Poesia - Academia Brasileira de Letras
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<strong>Poesia</strong><br />
grão 6<br />
não saberia precisar a hora<br />
em que teu rio em meu rio secou<br />
e ar<strong>de</strong>u-me árida a saliva<br />
na boca – a língua, um cacto<br />
não saberia dizer qual vento<br />
<strong>de</strong>sfez aquela duna<br />
intacta que éramos<br />
<strong>de</strong> qual mar morto<br />
<strong>de</strong> qual praia se orla alguma<br />
alivia o <strong>de</strong>serto<br />
não saberia no peito<br />
quantos camelos te levam<br />
e carregam para o longe<br />
este sol: roubam-me a se<strong>de</strong><br />
agora miragem<br />
na areia<br />
<strong>de</strong> gelo<br />
manequim 7<br />
se te sacia recobrir com plumas<br />
teu poema colorido, então assumas<br />
que a tática é torná-lo teu pavão<br />
retiro as penas e o que sobra? um vão<br />
6 Ibid.<br />
7 Ibid.<br />
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