Revista Dental Press de Estética V olume 4 - Número 2 - Abril / Maio ...
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ISSN 1807-2488<br />
Estética<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong><br />
v<strong>olume</strong> 4 - número 2<br />
abril / maio / junho 2007<br />
Publicação oficial da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia Estética<br />
DENTAL PRESS INTERNATIONAL
Estética<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong><br />
v<strong>olume</strong> 4<br />
- número 2<br />
abril / maio / junho 2007<br />
30<br />
41<br />
47<br />
Sumário<br />
Remo<strong>de</strong>lação cosmética para corrigir postura labial do sorriso<br />
José Mon<strong>de</strong>lli, Leonardo Fernan<strong>de</strong>s da Cunha, Adilson Yoshio Furuse<br />
Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />
Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel, Célia Regina Martins Delgado Rodrigues, Herbert Ghersel<br />
Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso utilizando sistema <strong>de</strong> tira<br />
plástica impregnada por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio 6,5%<br />
Alessandra Cassoni, Monica Padron Simões, Erika Reis Toyoshima,<br />
Michel Nicolau Youssef, José Augusto Rodrigues<br />
54<br />
89<br />
97<br />
107<br />
Resistência a<strong>de</strong>siva na cimentação <strong>de</strong> pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />
utilizando diferentes sistemas a<strong>de</strong>sivos e agentes cimentantes<br />
Sanzio Marques, Daniella Ferreira Hamdan, Marcos Pinotti Barbosa, Marcos Dias Lanza<br />
Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s: diagnóstico, planejamento e tratamento<br />
restaurador direto<br />
Guilherme Boselli, Renata Corrêa Pascotto<br />
A ciência da beleza do sorriso<br />
Ana Carolina Francischone, José Mon<strong>de</strong>lli<br />
Agenesia dos incisivos laterais: um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a<br />
Odontologia Estética<br />
Luís Antônio Felippe<br />
Seções<br />
3 Editorial<br />
Manual <strong>de</strong> instruções<br />
22 Entrevista<br />
João Carlos Gomes<br />
133 Acontecimentos<br />
Caso Selecionado<br />
67 Harmonia<br />
Sidney Kina, José Carlos Romanini<br />
124<br />
Biologia da Estética<br />
Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com<br />
outras lesões cervicais<br />
Alberto Consolaro<br />
ISSN 1807-2488<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét Maringá v. 4 n. 2 p. 1-136 abr./maio/jun. 2007
EDITOR<br />
EDITORES ASSISTENTES<br />
PUBLISHER<br />
CONSULTORES CIENTÍFICOS<br />
CONSULTORES EM PRÓTESE DENTÁRIA<br />
CONSULTORES DE FOTOGRAFIA<br />
Sidney Kina - UEM - PR<br />
Ronaldo Hirata - UFPR - PR<br />
Oswaldo Scopin <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> - CES - SENAC - SP<br />
Vania Volpato Kina - Maringá -PR<br />
Laurindo Zanco Furquim - UEM - PR<br />
Albert Heller - Montevi<strong>de</strong>o - Uruguai<br />
Alberto Consolaro - FOB-USP - SP<br />
Antônio Salazar Fonseca - APCD - SP<br />
Anuar Antônio Xible - Clínica particular - Vitória - ES<br />
Carlos Alexandre Leopoldo Peersen da Câmara - Clínica particular - Natal - RN<br />
Carlos Eduardo Francci - USP - SP<br />
Carlos Eduardo Francischone - FOB-USP - SP<br />
David A. Graber - Medical College of Georgia School of Dentistry - Atlanta - Georgia<br />
Dickson Martins da Fonseca - Clínica particular - Natal - RN<br />
Didier Dietschi - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Geneva - Suíça<br />
Eduardo Passos Rocha - FOA-UNESP - SP<br />
Euripe<strong>de</strong>s Vedovato - APCD - SP<br />
Ewerton Nocchi Conceição - UFRGS - RS<br />
Glauco Fioranelli Vieira - USP - SP<br />
Jairo Pires <strong>de</strong> Oliveira - Clínica particular - Ribeirão Preto - SP<br />
João Carlos Gomes - UEPG - PR<br />
João Pimenta - Clínica particular - Barcelos - Portugal<br />
José Arbex Filho - Clínica particular - Belo Horizonte - MG<br />
José Roberto Moura Jr. - Clínica particular - Taubaté - SP<br />
Katia Regina Hostilio Cervantes Dias - UERJ / UFRJ - RJ<br />
Luiz Antônio Gaieski Pires - ULBRA - RS<br />
Luiz Fernando Pegoraro - FOB-USP - SP<br />
Luiz Narciso Baratieri - UFSC - SC<br />
Marcelo Fonseca Pereira - Clínica particular - Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ<br />
Marco Antônio Bottino - FOSJC - UNESP - SP<br />
Mário Fernando <strong>de</strong> Góes - FOP - UNICAMP - SP<br />
Markus Lenhard - Clínica particular - Suíça<br />
Marly Kimie Sonohara - UEM - PR<br />
Milko Vilarroel Cortez - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valparaíso - Chile<br />
Pablo Abate - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Buenos Aires - Argentina<br />
Paulo Kano - APCD - SP<br />
Raquel Sano Suga Terada - UEM - PR<br />
Renata Corrêa Pascotto - UEM - PR<br />
Ricardo Mitrani - Clínica particular - México<br />
Rodolfo Candia Alba Júnior - Clínica particular - SP<br />
Sillas Luiz Lor<strong>de</strong>lo Duarte Júnior - FOAr-UNESP - SP<br />
Sylvio Monteiro Junior - UFSC - SC<br />
Walter Gomes Miranda Jr. - USP - SP<br />
Wan<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Almeida Cesar Jr. - Clínica particular - Maringá - Paraná<br />
August Bruguera - Barcelona - Espanha<br />
Gerald Ubassy - Rochefort du Gard - França<br />
José Carlos Romanini - Londrina - PR<br />
Luiz Alves Ferreira - São Paulo - SP<br />
Marcos Celestrino - São Paulo - SP<br />
Oliver Brix - Kelkheim - Alemanha<br />
Rolf Ankli - Belo Horizonte - MG<br />
Shigeo Kataoka - Osaka - Japão<br />
Victor Hugo do Carmo - Cugy - Suíça<br />
