O objetivo geral deste trabalho de pesquisa foi analisar o problema ...
O objetivo geral deste trabalho de pesquisa foi analisar o problema ...
O objetivo geral deste trabalho de pesquisa foi analisar o problema ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O FENÔMENO DA INDISCIPLINA NA VISÃO DE PROFESSORES E ALUNOS DO<br />
ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE CORNÉLIO PROCÓPIO<br />
RESUMO<br />
Simone Deperon Eccheli<br />
Mestre<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> filosofia,<br />
Ciências e letras<br />
De Cornélio Procópio<br />
O fenômeno da indisciplina em sala <strong>de</strong> aula é analisado na visão <strong>de</strong> professores e<br />
alunos, enfocando principalmente, a relação professor-aluno. Uma <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong><br />
campo <strong>foi</strong> realizada em todas as escolas <strong>de</strong> Ensino Médio do município <strong>de</strong> Cornélio<br />
Procópio com o <strong>objetivo</strong> <strong>de</strong> comparar as visões <strong>de</strong> professores e alunos sobre o<br />
fenômeno da indisciplina. Os resultados apontaram diferenças significativas em<br />
vários aspectos e forneceram subsídios para reflexões docentes em busca <strong>de</strong><br />
ações alternativas para trabalhar com este fenômeno em sala <strong>de</strong> aula,<br />
consi<strong>de</strong>rando que o educador po<strong>de</strong> dar a sua contribuição na transformação das<br />
relações sociais e da sua realida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> ações planejadas. Não se preten<strong>de</strong><br />
com isso responsabilizar o professor pela indisciplina, mas apontar caminhos para<br />
sua intervenção direta sobre esse fenômeno. A motivação é sugerida como uma<br />
das alternativas <strong>de</strong> prevenção da indisciplina por envolver <strong>de</strong> forma ativa os alunos<br />
no processo ensino-aprendizagem.<br />
PALAVRAS-CHAVES: Indisciplina, relação professor-aluno, motivação, escola.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O <strong>objetivo</strong> <strong><strong>de</strong>ste</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>foi</strong> <strong>analisar</strong> o <strong>problema</strong> da<br />
indisciplina escolar sob a ótica <strong>de</strong> professores e alunos do Ensino Médio, oferecendo<br />
embasamento teórico para reflexões e novos direcionamentos pedagógicos.<br />
A realização do mesmo justifica-se pelos prejuízos que a<br />
indisciplina traz para a aprendizagem dificultando o bom funcionamento da aula e<br />
tornando-se um obstáculo para interações harmoniosas entre professor e alunos, ou<br />
mesmo entre alunos.<br />
Quando o professor <strong>de</strong>sconhece a visão do aluno é freqüente<br />
buscar explicações apenas em fatores externos a escola, cujas soluções <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> uma transformação social, o que impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar alternativas que estejam<br />
ao seu alcance para promover o <strong>de</strong>senvolvimento da disciplina, como um processo<br />
<strong>de</strong> aprendizagem. Por isso a importância <strong>de</strong> <strong>analisar</strong> as percepções dos envolvidos
no processo educacional, professores e alunos, diante <strong>de</strong> questões pedagógicas,<br />
como no caso da indisciplina.<br />
Embora a questão da indisciplina extrapole as dimensões da<br />
sala <strong>de</strong> aula, quando se restringe a sua análise a este âmbito, encontram-se fatores<br />
que favorecem o seu surgimento e sobre os quais os educadores tem possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> intervir, como é o caso da motivação que está intimamente ligada a questão<br />
disciplinar. Neste sentido, conhecer a visão e as expectativas dos alunos po<strong>de</strong><br />
contribuir para o professor i<strong>de</strong>ntificar os fatores motivacionais <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong> aula.<br />
O professor po<strong>de</strong> não motivar o aluno, uma vez que a motivação é um processo<br />
interno, mas po<strong>de</strong> incentiva-lo, mantendo um ritmo dinâmico das aulas através do<br />
planejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas às características dos alunos e capazes <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spertar o envolvimento ativo no processo ensino-aprendizagem.<br />
CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA<br />
A <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong> campo <strong>foi</strong> realizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cornélio<br />
Procópio, Norte Pioneiro do Paraná. Em 2001, época da <strong>pesquisa</strong>, contava com 194<br />
professores que atuavam no Ensino Médio, aten<strong>de</strong>ndo aproximadamente 550 alunos<br />
matriculados na 3ª série do Ensino Médio. Participaram voluntariamente da <strong>pesquisa</strong><br />
119 professores e 245 alunos <strong>de</strong> todas as escolas do município <strong>de</strong> Cornélio<br />
