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N.º - Ordem dos Enfermeiros

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SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Editorial<br />

JO R N A L D A SE C Ç Ã O RE G I O N A L D O CE N T R O D A OR D E M D O s EN F E R M E I R O s Junho de 2010 | ANO 8 | N.º 23<br />

2 Editorial<br />

4 Cancro de Pele...<br />

O Diagnóstico Precoce é uma<br />

prioridade!!<br />

5 Um pesadelo real<br />

chamado MELANOMA<br />

6 Dia Mundial da População<br />

7 Dia Internacional da Juventude<br />

9 Quando o calor aperta…<br />

10 Sinta-se bem na sua pele<br />

11 Não há bela sem senão….<br />

12 Viver com epilepsia<br />

13 Música para os ouvi<strong>dos</strong><br />

14 RESPIRA<br />

15 Cultura e Lazer<br />

16 Um dia na praia<br />

“Mesmo que a rota da<br />

minha vida me conduza a<br />

uma estrela, nem por isso<br />

fui dispensado de percorrer<br />

os caminhos do mundo.”<br />

José Saramago<br />

Enfermagem e o Cidadão | 1


Editorial<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Pela Nossa Saúde e<br />

Defesa do Interesse<br />

Público…<br />

Enquanto associação de direito público e na assumpção plena das suas atribuições e responsabilidades, o<br />

Conselho Directivo da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Enfermeiros</strong> propôs aos seus membros, no passado dia 29 de Maio, em<br />

sede de Assembleia-Geral, uma Tomada de Posição sobre “Medidas Políticas para o Reconhecimento e<br />

Consolidação da Profissão de Enfermagem”.<br />

Tendo sido aprovada, constitui-se esta numa estratégia política conducente à necessária e urgente promoção<br />

da autonomia da profissão, essencial para a afirmação da sua imprescindibilidade e valorização no<br />

contexto da prestação de cuida<strong>dos</strong> de saúde, na área das disciplinas do conhecimento em saúde, na gestão das<br />

organizações de saúde e na concepção e implementação de políticas de saúde equitativas, sempre em defesa<br />

de um Serviço Nacional de Saúde, cada vez mais sustentável.<br />

Entendendo ser nosso dever institucional a sua partilha com to<strong>dos</strong>, passamos de seguida a transcrevê-la.<br />

“ (…) Assim, considerando:<br />

1) A profissão de enfermagem em Portugal é detentora<br />

de um quadro de referência, conceptualmente<br />

bem estruturado, coerente e específico, que integra instrumentos<br />

reguladores que possibilitam, em complementaridade<br />

com os restantes profissionais da saúde,<br />

a intervenção <strong>dos</strong> enfermeiros com igual dignidade e<br />

autonomia;<br />

2) O Estatuto da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Enfermeiros</strong>, aprovado<br />

pelo Decreto-lei n.º 104/98, de 21 de Abril, alterado e republicado<br />

pela Lei n.º 111/2009, de 16 de Setembro que<br />

consagra a 1ª alteração do Estatuto ao mesmo, consolida<br />

este quadro e permite a construção de novos instrumentos<br />

de regulação assentes no desenvolvimento e certificação<br />

de competências profissionais;<br />

3) Ao importante investimento da profissão e <strong>dos</strong> enfermeiros,<br />

assim como ao desenvolvimento da disciplina<br />

de enfermagem, não tem correspondido o pleno aproveitamento<br />

das suas crescentes e mais diferenciadas capacidades<br />

de intervenção, nem garantidas as condições que<br />

respeitem o seu estatuto e a sua autonomia;<br />

4) As repercussões decorrentes do referido subaproveitamento,<br />

tanto para os serviços de saúde como para o<br />

aumento da resposta destes às necessidades <strong>dos</strong> cidadãos,<br />

representam um desperdício do potencial das qualificações<br />

e competências <strong>dos</strong> enfermeiros;<br />

5) O perigo de diminuição da qualidade na prestação<br />

de cuida<strong>dos</strong> proporcionada por ofertas menos qualificadas<br />

e atomizadas na saúde;<br />

6) Os riscos decorrentes da implementação do Processo<br />

de Bolonha para o ensino de enfermagem e as<br />

possíveis consequências negativas, decorrentes do enquadramento<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros no novo Quadro Nacional de<br />

Qualificações.<br />

O Conselho Directivo, com a finalidade de assegurar<br />

as condições de exercício da profissão, estatuto, garantias<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros e na perspectiva da defesa da qualidade<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de enfermagem e da satisfação <strong>dos</strong> cidadãos<br />

e <strong>dos</strong> enfermeiros, propõe a esta AG a aprovação das seguintes<br />

exigências a colocar ao poder político:<br />

1. A inclusão <strong>dos</strong> enfermeiros nos processos de concepção,<br />

decisão e governação política, reconhecendo o<br />

Ficha Técnica<br />

Distribuição Gratuita • Jornal da Secção Regional do Centro da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Enfermeiros</strong>; Av. Bissaya Barreto, 185; 3000-076 COIM-<br />

BRA; Tel.: 239 487 810; Fax: 239 487 819; www.ordemenfermeiros.pt; E-mail: srcentro@ordemenfermeiros.pt • Director Manuel Oliveira • Coordenação<br />

Editorial Filipe Marcelino; Manuela Coimbra • Conselho Editorial Áurea Andrade; Fernando Júlio; Gina Reis; João Domingos; Natércia Sequeira; Patrícia<br />

Batista; Rosa Meneses; Tânia Morgado; Elisabete Santos; • Conselho Científico Manuela Coimbra; Manuel Oliveira; Cristina P. Carmona; Conceição Martins;<br />

José Manuel Cavalete • Colaboradores Especiais Rita Constança; Selma José; Ananda Fernandes; Fátima Neves; Fernando de Seabra; Maria da Luz Reis;<br />

Pedro Ricardo C. Gonçalves; Ana Margarida Araújo • Revisão Editorial Tânia Morgado; M.ª João Henriques • Fotografia Diana Marcelino • Secretariado<br />

Rute Dias da Silva; João Pedro Pinto; Elizabete Figueira; Liliana Reis; Fernanda Marques • Maquetização, Produção PMP COIMBRA • Tiragem 5.000<br />

exemplares • Depósito Legal 178374/02 • Impressão PMP<br />

2 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Editorial<br />

...acreditando no futuro, mesmo<br />

em tempos de pessimismo,<br />

desmotivação e insatisfação,<br />

relembramos com saudade<br />

SARAMAGO “Mesmo que a<br />

rota da minha vida me conduza<br />

a uma estrela, nem por isso<br />

fui dispensado de percorrer os<br />

caminhos do mundo.” Assim, pela<br />

nossa saúde e defesa do interesse<br />

público, convidamos to<strong>dos</strong> a<br />

percorrerem connosco o caminho da<br />

Enfermagem.<br />

valor específico e acrescentado dessa participação;<br />

2. A definição urgente de uma política de admissão<br />

e dotação de enfermeiros ajustada às novas necessidades<br />

em saúde e coerente com a finalidade e estratégia das<br />

reformas em curso;<br />

3. O aproveitamento cabal das qualificações e das<br />

competências <strong>dos</strong> enfermeiros na concepção e implementação<br />

do novo Plano Nacional de Saúde;<br />

4. O reconhecimento da complementaridade e multidisciplinaridade<br />

como princípios inquestionáveis no êxito<br />

das políticas de saúde;<br />

5. O reconhecimento de que a decisão em saúde apela<br />

à sinergia <strong>dos</strong> diversos saberes e campos de intervenção,<br />

<strong>dos</strong> diferentes profissionais, centrada na pessoa, família<br />

e comunidade e concretizada com o seu pleno envolvimento;<br />

6. A implementação das reformas deverá obedecer<br />

a um planeamento estratégico prévio das mesmas, que<br />

explicite com objectividade a integração/articulação das<br />

mesmas, com responsabilidades e cronogramas coerentes,<br />

com um ritmo de consecução que assegure uma real equidade<br />

no acesso e continuidade da prestação de cuida<strong>dos</strong>;<br />

7. A regulamentação atempada da Lei nº 111/2009,<br />

de 16 de Setembro, no sentido da efectiva aplicação do<br />

novo Modelo de Desenvolvimento Profissional;<br />

8. A definição de uma política de formação baseada<br />

no Plano Estratégico para o Ensino de Enfermagem que<br />

permita a adequação da formação pré-graduada e pós<br />

graduada <strong>dos</strong> enfermeiros aos desafios científicos, tecnológicos<br />

