apenas pelo consenso, sem maior aprofundamento 202 . Um<br />
dos fatores relevantes na incitação à sexualida<strong>de</strong> precoce são justamente os meios<br />
<strong>de</strong> comunicação 26,203 . A mídia abusa da sensualida<strong>de</strong> como técnica <strong>de</strong> marketing,<br />
transmitindo ao adolescente que o intercurso sexual fora do casamento é um<br />
costume comum e aceitável 46,204 . Associado a isso, existe o comportamento<br />
influenciável do adolescente que reage com vigor aos estímulos eróticos 134 .<br />
Os adolescentes nos EUA são encorajados pelos meios <strong>de</strong> comunicação,<br />
principalmente a televisão, a iniciar mais precocemente a ativida<strong>de</strong> sexual, bem<br />
como a terem múltiplos parceiros 26,205 . No Brasil igualmente se observa um<br />
crescente número <strong>de</strong> parceiros por adolescentes 20 .<br />
A mídia massacra os jovens com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comportamento sexual<br />
<strong>de</strong>scompromissado e banalizado, gerando conflitos diversos. Além disso, transmite à<br />
jovem o conceito <strong>de</strong> mulher liberada como sendo aquela que mantém uma ativida<strong>de</strong><br />
sexual, indiferente dos valores afetivos ligados ao exercício da sexualida<strong>de</strong> 206 .<br />
Os pais não po<strong>de</strong>m ficar indiferentes diante <strong>de</strong> programas e mesmo<br />
comerciais que, por exemplo, exploram a sensualida<strong>de</strong> e incitam a sexualida<strong>de</strong> –
93<br />
entendida apenas como uso da genitalida<strong>de</strong>: ―fazer sexo‖, ―fazer amor‖, ―ficar‖ -,<br />
atingindo os jovens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da puberda<strong>de</strong>, quando não <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância<br />
mesmo 130 .<br />
Um psiquiatra americano chama ao aparelho <strong>de</strong> televisão ―nossa mãe TV‖<br />
130,207 , indicando que, para o bem ou para mal é ela quem cuida dos nossos filhos e<br />
influencia profundamente a todos nós 130 .<br />
Nos últimos quinze anos, a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Pediatria vem<br />
acompanhando quanto tempo as crianças e os adolescentes passam na frente da<br />
televisão e o que eles vêem 208 . De acordo com uma pesquisa recente do Nielsen<br />
Media Research, as crianças e os adolescentes gastam em média 3 horas por dia<br />
assistindo a televisão 209 . Nisso não está incluso o tempo gasto com filmes<br />
domésticos (ví<strong>de</strong>o-tapes e DVD) ou vi<strong>de</strong>ogames 210 . Um estudo <strong>de</strong> 1999 encontrou<br />
que o tempo médio total <strong>de</strong>spendido com todos os meios <strong>de</strong> mídia foi <strong>de</strong> 6 horas e<br />
32 minutos por dia 211 .<br />
A criança brasileira, entre os três e os doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, passa em média<br />
quatro horas diante da televisão, o que equivale a um tempo <strong>de</strong> três meses ao ano<br />
130 .<br />
Outro estudo encontrou que 32% das crianças com 2 a 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e<br />
65% entre 8 e 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> tem televisão em seus próprios quartos, nos EUA<br />
212 .<br />
Apesar <strong>de</strong> haver potenciais benefícios quando se assiste a certos programas<br />
televisivos, muitos outros po<strong>de</strong>m trazer resultados nocivos 97 . As crianças e os<br />
adolescentes são particularmente vulneráveis às mensagens trazidas pela televisão,<br />
as quais po<strong>de</strong>m influenciar tanto a sua percepção quanto o seu comportamento<br />
26,97,213 . E vão-se repetindo com absoluta convicção, como verda<strong>de</strong>s incontestáveis,
94<br />
as opiniões <strong>de</strong>ste ou daquele apresentador ou jornalista. É assim que, <strong>de</strong><br />
―mansinho‖, os comerciais, as novelas, os ditos e expressões <strong>de</strong> artistas,<br />
apresentadores, comediantes ou jornalistas acabam por transformar-se numa<br />
bagagem informativa, para <strong>de</strong>pois influir sobre o modo <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> agir, <strong>de</strong> comportar,<br />
<strong>de</strong> vestir, <strong>de</strong> sentir e <strong>de</strong> viver da população 130 .<br />
As crianças mais jovens não são capazes <strong>de</strong> discriminar no que elas<br />
assistem o que é real. Várias pesquisas <strong>de</strong>monstram que há um efeito negativo sobre<br />
a visão da sexualida<strong>de</strong> 97,214,215,216,217 . Há uma mensagem subliminar <strong>de</strong> erotismo<br />
e pornografia difundida pela mídia que chega a atingir dimensões <strong>de</strong> autêntica corrupção<br />
<strong>de</strong> menores 97,130 . Não se restringe aos comerciais, mas é praticada em<br />
quase toda a programação televisiva: cenas <strong>de</strong> sexo e sedução, diálogos <strong>de</strong> duplo<br />
sentido nas novelas e filmes que serão apresentados nos horários noturnos – ou<br />
nem tanto -, exibidas quase que acintosamente em trailers nos intervalos das programações<br />
ditas infantis. Apresentadoras <strong>de</strong> programas infantis que têm bem mais<br />
<strong>de</strong> sex symbols do que <strong>de</strong> educadoras, entre outras formas <strong>de</strong> apelação, transformam<br />
o mundo do entretenimento numa máquina <strong>de</strong> triturar valores 225 . Atualmente, a<br />
mercantilização do sexo é um dos mais lucrativos empreendimentos 201 .<br />
O Professor Haim Grünspun, psiquiatra infantil da USP (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo), comenta que a televisão influencia cada vez mais e <strong>de</strong> modo mais<br />
marcante a imaginação, a fantasia e o comportamento da criança. As crianças<br />
retêm, por assimilação muito daquilo que vêem no ví<strong>de</strong>o, sofrendo freqüentes<br />
mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> em função <strong>de</strong>sses estímulos. Quanto mais tempo diante a<br />
televisão, maior a influência 218 .<br />
Na televisão, lado a lado, se encontram a violência e a pornogra-fia 130,219 . A<br />
cada ano na televisão há milhares <strong>de</strong> cenas que implicam coito, mas curiosamente
95<br />
em quase nenhuma <strong>de</strong>las se faz referências a doenças sexualmente transmissíveis<br />
e à gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada. Também não há referência sobre o impacto emocional<br />
do sexo 26,220 . Para complicar, alguns estudos apontam que os adolescentes têm<br />
naturalmente um senso <strong>de</strong> invencibilida<strong>de</strong> acreditando que estão imunes a qualquer<br />
problema relacionado a ativida<strong>de</strong> sexual, tal como gravi<strong>de</strong>z ou DST 48,221 .<br />
Em 1990 alunos do curso <strong>de</strong> rádio e televisão da Escola <strong>de</strong> Comunicações e<br />
Artes da USP realizaram uma pesquisa durante a semana <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio a 3 <strong>de</strong><br />
junho. A partir das 8 horas da manhã, os estudantes assistiram aos canais <strong>de</strong><br />
televisão Globo, Manchete e Ban<strong>de</strong>irantes e constataram que uma criança que<br />
ficasse duas horas por dia diante da televisão, ao final <strong>de</strong> uma semana terá assistido<br />
a 276 relações sexuais, 72 palavrões e num ano estaria exposta a 1.168 piadas<br />
sobre sexo e 7.446 cenas <strong>de</strong> nu<strong>de</strong>z 97,130,222 .<br />
Nos EUA, entre 1975 e 1988, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamento sexual no<br />
horário nobre na televisão duplicou. Um adolescente americano é tipicamente<br />
exposto a quase 14.000 referências ou piadas sugestivas <strong>de</strong> sexo a cada ano, e<br />
somente 165 <strong>de</strong>las tratam <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> nascimento, autocontrole, abstinência (que<br />
raramente é retratada <strong>de</strong> modo positivo) ou DST 26 .<br />
Nas novelas, não casados fazem sexo com 24 vezes mais freqüência do que<br />
os casados 26 .<br />
Geralmente, os profissionais da informação transmitem as mais variadas<br />
notícias, quase sempre pressionados pela competição e interessados no impacto<br />
que elas causarão. Por isso, com freqüência, faltam-lhes condições para escolher as<br />
palavras mais a<strong>de</strong>quadas à transmissão verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> certos fatos, pois o público a<br />
que se <strong>de</strong>stinam as informações é heterogêneo, composto <strong>de</strong> indivíduos com<br />
variados graus <strong>de</strong> instrução, <strong>de</strong> condições sociais diversas, e também <strong>de</strong> diferentes
96<br />
ida<strong>de</strong>s, profissões e graus diversos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimento. Portanto<br />
pessoas com <strong>de</strong>sigual capacida<strong>de</strong> intelectual recebem, com a mesma linguagem, as<br />
notícias transmitidas pela mídia, e codificam-nas em suas mentes com conotações<br />
subjetivas diversas e, às vezes, antagônicas, aberrantes e falsas 199 .<br />
A televisão ten<strong>de</strong> a reforçar um duplo padrão estereotipado, no qual as<br />
mulheres, mas não os homens, consi<strong>de</strong>ram o casamento importante 26 .<br />
Diante da insistente repetição – impingida como se fosse verda<strong>de</strong> absoluta!<br />
– ―Sexo seguro? Só com camisinha...‖, parece que a mídia está na verda<strong>de</strong><br />
induzindo qualquer pessoa, não importa a ida<strong>de</strong>, à prática da genitalida<strong>de</strong> com um<br />
total e absoluto <strong>de</strong>scompromisso 130 .<br />
O termo ―sexo seguro‖ foi inicialmente usado para <strong>de</strong>nominar práticas<br />
sexuais potencialmente seguras, mas as evi<strong>de</strong>ncias indicam, já há algum tempo, que<br />
poucas práticas são completamente livres <strong>de</strong> risco. Portanto, ―sexo mais seguro‖,<br />
―sexo menos arriscado‖ ou ―sexo <strong>de</strong> risco menor‖ <strong>de</strong>vem substituir o termo ―sexo<br />
seguro‖ 90,223 . Na literatura internacional o termo ―safe sex‖ está sendo substituído<br />
por ―safer sex‖ 223 . Não existe sexo seguro fora da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal 224 .<br />
Nos últimos anos produziu-se na socieda<strong>de</strong> o que se chamaria <strong>de</strong><br />
―socialização da imaturida<strong>de</strong>‖. Populações inteiras <strong>de</strong> pessoas que, sob a influência<br />
<strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação pouco instrutivos e levianos, especialmente a televisão,<br />
conseguem trivializar tudo, tornando o homem um ser in<strong>de</strong>feso, sem critério,<br />
<strong>de</strong>snorteado, perdido, à <strong>de</strong>riva, empurrado por sucessivas mensagens vazias, <strong>de</strong><br />
aparência alegre e divertida. Também há a ―sexofilia e sexocracia‖ da ―onipresente‖<br />
televisão, on<strong>de</strong> existem relações corpo a corpo sem a mínima gota <strong>de</strong> amor<br />
verda<strong>de</strong>iro. Não existe um encontro <strong>de</strong> pessoa a pessoa, <strong>de</strong> alma a alma, e sim uma<br />
instrumentalização do outro 98 .
97<br />
Há muitos filmes e letras <strong>de</strong> música que também se tornaram cada vez mais<br />
sexualmente explícitos; ví<strong>de</strong>os musicais estão repletos <strong>de</strong> imagens sexuais e<br />
violência contra as mulheres 26 . Durante as décadas <strong>de</strong> 70 e 80, a produção <strong>de</strong><br />
filmes com a "exploração sexual" <strong>de</strong> adolescentes foi gran<strong>de</strong>; Hollywood apelou para<br />
os adolescentes por serem o maior segmento da população que vai aos cinemas.<br />
Muitos são os filmes que lidam com o sexo na adolescência, porém <strong>de</strong> maneira<br />
ina<strong>de</strong>quada, pois nestes, a relação sexual e a contracepção estão muito distantes,<br />
além <strong>de</strong> favorecerem a promiscuida<strong>de</strong> 214 .<br />
Estes filmes po<strong>de</strong>m ser vistos como incentivadores ao adolescente para que<br />
inicie sua vida sexual sem medidas contraceptivas. Favorecem como conseqüência<br />
disto, a gravi<strong>de</strong>z na adolescência, quando os processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação são<br />
consi<strong>de</strong>rados na instalação <strong>de</strong> novos comportamentos no repertório do indivíduo. O<br />
adolescente sem discernir as contingências implicadas, preocupa-se apenas com a<br />
obtenção do reforço imediato - o prazer das relações sexuais - sem pensar nas<br />
conseqüências aversivas que po<strong>de</strong>m ocorrer em virtu<strong>de</strong> do seu comportamento 214 .<br />
As gestantes adolescentes apresentam-se duas vezes mais propensas a<br />
pensar que os relacionamentos da televisão são como aqueles da vida real, do que<br />
as adolescentes não-grávidas, e que as personagens não usariam contracepção, se<br />
envolvidas em um relacionamento sexual, o que <strong>de</strong>monstra a falta <strong>de</strong> discernimento<br />
da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta situação 214 .<br />
Mais recente que outras formas <strong>de</strong> comunicação, a internet também merece<br />
cuidados especiais. O psiquiatra inglês Mark Grifiths, da Universida<strong>de</strong> Notthingham<br />
Trent encontrou em sua pesquisa que algumas crianças chegavam a ficar quatorze<br />
horas por dia conectadas à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores. A internet difun<strong>de</strong> ainda uma<br />
pornografia excessivamente acessível 225 .
