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Revista Dental Press de Estética V olume 4 - Número 2 - Abril / Maio ...

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ISSN 1807-2488<br />

Estética<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong><br />

v<strong>olume</strong> 4 - número 2<br />

abril / maio / junho 2007<br />

Publicação oficial da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia Estética<br />

DENTAL PRESS INTERNATIONAL


Estética<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong><br />

v<strong>olume</strong> 4<br />

- número 2<br />

abril / maio / junho 2007<br />

30<br />

41<br />

47<br />

Sumário<br />

Remo<strong>de</strong>lação cosmética para corrigir postura labial do sorriso<br />

José Mon<strong>de</strong>lli, Leonardo Fernan<strong>de</strong>s da Cunha, Adilson Yoshio Furuse<br />

Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />

Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel, Célia Regina Martins Delgado Rodrigues, Herbert Ghersel<br />

Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso utilizando sistema <strong>de</strong> tira<br />

plástica impregnada por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio 6,5%<br />

Alessandra Cassoni, Monica Padron Simões, Erika Reis Toyoshima,<br />

Michel Nicolau Youssef, José Augusto Rodrigues<br />

54<br />

89<br />

97<br />

107<br />

Resistência a<strong>de</strong>siva na cimentação <strong>de</strong> pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />

utilizando diferentes sistemas a<strong>de</strong>sivos e agentes cimentantes<br />

Sanzio Marques, Daniella Ferreira Hamdan, Marcos Pinotti Barbosa, Marcos Dias Lanza<br />

Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s: diagnóstico, planejamento e tratamento<br />

restaurador direto<br />

Guilherme Boselli, Renata Corrêa Pascotto<br />

A ciência da beleza do sorriso<br />

Ana Carolina Francischone, José Mon<strong>de</strong>lli<br />

Agenesia dos incisivos laterais: um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a<br />

Odontologia Estética<br />

Luís Antônio Felippe<br />

Seções<br />

3 Editorial<br />

Manual <strong>de</strong> instruções<br />

22 Entrevista<br />

João Carlos Gomes<br />

133 Acontecimentos<br />

Caso Selecionado<br />

67 Harmonia<br />

Sidney Kina, José Carlos Romanini<br />

124<br />

Biologia da Estética<br />

Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com<br />

outras lesões cervicais<br />

Alberto Consolaro<br />

ISSN 1807-2488<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét Maringá v. 4 n. 2 p. 1-136 abr./maio/jun. 2007


EDITOR<br />

EDITORES ASSISTENTES<br />

PUBLISHER<br />

CONSULTORES CIENTÍFICOS<br />

CONSULTORES EM PRÓTESE DENTÁRIA<br />

CONSULTORES DE FOTOGRAFIA<br />

Sidney Kina - UEM - PR<br />

Ronaldo Hirata - UFPR - PR<br />

Oswaldo Scopin <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> - CES - SENAC - SP<br />

Vania Volpato Kina - Maringá -PR<br />

Laurindo Zanco Furquim - UEM - PR<br />

Albert Heller - Montevi<strong>de</strong>o - Uruguai<br />

Alberto Consolaro - FOB-USP - SP<br />

Antônio Salazar Fonseca - APCD - SP<br />

Anuar Antônio Xible - Clínica particular - Vitória - ES<br />

Carlos Alexandre Leopoldo Peersen da Câmara - Clínica particular - Natal - RN<br />

Carlos Eduardo Francci - USP - SP<br />

Carlos Eduardo Francischone - FOB-USP - SP<br />

David A. Graber - Medical College of Georgia School of Dentistry - Atlanta - Georgia<br />

Dickson Martins da Fonseca - Clínica particular - Natal - RN<br />

Didier Dietschi - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Geneva - Suíça<br />

Eduardo Passos Rocha - FOA-UNESP - SP<br />

Euripe<strong>de</strong>s Vedovato - APCD - SP<br />

Ewerton Nocchi Conceição - UFRGS - RS<br />

Glauco Fioranelli Vieira - USP - SP<br />

Jairo Pires <strong>de</strong> Oliveira - Clínica particular - Ribeirão Preto - SP<br />

João Carlos Gomes - UEPG - PR<br />

João Pimenta - Clínica particular - Barcelos - Portugal<br />

José Arbex Filho - Clínica particular - Belo Horizonte - MG<br />

José Roberto Moura Jr. - Clínica particular - Taubaté - SP<br />

Katia Regina Hostilio Cervantes Dias - UERJ / UFRJ - RJ<br />

Luiz Antônio Gaieski Pires - ULBRA - RS<br />

Luiz Fernando Pegoraro - FOB-USP - SP<br />

Luiz Narciso Baratieri - UFSC - SC<br />

Marcelo Fonseca Pereira - Clínica particular - Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ<br />

Marco Antônio Bottino - FOSJC - UNESP - SP<br />

Mário Fernando <strong>de</strong> Góes - FOP - UNICAMP - SP<br />

Markus Lenhard - Clínica particular - Suíça<br />

Marly Kimie Sonohara - UEM - PR<br />

Milko Vilarroel Cortez - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valparaíso - Chile<br />

Pablo Abate - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Buenos Aires - Argentina<br />

Paulo Kano - APCD - SP<br />

Raquel Sano Suga Terada - UEM - PR<br />

Renata Corrêa Pascotto - UEM - PR<br />

Ricardo Mitrani - Clínica particular - México<br />

Rodolfo Candia Alba Júnior - Clínica particular - SP<br />

Sillas Luiz Lor<strong>de</strong>lo Duarte Júnior - FOAr-UNESP - SP<br />

Sylvio Monteiro Junior - UFSC - SC<br />

Walter Gomes Miranda Jr. - USP - SP<br />

Wan<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Almeida Cesar Jr. - Clínica particular - Maringá - Paraná<br />

August Bruguera - Barcelona - Espanha<br />

Gerald Ubassy - Rochefort du Gard - França<br />

José Carlos Romanini - Londrina - PR<br />

Luiz Alves Ferreira - São Paulo - SP<br />

Marcos Celestrino - São Paulo - SP<br />

Oliver Brix - Kelkheim - Alemanha<br />

Rolf Ankli - Belo Horizonte - MG<br />

Shigeo Kataoka - Osaka - Japão<br />

Victor Hugo do Carmo - Cugy - Suíça<br />

Any <strong>de</strong> Fátima Fachin Men<strong>de</strong>s - Fotógrafa - PR<br />

Dudu Me<strong>de</strong>iros - Fotógrafo - SP<br />

Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação-na-Publicação (CIP)<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética / <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International. -- Vol. 1, n. 1 (out./nov./<strong>de</strong>z.)<br />

(2004) – . -- Maringá : <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International, 2004-<br />

Trimestral.<br />

ISSN 1807-2488.<br />

1. Estética (Odontologia) – Periódicos I. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International. II. Título.<br />

CDD. 617.643005<br />

Diretora Teresa R. D'Aurea Furquim - PRODUTOR E DESIGNER GRÁFICO Júnior Bianchi -<br />

ANALISTA DA INFORMAÇÃO Carlos Alexandre Venancio - Produção Gráfica e Eletrônica<br />

Carlos Eduardo <strong>de</strong> Lima Saugo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Luiz Fernando Batalha - Andrés<br />

Sebastián - Produção Gráfica e Eletrônica (SBOE) Elizabeth Salgado - BANCO DE DADOS<br />

A<strong>de</strong>mir <strong>de</strong> Marchi - Cléber Augusto Rafael - controler Márcia Cristina Plonkóski Nogueira<br />

- DEPARTAMENTO COMERCIAL Rosenei<strong>de</strong> Martins Garcia - DEPARTAMENTO DE CURSOS E<br />

EVENTOS Josiane Fernanda Favaro - Rosenei<strong>de</strong> Martins Garcia - BIBLIOTECA Simone Lima Lopes<br />

Rafael - Gislaine Ferreira - Revisão Ronis Furquim Siqueira - DEPARTAMENTO FINANCEIRO Roseli<br />

Martins - CONSULTORA ADMINISTRATIVA Ester Pacetti Dassa - Impressão RR Donnelley Moore<br />

- A <strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética (ISSN 1807-2488) é uma publicação trimestral (quatro edições<br />

por ano) da <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ensino e Pesquisa Ltda. Av. Eucli<strong>de</strong>s da Cunha, 1718 - Zona 5 - CEP 87015-<br />

180 - Maringá - PR - Brasil. Todas as matérias publicadas são <strong>de</strong> exclusiva responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspon<strong>de</strong>m, necessariamente, às opiniões<br />

da <strong>Revista</strong>. Os serviços <strong>de</strong> propaganda são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos anunciantes. Assinaturas:<br />

revestetica@<strong>de</strong>ntalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3262-2425.


Artigo Clínico<br />

Remo<strong>de</strong>lação cosmética para<br />

corrigir postura labial do sorriso<br />

José Mon<strong>de</strong>lli*, Leonardo Fernan<strong>de</strong>s da Cunha**, Adilson Yoshio Furuse***<br />

Resumo<br />

A busca por procedimentos estéticos<br />

vem sendo solicitada constantemente<br />

na clínica odontológica. A<br />

remo<strong>de</strong>lação cosmética dos <strong>de</strong>ntes<br />

naturais é uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<br />

com benefícios estéticos<br />

que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada econômica<br />

e conservadora. Contudo, cabe ao<br />

profissional não apenas restaurar um<br />

sorriso harmônico, mas ao mesmo<br />

tempo se preocupar com o aspecto<br />

funcional do tratamento. Quando<br />

uma remo<strong>de</strong>lação cosmética é planejada,<br />

os princípios e as regras oclusais<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados para se<br />

obter um equilíbrio entre estética e<br />

função. Desta forma, este trabalho<br />

tem o intuito <strong>de</strong> apresentar um caso<br />

<strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação cosmética associada<br />

ao ajuste oclusal da guia anterior<br />

em uma paciente apresentando supersustentação<br />

labial <strong>de</strong>vido ao mau<br />

posicionamento <strong>de</strong>ntário.<br />

Palavras-chave: Estética. Odontologia estética. Oclusão. Resinas compostas.<br />

* Professor Titular do Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

** Aluno <strong>de</strong> pós-graduação, Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

*** Aluno <strong>de</strong> pós-graduação, Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

30 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 26-36, abr./maio/jun. 2007


Remo<strong>de</strong>lação cosmética para corrigir postura labial do sorriso<br />

Cosmetic contouring to correct the labial<br />

posture of the smile<br />

Abstract<br />

Aesthetic procedures have been constantly<br />

requested in daily clinics. The cosmetic contouring<br />

of the natural teeth is a treatment with aesthetic<br />

benefits that can be consi<strong>de</strong>red economical<br />

and conservative. The functional aspect of the<br />

treatment must be consi<strong>de</strong>red in conjunction with<br />

the restoration of a harmonic smile. When the<br />

tooth contouring is planned, occlusal rules should<br />

be consi<strong>de</strong>red to obtain equilibrium between<br />

aesthetics and function. Thus, the aim of the present<br />

work is to present a case of cosmetic contouring<br />

of teeth associated to the previous occlusal<br />

adjustment in a patient presenting incorrect labial<br />

posture due to the inaccurate <strong>de</strong>ntal alignment.<br />

KEY WORDS: Aesthetics. Cosmetic <strong>de</strong>ntistry. Occlusion. Composite resins.<br />