Any <strong>de</strong> Fátima Fachin Men<strong>de</strong>s - Fotógrafa - PR<br />
Dudu Me<strong>de</strong>iros - Fotógrafo - SP<br />
Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação-na-Publicação (CIP)<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética / <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International. -- Vol. 1, n. 1 (out./nov./<strong>de</strong>z.)<br />
(2004) – . -- Maringá : <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International, 2004-<br />
Trimestral.<br />
ISSN 1807-2488.<br />
1. Estética (Odontologia) – Periódicos I. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> International. II. Título.<br />
CDD. 617.643005<br />
Diretora Teresa R. D'Aurea Furquim - PRODUTOR E DESIGNER GRÁFICO Júnior Bianchi -<br />
ANALISTA DA INFORMAÇÃO Carlos Alexandre Venancio - Produção Gráfica e Eletrônica<br />
Carlos Eduardo <strong>de</strong> Lima Saugo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Luiz Fernando Batalha - Andrés<br />
Sebastián - Produção Gráfica e Eletrônica (SBOE) Elizabeth Salgado - BANCO DE DADOS<br />
A<strong>de</strong>mir <strong>de</strong> Marchi - Cléber Augusto Rafael - controler Márcia Cristina Plonkóski Nogueira<br />
- DEPARTAMENTO COMERCIAL Rosenei<strong>de</strong> Martins Garcia - DEPARTAMENTO DE CURSOS E<br />
EVENTOS Josiane Fernanda Favaro - Rosenei<strong>de</strong> Martins Garcia - BIBLIOTECA Simone Lima Lopes<br />
Rafael - Gislaine Ferreira - Revisão Ronis Furquim Siqueira - DEPARTAMENTO FINANCEIRO Roseli<br />
Martins - CONSULTORA ADMINISTRATIVA Ester Pacetti Dassa - Impressão RR Donnelley Moore<br />
- A <strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética (ISSN 1807-2488) é uma publicação trimestral (quatro edições<br />
por ano) da <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ensino e Pesquisa Ltda. Av. Eucli<strong>de</strong>s da Cunha, 1718 - Zona 5 - CEP 87015-<br />
180 - Maringá - PR - Brasil. Todas as matérias publicadas são <strong>de</strong> exclusiva responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspon<strong>de</strong>m, necessariamente, às opiniões<br />
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revestetica@<strong>de</strong>ntalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3262-2425.
Artigo Clínico<br />
Remo<strong>de</strong>lação cosmética para<br />
corrigir postura labial do sorriso<br />
José Mon<strong>de</strong>lli*, Leonardo Fernan<strong>de</strong>s da Cunha**, Adilson Yoshio Furuse***<br />
Resumo<br />
A busca por procedimentos estéticos<br />
vem sendo solicitada constantemente<br />
na clínica odontológica. A<br />
remo<strong>de</strong>lação cosmética dos <strong>de</strong>ntes<br />
naturais é uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<br />
com benefícios estéticos<br />
que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada econômica<br />
e conservadora. Contudo, cabe ao<br />
profissional não apenas restaurar um<br />
sorriso harmônico, mas ao mesmo<br />
tempo se preocupar com o aspecto<br />
funcional do tratamento. Quando<br />
uma remo<strong>de</strong>lação cosmética é planejada,<br />
os princípios e as regras oclusais<br />
<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados para se<br />
obter um equilíbrio entre estética e<br />
função. Desta forma, este trabalho<br />
tem o intuito <strong>de</strong> apresentar um caso<br />
<strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação cosmética associada<br />
ao ajuste oclusal da guia anterior<br />
em uma paciente apresentando supersustentação<br />
labial <strong>de</strong>vido ao mau<br />
posicionamento <strong>de</strong>ntário.<br />
Palavras-chave: Estética. Odontologia estética. Oclusão. Resinas compostas.<br />
* Professor Titular do Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />
** Aluno <strong>de</strong> pós-graduação, Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />
*** Aluno <strong>de</strong> pós-graduação, Departamento <strong>de</strong> Dentística, Endodontia, e Materiais Dentários, Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />
30 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 26-36, abr./maio/jun. 2007
Remo<strong>de</strong>lação cosmética para corrigir postura labial do sorriso<br />
Cosmetic contouring to correct the labial<br />
posture of the smile<br />
Abstract<br />
Aesthetic procedures have been constantly<br />
requested in daily clinics. The cosmetic contouring<br />
of the natural teeth is a treatment with aesthetic<br />
benefits that can be consi<strong>de</strong>red economical<br />
and conservative. The functional aspect of the<br />
treatment must be consi<strong>de</strong>red in conjunction with<br />
the restoration of a harmonic smile. When the<br />
tooth contouring is planned, occlusal rules should<br />
be consi<strong>de</strong>red to obtain equilibrium between<br />
aesthetics and function. Thus, the aim of the present<br />
work is to present a case of cosmetic contouring<br />
of teeth associated to the previous occlusal<br />
adjustment in a patient presenting incorrect labial<br />
posture due to the inaccurate <strong>de</strong>ntal alignment.<br />
KEY WORDS: Aesthetics. Cosmetic <strong>de</strong>ntistry. Occlusion. Composite resins.<br />
Referências<br />
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São Paulo: Quintessence. 2003<br />
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20. SMITH, B.G.; BARTLETT, D.W.; ROBB, N.D. The prevalence, etiology<br />
and management of tooth wear in the United Kingdom. J Prosthet<br />
Dent, v.78, n.4, Oct, p.367-372. 1997.<br />