98<br />
Se as adolescentes e os adolescentes viessem a ser induzidos a pensar que<br />
é normal o exercício precoce do sexo, prestar-se-ia um péssimo serviço a uma<br />
educação sadia e enriquecedora.<br />
Assim, não é <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r que adolescentes que obtêm informações<br />
sobre sexo na televisão e que carecem <strong>de</strong> sistemas bem formados <strong>de</strong> valores,<br />
capacida<strong>de</strong> crítica e forte influência familiar po<strong>de</strong>m aceitar a idéia <strong>de</strong> intercurso antes<br />
e fora do casamento, com múltiplos parceiros e sem proteção contra a gravi<strong>de</strong>z e<br />
doenças 26 .<br />
Os promotores da indústria e da mídia do sexo se <strong>de</strong>nominam os <strong>de</strong>fensores<br />
da <strong>de</strong>mocracia, lutam pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa e são contrários a qualquer tipo <strong>de</strong><br />
censura; mas, no fundo, o que querem é a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer dinheiro, <strong>de</strong><br />
comercializar às custas dos outros, e para esse fim, o comércio é disfarçado <strong>de</strong><br />
―arte‖, <strong>de</strong> ―educação‖, <strong>de</strong> ―esclarecimento‖ 94 .<br />
Em 1997, num artigo publicado num jornal <strong>de</strong> Curitiba, o autor propôs que se<br />
fizesse uma gran<strong>de</strong> mudança ao rumo <strong>de</strong> nossos meios <strong>de</strong> comunicação social.<br />
Comenta que os órgãos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser mais criativos, menos vulgares e<br />
mais sensatos 226 .<br />
3.8 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />
O início da ativida<strong>de</strong> sexual vem ocorrendo cada vez mais cedo, em todo o<br />
mundo, e causando preocupações por suas vastas conseqüências 13,20 . A ativida<strong>de</strong><br />
sexual na população adolescente está aumentando, principalmente entre as jovens<br />
brancas e menores <strong>de</strong> 15 anos 12 . Em 1997, em um hospital público <strong>de</strong> Curitiba, a<br />
média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong> sexual foi <strong>de</strong> 15,1 anos 62 . Na pesquisa feita
99<br />
pelo IBOPE (2003), a ida<strong>de</strong> média da primeira relação sexual para as meninas foi <strong>de</strong><br />
16,5 anos e para os meninos, <strong>de</strong> 15 anos, variando <strong>de</strong> acordo com o nível <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong>, faixa <strong>de</strong> renda e regiões do Brasil. Sendo mais precoce quanto menor<br />
o grau <strong>de</strong> instrução, menor a renda familiar e mais ao norte do Brasil se<br />
encontravam os adolescentes entrevistados 227 .<br />
Uma pesquisa da revista Época <strong>de</strong> 2004, concluiu que, apesar das<br />
diferenças regionais, em todo o país, mais da meta<strong>de</strong> dos meninos entre 10 e 14<br />
anos já tiveram alguma experiência sexual. Para as meninas, a ida<strong>de</strong> foi<br />
concordante com outros trabalhos, ou seja, 15 anos e meio 228 .<br />
Gran<strong>de</strong> parte das mulheres entre os 14 e 17 anos têm medo <strong>de</strong> não agradar,<br />
pois ainda estão construindo sua imagem, ou apresentam uma auto-imagem muitas<br />
vezes negativa. Uma gran<strong>de</strong> preocupação da mulher adolescente é saber se vai<br />
agradar ao seu parceiro. Também se consi<strong>de</strong>ra um fator importante para o<br />
relacionamento sexual, nessa faixa etária, o fato <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> impõe aos<br />
adolescentes o pensamento <strong>de</strong> que, se não têm uma vida sexual ativa, ficam fora <strong>de</strong><br />
moda 139 .<br />
A seguir relacionam-se 15 aspectos e fatores que <strong>de</strong> alguma forma po<strong>de</strong>m<br />
influenciar na <strong>de</strong>cisão do jovem em iniciar prematuramente o ato sexual:<br />
a) revolução sexual: como já foi comentada anteriormente, a revolução<br />
sexual trouxe consigo uma antecipação da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da ativida<strong>de</strong><br />
sexual, sobretudo para as mulheres. Na atualida<strong>de</strong>, a percentagem <strong>de</strong><br />
moças e rapazes sexualmente ativos é praticamente igual 13 ;<br />
b) mídia: os meios <strong>de</strong> comunicação passaram a usar e abusar da<br />
sensualida<strong>de</strong> como técnica <strong>de</strong> marketing. Para ven<strong>de</strong>r mais, apelam<br />
para a sensualida<strong>de</strong> e sexualida<strong>de</strong> 46 . A mídia é uma entida<strong>de</strong> que
100<br />
incentiva a iniciação sexual precoce, uma vez que o comportamento<br />
sexual adulto aparece abertamente na televisão, revistas e jornais,<br />
enviando a mensagem, para o adolescente, que o intercurso sexual fora<br />
do casamento é um costume comum e aceitável 229 . A mídia massacra<br />
os jovens com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comportamento sexual <strong>de</strong>scompromissado<br />
e banalizado 206 . Isso leva os jovens a conflitarem-se sobre como <strong>de</strong>vem<br />
se comportar diante <strong>de</strong>ste ―modismo‖, tido como norma geral. O recado<br />
que a mídia transmite aos jovens é a <strong>de</strong> que, a mulher liberada é aquela<br />
que mantém intensa ativida<strong>de</strong> sexual, indiferente aos valores afetivos<br />
ligados à sexualida<strong>de</strong>. O apelo ao sexo, presente nos meios <strong>de</strong><br />
comunicação, tem se difundido em todas as classes sóciais e, as<br />
pessoas, inclusive pais e mestres, parecem dispostos a <strong>de</strong>rrubar os<br />
―tabus‖ existentes. Em tudo, nota-se uma conotação sexual sem o<br />
componente que o dignifica e engran<strong>de</strong>ce que é o amor 204 . O<br />
crescimento alarmante <strong>de</strong> adolescentes grávidas, além dos crimes <strong>de</strong><br />
estupro e pedofilia, <strong>de</strong>ve-se à massacrante ―genitalização‖ da juventu<strong>de</strong><br />
produzida pela televisão 230 . Na pesquisa do IBOPE <strong>de</strong> 2003, observa-se<br />
que, o principal meio <strong>de</strong> informação sobre sexo para os adolescentes é a<br />
televisão (46%) 230 . Sendo assim, os jornalistas como formadores <strong>de</strong><br />
opinião, <strong>de</strong>vem ter consciência <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m, através <strong>de</strong> suas<br />
publicações, influenciar o comportamento sexual do público 231 ;<br />
c) prestígio e pressão social: a iniciação sexual precoce das moças se <strong>de</strong>ve<br />
principalmente à pressão da socieda<strong>de</strong> e do namorado, sendo que<br />
algumas pessoas chegam a dar ―status‖ inferior às virgens. Nestes casos<br />
as jovens aceitam a iniciação sexual por temor <strong>de</strong> parecerem diferentes
101<br />
das <strong>de</strong>mais 63 . As adolescentes po<strong>de</strong>m tornar-se sexualmente ativas por<br />
medo <strong>de</strong> parecerem diferentes, em uma socieda<strong>de</strong> que estimula a<br />
ativida<strong>de</strong> sexual e <strong>de</strong>monstra que é importante que ela seja ―liberada‖<br />
para ser valorizada pelos amigos e pela socieda<strong>de</strong> 232 . Segundo a<br />
pesquisa da revista época <strong>de</strong> 2004, para os meninos, essa pressão<br />
social para que sejam experientes sexualmente, é ainda maior 228 ;<br />
d) advento dos contraceptivos orais: vários autores referiram o impacto do<br />
advento dos contraceptivos orais no comportamento sexual dos jovens<br />
29,134 . O surgimento dos anticoncepcionais contribuiu para o início mais<br />
precoce da ativida<strong>de</strong> sexual, uma vez que permitiu a liberação sexual da<br />
mulher jovem. Isso ocorreu pelo fato dos contraceptivos afastarem,<br />
teoricamente, o risco <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, a conseqüência mais temida pelos<br />
jovens, em relação à sexualida<strong>de</strong>. Os jovens <strong>de</strong>senvolvem a noção <strong>de</strong><br />
risco e perigo em relação à sexualida<strong>de</strong> em duas fases: primeiro a<br />
gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>pois DST/AIDS, buscando métodos <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> acordo<br />
com esta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preocupação. Esses mesmos autores comentam<br />
que, em uma pesquisa em 5 escolas <strong>de</strong> São Paulo, o índice <strong>de</strong><br />
adolescentes sexualmente ativos que utilizam contraceptivos é <strong>de</strong> 76%<br />
233 . Os anticoncepcionais po<strong>de</strong>m abrir a porta a uma quantida<strong>de</strong> enorme<br />
<strong>de</strong> abusos contra a mulher. Quando um homem ama <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> uma<br />
mulher, está disposto a casar-se e ter filhos com ela. A contracepção faz<br />
a mulher sexualmente disponível sem exigir qualquer compromisso 9 ;<br />
e) carência afetiva: alguns adolescentes, normalmente aqueles<br />
provenientes <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong>sestruturadas ou com pais agressivos,<br />
ausentes ou mal preparados para educá-los, sentem-se solitários e
102<br />
carentes. Diante <strong>de</strong> tal situação se atiram com facilida<strong>de</strong> aos braços do<br />
sexo oposto na busca premente <strong>de</strong> afeto, preenchimento <strong>de</strong> suas<br />
necessida<strong>de</strong>s e fuga da solidão 48,49,50,51,58,65,66,234,235 . As meninas iniciam<br />
as relações sexuais principalmente com os rapazes com quem estão<br />
afetivamente envolvidas 236 . Os rapazes já o fazem com maior interesse<br />
sexual. Para as moças o amor tem priorida<strong>de</strong> sobre a genitalida<strong>de</strong> 29 .<br />
Algumas jovens <strong>de</strong>sejam engravidar utilizando essa situação como forma<br />
<strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> carinho, afeição ou exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus parceiros 237 .<br />
As meninas que mudam <strong>de</strong> residência repetidas vezes po<strong>de</strong>m se sentir<br />
solitárias e usar a sexualida<strong>de</strong> como meio <strong>de</strong> formar amiza<strong>de</strong>s num<br />
bairro novo. Seus laços com a família e a comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />
enfraquecidos: elas po<strong>de</strong>m ser menos supervisionadas <strong>de</strong> perto pelos<br />
pais, po<strong>de</strong>m ser afastadas da família maior, e po<strong>de</strong>m ter passado a<br />
acreditar que os relacionamentos são casuais e temporários 26 . Para<br />
algumas jovens é interessante engravidar, pois com a maternida<strong>de</strong> há a<br />
passagem da condição <strong>de</strong> menina para a <strong>de</strong> mulher. Também existe o<br />
fato <strong>de</strong> uma carência afetiva e relacional com a família provocar na<br />
adolescente o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter um filho, no qual este seria o objeto<br />
privilegiado capaz <strong>de</strong> reparar essa carência 26,232,237,238 . A pesquisa da<br />
revista Época (março, 2004) relata casos <strong>de</strong> meninas que engravidam<br />
para sentirem-se livres e reconhecidas como adultas pela socieda<strong>de</strong>.<br />
Relata-se a existência do ―Mito da Cin<strong>de</strong>rela‖ on<strong>de</strong>, como nos contos <strong>de</strong><br />
fadas, essas jovens acreditam que, ao engravidar, estarão assegurando<br />
seu futuro através <strong>de</strong> um príncipe encantado, ou seja, um provedor. Em<br />
uma pesquisa realizada com 3.900 adolescentes que engravidaram em
103<br />
São Paulo, 33% das jovens mães argumentaram que o bom da<br />
maternida<strong>de</strong> é ter alguém, ter responsabilida<strong>de</strong> e amadurecer, nessa<br />
seqüência. Além disso, 87% <strong>de</strong>ssas jovens conheciam os métodos<br />
anticoncepcionais, porém 70% <strong>de</strong>las não os utilizaram. Existem<br />
adolescentes com <strong>de</strong>sejo inconsciente <strong>de</strong> engravidar. Em geral, trata-se<br />
<strong>de</strong> meninas rebel<strong>de</strong>s que sentem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-afirmação, <strong>de</strong><br />
jovens que querem ter alguém para amar, <strong>de</strong> sentir-se mulher ou<br />
mesmo, para repetir o mo<strong>de</strong>lo já existente na família 206 ;<br />
f) abuso sexual: muitas das gestações em jovens é fruto <strong>de</strong> incesto,<br />
geralmente provocado por membros da família 48,49,58,65,66,234 . Embora<br />
seja difícil <strong>de</strong> estabelecer o elo entre maus tratos na infância e<br />
subseqüente gravi<strong>de</strong>z na adolescência, alguns estudos <strong>de</strong>monstraram<br />
que 50% a 60% <strong>de</strong>ssas adolescentes tiveram história <strong>de</strong> abuso sexual<br />
ou físico na infância 49,50,51,52,53,54,66 ;<br />
g) menarca precoce: menarca é a primeira menstruação da menina. Ela<br />
po<strong>de</strong> ocorrer dos 10 aos 16 anos. Meninas que menstruam antes dos 10<br />
anos são consi<strong>de</strong>radas como tendo menarca precoce e após os 16 anos,<br />
menarca tardia. A ida<strong>de</strong> média da menarca é <strong>de</strong> 12,6 anos 239 .<br />
Evidências observadas <strong>de</strong>monstram uma tendência, nos países<br />
oci<strong>de</strong>ntais à antecipação da menarca com o passar dos anos. Em geral,<br />
a cada 10 anos, a menarca antecipa-se em torno <strong>de</strong> 4 meses 240 . As<br />
causas <strong>de</strong>ssa antecipação da menarca ainda não estão bem explicadas,<br />
porém parece que a maior exposição à luz solar, melhor alimentação e<br />
estímulos emocionais <strong>de</strong>terminam um <strong>de</strong>sbloqueio mais precoce do<br />
hipotálamo pela hipófise, antecipando-se a maturação do eixo neuro-
104<br />
hormonal hipotálamo-hipófise-ovariano 46 . Essa antecipa-ção na primeira<br />
menstruação é observada principalmente em meninas <strong>de</strong> classes sociais<br />
mais altas. Apesar <strong>de</strong> o ama-durecimento sexual estar ocorrendo mais<br />
precocemente, o <strong>de</strong>senvolvimento psicossocial não acompanha o<br />
processo <strong>de</strong> maturação biológica 63,28 . O amadurecimento sexual em<br />
ado-lescentes ocorre pelo menos 4 a 5 anos antes <strong>de</strong> alcançarem a<br />
maturida<strong>de</strong> emocional. As meninas mais jovens também são muito<br />
instáveis emocionalmente e facilmente influenciáveis 135 ;<br />
h) puberda<strong>de</strong> precoce 26,48,49,50,51,52,53,54,58,65,66,234 : sobretudo as meninas,<br />
po<strong>de</strong>m ―ficar‖ 15 com rapazes mais velhos e ver-se diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas<br />
sexuais apropriadas para a sua aparência, mas não para a sua ida<strong>de</strong> 23 ;<br />
i) pobreza: para vários autores, a pobreza está correlacionada <strong>de</strong> modo<br />
significativo com a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> adolescentes 48,49,50,51,52,53,54,58,65,66,234,241.<br />
Num estudo, mais do que 80% das mães adolescentes americanas<br />
provêm <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> baixa renda 26 . Em outro estudo brasileiro houve<br />
aumento significativo dos partos <strong>de</strong> adolescentes na categoria SUS 16<br />
quando comparado com os partos <strong>de</strong> mulheres adultas na mesma<br />
categoria <strong>de</strong> internação; também se verificou predomínio <strong>de</strong><br />
adolescentes sem ocupação remunerada 241 ;<br />
j) repetição do mo<strong>de</strong>lo existente na família: pelo menos um terço dos pais<br />
<strong>de</strong>ssas adolescentes (sejam homens ou mulheres), foram eles próprios<br />
pais e mães adolescentes 50,51,66 ;<br />
15 Ficar: novo brasileirismo. Os jovens trocam beijos e carícias <strong>de</strong> maior ou menor teor sexual, sem<br />
compromisso.<br />
16 SUS: Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública gratuita, voltado principalmente para a<br />
população <strong>de</strong> baixa renda, gerenciado pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil.