e humanos no domínio da saúde e às crescentes<br />

necessidades em cuida<strong>dos</strong> de saúde em geral e de enfermagem<br />

em particular;<br />

9. A manutenção do nível correspondente ao actual<br />

enquadramento <strong>dos</strong> enfermeiros no quadro de qualificações<br />

das profissões reguladas da saúde, salvaguardando<br />

assim o valor da profissão e o seu efectivo contributo para<br />

os resulta<strong>dos</strong> em saúde;<br />

10. A definição de uma politica de incremento e apoio<br />

à investigação em enfermagem que promova o aumento da<br />

produção de conhecimento e o suporte à melhoria contínua<br />

da qualidade e inovação <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> e o desenvolvimento<br />

da profissão;<br />

11. O reconhecimento do valor <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de enfermagem,<br />

para os ganhos em saúde com o respectivo<br />

impacto na valorização socioeconómica do trabalho <strong>dos</strong><br />

enfermeiros;<br />

12. A consolidação do processo em curso relativo ao<br />

Registo de Saúde Electrónico, de acordo com o que tem<br />

vindo a ser defendido pela OE;<br />

13. A definição de um quadro legislativo que garanta<br />

a efectiva intervenção <strong>dos</strong> enfermeiros na gestão e partilha<br />

da informação em saúde, com os cidadãos, capaz<br />

de potenciar uma melhor e mais esclarecida decisão das<br />

pessoas no que aos seus processos de saúde/doença diz<br />

respeito;<br />

14. A definição de instrumentos de regulação participa<strong>dos</strong><br />

pelas Ordens Profissionais, que integrem novos<br />

modelos de contratualização responsabilizantes e consequentes,<br />

com a participação efectiva <strong>dos</strong> cidadãos e que<br />

reflictam as suas reais necessidades, no sentido de evitar a<br />

descaracterização do SNS;<br />

15. O aproveitamento integral da capacidade instalada<br />

no SNS e uma assumpção da separação entre o sector<br />

público e o sector privado;<br />

16. A defesa da promoção e protecção da saúde e da<br />

prevenção da doença como eixos organizadores de uma<br />

intervenção com valor acrescentado em saúde e qualidade<br />

de vida para to<strong>dos</strong> os cidadãos, reforçando a proximidade,<br />

a eficiência e a sustentabilidade do SNS;<br />

17. A definição e implementação de uma política nacional<br />

de melhoria contínua da qualidade e gestão do risco<br />

clínico e ambiental;<br />

18. A garantia de que o investimento público em saúde<br />

não pode ser posto em causa, pelo efectivo retorno que<br />

representará para o desenvolvimento do país.”<br />

Uma vez exposta a tomada de posição e acreditando<br />

no futuro, mesmo em tempos de pessimismo, desmotivação<br />

e insatisfação, relembramos com saudade SARA-<br />

MAGO “Mesmo que a rota da minha vida me conduza<br />

a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer<br />

os caminhos do mundo.” Assim, pela nossa saúde e defesa<br />

do interesse público, convidamos to<strong>dos</strong> a percorrerem<br />

connosco o caminho da Enfermagem.<br />

Manuel Oliveira<br />

(Presidente do Conselho Directivo Regional<br />

Secção Regional do Centro – <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Enfermeiros</strong>)<br />

Enfermagem e o Cidadão | 3


Falando Sobre...<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Cancro de Pele...<br />

O Diagnóstico Precoce é uma prioridade!!<br />

Ri t a Co n s t a n ç a<br />

Especialista em Enfermagem Comunitária<br />

A maioria das pessoas gosta de estar ao sol. O seu calor e<br />

luz ajuda-nos a relaxar e a estimular o nosso espírito. Ajuda<br />

o organismo a produzir vitamina D, essencial para ter ossos<br />

fortes e um sistema imunitário saudável. Mas, bastam quinze<br />

minutos de exposição solar diária para obter estes benefícios.<br />

Mas da exposição prolongada ao sol podem resultar escaldões,<br />

bronzeado, sardas, reacções de fotossensibilidade, que levam<br />

ao envelhecimento precoce da pele. O bronzeado já é um<br />

sinal de dano à pele.<br />

A alteração mais grave é o cancro de pele, o mais frequente<br />

nas pessoas de raça branca. O número de casos tem vindo a<br />

aumentar de forma acelerada em idades cada vez mais jovens,<br />

principalmente nas pessoas com hábitos de exposição solar<br />

inadequada ou de utilização de solários.<br />

Existem três tipos principais de cancro de pele: o Basalioma,<br />

o Carcinoma Espinhocelular e o mais grave de to<strong>dos</strong>, o<br />

Melanoma Maligno que pode ser letal.<br />

Se forem diagnostica<strong>dos</strong> e trata<strong>dos</strong> precocemente têm<br />

grandes probabilidades de cura. No caso do Melanoma Maligno,<br />

se não for tratado pode avançar e afectar outras partes do<br />

corpo, tornando difícil o tratamento.<br />

Segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo<br />

estima-se que este ano, em Portugal, surgirão mais de 10.000<br />

novos casos de cancro da pele e destes mais de 1.000 serão de<br />

Melanoma Maligno. O Melanoma está a proliferar em todo<br />

o mundo cerca de 7% ao ano, particularmente nos países ocidentais.<br />

A taxa de incidência chega mesmo a triplicar em cada<br />

dez anos.<br />

Sinais de alarme para o Melanoma Maligno<br />

Sinais, manchas castanhas que surgem na pele são normalmente<br />

inofensivos, mas podem não ser. Por isso é tão importante<br />

conhecer a sua pele, estando alerta para:<br />

1. O aparecimento recente de um novo sinal de cor negra.<br />

2. Alterações num sinal já existente. É fundamental a observação<br />

<strong>dos</strong> sinais cutâneos de alerta - o A B C D E do Melanoma:<br />

A – Assimetria – a forma do sinal é irregular.<br />

B – Bordo – o bordo do sinal é mal delimitado.<br />

C – Cor – o melanoma não tem uma cor uniforme.<br />

D – Diâmetro – o diâmetro superior a 5mm, com crescimento<br />

recente.<br />

E – Espessamento – uma elevação ou um relevo recente.<br />

Também são sinais de alerta: comichão, inflamação, uma<br />

ferida no sinal ou uma hemorragia fácil.<br />

O Auto-Exame à pele<br />

O auto-exame à pele é o melhor meio de conhecer as manchas<br />

pigmentadas existentes no corpo, detectando alterações<br />

recentes ou existência de novos sinais, que não sendo necessariamente<br />

malignos, convém serem encaminha<strong>dos</strong> para o Dermatologista.<br />

Este exame é efectuado por si, a si próprio e aos seus filhos,<br />

três a quatro vezes por ano. As pessoas com muitos sinais são<br />

aconselhadas a realizá-lo com maior frequência.Necessitará de<br />

ter boa luz, um espelho grande, outro mais pequeno, um secador<br />

e um banco. Siga os nove passos e não dura mais de 10<br />

minutos:<br />

1º – Inspeccione as palmas das mãos e os antebraços, sem<br />

esquecer entre os de<strong>dos</strong>;<br />

2º – Diante do espelho dobre os braços para si e inspeccione<br />

a parte de trás <strong>dos</strong> antebraços e cotovelos;<br />

3º – Inspeccione toda a parte da frente do seu corpo, a face,<br />

o pescoço e os braços, inclusivé a parte interna;<br />

4º – Vire a parte direita do corpo para o espelho, levante os<br />

braços e observe de cima para baixo todas as partes do corpo.<br />

Repita para a parte esquerda;<br />

5º – Coloque-se de costas e examine as nádegas e pernas;<br />

6º – Com a ajuda do espelho pequeno, observe a parte de<br />

trás <strong>dos</strong> braços, as costas, o pescoço e a nuca;<br />

7º – Ainda com a ajuda do espelho pequeno, examine o<br />

couro cabeludo. Pode necessitar da ajuda do secador para separar<br />

os cabelos;<br />

8º – Sente-se e apoie uma perna no banco que colocou<br />

diante de si. Com a ajuda do espelho inspeccione a parte interna<br />

da perna. Repita para a outra perna;<br />

9º – Cruze as pernas e observe a planta <strong>dos</strong> pés, de<strong>dos</strong>,<br />

unhas e entre os de<strong>dos</strong>. Examine também o ânus e orgãos genitais.<br />