21. THORDARSON, A.; ZACHRISSON, B.U.; MJOR, I.A. Remo<strong>de</strong>ling of<br />
canines to the shape of lateral incisors by grinding: a long-term<br />
clinical and radiographic evaluation. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthop, v.100, n.2, Aug, p.123-132. 1991.<br />
22. TJAN, A.H.; MILLER, G.D.; THE, J.G. Some esthetic factors in a<br />
smile. J Prosthet Dent, v.51, n.1, Jan, p.24-28. 1984.<br />
23. YAMAMOTO, M.; MIYOSHI, Y.; KATAOKA, S. Fundamentals of<br />
esthetics: contouring tecniques for metal ceramic restorations.<br />
Quint <strong>Dental</strong> Tech, v.14, p.14-81. 1990/1991.<br />
24. ZACHRISSON, B.U.; MJOR, I.A. Remo<strong>de</strong>ling of teeth by grinding.<br />
Am J Orthod, v.68, n.5, Nov, p.545-553. 1975.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
José Mon<strong>de</strong>lli<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru - USP<br />
Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla 9 - 75 / 17012 - 901<br />
Bauru - SP - E-mail: jomond@fob.usp.br<br />
40 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 30-40, abr./maio/jun. 2007
Artigo Clínico<br />
Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />
Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel*, Célia Regina Martins Delgado Rodrigues**,<br />
Herbert Ghersel***<br />
Resumo<br />
Este trabalho tem como objetivo<br />
apresentar uma revisão <strong>de</strong> literatura<br />
sobre o estudo da cor, importante<br />
para colaborar com o cirurgião <strong>de</strong>ntista<br />
no conhecimento dos princípios<br />
que regem a <strong>de</strong>terminação da sua escolha<br />
em trabalhos estéticos. Apresenta<br />
conceitos básicos sobre a formação<br />
das cores <strong>de</strong> um modo geral<br />
e abrangente; faz um breve histórico<br />
<strong>de</strong> como foram criados os principais<br />
sistemas <strong>de</strong> padronização, classificação<br />
e aparelhos usados para sua<br />
aferição. A percepção <strong>de</strong> cor é uma<br />
tarefa difícil, porém a compreensão<br />
das regras básicas do processo do<br />
seu estabelecimento fornece bases<br />
ao profissional para um planejamento<br />
mais lógico, seguro e inteligente,<br />
direcionado a uma melhor aplicabilida<strong>de</strong><br />
na clínica odontológica.<br />
Palavras-chave: Cor. Resina composta. Espectrofotometria.<br />
* Doutora em Odontopediatria pela FOUSP.<br />
Professora da Disciplina <strong>de</strong> Odontopediatria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul.<br />
** Livre Docente em Odontopediatria.<br />
Professora da disciplina <strong>de</strong> Odontopediatria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo.<br />
*** Mestre em Ortodontia.<br />
Doutor em Materiais Dentários pela FOUSP.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-52, abr./maio/jun. 2007<br />
41
Enten<strong>de</strong>ndo as cores - Parte I<br />
Un<strong>de</strong>rstanding colors - Part I<br />
Abstract<br />
The aim of this work is to present a review of the<br />
literature about the study of colors, essential<br />
to provi<strong>de</strong> to the <strong>de</strong>ntist the knowledge of the<br />
principles of its choice in esthetic works. It shows<br />
basic concepts about the color composition in a<br />
general and comprising way; a brief history about<br />
the main standard systems, classification and<br />
appliances used in comparisons. Color perception is<br />
a hard job, but the un<strong>de</strong>rstanding of the basic rules<br />
of its institution provi<strong>de</strong>s basis to a more logical,<br />
safe and wise planning, directed to a better clinical<br />
application.<br />
KEY WORDS: Color. Composite. Spectrophotometry.<br />
Referências<br />
1. ANUSAVICE, K.J. Materias Dentários. 10a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Guanabara Koogan; 1998, 412 p.<br />
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12, p. 2093-103, 1931.<br />
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and post-cured composites. Am J Dent, v. 8, n. 4, p. 179-<br />
181, 1995.<br />
5. GONÇALVES, B.; PEREIRA, A.C.; RIBAS, V. Mo<strong>de</strong>los Cromáticos<br />
no <strong>de</strong>sign digital: um módulo hipermídia para a percepção dos<br />
fundamentos físicos da cor. Disponível em URL: http://www.cce.<br />
ufsc.br/~pereira/artigos/mo<strong>de</strong>los/artigo2.htm [2003]<br />
6. INIKOSHI, S.; BURROW, M.F.; KATAUMI, M.; YAMADA, T.; TAKAT-<br />
SU, T. Opacity and Color Changes of Tooth-colored Restorative<br />
Materials. Operat Dent, v. 21, p. 73-80, 1996.<br />
7. MCPHEE, E.R. Light and color in <strong>de</strong>ntistry. Part I – Nature and<br />
Perception. J Mich Dent Assoc, v. 60, n. 11, p. 565-72, 1978<br />
8. MEYENBERG, K.H. <strong>Dental</strong> Esthetics: A European Perspective. J<br />
Esthetic Dent, v. 6, n. 6, p. 274-81, 1994.<br />
9. MOSER, B.J.; WOZNIAK, W.T.; NALEAWAY, C.A.; AYER, W.A. Color<br />
visonin <strong>de</strong>ntistry: a survey. J Am Dent Assoc, v. 10, n. 4, p. 509-<br />
70, 1985.<br />
10. O´BRIEN, W.J. <strong>Dental</strong> materials and their selection. 2a ed. Chicago:<br />
Quintessense Publishing, 1997. p.25-37<br />
11. PEDROSA I. Da cor à cor inexistente. 6a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Léo<br />
Christiano Editorial Ltda, 1995, 224p.<br />
12. Precise Color Communication Color Communication: color<br />
control from perception to instrumentation. Osaka: 1998. 59p.<br />
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composite resin materials for crown and bridge veneers. Dent<br />
Mater, v. 3, p. 246-51, 1987<br />