Referências<br />

1. AL-OMIRI, M.K.; LAMEY, P.J.; CLIFFORD, T. Impact of tooth wear on<br />

daily living. Int J Prosthodont, v.19, n.6, Nov-Dec, p.601-605. 2006.<br />

2. BARTLETT, D.W. The causes of <strong>de</strong>ntal erosion. Oral Dis, v.3, n.4,<br />

Dec, p.209-211. 1997.<br />

3. CARTER, W.J. Tooth modifications in man: a review. J Kans State<br />

Dent Assoc, v.62, n.3, Jul, p.12-16. 1978.<br />

4. FITTON, J.S. A tooth ablation custom occurring in the Maldives.<br />

Br Dent J, v.175, n.8, Oct 23, p.299-300. 1993.<br />

5. GOLDSTEIN, R.E. A estética em odontologia. São Paulo: Santos. 2000<br />

6. GOLDSTEIN, R.E.; GOLDSTEIN, C.E. Is your case really finished J<br />

Clin Orthod, v.22, n.11, Nov, p.702-713. 1988.<br />

7. HUYNH, N.T., et al. Comparison of various treatments for sleep<br />

bruxism using <strong>de</strong>terminants of number nee<strong>de</strong>d to treat and<br />

effect size. Int J Prosthodont, v.19, n.5, Sep-Oct, p.435-441. 2006.<br />

8. JONES, A. Tooth mutilation in Angola. Br Dent J, v.173, n.5, Sep<br />

19, p.177-179. 1992.<br />

9. LEE, R. Esthetics and its relationship to function. In: RUFENACHT,<br />

C.R. (Ed.). Fundamentals of esthetics. Chicago: Quintessence,<br />

1990. Esthetics and its relationship to function, p.137-209<br />

10. LONG, J.H. Locating centric relation with a leaf gauge. J Prosthet<br />

Dent, v.29, n.6, Jun, p.608-610. 1973.<br />

11. LUSSI, A., et al. Erosive tooth wear: diagnosis, risk factors and<br />

prevention. Am J Dent, v.19, n.6, Dec, p.319-325. 2006.<br />

12. MONDELLI, J. Estética e cosmética em clínica integrada restauradora.<br />

São Paulo: Quintessence. 2003<br />

13. MONDELLI, J., et al. Sistema R. O. C. A.: Um método <strong>de</strong> diagnóstico<br />

e terapia oclusal. R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, v.8,<br />

n.3, p.73-80. 2003.<br />

14. MORRIS, A.G. <strong>Dental</strong> mutilation in southern African history and<br />

prehistory with special reference to the “Cape Flats Smile”. Sadj,<br />

v.53, n.4, Apr, p.179-183. 1998.<br />

15. MUSSIG, E., et al. Applications for direct composite restorations<br />

in orthodontics. J Orofac Orthop, v.65, n.2, Mar, p.164-179. 2004.<br />

16. RING, M.E. Dentistry. An illustrated history. New York: Abrams. 1993<br />

17. RUFENACHT, C.R. Fundamentals of esthetics. Chicago: Quintessence.<br />

1990<br />

18. SAWYER, D.R.; ALLISON, M.J. Tooth mutilations in pre-Columbian<br />

Peru and Chile and mo<strong>de</strong>rn-day Nigeria. Ann Dent, v.51, n.1,<br />

Summer, p.24-26. 1992.<br />

19. SIMRING, M.; KOTEEN, S.M.; SIMON, S.L. Occlusal equilibration. In:<br />

WARD, H.L.; SIMRING, M. (Ed.). Manual of clinical periodontics. St.<br />

Louis: Mosby, 1973. Occlusal equilibration<br />

20. SMITH, B.G.; BARTLETT, D.W.; ROBB, N.D. The prevalence, etiology<br />

and management of tooth wear in the United Kingdom. J Prosthet<br />

Dent, v.78, n.4, Oct, p.367-372. 1997.<br />

21. THORDARSON, A.; ZACHRISSON, B.U.; MJOR, I.A. Remo<strong>de</strong>ling of<br />

canines to the shape of lateral incisors by grinding: a long-term<br />

clinical and radiographic evaluation. Am J Orthod Dentofacial<br />

Orthop, v.100, n.2, Aug, p.123-132. 1991.<br />

22. TJAN, A.H.; MILLER, G.D.; THE, J.G. Some esthetic factors in a<br />

smile. J Prosthet Dent, v.51, n.1, Jan, p.24-28. 1984.<br />

23. YAMAMOTO, M.; MIYOSHI, Y.; KATAOKA, S. Fundamentals of<br />

esthetics: contouring tecniques for metal ceramic restorations.<br />

Quint <strong>Dental</strong> Tech, v.14, p.14-81. 1990/1991.<br />

24. ZACHRISSON, B.U.; MJOR, I.A. Remo<strong>de</strong>ling of teeth by grinding.<br />

Am J Orthod, v.68, n.5, Nov, p.545-553. 1975.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

José Mon<strong>de</strong>lli<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - USP<br />

Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla 9 - 75 / 17012 - 901<br />

Bauru - SP - E-mail: jomond@fob.usp.br<br />

40 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 30-40, abr./maio/jun. 2007


Artigo Clínico<br />

Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />

Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel*, Célia Regina Martins Delgado Rodrigues**,<br />

Herbert Ghersel***<br />

Resumo<br />

Este trabalho tem como objetivo<br />

apresentar uma revisão <strong>de</strong> literatura<br />

sobre o estudo da cor, importante<br />

para colaborar com o cirurgião <strong>de</strong>ntista<br />

no conhecimento dos princípios<br />

que regem a <strong>de</strong>terminação da sua escolha<br />

em trabalhos estéticos. Apresenta<br />

conceitos básicos sobre a formação<br />

das cores <strong>de</strong> um modo geral<br />

e abrangente; faz um breve histórico<br />

<strong>de</strong> como foram criados os principais<br />

sistemas <strong>de</strong> padronização, classificação<br />

e aparelhos usados para sua<br />

aferição. A percepção <strong>de</strong> cor é uma<br />

tarefa difícil, porém a compreensão<br />

das regras básicas do processo do<br />

seu estabelecimento fornece bases<br />

ao profissional para um planejamento<br />

mais lógico, seguro e inteligente,<br />

direcionado a uma melhor aplicabilida<strong>de</strong><br />

na clínica odontológica.<br />

Palavras-chave: Cor. Resina composta. Espectrofotometria.<br />

* Doutora em Odontopediatria pela FOUSP.<br />

Professora da Disciplina <strong>de</strong> Odontopediatria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul.<br />

** Livre Docente em Odontopediatria.<br />

Professora da disciplina <strong>de</strong> Odontopediatria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

*** Mestre em Ortodontia.<br />

Doutor em Materiais Dentários pela FOUSP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-52, abr./maio/jun. 2007<br />

41


Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />

Un<strong>de</strong>rstanding colors - Part I<br />

Abstract<br />

The aim of this work is to present a review of the<br />

literature about the study of colors, essential<br />

to provi<strong>de</strong> to the <strong>de</strong>ntist the knowledge of the<br />

principles of its choice in esthetic works. It shows<br />

basic concepts about the color composition in a<br />

general and comprising way; a brief history about<br />

the main standard systems, classification and<br />

appliances used in comparisons. Color perception is<br />

a hard job, but the un<strong>de</strong>rstanding of the basic rules<br />

of its institution provi<strong>de</strong>s basis to a more logical,<br />

safe and wise planning, directed to a better clinical<br />

application.<br />

KEY WORDS: Color. Composite. Spectrophotometry.<br />

Referências<br />

1. ANUSAVICE, K.J. Materias Dentários. 10a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Guanabara Koogan; 1998, 412 p.<br />

2. BENTLEY, A.N. The color and light problem in <strong>de</strong>ntistry. J Kentucky<br />

Dent Assoc, v. 19, n. 2 p. 13-6, 1967.<br />

3. CLARK, E.B. An analysis of tooth color. J Am Dent Assoc, v. 31, n.<br />

12, p. 2093-103, 1931.<br />

4. ELDIWANY, M.; FRIEDL, K.H.; POWERS, J. Color stability of lightcured<br />

and post-cured composites. Am J Dent, v. 8, n. 4, p. 179-<br />

181, 1995.<br />

5. GONÇALVES, B.; PEREIRA, A.C.; RIBAS, V. Mo<strong>de</strong>los Cromáticos<br />

no <strong>de</strong>sign digital: um módulo hipermídia para a percepção dos<br />

fundamentos físicos da cor. Disponível em URL: http://www.cce.<br />

ufsc.br/~pereira/artigos/mo<strong>de</strong>los/artigo2.htm [2003]<br />

6. INIKOSHI, S.; BURROW, M.F.; KATAUMI, M.; YAMADA, T.; TAKAT-<br />

SU, T. Opacity and Color Changes of Tooth-colored Restorative<br />

Materials. Operat Dent, v. 21, p. 73-80, 1996.<br />

7. MCPHEE, E.R. Light and color in <strong>de</strong>ntistry. Part I – Nature and<br />

Perception. J Mich Dent Assoc, v. 60, n. 11, p. 565-72, 1978<br />

8. MEYENBERG, K.H. <strong>Dental</strong> Esthetics: A European Perspective. J<br />

Esthetic Dent, v. 6, n. 6, p. 274-81, 1994.<br />

9. MOSER, B.J.; WOZNIAK, W.T.; NALEAWAY, C.A.; AYER, W.A. Color<br />

visonin <strong>de</strong>ntistry: a survey. J Am Dent Assoc, v. 10, n. 4, p. 509-<br />

70, 1985.<br />

10. O´BRIEN, W.J. <strong>Dental</strong> materials and their selection. 2a ed. Chicago:<br />

Quintessense Publishing, 1997. p.25-37<br />

11. PEDROSA I. Da cor à cor inexistente. 6a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Léo<br />

Christiano Editorial Ltda, 1995, 224p.<br />

12. Precise Color Communication Color Communication: color<br />

control from perception to instrumentation. Osaka: 1998. 59p.<br />

13. RUYTER, I.E.; NILNER, K.; MOLLER, B. Color stability of <strong>de</strong>ntal<br />

composite resin materials for crown and bridge veneers. Dent<br />

Mater, v. 3, p. 246-51, 1987<br />

14. SPROULL, R.C. Color matching in <strong>de</strong>ntistry. Part III. Color Control.<br />

J Prosthec Dent, v. 31, n. 2, p. 146-54, 1974.<br />

15. WASSON, W.; SHUMAN, V. Color vision and <strong>de</strong>ntistry. Quintessence<br />

Int, v. 23, n. 5, p. 349-62, 1992.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel<br />

Rua Theotonio Rosa Pires, 340<br />

Campo Gran<strong>de</strong> - MS - CEP: 79004-340<br />

E-mail: eloisa@ghersel.com.br<br />

46 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 41-46, abr./maio/jun. 2007


Artigo Inédito<br />

Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso<br />

utilizando sistema <strong>de</strong> tira plástica<br />

impregnada por peróxido <strong>de</strong><br />

hidrogênio 6,5%<br />

Alessandra Cassoni*, Monica Padron Simões**, Erika Reis Toyoshima***,<br />

Michel Nicolau Youssef****, José Augusto Rodrigues*<br />

Resumo<br />

Dentes brancos são usualmente<br />

consi<strong>de</strong>rados um sinal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, juventu<strong>de</strong>,<br />

beleza e prosperida<strong>de</strong>. A<br />

clareação <strong>de</strong>ntária com o uso <strong>de</strong> peróxidos<br />

tem <strong>de</strong>monstrado ser uma<br />

intervenção estética que possibilita<br />

alterações favoráveis <strong>de</strong> cor dos elementos<br />

<strong>de</strong>ntários. A disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> procedimentos simples para a<br />

clareação vem aumentando o interesse<br />

público por cosméticos com<br />

produtos à base <strong>de</strong> peróxidos. Para<br />

facilitar a aplicação e diminuir o custo<br />

foi <strong>de</strong>senvolvido o sistema composto<br />

por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio<br />

6,5% impregnado em tiras plásticas<br />

que são inseridas diretamente nos<br />

arcos. Esse sistema é disponível para<br />

aquisição direta pelos pacientes e<br />

promove clareação <strong>de</strong>ntária efetiva.<br />

O presente artigo tem como objetivo<br />

a apresentação <strong>de</strong> um caso clínico<br />

<strong>de</strong> clareação <strong>de</strong>ntária utilizando<br />

o sistema composto por peróxido<br />

<strong>de</strong> hidrogênio 6,5% impregnado em<br />

tiras plásticas.<br />

Palavras-chave: Clareação <strong>de</strong>ntária. Estética. Agentes clareadores. Peróxido <strong>de</strong> hidrogênio.<br />

* Professores Doutores Adjuntos, Centro <strong>de</strong> Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (CEPPE),<br />

Área <strong>de</strong> Dentística, Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />

** Aluno do curso <strong>de</strong> mestrado, Pós-Graduação em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />

*** Mestre em Dentística pelo curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />

**** Professor Livre-docente da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e Professor do curso <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Cruzeiro do Sul.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007<br />

47


Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso utilizando sistema <strong>de</strong> tira plástica impregnada por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio 6,5%<br />