Procópio, sendo 7 escolas da re<strong>de</strong> pública e 3 escolas particulares, amostra que<br />
correspon<strong>de</strong> portanto, a 61% da população <strong>de</strong> professores e 45% da população<br />
<strong>de</strong> alunos do Ensino Médio.<br />
A maioria dos professores que respon<strong>de</strong>u ao questionário era<br />
do gênero feminino (65%), possuía entre 30 e 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (64%), com atuação<br />
no magistério entre 6 e 15 anos (51%), e com uma carga horária semanal <strong>de</strong> 20 a 40<br />
horas-aula (64%). Ainda, setenta e sete por cento (77%) afirmaram não exercerem<br />
outra profissão e noventa e cinco por cento (95%) <strong>de</strong>clararam estar no magistério<br />
por escolha própria.<br />
Quanto aos alunos que respon<strong>de</strong>ram ao questionário, todos<br />
estavam cursando a 3ª série do Ensino Médio, sendo 50% <strong>de</strong> cada sexo, a maioria<br />
com ida<strong>de</strong> entre 15 e 20 anos (88%) e ainda não estavam exercendo nenhuma<br />
ativida<strong>de</strong> profissional (51%)<br />
Os instrumentos utilizados para o <strong>de</strong>senvolvimento da <strong>pesquisa</strong><br />
foram dois questionários, um para cada população. Optou-se por questões com<br />
2
alternativas <strong>de</strong> múltipla escolha para facilitar o preenchimento pelos participantes,<br />
procurando-se tomar o cuidado <strong>de</strong> ao final das alternativas <strong>de</strong>ixar um campo em<br />
aberto para que os participantes pu<strong>de</strong>ssem registrar ou complementar suas<br />
respostas, quando necessário. Os mesmos foram orientados que po<strong>de</strong>riam assinalar<br />
mais <strong>de</strong> uma alternativa para respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quadamente cada questão.<br />
As perguntas elaboradas foram semelhantes para professor e<br />
alunos com o <strong>objetivo</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as suas respectivas visões quanto a:<br />
- Definições do que é o aluno indisciplinado;<br />
- Freqüência da indisciplina em sala <strong>de</strong> aula;<br />
- Fatores <strong>de</strong>terminantes da indisciplina;<br />
- Formas <strong>de</strong> prevenção da indisciplina em sala <strong>de</strong> aula,<br />
utilizadas pelos docentes;<br />
- Procedimentos docentes com alunos indisciplinados;<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados da <strong>pesquisa</strong>, apontaram semelhanças e<br />
divergências na visão <strong>de</strong> professores e alunos sobre a indisciplina, como mostra a<br />
seguir:<br />
- Descrição dos comportamentos indisciplinados que ocorrem com maior<br />
freqüência em sala <strong>de</strong> aula;<br />
Tanto professores quanto alunos apontaram que os<br />
comportamentos indisciplinados que ocorrem com maior freqüência em sala <strong>de</strong><br />
aula, são as conversas paralelas (95%). Os <strong>de</strong>mais comportamentos foram<br />
citados com menor freqüência, por ambos os grupos, a saber:<br />
a) Ativida<strong>de</strong>s alheias ao ensino (dormir, ler revistas,...);<br />
b) Recusar-se a realizar as ativida<strong>de</strong>s propostas ;<br />
c) Desobe<strong>de</strong>cer alguma or<strong>de</strong>m do professor.<br />
- Consequências da indisciplina no processo ensino-aprendizagem.<br />
a) Visão docente: os professores reconhecem que a indisciplina traz<br />
prejuízos para a aprendizagem, provocando <strong>de</strong>ficiências no entendimento ou<br />
compreensão dos conteúdos (70%), além <strong>de</strong> interferir na qualida<strong>de</strong> do<br />
3
elacionamento professor-aluno. A presença da indisciplina em sala <strong>geral</strong>mente<br />
aumenta o estresse do professor (49%) que não consegue <strong>de</strong>senvolver o seu<br />
<strong>trabalho</strong> a<strong>de</strong>quadamente e provoca <strong>de</strong>sgastes na relação professor-aluno. Esta<br />
situação po<strong>de</strong> criar um clima tenso em sala <strong>de</strong> aula, pois o professor acaba<br />
per<strong>de</strong>ndo a autorida<strong>de</strong> diante do grupo (34%).<br />
Por meio dos questionários aplicados, observou-se que os<br />
professores apresentam dificulda<strong>de</strong> em reconhecer a sua responsabilida<strong>de</strong> sobre os<br />
comportamentos indisciplinados ou <strong>de</strong>sinteressados dos alunos em conseqüência<br />
<strong>de</strong> posturas docentes ina<strong>de</strong>quadas na interação com os mesmos, aulas monótonas<br />
e sem <strong>de</strong>safios ou utilização <strong>de</strong> procedimentos ineficazes no controle disciplinar. De<br />
acordo com Bandura (1993) tais professores po<strong>de</strong>m estar apresentando baixo senso<br />
<strong>de</strong> eficácia pessoal porque não se percebem capazes <strong>de</strong> modificar a situação em<br />
sala <strong>de</strong> aula através da sua intervenção pedagógica.<br />
b) Visão discente: Os alunos reconhecem que a indisciplina ocorre<br />
