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CARACTEROLOGIA E CULTURA ORGANIZACIONAL - Instituto de ...

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<strong>CARACTEROLOGIA</strong> E <strong>CULTURA</strong> <strong>ORGANIZACIONAL</strong><br />

Paulo Sertek MSc - psertek@xmail.com.br<br />

www.ief.or.br<br />

Caráter e trabalho em equipe<br />

Introduz-se este item com algumas idéias <strong>de</strong> GOLEMAN 1 , para fundamentar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> empresa on<strong>de</strong> o cultivo do caráter passe a ser o eixo<br />

por on<strong>de</strong> gira a cultura organizacional, que é o reflexo do caráter dos que a levam a cabo.<br />

“Há uma palavra meio fora <strong>de</strong> moda para <strong>de</strong>finir o conjunto <strong>de</strong> aptidões que a<br />

inteligência emocional representa: caráter. O caráter, escreve Amitai Etzioni, teórica social<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Washington, é 'o músculo psicológico' necessário para a conduta<br />

moral" 2 . E o filósofo John Dewey diz que uma educação moral é mais po<strong>de</strong>rosa quando as<br />

lições são ensinadas às crianças no curso <strong>de</strong> fatos reais, não apenas como lições abstratas -<br />

o modo da alfabetização emocional 3 .<br />

Se o <strong>de</strong>senvolvimento do caráter é uma das bases das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas,<br />

pensem em algumas das maneiras como a inteligência emocional as reforça. O princípio<br />

fundamental do caráter é a autodisciplina; a vida virtuosa, como têm observado os filósofos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> ARISTÓTELES 4 , se baseia no autocontrole. Uma pedra <strong>de</strong> toque que guarda<br />

afinida<strong>de</strong> com o caráter é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> motivar-se e orientar-se, seja ao fazer o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />

casa, concluir um trabalho ou levantar-se pela manhã. E, como visto, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiar<br />

a satisfação, controlar e canalizar os impulsos para agir é uma aptidão emocional básica,<br />

que em outros tempos se chamava <strong>de</strong> força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. "Precisamos ter controle sobre nós<br />

mesmos - nossos apetites, nossas paixões - para agir direito com os outros", observa<br />

Thomas Lickona, quando escreve sobre educação do caráter. "É preciso força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

para manter a emoção sob o controle da razão" 5 .<br />

Como as equipes tornam-se a nova célula social <strong>de</strong>ntro das empresas, há a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver pessoas para o trabalho interativo. Isto exige o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento harmônico das virtu<strong>de</strong>s fundamentais como forja do caráter.<br />

1 GOLEMAN, Daniel, Inteligência Emocional, Ed. Objetiva, Rio <strong>de</strong> Janeiro-RJ, 1995, pp. 299 –301.<br />

2 Formação <strong>de</strong> caráter e conduta moral: Amitai Etzioni, The Spirit of Community , Nova Iorque: Crown,<br />

1993.<br />

3 Lições morais: Steven C. Rockefeller, John Dewey, Religious Faith and Democratic Humanism, Nova<br />

Iorque: Columbia University Press, 1991<br />

4 ARISTÓTELES - Ética a Nicomacos, 2. ed. Brasília, Ed. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 1992<br />

5 Agindo direito com os outros: Thomas Lickona, Educating for Character (Nova Iorque: Bantam, 1991).


2<br />

“Embora as pessoas tenham sempre trabalhado em associação, diz DRUCKER,<br />

com o trabalho <strong>de</strong> conhecimento ‘são as equipes - e não o esforço <strong>de</strong> um indivíduo - que se<br />

constituem na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho’ 6 . E isso explica por que a inteligência emocional, as<br />

aptidões que ajudam as pessoas a entrarem em harmonia, <strong>de</strong>veria ser valorizada como um<br />

produto do ambiente <strong>de</strong> trabalho nos anos futuros” 7 .<br />

Pesquisas têm-se realizado 8 STEMBERG e WILLIAMS, on<strong>de</strong> se verifica situação<br />

peculiar on<strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> alto QI acadêmico têm dificulda<strong>de</strong> em canalizar todo o potencial<br />

<strong>de</strong> conhecimento e criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos grupos em que trabalha e das próprias<br />

atitu<strong>de</strong>s. Este fato chama a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar o ambiente favorável por<br />

meio dos hábitos facilitadores (cultivo caracterológico) do trabalho em equipe. Afirmam<br />

estes autores que, comentados por GOLEMAN, que:<br />

“Um dos importantes fatores para a maximização da excelência <strong>de</strong> um grupo era o<br />

quanto os participantes eram capazes <strong>de</strong> criar um clima <strong>de</strong> harmonia interna, <strong>de</strong> forma que<br />

o talento <strong>de</strong> cada um fosse aproveitado. O <strong>de</strong>sempenho geral <strong>de</strong> grupos harmoniosos era<br />

facilitado pela existência <strong>de</strong> um membro particularmente talentoso; nos grupos on<strong>de</strong> havia<br />

mais atrito era reduzida a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capitalizar o fato <strong>de</strong> terem membros <strong>de</strong> alta<br />

qualificação. Em grupos on<strong>de</strong> há altos níveis <strong>de</strong> estática social e emocional - seja por medo<br />

ou raiva, rivalida<strong>de</strong>s ou ressentimentos -, as pessoas não conseguem dar o melhor <strong>de</strong> si.<br />

Mas a harmonia permite a um grupo aproveitar ao máximo as capacida<strong>de</strong>s mais criativas e<br />

talentosas <strong>de</strong> seus membros” 9 .<br />

De acordo com estes trabalhos confirma-se a eficácia do sistema informal <strong>de</strong><br />

interações na organização, potenciado pelas virtu<strong>de</strong>s dos componentes da empresa.<br />

Verifica-se aquelas qualida<strong>de</strong>s necessárias das empresas ágeis e inteligentes preparadas<br />

para o impacto das mudanças. “Há fortes sinais <strong>de</strong> que o que acontece nos Laboratórios<br />

Bell • prenuncia o futuro <strong>de</strong> toda a vida empresarial, um amanhã on<strong>de</strong> as aptidões básicas<br />

da inteligência emocional serão cada vez mais importantes nos trabalhos em equipe, na<br />

cooperativida<strong>de</strong>, na ajuda às pessoas para que aprendam juntas como trabalhar com mais<br />

eficiência. À medida que serviços baseados no conhecimento e no capital intelectual se<br />

tornam mais fundamentais para as empresas, melhorar a maneira como as pessoas<br />

6 Apud GOLEMAN, op. cit. 174, DRUCKER, Peter, The age of Social Transformation, In. The Atlantic<br />

Monthly, novembro <strong>de</strong> 1994.<br />

7 GOLEMAN, op. cit. p. 174<br />

8 WILLIAMS, Wendy e STEMBERG, Robert, Group intelligence: Why Some Groups Are Better Than<br />

Others, Intelligence, 1988 – citado en GOLEMAN.<br />

9 GOLEMAN, op. cit. p. 174<br />

• Pesquisa realizada nesta empresa pelos autores já citados.


3<br />

trabalham em equipe será uma gran<strong>de</strong> forma <strong>de</strong> influenciar o capital intelectual, o que faz<br />

uma crítica diferença competitiva. Para prosperar, senão para sobreviver, as empresas<br />

<strong>de</strong>veriam <strong>de</strong>senvolver sua inteligência emocional coletiva” 10 .<br />

Os pesquisadores ligados ao <strong>de</strong>senvolvimento da cultura organizacional, <strong>de</strong> forma<br />

unânime confirmam a necessida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> melhoria pessoal como base da<br />

permanência eficácia da empresa. De acordo com DE GEUS: "Em situações <strong>de</strong><br />

aprendizado institucional, o nível <strong>de</strong> aprendizado da equipe é em geral o mais baixo<br />

<strong>de</strong>nominador comum, especialmente com equipes que pensam em si próprias como sendo<br />

máquinas, com partes mecanicistas e especializadas: o gerente <strong>de</strong> produção olha pela<br />

produção, o gerente <strong>de</strong> distribuição olha pela distribuição, o gerente <strong>de</strong> marketing olha pelo<br />

marketing" 11 . Faz falta o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> humil<strong>de</strong> abertura. É o que se<br />

aplica <strong>de</strong> forma clara neste ponto os ensinamentos <strong>de</strong> HILDEBRAND, sobre a atitu<strong>de</strong><br />

fundamental básica do respeito: "Se alguém se interessa apenas por saber se <strong>de</strong>terminada<br />

coisa o satisfaz ou não, se lhe é agradável, em vez <strong>de</strong> se interrogar sobre o seu significado,<br />

a sua beleza, a sua bonda<strong>de</strong>, se não se interessa por saber se essa coisa é valiosa, é-lhe<br />

impossível ser moralmente bom" 12 .<br />

Sentimentos e caráter<br />

Os sentimentos na vida das pessoas têm um papel importante na sua conduta, daí<br />

a importância que sempre se <strong>de</strong>u à formação do caráter, visando o equilíbrio dos<br />

sentimentos ou afetivida<strong>de</strong>. Eles <strong>de</strong>senham as características reativas pessoais diante das<br />

diversas solicitações externas ou em previsão <strong>de</strong> possíveis solicitações, positivas ou<br />

negativas. São as emoções que ora impulsionam para a ação ou as inibem. A vivência<br />

interna dos acontecimentos externos é "assimilada" segundo os tipos caracterológicos <strong>de</strong><br />

modos <strong>de</strong> impressionar, reter, valorizar, reproduzir, manter, analisar, etc. As percepções e<br />

o modo <strong>de</strong> ser afetados pelos acontecimentos seguem tendências naturais não livres,<br />

genéticas ou adquiridas por costume.<br />

"Os sentimentos po<strong>de</strong>m ir a favor ou contra o que uma pessoa quer; não os<br />

po<strong>de</strong>mos controlar completamente se não nos empenhamos em educá-los. Esta possível<br />