14. SPROULL, R.C. Color matching in <strong>de</strong>ntistry. Part III. Color Control.<br />
J Prosthec Dent, v. 31, n. 2, p. 146-54, 1974.<br />
15. WASSON, W.; SHUMAN, V. Color vision and <strong>de</strong>ntistry. Quintessence<br />
Int, v. 23, n. 5, p. 349-62, 1992.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Eloisa Lorenzo <strong>de</strong> Azevedo Ghersel<br />
Rua Theotonio Rosa Pires, 340<br />
Campo Gran<strong>de</strong> - MS - CEP: 79004-340<br />
E-mail: eloisa@ghersel.com.br<br />
46 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 41-46, abr./maio/jun. 2007
Artigo Inédito<br />
Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso<br />
utilizando sistema <strong>de</strong> tira plástica<br />
impregnada por peróxido <strong>de</strong><br />
hidrogênio 6,5%<br />
Alessandra Cassoni*, Monica Padron Simões**, Erika Reis Toyoshima***,<br />
Michel Nicolau Youssef****, José Augusto Rodrigues*<br />
Resumo<br />
Dentes brancos são usualmente<br />
consi<strong>de</strong>rados um sinal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, juventu<strong>de</strong>,<br />
beleza e prosperida<strong>de</strong>. A<br />
clareação <strong>de</strong>ntária com o uso <strong>de</strong> peróxidos<br />
tem <strong>de</strong>monstrado ser uma<br />
intervenção estética que possibilita<br />
alterações favoráveis <strong>de</strong> cor dos elementos<br />
<strong>de</strong>ntários. A disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> procedimentos simples para a<br />
clareação vem aumentando o interesse<br />
público por cosméticos com<br />
produtos à base <strong>de</strong> peróxidos. Para<br />
facilitar a aplicação e diminuir o custo<br />
foi <strong>de</strong>senvolvido o sistema composto<br />
por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio<br />
6,5% impregnado em tiras plásticas<br />
que são inseridas diretamente nos<br />
arcos. Esse sistema é disponível para<br />
aquisição direta pelos pacientes e<br />
promove clareação <strong>de</strong>ntária efetiva.<br />
O presente artigo tem como objetivo<br />
a apresentação <strong>de</strong> um caso clínico<br />
<strong>de</strong> clareação <strong>de</strong>ntária utilizando<br />
o sistema composto por peróxido<br />
<strong>de</strong> hidrogênio 6,5% impregnado em<br />
tiras plásticas.<br />
Palavras-chave: Clareação <strong>de</strong>ntária. Estética. Agentes clareadores. Peróxido <strong>de</strong> hidrogênio.<br />
* Professores Doutores Adjuntos, Centro <strong>de</strong> Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (CEPPE),<br />
Área <strong>de</strong> Dentística, Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />
** Aluno do curso <strong>de</strong> mestrado, Pós-Graduação em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />
*** Mestre em Dentística pelo curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Guarulhos.<br />
**** Professor Livre-docente da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e Professor do curso <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />
em Odontologia da Universida<strong>de</strong> Cruzeiro do Sul.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007<br />
47
Clareação <strong>de</strong>ntária – Relato <strong>de</strong> caso utilizando sistema <strong>de</strong> tira plástica impregnada por peróxido <strong>de</strong> hidrogênio 6,5%<br />
Em relação aos efeitos colaterais em tecidos<br />
duros, Duschner et al. 6 examinaram os efeitos<br />
do peróxido <strong>de</strong> hidrogênio para clareação<br />
<strong>de</strong>ntária com tiras plásticas nas concentrações<br />
<strong>de</strong> 6% e 6,5% e concluíram que não produzem<br />
mudanças histomorfológicas na superfície e<br />
subsuperfície ou microdureza e ultraestrutura<br />
do <strong>de</strong>nte tratado.<br />
Conclusões<br />
A clareação caseira tem sido utilizada <strong>de</strong><br />
forma crescente e uma nova técnica com o uso<br />
<strong>de</strong> tiras plásticas impregnadas por peróxido <strong>de</strong><br />
hidrogênio a 6,5% foi apresentada. É um procedimento<br />
eficaz, <strong>de</strong> uso fácil e seguro, que atinge<br />
resultados satisfatórios, tanto para o profissional<br />
quanto para o paciente.<br />
<strong>Dental</strong> bleaching – Case report performed with<br />
polyethylene strips system with 6.5% hydrogen<br />
peroxi<strong>de</strong> gel<br />
Abstract<br />
White teeth are consi<strong>de</strong>red a sign of health, youth,<br />
esthetic and prosperity. <strong>Dental</strong> bleaching is an esthetic<br />
intervention that achieves favorable alterations<br />
of color of <strong>de</strong>ntal elements. Simple procedures<br />
like at-home <strong>de</strong>ntal bleaching with products based<br />
on peroxi<strong>de</strong> have an increasing interest. The application<br />
with polyethylene strips and 6.5% hydrogen<br />
peroxi<strong>de</strong> gel inserted directly at <strong>de</strong>ntal arches<br />
facilitates the application and <strong>de</strong>creases the cost.<br />
This system can be acquired directly by patients as<br />
an over-the-counter product and presents effective<br />
results. The objective of the present paper is to<br />
present a case report performed with polyethylene<br />
strips with 6.5% hydrogen peroxi<strong>de</strong> gel.<br />
KEY WORDS: <strong>Dental</strong> bleaching. Esthetics. Bleaching agents. Hydrogen peroxi<strong>de</strong>.<br />
52 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007
Alessandra Cassoni, Monica Padron Simões, Erika Reis Toyoshima, Michel Nicolau Youssef, José Augusto Rodrigues<br />