Vigie a cor, o contorno e o tamanho <strong>dos</strong> seus sinais e <strong>dos</strong><br />

seus filhos. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais,<br />

pois se tratado nas fases iniciais o cancro de pele tem<br />

elevadas taxas de cura.<br />

O sol é seu amigo. Faça da protecção solar uma das prioridades<br />

do seu projecto de saúde. Seja responsável, pela sua saúde<br />

e pela saúde <strong>dos</strong> que dependem de si!<br />

Para mais informação pode consultar:<br />

http://www.dgs.pt; http://www.dermo.pt; http://www.apcc.online.pt;<br />

http://www.euromelanoma.org; http://www.cdc.gov/cancer;<br />

http://www.skincancer.org; http://www.meteo.pt<br />

4 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Tem a Palavra<br />

Um pesadelo real<br />

chamado MELANOMA<br />

Se l m a Jo s é<br />

Enfermeira<br />

“Confirma-se o diagnóstico de Melanoma”. Quando ouvi<br />

a dermatologista, o mundo como que ficou em suspenso por<br />

alguns segun<strong>dos</strong>. Por alguns segun<strong>dos</strong>, deixei de a ouvir e até<br />

me esqueci de respirar. Depois veio o choque, como uma onda<br />

gélida de um mar revolto que nos atinge súbita e dolorosamente.<br />

Sem avisar! Senti um turbilhão de emoções, mas o sentimento<br />

dominante foi o medo. Como enfermeira, e profissional<br />

de saúde num serviço oncológico, não estava de todo preparada<br />

para me sentar do lado de lá, para admitir que tinha cancro.<br />

Tudo começou com um sinal no braço direito que se foi alterando<br />

no espaço de pouco mais de meio ano. A cor, a textura,<br />

a dimensão. Tudo sinais de alarme, mas a que não dei a atenção<br />

devida, apesar de o meu subconsciente gritar que algo estava<br />

errado. Fui deixando o tempo passar, mas sempre dizendo para<br />

comigo que havia de o mostrar a um médico. Com um bebé<br />

pequeno e de regresso ao trabalho há pouco tempo tinha muita<br />

coisa em que pensar e andava cansada. Talvez por isso o sinal<br />

não tenha sido uma prioridade. Quando mostrei a uma dermatologista,<br />

ela revelou-se preocupada e disse-me que o sinal<br />

tinha mau aspecto e que poderia ser um melanoma. Daí ser<br />

urgente agir. Passa<strong>dos</strong> dois dias fui fazer uma biópsia e depois<br />

veio a espera pelo resultado…<br />

Quando contei à família, amigos e colegas, to<strong>dos</strong> desvalorizaram,<br />

dizendo que não devia ser nada de mais. Mas eu tinha<br />

visto a expressão da médica quando viu o sinal… Foi o suficiente<br />

para me deixar muito preocupada. Eu sabia que tinha vários<br />

factores de risco (pele clara, sardas, cabelo arruivado e muitos<br />

sinais), mas sempre tive cuidado com o Sol. Usava factor de<br />

protecção alta e evitava estar ao Sol às horas mais preocupantes.<br />

Quando saí da consulta onde me foi confirmado<br />

que tinha um <strong>dos</strong> cancros de pele mais<br />

temi<strong>dos</strong>, deixei que as emoções vencessem<br />

e chorei como nunca tinha chorado. “Porquê<br />

a mim”- pensei eu vezes sem conta.<br />

Só tinha uma coisa a fazer: lutar, ter<br />

esperança e vencer o que quer que<br />

viesse. Tinha de lutar por mim,<br />

pela minha família, mas em especial<br />

pela minha filha de 13 meses.<br />

Passado 5 dias fui sujeita a<br />

uma cirurgia onde me foi removido<br />

tecido do braço, de forma a<br />

deixar uma margem de segurança<br />

e um gânglio axilar. A verdade é<br />

que foi tudo tão rápido que mal<br />

tive tempo para assimilar a situação.<br />

Depois veio novamente a espera. Duas semanas de angústia.<br />

O resultado iria ser importante na linha de tratamento. Foi<br />

o período mais difícil deste processo. Não podia fazer esforços,<br />

porque tinha 23 pontos no braço direito e mais na axila e<br />

muitas dores, o que implicava não poder pegar na minha filha.<br />

Como se explica isto a uma criança de 13 meses que chora de<br />

braços estendi<strong>dos</strong> pela mamã Este foi o período onde me senti<br />

mais em baixo, apesar de exteriormente tentar que tal não se<br />

apercebesse porque não queria que as pessoas que me rodeavam<br />

ficassem ainda mais preocupadas. Sentia-me só, apesar de<br />

nunca o estar. A família apoiou-me imenso, tal como os meus<br />

amigos e colegas. Mas achava que ninguém conseguia compreender<br />

a dimensão da minha angústia pela incerteza do meu<br />

futuro. Tinha tantos planos…<br />

Passei noites acordada, dias a fingir que estava bem. Sempre<br />

a pensar em to<strong>dos</strong> os cenários possíveis, incluindo os mais<br />

negativos. Não tinha vontade de sair, de falar com ninguém.<br />

Sentia um peso enorme em cima de mim. Só queria adormecer<br />

e acordar deste pesadelo.<br />

Entretanto as boas notícias começaram a surgir. O gânglio<br />

que tinha ido para análise não tinha sinais de metástases e a<br />

TAC que fiz também estava normal. Na consulta seguinte<br />

foi-me dito que ficaria no estádio 1-B. Teria de ser seguida em<br />

consulta várias vezes por ano, para sempre. Ter ainda mais cuidado<br />

com o Sol. Mas a notícia fantástica era que tinha bastado a<br />

cirurgia, não tendo de fazer mais nenhum tipo de tratamento.<br />

Respirar fundo… Respirar fundo… Pela segunda vez, esqueci-me<br />

de respirar. Fechei os olhos por uns segun<strong>dos</strong>, mas desta<br />

vez, a onda que me atingiu vinha devagar e cobriu-me<br />

com um manto de água quente.<br />

Eram as lágrimas que nunca<br />

mais tinha permitido que<br />

saíssem. E finalmente,<br />

senti-me leve…<br />

Enfermagem e o Cidadão | 5


To<strong>dos</strong> os Dias são Dias<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

11 de Julho de 2010<br />

Dia Mundial da População<br />

An a n d a Fe r n a n d e s<br />

Professora Coordenadora<br />

Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica<br />

“Os americanos comem ostras mas<br />

não caracóis. Os franceses comem caracóis<br />

mas não orelheira. Os portugueses comem<br />

orelheira mas não peixe cru. Os holandeses<br />

comem peixe cru<br />

mas não grilos. Os zulus<br />

comem grilos mas não<br />

peixe. Os judeus comem<br />

peixe mas não porco.<br />

Os hindus comem porco<br />

mas não vaca. Os russos<br />

comem vaca mas não<br />

cobras. Os chineses acham a<br />

sopa de cobra deliciosa”.<br />

(Desconhecido)<br />

O número de cidadãos estrangeiros residentes em Portugal<br />

tem vindo a aumentar desde há 30 anos. As regiões com maior<br />

actividade económica são os destinos mais frequentes <strong>dos</strong> imigrantes:<br />

