Poesia - Academia Brasileira de Letras
Poesia - Academia Brasileira de Letras
Poesia - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Igor Fagun<strong>de</strong>s<br />
inscrita nos ditamos <strong>de</strong> uma lógica<br />
intrínseca ao contar, que enfim convoca<br />
o número a contar o que o <strong>de</strong>vora:<br />
o incerto <strong>de</strong> uma linha que se dobra<br />
arqueado o fio, a curva chega ao círculo<br />
mas entre os pontos sempre um interstício<br />
a rezar, mudo, o mundo em cujo início<br />
ao caos se abriu, sem verbo ou logaritmo<br />
embora alguma língua oculta em luta<br />
houvesse em cada célula conjunta<br />
e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>las, fosse o sopro em cura<br />
da ruína das potências mais profundas<br />
um livro quase todo uma polêmica<br />
do contra, do antagônico que teima<br />
em mãos erguer tijolo que sustenta<br />
aquilo que o <strong>de</strong>rruba em cada poema<br />
<strong>de</strong>ixar que na medida habite o semmedida,<br />
o aberto que lhe sobrevém<br />
e na constância, o que é mudança tente<br />
o contraponto que fecun<strong>de</strong> o rente<br />
que em arte importa esse limite-dádiva<br />
a contornar a fonte eterna: o nada<br />
se <strong>de</strong>le tudo se afigura em página<br />
a con<strong>de</strong>nsar na folha a força máxima<br />
278