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En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
José Augusto Rodrigues<br />
Universida<strong>de</strong> Guarulhos - Mestrado em Odontologia<br />
R. Nilo Peçanha, 81 - Centro - Guarulhos/SP - CEP: 07.011-040<br />
Email: guto_jar@yahoo.com.br<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 47-53, abr./maio/jun. 2007<br />
53
Artigo <strong>de</strong> Pesquisa<br />
Resistência a<strong>de</strong>siva na cimentação <strong>de</strong><br />
pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro utilizando<br />
diferentes sistemas a<strong>de</strong>sivos e<br />
agentes cimentantes<br />
Sanzio Marques*, Daniella Ferreira Hamdan**, Marcos Pinotti Barbosa***,<br />
Marcos Dias Lanza****<br />
Resumo<br />
A idéia <strong>de</strong> se usar os condutos radiculares<br />
como forma <strong>de</strong> retenção<br />
<strong>de</strong> restaurações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes tratados<br />
endodonticamente não é nova. A<br />
função do pino é oferecer retenção<br />
e suporte para o material restaurador.<br />
O presente trabalho avaliou a<br />
resistência a<strong>de</strong>siva <strong>de</strong> um sistema<br />
a<strong>de</strong>sivo dual (Excite DSC), um sistema<br />
a<strong>de</strong>sivo químico (Alloybond),<br />
um cimento resinoso dual (Variolink<br />
II) e um cimento resinoso<br />
químico (C&B Cement) na cimentação<br />
<strong>de</strong> pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />
(Reforpost). Foram utilizados quarenta<br />
caninos humanos hígidos,<br />
extraídos por indicação periodontal.<br />
Os <strong>de</strong>ntes tiveram suas coroas<br />
anatômicas seccionadas na junção<br />
amelocementária. Pinos <strong>de</strong> fibras<br />
<strong>de</strong> vidro Reforpost (Angelus) foram<br />
cimentados, sendo formados<br />
4 grupos com 10 corpos-<strong>de</strong>-prova<br />
cada. As amostras foram armazenadas<br />
em água <strong>de</strong>stilada a 37 0 C<br />
por 24 horas. Após este período, os<br />
<strong>de</strong>ntes foram fixados em tubos <strong>de</strong><br />
aço inoxidável com resina acrílica<br />
auto-polimerizável, com o auxílio<br />
<strong>de</strong> um paralelômetro. A seguir,<br />
um novo tubo <strong>de</strong> dimensões iguais<br />
foi posicionado sobre o primeiro e<br />
vertido sobre este resina acrílica,<br />
para reter o pino <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro<br />
após sua presa. Um tubo guia, com<br />
pinos posicionadores em suas extremida<strong>de</strong>s,<br />
foi utilizado para padronizar<br />
todos os corpos-<strong>de</strong>-prova.<br />
Os corpos-<strong>de</strong>-prova foram posicionados<br />
em uma máquina <strong>de</strong> ensaios<br />
universais (Instron) on<strong>de</strong> se realizaram<br />
testes <strong>de</strong> tração dos mesmos.<br />
Na comparação entre os sistemas<br />
a<strong>de</strong>sivos, o Alloybond apresentou<br />
maiores resistências a<strong>de</strong>sivas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
do cimento resinoso<br />
utilizado. Os cimentos resinosos<br />
Variolink II e C&B Cement não<br />
apresentaram diferença estatisticamente<br />
significante entre si.<br />
Palavras-chave: Pinos <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro. Pinos pré-fabricados. Dentes tratados endodonticamente. Pinos estéticos.<br />
* Mestre em Dentística Restauradora (FO-UFMG).<br />
Especialista em Prótese <strong>Dental</strong> (FORP-USP).<br />
** Cirurgiã-<strong>de</strong>ntista formada pela FO-UFMG.<br />
*** Professor Adjunto do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Mecânica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da UFMG.<br />
**** Professor Adjunto da FO-UFMG.<br />
54 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 54-66, abr./maio/jun. 2007
Sanzio Marques, Daniella Ferreira Hamdan, Marcos Pinotti Barbosa, Marcos Dias Lanza<br />
Adhesive resistance in fiberglass post<br />
cementation using different adhesive systems and<br />
cementing agents<br />
Abstract<br />
The i<strong>de</strong>a of using root canals for the retention of<br />
restorations of endodontically treated teeth is not<br />
new. The post function is to provi<strong>de</strong> retention and<br />
support for the restoration material. The present<br />
work assessed the adhesive resistance of one<br />
dual adhesive system (Excite DSC), one chemical<br />
adhesive system (Alloybond), one dual resin cement<br />
(Variolink II) and one chemical resin cement (C&B<br />
Cement) in fiberglass post cementation (Reforpost).<br />
Forty sound human canines, extracted due to<br />
periodontal problems, were used. The anatomic<br />
crowns of the teeth were cut at the cementoenamel<br />
junction. Fiberglass posts Reforpost (Angelus) were<br />
cemented, and 4 groups were formed with 10<br />
samples each. The samples were stored in distilled<br />
water at 37 0 C for 24 hours. After this period, the teeth<br />
were fixed in stainless steel tubes with self-curing<br />
acrylic resin using a parallelometer. Subsequently,<br />
a same size new tube was positioned upsi<strong>de</strong> down<br />
on the first one in or<strong>de</strong>r to hold the fiberglass post<br />
up after its setting. A gui<strong>de</strong> tube with positioning<br />
posts at both ends was used to standardize all<br />
the samples. The samples were positioned in an<br />
universal testing machine (Instron) for the traction<br />
tests. The comparison of the adhesive systems<br />
showed that Alloybond presented higher adhesive<br />