<strong>de</strong>sarmonia po<strong>de</strong> produzir patologias psíquicas, morais ou <strong>de</strong> comportamento. Por<br />

exemplo: o medo <strong>de</strong> equivocar-se gera inibição, leva a não atuar; o medo <strong>de</strong> engordar po<strong>de</strong><br />

gerar a anorexia, e mesclar-se com problemas <strong>de</strong> autoestima. [...] Um dos gran<strong>de</strong>s<br />

10 id. p. 177<br />

11 DE GEUS, Arie P, Planejamento como aprendizado, In: STARKEY, Ken, Como as Organizações<br />

Apren<strong>de</strong>m, São Paulo-SP, Futura, 1997, p. 80.


4<br />

ensinamentos <strong>de</strong> Platão • foi a <strong>de</strong> mostrar como se consegue que os sentimentos colaborem<br />

com as tendências e a vonta<strong>de</strong>: os sentimentos são os gran<strong>de</strong>s companheiros do homem,<br />

ainda que não tenham ‘maior ida<strong>de</strong>’; pois quando se lhes <strong>de</strong>ixa atuar sós po<strong>de</strong>m crescer<br />

<strong>de</strong>smedidamente e causar anomalias e patologias. A virtu<strong>de</strong> que os domina chama-se<br />

sofrosyne, mo<strong>de</strong>ração, sossego, autodomínio, temperança" 13 .<br />

As reações emotivas predominantes com repercussões características <strong>de</strong> cada um<br />

geram tipos <strong>de</strong> caráter. A sua intensida<strong>de</strong> e forma <strong>de</strong> manifestar-se geram modos <strong>de</strong> ser ou<br />

tendências naturais ou estilos <strong>de</strong> modo <strong>de</strong> ser. A pessoa <strong>de</strong> caráter apaixonado é a que põe<br />

sempre paixão e intensida<strong>de</strong> no que faz, mesmo que seja algo sem importância. O<br />

sentimental se <strong>de</strong>ixa levar pelos sentimentos tendo dificulda<strong>de</strong> para os dominar. O<br />

cerebral e frio tem dificulda<strong>de</strong> enorme para falar a "linguagem do coração". O sereno é<br />

aquele que se mantêm calmo diante das situações, não tanto por virtu<strong>de</strong>, mas porque os<br />

seus sentimentos tardam a chegar ou não chegam. O apático é aquele que carece <strong>de</strong><br />

paixões e por sentir pouco e não vibrar por nada, nada os move. O amorfo é indiferente a<br />

tudo o que acontece.<br />

As emoções ou paixões, originam-se pela atração ao bem ou aversão a um mal<br />

apreendido pelos sentidos. Não é necessário que este bem ou mal esteja fisicamente<br />

presente. Os sentimentos originam-se por presença ou por ausência ou ainda por<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir a ocorrer esse bem ou mal.<br />

Os sentimentos positivos como: a alegria, entusiasmo, empolgamento, gosto,<br />

esperança, audácia, gozo, <strong>de</strong>sejo, etc. e os negativos como: tristeza, angustia, ansieda<strong>de</strong>,<br />

fuga, medo, ódio, ira, vingança, <strong>de</strong>sespero, <strong>de</strong>sânimo, são vivenciados <strong>de</strong> formas diferentes<br />

pelos diferentes caracteres. Estudos atuais têm levado a conclusões <strong>de</strong> que uma mesma<br />

pessoa po<strong>de</strong> ter comoções subjetivas diferentes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo se o sinal das emoções for<br />

positivo ou negativo.<br />

De acordo com DOLORES AVIA e VAZQUEZ 14 , a representação gráfica 15 da<br />

Figura 1 indica no eixo vertical as emoções <strong>de</strong> tipo negativo e na horizontal a emoções <strong>de</strong><br />

12 HILDEBRAND, Dietrich Von, Atitu<strong>de</strong>s éticas fundamentais, 1. ed., São Paulo-SP, Quadrante, 1988, p. 5.<br />

• Especialmente na República e as Leis. Educação dos sentimentos: República, 587a.<br />

13 YEPES STORK e ARANGUREN, Fundamentos <strong>de</strong> antropologia, Um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> la excelência humana, 4.<br />

ed. Eunsa, Pamplona-ES, 1999, p. 49.<br />

14 DOLORES AVIA, María e VÁZQUEZ, Carmelo, Otimismo inteligente,2. ed, Alianza editorial, Madrid-<br />

ES, 1999, p.49.<br />

15 Apud id. p. 275, DIENER, E. e EMONS, R. A., The in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce of positive and negative affect, Journal<br />

of Personality and Social Psychology, 1985, 47, 1105-1117


5<br />

tipo positivo, o sinal do eixo positivo ou negativo, indica a predominância maior ou menor<br />

<strong>de</strong> experiências sensoriais seja <strong>de</strong> tipo positivo ou <strong>de</strong> tipo negativo.<br />

FIGURA 1 - Combinações possíveis na experiência <strong>de</strong> emoções positivas e negativas e sua<br />

relação com os quatro tipos clássicos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> (tomado <strong>de</strong> DIENER a partir dos<br />

autores citados)<br />

EMOCIONALIDADE NEGATIVA<br />

(1)<br />

Fundamentalmente<br />

emoções<br />

<strong>de</strong>sagradáveis<br />

MELANCÓLICO<br />

+<br />

(2)<br />

Muitas emoções<br />

<strong>de</strong> ambas<br />

tendências<br />

COLÉRICO<br />

EMOCIONALIDADE<br />

POSITIVA<br />

- +<br />

(3)<br />

Pouco reativo<br />

poucas emoções<br />

<strong>de</strong> qualquer tipo<br />

FLEUGMÁTICO<br />

-<br />

(4)<br />

Predominancia<br />

<strong>de</strong> experiências<br />

sensoriais<br />

positivas<br />

SANGUÍNEO<br />

"Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r bem às pessoas que se situem nos quadrantes 1 e 4; no<br />

primeiro caso encontrariam todas aquelas que experimentam muitas emoções negativas e<br />

poucas positivas, e que fundamentalmente, portanto, terão um estado <strong>de</strong> animo geralmente<br />

pouco prazenteiro; e no segundo, os indivíduos afortunados e vitais que sentem muitas<br />

emoções positivas e poucas negativas. Os primeiros são os tradicionalmente chamados<br />

melancólicos, e os segundos, sanguíneos. Estes dois grupos, pois parecem apoiar nossa<br />

idéia prévia: os que sofrem muitas emoções <strong>de</strong>sagradáveis costumam sentir poucas<br />

agradáveis, e vice-versa. Sem dúvida, os quadrantes 2 e 3 ilustram duas possibilida<strong>de</strong>s<br />

diferentes, nas que se encontram bastantes pessoas. Por exemplo, no 2 vemos<br />

representados os que experimentam muitas emoções <strong>de</strong> ambas tendências, aos que na<br />

psicologia tradicional se <strong>de</strong>nomina coléricos, e no 3 aos que se chamou fleumáticos, pouco


6<br />

reativos a qualquer dos dois tipos <strong>de</strong> emoção" 16 .<br />

Virtu<strong>de</strong>s e caráter<br />

O "éthos" - caráter - significa comportamento consciente, escolhido visando a<br />

realização da pessoa. Há comportamentos que contribuem com a melhoria integral do<br />

homem. Isto só ocorre quando o fundamento da conduta está baseado nos princípios éticos.<br />

A prática constante <strong>de</strong> ações em conformida<strong>de</strong> com estes princípios leva a um processo <strong>de</strong><br />

aquisição <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s. Neste processo autoeducativo configura-se uma "segunda natureza"<br />

da qual brotam com maior facilida<strong>de</strong> as ações valiosas.<br />

Cada pessoa pela sua própria constituição fisiológica e psicológica está<br />

predisposta (atenção que não se diz pre<strong>de</strong>terminada) a algumas tendências<br />

comportamentais. Há reações ou estados emotivos ou ainda estados <strong>de</strong> ânimo que<br />

correspon<strong>de</strong>m à parte não livre e não racional da personalida<strong>de</strong>. Estas tendências<br />

correspon<strong>de</strong>m ao temperamento. O temperamento constitui a matéria prima sobre a qual<br />

edifica-se a personalida<strong>de</strong>. Cada um <strong>de</strong>ve responsavelmente realizar a sua própria<br />

individualida<strong>de</strong>. As escolhas baseadas na prática das virtu<strong>de</strong>s vão <strong>de</strong>lineando os traços do<br />

comportamento que se <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> caráter.<br />

