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Poesia - Academia Brasileira de Letras

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Igor Fagun<strong>de</strong>s<br />

caso prefiras traje clean, sunguinha<br />

melhor malhares bem a barriguinha<br />

um verso mínimo há <strong>de</strong> ter gordura<br />

mas tu retrucas, dizes “que frescura!”<br />

que a moda fitness parece um vício<br />

<strong>de</strong> achar que quase tudo é <strong>de</strong>sperdício<br />

na folha vítima <strong>de</strong> alguma dieta<br />

prescrita por um médico ou esteta?<br />

em frente com teu ego pegajoso<br />

inflado até no culto ao adiposo<br />

que exibes quando insistes na resposta:<br />

“<strong>de</strong> um pneuzinho há sempre alguém que gosta!”<br />

na cama 8<br />

ela bem longe e ao mesmo tempo sem distância<br />

ela me toca e me retoca em mãos bem mansas<br />

ela sussurra que sou seu com voz sacana<br />

ela me beija, afaga, toma e não me engana<br />

ela me quer, não por amor, mas por ganância<br />

ela <strong>de</strong>snuda-me os lençóis, <strong>de</strong>pois me arranha<br />

ela mistura-me ao veneno <strong>de</strong> uma aranha<br />

ela me cospe, bate, berra, me ar<strong>de</strong> e sangra<br />

ela se culpa em fingimento: nunca é santa<br />

ela vasculha cada ruga e não se cansa<br />

ela perfura-me na agulha e me <strong>de</strong>smancha<br />

ela costura com silêncio a pele lânguida<br />

8 Ibid.<br />

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