105<br />
k) postergação do casamento: um dos fatos geradores da antecipação do<br />
início da vida sexual ativa tem sido a postergação do casamento para<br />
faixas etárias mais elevadas 46 . Isso se relaciona principalmente com a<br />
exigência <strong>de</strong> uma formação escolar mais longa e especialização<br />
profissional mais prolongada, <strong>de</strong>vido à alta competitivida<strong>de</strong> no meio <strong>de</strong><br />
trabalho. Dessa forma, a in<strong>de</strong>pendência financeira é mais árdua e mais<br />
tardia. Os jovens acabam por casarem-se mais tardiamente e sentem<br />
maior dificulda<strong>de</strong> em conter o instinto sexual por um tempo tão longo 134 .<br />
Atualmente, os estudos primários, secundários e graduação se alongam<br />
e, quando por fim acabam o curso, consi<strong>de</strong>ra-se sempre necessário dar<br />
um toque <strong>de</strong> distinção com um mestrado ou especialização que garanta<br />
o futuro. O mercado <strong>de</strong> trabalho, cada dia está mais difícil, exigindo<br />
maior esforço dos jovens. Além disso, consi<strong>de</strong>ra-se cada vez mais difícil<br />
encontrar uma moça ou rapaz que reúna todas as condições necessárias<br />
para o casamento. Outro fator é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ―aproveitar a<br />
juventu<strong>de</strong>‖, on<strong>de</strong> um compromisso atrapalharia essas diversões e<br />
viagens que os jovens almejam nesse período da vida. Também pensam<br />
que manter uma família é uma tarefa difícil, visto que não querem reduzir<br />
o nível <strong>de</strong> conforto que <strong>de</strong>sfrutam na casa <strong>de</strong> seus pais. Tudo isso faz<br />
com que os jovens <strong>de</strong>cidam-se casar cada vez mais tar<strong>de</strong> e por<br />
conseqüência, iniciem antes do casamento sua vida sexual 126 . Na<br />
verda<strong>de</strong>, nas últimas décadas, a ida<strong>de</strong> do casamento foi aumentando por<br />
várias razões: uma, porque a vida conjugal é mais difícil que<br />
antigamente, <strong>de</strong>vido às enormes e rápidas mudanças produzidas na<br />
cultura mo<strong>de</strong>rna; outra, porque a liberalização dos costumes está
106<br />
conduzindo a uma socieda<strong>de</strong> mais aberta, mas permissiva, hedonista e<br />
materialista, que corre o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar a si mesma; e, por último,<br />
porque a concepção da vida mudou, os critérios são diferentes e, entre<br />
outras coisas, porque a mulher, assim como o homem, está imersa em<br />
suas tarefas profissionais. O velho esquema da mulher educada<br />
somente para casar está em <strong>de</strong>cadência, significando que ela não <strong>de</strong>ve<br />
realizar apenas a sua tarefa <strong>de</strong> mãe e esposa, mas ampliar seu campo<br />
<strong>de</strong> ação. Isso implica uma exigência extra, um <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> suas<br />
ocupações no lar e na profissão 98 ;<br />
l) situação cultural: o estilo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno facilita o contato sexual entre<br />
os jovens. O tipo <strong>de</strong> namoro <strong>de</strong> hoje difere dos mo<strong>de</strong>los do passado,<br />
havendo atualmente menor vigilância dos pais<br />
48,49,58,65,66,234 .<br />
Antigamente, fumar, beber ou ter relações sexuais era consi<strong>de</strong>rado uma<br />
atitu<strong>de</strong> apenas dos ―jovens-problema‖, enquanto atualmente, consi<strong>de</strong>rase<br />
tal comportamento normal e fazendo parte da experiência do<br />
adolescente 242 . A diminuição da influência da religião, escola e<br />
comunida<strong>de</strong> em que o adolescente vive são aguns dos fatores mais<br />
eminentes para a iniciação sexual precoce 50,51,229,234 . O hábito <strong>de</strong><br />
namorar precocemente também prediz maior risco <strong>de</strong> envolvimento<br />
sexual precoce. Numa investigação com adolescentes <strong>de</strong> 12 anos que<br />
namoravam, foi encontrado 91% <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolvimento<br />
sexual antes <strong>de</strong> terminarem a escola. Quando o namoro iniciava-se aos<br />
13 anos, esse índice caiu para 56% 135 . No grupo <strong>de</strong> jovens que iniciam<br />
a ativida<strong>de</strong> sexual precoce encontram-se jovens com baixo rendimento<br />
escolar, problemas emocionais (incluindo-se alguns distúrbios mentais e
107<br />
uso <strong>de</strong> tóxicos), jovens provenientes <strong>de</strong> grupos minoritários, vítimas <strong>de</strong><br />
abuso sexual, crianças provenientes <strong>de</strong> lares conflituosos e baixo nível<br />
<strong>de</strong> supervisão dos pais sobre os filhos 26,48,49,58,65,66,234;<br />
m) álcool: o consumo <strong>de</strong> álcool está associado a um maior risco <strong>de</strong> o jovem<br />
ter relações sexuais com estranhos, múltiplos parceiros e sem o uso <strong>de</strong><br />
preservativos 50,51,234,243 ;<br />
n) estruturação familiar: jovens provenientes <strong>de</strong> famílias com apenas um<br />
dos pais são mais suscetíveis a iniciação precoce da sexualida<strong>de</strong> 26 ;<br />
o) outros: em geral as meninas são mais influenciadas por fatores<br />
psicológicos como auto-estima, religiosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> seguir carreira e<br />
senso <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> suas vidas, ao passo que os meninos são mais<br />
afetados por fatores ligados a família e a comunida<strong>de</strong> e o fato <strong>de</strong> morar<br />
em zona rural ou urbana. Os adolescentes da zona rural têm maior<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter intercurso sexual 26 .<br />
3.9 AS CONSEQUÊNCIAS DA INICIAÇÃO SEXUAL PRECOCE<br />
A ativida<strong>de</strong> sexual antes do casamento é sempre um risco, mas alguns<br />
padrões <strong>de</strong> comportamento são especialmente arriscados. Os mais ameaçados são<br />
os adolescentes que começam a ter ativida<strong>de</strong> sexual cedo e que têm múltiplos<br />
parceiros 26 .<br />
Duas gran<strong>de</strong>s questões em relação à ativida<strong>de</strong> sexual são os riscos <strong>de</strong><br />
doenças sexualmente transmissíveis e <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z 26,244 . Todavia, po<strong>de</strong>m ser citados<br />
inúmeros outros problemas.
108<br />
3.9.1 Consequências físicas<br />
3.9.1.1 Doenças sexualmente transmissíveis (DST)<br />
As DST, em outros tempos chamadas <strong>de</strong> doenças venéreas, são doenças<br />
que se disseminam pelo contato sexual. A prevalência <strong>de</strong> DST aumentou<br />
vertiginosamente a partir dos anos 60 23 .<br />
Os adolescentes formam o grupo mais suscetível a contrair DST 245 . Um em<br />
cada três casos <strong>de</strong> DST ocorre entre adolescentes; quanto mais jovem o<br />
adolescente, maior o risco <strong>de</strong> infecção 23 . Isso se <strong>de</strong>ve a imaturida<strong>de</strong> psíquica<br />
própria das ida<strong>de</strong>s mais jovens para lidar com algo tão importante quanto a<br />
sexualida<strong>de</strong>, muitas vezes expondo-se a riscos previsíveis; a uma tendência que têm<br />
em acreditar que estão <strong>de</strong> certa maneira imunes e protegidos <strong>de</strong> problemas que<br />
assolam apenas os outros; e também o fato que o organismo do jovem, sobretudo o<br />
da mulher ainda não está completamente pronto para a ativida<strong>de</strong> sexual. O epitélio<br />
da vagina, <strong>de</strong>vido à baixa exposição aos hormônios estrógenos são friáveis e<br />
oferece pouca resistência a entrada <strong>de</strong> microorganismos patógenos.<br />
As infecções transmitidas pela relação sexual constituem um grupo diferente<br />
<strong>de</strong> agentes microbianos, os quais são transmitidos na maioria das vezes através do<br />
contato direto com o indivíduo contaminado. Em geral, os agentes etiológicos têm o<br />
trato genital humano como único reservatório e sobrevivem mal ou não resistem fora<br />
do corpo humano. Quase quarenta agentes microbianos diferentes po<strong>de</strong>m ser<br />
transmitidos sexualmente, embora apenas alguns têm a transmissão sexual como<br />
mecanismo único ou predominante <strong>de</strong> disseminação. A maioria dos casos <strong>de</strong> DST<br />
está restrito às pessoas sexualmente ativas (em geral adolescentes e adultos jovens
109<br />
com ida<strong>de</strong> entre 15 e 34 anos, sendo que a faixa etária <strong>de</strong> 15 a 25 anos é a mais<br />
acometida por DST 246 ) e recém-nascidos e lactentes <strong>de</strong> mães contaminadas. As<br />
mulheres são mais suscetíveis à infecção e <strong>de</strong>senvolvem complicações com maior<br />
facilida<strong>de</strong> e freqüência do que os homens. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus efeitos sobre a saú<strong>de</strong><br />
reprodutiva po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como causador <strong>de</strong> problemas a longo prazo 247 .<br />
Estima-se que meta<strong>de</strong> das mulheres irá adquirir alguma DST ao longo <strong>de</strong> suas<br />
vidas. Mais <strong>de</strong> 50% são portadoras assintomáticas e as conseqüências para sua<br />
saú<strong>de</strong> são mais freqüentes e mais graves do que para os homens 248 . Não há cura<br />
para os vírus que provocam a AIDS, o herpes genital ou as verrugas genitais. A<br />
gonorréia e a clamídia, se não forem pronta e corretamente tratadas, po<strong>de</strong>m pôr em<br />
risco a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> engravidar e, se mesmo assim a gravi<strong>de</strong>z acontecer, po<strong>de</strong>m<br />
prejudicar o bebê. A sífilis, apesar das atuais facilida<strong>de</strong>s em tratá-la, continua<br />
aumentando no nosso meio. A gravi<strong>de</strong>z ectópica e a infertilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vidas a DST<br />
permanecem sendo um gran<strong>de</strong> problema 189 .<br />
Ainda nos dias atuais há uma crescente incidência <strong>de</strong>ssas doenças no meio<br />
dos adolescentes 20 . Dados do Programa <strong>de</strong> DST/AIDS do estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
mostram que em 2000 foram notificados naquele estado 2.540 casos <strong>de</strong> DST, sendo<br />
que <strong>de</strong>ste total 20% eram adolescentes. Está havendo uma ―feminilização‖ das DST<br />
e da infecção pelo HIV. Comenta que cerca da meta<strong>de</strong> dos casos <strong>de</strong> Aids ocorre em<br />
jovens 139 .<br />
As taxas <strong>de</strong> DST nos EUA está entre as mais altas no mundo industrializado<br />
23,249 . Estima-se que a cada ano um a cada quatro adolescentes com vida sexual<br />
ativa nos EUA adquire alguma DST 249 . Estudos tornaram evi<strong>de</strong>nte que apenas um<br />
em cada três adolescentes usou algum método <strong>de</strong> barreira como proteção para DST
110<br />
nos últimos 3 meses, isso a <strong>de</strong>speito do conhecimento prévio que possuíam 250 e<br />
apenas 63% afirmaram ter utilizado preservativo na última relação sexual 58 .<br />
As doenças obrigatoriamente <strong>de</strong> transmissão sexual são sífilis, gonorréia,<br />
cancro mole, linfogranuloma venéreo, donovanose, condiloma acuminado. As<br />
doenças freqüentemente transmitidas por contato sexual são tricomoníase, herpes<br />
genital simples, candidíase genital, fitiríase (pediculose pubiana), micoplasmose,<br />
infecção por Chlamydia trachomatis, AIDS e salpingite aguda. As doenças<br />
eventualmente transmitidas por contato sexual são: molusco contagioso, pediculose,<br />
escabiose, oxiuríase, hepatite B ou eventualmente A, amebíase, shiguelose e<br />
tuberculose. 251<br />
As DST mais comumente encontradas são 17 :<br />
a) tricomoníase: é uma causa comum <strong>de</strong> vaginite 18 transmitida pelo ato<br />
sexual, po<strong>de</strong>ndo a mulher ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> assintomática até apresentar<br />
sintomas exuberantes. O homem geralmente é portador assintomático. O<br />
agente causador da tricomoníase é um protozoário <strong>de</strong>nominado<br />
Trichomonas vaginalis. Geralmente causa corrimento vaginal importante<br />
com sintomas locais e urinários 251 . No mundo, ocorrem 172 milhões <strong>de</strong><br />
casos novos <strong>de</strong> tricomoníase a cada ano. Somente no Brasil esse<br />
número chega a 5 milhões. Essa doença provoca uma alteração no<br />
epitélio que po<strong>de</strong> ocasionar vulnerabilida<strong>de</strong> biológica muito importante<br />
para a transmissão do HIV, da hepatite e <strong>de</strong> outras patologias 246 .<br />
Evidências também sugerem que a tricomoníase po<strong>de</strong>ria facilitar a<br />
transmissão do HIV para o parceiro masculino já que a inflamação da<br />
17 Aqui as DST não estão relacionadas por qualquer tipo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, seja por incidência, prevalência,<br />
gravida<strong>de</strong> ou outro critério, uma vez que há divergências sobre isso nos diversos estudos levantados.<br />
