Poesia - Academia Brasileira de Letras
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Igor Fagun<strong>de</strong>s<br />
aqui, on<strong>de</strong> nas mãos terás copacabanas:<br />
um forte ao fundo, a vista curva da varanda<br />
a multidão em nós, teus fogos <strong>de</strong> artifício<br />
o arpoador além do olhar, tramando abismos<br />
como se nos bastássemos <strong>de</strong> morros, túneis<br />
da Tonelero até o Rebouças, da Isabel ao Cantagalo<br />
da tua voz ao meu chamado, este <strong>de</strong>stino:<br />
mochila aberta, entrego o sol ao teu caminho<br />
apergunta 10<br />
o que esperar da vida: a espera pela célula<br />
em cujo núcleo um mapa estampe a travessia<br />
como se os pés apenas fossem a genética<br />
e não houvesse o passo atento ao imprevisto<br />
o que esperar da vida: uma época ou história<br />
medida pela causa e o efeito dos <strong>de</strong>stinos<br />
como se os dias fossem puro ardor da lógica<br />
enquanto as noites <strong>de</strong>safiam o esclarecido<br />
o que esperar da vida: uma ética vendida<br />
às equações do bolso, a compra <strong>de</strong> terrenos<br />
em bocas, beijos, glúteos, gulas por vagina<br />
e coca-cola, e cocaína se houver tempo<br />
10 Ibid.<br />
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