Caráter é uma palavra que significa: marca distintiva que se apõe nas coisas e que,<br />

sobretudo se aplicava na face das moedas. Portanto o emprego da palavra caráter implica<br />

no resultado comportamental <strong>de</strong>rivado do que forjamos no temperamento por meio dos<br />

hábitos cultivados. "Muitas vezes confun<strong>de</strong>m-se estes dois termos (temperamento e<br />

caráter). Quando, porém, distinguem-se, po<strong>de</strong>-se dizer que o temperamento é o complexo<br />

das tendências profundas que <strong>de</strong>rivam da constituição fisiológica dos indivíduos; e que o<br />

caráter é o conjunto das disposições psicológicas que resultam do temperamento, enquanto<br />

modificado pela educação e os esforços da vonta<strong>de</strong> e fixado pelo hábito" 17 .<br />

Devido às inclinações espontâneas do temperamento há maior facilida<strong>de</strong> para a<br />

aquisição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas virtu<strong>de</strong>s e por outro lado outras em que há maior dificulda<strong>de</strong>.<br />

Algumas pessoas por serem mais reflexivas têm facilida<strong>de</strong> para planejar por outro lado<br />

ten<strong>de</strong>m a lentidão. Outras são mais impulsivas, partem logo para ação, são mais <strong>de</strong>cididas,<br />

no entanto, por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração acabam errando com freqüência. Há pessoas<br />

muito emotivas, são sensíveis às necessida<strong>de</strong>s dos outros; no entanto o seu temperamento<br />

leva a ter mais em conta as impressões e costumam julgar pelas aparências. Dentro <strong>de</strong>ste<br />

16 DOLORES AVIA e VÁZQUEZ, op. cit. p. 49<br />

17 TANQUEREY, A., Compendio <strong>de</strong> teologia ascética e mística, 6. ed., LA. Impr.,Porto, 1961, p. 774


7<br />

leque <strong>de</strong> aspectos positivos e negativos é preciso um trabalho paciente para <strong>de</strong>senvolver o<br />

equilíbrio entre tendências que se contrapõem. A inteligência e a vonta<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

educadas ao cultivar as virtu<strong>de</strong>s fundamentais: prudência, justiça, fortaleza e temperança;<br />

obtendo uma otimização das tendências da parte não livre.<br />

Quaisquer que sejam as tendências inatas elas po<strong>de</strong>m ser potenciadas, or<strong>de</strong>nadas<br />

ou ainda corrigidas por via da aquisição dos hábitos morais. Cada um po<strong>de</strong> estabelecer<br />

priorida<strong>de</strong>s neste processo <strong>de</strong> melhoria: analisar quais sãos os resultados negativos na<br />

conduta externa provenientes <strong>de</strong> um caráter ainda por lapidar.<br />

A espontaneida<strong>de</strong> a ser almejada <strong>de</strong>ve ser a da "segunda natureza", pois da<br />

"primeira natureza" fica-se exposto às ciladas do temperamento. Agir <strong>de</strong> acordo com as<br />

tendências do temperamento produz fissuras na vida pessoal e no relacionamento com os<br />

outros. O temperamento é volúvel, parcial, não serve para tudo porque não tem<br />

flexibilida<strong>de</strong>, segue as tendências da emotivida<strong>de</strong>. Reage <strong>de</strong> acordo com a intensida<strong>de</strong> dos<br />

estímulos externos. Produz em algumas circunstâncias resultados ótimos, mas na maior<br />

parte das vezes não correspon<strong>de</strong> a uma atuação segundo a razão (segundo o que dita a<br />

prudência).<br />

O temperamento é naturalmente oscilante, daí vem a expressão <strong>de</strong> que tal pessoa é<br />

"temperamental"; isto é variável, sujeita a contradições e altos e baixos. Não tem uma<br />

conduta retilínea, fundamentado nas convicções do que é certo ou errado.<br />

Lembrar do ditado que diz que: os <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> uma pessoa são exatamente os das<br />

suas "virtu<strong>de</strong>s" mais próprias. Quem tem um temperamento impulsivo, esta tendência o<br />

ajudará a ser forte ou enérgico, no entanto se não adquire a verda<strong>de</strong>ira virtu<strong>de</strong> acabará<br />

falhando quando for necessário ce<strong>de</strong>r, per<strong>de</strong>r, compreen<strong>de</strong>r, etc. Por <strong>de</strong>trás da sua aparente<br />

firmeza estará a sua fragilida<strong>de</strong>.<br />

A verda<strong>de</strong>ira espontaneida<strong>de</strong> é a do homem virtuoso: o que brota do seu interior<br />

será a riqueza e controle que a razão e a vonta<strong>de</strong> exercem sobre as suas tendências<br />

emotivas. Qual seria o resultado da espontaneida<strong>de</strong> musical <strong>de</strong> um novato ao piano?<br />

Provavelmente uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmonia. Por outro lado àquele que cultivou a arte com<br />

esforço e disciplina consegue com enorme "facilida<strong>de</strong>” a harmonia musical.<br />

Os hábitos adquiridos criam tal conaturalida<strong>de</strong> que não se notam esforços<br />

especiais para que as ações fluam sem quebra <strong>de</strong> ritmo. Consegue-se combinar<br />

perfeitamente as virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sinais opostos: fortaleza com compreensão, reflexão com<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa, disciplina com bom humor, gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> alma e atenção aos<br />

<strong>de</strong>talhes, etc.


8<br />

O trabalho seja ele qual for, é o âmbito on<strong>de</strong> se dá parte importante da realização<br />

da pessoa. Todo trabalho correspon<strong>de</strong> a uma perfeição no "fazer", aperfeiçoa algo externo<br />

ao homem. Ao mesmo tempo, correspon<strong>de</strong>rá a um aperfeiçoamento daquele que o realiza<br />

(qualida<strong>de</strong> no agir). Há uma mútua interação entre qualida<strong>de</strong> do caráter e qualida<strong>de</strong> do<br />

trabalho realizado.<br />

Em todos os níveis da organização haverá um benefício direto, fruto <strong>de</strong>ste<br />

processo <strong>de</strong> melhoria da personalida<strong>de</strong>. São potenciadas as relações do tipo Servir/Servir,<br />

cada vez mais se reforça o sentido <strong>de</strong> comprometimento com os objetivos <strong>de</strong> interesse<br />

comum e, sobretudo cria-se um ciclo sinérgico positivo.<br />

Convêm salientar que o processo <strong>de</strong> melhoria do caráter é algo que <strong>de</strong>ve brotar do<br />

convencimento <strong>de</strong> cada pessoa da sua eficácia e do valor que encerra em si mesmo. As<br />

pessoas não adquirem virtu<strong>de</strong>s por <strong>de</strong>creto. O melhor modo <strong>de</strong> estimular as pessoas a<br />

percorrerem este caminho - talvez o único- é o bom exemplo. Qualquer sistema, para<br />

<strong>de</strong>senvolver a cultura organizacional em valores éticos, estará comprometido sem o influxo<br />

do exemplo que <strong>de</strong>ve vir <strong>de</strong> cima. Nada mais <strong>de</strong>letério para o ambiente institucional<br />

quando as virtu<strong>de</strong>s estão mais nas palavras dos seus dirigentes do que nas suas ações.<br />

"Dirigir a empresa se converteu assim em uma tarefa <strong>de</strong> formação<br />

caracterológica das pessoas que a integram. O que estou dizendo atenta diretamente<br />

contra aquilo que é o que mais preza o homem <strong>de</strong> empresa: o seu pragmatismo. É que<br />

estou fazendo referência à <strong>de</strong>vida orientação do trabalho empreen<strong>de</strong>dor. A empresa se<br />

encontra incluída na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma das virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior atrativo para o ser humano,<br />

que já em seu próprio nome encerra seu traço essencial: a magnanimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fine-se<br />

precisamente como o espírito das gran<strong>de</strong>s empresas. Isto quer dizer, por sua vez, que as<br />

gran<strong>de</strong>s empresas teriam <strong>de</strong> ser conduzidas por espíritos magnânimos" 18 .<br />

Tipologia <strong>de</strong> caracteres<br />

Historicamente a tipologia <strong>de</strong> caracteres foi estudada e <strong>de</strong>finida por muitos autores<br />

ao longo da história humana. De acordo com KEIRSEY 19 , foram classicamente utilizados<br />

os quatros caracteres básicos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> PLATÃO até formas mais recentes <strong>de</strong> análise e<br />

classificação. O estudo dos caracteres tem interesse não como forma <strong>de</strong> "enquadrar as<br />

pessoas", mas indicar linhas <strong>de</strong> tendências e comportamento a que estão predispostos ou<br />

18 LLANO, Carlos, La persona humana en la empresa <strong>de</strong> fin <strong>de</strong> siglo, Revista Nuestro Tiempo, junho-1996,<br />

p. 111<br />

19 KEIRSEY, David. Please Un<strong>de</strong>rstand Me II: Temperament Character Intelligence. 1. ed. USA:<br />

Prometheus, 1998, pp. 22-31


9<br />

mais inclinados, para que se possa crescer no autoconhecimento e com isto atingir<br />

melhores resultados pessoais e também na vida profissional.<br />

No quadro 1 indica-se um resumo histórico das características apresentadas por<br />

vários autores, que mantém certas semelhanças ainda que cada um tinha uma preocupação<br />

particular, por exemplo, PLATÃO para o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> e sua proposta <strong>de</strong><br />

educação do homem grego, ARISTÓTELES, sobre a vida feliz e a ética das virtu<strong>de</strong>s, etc.<br />