18 A vaginite é um processo inflamatório da vagina.
111<br />
mucosa resultante da infecção po<strong>de</strong>ria aumentar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vírus<br />
por mililitro <strong>de</strong> conteúdo vaginal 252 ;<br />
b) gonorréia: a gonorréia é uma inflamação do trato urogenital causada por<br />
uma bactéria <strong>de</strong>nominada Neisseria gonorrhoeae, <strong>de</strong> transmissão<br />
prodominantemente sexual. As únicas transmissões não-sexuais são a<br />
conjuntivite e vaginite infantis (transmitidas pela mãe à criança pelo canal<br />
<strong>de</strong> parto). A prevalência da infecção entre mulheres com uma única<br />
exposição é <strong>de</strong> 50%, com duas exposições, 85,7% e com mais <strong>de</strong> duas<br />
exposições, 100%. O risco <strong>de</strong> infecção para o homem, em uma<br />
exposição é <strong>de</strong> 80%. O aumento da incidência no grupo feminino <strong>de</strong> 15 a<br />
19 anos está em <strong>de</strong>sproporção com o que se verifica em outros grupos<br />
etários e correspon<strong>de</strong> às modificações do comportamento sexual 253 . O<br />
uso <strong>de</strong> contraceptivos orais esteve associado com cerca do dobro do<br />
aumento do risco relativo <strong>de</strong> gonorréia, em um estudo <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />
caso <strong>de</strong> pacientes <strong>de</strong> uma clínica <strong>de</strong> planejamento familiar. Isso po<strong>de</strong>ria<br />
ocorrer porque fatores hormonais estariam influenciando a gonococcia<br />
na mulher. O período <strong>de</strong> incubação da doença varia <strong>de</strong> três a sete dias,<br />
po<strong>de</strong>ndo a infecção ser sintomática ou assintomática, tanto em homens<br />
quanto em mulheres. Geralmente existem poucos sintomas na mulher,<br />
ao contrário do que ocorre com o homem. O gonococo po<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r<br />
pelo trato genital feminino levando a uma doença inflamatória pélvica<br />
aguda 251 . Os problemas relacionados a essa doença seriam lesões<br />
inflamatórias <strong>de</strong> órgãos genitais externos, útero, trompas e ovários,<br />
po<strong>de</strong>ndo levar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um quadro agudo <strong>de</strong> dor até a esterilida<strong>de</strong>, abortos<br />
sépticos ou mesmo partos prematuros. De 1 a 3% dos pacientes com
112<br />
gonorréia po<strong>de</strong>m vir a sofrer disseminação pelo sangue e <strong>de</strong>senvolvem<br />
um quadro <strong>de</strong> gonorréia disseminada. É mais comum em mulheres,<br />
durante a gestação ou no tempo <strong>de</strong> menstruação 253 . A gonorréia gera<br />
62 milhões <strong>de</strong> novos casos a cada ano no mundo e 1,5 milhões no<br />
Brasil, sendo que na mulher, são 1,2 milhões. Na maioria das vezes, a<br />
doença, nos seus estágios iniciais, apresenta sintomas apenas no<br />
homem 246 ;<br />
c) clamidíase: as infecções por clamídia mostram atualmente gran<strong>de</strong><br />
importância, não apenas por sua elevada freqüência, mas também<br />
<strong>de</strong>vido às dificulda<strong>de</strong>s para seu diagnóstico e pelas gran<strong>de</strong>s<br />
repercussões sobre o aparelho genital 251 . É a DST mais comum nos<br />
EUA com 600.000 casos <strong>de</strong>scritos em 1998 254 . Respon<strong>de</strong> por 60% <strong>de</strong><br />
todas as doenças pélvicas inflamatórias, com elevado índice <strong>de</strong><br />
infertilida<strong>de</strong> e gravi<strong>de</strong>z extra-uterina 212,255 . É uma doença causada pela<br />
Clamidia trachomatis, uma bactéria que parasita exclusivamente os<br />
seres humanos e é responsável por várias síndromes infecciosas<br />
(ocular, pulmonar, entérica, genital). Acomete principalmente mulheres<br />
jovens, com menos <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 256,257,258,259,260 . A maioria das<br />
infecções pela clamídia é assintomática, estimando-se que cheguem a<br />
60 a 70% <strong>de</strong>las 251 e até 40% das adolescentes estão infectados por este<br />
agente 247 . Outros estudos referem que a clamídia po<strong>de</strong> ser encontrada<br />
em 10 a 20% das adolescentes sexualmente ativas, sendo a ida<strong>de</strong> um<br />
dos principais fatores <strong>de</strong> risco para a aquisição da infecção, pois a<br />
clamídia infecta preferencialmente o epitélio colunar, que se encontra<br />
exposto nesta faixa etária, <strong>de</strong>vido ao fato da existência da ectopia
113<br />
fisiológica das adolescentes. Isso também explica a maior prevalência da<br />
doença em usuárias <strong>de</strong> contraceptivos orais. A gonorréia po<strong>de</strong> estar<br />
associada em 40% dos casos, pois o gonococo também tem predileção<br />
pelo epitélio colunar 251 . É o agente etiológico mais encontrado nas<br />
doenças inflamatórias pélvicas, que são causadoras <strong>de</strong> dores<br />
abdominais agudas ou crônicas e esterilida<strong>de</strong> feminina<br />
247 . São<br />
registrados 92 milhões <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> clamídia por ano no mundo,<br />
sendo 1,9 milhões no Brasil. O rastreamento <strong>de</strong>sta doença em mulheres<br />
abaixo <strong>de</strong> 25 anos, <strong>de</strong>tectou 31% <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> 246 . Estima-se que a<br />
erradicação da infecção por clamídia po<strong>de</strong>ria eliminar 80% dos casos <strong>de</strong><br />
infertilida<strong>de</strong> por fatores tubários e 50% das gestações tubárias 261 ;<br />
d) sífilis: a sífilis é uma doença causada pelo Treponema pallidum. A baixa<br />
resistência do treponema às condições do meio exterior exclui <strong>de</strong> maior<br />
valor outras vias que não o contágio sexual ou a via transplacentária. O<br />
risco <strong>de</strong> infecção se situa em torno <strong>de</strong> 30%, aumentando na reexposição.<br />
A doença é classificada em primária, secundária ou terciária,<br />
conforme a sua evolução. Na sífilis primária se observa comumente<br />
lesões <strong>de</strong> pele ou mucosas. Freqüentemente essa lesão é única.<br />
Encontra-se, em geral, no pênis, meato urinário, ânus, vulva, vagina ou<br />
colo do útero 262 . De um modo geral caracteriza-se por lesão tipo úlcera.<br />
A sífilis secundária é uma forma <strong>de</strong> doença disseminada 263 . Na sífilis<br />
secundária, a lesão <strong>de</strong> pele ou mucosa po<strong>de</strong> ser precedida ou<br />
acompanhada <strong>de</strong> sintomas como mal-estar, rouquidão, anorexia 19 , febre,<br />
cefaléia, meningites, neurites, manifestações hepáticas, nefrite, miosites,<br />
19 Perda do apetite.
114<br />
entre outras. Após um ano <strong>de</strong> doença, se não for corretamente tratada,<br />
evolui para a sífilis terciária, que é consi<strong>de</strong>rada a forma tardia da sífilis.<br />
Neste caso, a pessoa po<strong>de</strong> apresentar sintomas <strong>de</strong> três formas: sífilis<br />
terciária benigna, on<strong>de</strong> surgem lesões <strong>de</strong> tecidos, problemas com o<br />
nervo óptico, nos ossos, articulações, entre outros; a sífilis nervosa, on<strong>de</strong><br />
o paciente apresentará problemas neurológicos como meningite ou<br />
outros, em geral apresentando irritabilida<strong>de</strong>, cefaléia, insônia, alterações<br />
da fala e visão, entre outras; e a sífilis cardiovascular, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />
ocorrer lesões cardíacas ou na artéria aorta. Também se po<strong>de</strong> notar<br />
lesões das artérias, veias, aparelho respiratório, esôfago, estômago,<br />
pâncreas, figado, rins, baço, entre tantos outros 262 . No Brasil é estimado<br />
cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> sífilis a cada ano. No mundo todo<br />
esse número chega a 12 milhões a cada ano 246 ;<br />
e) herpes genital: o herpes genital é causado pelo Herpesvirus hominis<br />
(HSV). O HSV tipo 2 é o mais freqüente 251 . O herpes simples vírus tipo 1<br />
ou tipo 2, po<strong>de</strong> produzir infecção oral ou genital e após o surgimento da<br />
primeira infecção, po<strong>de</strong> tornar-se recidivante. Há reativação da infecção<br />
em torno <strong>de</strong> 60 a 90% dos casos 248 . Os sintomas são vesículas<br />
agrupadas, geralmente na região genital, com dor intensa e prurido,<br />
po<strong>de</strong>ndo ocorrer sintomas sistêmicos. Na infecção recorrente esses<br />
sintomas são mais brandos 251,264 . Em estudos feitos entre 1976 a 1994<br />
nos EUA, a soroprevalência encontrada <strong>de</strong>sse vírus em pessoas com<br />
mais <strong>de</strong> 12 anos foi 21,9%, correspon<strong>de</strong>ndo a 45 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />
infectadas naquele país. A soroprevalência é maior entre mulheres<br />
(25,6%) do que em homens (17,8%) e maior em negros (45,9%) do que
115<br />
brancos (17,6%). Menos <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong>ste total relataram ter apresentado<br />
em algum momento sintomas <strong>de</strong> infecção por herpes genital. Esses<br />
estudos revelaram portanto, que o número <strong>de</strong> pessoas portadoras do<br />
vírus é muito maior do que se po<strong>de</strong>ria imaginar a primeira vista. Des<strong>de</strong><br />
1970 a prevalência do herpes vírus genital (herpes tipo 2) aumentou em<br />
30% 265 .<br />
f) papilomavírus humano (HPV): a infecção genital pelo HPV é consi<strong>de</strong>rada<br />
uma DST extremamente comum, representando importante problema <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong>vido à sua alta prevalência e transmissibilida<strong>de</strong> 266 . É a<br />
DST viral mais freqüente nos EUA 20 . Apresenta uma infectivida<strong>de</strong> que<br />
varia <strong>de</strong> 25 a 65% 247 . Atualmente, são conhecidos mais <strong>de</strong> 120 tipos <strong>de</strong><br />
HPV, sendo que cerca <strong>de</strong> 36 267 a 45 266 <strong>de</strong>les po<strong>de</strong>m infectar o trato<br />
genital. Os HPV são divididos em três grupos, <strong>de</strong> acordo com seu<br />
potencial <strong>de</strong> oncogenicida<strong>de</strong> 21 : baixo risco oncogênico, risco oncogênico<br />
intermediário e alto risco oncogênico. Os tipos <strong>de</strong> alto risco, quando<br />
associados à outros co-fatores, apresentam estreita relação com o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor 267 .<br />
Apesar <strong>de</strong> 99,7% das neoplasias invasoras do colo uterino apresentarem<br />
DNA do HPV, apenas 1% das mulheres infectadas por um dos vários<br />
tipos virais oncogênicos apresenta risco para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
câncer. O HPV po<strong>de</strong> estar associado a câncer <strong>de</strong> ânus, pênis, vagina e<br />
vulva, mas são raros quando comparados com os tumores <strong>de</strong> colo<br />
uterino. Lesões precursoras induzidas pelo HPV se <strong>de</strong>senvolvem<br />
20 De todas as DST, a clamidíase é a mais prevalente nos EUA. Se estratificarmos por agente<br />
etiológico, <strong>de</strong>ntro das DST virais o HPV ocupa o primeiro lugar.<br />
21 Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultar em câncer. No caso específico do HPV, o maior potencial é <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolver câncer <strong>de</strong> cólon <strong>de</strong> útero.
116<br />
aproximadamente uma década após a infecção inicial, permitindo seu<br />
reconhecimento através <strong>de</strong> recursos diagnósticos e tratamento<br />
conservador previamente à transformação neoplásica. A progressão<br />
maligna é um processo contínuo, on<strong>de</strong> o epitélio passa por alguns<br />
estágios (pré-câncer) antes <strong>de</strong> se tornar câncer invasor 266 . Estima-se<br />
que 75% da população sexualmente ativa entre em contato com um ou<br />
mais tipos <strong>de</strong> HPV durante sua vida. No entanto, a gran<strong>de</strong> maioria<br />
<strong>de</strong>stas infecções é eliminada pelo sistema imune e não <strong>de</strong>senvolve<br />
sintomas no hospe<strong>de</strong>iro. Em mais <strong>de</strong> 90% dos indivíduos infectados o<br />
vírus é eliminado espontaneamente através da ativação do sistema<br />
imune em um período <strong>de</strong> 24 meses. Estima-se que cerca <strong>de</strong> 1 a 2% dos<br />
adultos sexualmente ativos apresentam manifestação clínica do HPV<br />
(condiloma acuminado, que são verrugas genitais) e 4% possuem<br />
manifestações subclínicas, ou seja, alterações nos exames. Os<br />
principais fatores <strong>de</strong> risco para aquisição <strong>de</strong> infecção por HPV são:<br />
tabagismo, imunossupressão, ida<strong>de</strong> (a incidência é mais elevada logo<br />
após os primeiros anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual, principalmente entre jovens<br />
<strong>de</strong> 18 a 28 anos) e ativida<strong>de</strong> sexual (existe associação entre precocida<strong>de</strong><br />
no início da ativida<strong>de</strong> sexual e maior número <strong>de</strong> parceiros com um<br />
aumento da prevalência <strong>de</strong> infecção pelo HPV). As doenças<br />
sexualmente transmissíveis prévias como herpes e clamídia, além <strong>de</strong><br />
baixa ingestão <strong>de</strong> vitaminas C e E, também são fatores <strong>de</strong> maior risco<br />
266 . A paciente infectada pelo HPV bem como seus parceiros po<strong>de</strong>m ser<br />
infectantes, mesmo na ausência <strong>de</strong> lesões visíveis do HPV. O uso <strong>de</strong><br />
condom não elimina o risco <strong>de</strong> transmissão, pois fornece proteção
117<br />
apenas para o corpo do pênis. Se o homem apresentar lesão por HPV<br />
na região escrotal, o preservativo não confere proteção no sentido <strong>de</strong><br />
evitar com que a mulher se infecte 267 ;<br />
g) cancro mole: é uma doença causada pelo Haemophilus ducrey,<br />
causando geralmente várias úlceras genitais dolorosas mas sem<br />
comprometimento do estado geral do paciente. É excessivamente<br />
contagioso, po<strong>de</strong>ndo-se dizer que é a mais venérea <strong>de</strong> todas as<br />
afecções, pois à exceção <strong>de</strong> raríssimos casos <strong>de</strong> contágio profissional,<br />
sua origem tem <strong>de</strong> ser buscada sempre nas relações sexuais.<br />
Naturalmente, o risco aumenta com a promiscuida<strong>de</strong> 264,268 ;<br />
h) linfogranuloma venéreo: é outra doença, que assim como a clamidíase,<br />
também é causada pela Chlamydia trachomatis. Evolui em três fases,<br />