com gran<strong>de</strong> frequência durante as aulas e tem trazido prejuízos para a<br />
aprendizagem sempre (48%) ou freqüentemente (37%).<br />
Interessante observar que mesmo os alunos apontando que a<br />
indisciplina ocorre em conseqüência <strong>de</strong> aulas enfadonhas (55%), eles reconhecem<br />
também ser uma falta <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les próprios (42%), consi<strong>de</strong>rando que<br />
existem outras formas <strong>de</strong> agir para conseguir melhorar a qualida<strong>de</strong> das aulas, como<br />
por exemplo, conversando com o professor ou encaminhando o caso para a equipe<br />
pedagógica da escola.<br />
- Fatores <strong>de</strong>terminantes da indisciplina;<br />
a) Visão docente: Questionados sobre os fatores que po<strong>de</strong>m gerar a<br />
indisciplina em sala <strong>de</strong> aula, a maioria dos professores atribuiu a causa à família,<br />
que tem falhado em proporcionar uma educação mais liberal, sem a imposição <strong>de</strong><br />
muitos limites (61%). Os professores que dimensionaram as causas presentes no<br />
ambiente escolar, citaram: o número excessivo <strong>de</strong> alunos por sala (54%), aulas<br />
monótonas e cansativas (44%), e <strong>de</strong>srespeito na relação professor-aluno (39%).<br />
b) Visão discente: Na visão dos alunos, os fatores que contribuem<br />
para a indisciplina em sala <strong>de</strong> aula relacionam-se a aspectos presente na relação<br />
pedagógica. Como principais fatores, os alunos apontaram a falta <strong>de</strong> domínio <strong>de</strong><br />
sala do professor (55%) e a falta <strong>de</strong> preparo didático do professor, tornando as aulas<br />
4
monótonas e cansativas (55%). Apontaram também o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> alunos por<br />
sala (29%) e a falta <strong>de</strong> respeito na relação professor-aluno (27%).<br />
O <strong>de</strong>srespeito na relação professor-aluno dificulta as interações em<br />
sala <strong>de</strong> aula, po<strong>de</strong>ndo gerar ainda mais indisciplina. De acordo com Vasconcellos<br />
(1995) a relação <strong>de</strong> respeito em sala <strong>de</strong> aula fundamenta-se na percepção que o<br />
professor apresenta quanto à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem dos alunos e no<br />
reconhecimento que os alunos têm da competência do professor para ensinar-lhes<br />
algo.<br />
Se o professor não <strong>de</strong>monstrar domínio <strong>de</strong> sala por assumir uma<br />
postura amedrontada e insegura, os alunos não confiarão na sua competência para<br />
ensinar. O mesmo acontece se o professor não dominar o conteúdo ou não utilizar<br />
estratégias <strong>de</strong> ensino diversificadas e dinâmicas. Neste sentido, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar<br />
a falta <strong>de</strong> respeito na relação pedagógica como um fator inerente à falta <strong>de</strong> domínio<br />
<strong>de</strong> sala do professor e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aulas monótonas e cansativas, pois<br />
os alunos vêem-se obrigados a realizar as ativida<strong>de</strong>s sem compreen<strong>de</strong>r o seu<br />
<strong>objetivo</strong><br />
Esses dados, ao que tudo indica, vem corroborar com a <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong><br />
Zagury (1996), a qual concluiu que se a qualida<strong>de</strong> das aulas melhorasse, o número<br />
<strong>de</strong> alunos cabulando aulas e não prestando atenção diminuiria consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />
- Procedimentos docentes adotados com alunos indisciplinados.<br />
a) Visão docente: Frente à indisciplina do aluno, os professores<br />
utilizam-se <strong>de</strong> ações variadas, sendo as mais freqüentes:<br />
1) Conversar em particular com o aluno (70%)<br />
2) Reavaliar sua metodologia, tornando as aulas mais dinâmicas e<br />
criativas (53%);<br />
3) Encaminhar o aluno para a equipe pedagógica (49%)<br />
4) Informar os pais sobre o comportamento do aluno (26%)<br />
5) Chamar freqüentemente a atenção do aluno indisciplinado (25%)<br />
De acordo com Woolfolk (1990) essas três últimas atitu<strong>de</strong>s do<br />
professor não solucionam o <strong>problema</strong> da indisciplina, no entanto, os professores<br />
continuam utilizando essas táticas porque observam no comportamento dos alunos<br />
uma melhora rápida, porém passageira, o que torna ineficaz o uso <strong>de</strong>ssas medidas.<br />
5
Mais da meta<strong>de</strong> dos professores (53%) afirmou reavaliar sua<br />
metodologia <strong>de</strong> ensino, tornando suas aulas mais dinâmicas e criativas. Esta sim<br />
<strong>de</strong>veria ser a estratégia <strong>de</strong> todos os professores, preocupando-se em planejar<br />
ativida<strong>de</strong>s que proporcionassem a expressão <strong>de</strong> idéias dos alunos e ativida<strong>de</strong>s em<br />
grupo que exigissem participação e colaboração constantes.<br />