Lisboa, Faro e Setúbal. Apesar de apenas 5 em cada<br />

100 pessoas serem provenientes de outro país, é cada vez mais<br />

frequente cruzarmo-nos na rua, no supermercado ou até nos<br />

locais de trabalho com pessoas de nacionalidade estrangeira<br />

que trabalham em Portugal. A comunidade maior vem do Brasil<br />

(24% <strong>dos</strong> residentes estrangeiros), seguindo-se os cidadãos<br />

da Ucrânia (12%), Cabo Verde (12%), Angola (6%), Roménia<br />

(6%), Guiné-Bissau (6%), Moldávia (5%) e outros*. Para quem<br />

não saiba, qualquer cidadão estrangeiro residente em Portugal,<br />

esteja ou não legalizado, tem direito a ser atendido nos Centros<br />

de Saúde e Hospitais do Serviço Nacional de Saúde.<br />

Nos serviços de saúde, também cerca de 5 em cada 100<br />

profissionais de saúde vêm de outros países: União Europeia,<br />

sobretudo Espanha, e em menor número Brasil, Angola e Guiné.<br />

Neste encontro entre pessoas de culturas diferentes, descobrimos<br />

hábitos relaciona<strong>dos</strong> com o nascimento, a alimentação<br />

e até com a morte, que nos surpreendem e nos fazem pensar<br />

sobre os nossos próprios hábitos.<br />

Mas as diferenças de hábitos não surgem apenas entre pessoas<br />

de países diferentes. No nosso pequeno país há também<br />

diferenças importantes entre as pessoas de diferentes regiões,<br />

entre pessoas do meio rural e urbano, entre pessoas com mais<br />

e menos instrução, de família para família. Enfim, cada um de<br />

nós tem os seus próprios hábitos e valores: tem a sua própria<br />

cultura.<br />

Dos enfermeiros espera-se o respeito pelos valores, costumes,<br />

crenças espirituais e práticas de cada pessoa e família. Para<br />

promover a saúde, prevenir a doença e facilitar a recuperação<br />

<strong>dos</strong> doentes, os enfermeiros têm que ser competentes nas relações<br />

que estabelecem com as pessoas e as famílias, nas técnicas<br />

que realizam, e também têm que ser culturalmente competentes.<br />

Isto é, têm que ser capazes de reconhecer as diferenças e<br />

respeitar os valores e as tradições. Mas têm também o dever de<br />

identificar as práticas que podem pôr em risco a saúde e de dar<br />

a informação necessária para que as pessoas possam fazer escolhas<br />

mais saudáveis, chegando a um acordo sobre os melhores<br />

cuida<strong>dos</strong> para a sua saúde.<br />

* Fonte: Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – Relatório de Imigração,<br />

Fronteiras e Asilo. SEF, 2008.<br />

6 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

To<strong>dos</strong> os Dias são Dias<br />

Dia Internacional<br />

da Juventude – 12 de Agosto<br />

Não te excedas….<br />

Fá t i m a Ne v e s<br />

Especialista em Enfermagem Comunitária<br />

Esta poderia ser uma recomendação que faríamos aos nossos<br />

filhos adolescentes, quando vão sair, esperando que tudo<br />

aquilo que lhes ensinámos, os perigos para os quais os alertámos,<br />

esteja presente quando estão com os amigos, e que saibam<br />

dizer não, quando lhes propõem algo que lhes seja prejudicial.<br />

A adolescência é uma fase de transição em que ocorrem<br />

simultaneamente transformações físicas, psicológicas e sociais.<br />

Mudam as relações com os pais, os amigos e, sobretudo com o<br />

sexo oposto.<br />

É a idade de correr riscos, de testar os limites, os próprios e<br />

os que são impostos pela família e sociedade. São as primeiras<br />

experiências com o tabaco, as drogas, as bebidas alcoólicas, sendo<br />

principalmente em grupo que se fazem estas experiências.<br />

Quando ocorrem relações sexuais, estas são muitas vezes não<br />

protegidas.<br />

Ao falarmos com adolescentes verificamos que estes têm<br />

a noção do que são comportamentos de risco, do que devem<br />

e não devem fazer, sobretudo quando se trata de outras pessoas,<br />

ou abstractamente. No entanto, quando se trata de fazer<br />

as mesmas escolhas para a própria vida, no calor do momento,<br />

não têm capacidade para controlar os impulsos, sobretudo<br />

quando existe pressão do grupo de amigos, isto é, a emoção<br />

sobrepõe-se à razão.<br />

Os amigos têm um papel preponderante, uma vez que a<br />

necessidade de aceitação e de integração no grupo, influencia<br />

as preferências na moda, música e linguagem, o modo como se<br />

relacionam entre eles e com os outros.<br />

O facto de se considerarem invulneráveis e indestrutíveis,<br />

em que o “mal” só acontece aos outros, predispõe à prática de<br />

comportamentos de risco, cujas consequências são uma das<br />

principais causas de doenças crónicas, ou mesmo morte, nesta<br />

fase da vida.<br />

Vários estu<strong>dos</strong> nacionais apontam para o aumento do consumo<br />

de substâncias nocivas, sobretudo de bebidas alcoólicas,<br />

Enfermagem e o Cidadão | 7


To<strong>dos</strong> os Dias são Dias<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

entre os adolescentes. Estes ingerem cada vez mais bebidas<br />

destiladas (shots) em detrimento da cerveja. Aumentaram as<br />

situações de embriaguez, assim como o número de bebidas alcoólicas<br />

destiladas ingeridas na mesma ocasião. Cada vez se<br />

inicia os consumos mais cedo.<br />

Segundo a UNESCO “os estudantes começam a beber por<br />

curiosidade, pelo desejo de inserção social, para esquecer problemas<br />

e para ter coragem para tentar namorar”.<br />

Como os adolescentes estão numa fase de estruturação da<br />

personalidade, ao consumirem álcool para se desinibirem e facilitar<br />

o relacionamento, podem vir, mais tarde, a não conseguir fazêlo<br />

sem beber. Além disso, frequentemente o consumo excessivo<br />

de álcool leva a outros comportamentos de risco, como relações<br />

sexuais não protegidas, condução perigosa ou delinquência.<br />

Este é um problema grave, de difícil resolução, tanto mais<br />

que o álcool existe nas nossas casas, está culturalmente associado<br />

a ocasiões festivas e, muitas vezes, está presente em todas as<br />

refeições, podendo, para o adolescente, parecer normal e obrigatório<br />

o seu consumo.<br />

Mas então o que podemos fazer<br />

Enquanto cidadãos, devemos exigir que se cumpram as leis<br />

sobre comercialização de bebidas alcoólicas, aumentando a fiscalização.<br />

Enquanto pais e educadores, conversando abertamente com<br />

os nossos filhos sobre os riscos que correm e como os podem<br />

evitar. Dar-lhes espaço para que se sintam à vontade para falar<br />

sobre estes assuntos e para que manifestem a sua opinião.<br />

Manter uma atitude de vigilância e atenção. Quando saem,<br />

para onde vão Com quem Ficam em casa de um amigo ou<br />

amiga – os pais deles sabem Conversou com eles<br />

Estar atento a mudanças de comportamento <strong>dos</strong> nossos filhos<br />

é essencial. As notas baixaram Têm ainda mais dificuldade<br />

em se levantar de manhã Estão mais agressivos Isolam-se<br />

no quarto e não querem falar com ninguém Estes podem ser<br />

sinais de alerta de que algo não está bem. Se necessário, procure<br />

ajuda junto do seu médico ou enfermeiro de família.<br />

8 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Consigo pela Sua Saúde<br />

Quando o calor aperta…<br />

Fe r n a n d o d e Se a b r a<br />

Especialista em Enfermagem de Reabilitação<br />

O verão está à porta. Embora este ano o calor tenha chegado<br />

um pouco mais tarde, as temperaturas altas e o prolongamento<br />

da luz solar indiciam já uma estação que se prevê quente. Os<br />

dias frios e chuvosos que caracterizaram um longo inverno, dão<br />

agora lugar a outros mais secos e quentes.<br />

A generalidade das pessoas saúda a chegada do verão. De<br />

resto, é por excelência o período de férias <strong>dos</strong> portugueses. No<br />

entanto, o aumento da temperatura, a diminuição da humidade<br />

relativa e a maior exposição à radiação solar acarretam<br />

alguns riscos para os quais importa alertar, nomeadamente a<br />

desidratação. Esta, manifesta-se pela insuficiência de água no<br />

organismo para a realização das suas normais funções fisiológicas.<br />

As pessoas mais vulneráveis ao calor e com maior risco de<br />

desidratação são as crianças mais pequenas e os i<strong>dos</strong>os. No entanto,<br />

tende a ser mais incidente nas pessoas i<strong>dos</strong>as, razão pela<br />

qual o presente artigo incidirá neste grupo populacional.<br />

Como sabemos, devido às alterações fisiológicas do envelhecimento,<br />

os i<strong>dos</strong>os podem sentir menos sede e consequentemente,<br />

ingerem menos líqui<strong>dos</strong>. No verão, esta situação aliada<br />

à abundante perda de água pela transpiração, resulta numa<br />

diminuição do volume da mesma no organismo. Por outro<br />

lado, a menor capacidade sensorial aumenta a apetência para<br />

alimentos doces e/ou salga<strong>dos</strong>, cujo consumo potencia os riscos<br />

de desidratação. Há também i<strong>dos</strong>os que por motivos clínicos,<br />

estão sujeitos a dietas com restrição de sal e/ou líqui<strong>dos</strong> e que<br />