iniciando com lesão local, passando a um gânglio inguinal e<br />
posteriormente, seqüelas da obstrução linfática 268 ;<br />
i) donovanose: é causado pelo Calymmataobacterium granulomatis. Causa<br />
lesões genitais e anais e se não tratadas, evoluem para extensas<br />
cicatrizes <strong>de</strong>formantes na pele. É mais comum no nor<strong>de</strong>ste brasileiro 264 ;<br />
j) micoplasmas: engloba dois agentes causadores <strong>de</strong> infecção genital:<br />
Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Alguns trabalhos<br />
mostram que cerca <strong>de</strong> 15 a 95% das mulheres sexualmente ativas são<br />
portadoras <strong>de</strong> micoplasma. São causadores <strong>de</strong> abortamento habitual 247 .<br />
A infecção pelos micoplasmas também leva a seqüelas no sistema<br />
reprodutivo, principalmente na tuba uterina e na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> migração<br />
dos espermatozói<strong>de</strong>s. A sua freqüência na população <strong>de</strong> pacientes<br />
inférteis não é homogênea na literatura, variando entre 2 e 23%. A ampla
118<br />
variabilida<strong>de</strong> nestas taxas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores populacionais e das<br />
diferentes técnicas diagnósticas emprega-das, o que dificulta traçar um<br />
perfil clínico característico 269 ;<br />
k) AIDS ou SIDA (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida): A infecção é<br />
causada pelo pelo HIV, um vírus pertencente à classe dos retrovírus<br />
270 . Ao entrar no organismo humano, esse vírus po<strong>de</strong> ficar silencioso e<br />
incubado por muitos anos. Esta fase <strong>de</strong>nomina-se assintomática e<br />
relaciona-se ao quadro em que uma pessoa infectada não apresenta<br />
nenhum sintoma ou sinal da doença. O período entre a infecção pelo HIV<br />
e a manifestação dos primeiros sintomas da AIDS irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r,<br />
principalmente, do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da pessoa. Essa virose promove<br />
graves danos no sistema imunológico, <strong>de</strong>ixando a pessoa infectada<br />
suscetível a diversas infecções oportunistas. Até o momento foram<br />
<strong>de</strong>scritos dois tipos <strong>de</strong> vírus com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infectar o ser humano<br />
(HIV-1 e HIV-2). É fundamental consi<strong>de</strong>rar que o HIV engloba dois<br />
grupos <strong>de</strong> pacientes: portadores assintomáticos (soropositivos) e<br />
doentes, ou seja, aqueles que apresentam algum tipo <strong>de</strong> infecção<br />
oportunista. Somente estes últimos são consi<strong>de</strong>rados portadores <strong>de</strong><br />
AIDS. No entando, ambos os grupos po<strong>de</strong>m ser transmissores da<br />
moléstia 271 . De 1º <strong>de</strong> janeiro a 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001 foram registradas<br />
7.099 notificações <strong>de</strong> AIDS no Brasil, totalizando 210.447 casos da<br />
doença <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980. Do total, 155.792 (74%) são do sexo masculino e<br />
54.660 (26%) do sexo feminino. O número <strong>de</strong> casos em menores <strong>de</strong> 13<br />
anos chegou a 7.335 (3,5% do total) 272 . Indicadores epi<strong>de</strong>miológicos<br />
mostram que o padrão <strong>de</strong> transmissão do HIV vem mudando no Brasil. O
119<br />
aumento do número <strong>de</strong> casos associados à subcategoria <strong>de</strong> exposição<br />
heterossexual faz-se acompanhar <strong>de</strong> proporção cada vez maior <strong>de</strong><br />
mulheres, constatada na redução da razão por sexo. A incidência <strong>de</strong><br />
novos casos no Brasil, passou <strong>de</strong> 23 homens para cada mulher com<br />
AIDS em 1984 para 2:1 no ano 2000. É importante ressaltar que no<br />
grupo etário <strong>de</strong> 15 a 19 anos, a razão é <strong>de</strong> 1:1 252 . A maioria dos doentes<br />
com AIDS pertencem à faixa <strong>de</strong> adultos jovens (25 a 35 anos), tendo<br />
provavelmente se contaminado na adolescência 273,274 . Dados nacionais<br />
mostram que a adolescente heterossexual é um dos segmentos da<br />
população nos quais tem aumentado o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> AIDS 246 .<br />
Meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os novos casos <strong>de</strong> infecção pelo HIV nos Estados<br />
Unidos ocorre em pessoas com 13 a 24 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 275 . As DST que<br />
cursam com ulcerações apresentam risco relativo 18,2 vezes maior na<br />
transmissão do HIV 276 ;<br />
l) outras DST menos comuns e com menor repercussão como a<br />
escabiose, pediculose e molusco contagioso também merecem ser<br />
citadas 277 .<br />
Acredita-se que anualmente um milhão <strong>de</strong> jovens na faixa <strong>de</strong> 15 a 25 anos<br />
são atingidos pelas doenças sexualmente transmissíveis e que um número<br />
significativo <strong>de</strong>stes fica estéril, como conseqüência da referida doença 278 . Dados da<br />
OMS mostram que as DST são a segunda enfermida<strong>de</strong> que mais acomete as<br />
mulheres <strong>de</strong> 15 a 44 anos nos países em <strong>de</strong>senvolvimento. São notificados cerca <strong>de</strong><br />
340 milhões <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> DST por ano.<br />
O controle das DST é tarefa árdua. As barreiras incluem aspectos culturais e<br />
questões <strong>de</strong> gênero, dificulda<strong>de</strong>s na modificação do comportamento sexual, altos
120<br />
índices <strong>de</strong> infecção assintomática nas mulheres e testes onerosos e <strong>de</strong> difícil acesso<br />
para diagnóstico laboratorial. Até recentemente, buscava-se diagnóstico etiológico e<br />
tratamento da paciente afetada e seu parceiro sexual, com pouco impacto na<br />
redução <strong>de</strong>ssas infecções em termos populacionais 276 .<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se o aconselhamento como um instrumento importante para a<br />
quebra na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão das DST. Este, auxilia a paciente a compreen<strong>de</strong>r a<br />
relação existente entre o seu comportamento e o problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que está<br />
apresentando e também a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua<br />
saú<strong>de</strong> e evitar novas infecções. Esta prática pressupõe o reconhecimento pelo<br />
profissional <strong>de</strong> que o sucesso a ser alcançado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ação conjunta <strong>de</strong> ambos<br />
os interlocutores (profissional e paciente). Implica, portanto, na participação ativa da<br />
paciente no processo terapêutico e na promoção <strong>de</strong> um diálogo no qual a<br />
mensagem é contextualizada às características e vivências da pessoa em<br />
atendimento 276 .<br />
3.9.1.2 Infertilida<strong>de</strong><br />
Conceitua-se infertilida<strong>de</strong> quando o casal não obtêm gravi<strong>de</strong>z sem o uso <strong>de</strong><br />
qualquer método contraceptivo, após um ano <strong>de</strong> relações sexuais bem distribuídas<br />
ao longo do ciclo menstrual. Po<strong>de</strong>-se dividir em primária quando não houve<br />
gestação anterior ou secundária caso já tenha ocorrido gestação prévia 279 .<br />
As doenças sexualmente transmissíveis po<strong>de</strong>m causar alterações no<br />
aparelho genital masculino ou feminino, com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> seqüelas 269 .<br />
A infertilida<strong>de</strong> conjugal afeta <strong>de</strong> 10 a 15% dos casais em ida<strong>de</strong> reprodutiva<br />
280 , sendo as doenças do trato genital feminino, incluíndo-se as DST, responsáveis
121<br />
por 50 a 60% dos casos, ao passo que 40 a 50% estão relacionados a fatores<br />
masculinos. Dentre as causas femininas <strong>de</strong>stacam-se os fatores tubo-peritoneais<br />
(principalmente doenças das trompas <strong>de</strong> Falópio), associados à doença inflamatória<br />
pélvica, endometriose, cirurgias anteriores, abortos sépticos 22 , apendicite com<br />
peritonite 23<br />
e gravi<strong>de</strong>z ectópica 24 , que apresentam prevalência variável na<br />
<strong>de</strong>pendência do perfil epi<strong>de</strong>miológico da população estudada<br />
281,282,283,284 . A<br />
infertilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ocorrer em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveis<br />
anteriores, não tratadas ou assintomáticas 25 . A clamidíase é uma das principais<br />
causas <strong>de</strong> infertilida<strong>de</strong> feminina passível <strong>de</strong> prevenção 285 . Atualmente é o<br />
microrganismo mais associado à infertilida<strong>de</strong> feminina, com freqüência que varia <strong>de</strong><br />
30% a 50% dos casos 286,287 .<br />
3.9.2 Consequências biológicas, psicológicas e sociais<br />
3.9.2.1 Gravi<strong>de</strong>z precoce e fora do casamento<br />
Nos tempos atuais, a problemática da gravi<strong>de</strong>z na adolescência vem<br />
assumindo proporções significativas 288 . O custo econômico <strong>de</strong>ssa situação também<br />
é expressivo. Estima-se que somente nos EUA há um gasto <strong>de</strong> 21 bilhões <strong>de</strong><br />
dólares anuais com todas as consequências que <strong>de</strong>la advém 289 .<br />
22 Abortamento seguido por infecção, mais comumente encontrado nos abortamentos provocados.<br />
23 Inflamação da membrana interna que reveste os órgãos abdominais.<br />
24 Gestação que se <strong>de</strong>senvolve fora da cavida<strong>de</strong> uterina.<br />
25 Doenças que embora tenham produzido uma infecção, não resultou em sintomas perceptíveis pela<br />
paciente, po<strong>de</strong>ndo entretanto, <strong>de</strong>ixar seqüelas no organismo. Comumente as pacientes sequer<br />
sabem que tiveram tais infecções, justamente por terem sido assintomáticas.
122<br />
Embora comumente as meninas não ovulem nos primeiros ciclos<br />
menstruais, em algumas <strong>de</strong>las isso po<strong>de</strong> ocorrer. Portanto, as meninas após a<br />
menarca precisam ter em conta que po<strong>de</strong>m ficar grávidas 23 .<br />
Nos EUA, <strong>de</strong> todos os nascimentos <strong>de</strong> adolescentes, 78.9% ocorrem fora do<br />
casamento 290 . Entre a população total dos EUA, aproximadamente um terço <strong>de</strong><br />
todas as crianças nascem fora do casamento 15 . Em 1960 esse número era<br />
significativamente menor, apenas 5,3% 291 .<br />
O aumento <strong>de</strong> adolescentes que engravidam fora do casamento é maior<br />
entre os brancos 290 . Essas gestações fora do casamento refletem uma tendência da<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar lares mono-parentais, visto que o número <strong>de</strong> gestações fora do<br />
casamento igualmente cresce entre os adultos 292,293,294 . Poucos adolescentes ou<br />
adultos jovens estão casados antes do nascimento do filho 295 . Quase três a cada<br />
quatro <strong>de</strong>sses nascimentos, proporção maior que em qualquer outra época, ocorrem<br />
em mães solteiras 26 .<br />
Um estudo realizado no interior do estado <strong>de</strong> São Paulo, no período <strong>de</strong><br />
janeiro <strong>de</strong> 1992 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996 levantou a ativida<strong>de</strong> econômica das<br />
adolescentes que <strong>de</strong>ram à luz. Foram analisados 7.134 adolescentes,<br />
correspon<strong>de</strong>ndo a 16,6 % do total <strong>de</strong> partos no período do estudo. No que se refere<br />
a ocupação das gestantes adolescentes, 1.005 (14,1%) adolescentes grávidas já<br />
tinham inserção na população economicamente ativa, apenas 482 (6,8%) eram<br />
estudantes, enquanto 5.637 (79,0%) eram do lar, ou sem ocupação remunerada. Em<br />
<strong>de</strong>z (0,1%) pacientes não havia informação sobre a ocupação 241 .
123<br />
A gravi<strong>de</strong>z na adolescente é consi<strong>de</strong>rada por muitos autores como sendo<br />
uma gestação <strong>de</strong> alto risco 26 , <strong>de</strong>vido a todos os fatores físicos, psíquicos e sociais<br />
que pesam sobre a adolescente 31,296,297 .<br />
Des<strong>de</strong> 1998 os esforços para prevenir a gravi<strong>de</strong>z na adolescência vem<br />
aumentando nos EUA 234 . Lá o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z em adolescentes<br />
aumentou até 1991, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a taxa <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong> mães adolescentes vem<br />
diminuindo a cada ano 157,298,299 . Des<strong>de</strong> 1991 essa taxa diminuiu em 35% no grupo<br />
etário <strong>de</strong> 15 a 17 anos e 20% entre 18 a 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 300 . A taxa para o grupo<br />
<strong>de</strong> 10 a 14 anos que era 1,4 por 1.000 em 1992 gradativamente diminuiu para 0,7<br />
por 1.000 em 2002 301 . Embora nos EUA os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes<br />
brancos e negros começasse a cair a partir <strong>de</strong> 1991, no caso do grupo formado por<br />
adolescentes hispânicos esses índices continuaram aumentando até 1996, quando<br />
só então a curva tornou-se <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, ainda assim <strong>de</strong> modo menos acentuado<br />
que para brancos e negros 302,303 .<br />
A taxa <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> entre as adolescentes brasileiras <strong>de</strong> 15 a 19 anos<br />
passou <strong>de</strong> 75 para 81 por mil mulheres entre 1960 e 1985. Esse aumento foi mais<br />
pronunciado entre as adolescentes <strong>de</strong> 15 anos, chegando a expressivos 300% entre<br />
o período <strong>de</strong> 1970 a 1980 304 . Comparando com outros países, em 1992, para cada<br />
mil mulheres entre 15 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, 4 tiveram um parto no Japão, em outros<br />
países esse número foi <strong>de</strong> 8 na Holanda, 33 no Reino Unido, 41 no Canadá e 66 nos<br />
EUA 52 .<br />
Apesar do aumento do uso <strong>de</strong> métodos contraceptivos pelos adolescentes<br />
50,51,66,65,305,306 , inclusive já na primeira relação, e o uso <strong>de</strong> preservativo masculino<br />
estar aumentando progressivamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1970, chegando a triplicar entre 1982 e<br />
26 Gravi<strong>de</strong>z em que a mãe e/ou o feto correm risco <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> ou mortalida<strong>de</strong> maiores que o<br />
normal.
