reforma agrária em santana do livramento/rs - alasru

no lote (LEITE, 2003; MEDEIROS, 2007; MEDEIROS et al, 2009; CARTER, 2010). O
processo de construção do novo território que daí decorre, todavia, produz uma complexa
realidade nessas comunidades em formação e aponta para processos espontâneos e
auto-organizativos que nos interessa registrar.
Procuramos, desse modo, observar as estratégias produtivas dos assentados;
estratégias que são fruto, ao mesmo tempo, das dificuldades do Estado em prover as
condições ideais para o desenvolvimento do assentamento, e das possibilidades que
grandes empresas ligadas à agricultura industrial apresentam na região. Essas relações,
tanto horizontais quanto verticais (SANTOS, 1996), constituem a dinâmica socioeconômica
e espacial que se cria com a instalação dos novos habitantes. Observa-se assim que
através das políticas de assentamento muitos agricultores excluídos do circuito econômico
de fato estão sendo reincorporados ao sistema produtivo conforme prevê o II PNRA, no
entanto, essa reincorporação acontece de modos diversos, e pode ter conseqüências
também variadas, dependendo em muito da matriz produtiva adotada pelas famílias
assentadas.
A reforma agrária em Santana do Livramento
A situação produtiva dos projetos de assentamento (PAs) de Santana do
Livramento aponta para uma série de dificuldades que impedem o pleno cumprimento das
metas da política pública. Na maior parte dos casos, as linhas desenvolvidas são os
modos de produção já estabelecidos na região, como pecuária (leite e corte), soja, arroz
(INCRA, 2004-2009). Em menor quantidade, e com muitas dificuldades, ocorre a produção
de alimentos para os habitantes da cidade. Segue abaixo, muito sinteticamente, as
principais linhas produtivas desenvolvidas até o presente nos assentamentos de Santana
do Livramento:
- Produção leiteira: ocorre principalmente através da COOPERFORTE (Cooperativa
Regional dos Assentados da Fronteira Oeste), cooperativa de assentados da região, com
525 famílias associadas. Em geral é utilizada a pastagem nativa e melhorada associada à
ração comprada. Média de produção de 6000L/família/mês. Destinado à Cosulati, em
Pelotas (a cerca de 300Km de distância), para processamento. O leite é vendido in natura.
Muito pouco permanece no município.