devem por esse motivo ter aconselhamento e supervisão mais<br />

frequente por parte da equipa de saúde.<br />

As doenças crónicas, nomeadamente cardiovasculares, respiratórias<br />

e renais, a diabetes e o alcoolismo, constituem também<br />

um factor agravante do risco de desidratação. Até porque<br />

estas patologias implicam necessariamente a toma de medicamentos<br />

que por si só representam também um risco acrescido.<br />

Sejam exemplo os anti-hipertensores e os diuréticos, tão utiliza<strong>dos</strong><br />

entre a população i<strong>dos</strong>a.<br />

Não posso deixar de referir alguns aspectos psicológicos<br />

e sociais do envelhecimento, que condicionam também a sua<br />

capacidade de resposta física à desidratação. A perda de autonomia<br />

funcional do i<strong>dos</strong>o é psicologicamente devastadora.<br />

Alguns i<strong>dos</strong>os recusam-se a admitir a sua condição de dependência,<br />

tendo vergonha ou receio de pedir ajuda. Muitos vivem<br />

apenas com o cônjuge ou sozinhos, o que provoca algum<br />

isolamento social. É portanto essencial a vigilância periódica<br />

destas pessoas por parte <strong>dos</strong> familiares e vizinhos, de forma a<br />

averiguar o seu estado de saúde e as suas necessidades.<br />

Identifica<strong>dos</strong> os riscos, importa então avançar algumas estratégias<br />

de prevenção da desidratação no i<strong>dos</strong>o.<br />

A primeira e mais importante, passa naturalmente pelo aumento<br />

da ingestão de água ou sumos naturais (cerca de 2 litros<br />

por dia), mesmo que não haja sensação de sede. É vital que as<br />

bebidas ingeridas não tenham açúcar, cafeína, gás ou álcool. As<br />

refeições devem ser mais leves e frequentes.<br />

Um precioso indicador do estado de hidratação é a quantidade<br />

de urina excretada e o seu aspecto. Assim, a diminuição de<br />

urina eliminada, o aumento da sua concentração e a presença<br />

de odor, são sinais de alerta.<br />

A exposição solar deve ser restringida nos perío<strong>dos</strong> de maior<br />

calor. Particularmente entre as 11 e as 17h, é recomendável a<br />

permanência em ambientes frescos. O i<strong>dos</strong>o deve utilizar um<br />

protector solar, com factor de protecção preferencialmente superior<br />

a 20, usar chapéu e óculos de sol, bem como roupa larga<br />

de algodão e cores claras.<br />

A actividade física deverá ser restringida nos perío<strong>dos</strong> de<br />

mais calor. É importante diminuir os esforços físicos para evitar<br />

a sobrecarga cardíaca e aumentar os perío<strong>dos</strong> de repouso em<br />

locais com sombra e areja<strong>dos</strong>.<br />

Fica então o alerta. A desidratação assume especial gravidade<br />

nas pessoas i<strong>dos</strong>as. Esteja desperto para o problema e procure<br />

informação adicional junto <strong>dos</strong> profissionais de saúde.<br />

Enfermagem e o Cidadão | 9


Consigo pela Sua Saúde<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Sinta-se bem na sua pele<br />

Ma r i a d a Lu z Re i s<br />

Especialista em Enfermagem Comunitária<br />

Pode parecer uma frase para um anúncio televisivo de um<br />

qualquer creme de beleza, mas não é. Por “pele” referimo-nos<br />

ao corpo, que fomos modelando ao longo <strong>dos</strong> anos a partir da<br />

carga genética que nos foi transmitida.<br />

O valor atribuído ao corpo foi-se alterando ao longo <strong>dos</strong><br />

séculos paralelamente à alteração <strong>dos</strong> valores sociais, próprios<br />

de cada época e de cada cultura, segundo padrões que constituem<br />

a moda. Mantém-se, no entanto, em última análise, o<br />

propósito de servir de reconhecimento social e de instrumento<br />

de trabalho.<br />

Nas sociedades ocidentais modernas predomina a divulgação<br />

de um modelo ideal de corpo, cujo padrão de beleza, especialmente<br />

a feminina (apesar do fenómeno estar a aumentar<br />

nos homens) se associa à magreza, à juventude e à perfeição<br />

física, o que impõe que se ocultem imperfeições genéticas ou<br />

adquiridas, numa procura incessante de um corpo belo e jovem,<br />

que não evidencie os traços naturais do envelhecimento ou da<br />

falta de graciosidade física, negativamente conota<strong>dos</strong> e socialmente<br />

censura<strong>dos</strong>.<br />

O desejo desta perfeição e a sua busca obsessiva alteram de<br />

forma negativa a auto-estima e o auto-conceito, bases da representação<br />

que o indivíduo tem de si, conduzindo-o frequentemente<br />

a doenças que, pela frequência e impacto na mortalidade e na<br />

morbilidade populacional, são<br />

consideradas graves problemas<br />

de saúde pública da actualidade.<br />

Como exemplos podemos<br />

apontar as doenças comportamentais<br />

da alimentação, como<br />

a anorexia nervosa e a bulimia,<br />

que afectam principalmente as<br />

mulheres adolescentes e jovens<br />

com incidências na ordem <strong>dos</strong><br />

8 e 13 por cada 100.000 mulheres/ano,<br />

respectivamente.<br />

Também os Melanomas e os<br />

Epiteliomas, associa<strong>dos</strong> à exposição<br />

solar excessiva com<br />

o principal objectivo estético,<br />

apresentam em Portugal, valores<br />

de incidências alarmantes,<br />

estimadas em 8 e 100 por cada<br />

100.000 pessoas/ano, respectivamente,<br />

com tendência a<br />

aumentar. A depressão é outro<br />

exemplo que poderá ter na sua<br />

origem a incapacidade em lidar<br />

com a imagem que se tem do<br />

próprio corpo, que não corresponde aos padrões de beleza impostos<br />

socialmente. Apresenta uma prevalência superior a 3 por<br />

cento nas mulheres, quase o dobro relativamente aos homens, e<br />

em Portugal afecta 20 por cento da população em todas as idades<br />

sendo responsável por mais de 1200 mortes.<br />

Gostar de nós mesmos, do nosso corpo, da nossa essência,<br />

é um exercício que nem sempre é fácil. Não significa tão pouco<br />

gostar de tudo o que vemos no espelho, mas sim que aceitamos<br />

os defeitos que não podemos mudar, conscientes de que eles<br />

não superam as nossas virtudes e que somos capazes de conviver<br />

com eles, de nos relacionarmos de forma saudável e de<br />

sermos aprecia<strong>dos</strong> pelos outros.<br />

Manter um estilo de vida, o mais saudável possível, dentro<br />

das contingências da vida moderna, adoptando hábitos e<br />

comportamentos saudáveis é a melhor forma de mantermos<br />

um corpo bonito e saudável. Isso consegue-se optando por<br />

uma alimentação saudável, baseada essencialmente numa dieta<br />

mediterrânica, muito difundida em Portugal desde há várias<br />

décadas, mas em crescente abandono nos últimos anos, com<br />

o azeite como gordura predominante, o peixe como principal<br />

fonte de proteínas, a sopa como aporte de vegetais e leguminosas,<br />

etc. A actividade física, promotora de relações sociais,<br />

cada vez menos praticada entre os portugueses, incluindo as<br />

crianças, é fundamental para a manutenção de um corpo e de<br />

uma mente saudáveis, em forma, tonifica<strong>dos</strong>. Evitar o consumo<br />

de substâncias nocivas à saúde, como tabaco, drogas ou álcool<br />

que não só danificam os teci<strong>dos</strong> e órgãos internos como a pele,<br />

os dentes e o cabelo tão importantes na apresentação física do<br />

individuo, contribuindo para o isolamento social e para o desenrolar<br />

de tantas outras doenças.<br />

É na promoção de estilos de vida saudáveis que a prevenção<br />

de doenças, cujo principal determinante são os comportamentos<br />

associa<strong>dos</strong> ao desejo de atingir um padrão de beleza ideal,<br />

como as já descritas, que o papel <strong>dos</strong> profissionais de saúde,<br />

nomeadamente <strong>dos</strong> enfermeiros de saúde comunitária, se destaca.<br />