Em relação aos efeitos colaterais em tecidos<br />

duros, Duschner et al. 6 examinaram os efeitos<br />

do peróxido <strong>de</strong> hidrogênio para clareação<br />

<strong>de</strong>ntária com tiras plásticas nas concentrações<br />

<strong>de</strong> 6% e 6,5% e concluíram que não produzem<br />

mudanças histomorfológicas na superfície e<br />

subsuperfície ou microdureza e ultraestrutura<br />

do <strong>de</strong>nte tratado.<br />

Conclusões<br />

A clareação caseira tem sido utilizada <strong>de</strong><br />

forma crescente e uma nova técnica com o uso<br />

<strong>de</strong> tiras plásticas impregnadas por peróxido <strong>de</strong><br />

hidrogênio a 6,5% foi apresentada. É um procedimento<br />

eficaz, <strong>de</strong> uso fácil e seguro, que atinge<br />

resultados satisfatórios, tanto para o profissional<br />

quanto para o paciente.<br />

<strong>Dental</strong> bleaching – Case report performed with<br />

polyethylene strips system with 6.5% hydrogen<br />

peroxi<strong>de</strong> gel<br />

Abstract<br />

White teeth are consi<strong>de</strong>red a sign of health, youth,<br />

esthetic and prosperity. <strong>Dental</strong> bleaching is an esthetic<br />

intervention that achieves favorable alterations<br />

of color of <strong>de</strong>ntal elements. Simple procedures<br />

like at-home <strong>de</strong>ntal bleaching with products based<br />

on peroxi<strong>de</strong> have an increasing interest. The application<br />

with polyethylene strips and 6.5% hydrogen<br />

peroxi<strong>de</strong> gel inserted directly at <strong>de</strong>ntal arches<br />

facilitates the application and <strong>de</strong>creases the cost.<br />

This system can be acquired directly by patients as<br />

an over-the-counter product and presents effective<br />

results. The objective of the present paper is to<br />

present a case report performed with polyethylene<br />

strips with 6.5% hydrogen peroxi<strong>de</strong> gel.<br />

KEY WORDS: <strong>Dental</strong> bleaching. Esthetics. Bleaching agents. Hydrogen peroxi<strong>de</strong>.<br />

52 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007


Alessandra Cassoni, Monica Padron Simões, Erika Reis Toyoshima, Michel Nicolau Youssef, José Augusto Rodrigues<br />

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En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

José Augusto Rodrigues<br />

Universida<strong>de</strong> Guarulhos - Mestrado em Odontologia<br />

R. Nilo Peçanha, 81 - Centro - Guarulhos/SP - CEP: 07.011-040<br />

Email: guto_jar@yahoo.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007<br />

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Artigo <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Resistência a<strong>de</strong>siva na cimentação <strong>de</strong><br />

pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro utilizando<br />

diferentes sistemas a<strong>de</strong>sivos e<br />

agentes cimentantes<br />

Sanzio Marques*, Daniella Ferreira Hamdan**, Marcos Pinotti Barbosa***,<br />

Marcos Dias Lanza****<br />

Resumo<br />

A idéia <strong>de</strong> se usar os condutos radiculares<br />

como forma <strong>de</strong> retenção<br />

<strong>de</strong> restaurações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes tratados<br />

endodonticamente não é nova. A<br />

função do pino é oferecer retenção<br />

e suporte para o material restaurador.<br />

O presente trabalho avaliou a<br />

resistência a<strong>de</strong>siva <strong>de</strong> um sistema<br />

a<strong>de</strong>sivo dual (Excite DSC), um sistema<br />

a<strong>de</strong>sivo químico (Alloybond),<br />

um cimento resinoso dual (Variolink<br />

II) e um cimento resinoso<br />

químico (C&B Cement) na cimentação<br />

<strong>de</strong> pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />

(Reforpost). Foram utilizados quarenta<br />

caninos humanos hígidos,<br />

extraídos por indicação periodontal.<br />

Os <strong>de</strong>ntes tiveram suas coroas<br />

anatômicas seccionadas na junção<br />

amelocementária. Pinos <strong>de</strong> fibras<br />

<strong>de</strong> vidro Reforpost (Angelus) foram<br />

cimentados, sendo formados<br />

4 grupos com 10 corpos-<strong>de</strong>-prova<br />

cada. As amostras foram armazenadas<br />

em água <strong>de</strong>stilada a 37 0 C<br />

por 24 horas. Após este período, os<br />

<strong>de</strong>ntes foram fixados em tubos <strong>de</strong><br />

aço inoxidável com resina acrílica<br />

auto-polimerizável, com o auxílio<br />

<strong>de</strong> um paralelômetro. A seguir,<br />

um novo tubo <strong>de</strong> dimensões iguais<br />

foi posicionado sobre o primeiro e<br />

vertido sobre este resina acrílica,<br />

para reter o pino <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />

após sua presa. Um tubo guia, com<br />

pinos posicionadores em suas extremida<strong>de</strong>s,<br />

foi utilizado para padronizar<br />

todos os corpos-<strong>de</strong>-prova.<br />

Os corpos-<strong>de</strong>-prova foram posicionados<br />

em uma máquina <strong>de</strong> ensaios<br />

universais (Instron) on<strong>de</strong> se realizaram<br />

testes <strong>de</strong> tração dos mesmos.<br />

Na comparação entre os sistemas<br />

a<strong>de</strong>sivos, o Alloybond apresentou<br />

maiores resistências a<strong>de</strong>sivas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

do cimento resinoso<br />

utilizado. Os cimentos resinosos<br />

Variolink II e C&B Cement não<br />

apresentaram diferença estatisticamente<br />

significante entre si.<br />

Palavras-chave: Pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro. Pinos pré-fabricados. Dentes tratados endodonticamente. Pinos estéticos.<br />

* Mestre em Dentística Restauradora (FO-UFMG).<br />

Especialista em Prótese <strong>Dental</strong> (FORP-USP).<br />

** Cirurgiã-<strong>de</strong>ntista formada pela FO-UFMG.<br />

*** Professor Adjunto do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Mecânica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da UFMG.<br />

**** Professor Adjunto da FO-UFMG.<br />

54 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 54-66, abr./maio/jun. 2007


Sanzio Marques, Daniella Ferreira Hamdan, Marcos Pinotti Barbosa, Marcos Dias Lanza<br />

Adhesive resistance in fiberglass post<br />

cementation using different adhesive systems and<br />

cementing agents<br />

Abstract<br />

The i<strong>de</strong>a of using root canals for the retention of<br />

restorations of endodontically treated teeth is not<br />

new. The post function is to provi<strong>de</strong> retention and<br />

support for the restoration material. The present<br />

work assessed the adhesive resistance of one<br />

dual adhesive system (Excite DSC), one chemical<br />

adhesive system (Alloybond), one dual resin cement<br />

(Variolink II) and one chemical resin cement (C&B<br />

Cement) in fiberglass post cementation (Reforpost).<br />

Forty sound human canines, extracted due to<br />

periodontal problems, were used. The anatomic<br />

crowns of the teeth were cut at the cementoenamel<br />

junction. Fiberglass posts Reforpost (Angelus) were<br />

cemented, and 4 groups were formed with 10<br />

samples each. The samples were stored in distilled<br />

water at 37 0 C for 24 hours. After this period, the teeth<br />

were fixed in stainless steel tubes with self-curing<br />

acrylic resin using a parallelometer. Subsequently,<br />

a same size new tube was positioned upsi<strong>de</strong> down<br />

on the first one in or<strong>de</strong>r to hold the fiberglass post<br />

up after its setting. A gui<strong>de</strong> tube with positioning<br />

posts at both ends was used to standardize all<br />

the samples. The samples were positioned in an<br />

universal testing machine (Instron) for the traction<br />

tests. The comparison of the adhesive systems<br />

showed that Alloybond presented higher adhesive<br />

resistances, regardless of the resin cement used.<br />

There was no statistically significant difference<br />

between the resin cements Variolink II and C&B<br />

Cement.<br />

KEY WORDS: Fiberglass posts. Pre manufactured posts. Endodontically treated teeth. Esthetic posts.<br />

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R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 54-66, abr./maio/jun. 2007<br />

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En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Sanzio Marques<br />

R. Lavras 605, Bairro Umuarama<br />

CEP: 37.902-314 - Passos / MG<br />

E-mail: sanzio@sorrisobelo.com.br<br />

66 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 54-66, abr./maio/jun. 2007


Artigo Inédito<br />

Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s:<br />

diagnóstico, planejamento e<br />

tratamento restaurador direto<br />

Guilherme Boselli*, Renata Corrêa Pascotto**<br />

Resumo<br />

As discrepâncias <strong>de</strong> forma e tamanho<br />

<strong>de</strong>ntário são um achado<br />

comum na clínica odontológica e,<br />

entre elas, os incisivos laterais conói<strong>de</strong>s<br />

ou coniformes estão entre<br />

as mais freqüentes. Essa anomalia<br />

atinge aproximadamente 1% da<br />

população e tem uma característica<br />

segregativa muito forte, o que gera<br />

<strong>de</strong>sarmonia no sorriso. O presente<br />

trabalho exemplifica, por meio da<br />

apresentação <strong>de</strong> uma breve revisão<br />

bibliográfica e <strong>de</strong> um caso clínico, a<br />

possibilida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> um<br />

correto diagnóstico, planejamento<br />

e tratamento restaurador estético<br />

conservador, utilizando a resina<br />

composta como material restaurador<br />

direto.<br />

Palavras-chave: Dentes conói<strong>de</strong>s. Resina composta. Matriz <strong>de</strong> silicone.<br />

* Acadêmico do curso <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá - UEM.<br />

** Professora adjunto na área <strong>de</strong> Dentística do Curso <strong>de</strong> Odontologia da<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá - UEM.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007<br />

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Guilherme Boselli, Renata Corrêa Pascotto<br />

seja, em uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> aparecimento dos <strong>de</strong>ntes<br />

que possibilite um resultado o mais harmonioso<br />

e natural possível.<br />

A transferência das medidas e formatos<br />

<strong>de</strong>ntários planejados no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> estudo para<br />

os <strong>de</strong>ntes em questão po<strong>de</strong> ser realizada, seguramente,<br />

utilizando-se <strong>de</strong> um guia (muralha)<br />

<strong>de</strong> silicone. Esta manobra se mostra muito útil<br />

durante a realização do procedimento restaurador,<br />

poupando tempo clínico. Sua confecção<br />

é simples, mas <strong>de</strong>ve seguir alguns cuidados,<br />

como o correto recorte (Fig. 4), principalmente<br />

na parte que correspon<strong>de</strong>rá às incisais, <strong>de</strong><br />

forma que o fino incremento colocado sobre<br />

o guia ocupe somente a área correspon<strong>de</strong>nte<br />

à face lingual do <strong>de</strong>nte em questão, evitando<br />

assim excessos que impossibilitem a correta<br />

estratificação da restauração.<br />

A obtenção da excelência no uso <strong>de</strong> restaurações<br />

diretas em resina composta requer, do<br />

profissional, um aprimoramento no protocolo<br />

<strong>de</strong> aplicação do material, já que a melhora<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s ópticas do material exige um<br />

treinamento quanto à seleção <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> diferentes<br />

cores, transluci<strong>de</strong>z e opacida<strong>de</strong>s, para<br />

o domínio completo da técnica.<br />

Conclusão<br />

É sempre muito importante realizar um diagnóstico<br />

correto das anomalias <strong>de</strong> forma e tamanho<br />

<strong>de</strong>ntário, assim como os problemas por elas<br />

causados. É nele que <strong>de</strong>ve se basear o planejamento<br />

<strong>de</strong> qualquer alternativa <strong>de</strong> tratamento.<br />

Se as condições <strong>de</strong> alinhamento e inclinação<br />

dos incisivos laterais conói<strong>de</strong>s forem favoráveis,<br />

o tratamento restaurador direto mostrase<br />

como uma ótima alternativa e a confecção<br />

<strong>de</strong> um guia <strong>de</strong> silicone uma manobra muito útil<br />

como auxiliar nesse procedimento.<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar também a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> integração com outras áreas como<br />

a Ortodontia, para o alinhamento dos casos<br />

on<strong>de</strong> ocorram angulações ou giroversões que<br />

exijam um <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>snecessário da estrutura<br />

<strong>de</strong>ntária sadia, e da Periodontia, quando<br />

houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regularização do arco<br />

gengival que esteja comprometendo a harmonia<br />

do sorriso.<br />

Conoid lateral incisors: diagnosis, plan and direct<br />

restorative treatment<br />

Abstract<br />

The discrepancies of the <strong>de</strong>ntal shape and size are<br />

usual in the <strong>de</strong>ntal clinic and the conoid lateral incisors<br />

are the most frequently problem. This anomaly occurs<br />

in approximately 1% of the population and has a very<br />

strong segregate characteristic, creating a smile<br />

disharmony. This work presents a brief literature<br />

review of a clinical case, showing the possibility of a<br />

correct diagnosis, plan and an aesthetic restorative<br />

treatment using a composite resin as a <strong>de</strong>ntal<br />

material for direct use.<br />

KEY WORDS: Conoid teeth. Composite resin. Silicon matrix.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007<br />

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Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s: diagnóstico, planejamento e tratamento restaurador direto<br />