"Se nós buscarmos a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> colaboradores e as várias características que eles<br />

atribuíram aos quatro temperamentos, nós somos capazes <strong>de</strong> ver como as notas-tipo da<br />

classificação dos quatro permaneceram ao longo dos séculos" 20 .<br />

QUADRO 1 – Pesquisa das tipologias caraterologicas principais<br />

FONTE: KEIERSEY<br />

Platão 340 aC Artesão Guardião I<strong>de</strong>alista Racional<br />

Aristóteles 325 aC Hedônico Proprietário Ético Dialético<br />

Galen 190 aC Sanguíneo Melancólico Colérico Fleumático<br />

Paracelsus 190 dC Mutável Laborioso Inspirado Curioso<br />

Adickes 1905 Inovador Tradicional Doutrinal Cético<br />

Spranger1914 Estético Econômico Religioso Teórico<br />

Kretschmer 1920 Hipomaniaco Depressivo Hiperestético Anestético<br />

Fromm 1947 Explorador Poupador Receptivo Marketing<br />

Myers 1958 Experimentador Planificador Amistoso Objetivo<br />

Sistema <strong>de</strong> Myers atualizado segundo Keiersey<br />

O sistema proposto por Myers baseia-se em JUNG (quadro 2), e a seguir se<br />

expõem o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por KEIRSEY tornando bastante prático o entendimento<br />

dos vários tipos <strong>de</strong> caracteres com muitos dados das diversas ativida<strong>de</strong>s e inclinações dos<br />

diversos tipos segundo os seus interesses, modos <strong>de</strong> relacionar-se, <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rar, etc. O sistema<br />

é bastante <strong>de</strong>talhado e po<strong>de</strong> ajudar e muito os programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

organizacional. Dentre as características <strong>de</strong> cada tipo analisa-se a propensão<br />

comportamental <strong>de</strong> cada um. ao comunicar-se, agir, pensar, interessar-se, orientar-se com<br />

20 id. p. 26.


10<br />

relação ao presente, passado ou futuro, cuidar da autoimagem, valorar coisas e situações e<br />

pessoas e ao comportar-se em funções sociais.<br />

QUADRO 2 - Características básicas <strong>de</strong> acordo com o sistema <strong>de</strong> Jung<br />

FONTE: KEIERSEY<br />

E Extraverted Extrovertido I Introverted Introvertido<br />

S Sensory Sensorial N Intuitive Intuitivo<br />

T Thinking Reflexivo F Feeling Sentimento<br />

J Judging Julgador P Perceiving Percepção<br />

"Myers achou estas palavras nos tipos psicológicos <strong>de</strong> Jung, mas ao adota-los ela<br />

pôs seu próprio matiz nelas. Assim consi<strong>de</strong>rar-se-á o que Myers atualmente quer significar<br />

quando usa as palavras <strong>de</strong> Jung no The Myers-Briggs Type Indicator" 21 (quadro 3).<br />

QUADRO 3 – Caracterização interpretada por KEIRSEY:<br />

FONTE: KEIERSEY<br />

E Expressivo I Reservado<br />

S Observador N Introspectivo<br />

T Objetivo/direto F Amistoso<br />

J Planificador P Experimentador<br />

"A razão para as diferenças entre Myers e as minhas, é que nós começamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

premissas bem diferentes. Myers inconscientemente adotou os elementos <strong>de</strong> Jung do<br />

século 19, assumindo que a personalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser composta a partir <strong>de</strong> elementos<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Por outro lado eu estava inspirado com o holismo orgânico do século XX<br />

<strong>de</strong> pessoas como Karl Buhler, Kurt Goldstain, George Hartman, David Katz, Wolfgang<br />

Kohler, Kurt Koffka, Kurt Lewin, Max Wertheimer e Raimond Wheeler, para citar os mais<br />

proeminentes psicologistas <strong>de</strong> visão orgânica 22 .<br />

Características <strong>de</strong> cada uma das notas po<strong>de</strong>m ser resumidas da seguinte forma:<br />

E: expressivo, com atitu<strong>de</strong> social, é falante, rápido para falar e lento para ouvir,<br />

ansiosos para contar coisas aos outros, mais confortável em grupos do que sozinhos,<br />

carregam-se quando estão em grupo, não se sentem bem isolados, tem mais sentimentos <strong>de</strong><br />

solidão quando ficam sós, são socialmente gregários.<br />

21 id. p. 12.<br />

22 id. p. 31


11<br />

I: reservado, fechado, quieto, privado, ganham força quando estão recolhidos,<br />

ficam exauridos quando expostos em público, perseguem ativida<strong>de</strong>s solitárias, preferem ser<br />

individualistas.<br />

S: observador: atenção voltada para fora, para o concreto, trabalha com o presente<br />

tátil, tem propensão para os estímulos externos, está ligado ao que vê e ouve, prefere o<br />

contato com os objetos, para eles a voz externa soa mais alto, precisos em observar<br />

<strong>de</strong>talhes, querem fatos, confiam em fatos, lembram <strong>de</strong> fatos, falam <strong>de</strong> fatos e lidam com<br />

fatos.<br />

N: atenção mais propensa aos estímulos internos, trabalha melhor com o abstrato,<br />

a voz interna soa mais alto e mais clara que a externa, é projetivo, liga-se em meios para<br />

melhorar o futuro, é i<strong>de</strong>alizador.<br />

T: objetivo, governa pela cabeça, priorida<strong>de</strong> aos conceitos, tem sentimentos mais<br />

profundos e menos visíveis, ficam embaraçados por uma exibição <strong>de</strong> intenso sentimento.<br />

F: amistoso, agem com o coração, têm compaixão, têm sentimentos visíveis e<br />

audíveis, são emotivos.<br />

J: planificador, prefere manter horários, submeter-se a eles e os outros aos<br />

horários, enquadram as pessoas, fazem agendas, listas, calendários, diretrizes, registros<br />

para si e para os outros, param ao ver várias alternativas, preferem a rotina, para que<br />

mudar, tudo tem que ter prazos, data é coisa séria e espera que os outros sejam<br />

comprometidos, são limpos e or<strong>de</strong>nados.<br />

P: preferem provar e experimentar, não estão presos a horários preferem a<br />

flexibilida<strong>de</strong>, sentem-se mal quando controlados, preferem várias opções, estão todo o<br />

tempo checando alternativas e oportunida<strong>de</strong>s, não põem datas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, ativida<strong>de</strong>s são<br />

diversões os prazos são apenas alarmes.<br />

Os quatro temperamentos básicos • (sanguíneo, melancólico, colérico e<br />

fleumático) são os básicos para os tipos diferentes <strong>de</strong> caracteres. As características chave<br />

que produzem o quadro a seguir são: N (introspectivo) e S (observador), para a<br />

comunicação se abstrata ou concreta e F(amistoso) e T (objetivo) para o modo como se


12<br />

atingem os resultados.<br />

SP é o sanguíneo: observador e experimentador<br />

SJ é o melancólico: observador e planificador<br />

NF é o colérico: introspectivo e amistoso<br />

NT é o fleumático: introspectivo e objetivo<br />

Fundamentalmente como fruto da observação, KEIRSEY preocupa-se com o foro<br />

externo das pessoas que ele observa e as analisa sob a perspectiva das seguintes perguntas:<br />

1. Que preferência tem uma pessoa quando fala ou se comunica: prefere palavras<br />

concretas ou abstratas? Po<strong>de</strong>ndo ter propensão para ser Abstratos ou Concretos<br />

2. Como é que essa pessoa consegue as suas metas: costuma ser primordialmente<br />

ou principalmente pragmático ou utilitarista? Busca em primeiro plano a eficácia: o melhor<br />

meio para um <strong>de</strong>terminado fim e só <strong>de</strong>pois pensa nas pessoas ou no como a ação vai afetar<br />

os outros? Ou caso contrário para atingir os seus resultados tem em conta primeiro as<br />

pessoas e <strong>de</strong>pois a eficácia? Po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong> propensão Utilitarista ou Cooperativa.<br />

Resume-se estas idéias no quadro 4.<br />

QUADRO 4 - Modos <strong>de</strong> comunicação e implementação<br />

FONTE: KEIERSEY<br />

FERRAMENTAS<br />

COOPERATIVO<br />

PALAVRAS<br />

ABSTRATO CONCRETO<br />

ABSTRATO CONCRETO<br />

NF<br />

SJ<br />

UTILITARISTA<br />

COOPERATIVO<br />

i<strong>de</strong>alista - colérico<br />

ABSTRATO<br />

NT<br />

UTILITARISTA<br />

racional - fleumático<br />

COOPERATIVO<br />

guardião - melancólico<br />

CONCRETO<br />

SP<br />

UTILITARISTA<br />

artesão - sanguíneo<br />

Características do SPs - sanguíneo- (aproximadamente 40% da população) - (S:<br />

observador, P: experimentador): adaptável, artístico e atlético - muito ciente da realida<strong>de</strong><br />

e nunca lutando contra ela, mente aberta, e sempre <strong>de</strong> olho em compromissos viáveis, -<br />

está sempre sabendo o que ocorre em volta, capaz <strong>de</strong> ver as necessida<strong>de</strong>s do momento,