O planeamento de acções integradas e em parceria com<br />

as diversas entidades existentes na comunidade, autárquicas,<br />

sociais e de saúde, assentes em estratégias promotoras de mudança<br />

de comportamentos, nomeadamente em programas de<br />

educação para a saúde, são o caminho mais eficaz para travar<br />

esta tendência crescente no seu aparecimento e a sua aplicação<br />

deverá ocorrer nos diversos locais em que a população vive o<br />

seu dia-a-dia, no domicílio, nas escolas, nos hospitais, nos locais<br />

de trabalho ou de lazer.<br />

Sites consulta<strong>dos</strong><br />

www.ligacontracancro.pt<br />

www.min-saude.pt/portal<br />

10 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Consigo pela Sua Saúde<br />

Não há bela sem senão….<br />

Fe r n a n d o Jú l i o Pi n t o<br />

Especialista em Enfermagem Comunitária<br />

A grande extensão e beleza da costa portuguesa exerce sobre<br />

as pessoas um enorme poder de atracção, sobretudo durante<br />

o período de Verão, altura em que muitas famílias se deslocam<br />

para esta área durante férias ou fins-de-semana. No entanto, a<br />

visão paradisíaca das nossas praias esconde alguns perigos que<br />

é necessário acautelar.<br />

De entre os acidentes que mais frequentemente atingem<br />

os banhistas salienta-se o contacto com alforrecas. As<br />

alforrecas encontram-se presentes na nossa costa, quer continental,<br />

quer insular, com especial incidência na região <strong>dos</strong><br />

Açores e nas praias Algarvias. Estes animais, também designa<strong>dos</strong><br />

medusas, possuem uma consistência gelatinosa, sendo<br />

constituí<strong>dos</strong> por um corpo em forma da campânula e por um<br />

grande número de tentáculos. É nestes tentáculos que reside<br />

o perigo de contacto com as alforrecas. Usa<strong>dos</strong> como defesa<br />

contra predadores e para paralisar as presas, os tentáculos<br />

das alforrecas possuem um enorme número de cnidócitos,<br />

células urticantes que, quando estimuladas (pelo toque por<br />

exemplo) ejectam um pequeno espinho designado nematocisto<br />

que possui uma toxina que provoca dor e ardor intensos.<br />

Em casos extremos e raros, esta toxina pode levar ao choque<br />

e à morte do acidentado, situações geralmente associadas a<br />

fenómenos de alergia.<br />

Sendo praticamente incolores ou de um branco azulado as<br />

alforrecas tornam-se difíceis de detectar na água, o que facilita<br />

o contacto acidental enquanto se nada. No entanto, muitos <strong>dos</strong><br />

acidentes ocorrem na praia, onde, por acção das ondas e marés<br />

são lançadas algumas alforrecas. O seu aspecto gelatinoso<br />

e invulgar estimula a curiosidade das pessoas, sobretudo das<br />

crianças que acabam por lhes tocar. Embora aparentem estar<br />

mortas, as alforrecas lançadas na praia constituem ainda perigo<br />

para os banhistas que lhes tocam, uma vez que as células urticantes,<br />

responsáveis pela inoculação do veneno, permanecem<br />

activas durante horas. Assim, não se deverá tocar em alforrecas<br />

que se encontrem na praia, devendo-se prestar especial atenção<br />

para evitar o contacto destas com crianças.<br />

O que fazer em caso de picada<br />

Se o contacto ocorreu dentro de água, a primeira coisa a<br />

fazer é trazer a pessoa para terra. Em qualquer caso devem<br />

afastar-se de imediato to<strong>dos</strong> os tentáculos com auxilio de qualquer<br />

instrumento que tenhamos à mão (um pau, uma toalha,<br />

etc, é claro que o ideal seria utilizar luvas de borracha, mas<br />

numa praia isto é difícil). Nunca, em qualquer hipótese, se devem<br />

afastar com as mãos desprotegidas dado perigo de sermos<br />

pica<strong>dos</strong>.<br />

Lavar a zona de contacto com água salgada, de forma a<br />

remover os tentáculos que estejam aderentes à pele. A água<br />

doce não deverá ser usada dado que a diferença de osmolaridade,<br />

poderá estimular a inoculação de mais veneno. A aplicação<br />

de gelo sobre a zona afectada poderá aliviar a sensação de<br />

dor. Estar atento a sinais de dificuldade respiratória e recorrer<br />

a ajuda médica de imediato na presença destes sintomas. Em<br />

condições normais os sintomas causa<strong>dos</strong> pelas picadas de alforrecas<br />

tendem a diminuir no espaço de vinte a quarenta minutos,<br />

podendo no entanto perdurar por algumas horas. Se os<br />

sintomas permanecerem por muito mais tempo é aconselhável<br />

que a pessoa seja observada num serviço de saúde.<br />

É sempre revigorante sair da rotina e gozar alguns dias de<br />

descanso junto ao mar, por isso vá de férias e desfrute da beleza<br />

das nossas praias, mas esteja atento pois não há bela sem<br />

senão…<br />

Enfermagem e o Cidadão | 11


Consigo pela Sua Saúde<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Viver com epilepsia<br />

Pe d r o Ric a r d o C. Go n ç a l v e s<br />

Enfermeiro<br />

An a Ma r g a r i d a S. Ar a ú j o<br />

Estudante Curso de Licenciatura em Enfermagem<br />

Antigamente a Epilepsia era escondida da sociedade. Ter<br />

epilepsia indicava ser portador de uma doença mental ou contagiosa,<br />

de transmissão hereditária obrigatória e sem cura.<br />

Contudo, hoje em dia, já existe uma concepção diferente.<br />

De forma a esclarecer o máximo de pessoas possível sobre esta<br />

doença que em cada mil afecta 4 a 7 Portugueses, expõe-se aqui<br />

alguma informação.<br />

Sabe-se que, embora seja mais frequente o desenvolvimento<br />

da epilepsia até aos 25 e depois <strong>dos</strong> 65 anos de idade, esta<br />

pode afectar todo o tipo de pessoas, de qualquer sexo e idade.<br />

Trata-se de um distúrbio que afecta o cérebro e que se expressa<br />

através de crises: as convulsões. Estas são causadas devido<br />

a uma descarga anormal de alguns neurónios cerebrais que,<br />

consequentemente provocam perturbações do movimento,<br />

sensibilidade e consciência, durante alguns segun<strong>dos</strong> ou vários<br />