124<br />
1992 307,306,308 , 50% dos casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z ocorre nos seis primeiros meses que se<br />
suce<strong>de</strong>m a primeira relação 66,309 . Na maioria das vezes a gravi<strong>de</strong>z na adolescência<br />
ocorre entre a primeira e a quinta relação sexual 310 .<br />
A cada ano aproximadamente 900.000 adolescentes engravidam nos EUA e<br />
apesar <strong>de</strong>ste número atualmente estar em <strong>de</strong>créscimo, mais <strong>de</strong> 40% das<br />
adolescentes engravidaram ao menos uma vez, antes <strong>de</strong> completar 20 anos <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong> 234 . A maioria <strong>de</strong>ssas gestações foram em adolescentes mais velhas (18 ou 19<br />
anos) 234,294 . Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as adolescentes grávidas têm seus filhos e<br />
planejam criá-los sozinhas; muito poucas disponibilizam o filho para adoção 26 . Mais<br />
do que 90% das jovens entre 15 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>screvem a sua gravi<strong>de</strong>z<br />
como sendo in<strong>de</strong>sejada. Nestes casos, meta<strong>de</strong> das gestações termina em aborto<br />
espontâneo ou provocado 294,295 . Aproximadamente 51% <strong>de</strong>ssas gestações evoluem<br />
até o fim, ou seja até o nascimento da criança, 35% termina em aborto induzido e<br />
14% termina em aborto espontâneo ou natimorto 49,66,83,234,309 . As adolescentes<br />
grávidas proveniente <strong>de</strong> famílias favorecidas são mais inclinadas à realização do<br />
aborto 26 .<br />
Uma vez que uma adolescente tem um filho, ela tem um aumento do risco<br />
<strong>de</strong> vir a ficar grávida novamente. Aproximadamente 25% das crianças <strong>de</strong> mães<br />
adolescentes não são o primeiro filho <strong>de</strong>stas 49,60,161,234 .<br />
Há um claro vínculo entre gravi<strong>de</strong>z na adolescência e pobreza revelado pela<br />
concentração <strong>de</strong> mães adolescentes pertencentes aos estratos <strong>de</strong> renda mais<br />
pobres. No grupo <strong>de</strong> menor renda, 35% das mulheres latino-americanas tinham tido<br />
seu primeiro filho antes dos 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> enquanto no <strong>de</strong> melhor renda estes<br />
casos não chegam a 10%. As diferenças são ainda mais fortes quando se analisa o<br />
nível educacional das mulheres. Quase meta<strong>de</strong> das jovens que não completaram o
125<br />
ensino fundamental foram mães adolescentes contra apenas 7% das que<br />
completaram o segundo grau 311 .<br />
A porcentagem <strong>de</strong> adolescentes que engravidam <strong>de</strong> parceiros adultos não<br />
está clara e os estudos apresentam estatísticas díspares que vão <strong>de</strong> 7% a 67% <strong>de</strong><br />
homens adultos 312 . É um grave problema quando adultos têm relações com<br />
adolescentes, porque muitas <strong>de</strong>stas relações po<strong>de</strong>m ser abusivas ou coercitivas. As<br />
meninas que têm relações com homens mais velhos também são mais propensas a<br />
contrair AIDS e outras DST 313,314,315,316 .<br />
Os pais adolescentes têm características semelhantes às mães<br />
adolescentes. Eles tem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem menor rendimento acadêmico,<br />
altas taxas <strong>de</strong> evasão escolar, recursos financeiros limitados, e diminuição em<br />
potencial do salário 317,318 . Alguns pais <strong>de</strong>saparecem da vida <strong>de</strong> sua parceira<br />
adolescente, abandonando inclusive o filho 14 .<br />
Além dos problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, econômica e psicológica <strong>de</strong> uma<br />
gravi<strong>de</strong>z durante a adolescência, ainda têm os problemas médicos <strong>de</strong> uma gestação<br />
numa jovem que nem sempre tem o corpo apto para tal. Os riscos <strong>de</strong> complicações<br />
médicas envolvendo a mãe e o filho são maiores nas mulheres com menos <strong>de</strong> 17<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do que nas adultas. Quanto mais jovem a mãe, maiores serão esses<br />
riscos 306,319 .<br />
Quanto ao curso da gravi<strong>de</strong>z, alguns estudos têm <strong>de</strong>monstrado aumento na<br />
incidência <strong>de</strong> intercorrências pré-natais, intraparto, pós-parto e perinatais entre<br />
gestantes adolescentes, notadamente a prematurida<strong>de</strong> 245,320<br />
e o baixo peso ao<br />
nascimento 245,321 . Existem ainda relatos <strong>de</strong> aumento da incidência <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong><br />
crescimento intra-uterino, sofrimento fetal agudo intra-parto, diabetes gestacional e
126<br />
pré-eclâmpsia<br />
288,322,323,324 , o que po<strong>de</strong>ria concorrer para maior número <strong>de</strong><br />
operações cesarianas neste grupo populacional.<br />
A incidência <strong>de</strong> crianças com baixo peso ao nascer (menor que 2500<br />
gramas) é duas vezes mais comum em filhos <strong>de</strong> mães adolescentes e o índice <strong>de</strong><br />
mortalida<strong>de</strong> neonatal 27 é quase três vezes maior que o observado para filhos <strong>de</strong><br />
mães adultas 321 . O índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> materna, embora baixo, é o dobro das<br />
adultas 83,245,306,325 .<br />
Observa-se ainda com maior freqüência um baixo ganho <strong>de</strong> peso materno,<br />
prematurida<strong>de</strong><br />
28 , doença hipertensiva da gestação, anemia e DST.<br />
Aproximadamente 14 % das crianças nascidas <strong>de</strong> mães adolescentes com menos<br />
<strong>de</strong> 17 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> são pré-termo, contra 6% no caso <strong>de</strong> mães entre 25 e 29 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 245,321,325 .<br />
As mães com ida<strong>de</strong> igual ou menor a quatorze anos são mais propensas a<br />
terem filhos com baixo peso ao nascer, sendo que isso é mais pronunciado <strong>de</strong>ntre<br />
as mães negras 234,245,326,325,327 .<br />
Na seqüência citam-se alguns resultados da Pesquisa Nacional <strong>de</strong><br />
Demografia e Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1996, do Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil, que dá uma idéia<br />
estatística da situação da gravi<strong>de</strong>z entre adolescentes 310 :<br />
a) 18% das adolescentes <strong>de</strong> 15 a 19 anos já haviam ficado grávidas<br />
alguma vez;<br />
b) 1 em 3 mulheres <strong>de</strong> 19 anos já são mães ou estão grávidas do 1° filho;<br />
c) 1 em 10 mulheres <strong>de</strong> 15 a 19 anos já tinha 2 filhos;<br />
d) 49,1% <strong>de</strong>stes filhos foram in<strong>de</strong>sejados;<br />
27 Conceitua-se mortalida<strong>de</strong> neonatal como sendo aquela on<strong>de</strong> o bebê morre no período que vai do<br />
nascimento até 28 dias após.<br />
28 Nascimento com menos <strong>de</strong> 37 semanas <strong>de</strong> gestação. Utiliza-se a nomenclatura ‗prematurida<strong>de</strong>‘<br />
quando se refere ao bebê e ‗pré-termo‘ quando se adota como ponto <strong>de</strong> referência a gestação.
127<br />
e) 20% das adolescentes resi<strong>de</strong>ntes na zona rural tem pelo menos 1 filho;<br />
f) 13% das adolescentes resi<strong>de</strong>ntes na área urbana tem pelo menos 1<br />
filho;<br />
g) 54% das adolescentes sem escolarida<strong>de</strong> já haviam ficado grávidas;<br />
h) 6,4% das jovens com mais <strong>de</strong> 9 anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> ou já eram mães<br />
ou estavam grávidas do 1° filho;<br />
i) 20% das meninas da região norte têm pelo menos 1 filho;<br />
j) 9% das adolescentes da região centro-oeste têm pelo menos 1 filho;<br />
3.9.2.2 Consequências sociais<br />
Numa pesquisa com 1.167 estudantes, em sua maioria brancos, católicos,<br />
<strong>de</strong> classe média, residindo em bairros resi<strong>de</strong>nciais e cursando o segundo e o<br />
terceiro anos do <strong>Ensino</strong> Médio, aqueles que iniciaram a sua ativida<strong>de</strong> sexual mais<br />
cedo, e a mantiveram com freqüência, tinham mais tendência <strong>de</strong> apresentar<br />
comportamento anti-social do que aqueles que se abstinham. O grupo sexualmente<br />
ativo po<strong>de</strong> ter sido menos maduro do que aqueles que esperaram para se entregar<br />
ao sexo. Eles também tinham maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>primidos, <strong>de</strong> ter<br />
problemas com álcool, e <strong>de</strong> ter notas baixas na escola 26 .<br />
Tanto os fatores sociais como os biológicos po<strong>de</strong>m contribuir para o<br />
empobrecimento dos adolescentes após uma gestação in<strong>de</strong>sejada 245 . Como os<br />
adolescentes têm maior risco <strong>de</strong> contraírem uma DST, abuso <strong>de</strong> substâncias, pobre<br />
<strong>de</strong>senvolvimento nutricional 26,245 , durante a gestação, tudo isso contribui para<br />
aumentar o risco <strong>de</strong> parto pré-termo 245 , por exemplo. Outros problemas encontrados<br />
são a interrupção dos estudos 26,328,329 , pobreza, limitação das oportunida<strong>de</strong>s
128<br />
vocacionais e repetição <strong>de</strong> uma nova gravi<strong>de</strong>z 329 . Mesmo quando a gravi<strong>de</strong>z não<br />
interrompe os estudos, normalmente se nota uma baixa performance acadêmica<br />
328,329 . Entretanto, a evasão escolar, às vezes, prece<strong>de</strong> a gravi<strong>de</strong>z, sendo inclusive<br />
uma condição <strong>de</strong> risco para engravidar 328 .<br />
A repercussão <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> adolescentes vai além dos próprios pais<br />
e alcança os filhos. Essas crianças têm uma probabilida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> atraso no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, dificulda<strong>de</strong>s escolares, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns comportamentais, abuso <strong>de</strong><br />
substâncias, ativida<strong>de</strong> sexual precoce, <strong>de</strong>pressão e elas próprias se tornarem pais<br />
adolescentes 330,331 .<br />
Durante a gestação, 88% das mães adolescentes vivem com seus pais e a<br />
maioria continua assim até a criança completar 3 anos e 46% permanece na casa<br />
dos pais até 5 anos após o parto 12 .<br />
Como conseqüências sociais ainda se observam um aumento do número <strong>de</strong><br />
separações, quando o casamento foi resultante <strong>de</strong> uma gestação in<strong>de</strong>sejada; e uma<br />
maior <strong>de</strong>sestruturação familiar após a gravi<strong>de</strong>z na adolescência, pois entre outros<br />
acontecimentos também é mais freqüente que o pai se separe da criança 329 .<br />
Felizmente, no entanto, alguns estudos sugerem que, em longo prazo, po<strong>de</strong><br />
ser evitado que advenha algum efeito social negativo sobre essa mãe adolescente.<br />
Os efeitos negativos <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada na adolescência po<strong>de</strong>m ser<br />
atenuados quando há empenho verda<strong>de</strong>iro dos pais e <strong>de</strong> toda a família da<br />
adolescente 325,330 . Alguns fatores que influenciam positivamente a continuida<strong>de</strong> dos<br />
estudos <strong>de</strong>ssas adolescentes são: a raça (ao menos nos EUA, as adolescentes<br />
negras ten<strong>de</strong>m a se sair melhor que as adolescentes brancas), ter pais com alto<br />
nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, a presença <strong>de</strong> livros no lar e quando a mãe da adolescente<br />
exerce uma profissão 329,332 . A participação dos avós auxiliando a jovem mãe na
criação do filho também é um fator importante para que a mãe adolescente não<br />
tenha maiores prejuízos nos estudos e vida profissional posterior 12 .<br />
129<br />
3.9.2.3 Consequências psicológicas e éticas<br />
A ativida<strong>de</strong> sexual dos adolescentes tem características parecidas com a <strong>de</strong><br />
outros adultos não casados. Embora normalmente sejam relações monogâmicas,<br />
ten<strong>de</strong>m a ser relacionamentos curtos e com sucessivos parceiros. Numa coleta <strong>de</strong><br />
dados em uma população <strong>de</strong> ensino médio, encontrou-se que 11% das<br />
adolescentes e 17% dos adolescentes tiveram quatro ou mais parceiros sexuais 333 .<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista ético, não é possível <strong>de</strong>scartar a tese que uma pessoa<br />
quando teve, no passado, múltiplas relações sexuais, <strong>de</strong>veria comunicar tal fato ao<br />
novo parceiro ou cônjuge. Como visto anteriormente, uma pessoa po<strong>de</strong> ser infértil<br />
por seqüela <strong>de</strong> uma DST que foi assintomática, e por isso mesmo <strong>de</strong>sconhecida.<br />
Outras vezes po<strong>de</strong>-se contaminar a outra pessoa, se quer sabendo que era portador<br />
<strong>de</strong> um vírus sem cura. Um exemplo disso é quando o homem transmite o HPV à<br />
mulher. Comumente assintomático no homem, na mulher torna-se a principal causa<br />
<strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> colo uterino.<br />
As DST nas mulheres po<strong>de</strong>m levar a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns sexuais e psicodinâmicas,<br />
como o sentimento <strong>de</strong> culpa, <strong>de</strong>pressão e ansieda<strong>de</strong>. Por exemplo, o conhecimento<br />
<strong>de</strong> ter o vírus HPV, que é transmitido sexualmente, e sabendo que este po<strong>de</strong><br />
conduzir ao câncer <strong>de</strong> cólon uterino, mesmo apesar da erradicação da lesão, po<strong>de</strong><br />
criar um trauma psico-sexual significativo, afeta o comportamento, a sexualida<strong>de</strong> e a<br />
saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas mulheres. Muitos pacientes infectados apresentam dificulda<strong>de</strong>s
sexuais em testes psicológicos e psicodinâmicos, com perda do <strong>de</strong>sejo sexual e<br />
experiências insatisfatórias em mais <strong>de</strong> 50% dos casos 334 .<br />
130
131<br />
4 CASOS CLÍNICOS<br />
Apresenta-se uma pequena revisão da consulta médica, seguido por relatos<br />
<strong>de</strong> casos clínicos que têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar um pouco da vivência <strong>de</strong> uma<br />
clínica médica. Tais casos ilustram, <strong>de</strong> modo prático, parte dos problemas<br />
relacionados com a sexualida<strong>de</strong> humana e <strong>de</strong>scritos anteriormente.<br />
A medicina é ciência e arte. Uma arte científica, se preferirmos 335 . Coube a<br />
Hipócrates (460-356 a.C.), sistematizar a método clínico, dando a anamnese e ao<br />
exame físico uma estruturação que pouco difere da que se emprega hoje 336 .<br />
A palavra anamnese se origina <strong>de</strong> aná = trazer <strong>de</strong> volta, recordar emnese =<br />
memória. Significa trazer <strong>de</strong> volta à mente todos os fatos relacionados com a doença<br />
e com a pessoa doente 336 .<br />
Na medicina existe a entrevista médica, a relação médico-paciente, as<br />
inumeráveis maneiras <strong>de</strong> sentir, sofrer, interpretar o que se sente, <strong>de</strong> relatar o que<br />
se passa no íntimo <strong>de</strong> cada um, na doença e na saú<strong>de</strong>. Acrescenta-se a isso as<br />
nuances impressas pelo contexto cultural, pela interferência do ambiente, pela<br />
participação dos fenômenos inconscientes, muitos <strong>de</strong>les mal aflorados nas<br />
perguntas do médico e nas respostas do paciente 336 .<br />
O método clínico caracteriza-se por sua flexibilida<strong>de</strong>, às vezes consi<strong>de</strong>rada<br />
sua parte mais frágil pelos que pouco conhecem esse método. Ele permite uma<br />
fusão, fazendo com que a arte e a ciência médica se completem. O que faz a<br />
medicina diferente <strong>de</strong> tantas outras profissões é esse lado não ―científico‖, não<br />
racional, que permite ver além da célula lesada e do órgão doente 336 .<br />
O método clínico concilia o lado racional, que trabalha com os<br />
conhecimentos científicos, com os outros aspectos ainda pouco conhecidos da<br />
natureza humana, que se tornam ainda mais complexos quando há dor, sofrimento,
132<br />
risco <strong>de</strong> vida. Ao fazer a união da arte com a ciência, abre a mente do médico para<br />
conceber a saú<strong>de</strong> e as doenças em uma visão multidimensional, envolvendo<br />
aspectos físicos, psicológicos, sociais, familiares, culturais, ambientais, históricos,<br />
geográficos, todos inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e influenciando uns aos outros, para formar<br />
uma teia <strong>de</strong> correlações, impossíveis <strong>de</strong> serem aprisionadas em fórmulas<br />
matemáticas 336 .<br />
O exame clínico rompe os limites da ciência cartesiana e positivista e aceita<br />
a presença do impon<strong>de</strong>rável. A iniciação do exame clínico tem suas bases em<br />
alguns procedimentos que constituem o Método Clínico e que são a Entrevista, a<br />
Inspeção, a Palpação, a Percussão, a Ausculta e o uso <strong>de</strong> alguns instrumentos e<br />
aparelhos simples 336 .<br />
Para a anamnese a melhor posição é aquela em que o paciente se encontra<br />
sentado em uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>fronte a escrivaninha do médico. A anamnese po<strong>de</strong> ser<br />
conduzida <strong>de</strong> duas maneiras. Deixando-se o paciente relatar livre e<br />
espontaneamente suas queixas sem qualquer interferência do médico, que se limita<br />
a ouví-lo, ou através <strong>de</strong> uma anamnese dirigida. Quando se usa essa segunda<br />
técnica o paciente não terá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um relato livre e dispersivo, pois<br />
o médico, tendo na sua mente um esquema básico, conduzirá a entrevista <strong>de</strong> modo<br />
mais objetivo. A anamnese dirigida exige do médico rigor técnico na sua execução,<br />
<strong>de</strong> tal modo que não se conduza por idéias preconcebidas 336 .<br />
A anamnese é classicamente <strong>de</strong>sdobrada nas seguintes partes:<br />
I<strong>de</strong>ntificação; Queixa Principal; História da Doença Atual; Interrogatório<br />
Sintomatológico; Antece<strong>de</strong>ntes Pessoais e Familiares; Hábitos <strong>de</strong> Vida e Condições<br />
Sócio-Econômicas 336 .