A conversa em particular com o aluno também po<strong>de</strong> ser um<br />
procedimento eficaz se o professor <strong>de</strong>monstrar preocupação com o aluno,<br />
explicando-lhe como as suas atitu<strong>de</strong>s ina<strong>de</strong>quadas às normas em sala <strong>de</strong> aula<br />
prejudicam a si mesmo e à coletivida<strong>de</strong>, conscientizado-o da importância da sua<br />
colaboração para o bom <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>trabalho</strong> em grupo.<br />
b) Visão discente: Quanto às estratégias utilizadas pelos<br />
professores para conter a indisciplina, po<strong>de</strong>-se observar que as mais apontadas<br />
pelos alunos foram:<br />
a) Encaminhar o aluno para a Orientação Educacional ou Diretoria –<br />
50%<br />
b) Retirar o aluno da sala – 48%<br />
c) Chamar freqüentemente a atenção dos alunos indisciplinados –<br />
47%<br />
d) Ameaçar tirar nota – 37%<br />
e) Dar sermão para a turma toda – 37%<br />
Verifica-se que, na visão do aluno, a maioria dos professores evitam<br />
trabalhar a indisciplina em sala <strong>de</strong> aula, transferindo o <strong>problema</strong> para outros<br />
(Orientação Educacional, Diretoria, Pais), (50%) ou <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> trabalhar este<br />
comportamento ina<strong>de</strong>quado, simplesmente retirando o aluno da sala (48%).<br />
Na visão dos alunos, quando os professores atuam diretamente<br />
sobre o <strong>problema</strong> da indisciplina, utilizam procedimentos que surtem um efeito<br />
apenas momentâneo: chamar a atenção dos indisciplinados (47%), ameaçar tirar<br />
nota (37%), dar sermão para a turma toda (37%), entre outros.<br />
- Procedimentos docentes para prevenir a indisciplina;<br />
a) Visão docente: As principais estratégias utilizadas pelos<br />
docentes para prevenir a indisciplina são:<br />
1) Estabelecer regras para um bom convívio em sala <strong>de</strong> aula<br />
(73%);<br />
6
2) Planejar as aulas com ativida<strong>de</strong>s dinâmicas (57%);<br />
3) Procurar conhecer cada aluno individualmente (38%)<br />
4) Mostrar-se amigo(a) dos alunos (36%).<br />
Observou-se também que a estratégia menos utilizada pelos<br />
professores é punir <strong>de</strong> alguma forma os alunos indisciplinados (11%), provavelmente<br />
porque não acreditam que esta seja a melhor forma <strong>de</strong> educá-los e conscientizá-los<br />
da importância da disciplina para a convivência e realização <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>s em grupos.<br />
b) Visão discente: A <strong>pesquisa</strong> indica que os alunos observam que<br />
as ações <strong>de</strong> intervenção mais freqüentemente utilizadas pelos professores quando<br />
a indisciplina ocorre são: encaminhar para Or. Educacional, pedir para se retirar da<br />
sala, chamar a atenção ou ameaçar tirar nota. Poucos alunos percebem que o<br />
professor utiliza algum procedimento para prevenir a indisciplina em sala <strong>de</strong> aula.<br />
Somente 4% dos alunos afirmaram que seus professores se preocupam em<br />
planejar suas aulas com ativida<strong>de</strong>s dinâmicas. Da mesma forma apenas <strong>de</strong>z por<br />
cento (10%) dos alunos disseram que seus professores costumam estabelecer<br />
regras <strong>de</strong> boa convivência em sala <strong>de</strong> aula e cobrar o seu cumprimento.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Neste <strong>trabalho</strong>, fez-se um recorte pedagógico das ações dos<br />
protagonistas da escola, por consi<strong>de</strong>rar que a disciplina po<strong>de</strong> ser entendida como<br />
<strong>de</strong>corrente da soma das influências educativas (instrução, métodos <strong>de</strong> ensino,<br />
interação professor-aluno, conteúdos transmitidos, etc) e, estimulada através <strong>de</strong> um<br />
processo <strong>de</strong> cooperação e comprometimento com a formação do cidadão ativo para<br />
a construção <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>.<br />
Em <strong>geral</strong>, os professores <strong>de</strong>senvolvem expectativas em relação<br />
às atitu<strong>de</strong>s que os alunos <strong>de</strong>vem apresentar em sala <strong>de</strong> aula, atribuindo-lhes<br />
conceitos <strong>de</strong> acordo com o tipo e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas participações durante as aulas.<br />
Todavia, a indisciplina é um fenômeno que surge com freqüência e, embora muitos<br />
dos comportamentos <strong>de</strong>sviantes possam ser consi<strong>de</strong>rados pouco graves, como é o<br />
caso das conversas paralelas, a sua freqüência constante concorre para a<br />
perturbação da dinâmica da aula.<br />
Os resultados <strong>de</strong>sta <strong>pesquisa</strong> apontaram que os processos <strong>de</strong><br />
disciplinação mais utilizados pela maioria dos professores limitaram-se a tentativas<br />
<strong>de</strong> correção, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a advertência em sala <strong>de</strong> aula chamando-lhes a<br />