minutos. Nesta altura, a pessoa não é capaz de se controlar.<br />

É importante perceber que 80% das crises se controlam<br />

com a medicação e que, actualmente, existem novas terapêuticas<br />

com elevada eficácia e com menos efeitos secundários.<br />

Aconselha-se o doente epiléptico a contar às pessoas mais<br />

próximas sobre a sua doença, explicando os procedimentos a<br />

ter durante uma potencial crise epiléptica. Também é importante<br />

que este tenha consigo um cartão que informe que tem<br />

Epilepsia e que contenha algumas informações gerais como<br />

alergias, medicamentos e contactos de emergência. Este documento<br />

é útil e poderá prevenir graves problemas. Também<br />

poderá utilizar o telemóvel com estes da<strong>dos</strong> básicos.<br />

No âmbito da Saúde, o Enfermeiro assume um papel fundamental<br />

na educação para a saúde da pessoa com Epilepsia e<br />

família. O grande desafio para estes doentes passa por adoptar<br />

um estilo de vida saudável, nomeadamente:<br />

- Ter uma alimentação equilibrada e nutritiva;<br />

- Praticar exercício físico com regularidade;<br />

- Cumprir o horário da medicação, podendo distribuir os<br />

medicamentos da semana numa caixa, escrevendo notas ou utilizando<br />

alarmes;<br />

- Dormir bem, 7 a 10 horas por noite, dependendo da sua<br />

idade;<br />

- Reduzir o stress, com técnicas de relaxamento e divertindo-se;<br />

- Evitar a prática de desportos de alto risco – futebol, alpinismo,<br />

parapente, asa-delta, pesca submarina, nunca nadando<br />

sozinho;<br />

- Não tomar banho de imersão;<br />

- Evitar alguns medicamentos;<br />

- Evitar a ingestão de estimulantes (café, álcool, drogas);<br />

- Evitar mudanças súbitas de intensidade luminosa ou luzes<br />

intermitentes (presentes nas discotecas, televisão, computador),<br />

no caso de epilepsias fotossensitivas. Instale um filtro<br />

no computador;<br />

- Evitar ambientes com muito ruído;<br />

- Tornar a sua casa segura, prevenindo quedas e outros acidentes;<br />

- Evitar algumas profissões: condutor de transportes públicos<br />

e de camiões; piloto de transportes aéreos; mergulhador;<br />

bombeiro e actividades que envolvam exposição sem protecção<br />

a grandes alturas ou o manuseamento de produtos químicos e<br />

máquinas perigosas.<br />

A nível sexual constata-se que devido a efeitos secundários<br />

da medicação e/ou perturbações psicológicas, o desejo e o prazer<br />

sexual podem diminuir.<br />

Assim, o doente epiléptico deve consultar regularmente o<br />

seu Neurologista para avaliar a sua situação clínica e a eficácia<br />

da terapêutica. É importante que nunca pare ou altere a medicação<br />

por iniciativa<br />

própria e aconselha-se<br />

a anotar as crises epilépticas<br />

que vão surgindo,<br />

fazendo parte delas,<br />

a hora e o eventual motivo<br />

que as despoletou.<br />

Sites de interesse:<br />

www.epilepsia.pt (EPI – Associação<br />

Portuguesa de Familiares,<br />

Amigos e Pessoas com<br />

Epilepsia; Liga Portuguesa<br />

contra a Epilepsia)<br />

www.epico.pt (Epilepsia. Conhecimento.<br />

Oportunidades)<br />

A pessoa com<br />

Epilepsia pode ter<br />

uma vida igual a<br />

qualquer outra<br />

pessoa! É necessário<br />

uma atitude positiva<br />

face à vida.<br />

12 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Consigo pela Sua Saúde<br />

Música para os ouvi<strong>dos</strong><br />

Na t é r c i a Se q u e ir a<br />

Especialista em Enfermagem de Reabilitação<br />

A música no Verão está ligada à vida, férias, alegria e diversão.<br />

É uma manifestação cultural presente em muitos <strong>dos</strong><br />

eventos colectivos. Vivenciar um festival de musica é partilhar<br />

cultura e emoção, é comunicar. A energia <strong>dos</strong> sons provém da<br />

sua magnitude, sinónimo de maior intensidade, mais duração<br />

e maior volume, que correspondem aos factores que tornam os<br />

sons prejudiciais ao ouvido humano. O efeito mais conhecido<br />

da exposição a sons intensos, mesmo que agradáveis, como os<br />

concertos de música clássica ou de rock, é a perda de audição<br />

temporária que dependendo do tempo de exposição pode<br />

torna-se definitiva.<br />

A média da população com audição normal é capaz de ouvir<br />

sons tão fracos como o de uma folha a cair, participar numa<br />

conversa tranquila (45 a 55 decibéis), tolerar sem desconforto<br />

o som de um secador de cabelo (90 decibéis), e desde que, por<br />

um período curto de tempo, suportar os sons de elevada intensidade,<br />

como o som de uma turbina de avião (130 decibéis). O<br />

deficit de audição progressivo e não recuperável, resulta da exposição<br />

a sons de níveis de intensidade superiores a 85 decibéis<br />

durante pelo menos oito horas, por vários anos.<br />

Submeter os ouvi<strong>dos</strong> a música em discotecas e festivais de<br />

rock, em que o nível de som chega a 120 decibeis, pode causar<br />

perda de audição, que pode ser potenciada pela ingestão de álcool,<br />

esforço físico, cansaço e susceptibilidade individual. Mesmo sem<br />

perda auditiva, resultantes da exposição sonora intensa, podem<br />

ocorrer perturbações do sono, do descanso, do relaxamento, diminuição<br />

da concentração e da aprendizagem, aumento do nervosismo,<br />

da ansiedade, e surgirem dores de cabeça, tonturas, taquicardia<br />

e alterações do apetite. As consequências da exposição aos<br />

sons de elevada intensidade <strong>dos</strong> festivais de música e discotecas<br />

podem ser minoradas se a essa diversão for esporádica e se não<br />

permanecer muito tempo em ambientes onde se tenha que gritar<br />

para ser ouvido pelo interlocutor à distância de um metro.<br />

A música é a companhia de muitos indivíduos e o desenvolvimento<br />

tecnológico permite a sua presença contínua, através<br />

da utilização de leitores portáteis de música digitalizada<br />

(MP3), mas a sua utilização prolongada associada a volumes<br />

de som eleva<strong>dos</strong> causa alterações auditivas definitivas. O MP3<br />

permite um volume máximo de intensidade de 114 decibéis,<br />

que é introduzida directamente no canal auditivo, em plena<br />

potência pela utilização de auriculares. No ouvido interno as<br />

células ciliadas externas (CCE) convertem as vibrações mecânicas<br />

que formam os sons, em impulsos nervosos, quando os<br />

sons têm intensidade superior a 85 decibéis sofrem lesões que<br />

podem ser temporárias ou definitivas. As alterações nas CCE<br />

do ouvido interno resultam da intensidade do som e do tempo<br />

exposição. Os leitores de MP3 não incomodam quem não<br />

o está a utilizar, por isso a tendência é utilizar volumes eleva<strong>dos</strong><br />

e como eles permitem ouvir música por muito tempo,<br />

são usa<strong>dos</strong> por muitas horas seguidas e muitos dias. As células<br />

da cóclea não têm tempo para recuperar da agressão do som<br />

intenso e ficam com danos irreversíveis, de que resulta perda<br />

auditiva definitiva. Poderá ouvir música com intensidade de<br />

85 decibéis 8 horas por dia, mas por cada aumento de três<br />

decibéis o tempo reduz para metade, assim, com intensidade<br />

de 100 decibéis só poderá ouvir 15 minutos. A definição do<br />

volume de som do MP3 deve ser realizada num ambiente silencioso<br />

e quando estiver em locais em que não consiga ouvir<br />

a música deve desligar o aparelho. Será prudente se só utilizar<br />

metade do volume máximo do aparelho, porque permite ficar<br />

atento aos sons que o rodeiam. As pessoas que o circundam<br />

não devem conseguir ouvir o som que sai <strong>dos</strong> auriculares. Os<br />

ouvi<strong>dos</strong> devem descansar e ventilar, faça pausas.<br />

Se depois <strong>dos</strong> festivais de musica, das idas à discotecas ou<br />

da utilização do MP3 com volume alto, sentir zumbi<strong>dos</strong> ou<br />

sensação de preenchimento <strong>dos</strong> ouvi<strong>dos</strong>, poderá estar a vivenciar<br />

perda temporária da capacidade de ouvir, que é recuperada<br />

ao fim de 48 horas sem exposição a níveis intensos de som.<br />

Se isso acontece duas ou mais vezes por semana, pode estar a<br />

caminho de um dano auditivo permanente.<br />

A música é para os ouvi<strong>dos</strong> em volumes de intensidade moderada.<br />