13<br />

armazenando fatos úteis, faz as coisas com "nada <strong>de</strong> teorias", calmo e <strong>de</strong>spreocupado,<br />

tolerante, sem preconceitos, persuasivo, talentoso com máquinas e ferramentas, age com<br />

economia <strong>de</strong> esforços, sensível à cor e a textura, quer experiências <strong>de</strong> primeira mão e em<br />

geral está <strong>de</strong> bem com a vida.<br />

Características do SJs - melancólico - (aproximadamente 40% da população)-<br />

(S: observador, J: planificador): Conservadores, e estáveis, consistentes e rotineiros,<br />

sensíveis, efetivos, não impulsivos, pacientes, seguros e <strong>de</strong> confiança, trabalhadores,<br />

<strong>de</strong>talhistas, diligentes, perseverantes e minuciosos.<br />

Características do NF - colérico - (aproximadamente 13 % da população) - (N:<br />

projetivo/i<strong>de</strong>alizador, F: amistoso): humano, e simpático, entusiasta, religioso, criativo,<br />

intuitivo, perspicaz, subjetivo.<br />

Características do NTs - fleumático - (aproximadamente 6 a 7 % da população)<br />

(N: projetivo/i<strong>de</strong>alizador, T: objetivo): analítico, sistemático, abstrato, teórico,<br />

intelectual, exigente, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, lógico e técnico, curioso e científico, dirigido para a<br />

pesquisa.<br />

O quadro 5 indica os tipos caracterológicos <strong>de</strong>talhados segundo a concepção <strong>de</strong><br />

Keiersey, juntamente com as funções fundamentais e as tendências dominantes <strong>de</strong> cada<br />

tipo.


14<br />

QUADRO 5 - Características do temperamento e caráter<br />

FONTE: KEIERSEY<br />

Comunicação<br />

Implementação<br />

Caráter<br />

Linguagem<br />

Referencial<br />

Sintático<br />

Retórico<br />

Intelecto<br />

Papel diretivo<br />

papel expressivo<br />

papel reservado<br />

Papel informativo<br />

papel expressivo<br />

papel reservado<br />

Interesse<br />

Educação<br />

Preocupação<br />

Vocação<br />

Orientação<br />

presente<br />

futuro<br />

passado<br />

local<br />

tempo<br />

Auto-imagem<br />

autoestima<br />

auto-respeito<br />

autoconfiança<br />

Valor<br />

Ser<br />

Confiança<br />

Desejo<br />

Procurando<br />

Estima<br />

Aspira<br />

Papel social<br />

Companheiro<br />

Prole<br />

Li<strong>de</strong>rança<br />

Concreto SP<br />

Utilitarista<br />

Artesão<br />

Harmônica<br />

Indicativa<br />

Descritiva<br />

Heterodoxa<br />

Tático<br />

Operador<br />

promotor<br />

ESTP<br />

artífice ISTP<br />

Anfitrião<br />

executante ESFP<br />

compositor ISFP<br />

Artefato<br />

Técnica<br />

Equipamento<br />

Prático<br />

Otimista<br />

Cínico<br />

Aqui<br />

Agora<br />

Artístico<br />

Audacioso<br />

Adaptável<br />

Excitado<br />

Impulso<br />

Impacto<br />

Estímulo<br />

Generosida<strong>de</strong><br />

Virtuoso<br />

Diversão<br />

Liberal<br />

Negociador<br />

Concreto SJ<br />

Cooperativo<br />

Guardião<br />

Associativa<br />

Imperativo<br />

Comparativo<br />

Ortodoxo<br />

Logístico<br />

Administrador<br />

supervisor ESTJ<br />

inspetor ISTJ<br />

Conservador<br />

provedor ESFJ<br />

protetor ISFJ<br />

Comércio<br />

Moralida<strong>de</strong><br />

Material<br />

Submisso<br />

Pessimista<br />

Calmo<br />

Porta<br />

Ontem<br />

Depen<strong>de</strong>nte<br />

Beneficente<br />

Respeitável<br />

Preocupado<br />

Autorida<strong>de</strong><br />

Pertencer<br />

Segurança<br />

Gratidão<br />

Executivo<br />

Ajuda<br />

Socializador<br />

Estabilizador<br />

Abstrato NF<br />

Cooperativo<br />

I<strong>de</strong>alista<br />

Indutiva<br />

Interpretativo<br />

Metafórico<br />

Hiperbólico<br />

Diplomático<br />

Mentor<br />

professor<br />

ENFJ<br />

INFJ<br />

conselheiro<br />

Advogado<br />

patrocinador ENFP<br />

curador INFP<br />

Humanida<strong>de</strong>s<br />

Moral<br />

Pessoal<br />

Altruísta<br />

Crédulo<br />

Místico<br />

Atalhos<br />

Amanhã<br />

Empático<br />

Benevolente<br />

Autêntico<br />

Entusiástico<br />

Intuição<br />

Romance<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

Reconhecimento<br />

Sabedoria<br />

Espiritual<br />

Harmonizador<br />

Catalisador<br />

Abstrato NT<br />

Utilitarista<br />

Racional<br />

Dedutiva<br />

Categórica<br />

Subjuntiva<br />

Técnica<br />

Estratégico<br />

Coor<strong>de</strong>nador<br />

mar.. <strong>de</strong> campo ENTJ<br />

planejador<br />

Engenheiro<br />

inventor<br />

arquiteto<br />

Ciência<br />

Tecnologia<br />

Sistemas<br />

Pragmático<br />

Cético<br />

Relativista<br />

Intersecções<br />

Intervalos<br />

Engenhoso<br />

Autônomo<br />

Resoluto<br />

Calmo<br />

Razão<br />

Realização<br />

Conhecimento<br />

Deferência<br />

Gênio<br />

Mente<br />

Individualista<br />

Visionário<br />

INTJ<br />

ENTP<br />

INTP<br />

Conforme exposto nos primeiros itens, as organizações crescem e se <strong>de</strong>senvolvem<br />

pela contribuição dos seus membros. A cultura organizacional é fundamental para garantir<br />

um clima <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> valores, para que o trabalho tenha sentido e significado<br />

para todos. Os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>vem procurar estimular a que as pessoas enxerguem um sentido<br />

para o seu trabalho. Na medida em que têm elementos para abrir horizontes da sua equipe é<br />

que po<strong>de</strong>m ser chamados lí<strong>de</strong>res. FRANKL 23 ensina que os valores po<strong>de</strong>m ser<br />

categorizados em três tipos: um enquanto a pessoa faz ou age neste mundo e cria algo, são<br />

23 FRANKL, Viktor - Psicoterapia e Sentido da Vida, 3. ed, São Paulo - SP, Quadrante, 1989, p. 159


15<br />

os valores que ele chama <strong>de</strong> valores criadores. Os valores criadores encerram a<br />

contribuição do indivíduo no conjunto, como é que faz uma diferença positiva. Outro<br />

campo <strong>de</strong> valores refere-se à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivências da pessoa no seu dia. Como se<br />

relaciona com os outros, como ama as coisas e as pessoas. Esses valores são os que se<br />

<strong>de</strong>sfrutam com a beleza das coisas da vida e o bem que se po<strong>de</strong> fazer. Frankl <strong>de</strong>nomina<br />

esses <strong>de</strong> valores vivenciais. Há um outro grupo <strong>de</strong> valores que se dá quando se pa<strong>de</strong>ce<br />

alguma contrarieda<strong>de</strong> ou sofrimento, vem a ser a atitu<strong>de</strong> da pessoa, com suas virtu<strong>de</strong>s,<br />

diante da dor e do sacrifício que comporta qualquer situação em que os valores chamam<br />

para uma responsabilida<strong>de</strong> maior, esses são os valores <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>.<br />

Cada pessoa com seu modo <strong>de</strong> ser po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve contribuir ao bem do conjunto no<br />

caso da organização. "Enquanto os valores criadores ou a sua realização ocupam o<br />

primeiro plano da missão da vida, a esfera da sua consumação concreta costuma coincidir<br />

com o trabalho profissional. Em particular, o trabalho po<strong>de</strong> representar o campo em que o<br />

'caráter <strong>de</strong> algo único' do indivíduo se relaciona com a comunida<strong>de</strong>, recebendo o seu<br />

sentido e o seu valor. [...] Quer dizer: aquele caráter insubstituível da vida humana, aquela<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o homem ser representado por outrem no que só ele po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve fazer,<br />

o seu caráter <strong>de</strong> algo único e irrepetível, a que nos temos referido, sempre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />

homem: não do que ele faz, mas <strong>de</strong> quem o faz e do modo como o faz" 24 .<br />