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8. OOSHIMA, T.; ISHIDA, R.; MISHIMA, K.; SOBUE, S. The prevalence<br />

of <strong>de</strong>velopmental anomalies of teeth and their association with<br />

tooth size in the primary and permanent <strong>de</strong>ntitions of 1650 Japanese<br />

children. Int. J. Paediatr. Dent., Oxford, v. 6, no. 2, p. 87-94,<br />

June 1996.<br />

9. RUFENACHT, C. R. Princípios da integração estética. São Paulo:<br />

Quintessence, 2003.<br />

10. WU, H.; FENG, H. L. A survey of number and morphology<br />

anomalies in permanent teeth of 6 453 youths between 17 to<br />

21 years old. Zhonghua Kou Qiang Yi Xue Za Zhi, Beijing, v. 40,<br />

no. 6, p. 489-490, Nov. 2005.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Renata C. Pascotto<br />

Av. Dr. Luiz Teixeira Men<strong>de</strong>s, 495 - Sala 1 - Zona 4<br />

Cep: 87.015-000 - Maringá - PR<br />

E-mail: rpascotto@uol.com.br<br />

96 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007


Artigo Inédito<br />

A ciência da beleza do sorriso<br />

Ana Carolina Francischone*, José Mon<strong>de</strong>lli**<br />

Resumo<br />

Os princípios estéticos participam<br />

<strong>de</strong> forma muito importante na<br />

Odontologia restauradora, protética<br />

e corretiva ortodôntica. A busca pelos<br />

padrões <strong>de</strong> beleza e perfeição das<br />

formas e dimensões tem proporcionado<br />

uma supervalorização da apa-<br />

rência <strong>de</strong> cada indivíduo <strong>de</strong>ntro da<br />

socieda<strong>de</strong>. Este trabalho tem como<br />

objetivo mostrar a importância <strong>de</strong><br />

normas, princípios ou parâmetros<br />

existentes para auxiliar os profissionais<br />

a tornarem mais agradável o<br />

sorriso dos pacientes.<br />

Palavras-chave: Proporção áurea. Estética. Fórmulas para <strong>de</strong>terminação da<br />

largura dos incisivos centrais.<br />

* Doutoranda em Dentística pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru (FOB - USP).<br />

** Professor Titular e Chefe do Departamento <strong>de</strong> Dentística da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru<br />

(FOB - USP).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 97-106, abr./maio/jun. 2007<br />

97


A ciência da beleza do sorriso<br />

CONCLUSÃO<br />

Com base nos resultados obtidos pelo trabalho<br />

biométrico <strong>de</strong> Francischone 4 , a fórmula<br />

<strong>de</strong> Mon<strong>de</strong>lli 13 (LC = 0,155 x LS) mostra-se precisa<br />

para a <strong>de</strong>terminação da largura dos incisivos<br />

centrais superiores. Sendo assim, essa<br />

fórmula po<strong>de</strong> ser usada para a <strong>de</strong>terminação<br />

da largura dos incisivos centrais em casos<br />

<strong>de</strong> pacientes totalmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntados, para<br />

planejamento estético restaurador e também<br />

para a reabilitação em próteses sobre<br />

implantes.<br />

The science of beautiful smiles<br />

Abstract<br />

The esthetic principles have a fundamental<br />

role in Restorative and Prosthetic Dentistry,<br />

as well as in Corrective Orthodontics. The<br />

search for a more attractive appearance in<br />

<strong>de</strong>sign and dimensions has overemphasized<br />

individual’s characteristics in mo<strong>de</strong>rn society.<br />

This paper aims to show the importance of<br />

rules, principles or existing parameters that<br />

allow professionals to construct more pleasant<br />

smiles for patients.<br />

KEY WORDS: FALTA KEY-WORDS<br />

Referências<br />

1. ALBERS, H. F. et al. Esthetic treatment planning. A<strong>de</strong>pt Rep., Santa<br />

Rosa, v. 3, no. 4, p. 45-52, 1992.<br />

2. BLACK, G. V. A work on operative <strong>de</strong>ntistry: the technical procedures<br />

in filling teeth. Med. Dent. J., Chicago, v. 2, p.110-215, 1908.<br />

3. BLACK, G. V. Descriptive anatomy of the human teeth. Phila<strong>de</strong>lphia:<br />

The Wilmington <strong>Dental</strong> Manufacturing, 1890.<br />

4. FRANCISCHONE, A. C. Prevalência das proporções áurea e estética<br />

dos <strong>de</strong>ntes ânterosuperiores e respectivos segmentos <strong>de</strong>ntários<br />

relacionadas com a largura do sorriso em indivíduos com<br />

oclusão normal. 2005. 81 f. Dissertação (Mestrado)-Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Odontologia <strong>de</strong> Bauru, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Bauru, 2005.<br />

5. GERMINIANI, W. I. S.; TERADA, H. H. Avaliação da preferência estética<br />

<strong>de</strong> cirurgiões <strong>de</strong>ntistas (clínicos gerais e ortodontistas),<br />

acadêmicos <strong>de</strong> Odontologia e leigos quanto às medidas indicadas<br />

por proporções conhecidas como padrão estético para o sorriso.<br />

Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estet., Maringá, v. 3, n. 3, p. 85-99, 2006.<br />

6. GIL, C. T. L. A. Proporção áurea craniofacial. São Paulo: Ed. Santos,<br />

2001.<br />

7. JOHNSON, P. F. Racial norms: esthetic and prosthodontic implications.<br />

J. Prosthet. Dent., St. Louis, v. 67, no. 4, p. 50-28, Apr. 1992.<br />

8. LERMAN, S. História da Odontologia. Buenos Aires: El Ateno,<br />

1942.<br />

9. LEVIN, E. I. <strong>Dental</strong> esthetics and gol<strong>de</strong>n proportion. J. Prosthet.<br />

Dent., St. Louis, v. 40, no. 3, p. 244-252, Sept. 1978.<br />

10. LEW, K. K. K.; KENG, S. B. Anterior crown dimensions and relationship<br />

in an ethnic Chinese population with normal occlusions.<br />

Aust. Orthod. J., Brisbane, v. 12, no. 2, p. 105-119, Oct. 1991.<br />

11. LOMBARDI, R. E. The principles of visual perception and their clinical<br />

application to <strong>de</strong>nture esthetics. J. Prosthet. Dent., St. Louis,<br />

v. 29, no. 4, p. 358-382, Apr. 1973.<br />

12. LOMBARDI, R. E. A method for the classification of errors in <strong>de</strong>ntal<br />

esthetics. J. Prosthet. Dent., St. Louis, v. 32, no. 5, p. 501-513, Nov.<br />

1974.<br />

13. MONDELLI, J. Estética e cosmética em clínica integrada restauradora.<br />

São Paulo: Ed. Santos, 2003.<br />

14. RUFENACHT, C. Fundamentos <strong>de</strong> estética. São Paulo: Ed. Santos,<br />

1998.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Ana Carolina Francischone<br />

Rua Vicente Scaglione, .1-60 - Jardim Samambaia<br />

CEP: 17.043-081 - Bauru/SP<br />

E-mail: afrancischone@hotmail.com<br />

106 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 97-106, abr./maio/jun. 2007


Artigo Clínico<br />

Agenesia dos incisivos laterais:<br />

um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a<br />

Odontologia Estética<br />

Luís Antônio Felippe*<br />

Resumo<br />

O potencial <strong>de</strong> algumas técnicas<br />

restauradoras atuais para o tratamento<br />

da agenesia dos incisivos<br />

laterais superiores está apresentado<br />

neste artigo. Apesar <strong>de</strong> ter um<br />

diagnóstico precoce na maioria<br />

dos casos, o tratamento estético<br />

muitas vezes é <strong>de</strong>ixado para a fase<br />

adulta do paciente, com grave envolvimento<br />

psicológico do mesmo.<br />

A abordagem multidisciplinar para<br />

este tipo <strong>de</strong> anomalia <strong>de</strong>ve envol-<br />

ver o ortodontista, o implantodontista<br />

e o esteticista <strong>de</strong>ntal. Quanto<br />

antes se inicia o planejamento e<br />

o tratamento do caso, provavelmente<br />

melhor será a solução. Uma<br />

boa combinação das especialida<strong>de</strong>s<br />

ligadas à Odontologia Estética<br />

parece a melhor resolução, po<strong>de</strong>ndo<br />

utilizar um longo período<br />

<strong>de</strong> tratamento. Os tratamentos<br />

estéticos atuais com restaurações<br />

<strong>de</strong> resina e lâminas <strong>de</strong> porcelana,<br />

po<strong>de</strong>m oferecer excelentes resul-<br />

tados em curto espaço <strong>de</strong> tempo e<br />

são especialmente indicados para<br />

pacientes adultos. Estas técnicas<br />

exigem treinamento e experiência<br />

do <strong>de</strong>ntista, além <strong>de</strong> um protocolo<br />

<strong>de</strong> trabalho bem <strong>de</strong>finido. A utilização<br />

cada vez maior <strong>de</strong> resinas<br />

restauradoras é conseqüência da<br />

gran<strong>de</strong> evolução nos últimos anos.<br />

Novos conceitos, materiais e técnicas<br />

restauradoras estão aliados ao<br />

conservadorismo e reversibilida<strong>de</strong><br />

da técnica com o uso <strong>de</strong> resinas.<br />

Palavras-chave: Restauração estética. Restauração <strong>de</strong> resina. Resinas compostas.<br />

* Professor dos Cursos <strong>de</strong> Odontologia Estética do Instituto Proffel - Florianópolis - SC.<br />

Especialista, mestre e doutorando em Dentística Operatória pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina - UFSC.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007<br />

107


Agenesia dos incisivos laterais: um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a Odontologia Estética<br />

e <strong>de</strong>ve li<strong>de</strong>rar os objetivos, em conjunto com<br />

os conceitos <strong>de</strong> cor e forma. Todos estes fatores<br />

aumentam o tempo restaurador na técnica<br />

atual. Desta forma, o acabamento e polimento<br />

estão cada vez mais breves, limitados<br />

a pouco excesso cervical e proximal. Instrumentais<br />

como lâmina fina <strong>de</strong> bisturi número<br />

12, indicada para os excessos cervicais, lixas<br />

rotatórias <strong>de</strong> plástico fino 3M Soflex (# 4931)<br />

ou Oraltech e lixas manuais finas são usadas<br />

nas áreas proximais.<br />

7) Imagem auxiliar: trabalhar com equipamento<br />

<strong>de</strong> imagem <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> é fundamental<br />

para todas as fases do tratamento<br />

estético. A comparação e a evolução do caso<br />

<strong>de</strong>vem ser plenamente documentadas. A visão<br />

frontal do monitor é mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e po<strong>de</strong> revelar diferenças na macroforma durante<br />

a restauração direta dos <strong>de</strong>ntes, ainda<br />

em tempo <strong>de</strong> serem resolvidas.<br />

Lateral incisor absence: a huge challenge for the<br />

Esthetic Dentistry<br />

Abstract<br />

The potential of contemporary restorative<br />

techniques on treating the absence of upper lateral<br />

incisors is presented on this article. Even with early<br />

diagnose, on most of the cases, esthetic treatment<br />

is often carried out on the patient’s fully-grown<br />

stage, with great psychological involvement of<br />

the patient. The multidisciplinary approach for this<br />

type of anomaly should inclu<strong>de</strong> the orthodontist,<br />

the implantology specialist and the esthetic<br />

<strong>de</strong>ntistry specialist. The resolution of the case is<br />

directly related to the early planning and beginning<br />

of the treatment. A good coordination among the<br />

specialties related to the Esthetic Dentistry seems<br />

to be the better way to treat these cases, and a long<br />

time of treatment can be used. The mo<strong>de</strong>rn esthetic<br />

treatments with composite and porcelain veneers<br />

can offer excellent results and are recommen<strong>de</strong>d<br />

for adult patients. These techniques <strong>de</strong>mand a lot<br />

of practice and experience from the <strong>de</strong>ntist and a<br />

well established clinical protocol. The crescent use<br />

of composites due to its recent evolution opposes<br />

to the use of porcelain. New concepts, materials<br />

and restorative techniques are allied to teeth<br />

conservativeness and technique reversibility.<br />

KEY WORDS: Composite resin. Direct composite resin. Resin restoration. Esthetic restoration.<br />

122 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007


Luís Antônio Felippe<br />

Referências<br />

1. DAVIS, L. G. Psychological effects of aesthetic <strong>de</strong>ntal treatment.<br />

J. Dent., Bristol, v. 26, no. 7, p. 547-554, 1998.<br />

2. DIETSCHI, D. Freehand composite resin restorations: a key to<br />

anterior aesthetics. Pract. Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah,<br />

v. 7, no. 6, p. 15-25, 1995.<br />

3. FAHL, N. J.; DENEHY, G. E.; JACKSON, R. D. Protocol for predictable<br />

restoration of anterior teeth with composite resin. . Pract.<br />

Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah, v. 7, n. 8, p. 13-21, 1995.<br />