Enfermagem e o Cidadão | 13


Espaço Cidadania<br />

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

RESPIRA<br />

Associação Portuguesa<br />

de Pessoas com DPOC e outras<br />

doenças respiratórias crónicas<br />

A Dir e c ç ã o d a Re s p i r a<br />

A RESPIRA – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC 1<br />

e outras Doenças Respiratórias Crónicas – é uma Instituição Particular<br />

de Solidariedade Social de âmbito nacional fundada em Fevereiro<br />

de 2007 por um conjunto de pessoas com Doenças Respiratórias<br />

Crónicas e por profissionais de saúde.<br />

A sua Sede situa-se em Lisboa na Rua Infante D. Pedro nº 10<br />

Telefone 96 492 67 98 e 21 195 46 97<br />

e-mail respiradrc@gmail.com<br />

site www.respira.pt<br />

O que são e que sintomas apresentam as Doenças Respiratórias<br />

Crónicas<br />

• São de diversa natureza, umas mais frequentes, como a DPOC 2 ,<br />

a ASMA outras com a qualificação de Doenças Raras como as DO-<br />

ENÇAS DO INTERSTÍCIO, as BRONQUIECTASIAS ou a CI-<br />

FOESCOLIOSE. Algumas são de origem genética outras são causadas<br />

pelo tabagismo, por exposição continuada a fumos tóxicos. No<br />

entanto todas têm uma característica comum: implicam tratamentos<br />

e terapêuticas dispendiosas, prolongadas e muitas vezes só disponíveis<br />

nos grandes centros urbanos.<br />

Tosse, fadiga, falta de ar são os sintomas mais frequentes que dificultam<br />

ou impedem a realização sem ajuda de tarefas simples do quotidiano<br />

como tomar banho, caminhar, subir escadas ou fazer compras .<br />

As Doenças Respiratórias: Alguns Números 3<br />

• 3ª causa de morte em PORTUGAL, tendo, entre 2000 e 2006,<br />

aumentado 12%. Por comparação a mortalidade por doenças do aparelho<br />

circulatório no mesmo período diminuiu de 19,5%.<br />

• 1 pneumologista para 21283 habitantes, 2,7% de camas de medicina<br />

adstritas a Serviços de Pneumologia e 2,7% de consultas hospitalares<br />

de Pneumologia.<br />

• 80% a 90% <strong>dos</strong> cancros do pulmão e 85% das DPOC têm como<br />

causa o tabagismo.<br />

• A DPOC é em Portugal: a 5ª causa de morte e a 2ª causa de<br />

internamento por doença respiratória, responsável por 74.547 anos de<br />

vida ajusta<strong>dos</strong> por incapacidade.<br />

1<br />

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica<br />

2<br />

Idem<br />

3<br />

Fundação Portuguesa do Pulmão /Observatório Nacional das Doenças<br />

Respiratórias<br />

• 5,3% para os homens e 4,0% para as mulheres é prevalência mínima,<br />

mas mesmo assim subvalorizada.<br />

A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA<br />

Memorando sobre a Respira e a DPOC<br />

• A DPOC é uma Doença Respiratória com uma denominação<br />

recente. Até há pouco tempo era conhecida por diferentes designações<br />

tais como enfisema ou bronquite crónica. A severidade da DPOC não<br />

é homogénea - 4 estadios diferentes são encontra<strong>dos</strong>: ligeira moderada,<br />

severa e muito severa consoante as limitações respiratórias. Por<br />

outro lado atinge mais homens do que mulheres e afecta a população<br />

mais i<strong>dos</strong>a. É também uma doença subdiagnosticada e subtratada.<br />

• As estatísticas da DPOC, mesmo a nível europeu, são escassas e<br />

não estão uniformizadas dificultando comparações mas sabe-se que o<br />

maior factor de risco para o desenvolvimento da DPOC é o tabagismo<br />

incluindo o fumo passivo. 4<br />

Objectivos da RESPIRA<br />

• Apoiar e fomentar programas da promoção da saúde respiratória<br />

e da prevenção do tabagismo.<br />

• Promover o conhecimento da DPOC e de outras Doenças Respiratórias<br />

Crónicas.<br />

• Actuar junto <strong>dos</strong> profissionais de saúde no sentido de serem<br />

utilizadas as melhores práticas no tratamento das Doenças Respiratórias.<br />

• Desenvolver iniciativas que motivem a formação e a investigação<br />

sobre Doenças Respiratórias Crónicas.<br />

• Fornecer orientação aos associa<strong>dos</strong> no sentido de ser prestada<br />

ajuda nos diversos tipos de tratamento, nomeadamente em matéria<br />

de reabilitação respiratória, oxigenoterapia, ventilação domiciliária e<br />

transplante pulmonar.<br />

• Elaborar e implementar um programa de acompanhamento e<br />

apoio às pessoas com Doenças Respiratórias Crónicas e aos seus familiares.<br />

• Lutar pelos direitos sociais específicos das pessoas com Doenças<br />

Respiratórias Crónicas nomeadamente o Cartão de cidadão com deficiência,<br />

comparticipação adequada de medicamentos e do oxigénio,<br />

entre outros.<br />

4<br />

EFA book on COPD in EUROPE Sharing and Caring (European Federation<br />

of allergy and Airways Diseases patients Associations)<br />

CARTA DE DIREITOS DOS DOENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA (DPOC)<br />

Direito a receber um diagnóstico precoce e exacto.<br />

Direito à informação e à educação sobre DPOC.<br />

Direito ao apoio e à compreensão/respeito.<br />

Direito a receber os cuida<strong>dos</strong> e o tratamento que os ajudarão/beneficiarão.<br />

Direito à sua quota parte do interesse e do investimento da sociedade no seu bem estar e nos cuida<strong>dos</strong> de saúde de que necessitam.<br />

O direito de defenderem em conjunto com outros doentes de DPOC e com os seus apoiantes a melhoria <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> na área da<br />

DPOC, bem como a prevenção da DPOC.<br />

Direito à qualidade do ar e do ambiente.<br />

Roma, 14 de Junho de 2009<br />

14 | Enfermagem e o Cidadão


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Cultura e Lazer<br />

Em tempo de Verão,<br />

algumas curiosidades sobre o beijo:<br />

- Algumas tribos africanas, veneravam o chefe beijando o<br />

chão por onde ele passava.<br />

- A filematologia é a ciência que se dedica a estudar os<br />

beijos.<br />

- Filemafobia é o medo de beijar.<br />

- O escultor francês Auguste Rodin, imortalizou o beijo<br />

numa das suas mais famosas obras, “O Beijo”.<br />

- Em 1945, na comemoração do final da II Guerra mundial,<br />

um soldado beijou uma enfermeira no meio da rua. A foto,<br />

de Alfred Eisenstaedt, foi publicada na revista Life e correu o<br />

mundo.<br />

- O ser humano movimenta 29 músculos para beijar; 12<br />

<strong>dos</strong> lábios e 17 da língua.<br />

- Um beijo apaixonado pode significar a aplicação de uma<br />

pressão de 12 quilos sobre os lábios.<br />

- Uma pessoa dá 24 mil beijos, em média, ao longo da<br />

vida.<br />

- Durante um beijo podem passar-se 250 vírus e bactérias<br />

diferentes, permanecendo os resíduos da saliva na boca durante<br />

cerca de 3 dias.<br />

- A frequência cardíaca sobe, em média, de 70 para 150<br />

pulsações por minuto durante o beijo.<br />

Divirta-se descoBrindo:<br />

SOPA DO MAR<br />

Descubra os 18 ingredientes:<br />

Água, sal, azeite,colorau, cebola, salsa,alho, louro, coentros, hortelã,tomate,<br />

pimento,safio, imperador, pescada, mexilhão, berbigão, ameijoa,<br />

Enfermagem e o Cidadão | 15


SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Um dia na praia<br />

Ro s a Me n e s e s<br />

Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica<br />

Começou o Verão, promova a sua segurança e bem-estar.<br />

Na praia não tenha surpresas desagradáveis, leve apenas o<br />

essencial e estacione a sua viatura num local em que não seja<br />

proibido. Não deixe objectos de valor expostos.<br />

Evite as praias identificadas como zonas de risco de derrocada.<br />

Não esteja à sombra das arribas e respeite a sinalização.<br />

Prefira as praias com vigilância. Respeite os sinais das bandeiras<br />

e as recomendações do nadador salvador.<br />

Para evitar o choque térmico, molhe o corpo lentamente,<br />

começando de baixo para cima, até a temperatura estabilizar,<br />

principalmente se estiver muito fria.<br />

Saber nadar é fundamental, mas não garante que não se<br />

afogará. Não nade contra a corrente e não se afaste da costa.<br />

Nade paralelamente à costa e de preferência acompanhado.<br />

Uma criança afoga-se em 2,5 cm de profundidade, coloquelhe<br />

um colete salva-vidas.<br />

Se sentir uma cãibra, ficar preso numa rocha ou ficar ferido,<br />

não hesite e peça ajuda.<br />

Não efectue saltos para a água, a não ser num local vigiado<br />

e destinado para esse efeito.<br />

Evite a exposição solar entre as 11-16h, idealmente entre<br />

as 10 e as 18h.<br />

Utilize um protector solar adequado ao tipo de pele. Aplique<br />

30 minutos antes de sair de casa, e regularmente – a cada 2<br />

horas, mesmo que esteja à sombra, após o banho e transpiração<br />

excessiva. Aplique o protector dando especial atenção às orelhas,<br />

face, nariz, em redor <strong>dos</strong> olhos, ombros, peito, costas das<br />

mãos e peito <strong>dos</strong> pés. Utilize um protector labial.<br />

Use um chapéu (o boné não protege as orelhas) e óculos de<br />

sol. Nos primeiros dias, as crianças devem usar uma camisa de<br />

algodão seca.<br />

Beba água, várias vezes, ao longo do dia. Evite os refrigerantes<br />

e bebidas alcoólicas.<br />

Prefira refeições leves, frescas e saudáveis. Coma saladas e<br />

frutas, e beba sumos naturais. Respeite o tempo da digestão – 3<br />

horas – quer seja uma feijoada ou uma sandes.<br />

Vigie atenta e permanentemente as crianças.<br />

Proteja o ambiente, colocando o lixo nos contentores.<br />

Tenha um bom dia de praia!<br />

16 | Enfermagem e o Cidadão

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