Os verda<strong>de</strong>iros lí<strong>de</strong>res são condutores <strong>de</strong> mudanças e contribuem nesta missão<br />

enten<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> motivações e enten<strong>de</strong>ndo dos estilos <strong>de</strong> cada um dos seus subordinados. As<br />

pessoas que estão na organização são os seus potenciais criadores, portanto tanto as<br />

energias das suas virtu<strong>de</strong>s quanto a suas habilida<strong>de</strong>s profissionais <strong>de</strong>vem ser empregadas<br />

com o uso da sua liberda<strong>de</strong>. A primeira tarefa do lí<strong>de</strong>r é conhecer caracterológicamente os<br />

membros da sua equipe <strong>de</strong> trabalho e promover o crescimento contando com o crescimento<br />

das pessoas.<br />

Reconhecer o tipo <strong>de</strong> inteligência das pessoas que estão a sua volta e saber<br />

a<strong>de</strong>quar as metas e objetivos às possibilida<strong>de</strong>s e o estilo <strong>de</strong> cada um. Cada pessoa po<strong>de</strong> dar<br />

sua contribuição, mas sempre respeitando aqueles aspectos pessoais a que estão mais<br />

afeitos. De acordo com KEIRSEY, "ter em conta que nós somos lí<strong>de</strong>res somente quando<br />

atraímos e mantemos seguidores. Se nós queremos que nossos assistentes adotem certos<br />

métodos e não o fazem, então simplesmente, eles não seguiram nossa li<strong>de</strong>rança. Do mesmo<br />

modo, se nós queremos que nossos empregados trabalhem na direção <strong>de</strong> certos resultados,<br />

24 id. p. 161


16<br />

caso não se dirijam a estes resultados, outra vez eles não seguiram nossa li<strong>de</strong>rança.. Agora<br />

estes são os dois meios pelos que somos lí<strong>de</strong>res: nós po<strong>de</strong>mos encorajar a certos métodos e<br />

nós po<strong>de</strong>mos encorajar a certos resultados. [...] Já que a li<strong>de</strong>rança está em conseguir que as<br />

pessoas atinjam o que se quer <strong>de</strong>las, por que o lí<strong>de</strong>r o quer, então se conclui que: a segunda<br />

tarefa do lí<strong>de</strong>r é o reconhecimento 25 .<br />

Os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>vem conhecer o tipo <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> inteligência dos da sua equipe e os<br />

modos como eles apren<strong>de</strong>m melhor, fazem melhor e se comunicam melhor.<br />

Há algumas conseqüências que se po<strong>de</strong> tirar <strong>de</strong>ste sistema para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das equipes nas organizações. Os temperamentos estudados têm preferências cognitivas em<br />

que a coleta <strong>de</strong> informações são preferencialmente por meio da sensação (S) ou intuição (I)<br />

e por outro lado, ainda <strong>de</strong> acordo com HURST, RUSH e WHITE, "os dois modos <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> informação são Pensamento (P) e Sentimento (S) [...] o grupo <strong>de</strong> alta<br />

administração 'i<strong>de</strong>al' seria composto <strong>de</strong> indivíduos capazes <strong>de</strong> funcionar em cada um dos<br />

modos cognitivos" 26 . Análise das equipes <strong>de</strong> trabalho sob esta ótica maximizaria o seu<br />

potencial <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> mudança.<br />

Sistema <strong>de</strong> Heymans<br />

O sistema grego <strong>de</strong> caracterologia dos quatro caracteres, ainda é seguido por uma<br />

gran<strong>de</strong> parte dos educadores. Heymans completa o sistema grego e é maleável e prático.<br />

Heymans era professor <strong>de</strong> Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gröning, <strong>de</strong>ixando o sistema ainda<br />

parcialmente <strong>de</strong>senvolvido. LE SENNE 27 , aprofunda e <strong>de</strong>senvolve este sistema.<br />

O material empírico do sistema foi levantado naquela altura primeiramente por<br />

meio <strong>de</strong> questionário a todos os médicos holan<strong>de</strong>ses, tinha como objetivo o estudo <strong>de</strong><br />

problemas <strong>de</strong> hereditarieda<strong>de</strong> psicológica. A sua base <strong>de</strong> dados foi feita também através <strong>de</strong><br />

questionários dirigidos a 3000 jovens entre 12 a e 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, bem como o estu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

biografias <strong>de</strong> 110 homens célebres. A partir dos dados <strong>de</strong>ste levantamento chegou a<br />

conclusão <strong>de</strong> que um certo número <strong>de</strong> traços <strong>de</strong> comportamento eram bastante semelhantes<br />

e assim pô<strong>de</strong> agrupar em três características fundamentais: 1. Emotivida<strong>de</strong>, 2. Ativida<strong>de</strong>, 3.<br />

Ressonância.<br />

CASTILHO, baseado em Heymans explica que "o caráter <strong>de</strong> cada pessoa po<strong>de</strong><br />

ser, emotivo ou não emotivo, ativo ou não ativo; primário ou secundário. Estes termos<br />

25 KEIRSEY, op. cit. p.288<br />

26 HURST, David, RUSH, James e WHITE, Ro<strong>de</strong>rick, Equipes <strong>de</strong> alta administração e renovação<br />

organizacional, In: STARKEY, Ken, Como as Organizações Apren<strong>de</strong>m, São Paulo-SP, Futura, 1997, p. 466<br />

27 LÊ SENNE, R., Tratado <strong>de</strong> caracterologia, El Ateneo, Buenos Aires, 1953


17<br />

expressam somente predomínio <strong>de</strong> cada proprieda<strong>de</strong> em cada indivíduo, já que na<br />

realida<strong>de</strong> todas as pessoas são emotivas, ativas, primárias e secundárias. Portanto, quando<br />

se diz que um caráter <strong>de</strong>terminado é não emotivo ou não ativo, não se <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r<br />

carência total <strong>de</strong>stas qualida<strong>de</strong>s, mas que as possui num grau inferior aos outros" 28 .<br />

1. Emotivida<strong>de</strong>: a emotivida<strong>de</strong> é a nota que leva em conta a diferença entre a<br />

dimensão da impressão interna subjetiva <strong>de</strong> um acontecimento em uma <strong>de</strong>terminada<br />

pessoa, positiva ou negativa e a dimensão externa, objetiva percebida do mesmo<br />

acontecimento. Nos emotivos a impressão subjetiva dos acontecimentos, ou sua<br />

expectativa <strong>de</strong> acontecimentos é aumentada. De acordo com a Figura 1, os emotivos<br />

experimentam muitas e maiores impressões <strong>de</strong> tipo positivo ou negativo. Convém também<br />

não confundir a possível falta <strong>de</strong> reação interna <strong>de</strong> uma pessoa com a possível falta <strong>de</strong><br />

emotivida<strong>de</strong>, pois po<strong>de</strong> simplesmente significar que a solicitação está fora do seu campo <strong>de</strong><br />

interesse.<br />

De acordo com OTERO, "interessa também concretizar que a emotivida<strong>de</strong>, em<br />

sentido caracterológico, é a atitu<strong>de</strong> para ser comovido por acontecimentos cuja importância<br />

é mínima. O homem frio é aquele a quem <strong>de</strong>ixam quase insensível os acontecimentos -<br />

interiores ou exteriores - que comovem a maioria. É necessário igualmente relacionar a<br />

emotivida<strong>de</strong> com o campo <strong>de</strong> interesses da pessoa. Po<strong>de</strong>r-se-ia cair numa observação<br />

carente <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> se separamos estes interesses da impressão sensível pessoal" 29 .<br />

São características típicas do emotivo o humor variável, a excitabilida<strong>de</strong>, a<br />

inquietação, a impressionabilida<strong>de</strong>, a tendência a exagerar...Pelo contrário, o não emotivo<br />

mostra-se habitualmente tranqüilo e <strong>de</strong> humor sempre igual.<br />

Nem todos os emotivos traduzem esta qualida<strong>de</strong> externamente. Não se po<strong>de</strong><br />

confundir, portanto, a emotivida<strong>de</strong> com a expansibilida<strong>de</strong>.<br />

2. Ativida<strong>de</strong>: o ativo é aquele que tem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa e está<br />

voltado para a ação. Para ele mudar, encontrar novas soluções e inovar é o que lhe satisfaz.<br />

O temperamento inclina para tomar a iniciativa. Para o ativo o aparecimento <strong>de</strong><br />

dificulda<strong>de</strong>s, ou problemas converte-se num <strong>de</strong>safio. Também se po<strong>de</strong> afirmar que o ativo<br />

não está satisfeito na rotina, precisa existencialmente da mudança. O termo próativida<strong>de</strong><br />

utilizado em comportamento na área administrativa transmite a idéia <strong>de</strong> pró-ação, -<br />

inclinação para agir -, o ativo trabalha sem esforço. Para o inativo, os obstáculos e as<br />

28 CASTILHO, Gerardo - Os Pais e o Estudo dos Filhos- Fomento Família- Lisboa<br />

29 OTERO, Oliveros F., El caráter <strong>de</strong> los hijos, 10. ed., Nota Técnica OF-74, <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Ciências da<br />

Educação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Navarra, 1985, p. 4.