7
atenção ou uma conversa em particular com o aluno, até a aplicação <strong>de</strong> alguma<br />
sanção (retirar da sala, tirar nota), ou ainda advertência e suspensão, nestes dois<br />
últimos casos <strong>de</strong>cidida pela equipe pedagógica ou direção da escola, para on<strong>de</strong> o<br />
aluno é encaminhado.<br />
A utilização <strong><strong>de</strong>ste</strong>s procedimentos tem se mostrado pouco<br />
eficaz, na medida em que não conseguem restabelecer a or<strong>de</strong>m no ambiente <strong>de</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula. Além do que, se aplicados arbitrariamente, po<strong>de</strong>m ainda reforçar o<br />
comportamento que o professor <strong>de</strong>sejaria extinguir; e o nível <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong> cada<br />
professor à indisciplina também faz reduzir muito a eficácia <strong>de</strong> tais procedimentos na<br />
correção <strong>de</strong> comportamentos indisciplinados (Nesta perspectiva estão autores como:<br />
SKINNER, 1972; REGO; CALDEIRA, 1998; VASCONCELLOS, 1995).<br />
Se o professor consi<strong>de</strong>rar a disciplina como fator necessário<br />
para a construção do saber, estará possibilitando ao aluno maior autonomia. De<br />
posse do conhecimento sobre o mundo, o aluno terá liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contestar a<br />
autorida<strong>de</strong>, quando necessário, bem como enten<strong>de</strong>r que o saber é a via que lhe<br />
proporcionará os esclarecimentos para usar a sua liberda<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadamente,<br />
contribuindo para a construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa (FURLANI, 1990).<br />
Entretanto, uma das formas <strong>de</strong> alcançar a disciplina, é<br />
através <strong>de</strong> um <strong>trabalho</strong> coletivo, no qual o aluno se sinta co-responsável pelo êxito<br />
escolar e esteja convencido <strong>de</strong> que a disciplina é a melhor forma para alcançar os<br />
<strong>objetivo</strong>s <strong>de</strong>sejados pela coletivida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo, o professor também<br />
precisa se autodisciplinar, estudando a sua matéria, planejando e preparando suas<br />
aulas, iniciando e terminando a aula no horário previsto, <strong>de</strong>monstrando entusiasmo<br />
pelo ensino e interesse pela aprendizagem do aluno. É nesta interação que o<br />
professor tem condições concretas <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os limites do seu próprio po<strong>de</strong>r<br />
para que a relação professor-aluno se fundamente no respeito recíproco.<br />
Atualmente, a autorida<strong>de</strong> do professor <strong>de</strong>corre cada vez menos<br />
da <strong>de</strong>legação do po<strong>de</strong>r instituído, sendo que o respeito dos alunos advém quando<br />
reconhecem sua competência pedagógica e científica (VASCONCELOS, 2001). Fato<br />
este observado na <strong>pesquisa</strong> realizada com os alunos, que apontaram como<br />
principais fatores geradores <strong>de</strong> indisciplina, a falta <strong>de</strong> domínio <strong>de</strong> sala pelo professor<br />
e aulas monótonas e cansativas.<br />
Os professores que reduzem o ensino-aprendizagem a atos<br />
mecanicamente repetidos no dia-a-dia, responsabilizando os fatores externos pelos<br />
8
entraves que encontram no <strong>de</strong>senvolvimento do seu <strong>trabalho</strong> em sala <strong>de</strong> aula,<br />
<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> refletir sobre a sua responsabilida<strong>de</strong> nos resultados alcançados através<br />
da sua prática pedagógica (MOYSES; COLLARES, 1998; AQUINO, 2000).<br />
Freqüentemente justificam que o <strong>trabalho</strong> pedagógico não se <strong>de</strong>senvolve<br />
satisfatoriamente <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>sinteresse e indisciplina dos alunos, dos pais que não<br />
acompanham os estudos dos filhos e cuidam mal <strong>de</strong>les, não lhes dando limites, ou<br />
ainda por culpa da administração da escola, que superlota as salas <strong>de</strong> aula e não<br />
oferecem um respaldo ao <strong>trabalho</strong> do professor na adoção <strong>de</strong> medidas eficazes para<br />
a correção da indisciplina.<br />
Sabe-se que a família passa hoje por uma crise <strong>de</strong> valores,<br />
sendo abalada também em sua estrutura. Mesmo nos grupos familiares que ainda<br />
conservam a sua característica <strong>de</strong> família nuclear (constituída da tría<strong>de</strong> pai-mãefilho(s),<br />
pais e mães reduzem o tempo em que permanecem com seus filhos, <strong>de</strong>vido<br />
à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar recursos econômicos para garantir o sustento da família, e<br />
muitas vezes <strong>de</strong>ixam também <strong>de</strong> acompanhar os estudos <strong>de</strong> seus filhos, preferindo<br />
confiar em sua responsabilida<strong>de</strong>, intervindo somente quando são chamados na<br />