resistances, regardless of the resin cement used.<br />
There was no statistically significant difference<br />
between the resin cements Variolink II and C&B<br />
Cement.<br />
KEY WORDS: Fiberglass posts. Pre manufactured posts. Endodontically treated teeth. Esthetic posts.<br />
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En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Sanzio Marques<br />
R. Lavras 605, Bairro Umuarama<br />
CEP: 37.902-314 - Passos / MG<br />
E-mail: sanzio@sorrisobelo.com.br<br />
66 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 54-66, abr./maio/jun. 2007
Artigo Inédito<br />
Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s:<br />
diagnóstico, planejamento e<br />
tratamento restaurador direto<br />
Guilherme Boselli*, Renata Corrêa Pascotto**<br />
Resumo<br />
As discrepâncias <strong>de</strong> forma e tamanho<br />
<strong>de</strong>ntário são um achado<br />
comum na clínica odontológica e,<br />
entre elas, os incisivos laterais conói<strong>de</strong>s<br />
ou coniformes estão entre<br />
as mais freqüentes. Essa anomalia<br />
atinge aproximadamente 1% da<br />
população e tem uma característica<br />
segregativa muito forte, o que gera<br />
<strong>de</strong>sarmonia no sorriso. O presente<br />
trabalho exemplifica, por meio da<br />
apresentação <strong>de</strong> uma breve revisão<br />
bibliográfica e <strong>de</strong> um caso clínico, a<br />
possibilida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> um<br />
correto diagnóstico, planejamento<br />
e tratamento restaurador estético<br />
conservador, utilizando a resina<br />
composta como material restaurador<br />
direto.<br />
Palavras-chave: Dentes conói<strong>de</strong>s. Resina composta. Matriz <strong>de</strong> silicone.<br />
* Acadêmico do curso <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá - UEM.<br />
** Professora adjunto na área <strong>de</strong> Dentística do Curso <strong>de</strong> Odontologia da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá - UEM.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007<br />
89
Guilherme Boselli, Renata Corrêa Pascotto<br />
seja, em uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> aparecimento dos <strong>de</strong>ntes<br />
que possibilite um resultado o mais harmonioso<br />
e natural possível.<br />
A transferência das medidas e formatos<br />
<strong>de</strong>ntários planejados no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> estudo para<br />
os <strong>de</strong>ntes em questão po<strong>de</strong> ser realizada, seguramente,<br />
utilizando-se <strong>de</strong> um guia (muralha)<br />
<strong>de</strong> silicone. Esta manobra se mostra muito útil<br />
durante a realização do procedimento restaurador,<br />
poupando tempo clínico. Sua confecção<br />
é simples, mas <strong>de</strong>ve seguir alguns cuidados,<br />
como o correto recorte (Fig. 4), principalmente<br />
na parte que correspon<strong>de</strong>rá às incisais, <strong>de</strong><br />
forma que o fino incremento colocado sobre<br />
o guia ocupe somente a área correspon<strong>de</strong>nte<br />
à face lingual do <strong>de</strong>nte em questão, evitando<br />
assim excessos que impossibilitem a correta<br />
estratificação da restauração.<br />
A obtenção da excelência no uso <strong>de</strong> restaurações<br />
diretas em resina composta requer, do<br />
profissional, um aprimoramento no protocolo<br />
<strong>de</strong> aplicação do material, já que a melhora<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s ópticas do material exige um<br />
treinamento quanto à seleção <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> diferentes<br />
cores, transluci<strong>de</strong>z e opacida<strong>de</strong>s, para<br />
o domínio completo da técnica.<br />
Conclusão<br />
É sempre muito importante realizar um diagnóstico<br />
correto das anomalias <strong>de</strong> forma e tamanho<br />
<strong>de</strong>ntário, assim como os problemas por elas<br />
causados. É nele que <strong>de</strong>ve se basear o planejamento<br />
<strong>de</strong> qualquer alternativa <strong>de</strong> tratamento.<br />
Se as condições <strong>de</strong> alinhamento e inclinação<br />
dos incisivos laterais conói<strong>de</strong>s forem favoráveis,<br />
o tratamento restaurador direto mostrase<br />
como uma ótima alternativa e a confecção<br />
<strong>de</strong> um guia <strong>de</strong> silicone uma manobra muito útil<br />
como auxiliar nesse procedimento.<br />
Deve-se consi<strong>de</strong>rar também a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> integração com outras áreas como<br />
a Ortodontia, para o alinhamento dos casos<br />
on<strong>de</strong> ocorram angulações ou giroversões que<br />
exijam um <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>snecessário da estrutura<br />
<strong>de</strong>ntária sadia, e da Periodontia, quando<br />
houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regularização do arco<br />
gengival que esteja comprometendo a harmonia<br />
do sorriso.<br />
Conoid lateral incisors: diagnosis, plan and direct<br />
restorative treatment<br />
Abstract<br />
The discrepancies of the <strong>de</strong>ntal shape and size are<br />
usual in the <strong>de</strong>ntal clinic and the conoid lateral incisors<br />
are the most frequently problem. This anomaly occurs<br />
in approximately 1% of the population and has a very<br />
strong segregate characteristic, creating a smile<br />
disharmony. This work presents a brief literature<br />
review of a clinical case, showing the possibility of a<br />