4. FELIPPE, L. A. Restaurações estéticas com resinas compostas:<br />

a evolução da técnica. Dent. Sci. J. Aust., Sydney, v. 1, n. 1, p.<br />

54¬64, 2007.<br />

5. FELIPPE, L. A.; BARATIERI, L. N.; MONTEIRO JÚNIOR, S. et al.<br />

Fibras <strong>de</strong> reforço para uso odontológico: fundamentos básicos<br />

e aplicações clínicas. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v.<br />

55, n. 4, p. 245¬249, 2001.<br />

6. FELIPPE, L. A.; MONTEIRO JR., S.; RITTER, A. V. Clinical strategies<br />

for success in proximoincisal composite restorations. Part I:<br />

un<strong>de</strong>rtanding color and composite selection. J. Esthet. Restor.<br />

Dent., Hamilton, v. 16, no. 6, p. 336-347, 2004.<br />

7. FELIPPE, L. A.; MONTEIRO JR., S.; RITTER, A. V. Clinical strategies<br />

for success in proximoincisal composite restorations. Part<br />

II: composite Application Technique. J. Esthet. Restor. Dent.,<br />

Hamilton, v. 17, no. 1, p. 11-21, 2005.<br />

8. GOLDSTEIN, R. E. A estética em Odontologia. 2. ed. São Paulo:<br />

Ed. Santos, 1999. v. 1, p. 3-50.<br />

9. O’BRIEN, W. J. Double layer effect and other optical phenomena<br />

related to esthetics. Dent. Clin. North Am., Phila<strong>de</strong>lphia, v.<br />

29, no. 4, p. 667-672, 1985.<br />

10. VANINI, L. Light and color in anterior composite restorations.<br />

Pract. Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah, v. 8, no.3, p.<br />

673–682, 1996.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Luís Antônio Felippe<br />

Rua Hamburgo 47 - Córrego Gran<strong>de</strong> Florianópolis - SC.<br />

CEP 88037-380.<br />

E-mail: proffel@terra.com.br - www.proffel.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007<br />

123


Manual <strong>de</strong> instruções<br />

Editorial<br />

Please read<br />

instructions for use<br />

Sidney Kina<br />

Quem nunca pegou um kit novo <strong>de</strong> sistema a<strong>de</strong>sivo,<br />

abriu, analisou seus frascos, aplicou, errou (ou acertou),<br />

tentou <strong>de</strong> novo, acertou (ou errou), até que num belo dia,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns problemas (i)mediatos, se <strong>de</strong>parou, por<br />

acaso, com o guia <strong>de</strong> instruções no fundo da caixa e, por<br />

falta do que fazer, começou a lê-lo. De repente, surpresa:<br />

as soluções para seus problemas estão ali <strong>de</strong>scritas, clareando<br />

seus conceitos, indo <strong>de</strong> acordo (ou <strong>de</strong>sacordo) com<br />

idéias que você já havia intuído. Lembro-me da primeira<br />

vez que fui utilizar um kit <strong>de</strong> cimento resinoso, o qual traz<br />

seu próprio sistema a<strong>de</strong>sivo. Ao me <strong>de</strong>parar com o lindo<br />

estojo observei a presença dos frascos do sistema a<strong>de</strong>sivo,<br />

porém ao lado havia um espaço vazio para um terceiro<br />

frasco. Como não havia uma seringa <strong>de</strong> ácido fosfórico a<br />

37%, logo <strong>de</strong>duzi que seria para ele. Como ácido é um produto<br />

comum a vários sistemas a<strong>de</strong>sivos, não tive dúvida:<br />

peguei o ácido <strong>de</strong> outro estojo e apliquei junto ao novo.<br />

Muito tempo <strong>de</strong>pois, assistindo uma palestra <strong>de</strong>scobri<br />

que na verda<strong>de</strong> o sistema a<strong>de</strong>sivo era do tipo auto-condicionante<br />

(self-etching), portanto, sem a necessida<strong>de</strong> do<br />

ácido, e que o espaço vazio no estojo era reservado para<br />

um primer, no caso <strong>de</strong> cimentações <strong>de</strong> estruturas metálicas.<br />

Sabe, acho que o manual <strong>de</strong> instruções está citado<br />

nas leis <strong>de</strong> Murphy. Ela <strong>de</strong>screve situações mais ou menos<br />

assim: quando você estiver manipulando algo novo,<br />

equipamento ou produto, e já apertou todos os botões<br />

possíveis e/ou misturou e aplicou todos os ingredientes<br />

nas seqüências mais variadas, e... tudo <strong>de</strong>u errado, é hora<br />

<strong>de</strong> tentar ler o manual <strong>de</strong> instruções. O mais interessante,<br />

é que essa lei (assim como todas as outras <strong>de</strong> Murphy),<br />

geralmente, e infelizmente, é um retrato da realida<strong>de</strong>. Somos<br />

avessos a manuais e bulas. Por algum motivo misterioso,<br />

mesmo aqueles encartes bonitinhos, com <strong>de</strong>senhos<br />

auto-explicativos, são geralmente ignorados. É quase um<br />

impulso. Hoje, sempre que me <strong>de</strong>paro com novos produtos<br />

a primeira regra é a mais lógica: ler as instruções<br />

(mesmo contrariando minha intuição, do “já sei utilizar”).<br />

Não só eu leio, como toda minha equipe lê – muitas vezes,<br />

a maioria das vezes, quem manipula os materiais. Não<br />

raro, pequenas alterações <strong>de</strong> tempo, seqüência, técnica e/<br />

ou instrumentais <strong>de</strong> manipulação variam <strong>de</strong> produto para<br />

produto, <strong>de</strong> marca para marca e, por vezes, dicas importantes<br />

po<strong>de</strong>m ser encontradas nas instruções. Eu sei que<br />

você já assistiu cursos <strong>de</strong> professores que recomendam a<br />

utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> formas diferentes<br />

das <strong>de</strong>scritas nas bulas. Professores adoram fazer isto – às<br />

vezes estão certos, às vezes trata-se <strong>de</strong> marketing pessoal,<br />

mas este é tema para outro editorial. Assim, acredite: o<br />

caminho mais rápido e seguro para aproveitar ao máximo<br />

os diferentes produtos e equipamentos continua sendo<br />

o manual <strong>de</strong> instruções. Por mais chato que pareça ser,<br />

leia-o.<br />

Antes <strong>de</strong> encerrar, permita-me convidá-lo para o XIII<br />

Encontro Anual da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia<br />

Estética - SBOE, o Esthetics in Foz 2007, nos dias 20 a 23<br />

<strong>de</strong> junho. Com uma gra<strong>de</strong> científica impecável, eclética e<br />

atualizada, combina várias filosofias e pensamentos que<br />

<strong>de</strong>terminam o rumo da Odontologia contemporânea. De<br />

quebra, o evento será realizado numa das paisagens mais<br />

fantásticas do mundo: as Cataratas do Iguaçu. Participe,<br />

será uma alegria vê-lo em Foz do Iguaçu.<br />

Boa leitura.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 3, abr./maio/jun. 2007<br />

3


Entrevista<br />

João Carlos Gomes<br />

Quem já teve a feliz oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conviver ou pelo menos ter participado <strong>de</strong> um dos cursos do<br />

Prof. João Carlos Gomes, sabe do dinamismo, competência e paixão com que ele trata a Odontologia.<br />

Professor <strong>de</strong> inúmeras qualida<strong>de</strong>s, atualmente ocupa, pela segunda vez, a Reitoria da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa. Conhecedor, como poucos, da vida e política acadêmica, em sua entrevista<br />

nos brinda com esclarecimentos não só <strong>de</strong> aspectos clínicos, como também da ciência, ensino e da<br />

alegria na Odontologia.<br />

O senhor teve uma carreira acadêmica brilhante e<br />

muita rápida, sendo reitor pela primeira vez bastante<br />

jovem. Como <strong>de</strong>screveria sua experiência com um<br />

cargo <strong>de</strong> tal responsabilida<strong>de</strong> e normalmente ocupado<br />

por professores mais velhos<br />

Sem dúvida, uma experiência muito interessante.<br />

Na minha primeira gestão como reitor da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa - UEPG (1991-1994)<br />

fui o reitor mais jovem <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong> pública<br />

brasileira, na época tinha 33 anos, quando assumi o<br />

cargo. Agora estou ocupando o cargo <strong>de</strong> reitor novamente,<br />

porém, com maior experiência <strong>de</strong> vida e na<br />

própria função. O cargo <strong>de</strong> reitor nos proporciona<br />

oportunida<strong>de</strong>s ímpares <strong>de</strong> conhecimento do Ensino<br />

Superior no Brasil e exterior, bem como um permanente<br />

convívio com a aca<strong>de</strong>mia.<br />

Cada vez mais o Brasil tem sido respeitado como fonte<br />

<strong>de</strong> professores competentes e fonte <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

conhecimento. Como tem acompanhado o papel brasileiro<br />

no cenário latino-americano<br />

No cenário latino-americano o Brasil é, sem dúvida nenhuma,<br />

o país com maior produção científica em Odontologia,<br />

o que o faz muito respeitado pelos nossos irmãos<br />

latinos. A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos professores, ministrantes<br />

<strong>de</strong> cursos e conferências no exterior, também tem sido<br />

um dos fatores importantes na nossa credibilida<strong>de</strong> científica<br />

e profissional em toda a América Latina. Hoje, praticamente<br />

em todas a especialida<strong>de</strong>s, o ministrante brasileiro<br />

é um dos mais requisitados e prestigiados.<br />

22 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 22-29, abr./maio/jun. 2007


João Carlos Gomes<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. v. 4, n. 2, p. 22-29, abr./maio/jun. 2007<br />

23


Acontecimentos<br />

Odontologia Estética ganha novo livro<br />

editado pela <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong><br />

A <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Editora acaba <strong>de</strong> lançar um novo título: Invisível - restaurações estéticas cerâmicas,<br />

do autor Sidney Kina, editor da <strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética.<br />

Lançado entre os dias 17 e 21 <strong>de</strong> abril, em Florianópolis (SC), durante o evento “Congresso Internacional<br />

da <strong>Revista</strong> Clínica”, realizado no Costão do Santinho, em cerimônia que contou com<br />

inúmeros especialistas em Dentística do país e foi sucesso entre os leitores.<br />

Encomendas do livro po<strong>de</strong>m ser feitas pelo e-mail <strong>de</strong>ntal@<strong>de</strong>ntalpress.com.br ou pelo fone/fax<br />

(44) 3262-2425.<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Editora<br />

A SBOE (Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia Estética) foi representada, entre outros<br />

membros, pela Dra. Claudia Cia Worschech, Diretora Científica da SBOE, com<br />

o autor Sidney Kina.<br />

Doutores Ronaldo Hirata (Curitiba/PR), Sidney Kina,<br />

o autor (Maringá/PR), Paulo Kano (São Paulo/SP) e<br />

August Bruguera, co-autor (Espanha).<br />

O atual presi<strong>de</strong>nte da SBOE - Socieda<strong>de</strong> Brasileira<br />

<strong>de</strong> Odontologia Estética, Dr. Jairo Pires <strong>de</strong> Oliveira<br />

(Ribeirão Preto/SP) com as colaboradoras da entida<strong>de</strong><br />

Elizabeth Salgado e Catarina Sanches.<br />

Dr. Luiz Narciso Baratieri (Florianópolis/SC), coor<strong>de</strong>nador<br />

do Congresso Internacional da <strong>Revista</strong><br />

Clínica, com o autor do novo livro sobre restaurações<br />

estéticas cerâmicas.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 133, abr./maio/jun. 2007<br />