escola <strong>de</strong>vido a algum <strong>problema</strong>. Contudo, quanto à <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> normas na<br />
educação dos filhos, parecem fazê-lo, procurando aconselhá-los ou dar sermões<br />
quando infringem alguma norma.<br />
De forma <strong>geral</strong>, é perceptível na <strong>pesquisa</strong> com os professores,<br />
que a busca <strong>de</strong> justificativas para explicar o comportamento indisciplinado dos<br />
alunos na falta <strong>de</strong> limites na educação familiar ou em dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao<br />
aluno, ou em função <strong>de</strong> <strong>problema</strong>s pessoais, criam expectativas quanto a soluções<br />
que <strong>de</strong>vem advir <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro do ambiente escolar. Assim, configura-se uma<br />
tendência dos educadores à inércia, pois ficam aguardando soluções amplas para a<br />
reversão <strong>de</strong>sses <strong>problema</strong>s, tais como reestruturação social, moral e econômica da<br />
família, ou ainda, soluções proporcionadas por um <strong>trabalho</strong> técnico especializado<br />
por profissionais fora da escola.<br />
Todos os <strong>problema</strong>s são vistos <strong>de</strong> forma estática e imutável, não<br />
sendo questionada a participação do professor. Esta pouca relevância sobre a<br />
atuação do professor em sala <strong>de</strong> aula não constitui a melhor atitu<strong>de</strong> para prevenir a<br />
indisciplina, pois pelo que parece, o modo como o professor faz a gestão da aula é<br />
um fator proeminente para <strong>de</strong>spertar o interesse e motivação dos alunos para a<br />
realização da tarefa, prevenindo comportamentos <strong>de</strong>sviantes (TAPIA; FITA, 1999).<br />
9
Por esta razão, é importante que as preocupações da formação inicial e contínua<br />
dos professores sejam centralizadas no conhecimento <strong>de</strong> diversificadas<br />
metodologias e estratégias <strong>de</strong> ensino, preparando-os para organizarem <strong>de</strong> forma<br />
mais eficaz as ativida<strong>de</strong>s nos tempos e espaços disponíveis.<br />
É <strong>de</strong>sejável que o aluno aprenda a realizar as tarefas, não<br />
somente pelo prazer ou satisfação <strong>de</strong> fazê-las, mas objetivando alcançar um nível <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> preestabelecido por ele mesmo. Neste sentido, o professor po<strong>de</strong> contribuir<br />
para a capacida<strong>de</strong> do aluno <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver tarefas <strong>de</strong> forma autônoma, transmitindo<br />
mensagens mais direcionadas para a tarefa, do que para o resultado, procurando<br />
valorizar as conquistas através da comparação do próprio <strong>de</strong>sempenho do aluno em<br />
tarefas anteriores, ao invés <strong>de</strong> comparar com as conquistas <strong>de</strong> outros colegas.<br />
(TAPIA; GARCIA-CELAY, 1996).<br />
A <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>monstrou que tanto professores quanto alunos<br />
observam que os comportamentos <strong>de</strong> indisciplina apresentam uma correlação<br />
negativa com os resultados das aprendizagens. Constatou-se também que a<br />
indisciplina, além <strong>de</strong> aumentar o estresse do professor, provoca <strong>de</strong>sgastes na<br />
relação professor-aluno. Neste sentido, a maioria dos alunos assumiu a sua<br />
responsabilida<strong>de</strong> na manutenção da indisciplina <strong>de</strong>vido a sua falta <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> ao<br />
visar seus interesses particulares e com isso ultrapassar os limites permitidos,<br />
colocando em “xeque” a paciência do professor.<br />
A literatura indica que os professores mais eficazes procuram<br />
evitar o comportamento indisciplinado organizando as aulas com ativida<strong>de</strong>s<br />
planejadas em tempos estipulados e estabelecendo regras para um bom convívio<br />
em sala <strong>de</strong> aula, antecipando-se à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> surgir algum comportamento<br />
<strong>de</strong>sviante e, no caso <strong>de</strong> ocorrer, agindo sobre ele muito cedo. Para conseguir manter<br />
a disciplina em sala <strong>de</strong> aula o professor precisa preocupar-se em manter os alunos<br />
empenhados na tarefa e manter um bom relacionamento na interação com eles<br />
(MENDES, 1998; TAPIA & FITA, 1999).<br />
Torna-se claro que a aprendizagem será facilitada se a<br />
motivação para apren<strong>de</strong>r for <strong>de</strong>senvolvida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, nos estudantes. Como as<br />
ativida<strong>de</strong>s propostas em sala <strong>de</strong> aula envolvem mais a utilização do esforço mental<br />
do que o físico, as condições básicas para <strong>de</strong>senvolver a motivação para apren<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong>correm da oportunida<strong>de</strong> dos alunos se envolverem em tarefas com nível<br />
