reforma agrária em santana do livramento/rs - alasru
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orientada <strong>em</strong> direção à obtenção de um resulta<strong>do</strong> material exterior ao corpo. É este<br />
programa da atividade filmada que a estratégia <strong>do</strong> cineasta exprime afinal.<br />
Há, desse mo<strong>do</strong>, uma busca pelas imagens a ser<strong>em</strong> produzidas a partir da<br />
observação das técnicas materiais, tanto a partir da seleção <strong>do</strong>s momentos de registro,<br />
quanto através da postura de câmera, <strong>do</strong> enquadramento, <strong>do</strong>s ângulos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s.<br />
Descrever essas técnicas implica <strong>em</strong> registrar ações, gestos, posturas <strong>do</strong> agente sobre os<br />
objetos, e por outro la<strong>do</strong>, as ações desses mesmos objetos sobre o meio, a natureza;<br />
movimentos que expressam uma intencionalidade, que é a própria transformação <strong>do</strong><br />
espaço, produzin<strong>do</strong> com isso uma nova conformação territorial. Com esse objetivo<br />
estabeleci<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com France (1998, p.66)<br />
encontram-se esclareci<strong>do</strong>s a escolha <strong>do</strong> perímetro de observação, que diz respeito à<br />
amplitude, o deslocamento, a distribuição no espaço <strong>do</strong>s enquadramentos e <strong>do</strong>s<br />
ângulos sucessivos; <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que a escolha <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de observação,<br />
defini<strong>do</strong> pela duração da gravação e sua fragmentação eventual através de saltos no<br />
t<strong>em</strong>po. Por que é na relação <strong>do</strong> agente e <strong>do</strong>s instrumentos com o objeto que dev<strong>em</strong><br />
ser procuradas as principais razões da coerência atestada pela observação <strong>do</strong><br />
cineasta quan<strong>do</strong> deseja destacar <strong>do</strong> resto das manifestações sensíveis uma técnica<br />
material e torná-la inteligível como tal ao especta<strong>do</strong>r.<br />
A pesquisa qualitativa ten<strong>do</strong> como ferramenta básica o registro audiovisual parece,<br />
nesse senti<strong>do</strong>, apresentar uma possibilidade de avanço no complexo probl<strong>em</strong>a da<br />
observação, <strong>do</strong>s registros e da descrição da materialidade encontrada na multifacetada<br />
realidade <strong>do</strong>s territórios da <strong>reforma</strong> agrária. Martins (2004) sugere que a pesquisa<br />
qualitativa é ―aquela que privilegia a análise <strong>do</strong>s microprocessos, através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das<br />
ações sociais individuais e grupais, realizan<strong>do</strong> um exame intensivo <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, e que<br />
caracterizada pela hetero<strong>do</strong>xia no momento da análise‖. A pesquisa qualitativa, nesse<br />
senti<strong>do</strong>, parece ter s<strong>em</strong>pre a qualidade de ser o caminho percorri<strong>do</strong> pelo pesquisa<strong>do</strong>r<br />
através <strong>do</strong> meio-objeto de estu<strong>do</strong> e as reconstruções <strong>do</strong>s fenômenos, desse mo<strong>do</strong>,<br />
tend<strong>em</strong> a ser ―s<strong>em</strong>pre parciais, dependen<strong>do</strong> de <strong>do</strong>cumentos, observações, sensibilidades<br />
e pe<strong>rs</strong>pectivas‖ (MARTINS, 2004, p.291-292) 6 . Em nosso estu<strong>do</strong>, a pesquisa qualitativa<br />
contribui justamente com o registro desse unive<strong>rs</strong>o heterogêneo, múltiplo e cheio de<br />
6 Esse tipo de procedimento no qual o pesquisa<strong>do</strong>r - e sua subjetividade - se envolve diretamente com o<br />
objeto de estu<strong>do</strong>, na escolha das amostras, nas relações produzidas entre os da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, etc, é<br />
muitas vezes questiona<strong>do</strong>. Um aspecto aborda<strong>do</strong> pela crítica à meto<strong>do</strong>logia qualitativa diz respeito à questão<br />
da representatividade. Como essa meto<strong>do</strong>logia trabalha s<strong>em</strong>pre com unidades sociais, ela privilegia os<br />
estu<strong>do</strong>s de caso — entenden<strong>do</strong>-se como caso, o indivíduo, a comunidade, o grupo, a instituição (MARTINS,<br />
2004).