correct diagnosis, plan and an aesthetic restorative<br />
treatment using a composite resin as a <strong>de</strong>ntal<br />
material for direct use.<br />
KEY WORDS: Conoid teeth. Composite resin. Silicon matrix.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007<br />
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Incisivos laterais conói<strong>de</strong>s: diagnóstico, planejamento e tratamento restaurador direto<br />
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of <strong>de</strong>velopmental anomalies of teeth and their association with<br />
tooth size in the primary and permanent <strong>de</strong>ntitions of 1650 Japanese<br />
children. Int. J. Paediatr. Dent., Oxford, v. 6, no. 2, p. 87-94,<br />
June 1996.<br />
9. RUFENACHT, C. R. Princípios da integração estética. São Paulo:<br />
Quintessence, 2003.<br />
10. WU, H.; FENG, H. L. A survey of number and morphology<br />
anomalies in permanent teeth of 6 453 youths between 17 to<br />
21 years old. Zhonghua Kou Qiang Yi Xue Za Zhi, Beijing, v. 40,<br />
no. 6, p. 489-490, Nov. 2005.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Renata C. Pascotto<br />
Av. Dr. Luiz Teixeira Men<strong>de</strong>s, 495 - Sala 1 - Zona 4<br />
Cep: 87.015-000 - Maringá - PR<br />
E-mail: rpascotto@uol.com.br<br />
96 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 89-96, abr./maio/jun. 2007
Artigo Inédito<br />
A ciência da beleza do sorriso<br />
Ana Carolina Francischone*, José Mon<strong>de</strong>lli**<br />
Resumo<br />
Os princípios estéticos participam<br />
<strong>de</strong> forma muito importante na<br />
Odontologia restauradora, protética<br />
e corretiva ortodôntica. A busca pelos<br />
padrões <strong>de</strong> beleza e perfeição das<br />
formas e dimensões tem proporcionado<br />
uma supervalorização da apa-<br />
rência <strong>de</strong> cada indivíduo <strong>de</strong>ntro da<br />
socieda<strong>de</strong>. Este trabalho tem como<br />
objetivo mostrar a importância <strong>de</strong><br />
normas, princípios ou parâmetros<br />
existentes para auxiliar os profissionais<br />
a tornarem mais agradável o<br />
sorriso dos pacientes.<br />
Palavras-chave: Proporção áurea. Estética. Fórmulas para <strong>de</strong>terminação da<br />
largura dos incisivos centrais.<br />
* Doutoranda em Dentística pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru (FOB - USP).<br />
** Professor Titular e Chefe do Departamento <strong>de</strong> Dentística da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Bauru<br />
(FOB - USP).<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 97-106, abr./maio/jun. 2007<br />
97
A ciência da beleza do sorriso<br />
CONCLUSÃO<br />
Com base nos resultados obtidos pelo trabalho<br />
biométrico <strong>de</strong> Francischone 4 , a fórmula<br />
<strong>de</strong> Mon<strong>de</strong>lli 13 (LC = 0,155 x LS) mostra-se precisa<br />
para a <strong>de</strong>terminação da largura dos incisivos<br />
centrais superiores. Sendo assim, essa<br />
fórmula po<strong>de</strong> ser usada para a <strong>de</strong>terminação<br />
da largura dos incisivos centrais em casos<br />
<strong>de</strong> pacientes totalmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntados, para<br />
planejamento estético restaurador e também<br />
para a reabilitação em próteses sobre<br />
implantes.<br />
The science of beautiful smiles<br />
Abstract<br />
The esthetic principles have a fundamental<br />
role in Restorative and Prosthetic Dentistry,<br />
as well as in Corrective Orthodontics. The<br />
search for a more attractive appearance in<br />
<strong>de</strong>sign and dimensions has overemphasized<br />
individual’s characteristics in mo<strong>de</strong>rn society.<br />
This paper aims to show the importance of<br />
rules, principles or existing parameters that<br />
allow professionals to construct more pleasant<br />
smiles for patients.<br />
KEY WORDS: FALTA KEY-WORDS<br />
Referências<br />
1. ALBERS, H. F. et al. Esthetic treatment planning. A<strong>de</strong>pt Rep., Santa<br />
Rosa, v. 3, no. 4, p. 45-52, 1992.<br />
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in filling teeth. Med. Dent. J., Chicago, v. 2, p.110-215, 1908.<br />
3. BLACK, G. V. Descriptive anatomy of the human teeth. Phila<strong>de</strong>lphia:<br />
The Wilmington <strong>Dental</strong> Manufacturing, 1890.<br />
4. FRANCISCHONE, A. C. Prevalência das proporções áurea e estética<br />
dos <strong>de</strong>ntes ânterosuperiores e respectivos segmentos <strong>de</strong>ntários<br />
relacionadas com a largura do sorriso em indivíduos com<br />
oclusão normal. 2005. 81 f. Dissertação (Mestrado)-Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Odontologia <strong>de</strong> Bauru, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Bauru, 2005.<br />
5. GERMINIANI, W. I. S.; TERADA, H. H. Avaliação da preferência estética<br />
<strong>de</strong> cirurgiões <strong>de</strong>ntistas (clínicos gerais e ortodontistas),<br />
acadêmicos <strong>de</strong> Odontologia e leigos quanto às medidas indicadas<br />
por proporções conhecidas como padrão estético para o sorriso.<br />
Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estet., Maringá, v. 3, n. 3, p. 85-99, 2006.<br />
6. GIL, C. T. L. A. Proporção áurea craniofacial. São Paulo: Ed. Santos,<br />
2001.<br />
7. JOHNSON, P. F. Racial norms: esthetic and prosthodontic implications.<br />
J. Prosthet. Dent., St. Louis, v. 67, no. 4, p. 50-28, Apr. 1992.<br />
8. LERMAN, S. História da Odontologia. Buenos Aires: El Ateno,<br />
1942.<br />