a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e em um ambiente livre <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, que não provoque o<br />
10
medo <strong>de</strong> fracassar. Supondo a presença <strong>de</strong>ssas condições, a motivação ainda<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau em que os alunos valorizam as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r,<br />
<strong>de</strong>sfrutam dos resultados da aprendizagem e sentem-se orgulhosos por suas<br />
próprias conquistas, apreciando seus progressos em conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s<br />
em função das ativida<strong>de</strong>s concluídas (BROPHY, 1983).<br />
A <strong>pesquisa</strong> realizada com os professores apontou que eles se<br />
sentem motivados para lecionar apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s presentes na<br />
profissão e que se preocupam em motivar seus alunos durante as aulas. Porém,<br />
pouco mais da meta<strong>de</strong> dos professores possui o hábito <strong>de</strong> perguntar aos seus<br />
alunos quais ativida<strong>de</strong>s lhes são interessantes, sendo que as metodologias mais<br />
utilizadas para motivar os alunos são <strong>trabalho</strong>s em grupos e aulas expositivas. Neste<br />
sentido, observa-se que os professores possuem boa vonta<strong>de</strong> ao tentar motivar os<br />
alunos, porém <strong>de</strong>sconhecem como po<strong>de</strong>riam operacionalizar este <strong>objetivo</strong>. Embora<br />
relatem promover <strong>trabalho</strong>s em grupos, não <strong>foi</strong> <strong>objetivo</strong> <strong><strong>de</strong>ste</strong> estudo investigar a<br />
natureza e organização <strong>de</strong>sses <strong>trabalho</strong>s e se ocorrem durante o horário <strong>de</strong> aula ou<br />
como ativida<strong>de</strong>s extra-classe, mas por ser muito importante, próximas <strong>pesquisa</strong>s<br />
po<strong>de</strong>riam investigar esta questão.<br />
CONCLUSÃO<br />
Além da motivação do professor para lecionar, muitas outras<br />
características pessoais po<strong>de</strong>m influenciar positivamente a dinâmica das aulas, por<br />
isso, o sucesso do professor em sua atuação profissional <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> três<br />
habilida<strong>de</strong>s fundamentais, a saber: 1) a <strong>de</strong> ensinar (saber transmitir o conhecimento<br />
e co-responsabilizar-se no <strong>de</strong>senvolvimento da aprendizagem do aluno); 2) a <strong>de</strong> agir<br />
com autorida<strong>de</strong> (saber li<strong>de</strong>rar as relações sociais na turma, <strong>de</strong> modo que a disciplina<br />
seja vista como um bem coletivo); 3) a <strong>de</strong> motivar (saber planejar ativida<strong>de</strong>s que<br />
envolvam os alunos em tarefas com nível a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e que lhe tragam<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> êxito).<br />
Neste sentido, a primeira providência diz respeito ao próprio<br />
professor, que precisa fazer uma auto-análise, visando <strong>de</strong>tectar falhas no seu<br />
<strong>trabalho</strong> que possam estar contribuindo para o <strong>problema</strong>; isto exige um senso<br />
<strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> auto-crítica, reflexão e humilda<strong>de</strong>. Muitos dos dissabores que<br />
ocorrem no cotidiano da sala <strong>de</strong> aula, tem a anuência do professor, ou às vezes até<br />
a sua co-autoria. Por isso, o professor precisa rever posicionamentos rígidos e<br />
11
questionar crenças arraigadas para reavaliar sua postura em sala <strong>de</strong> aula,<br />
aproveitando as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> tais fatalida<strong>de</strong>s para rever e<br />
aprimorar o seu <strong>trabalho</strong>.<br />
Não adianta mais o professor ficar esperando que o aluno<br />
reconheça o seu valor e o respeite, esse respeito precisa ser conquistado e ser<br />
recíproco. O respeito unilateral é uma herança do passado, mantido mais pelo temor<br />
do que pelo reconhecimento das competências do professor. Quando ocorrem<br />
<strong>problema</strong>s <strong>de</strong> indisciplina é preciso focar a relação professor-aluno para<br />
compreen<strong>de</strong>r que muitas vezes, o “aluno <strong>problema</strong>” po<strong>de</strong> estar sendo um porta-voz<br />
<strong>de</strong> relações <strong>de</strong>srespeitosas estabelecidas em sala <strong>de</strong> aula. Muitas vezes o<br />
<strong>de</strong>srespeito po<strong>de</strong> ter origem no fato do aluno não compreen<strong>de</strong>r o conteúdo<br />
ministrado, sua importância, e muito menos sua utilida<strong>de</strong>.<br />
A segunda providência é estabelecer um contrato pedagógico<br />
regulador das relações sociais criando regras e rotinas em classe, pois são meios<br />
padronizados <strong>de</strong> como lidar com situações particulares e tornar os eventos mais<br />