18<br />

dificulda<strong>de</strong>s se apresentam como montanhas. Em geral o inativo <strong>de</strong>sanima diante dos<br />

problemas. Já o ativo é movido pelos <strong>de</strong>safios. Analisando o apetite irascível, po<strong>de</strong>-se<br />

afirmar que no ativo o <strong>de</strong>terminante caracterológico é a emoção da esperança e a audácia<br />

para atingir metas árduas. Para o inativo a paixão dominante é o medo e o sentimento <strong>de</strong><br />

fuga.<br />

Os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>ntro das organizações <strong>de</strong>vem conhecer esse traço caracterológico dos<br />

seus colaboradores, pois o ativo está mais apto para empreen<strong>de</strong>r coisas que supõem um<br />

<strong>de</strong>safio e está à vonta<strong>de</strong> realizando as mudanças, por outro lado o inativo prefere a rotina,<br />

tem em geral mais dificulda<strong>de</strong> para mudar o que normalmente faz. A inativida<strong>de</strong> mais do<br />

que uma falta <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> consiste em uma contra-ativida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se comparar com dois<br />

automóveis que vão partir só que um <strong>de</strong>les esta com freio <strong>de</strong> mão puxado.<br />

"Eis algumas características típicas do segundo (ativo): habitualmente ocupado;<br />

concentra-se rapidamente no trabalho; <strong>de</strong>cidido; perseverante; não adia as tarefas. A<br />

ativida<strong>de</strong> favorece a capacida<strong>de</strong> para tomar <strong>de</strong>cisões, empreen<strong>de</strong>r projetos e apren<strong>de</strong>r por<br />

<strong>de</strong>scoberta pessoal. Também está relacionada com o espírito prático e o otimismo. A não<br />

ativida<strong>de</strong>, pelo contrário, costuma criar uma sensação <strong>de</strong> impotência e origina atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

passivida<strong>de</strong> e pessimismo" 30 .<br />

3. Ressonância: o bem ou o mal percebido, esperado ou lembrado, afeta as<br />

pessoas <strong>de</strong> formas muito variadas. As impressões internas das percepções provocam as<br />

emoções e estas se convertem em reações. Há características particulares tanto no grau <strong>de</strong><br />

impacto na tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> um acontecimento (emotivida<strong>de</strong>) como num segundo<br />

movimento, o modo <strong>de</strong> reagir e assimilar ou processar aquela impressão já produzida. As<br />

pessoas apresentam condições diferentes <strong>de</strong> reação e assimilação com relação às<br />

impressões. "A Ressonância é a repercussão que as impressões tem sobre o ânimo <strong>de</strong> cada<br />

pessoa. Todos temos uma dupla ressonância, mas <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sigual. Se as impressões têm<br />

efeito sobre a conduta no momento da excitação, quer dizer, <strong>de</strong> uma maneira imediata, a<br />

ressonância é primária. Ao contrário, se as impressões influem no momento posterior ao da<br />

excitação, a ressonância é secundária" 31 .<br />

Os primários, por exemplo, costumam reagir <strong>de</strong> forma rápida e contun<strong>de</strong>nte ante<br />

as ofensas que recebem, mas logo se esquecem disso. Os secundários, pelo contrário,<br />

tardam muito mais a reagir e <strong>de</strong>moram mais tempo a esquecer o <strong>de</strong>sgosto. Dito <strong>de</strong> outra<br />

maneira: nos primários predominam os efeitos da impressão enquanto estão na zona<br />

30 CASTILHO, op. cit. p.<br />

31 id. p.


19<br />

consciente, nos secundários predominam os efeitos da impressão a partir do momento em<br />

que esta última passa à zona subconsciente.<br />

O primário vive no presente e gosta da mudança. Isso favorece a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sembaraço, a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> reação, e o entusiasmo. Pelo contrário, dificulta a objetivida<strong>de</strong>,<br />

a coerência mental e a sistematização. Atua freqüentemente <strong>de</strong> forma dispersa e<br />

superficial.<br />

O secundário vive no passado, está aferrado às suas recordações e princípios e,<br />

com freqüência, é prisioneiro das suas rotinas e preconceitos. Tudo isso facilita a reflexão,<br />

a or<strong>de</strong>m, a sistematização, a perseverança e a coerência mental. Em contrapartida origina<br />

lentidão.<br />

As diferentes formas <strong>de</strong> se combinarem as três proprieda<strong>de</strong>s citadas dão lugar a<br />

oito tipos <strong>de</strong> caráter. Destes, quatro são emotivos e quatro não emotivos, quatro são ativos<br />

e quatro não ativos, quatro são primários e quatro são secundários. No quadro 6 estão as<br />

fórmulas <strong>de</strong> cada tipo e o valor dominante em termos <strong>de</strong> inclinação temperamental.<br />

QUADRO 6 – Tipologia <strong>de</strong> LE SENNE<br />

FONTE: Elaboração do autor<br />

emotivida<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ressonância tipo <strong>de</strong>nominação valor dominante 32<br />

nA não P E,nA,P Nervoso Diversão<br />

E ativos S E,nA,S Sentimental Intimida<strong>de</strong><br />

emotivos A P E,A,P Colérico Ação<br />

ativos S E,A,S Apaixonado Obra a realizar<br />

A P nE,A,P Sanguíneo Êxito<br />

nE ativos S nE,A,S Fleumático Dever<br />

não nA não P nE,nA,P Amorfo Prazer<br />

emotivos ativos S nE,nA,S Apático Tranqüilida<strong>de</strong><br />

Uma classificação como esta é útil para conhecer e implementar as próprias<br />

tendências. No entanto <strong>de</strong>ve-se encarar como um ponto <strong>de</strong> referência, já que não é possível<br />

enquadrar em classes a riqueza e varieda<strong>de</strong> dos modos <strong>de</strong> ser humano. Também é preciso<br />

evitar uma simplificação dos tipos caracterológicos em "bons" e "maus", confundindo o<br />

psicológico com o moral.<br />

Características gerais dos caracteres e procedimentos para a sua otimização<br />

O Nervoso (E,nA,P)<br />

32<br />

MARTINE, Marie M., CARACTERES EM LA EDUCACIÓN, 1 a . ed., Barcelona, Editorial Fert, 1978, p.<br />

43-55.


20<br />

Características gerais: gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (muda continuamente <strong>de</strong> interesses e<br />

ocupação); inconstante; entusiasma-se com o novo, mas somente procura resultados<br />

práticos e imediatos; passa facilmente da euforia ao abatimento; falta <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, disciplina<br />

e perseverança no trabalho; mau uso do tempo; vonta<strong>de</strong> débil (joguete das suas sucessivas<br />

impressões); é in<strong>de</strong>ciso, instável, generoso, sociável e carinhoso. Extrovertido.<br />

Procedimento: Atenção especial ao controle da emotivida<strong>de</strong>. Habituar-se a refletir<br />

estudando os assuntos, cuidar da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nos aspectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberar bem e<br />

julgar com critérios a<strong>de</strong>quados aos assuntos. Exercitar-se na fortaleza, sobretudo em<br />

sustentar as ações até o fim. Habituar-se a por as últimas pedras no que faz. Esforçar-se por<br />

trabalhar nas coisas importantes não urgentes.<br />

O Sentimental (E,nA,S)<br />

Características gerais: muito sensível, retraído, tímido, pessimista, procura o<br />

isolamento e a solidão; suscetível, rancoroso, difícil <strong>de</strong> reconciliar; <strong>de</strong>smoraliza facilmente,<br />

inseguro, muito vulnerável; lento no trabalho; in<strong>de</strong>ciso; introvertido.<br />

Procedimento: <strong>de</strong>senvolver a próativida<strong>de</strong> (aumentar o círculo <strong>de</strong> ação e diminuir<br />

o das preocupações), cuidar da qualida<strong>de</strong> do relacionamento (procurar preocupar-se pelas<br />

necessida<strong>de</strong>s dos outros e aten<strong>de</strong>-las), procurar ganhar autoconfiança, orientar a<br />

emotivida<strong>de</strong> para i<strong>de</strong>ais elevados, evitando o i<strong>de</strong>alismo vago e sem conseqüências.<br />

O Colérico (E,A,P)<br />

Características gerais: as pessoas que têm este tipo <strong>de</strong> caráter nasceram para atuar.<br />

Estão sempre ocupadas em qualquer ativida<strong>de</strong> e a fazer projetos. Gostam <strong>de</strong> ocupar-se<br />

continuamente em novas tarefas. No entanto, por causa da primarieda<strong>de</strong> improvisam,<br />

precipitam-se, <strong>de</strong>sperdiçam a sua energia e caem na dispersão. Muitos planos ficam<br />

abandonados quando aparece algum obstáculo. Extrovertido.<br />

Procedimento: Melhorar na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (<strong>de</strong>liberar bem, julgar bem e<br />

executar com firmeza). Cultivar a constância. Combater os altos e baixos da emotivida<strong>de</strong><br />

apoiando as ações em convicções.<br />

O Apaixonado (E,A,S)<br />

Características gerais: gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho; está em ativida<strong>de</strong> contínua e<br />

concentrada num <strong>de</strong>terminado objeto; tem uma paixão dominante que é o motor da sua<br />

existência; in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte; violento; <strong>de</strong>cidido; perseverante; sóbrio; pouco valente; mau<br />