133


Caso Selecionado<br />

Harmonia<br />

Sidney Kina e José Carlos Romanini<br />

Na busca para encontrar uma composição agradável<br />

no sorriso, alguns fatores <strong>de</strong> composição estética<br />

<strong>de</strong>vem ser observados, para orientação na execução<br />

<strong>de</strong> nossos trabalhos clínicos. Segundo Gerald<br />

Chiche 1 , quatro fatores po<strong>de</strong>m ser efetivamente<br />

aplicados ao sorriso: estruturas <strong>de</strong> referência, proporção,<br />

simetria e perspectiva, on<strong>de</strong>, com base nos<br />

padrões médios <strong>de</strong>stes, po<strong>de</strong>mos focar uma imagem<br />

para servir <strong>de</strong> guia em nossos trabalhos clínicos. As<br />

relações e proporções <strong>de</strong>ntárias no segmento anterior<br />

<strong>de</strong>terminam, praticamente, o equilíbrio e a<br />

percepção estética <strong>de</strong> um sorriso. Incisivos centrais,<br />

com proporções médias maiores que os outros elementos<br />

<strong>de</strong>ntários anteriores, posição central e simetria,<br />

se apresentam como elementos dominantes<br />

na composição do sorriso. Essa colocação parece ser<br />

consenso nos muitos tratados e estudos sobre composição<br />

e arranjos <strong>de</strong>ntários estéticos. Em verda<strong>de</strong>,<br />

essa preferência por centrais dominantes no sorriso<br />

é bastante natural, uma vez que a dominância é<br />

requisito fundamental para proporcionar unida<strong>de</strong>,<br />

força, jovialida<strong>de</strong> e sensualida<strong>de</strong> em uma composição<br />

<strong>de</strong>ntária. Neste caso clínico selecionado vamos<br />

analisar estes fundamentos e aplicá-los. Observe,<br />

na situação clínica inicial, a paciente submetida ao<br />

tratamento restaurador, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>ntes 12, 11 e<br />

22 receberam facetas diretas <strong>de</strong> resina composta<br />

combinadas com restaurações, para o fechamento<br />

das ameias gengivais. Infelizmente o novo contorno<br />

<strong>de</strong>ntário criou excessos interproximais, dificultando<br />

a higienização, e a falta <strong>de</strong> dominância dos incisivos<br />

centrais <strong>de</strong>termina um arranjo sem coesão<br />

e estética sem expressão. Para correção, o planejamento<br />

<strong>de</strong> laminados cerâmicos nos quatro incisivos<br />

foi sugerido para construção <strong>de</strong> um arranjo <strong>de</strong>ntário<br />

com padrões estéticos mais a<strong>de</strong>quados e, especialmente,<br />

com harmonia, através do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> imagens possíveis, persuasivas<br />

aos nossos sentidos para indicar ou iludir <strong>de</strong> forma<br />

agradável e com equilíbrio.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 67-88, abr./maio/jun. 2007<br />

67


Biologia da Estética<br />

124 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007


Alberto Consolaro<br />

Abrasão <strong>de</strong>ntária:<br />

importância do seu diagnóstico<br />

diferencial com outras lesões<br />

cervicais<br />

Por<br />

Alberto Consolaro<br />

A sonorida<strong>de</strong> parecida dos nomes e os conceitos<br />

aprendidos pelo processo <strong>de</strong> memorização - quando<br />

<strong>de</strong>corar foi necessário, para efeito <strong>de</strong> provas, sem que<br />

houvesse aplicação imediata do conhecimento construído<br />

- justificam a confusão terminológica quanto<br />

à atrição, abrasão, erosão e abfração. Os profissionais<br />

têm dificulda<strong>de</strong> em distingui-las.<br />

Em artigo anterior 4 , discorremos sobre a nomenclatura,<br />

a classificação, os conceitos, as causas e os<br />

aspectos clínicos, imaginológicos e microscópicos<br />

das Lesões dos Tecidos Dentários Mineralizados Induzidas<br />

Diretamente por Agentes Físicos e Químicos,<br />

muitas vezes equivocadamente referidas como “<strong>de</strong>sgastes<br />

<strong>de</strong>ntários” ou como “lesões cervicais não cariosas”.<br />

Em outro artigo anterior, a<strong>de</strong>ntramos nos conceitos,<br />

causas e aspectos clínicos, imaginológicos e microscópicos,<br />

bem como nas implicações terapêuticas<br />

e preventivas da Abfração 2 . Mais recentemente, fizemos<br />

o mesmo com a Atrição 5 . Neste artigo, propusemo-nos<br />

a discorrer sobre a Abrasão.<br />

O que estas Lesões dos Tecidos Dentários Mineralizados<br />

Induzidas Diretamente por Agentes Físicos e Químicos<br />

têm a ver com a biologia da estética Tudo, pois<br />

além <strong>de</strong> alterarem as formas coronárias, alteram as<br />

funções <strong>de</strong>ntárias, promovem sintomatologia e ainda<br />

<strong>de</strong>terminam um envelhecimento no sorriso do paciente.<br />

Corrigir estas lesões nos tecidos <strong>de</strong>ntários mineralizados<br />

nos cabe, como profissionais da Odontologia,<br />

mas também nos cabe prevenir que elas ocorram, induzindo<br />

um comportamento preventivo em nossos<br />

pacientes e na população. Para tal <strong>de</strong>vemos conhecer e<br />

distinguir minuciosamente cada um dos aspectos envolvidos<br />

nestas lesões <strong>de</strong>ntárias.<br />

Com a diminuição, e até eliminação da cárie, os<br />

<strong>de</strong>ntes continuarão a gerar preocupações nas pessoas<br />

por alterações como, por exemplo, a abfração, atrição,<br />

abrasão, erosão, fraturas <strong>de</strong>ntárias e alterações <strong>de</strong><br />

cor: quanto mais diferenciada a prática odontológica,<br />

maior a preocupação com estes temas.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />

125


Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />

Abrasão <strong>de</strong>ntária: porque seu diagnóstico diferencial<br />

das <strong>de</strong>mais lesões cervicais não cariosas é importante<br />

O termo “lesões <strong>de</strong>ntárias cervicais não cariosas” é<br />

muito amplo e, apesar dos textos, <strong>de</strong> um modo geral,<br />

incluirem apenas a abfração, abrasão e erosão <strong>de</strong>ntária,<br />

<strong>de</strong>ver-se-iam incluir também outras alterações, já<br />

que sua natureza é negativa e exclu<strong>de</strong>nte. Assim, <strong>de</strong>veriam<br />

estar incluídas como lesões cervicais não cariosas<br />

a reabsorção cervical externa, o sulco palatogengival,<br />

a projeção cervical do esmalte e as fraturas coronorradiculares,<br />

que nem citados são quando este tema é<br />

abordado. Se estas lesões forem assim <strong>de</strong>nominadas<br />

<strong>de</strong>veria ser excluída a atrição, mas geralmente ela é<br />

“estudada” como uma das lesões <strong>de</strong>ntárias cervicais<br />

não cariosas!<br />

Parece lógico que não <strong>de</strong>vemos usar <strong>de</strong> forma generalizada<br />

e indistinta o termo “lesões cervicais não<br />

cariosas” para toda e qualquer lesão cervical, pois cada<br />

uma das situações requer uma conduta e terapêutica<br />

diferentes e específicas. Para cada diagnóstico estabelecido<br />

se adota um protocolo <strong>de</strong> conduta e tratamento,<br />

gerando prognósticos diferentes. Sem i<strong>de</strong>ntificar a<br />

causa e <strong>de</strong>finir o diagnóstico com precisão, qualquer<br />

tratamento ten<strong>de</strong> a ter gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong> insucesso ao<br />

longo do tempo. Como discorremos em artigo anterior<br />

4 , é possível e necessário diferenciar clinicamente,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista terapêutico e preventivo, a abfração<br />

da abrasão.<br />

Entre os vários critérios que caracterizam uma entida<strong>de</strong><br />

clínica, e por extensão uma lesão, está a existência<br />

<strong>de</strong> etiologia (causas) e patogenia (mecanismos)<br />

específicas e acompanhadas <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> características<br />

clínicas, imaginológicas e microscópicas<br />

próprias. O termo “lesões cervicais não cariosas” po<strong>de</strong><br />

até ser reservado para i<strong>de</strong>ntificar tópicos, capítulos ou<br />

títulos <strong>de</strong> aulas e trabalhos que abor<strong>de</strong>m este conjunto<br />

<strong>de</strong> lesões e doenças próprias da região cervical dos<br />

<strong>de</strong>ntes humanos, mas não <strong>de</strong>ve servir como diagnóstico<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada lesão ou doença nos <strong>de</strong>ntes.<br />

Alguns clínicos acreditam ser difícil a diferenciação<br />

entre as “lesões cervicais não cariosas”, mas uma anamnese<br />

criteriosa relevando os fatores locais e sistêmicos,<br />

um exame clínico minucioso e uma inter-relação<br />

dos dados, incluindo-se os relacionados aos <strong>de</strong>mais<br />

<strong>de</strong>ntes, tecidos periodontais e os aspectos oclusais<br />

e imaginológicos, permitirão uma distinção segura<br />

no diagnóstico <strong>de</strong>stas situações clínicas. Afinal, como<br />

tratar sem i<strong>de</strong>ntificar as reais causas <strong>de</strong> uma situação<br />

clínica, sem um diagnóstico correto e um prognóstico<br />

seguro Não é recomendável <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> distinguir a<br />

abrasão da erosão na região cervical; esta diferenciação<br />

é possível e necessária para uma terapêutica e prevenção<br />

a<strong>de</strong>quadas.<br />

O fato <strong>de</strong> um local ser submetido à ação <strong>de</strong> vários<br />

agentes causais não significa que todas as doenças <strong>de</strong>vem<br />

ter um mesmo nome e nem mesmo permite dizer<br />

que as mesmas sejam multifatoriais. Este local po<strong>de</strong>rá<br />

ser se<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias doenças com etiopatogenias específicas<br />

e causas bem <strong>de</strong>finidas e que, eventualmente, se<br />

superpõem. O termo multifatorial po<strong>de</strong> dar a conotação<br />

que a doença ou lesão se estabelecerá apenas se existirem<br />

todos os fatores atuando sinergicamente e nunca<br />

isoladamente. As também chamadas “lesões cervicais<br />

não cariosas” representam um exemplo <strong>de</strong>sta situação:<br />

são lesões específicas que po<strong>de</strong>m se associar, mas cada<br />

uma <strong>de</strong>las tem seu agente principal, que po<strong>de</strong> ser muito<br />

bem estabelecido a partir <strong>de</strong> um exame clínico minucioso,<br />

valorizando-se a anamnese e os pequenos <strong>de</strong>talhes.<br />

Os dois princípios fundamentais <strong>de</strong> qualquer tratamento,<br />

uma vez estabelecido o diagnóstico com precisão,<br />

são eliminar a causa e reparar os danos. Ao agrupar-se<br />

lesões diferentes, com causas igualmente diferentes,<br />

sob o mesmo nome, dificulta-se o cumprimento <strong>de</strong>stes<br />

princípios terapêuticos. Em suma, é temerário do ponto<br />

<strong>de</strong> vista terapêutico <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> distinguir a abrasão <strong>de</strong><br />

outras lesões que ocorrem na região cervical, como a<br />

abfração e a erosão, e diagnosticá-las <strong>de</strong> forma genérica<br />

como “lesões cervicais não cariosas”.<br />

Abrasão: o conceito<br />

A abrasão consiste no <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> tecidos <strong>de</strong>ntários<br />

por fricção <strong>de</strong> um corpo estranho, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da oclusão e com perda <strong>de</strong> substância. Este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong>ntário em alguns países europeus 13 também é<br />

conhecido como “usura”. Por ser lenta e progressiva a<br />

abrasão expõe a <strong>de</strong>ntina e po<strong>de</strong> até chegar no espaço<br />

da câmara pulpar e do canal radicular 1 .<br />

A ciência que estuda e pesquisa os <strong>de</strong>sgastes, fricção,<br />

126 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007


Alberto Consolaro<br />

lubrificação e corrosões na Engenharia dos Materiais,<br />

especialmente na Metalurgia, recebe o nome <strong>de</strong><br />

Tribologia 7,8,12 . Os conceitos empregados nesta área do<br />

conhecimento para os termos atrição, abrasão e erosão<br />

não são equivalentes aos utilizados na Odontologia.<br />

Na Metalurgia, o <strong>de</strong>sgaste abrasivo é conhecido como<br />

erosão e o <strong>de</strong>sgaste por ação química ou eletroquímica<br />

como corrosão. Entretanto, o uso generalizado e a<br />

sedimentação dos conceitos estabelecidos há mais <strong>de</strong><br />

um século dificultam a mudança e adaptação dos conceitos<br />

da Odontologia, que prevalecem em nosso meio<br />

sobre os conceitos da Tribologia.<br />

A<br />

Classificação, etiopatogenia e diagnóstico da abrasão<br />

Os aspectos clínicos da abrasão estão condicionados<br />

à sua causa e por isto foi assim classificada e<br />

<strong>de</strong>scrita.<br />

Abrasão por escovação ina<strong>de</strong>quada ou excessiva<br />

A escovação atua como causa <strong>de</strong> abrasão quando há:<br />

(1) escolha ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> escova, (2) uso continuado<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrícios muito abrasivos 6,10,16 e (3) aplicação ina<strong>de</strong>quada<br />