133<br />
Na i<strong>de</strong>ntificação são obrigatórios os seguintes elementos: nome, ida<strong>de</strong>,<br />
sexo, cor (raça), estado civil, profissão, local <strong>de</strong> trabalho, naturalida<strong>de</strong> e residência<br />
336 .<br />
Tendo-se em vista os aspectos especiais da relação médico-paciente na<br />
adolescência, a realização da anamnese tem características próprias. Parte <strong>de</strong>la é<br />
feita com o familiar que estiver acompanhando o adolescente, mas a maior parte é<br />
realizada a sós, com o próprio adolescente 336 .<br />
No primeiro tempo da consulta faz-se a investigação dos antece<strong>de</strong>ntes<br />
familiares, antece<strong>de</strong>ntes pessoais fisiológicos<br />
29 , patológicos e imunização.<br />
Interroga-se sobre a queixa principal e a história da doença atual 336 .<br />
No segundo tempo faz-se apenas com o adolescente a investigação da<br />
alimentação, vida escolar, relações com os pais, irmãos, relações sociais (amigos,<br />
namoros e vida sexual) e <strong>de</strong> trabalho. Toda essa investigação <strong>de</strong>ve ser feita com<br />
cuidado, respeitando-se a personalida<strong>de</strong> do adolescente e levando-se em conta a<br />
sua ida<strong>de</strong> 336 .<br />
Quando se inicia o segundo tempo, em que o adolescente se vê sozinho, é<br />
natural que surja certo constrangimento, que po<strong>de</strong> ser maior ou menor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
da ida<strong>de</strong> ou do temperamento <strong>de</strong>le. Esse constrangimento é atenuado quando se<br />
inicia a conversa com um assunto relativamente neutro, como a investigação sobre a<br />
alimentação 336 .<br />
Na seqüência faz-se uma breve <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> alguns dos casos clínicos no<br />
atendimento diário, presenciados pelos autores. Optou-se por utilizar nomes fictícios<br />
em vez das verda<strong>de</strong>iras iniciais:<br />
29 Tipo <strong>de</strong> parto, peso ao nascer, condições do nascimento, alimentação no primeiro ano <strong>de</strong> vida,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento neuropsicomotor, entre outros <strong>de</strong>talhes.
134<br />
a) João, 23 anos, comparece à consulta médica para controle por diabetes<br />
que tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Durante a anamnese relata ser portador do<br />
vírus HIV. Faz controle periódico com um médico infectologista e até a<br />
última consulta ainda não havia <strong>de</strong>senvolvido a AIDS. Acredita ter se<br />
contaminado três anos antes, numa relação sexual eventual, com uma<br />
moça que conhecera no mesmo dia, quando estava <strong>de</strong> férias no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Não usou preservativo e consi<strong>de</strong>rou que o risco não era<br />
significativo, visto que a moça tinha aproximadamente a sua ida<strong>de</strong> e<br />
aparentava bom nível social e educacional;<br />
b) Samanta, 31 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, comparece pela primeira vez à consulta<br />
com ginecologista após muitos anos. Na primeira consulta não permitiu<br />
que fosse examinada, o que <strong>de</strong> fato veio a ocorrer apenas na terceira<br />
consulta. Relatou que com 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> engravidara do namorado,<br />
tendo sido ―abandonada‖ pouco <strong>de</strong>pois que o namorado soube da<br />
gravi<strong>de</strong>z, inclusive com questionamentos sobre a verda<strong>de</strong>ira paternida<strong>de</strong><br />
da criança. Procurou um médico para iniciar as consultas <strong>de</strong> pré-natal e<br />
contar-lhe as suas aflições. Desastrosamente, o médico prontamente<br />
sugeriu o aborto como solução, o que foi feito pouco tempo <strong>de</strong>pois. Seus<br />
pais não chegaram a saber da gravi<strong>de</strong>z, tão pouco do aborto. Realizado<br />
o aborto, sentiu que seus problemas aumentaram. Não teve mais<br />
namorados, por sentir-se insegura com os homens e passou a enxergar<br />
todos os médicos como ―açougueiros‖ e ―cruéis‖;<br />
c) Patrícia, 18 anos, compareceu à sua primeira consulta ginecológica uma<br />
semana após ter iniciado a ativida<strong>de</strong> sexual com seu primeiro namorado.<br />
Já havia planejado consultar-se antes pois acreditava na importância <strong>de</strong>
135<br />
fazer um acompanhamento médico a partir do momento em que<br />
<strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser virgem. Apresentava sintomas <strong>de</strong> ardência, prurido 30 ,<br />
leucorréia 31 e lesão vulvar. No exame foi prontamente diagnosticado<br />
como sendo gonorréia. O tratamento foi rápido e eficaz, porém apenas<br />
na resolução do problema físico. Patrícia ficou traumatizada com o<br />
―trágico inci<strong>de</strong>nte‖ resultado <strong>de</strong> um momento que a princípio acreditara<br />
ter sido o mais especial <strong>de</strong> sua vida. Tornou-se fechada e incrédula com<br />
relação aos homens;<br />
d) Cassiana, 19 anos, morava no Rio <strong>de</strong> Janeiro e era noiva <strong>de</strong> Pedro há 2<br />
anos. Planejavam se casar em breve, tão logo Pedro conseguisse uma<br />
melhor estabilida<strong>de</strong> financeira. Desejavam muito ter filhos. Em certa<br />
ocasião, após uma discussão, romperam o noivado. Cassiana,<br />
<strong>de</strong>primida, resolveu espairecer e tentar esquecer-se <strong>de</strong> Pedro.<br />
Freqüentou algumas festas e bares noturnos com amigas. Numa <strong>de</strong>ssas<br />
festas conheceu um rapaz com o qual manteve uma única relação<br />
sexual, na mesma noite em que se conheceram. Uma semana mais<br />
tar<strong>de</strong>, Cassiana e Pedro conversaram e <strong>de</strong>cidiram reatar o noivado. De<br />
imediato, mudaram-se para Curitiba por necessida<strong>de</strong> do serviço <strong>de</strong><br />
Pedro. No mesmo mês ela <strong>de</strong>scobriu estar grávida. Uma profunda<br />
angústia tomou conta <strong>de</strong> Cassiana durante os nove meses <strong>de</strong> gestação.<br />
Sonhava que o filho não era <strong>de</strong> seu noivo e tinha muito medo que <strong>de</strong> fato<br />
não fosse. Chorava muito, emagreceu, teve insônia freqüente que a<br />
impedia <strong>de</strong> trabalhar a<strong>de</strong>quadamente durante o dia, per<strong>de</strong>u o <strong>de</strong>sejo que<br />
tinha <strong>de</strong> engravidar, por fim tornou-se <strong>de</strong>pressiva e pensou inclusive em<br />
30 Coceira.<br />
31 Corrimento (secreção) vaginal purulento.
136<br />
abortar ou mesmo suicidar-se. O primeiro médico que procurou sugeriu o<br />
aborto como medida para resolver essa situação angustiante. Sua irmã<br />
mais velha, única pessoa, que sabia situação <strong>de</strong> conflito pela qual<br />
Cassiana passava procurava tranqüilizá-la. Levou-a a outro médico para<br />
dar continuida<strong>de</strong> ao pré-natal. Apesar da alegria e apoio do noivo, que<br />
sempre quisera um filho, e dos conselhos recebidos no consultório do<br />
segundo médico, a gravi<strong>de</strong>z foi um tormento para ela. Calculou e<br />
recalculou incontáveis vezes os dias férteis do ciclo menstrual.<br />
Consultava as datas das ecografias com constância. Porém, a sua<br />
dúvida sobre quem era o pai da criança não se esclarecia e não lhe saia<br />
da cabeça. Dizia-se inconformada e profundamente arrependida do seu<br />
ato. Sonhava em po<strong>de</strong>r voltar atrás e fazer tudo diferente. O maior sonho<br />
<strong>de</strong> sua vida que era o <strong>de</strong> ser mãe, tornava-se, agora, o seu maior<br />
pesa<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> ter cometido um ato impensado,<br />
inconseqüente. Cassiana só conseguiu acalmar-se após o nascimento<br />
da criança, quando fez o teste <strong>de</strong> DNA (sem o conhecimento do seu<br />
noivo) e confirmou que a filha era sim <strong>de</strong> seu noivo;<br />
e) Carolina, 25 anos, era uma bela jovem que compareceu à consulta <strong>de</strong><br />
rotina na ginecologista. Não havia nada <strong>de</strong> errado fisicamente, porém<br />
<strong>de</strong>monstrava-se ansiosa e <strong>de</strong>primida. Comentou que não dormia à noite,<br />
tinha pesa<strong>de</strong>los e sentia-se mal. Na medida em que se <strong>de</strong>strinchava a<br />
sua história veio à tona o motivo dos sintomas. Ela engravidara do<br />
namorado aos 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Teve um filho com um problema renal e<br />
não criava a criança, a qual foi assumida totalmente pelos avós. Ela,<br />
algumas vezes, o visitava. Dois anos mais tar<strong>de</strong> casou-se com outro
137<br />
homem e teve um filho. Permaneceu casada por 6 anos. Não<br />
apresentava problemas <strong>de</strong> relacionamento com o marido, o qual,<br />
inclusive, consi<strong>de</strong>rava muito <strong>de</strong>dicado. Todavia, conheceu um rapaz em<br />
seu local <strong>de</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>rando-o bonito e atraente. Sentiu-se<br />
repentinamente apaixonada por ele. Este a propôs que fugissem juntos.<br />
Sem pensar muito (nas suas próprias palavras), aceitou. Viveu um<br />
romance <strong>de</strong> conto <strong>de</strong> fadas, como comentou, porém, passadas algumas<br />
semanas, começou a sentir sauda<strong>de</strong>s do filho. Tentou entrar em contato<br />
com ele, mas seu marido não <strong>de</strong>ixava que ele aten<strong>de</strong>sse às ligações da<br />
mãe. Ficou indignada com o marido. Sentiu-se muito injustiçada e não<br />
via motivos para que o ―antigo‖ marido ficasse magoado com ela, visto<br />
que ele <strong>de</strong>veria enten<strong>de</strong>r que ela já não o amava como no princípio.<br />
Pensava, na sua simplicida<strong>de</strong>, que ele <strong>de</strong>veria ficar contente em vê-la<br />
feliz com outra pessoa. Cada vez mais triste e afastada do convívio<br />
social, não conseguia enten<strong>de</strong>r o motivo real <strong>de</strong> sentir-se <strong>de</strong>ssa maneira,<br />
afinal, estava ao lado <strong>de</strong> seu ―príncipe encantado‖. Vendo a foto <strong>de</strong> uma<br />
criança na sala da ginecologista, suspirou e comentou: ―Algumas<br />
pessoas tem sorte na vida, outras nem tanto...‖.
138<br />
5 CONCLUSÃO<br />
Os objetivos do trabalho foram alcançados, uma vez que, conforme o que<br />
está enunciado no documento <strong>de</strong> fundação da OMS, a saú<strong>de</strong> é um estado <strong>de</strong><br />
completo bem estar físico, mental e social, e, importa aqui ressaltar, não apenas a<br />
ausência <strong>de</strong> doença ou enfermida<strong>de</strong> 5 . Neste contexto, o presente estudo traz à tona<br />
que a sexualida<strong>de</strong> humana está relacionada com a saú<strong>de</strong> por um elo mais forte e<br />
amplo do que simplesmente por suas características biológicas. Portanto, educar a<br />
sexualida<strong>de</strong> é algo mais amplo e mais profundo do que educar simplesmente para<br />
as suas doenças correlacionadas.<br />
A expressão sexual não é a<strong>de</strong>quada para as relações anteriores à ida<strong>de</strong><br />
adulta. Há porém, cada vez mais adolescentes iniciando ativida<strong>de</strong> sexual, com todo<br />
o tipo <strong>de</strong> repercussões que recaem sobre o jovem. Tornam-se mães e pais,<br />
aumentam os casos <strong>de</strong> abortos, DST, seqüelas sociais e psíquicas. Para diminuir a<br />
incidência <strong>de</strong>stes casos, não se po<strong>de</strong> ser tão simplista ou ingênuo quanto apenas<br />
informar sobre métodos contraceptivos. É preciso <strong>de</strong>svendar a questão, fazer um<br />
diagnóstico correto, para compreendê-la e resolvê-la.<br />
Na natureza tudo faz sentido. Há um tempo certo para cada fase. Primeiro<br />
há o tempo <strong>de</strong> maturação, seguido pelo tempo <strong>de</strong> germinação. Após isso, há o<br />
tempo <strong>de</strong> procriar e por fim, o tempo <strong>de</strong> parturir, que dá início ao processo <strong>de</strong> criar.<br />
Tudo se completa no seu <strong>de</strong>vido tempo. Não se <strong>de</strong>ve interferir nessa seqüência<br />
evolutiva sob pena <strong>de</strong> quebrar um ciclo que a própria natureza fez perfeito 31 .<br />
O que faz um adolescente tomar uma <strong>de</strong>cisão sobre quando vai iniciar sua<br />
vida sexual é um conjunto <strong>de</strong> fatores muito complexo. Tanto que não po<strong>de</strong> ser<br />
reduzido a qualquer fórmula matemática. Porém existem dados concretos,<br />
observados em diferentes estudos, que permitem ajudar os pais, educadores e
139<br />
médicos a i<strong>de</strong>ntificar quais são os jovens mais propensos a iniciar prematuramente a<br />
ativida<strong>de</strong> sexual e quais as possíveis conseqüências que daí resultarão.<br />
Em síntese, os adolescentes que pen<strong>de</strong>m para o início precoce da ativida<strong>de</strong><br />
sexual têm algumas características em comum. No entanto, é natural supor que nem<br />
todos têm os mesmos distintivos. Po<strong>de</strong>m ser provenientes <strong>de</strong> famílias com pais<br />
agressivos, ausentes ou displicentes quanto ao modo <strong>de</strong> educá-los. Alguns sofreram<br />
algum grau <strong>de</strong> abuso físico ou sexual na infância. Foram criados com limites pouco<br />
claros, confusos ou contraditórios. Têm uma tendência a tentar satisfazer os seus<br />
<strong>de</strong>sejos e caprichos prontamente. Têm algum grau <strong>de</strong> carência afetiva, são imaturos<br />
e inseguros emocionalmente. São mais propensos a aceitar facilmente teorias<br />
reducionistas ou explicações antropológicas simplórias. Costumam ter menor<br />
rendimento escolar.<br />
O meio externo também tem sua importância na <strong>de</strong>cisão do adolescente. A<br />
pobreza material e a miséria contribuem para que os jovens recorram à prática<br />
sexual antecipada. O tipo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno, com gran<strong>de</strong> exposição a material <strong>de</strong><br />
conteúdo erótico, o modo atual <strong>de</strong> se namorar, a falta <strong>de</strong> objetivos claros e até<br />
mesmo a diminuição da influência da religião cooperam para que o adolescente<br />
caminhe em busca do sexo. Tem-se ainda que considarar a forte pressão que os<br />
amigos, a socieda<strong>de</strong> e a mídia às vezes exercem para que o jovem precipite sua<br />
vida sexual. Na atualida<strong>de</strong> não é incomum que essa pressão beire à coação.<br />
Ao optar por iniciar a ativida<strong>de</strong> sexual o jovem se expõe a riscos que em<br />
outra situação não os teria. Apesar <strong>de</strong> toda a orientação e todos os cuidados, os<br />
casos <strong>de</strong> DST crescem entre os jovens e a gravi<strong>de</strong>z mantém-se em números<br />
alarmantes. Como conseqüências indiretas existe um número significativo <strong>de</strong>
140<br />
abortos que são provocados como meio <strong>de</strong> controle da natalida<strong>de</strong>, maior incidência<br />
<strong>de</strong> infertilida<strong>de</strong> no futuro, problemas sociais e psicológicos diversos.<br />
Sob o ponto <strong>de</strong> vista da fisiologia e da anatomia, sem consi<strong>de</strong>rar outros<br />