previsíveis. Para estabelecer regras e rotinas o professor <strong>de</strong>ve dar o mo<strong>de</strong>lo e<br />
instruções quanto ao comportamento <strong>de</strong>sejado, dizendo aos alunos porque esse<br />
comportamento é importante, quando e como executá-lo.<br />
Além disso, as normas <strong>de</strong>vem ser claras e bem <strong>de</strong>finidas para<br />
po<strong>de</strong>rem ser lembradas, quando necessário. O professor precisa <strong>de</strong> tais normas<br />
porque os <strong>problema</strong>s <strong>de</strong> indisciplina <strong>de</strong>vem ser administrados e gerenciados no<br />
contexto em que ocorrem. Por este motivo é importante que o contrato pedagógico,<br />
on<strong>de</strong> são explicitadas as regras <strong>de</strong> funcionamento do ambiente e das relações<br />
sociais, seja estabelecido no primeiro dia <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> qualquer curso para evitar que<br />
os alunos fiquem testando os limites do professor e <strong>de</strong>scobrindo as regras por<br />
tateios, após sofrerem punições.<br />
A terceira providência é planejar todos os momentos da aula,<br />
objetivando evitar o comportamento indisciplinado através da or<strong>de</strong>nação das<br />
ativida<strong>de</strong>s, o que auxiliará a manter o aluno envolvido em ativida<strong>de</strong>s práticas, o<br />
maior tempo possível. Desta forma o professor antecipa-se ao comportamento<br />
ina<strong>de</strong>quado e tem oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir sobre ele muito cedo, trabalhando-o <strong>de</strong><br />
forma preventiva.<br />
Outras providências incluem o professor trabalhar com o aluno<br />
tal como se apresenta, sem compará-lo ao estereótipo i<strong>de</strong>alizado, experimentar<br />
12
novas estratégias <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, buscar o diálogo com o aluno para sondagem,<br />
orientá-lo tentando fazê-lo refletir sobre suas atitu<strong>de</strong>s; e quando necessário,<br />
estabelecer contato com colegas que dão aula na mesma turma para análise<br />
conjunta do <strong>problema</strong><br />
Finalizando, não se preten<strong>de</strong> esgotar o assunto, que é complexo<br />
e multi<strong>de</strong>terminado. Entretanto, com a análise <strong>de</strong>scritiva da questão, espera-se<br />
po<strong>de</strong>r contribuir para que o professor, tenha condições <strong>de</strong> redirecionar sua prática<br />
pedagógica na promoção da motivação dos alunos, <strong>de</strong> tal forma que ele possa<br />
contribuir para que o envolvimento dos alunos no espaço escolar aconteça em<br />
ambiente propício a aprendizagem, no qual as potencialida<strong>de</strong>s cognitivas possam<br />
ser construídas em um contexto envolvente, múltiplo e criativo.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AQUINO, Julio Groppa. Do cotidiano escolar: ensaios sobre a ética e seus<br />
avessos. São Paulo: Summus, 2000.<br />
BANDURA, A. Perceived Self-efficacy in Cognitive Developmente and<br />
Functioning. Educational Psychologist, v.28, n.2, p.117-48, 1993.<br />
BROPHY, J. Conceptualizing stu<strong>de</strong>nt motivation. Educational Psychologist,<br />
Hillsdale, v.18, n.3, p.200-215, 1983.<br />
FURLANI, Lúcia Maria Teixeira. Autorida<strong>de</strong> do professor: meta, mito ou<br />
nada disso São Paulo: Cortez, 1990.<br />
MENDES, Francisco. A gestão do tempo <strong>de</strong> aula e os comportamentos <strong>de</strong><br />
indisciplina dos alunos. Revista Portuguesa <strong>de</strong> Educação, Braga, v.11, n.2,<br />
p.109-121, 1998.<br />
MOYSES. M. A. A. ; COLLARES, C. A. L. Sobre alguns preconceitos no<br />
cotidiano escolar. São Paulo: FDE, 1998.<br />
REGO, Isabel Estrela; CALDEIRA, Suzana Nunes. Perspectivas <strong>de</strong><br />
professores sobre a indisciplina na sala <strong>de</strong> aula: um estudo exploratório.<br />
Revista Portuguesa <strong>de</strong> Educação. Braga, v.11, n.2, p.83-107, 1998<br />
SKINNER, B. F. Tecnologia educacional. São Paulo: Summus, 1972.<br />
TAPIA, Jesús Alonso; FITA, Enrique Caturla. A motivação em sala da aula: o<br />
que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.<br />
13
TAPIA, J. A.; GARCIA-CELAY, Ignacio Montero. Motivação e aprendizagem<br />
escolar. In: COOL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro.<br />
Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. v.2.<br />
Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.<br />
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: construção da disciplina<br />
consciente e interativa em sala <strong>de</strong> aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1995.<br />
VASCONCELOS, Maria Lúcia M. Carvalho (Org.).<br />
contemporaneida<strong>de</strong>. São Paulo: Mackenzie, 2001.<br />
(In)Disciplina, escola e<br />
WOOLFOLK, A E.; HOY, W. K. Prospective teachers’ sense of efficacy and<br />
beliefs about control. Journal of Educational Psychology, v.82, n.1; p.81-<br />
91, 1990.<br />
14