<strong>de</strong> técnica com movimentos <strong>de</strong>scontrolados<br />

ou (4) equivocadamente aplicados <strong>de</strong> forma repetitiva<br />

e (5) com forças excessivas.<br />

Geralmente a abrasão associada à escovação ina<strong>de</strong>quada<br />

ocorre na região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores<br />

superiores, incluindo-se os caninos, sendo mais<br />

acentuada no lado esquerdo da maxila, consi<strong>de</strong>rando-se<br />

que a maioria da população seja <strong>de</strong>stra (Fig. 1).<br />

Os primeiros movimentos são mais intensos e utilizam<br />

<strong>de</strong>ntifrícios em maior quantida<strong>de</strong> e concentração,<br />

promovendo <strong>de</strong>sgastes maiores.<br />

A região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores está mais<br />

freqüentemente envolvida pelos movimentos horizontais<br />

<strong>de</strong> vai e vem com a escova, no sentido ânteroposterior<br />

e vice-versa. Os <strong>de</strong>sgastes são em forma <strong>de</strong><br />

“V” quando analisados lateralmente, em várias magnitu<strong>de</strong>s,<br />

mas <strong>de</strong> forma uniforme entre os vários <strong>de</strong>ntes<br />

do mesmo lado e arco. Estes <strong>de</strong>sgastes formam verda<strong>de</strong>iras<br />

canaletas, <strong>de</strong>nunciando a associação com a<br />

escovação incorretamente aplicada (Fig. 2). Quando os<br />

movimentos <strong>de</strong> escovação são horizontais, os <strong>de</strong>feitos<br />

da abrasão ten<strong>de</strong>m a ter a forma <strong>de</strong> “V”, mas quando<br />

B<br />

Figura 1 - Abrasões <strong>de</strong>ntárias por escovação ina<strong>de</strong>quada. Mais freqüentemente<br />

ocorre na região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores superiores,<br />

incluindo-se os caninos, sendo mais acentuada no lado esquerdo<br />

da maxila, consi<strong>de</strong>rando-se que a maioria da população seja <strong>de</strong>stra.<br />

Os primeiros movimentos são mais intensos e utilizam <strong>de</strong>ntifrícios<br />

em maior quantida<strong>de</strong> e concentração, promovendo <strong>de</strong>sgastes maiores<br />

ou mais precoces.<br />

os movimentos excessivos são verticais, os <strong>de</strong>sgastes<br />

ten<strong>de</strong>m a ter a forma <strong>de</strong> “U”.<br />

A abfração, quando presente, facilita a instalação<br />

da abrasão e acelera o aparecimento dos <strong>de</strong>sgastes em<br />

forma <strong>de</strong> “V”. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se ter muito cuidado<br />

com o diagnóstico diferencial. Os <strong>de</strong>feitos em forma<br />

<strong>de</strong> cunha na região cervical, típicos da abfração, são<br />

muito pequenos, na verda<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>m a microssulcos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> microperdas <strong>de</strong> esmalte pelas<br />

microfraturas 2 . Nestes <strong>de</strong>feitos da abfração nem sequer<br />

cabe uma cerda <strong>de</strong> escova. Quando muito estes<br />

<strong>de</strong>feitos da abfração são <strong>de</strong>tectáveis pela sonda exploradora<br />

bem fina.<br />

Quando há perda significante <strong>de</strong> esmalte na abfração,<br />

os <strong>de</strong>feitos ten<strong>de</strong>m a ser irregulares e não em for-<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />

127


Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />

A<br />

<strong>de</strong>ntes isolados ou alternadamente são afetados pelo<br />

processo.<br />

Uma das formas mais simples <strong>de</strong> prevenir a abrasão<br />

por escovação ina<strong>de</strong>quada ou excessiva está em conscientizar<br />

os pacientes sobre a importância da aplicação<br />

<strong>de</strong> uma boa técnica <strong>de</strong> escovação. Outro fator importante<br />

é a alternância constante <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício, pois assim<br />

se evita o risco do paciente usar sempre a mesma<br />

marca que seja mais abrasiva. Os efeitos somatórios<br />

da ida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> da escovação <strong>de</strong>ntária po<strong>de</strong>m<br />

ser ressaltados pelo fato <strong>de</strong> 56% dos idosos <strong>de</strong>ntados<br />

apresentarem abrasão cervical envolvendo 16% dos<br />

<strong>de</strong>ntes 9 . Entretanto nestes idosos, apenas 5% das abrasões<br />

apresentavam profundida<strong>de</strong> superior a 1mm.<br />

Abrasão por uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> fios, palitos e escovas<br />

B<br />

Figura 2 - Casos extremos <strong>de</strong> abrasões <strong>de</strong>ntárias por escovação ina<strong>de</strong>quada.<br />

O compartimento pulpar foi comprometido e está preenchido<br />

por <strong>de</strong>ntina reacional, lenta e progressivamente <strong>de</strong>positada, acompanhando<br />

a velocida<strong>de</strong> da perda tecidual. No incisivo central direito houve<br />

um seccionamento coronário e fratura, o que também iria ocorrer<br />

no esquerdo.<br />

ma <strong>de</strong> canaletas, como ocorre na abrasão por escovação<br />

ina<strong>de</strong>quada. Nos <strong>de</strong>feitos maiores da abrasão o esmalte<br />

vizinho à área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste é regular e cortante, enquanto<br />

na abfração ten<strong>de</strong> a ser irregular e micro-fraturado. Nos<br />

casos <strong>de</strong> abfração há uma franca associação do trauma<br />

oclusal, que po<strong>de</strong> ser confirmada analisando-se as imagens<br />

radiográficas em películas periapicais: aumento regular<br />

e simétrico do espaço periodontal, espessamento<br />

da lâmina dura, aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea periapical<br />

e/ou da crista óssea e perda óssea vertical discreta em<br />

forma <strong>de</strong> “V” na região cervical na crista óssea alveolar<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao <strong>de</strong>nte afetado 3 .<br />

Outro aspecto muito importante na diferenciação<br />

entre abfração e abrasão po<strong>de</strong> ser o número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes afetados. Na abrasão todos os <strong>de</strong>ntes daquele<br />

lado do arco estão acometidos, enquanto na abfração<br />

inter<strong>de</strong>ntárias<br />

O <strong>de</strong>sgaste promovido pelo uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> fio<br />

<strong>de</strong>ntal tem uma freqüência muito menor que o associado<br />

à escovação incorreta. Alguns pacientes, no afã <strong>de</strong> higienizarem<br />

a<strong>de</strong>qüadamente os <strong>de</strong>ntes, usam o fio <strong>de</strong>ntal<br />

com movimentos muito repetitivos <strong>de</strong> vai e vem, como<br />

uma verda<strong>de</strong>ira lixa atuando sobre a porção cervical ou<br />

colo do <strong>de</strong>nte. Nesta região, a junção amelocementária<br />

está presente e sua irregularida<strong>de</strong> e fragilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />

contribuir para um <strong>de</strong>sgaste se estabelecer mais precocemente,<br />

pois o cemento tem 50% <strong>de</strong> seus constituintes<br />

com natureza orgânica.<br />

A abrasão associada ao uso ina<strong>de</strong>quado do fio <strong>de</strong>ntal,<br />

geralmente, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectada apenas radiograficamente,<br />

especialmente nas tomadas interproximais,<br />

quando ainda incipientes.<br />

A pouca freqüência do uso <strong>de</strong> massageadores gengivais<br />

e escovas inter<strong>de</strong>ntárias faz com que sejam raros<br />

os casos <strong>de</strong> abrasão associada ao uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> tais<br />

aparatos, muito úteis em algumas situações periodontais.<br />

Quando o <strong>de</strong>sgaste está associado ao uso ina<strong>de</strong>quado<br />

<strong>de</strong> palitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira os <strong>de</strong>feitos são amplos nas<br />

proximais e po<strong>de</strong>m ser vistos, clinicamente, estreitando<br />

o colo <strong>de</strong>ntário. São <strong>de</strong>sgastes arredondados em sua<br />

forma e presentes entre dois <strong>de</strong>ntes vizinhos comprometidos<br />

igualmente, pois geralmente o paciente interpõe<br />

o palito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em um espaço interproximal,<br />

friccionando-o repetidamente por longos períodos.<br />

128 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007


Alberto Consolaro<br />

Abrasão em fumadores <strong>de</strong> cachimbo<br />

Os fumadores <strong>de</strong> cachimbo mal orientados em seus<br />

vícios seguram a extremida<strong>de</strong> do instrumento com os<br />

<strong>de</strong>ntes, mais especificamente com os incisivos centrais,<br />

laterais e até com os caninos superiores e inferiores<br />

<strong>de</strong> um único lado. Durante o sorriso, em casos<br />

mais acentuados, percebe-se uma <strong>de</strong>formação na linha<br />

<strong>de</strong> contorno entre os dois arcos, pelo <strong>de</strong>sgaste sofrido<br />

nas margens incisais <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>ntes. Os usuários <strong>de</strong> piteiras<br />

po<strong>de</strong>m sofrer o mesmo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.<br />

Os usuários <strong>de</strong>vem ser orientados para que seus<br />

cachimbos e piteiras sejam apoiados e levados à boca<br />

com uma das mãos ou com os <strong>de</strong>dos, sem segurá-los<br />

com os <strong>de</strong>ntes, e sim contatá-los com os lábios para<br />

succionar a fumaça.<br />

Abrasão ocupacional<br />

As abrasões associadas ao trabalho po<strong>de</strong>m ser classificadas<br />

como ocupacionais e geralmente afetam apenas<br />

um ou poucos <strong>de</strong>ntes, quase sempre os anteriores.<br />

Alguns sapateiros, carpinteiros, costureiras (Fig. 3) e<br />

cabelereiros apresentam uma abrasão muito peculiar e<br />

semelhante, pelo vício <strong>de</strong> segurar pregos, linhas, alfinetes<br />

ou grampos entre os <strong>de</strong>ntes, enquanto suas mãos<br />

manipulam outros objetos, como martelos, alicates,<br />

roupas, cabelos, sapatos e ma<strong>de</strong>ira. A abrasão nestes<br />

trabalhadores forma um <strong>de</strong>sgaste em forma <strong>de</strong> “V” na<br />

borda incisal, às vezes bem discreto, mas em muitos casos<br />

expondo a <strong>de</strong>ntina. No falar ou sorrir percebe-se o<br />

<strong>de</strong>sgaste on<strong>de</strong> se encaixa perfeitamente o material geralmente<br />

interposto durante a ativida<strong>de</strong> profissional.<br />

Nestes casos é importante conscientizar o trabalhador<br />

das conseqüências não só estéticas, mas também<br />

funcionais, pois po<strong>de</strong>m ao longo do tempo comprometer<br />

o compartimento pulpar. Antes <strong>de</strong> qualquer<br />

abordagem terapêutica, o diagnóstico <strong>de</strong>ve ser muito<br />

bem estabelecido e o paciente <strong>de</strong>ve eliminar o vício<br />

ocupacional, caso contrário, em muito pouco tempo o<br />

paciente voltará com queda ou <strong>de</strong>sgaste da restauração<br />

efetuada.<br />

Outro tipo <strong>de</strong> abrasão ocupacional ocorre entre os<br />

sopradores <strong>de</strong> vidro e os músicos <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong><br />

sopro. Da mesma forma que os fumadores <strong>de</strong> cachimbo<br />

alguns profissionais <strong>de</strong>stes ramos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> seguram<br />

Figura 3 - Abrasão <strong>de</strong>ntária ocupacional (seta). A costureira apreendia<br />

diariamente alfinetes e grampos, utilizados na confecção <strong>de</strong> roupas,<br />

neste incisivo central; a abrasão chegou até a <strong>de</strong>ntina subjacente.<br />

os bocais <strong>de</strong> seus instrumentos <strong>de</strong> trabalho entre os <strong>de</strong>ntes,<br />

promovendo <strong>de</strong>sgastes <strong>de</strong> 2 a 4 <strong>de</strong>ntes anteriores.<br />

Geralmente, são profissionais que em suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

aprendizado e treinamento não receberam informações<br />

a<strong>de</strong>quadas quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurar os instrumentos<br />