aspectos como os psicológicos e sociais, a ida<strong>de</strong> mínima a<strong>de</strong>quada para a mulher<br />
ter a primeira relação sexual coinci<strong>de</strong> com a menor ida<strong>de</strong> necessária para uma<br />
a<strong>de</strong>quada gestação, ou seja entre 16 e 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Portanto, o que for antes<br />
disso é uma agressão à própria constituição física da mulher. Em um sentido mais<br />
amplo também será uma agressão à natureza da mulher todo o ato sexual fora das<br />
dimensões unitiva e procriativa e da dimensão que complementa as duas anteriores,<br />
a recreativa.<br />
A comparação dos dados obtidos da literatura norte-americana com a<br />
brasileira permite concluir que, apesar das diferenças econômicas e culturais que<br />
notadamente separam os dois países, os adolescentes têm muito em comum quanto<br />
ao comportamento sexual. Os fatores que influenciam a <strong>de</strong>cisão do adolescente<br />
neste campo são os mesmos nos dois países. Possuem ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> iniciação<br />
sexual semelhante, embora no Brasil alguns estudos apontam que a ida<strong>de</strong> média<br />
para a primeira relação sexual po<strong>de</strong> ser até um ano antes que nos EUA. Os dois<br />
países têm os índices <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência <strong>de</strong>ntre os mais altos do mundo,<br />
apesar <strong>de</strong> este estudo não permitir concluir se nos outros paises os índices são<br />
realmente menores, ou o número <strong>de</strong> partos é artificialmente menor <strong>de</strong>vido a uma<br />
maior incidência <strong>de</strong> abortos, sejam eles espontâneos ou provocados. No Brasil o<br />
número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong> mães adolescentes parece ser três a quatro vezes maior<br />
que nos EUA. Na atualida<strong>de</strong>, nos dois países em foco, a primeira relação sexual<br />
costuma acontecer entre 15 e 17 anos nas meninas, sendo que nos meninos a ida<strong>de</strong><br />
média é um ano menor. No entanto, há um número não <strong>de</strong>spresível <strong>de</strong> jovens que
141<br />
tem a primeira relação bem antes que essa média. Seja no Brasil ou nos EUA<br />
evi<strong>de</strong>ncia-se um número crescente <strong>de</strong> gestações na adolescência. Nos EUA em<br />
quarenta anos houve um salto <strong>de</strong> 5,3% para 78,9% no número <strong>de</strong> gestações <strong>de</strong><br />
adolescentes que ocorrem fora do casamento. Nos EUA o número adolescentes<br />
grávidas está se estabilizando na última década, com uma ligeira tendência <strong>de</strong><br />
regressão. Como isso coinci<strong>de</strong> como uma intensificação <strong>de</strong> campanhas pela<br />
abstinência sexual fora do casamento, é possível supor que os dois fatos estão<br />
interrrelacionados, não obstante esse trabalho não se proponha a esta confirmação.<br />
Os fatores que compelem o adolescente a iniciar prematuramente a ativida<strong>de</strong> sexual<br />
ou os fatores que colaboram para o adolescente protelá-la são os mesmos nas duas<br />
pátrias. O que aumenta o risco <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência num país, também o faz<br />
no outro. Os índices <strong>de</strong> DST também são similares, invertendo-se a penas a or<strong>de</strong>m.<br />
Nos EUA o mais comum é a clamidíase, que no Brasil ocupa a segunda colocação,<br />
atrás da tricomoníase.<br />
O método normal e fundamental da educação sexual é o diálogo pessoal<br />
entre pais e filhos, é a formação individual no âmbito da família. A família é uma<br />
força educativa insubstituível. A escola e os professores <strong>de</strong>têm um papel <strong>de</strong><br />
formação complementar na educação dos jovens, seguidos pelos médicos e o po<strong>de</strong>r<br />
público.<br />
Dado que os pais são os educadores principais por natureza, <strong>de</strong>veria haver<br />
uma forma <strong>de</strong> participação, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser consultados sobre a melhor maneira<br />
do po<strong>de</strong>r público gerenciar as campanhas que preten<strong>de</strong>m diminuir a incidência <strong>de</strong><br />
DST, gravi<strong>de</strong>z na adolescência e outras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns relacionadas à sexualida<strong>de</strong><br />
humana. Muitas vezes as propostas e campanhas públicas voltadas para os jovens<br />
têm um vício sofista. Tentam convencer pela argumentação em <strong>de</strong>trimento da
142<br />
verda<strong>de</strong>. Há uma diferença, nem sempre nítida, entre verda<strong>de</strong> e opinião. Num<br />
campo tão sério quanto a sexualida<strong>de</strong> humana, a verda<strong>de</strong> tem que ser<br />
incansavelmente buscada, ocupando o lugar das opiniões. Um projeto educaional<br />
tem que ser embasado no maior número <strong>de</strong> fatos verda<strong>de</strong>iros que se possa<br />
conseguir.<br />
A sexualida<strong>de</strong> não é um bem em si mesmo. É um bem da pessoa. A<br />
sexualida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> jamais <strong>de</strong>svincular-se da pessoa. O ato sexual humano tem<br />
características próprias que não são observadas em qualquer outro animal. Um ser<br />
humano nunca po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um simples meio para se conseguir algo.<br />
A abstinência é consi<strong>de</strong>rada por vários autores como sendo o método mais<br />
eficaz na prevenção <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência, DST e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> natureza<br />
psíquica advinda <strong>de</strong> uma iniciação sexual precoce, além <strong>de</strong> contribuir para que o<br />
adolescente cresça em virtu<strong>de</strong>s 1,23,35,49,50,51,52,53,54,90,96,155, 156,157,161,162,169,183,184,185,191 .<br />
Uma campanha pública que tenha o compromisso sério <strong>de</strong> combater a gravi<strong>de</strong>z<br />
precoce e as DST tem que ter um programa <strong>de</strong> incentivo e apoio para a abstinência<br />
sexual. Ao não consi<strong>de</strong>rar essa necessida<strong>de</strong> os resultados <strong>de</strong>ssas campanhas<br />
po<strong>de</strong>m estar irreparavelmente corrompidos e comprometidos.<br />
Uma maneira <strong>de</strong> prevenir a iniciação sexual precoce á ajudando os<br />
adolescentes, através <strong>de</strong> todas as esferas possíveis: família, escola, médicos e<br />
po<strong>de</strong>r público. Ainda assim, é necessário que os adolescentes estejam bem<br />
supervisionados, sobretudo por seus pais, os quais os adolescentes ouvem mais do<br />
que o senso comum supõe. O tempo e a qualida<strong>de</strong> da supervisão direta aplicada<br />
aos adolescentes é um dos fatores mais importantes para atrasar o início da vida<br />
sexual.
143<br />
Enumeram-se algumas das muitas ações positivas que as pessoas e<br />
organismos que prestam cuidados ou exercem influência sobre os adolescentes<br />
po<strong>de</strong>m executar:<br />
a) orientar os adolescentes na solução <strong>de</strong> seus problemas particulares, e<br />
ao mesmo tempo <strong>de</strong>smistificar esses problemas;<br />
b) estimulá-los a estudar, realizar práticas esportivas e outras ativida<strong>de</strong>s<br />
sociais saudáveis e produtivas, preenchendo seu tempo livre. A<br />
ociosida<strong>de</strong> é a antítese <strong>de</strong> tudo aquilo que a adolescência por essência<br />
é;<br />
c) os pais têm a obrigação <strong>de</strong> manter a autorida<strong>de</strong> sobre os filhos e a<br />
coerência em suas próprias vidas. Poucos feitos po<strong>de</strong>m dar mais<br />
tranqüilida<strong>de</strong> emocional aos adolescentes que observarem o quão<br />
coerente os seus pais são;<br />
d) os pais precisam estar sempre presentes e ter disponibilida<strong>de</strong> para ouvilos;<br />
e) ter controle sobre o uso que os adolescentes fazem da Internet e o<br />
tempo que dispen<strong>de</strong>m com todas as formas <strong>de</strong> mídia, ví<strong>de</strong>o-games aí<br />
inclusos;<br />
f) os jovens precisam ser educados para a solidarieda<strong>de</strong>;<br />
g) <strong>de</strong>monstrar confiança nos adolescentes, incentivá-los e estimular neles a<br />
paciência, a serenida<strong>de</strong> e a autoconfiança;<br />
h) <strong>de</strong>monstrar orgulho legítimo pelos seus atos meritórios;<br />
i) comemorar datas especiais, sobretudo em família, mesmo quando o<br />
adolescentes parece dar pouca importância para isso;
144<br />
j) canalizar a energia própria dos adolescentes para benefícios <strong>de</strong>les<br />
mesmos e da comunida<strong>de</strong>. Os adolescentes são generosos e têm<br />
verda<strong>de</strong>ira ânsia <strong>de</strong> ajudar, ainda que algumas vezes não tenham se<br />
<strong>de</strong>spertado para isso;<br />
k) finalmente, os pais têm a obrigação <strong>de</strong> estarem sempre atentos e<br />
vigilantes com o que se passa na vida dos filhos.
145<br />
6 OUTRAS CONSIDERAÇÕES<br />
A educação é um serviço absolutamente indispensável para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e maturida<strong>de</strong> dos jovens. Os pais são os primeiros e autênticos<br />
educadores e a relação da família com a escola nasce da insuficiência da família<br />
para educar plenamente em todos os âmbitos. Os pais não <strong>de</strong>vem renunciar a sua<br />
função <strong>de</strong> educadores. A escola e outros meios <strong>de</strong> educação têm uma participação<br />
complementar e precisam obrigatoriamente estar em sintonia com os pais.<br />
A questão parece que se enquadra <strong>de</strong>ntro do tema dos direitos da família na<br />
educação. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 32 , reconhece a primazia<br />
dos pais na educação, dizendo que estes têm priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito na escolha do<br />
gênero <strong>de</strong> instrução que será ministrada aos seus filhos 337 . O mesmo princípio foi<br />
adotado pela Convenção Sobre os Direitos da Criança 33 , adotada pela Assembélia<br />
Geral da ONU e ratificada no Brasil através <strong>de</strong> Decreto Legislativo em 14 <strong>de</strong><br />
setembro <strong>de</strong> 1990 338 .<br />
O Estado <strong>de</strong>ve respeitar a liberda<strong>de</strong> dos pais e assegurar aos filhos a<br />
educação moral que esteja <strong>de</strong> acordo com suas próprias convicções. Trata-se <strong>de</strong> um<br />
direito fundamental, ineludível.<br />
De acordo com o Código Civil Brasileiro (2002, em vigor a partir <strong>de</strong> janeiro<br />
<strong>de</strong> 2003) a menor ida<strong>de</strong> consentida para que um homem ou uma mulher casem é 16<br />
anos. Mesmo assim, nesta condição po<strong>de</strong>m unir-se por matrimônio apenas com<br />
autorização <strong>de</strong> ambos os pais, enquanto não for atingida a maiorida<strong>de</strong> civil aos 18<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Excepcionalmente será permitido o casamento <strong>de</strong> quem ainda não<br />
alcançou a ida<strong>de</strong> núbil (16 anos) em caso <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z 339 . Disto concluí-se que, se a<br />
lei <strong>de</strong>termina uma ida<strong>de</strong> mínima para o casamento, é porque enten<strong>de</strong> que abaixo<br />
32 Art. 26, §3º.<br />
33 Art. 18.
146<br />
<strong>de</strong>ssa ida<strong>de</strong> as pessoas não estão maduras o suficiente para tamanha<br />
responsabilida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se fazer uma análise paralela, se não é aconselhável se<br />
casar tão jovem presume-se que também não é <strong>de</strong>sejável a gravi<strong>de</strong>z nestas<br />
cicunstâncias. Se não é a<strong>de</strong>quado gerar um novo ser humano nesta conjuntura,<br />
então o i<strong>de</strong>al é não ter relações sexuais, uma vez que po<strong>de</strong>riam resultar numa<br />
gestação in<strong>de</strong>sejada.<br />
O sexo <strong>de</strong>ntro do seu contexto é essencial para a natureza humana. A<br />
atração sexual e o amor conjugal dão origem ao vínculo matrimonial, a partir do qual<br />
se sustenta a família que por sua vez nutre toda a socieda<strong>de</strong>. Todavia, o sexo<br />
<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>, ao contrário, dissolver a estrura familiar,<br />
abalando profundamente os alicerces <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos adolescentes se forma à medida que as pessoas resolvem<br />
três questões importantes: a escolha da ocupação, a adoção <strong>de</strong> valores nos quais<br />
acreditar e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual satisfatória 26,94 .<br />
O homem, o mais complexo dos seres vivos, é constituído por corpo (soma)<br />
e alma (psique), que formam juntos uma pessoa única, indivisível, com uma história<br />
sempre inédita e irrepetível. Embora ao nascimento não esteja acabado, possui<br />
todas as capacida<strong>de</strong>s necessárias para a sua plenitu<strong>de</strong>, ainda que para o completo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> muitas capacida<strong>de</strong>s necessite <strong>de</strong> ajuda através da educação.<br />
O adolescente precisa apren<strong>de</strong>r a viver. E para isso precisa <strong>de</strong>senvolver o<br />
pensamento. A formação <strong>de</strong> um conceito claro <strong>de</strong> pessoa integral é o primeiro passo<br />
para o adolescente enten<strong>de</strong>r-se a si próprio. Isso irá nortear a caracterização do<br />
adolescente como pessoa completa. Permitirá o diagnóstico dos problemas<br />
humanos, bem como a elaboração das possíveis soluções.
147<br />
O adolescente é sensível e simultaneamente intelectivo, qualida<strong>de</strong>s<br />
necessárias para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> seus próprios fins juntamente com a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar os meios. É possuidor da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação,<br />
socialização, pensar e or<strong>de</strong>nar o pensamento, ter vonta<strong>de</strong> pessoal, emoções,<br />
sentimentos, amar, doar-se e ser feliz quando faz a outro feliz.<br />
A correta educação o irá auxiliar a alcançar a sua plenitu<strong>de</strong> através da<br />
liberda<strong>de</strong>. Neste processo é importante a vonta<strong>de</strong>, inclinação racional para o bem<br />
que atua simultaneamente com a razão e obrigatoriamente implica responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Somente com a liberda<strong>de</strong> é possível alcançar o amor, que é incondicional,<br />
com vocação <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong>. Não há amor sem liberda<strong>de</strong> ou lealda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> certa<br />
forma o inverso também é verda<strong>de</strong>iro. O amor real implica um encontro com o ser do<br />
outro, uma relação pessoal, uma doação.<br />
Indo <strong>de</strong> encontro ao verda<strong>de</strong>iro sentido da vida, quando age como <strong>de</strong>ve <strong>de</strong><br />
fato agir, o adolescente alcança a sua auto-satisfação. A questão é que nem sempre<br />
esse caminho está suficientemente explícito.
148<br />
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