<strong>de</strong>sportista.<br />

Procedimento: Habituar-se em ouvir as opiniões dos outros, aceitar críticas. Dar<br />

importância aos <strong>de</strong>talhes e interessar-se pelas coisas mais simples. Crescer em humilda<strong>de</strong>,


21<br />

procurar sair do isolamento. Cuidar da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamento.<br />

O Sanguíneo (nE,A,P)<br />

Características gerais: tem uma mentalida<strong>de</strong> pragmática e calculista, sendo muito<br />

pouco sensível para tudo o que não lhe traga nenhum proveito material; só movem-no<br />

resultados a curto prazo; é prático e positivo; tem tendência a mentir para conseguir o que<br />

quer; é cerebral (pensa tudo friamente); otimista; afetuoso e sociável; extrovertido.<br />

Procedimento: Cuidar <strong>de</strong> preocupar-se pelos outros e sensibilizar-se.<br />

Perseguir objetivos concretos e seguir um plano <strong>de</strong> trabalho. Saber regular a sua tendência<br />

à flexibilida<strong>de</strong> com o planejamento. Lutar contra a dispersão. Fixar-se em i<strong>de</strong>ais nobres,<br />

princípio e valores.<br />

O Fleumático ( nE,A,S)<br />

Características gerais: conserva sempre o mesmo estado <strong>de</strong> ânimo repousado e<br />

tranqüilo; reflexivo; calado; trabalha e diverte-se só; muito or<strong>de</strong>nado (com freqüência é um<br />

maníaco da or<strong>de</strong>m); pontual, mas rígido no uso do tempo; preocupado pela objetivida<strong>de</strong> e<br />

exatidão <strong>de</strong> todas as coisas; com muito senso comum.<br />

Procedimento: procurar vencer a aversão ao trabalho em grupo, <strong>de</strong>senvolver a<br />

emotivida<strong>de</strong> para vencer a frieza, procurar relacionar-se com os outros sem querer<br />

esquematizar, saber "per<strong>de</strong>r o tempo" com os outros, exercitar-se na diligência ao tomar as<br />

<strong>de</strong>cisões e não querer agir com certezas absolutas.<br />

O Amorfo (nE, nA, P)<br />

Características gerais: falta <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sentido prático; muito preguiçoso;<br />

concentrado na procura <strong>de</strong> prazeres orgânicos, (comer, dormir...); pouco original (<strong>de</strong>ixa-se<br />

arrastar pelo ambiente); esbanjador; não pontual; sociável, dócil; carece <strong>de</strong> energia e<br />

entusiasmo; extrovertido.<br />

Procedimento: Crescer em interesses. Fomentar e <strong>de</strong>senvolver hábitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e<br />

disciplina na realização do trabalho. Convêm combinar o trabalho individual (para<br />

<strong>de</strong>senvolver atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compromisso) com o trabalho coletivo (como estímulo para a sua<br />

falta <strong>de</strong> energia e passivida<strong>de</strong>).<br />

O Apático ( nE,nA,S)<br />

Características gerais: muito fechado em si mesmo; melancólico; teimoso;<br />

irreconciliável; com pouca energia e vitalida<strong>de</strong>; preguiçoso; rotineiro; passivo; indiferente;<br />

introvertido.<br />

Procedimento: Buscar melhoria na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamento. Preocupar-se<br />

pelos outros. Exercitar-se no sentido <strong>de</strong> iniciativa, sair dos esquemas rotineiros cômodos.


22<br />

As três características influenciam <strong>de</strong> forma diferente cada uma das faculda<strong>de</strong>s<br />

internas, o quadro 7 resume as correlações mais significativas.<br />

QUADRO 7 - Correlações •<br />

FONTE: TANQUEREY e LE SENNE<br />

EMOTI-<br />

VIDADE<br />

ATIVI-<br />

DADE<br />

RESSO-<br />

NÂN-<br />

CIA<br />

P<br />

S<br />

INTELIGÊNCIA VIDA AFETIVA VONTADE<br />

Gera interesse<br />

Po<strong>de</strong> ser estímulo; para a Caráter fica afetado<br />

atenção ou perturbador, leva tempo <strong>de</strong>masiado Po<strong>de</strong> estimular ou<br />

à dispersão.<br />

sob impressão das paralisar<br />

Dificulta o raciocínio contrarieda<strong>de</strong>s<br />

objetivo<br />

Contato constante com o<br />

real, forte objetivida<strong>de</strong>.<br />

Bom observador<br />

Visão <strong>de</strong> conjunto<br />

Compreensão rápida<br />

Concentrar-se rapidamente<br />

Desembaraçado da<br />

repercussão do passado.<br />

Entra mais em cheio nas<br />

questões.<br />

Concentração momentânea<br />

mais intensa<br />

Pouco ligado ao passado<br />

Não relaciona, não julga.<br />

Compreensão superficial e<br />

rápida<br />

Mais tempo para<br />

compreen<strong>de</strong>r.<br />

Compreensão mais profunda<br />

Feito para o estudo<br />

sistemático<br />

Mais dotado<br />

intelectualmente<br />

Sempre ocupado<br />

Não tem tempo para<br />

o coração<br />

A ativida<strong>de</strong> controla<br />

fortemente a vida<br />

afetiva<br />

Humor variável<br />

Alegre, cheio <strong>de</strong><br />

animação.<br />

Irritáveis<br />

Humor igual.<br />

Inclinado mais para<br />

a <strong>de</strong>pressão que<br />

para a melancolia.<br />

Não experimenta vazio<br />

interior<br />

Voltado para o exterior<br />

Escapa ao<br />

egocentrismo dos<br />

inativos<br />

Objetivo, <strong>de</strong>cidido,<br />

perseverante.<br />

Deci<strong>de</strong> só pelas<br />

circunstâncias<br />

presentes.<br />

Falta coesão na vida<br />

Deixa-se levar pelas<br />

impressões do<br />

momento.<br />

Impulsivo, <strong>de</strong>cidido.<br />

Altos e baixos<br />

Decisões lentas, mas<br />

profundas.<br />

Tem coesão <strong>de</strong> vida.<br />

Mudanças graduais.<br />

Não se adapta a<br />

mudanças rápidas.<br />

Calmos, persistentes,<br />

por ser reflexivos<br />

ten<strong>de</strong>m a inativida<strong>de</strong>.<br />

• Este quadro indica como se relacionam as notas E, A, S/P, com as faculda<strong>de</strong>s internas da pessoa.


23<br />

CARACTERÍSTICAS DOMINANTES<br />

EMOTIVIDADE<br />

• Humor variável<br />

• Excitabilida<strong>de</strong><br />

• Inquietação<br />

• Impressionabilida<strong>de</strong><br />

• Tendência a exagerar<br />

• Favorece o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> interesses<br />

• Fator que potencia a ativida<strong>de</strong><br />

• Dificulta a abstração e o pensamento objetivo<br />

• Mais dotados para a inteligência intuitiva<br />

QUADRO 8 - Ativida<strong>de</strong><br />

FONTE: TANQUEREY e LE SENNE<br />

ATIVIDADE<br />

diante da dificulda<strong>de</strong><br />

• é motivado para atuar<br />

• reforça a ação<br />

• converte-se num <strong>de</strong>safio<br />

• ocupado<br />

• concentra-se rapidamente no trabalho<br />

• é perseverante<br />

• não adia as tarefas<br />

• favorece a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões<br />

e empreen<strong>de</strong>r projetos<br />

• apren<strong>de</strong> por <strong>de</strong>scoberta pessoal<br />

• tem espírito prático e é otimista<br />

NÃO ATIVIDADE<br />

diante da dificulda<strong>de</strong><br />

• in<strong>de</strong>ciso e duvida<br />

• causa <strong>de</strong>sanimo e <strong>de</strong>sistência<br />

• gera sentimentos <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong><br />

• dá origem a atitu<strong>de</strong>s passivas e<br />

pessimistas<br />

QUADRO 9 - Ressonância - repercussão que as impressões sobre o ânimo <strong>de</strong> cada pessoa<br />

FONTE: TANQUEREY e LE SENNE<br />

SECUNDÁRIA<br />

Predomina o efeito das impressões após a<br />

excitação<br />

reação mais lenta às ofensas<br />

<strong>de</strong>mora a esquecer os <strong>de</strong>sgostos<br />

predomina o efeito das impressões a partir do<br />

momento que passam para a zona<br />

subconsciente<br />

vive no passado<br />

aferrado a recordações<br />

prisioneiro das rotinas e preconceitos<br />

PRIMÁRIA<br />

predomina o efeito imediato das<br />

impressões<br />

reação rápida e contun<strong>de</strong>nte às ofensas<br />

que recebem<br />

esquece mais rápido o <strong>de</strong>sgosto<br />

efeitos das impressões predominam<br />

enquanto estão na zona consciente<br />

vive no presente<br />

gosta <strong>de</strong> mudança<br />

tendência à dispersão e superficialida<strong>de</strong><br />

favorece dificulta favorece dificulta<br />

reflexão<br />

or<strong>de</strong>m<br />

sistematização<br />

coerência mental<br />

agilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong>sembaraço<br />

rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> reação<br />

entusiasmo<br />

objetivida<strong>de</strong><br />

coerência mental<br />

sistematização


24<br />

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