<strong>de</strong> trabalho com as mãos e contatá-los com os<br />

lábios e língua para exercer o sopro. Não se <strong>de</strong>ve segurar<br />

os instrumentos com os <strong>de</strong>ntes.<br />

Abrasão por grampo <strong>de</strong> próteses, aparatos ortodônticos<br />

e piercings<br />

Com o advento dos implantes <strong>de</strong>ntários e a evolução<br />

cada vez maior dos aparatos ortodônticos, o uso <strong>de</strong><br />

grampos e apoios das próteses removíveis, bem como<br />

<strong>de</strong> bandas, barras e contenções ina<strong>de</strong>quadas, é cada<br />

vez menor. Existe a possibilida<strong>de</strong> do contato entre estes<br />

grampos e braquetes com o esmalte antagonista,<br />

mas ela é cada vez menos freqüente.<br />

Os metais ten<strong>de</strong>m a ser mais resistentes aos <strong>de</strong>sgastes<br />

que os tecidos <strong>de</strong>ntários e quando este contato<br />

existe a abrasão se estabelece. No planejamento <strong>de</strong>stes<br />

casos clínicos a abrasão <strong>de</strong>ve ser levada em consi<strong>de</strong>ração.<br />

O contato entre o aparato metálico ou cerâmico<br />

e o <strong>de</strong>nte será constante e contínuo por um<br />

longo período ou apenas transitório, por alguns dias ou<br />

semanas, enquanto o <strong>de</strong>nte movimentado estiver apenas<br />

passando por uma <strong>de</strong>terminada posição<br />

Nos últimos anos, a moda jovem tem estimulado o<br />

uso <strong>de</strong> adornos metálicos ou piercings na língua e lábios.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />

129


Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />

A<br />

B<br />

Figura 4 - Abrasão <strong>de</strong>ntária ritual. Os <strong>de</strong>sgastes po<strong>de</strong>m indicar relação <strong>de</strong> parentesco, posição social ou conquistas <strong>de</strong> guerra nas socieda<strong>de</strong>s mais<br />

primitivas da África e América. Nos dois casos os portadores pertencem a socieda<strong>de</strong>s do Senegal (Fonte: KHAYAT, MOREAU, THILMANS 11 ).<br />

B<br />

O contato constante e o manuseio ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>stas<br />

peças metálicas ou cerâmicas po<strong>de</strong>m propiciar <strong>de</strong>sgastes<br />

localizados em alguns <strong>de</strong>ntes.<br />

A<br />

Figura 5 - Preparação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes para abrasão <strong>de</strong>ntária ornamental no<br />

povo Maia, com ou sem a aplicação <strong>de</strong> pedras (Fonte: Ring 14 ).<br />

Abrasão ritual e ornamental<br />

Em algumas socieda<strong>de</strong>s mais primitivas (Fig. 4, 5),<br />

estudadas a partir <strong>de</strong> análises antropológicas em crânios<br />

e esqueletos, existiam vários ritos que indicavam<br />

iniciações e posições sociais, como a entrada na fase<br />

adulta, casamentos, posição <strong>de</strong> guerreiro e caçador,<br />

bem como condições como a <strong>de</strong> curan<strong>de</strong>iro, cacique<br />

e outras 11 . Os estudos mais aprofundados envolvem<br />

socieda<strong>de</strong>s primitivas e algumas tribos que até hoje<br />

exercem estas ativida<strong>de</strong>s, especialmente na África 11 ,<br />

130 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007


Alberto Consolaro<br />

A<br />

Figura 6 - Modificação da anatomia interna pelo estreitamento resultante<br />

da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na pare<strong>de</strong> pulpar na região<br />

cervical, uma das conseqüências da abrasão <strong>de</strong>ntária por escovação<br />

ina<strong>de</strong>quada.<br />

B<br />

Simultaneamente, há tempo suficiente para a polpa <strong>de</strong>positar<br />

várias camadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na pare<strong>de</strong><br />

pulpar correspon<strong>de</strong>nte, mantendo a distância com a<br />

superfície abrasionada.<br />

Em casos mais avançados <strong>de</strong> abrasão, o <strong>de</strong>sgaste expõe<br />

a <strong>de</strong>ntina reacional <strong>de</strong>positada no espaço anteriormente<br />

ocupado pela polpa coronária ou radicular, que<br />

se apresenta mais escurecida. Neste estágio, a abrasão,<br />

quando cervical, po<strong>de</strong> fragilizar o <strong>de</strong>nte a ponto <strong>de</strong><br />

predispor a fraturas coronárias (Fig. 2).<br />

O envelhecimento pulpar precoce e acelerado geralmente<br />

está presente nos <strong>de</strong>ntes com abrasão 1 . A <strong>de</strong>posição<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na superfície pulpar correspon<strong>de</strong>nte<br />

altera a anatomia interna dos <strong>de</strong>ntes e po<strong>de</strong><br />

dificultar algumas manobras endodônticas (Fig. 6).<br />

Um cuidado especial nos casos <strong>de</strong> abrasão está relacionado<br />

com a terapêutica restauradora a ser adotada:<br />

antes <strong>de</strong> qualquer procedimento restaurador o<br />

paciente <strong>de</strong>ve estar convicto <strong>de</strong> que a não eliminação<br />

da causa da abrasão fará do tratamento algo muito<br />

breve e pífio.<br />

muito embora em todos os continentes isto tenha sido<br />

<strong>de</strong>tectado 14 . Nestes ritos e solenida<strong>de</strong>s, uma das formas<br />

<strong>de</strong> marcar no corpo estas conquistas era o tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntário realizado sempre em um <strong>de</strong>terminado<br />

<strong>de</strong>nte. Assim todos os membros daquela socieda<strong>de</strong><br />

saberiam o grau <strong>de</strong> importância daquele indivíduo.<br />

Os <strong>de</strong>sgastes eram realizados com pedras e metais; o<br />

resultado po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> abrasão ritual (Fig.<br />

5). A prática da abrasão ornamental e ritual foi comum<br />

entre os astecas e maias 14,15 .<br />

Conseqüências da abrasão<br />

A primeira conseqüência direta da abrasão está relacionada<br />

com a estética, pelas alterações na forma das<br />

coroas clínicas.<br />

A hipersensibilida<strong>de</strong> nos <strong>de</strong>ntes envolvidos é muito<br />

pouco relatada, pelo fato do <strong>de</strong>sgaste ser lento,<br />

embora progressivo, mas com tempo suficiente para<br />

que ocorra a <strong>de</strong>posição acelerada <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina peritubular<br />

com fechamento da luz dos túbulos <strong>de</strong>ntinários,<br />

caracterizando esclerose <strong>de</strong>ntinária na área exposta.<br />

Prevenção e tratamento da abrasão<br />

Nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, além dos aspectos<br />

relacionados à higiene bucal e dieta cariogênica, as<br />

orientações <strong>de</strong>vem, ou <strong>de</strong>veriam, envolver o tipo <strong>de</strong><br />

alimentação quanto à sua abrasivida<strong>de</strong>, a prevenção<br />

e limitações <strong>de</strong> danos do bruxismo e do apertamento<br />

<strong>de</strong>ntário e a avaliação periódica da oclusão. Assim se<br />

evitaria a atrição <strong>de</strong>ntária.<br />

Nestes programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, coletivos ou individuais,<br />

ao ensinar e treinar os pacientes, incluindo-se<br />

as crianças, <strong>de</strong>ve-se ressaltar o uso a<strong>de</strong>quado das escovas,<br />

dos <strong>de</strong>ntifrícios e fios <strong>de</strong>ntais, mas também as<br />

conseqüências do uso ina<strong>de</strong>quado, como a perda <strong>de</strong> tecidos<br />

mineralizados, incluindo-se a abrasão <strong>de</strong>ntária.<br />

Na especialida<strong>de</strong> Odontologia do trabalho, aspectos<br />

relacionados à abrasão ocupacional <strong>de</strong>vem ser enfatizados<br />

nas escolas <strong>de</strong> formação técnica e artística<br />

<strong>de</strong> sapateiros, carpinteiros, costureiros, cabelereiros,<br />

artesões, sopradores <strong>de</strong> vidro e os músicos <strong>de</strong> instrumentos<br />

<strong>de</strong> sopro.<br />

Em muitos casos, o <strong>de</strong>nte com abrasão será restaurado<br />

estética e funcionalmente dos <strong>de</strong>sgastes so-<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />

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Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />

fridos, mas há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas para prevenir<br />

novas perdas como:<br />

reeducação <strong>de</strong> manobras realizadas e <strong>de</strong> aplicação<br />

<strong>de</strong> forças ina<strong>de</strong>quadas durante a higiene bucal;<br />

seleção a<strong>de</strong>quada na compra e uso <strong>de</strong> produtos comerciais<br />

por parte dos pacientes;<br />

uso <strong>de</strong> protetores <strong>de</strong>ntários nos casos <strong>de</strong> abrasão<br />

ocupacional;<br />

reeducação nas formas <strong>de</strong> uso dos instrumentos<br />

<strong>de</strong> trabalho;<br />

replanejamento <strong>de</strong> partes metálicas <strong>de</strong> aparelhos<br />

ortodônticos, ortopédicos e protéticos relacionadas à<br />

abrasão;<br />

suspensão temporária ou permanente <strong>de</strong> uso dos<br />

ornamentos relacionados à abrasão, como piercings;<br />

análise e correção <strong>de</strong> problemas oclusais relacionados<br />

quando a abrasão estiver relacionada à história ou<br />

sinais <strong>de</strong> abfração.<br />

Consi<strong>de</strong>ração Final<br />

A abrasão po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong> outras<br />

lesões cervicais como a abfração e a erosão, pois estas<br />

três alterações possuem etiopatogenias e características<br />

clínicas específicas, que influenciam no planejamento<br />

e no tratamento dos casos clínicos a ponto <strong>de</strong> interferirem<br />

diretamente no prognóstico <strong>de</strong> cada situação.<br />

As dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao diagnóstico dos estágios<br />

iniciais <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas lesões cervicais e inerentes<br />

à superposição <strong>de</strong> diferentes fatores causais po<strong>de</strong>m ser<br />

superadas com a aplicação <strong>de</strong> uma anamnese criteriosa,<br />

exame clínico minucioso e conhecimento <strong>de</strong>talhado<br />

sobre o assunto.<br />

Referências<br />

1. CONSOLARO, A. Alterações pulpares; correlações clínicoradiográficas e microscópicas.<br />

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3. CONSOLARO, A. Análise oclusal após a remoção do aparelho faz parte do<br />

tratamento ortodôntico: qual a priorida<strong>de</strong>: função ou estética Rev. Clín.<br />

Ortodon. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong>, Maringá, v. 5, n. 3, p. 110-111, jun./ jul. 2006.<br />

4. CONSOLARO, A. Lesões nos tecidos <strong>de</strong>ntários mineralizados induzidas diretamente<br />

por agentes físicos e químicos ou “<strong>de</strong>sgastes” <strong>de</strong>ntários ou “lesões<br />

<strong>de</strong>ntárias cervicais não cariosas” Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét., Maringá, v. 3, n. 4,<br />

p.13-25, out./ <strong>de</strong>z. 2006.<br />

5. CONSOLARO, A.; CONSOLARO, M. F. M. O.; FRANCISCHONE, L. Atrição e suas<br />

implicações clínicas. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét., Maringá, v. 4, n. 1, p. 124-132,<br />

jan./mar. 2007.<br />

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toothpastes. Clin. Oral Investig., Berlin, v. 8, no. 3, p. 15, Sept. 2004.<br />

7. GRIPPO, J. O.; SIMRING, M. <strong>Dental</strong> “erosion” revisited. J. Am. Dent. Assoc., Chicago,<br />

v. 126, p. 619-630, May 1995.<br />

8. GRIPPO, J. O.; SIMRING, M.; SCHREINER, S. Attrition, abrasion, corrosion and<br />

abfraction revisited: a new perspective on tooth surface lesions. J. Am. Dent.<br />

Assoc., Chicago, v. 135, no. 8, p. 1109-1118, Aug. 2004.<br />

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no. 1, p. 19-32, Jan. 1999.<br />

13. PINDBORG, J. J. Pathology of the <strong>de</strong>ntal hard tissues. Phila<strong>de</strong>lphia: Saun<strong>de</strong>rs,<br />

1970.<br />

14. RING, M. E. Dentistry an ilustrated history. New York: Abradale <strong>Press</strong>, 1985.<br />

15. ROMERO, J.; FASTCICHT, S. El arte <strong>de</strong> las mutilaciones <strong>de</strong>ntarias., México, DF:<br />

Ed. Mexicanas, 1951.<br />

16. TURSSI, C. P. et al. An in situ investigation into the abasion of ero<strong>de</strong>d <strong>de</strong>ntal<br />

hard tissues by a whitening <strong>de</strong>ntifrice. Caries Res., Basel, v. 38, no. 5, p. 37-47,<br />

Sept./ Oct. 2004.<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Alberto Consolaro<br />

Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />

<strong>de</strong> Bauru - FOB-USP.<br />

E-mail: alberto@fob.usp.br<br />

132 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007


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