9. LEVIN, E. I. <strong>Dental</strong> esthetics and gol<strong>de</strong>n proportion. J. Prosthet.<br />
Dent., St. Louis, v. 40, no. 3, p. 244-252, Sept. 1978.<br />
10. LEW, K. K. K.; KENG, S. B. Anterior crown dimensions and relationship<br />
in an ethnic Chinese population with normal occlusions.<br />
Aust. Orthod. J., Brisbane, v. 12, no. 2, p. 105-119, Oct. 1991.<br />
11. LOMBARDI, R. E. The principles of visual perception and their clinical<br />
application to <strong>de</strong>nture esthetics. J. Prosthet. Dent., St. Louis,<br />
v. 29, no. 4, p. 358-382, Apr. 1973.<br />
12. LOMBARDI, R. E. A method for the classification of errors in <strong>de</strong>ntal<br />
esthetics. J. Prosthet. Dent., St. Louis, v. 32, no. 5, p. 501-513, Nov.<br />
1974.<br />
13. MONDELLI, J. Estética e cosmética em clínica integrada restauradora.<br />
São Paulo: Ed. Santos, 2003.<br />
14. RUFENACHT, C. Fundamentos <strong>de</strong> estética. São Paulo: Ed. Santos,<br />
1998.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Ana Carolina Francischone<br />
Rua Vicente Scaglione, .1-60 - Jardim Samambaia<br />
CEP: 17.043-081 - Bauru/SP<br />
E-mail: afrancischone@hotmail.com<br />
106 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 97-106, abr./maio/jun. 2007
Artigo Clínico<br />
Agenesia dos incisivos laterais:<br />
um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a<br />
Odontologia Estética<br />
Luís Antônio Felippe*<br />
Resumo<br />
O potencial <strong>de</strong> algumas técnicas<br />
restauradoras atuais para o tratamento<br />
da agenesia dos incisivos<br />
laterais superiores está apresentado<br />
neste artigo. Apesar <strong>de</strong> ter um<br />
diagnóstico precoce na maioria<br />
dos casos, o tratamento estético<br />
muitas vezes é <strong>de</strong>ixado para a fase<br />
adulta do paciente, com grave envolvimento<br />
psicológico do mesmo.<br />
A abordagem multidisciplinar para<br />
este tipo <strong>de</strong> anomalia <strong>de</strong>ve envol-<br />
ver o ortodontista, o implantodontista<br />
e o esteticista <strong>de</strong>ntal. Quanto<br />
antes se inicia o planejamento e<br />
o tratamento do caso, provavelmente<br />
melhor será a solução. Uma<br />
boa combinação das especialida<strong>de</strong>s<br />
ligadas à Odontologia Estética<br />
parece a melhor resolução, po<strong>de</strong>ndo<br />
utilizar um longo período<br />
<strong>de</strong> tratamento. Os tratamentos<br />
estéticos atuais com restaurações<br />
<strong>de</strong> resina e lâminas <strong>de</strong> porcelana,<br />
po<strong>de</strong>m oferecer excelentes resul-<br />
tados em curto espaço <strong>de</strong> tempo e<br />
são especialmente indicados para<br />
pacientes adultos. Estas técnicas<br />
exigem treinamento e experiência<br />
do <strong>de</strong>ntista, além <strong>de</strong> um protocolo<br />
<strong>de</strong> trabalho bem <strong>de</strong>finido. A utilização<br />
cada vez maior <strong>de</strong> resinas<br />
restauradoras é conseqüência da<br />
gran<strong>de</strong> evolução nos últimos anos.<br />
Novos conceitos, materiais e técnicas<br />
restauradoras estão aliados ao<br />
conservadorismo e reversibilida<strong>de</strong><br />
da técnica com o uso <strong>de</strong> resinas.<br />
Palavras-chave: Restauração estética. Restauração <strong>de</strong> resina. Resinas compostas.<br />
* Professor dos Cursos <strong>de</strong> Odontologia Estética do Instituto Proffel - Florianópolis - SC.<br />
Especialista, mestre e doutorando em Dentística Operatória pela<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina - UFSC.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007<br />
107
Agenesia dos incisivos laterais: um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a Odontologia Estética<br />
e <strong>de</strong>ve li<strong>de</strong>rar os objetivos, em conjunto com<br />
os conceitos <strong>de</strong> cor e forma. Todos estes fatores<br />
aumentam o tempo restaurador na técnica<br />
atual. Desta forma, o acabamento e polimento<br />
estão cada vez mais breves, limitados<br />
a pouco excesso cervical e proximal. Instrumentais<br />
como lâmina fina <strong>de</strong> bisturi número<br />
12, indicada para os excessos cervicais, lixas<br />
rotatórias <strong>de</strong> plástico fino 3M Soflex (# 4931)<br />
ou Oraltech e lixas manuais finas são usadas<br />
nas áreas proximais.<br />
7) Imagem auxiliar: trabalhar com equipamento<br />
<strong>de</strong> imagem <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> é fundamental<br />
para todas as fases do tratamento<br />
estético. A comparação e a evolução do caso<br />
<strong>de</strong>vem ser plenamente documentadas. A visão<br />
frontal do monitor é mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
e po<strong>de</strong> revelar diferenças na macroforma durante<br />
a restauração direta dos <strong>de</strong>ntes, ainda<br />
em tempo <strong>de</strong> serem resolvidas.<br />
Lateral incisor absence: a huge challenge for the<br />
Esthetic Dentistry<br />
Abstract<br />
The potential of contemporary restorative<br />
techniques on treating the absence of upper lateral<br />
incisors is presented on this article. Even with early<br />
diagnose, on most of the cases, esthetic treatment<br />
is often carried out on the patient’s fully-grown<br />
stage, with great psychological involvement of<br />
the patient. The multidisciplinary approach for this<br />
type of anomaly should inclu<strong>de</strong> the orthodontist,<br />
the implantology specialist and the esthetic<br />
<strong>de</strong>ntistry specialist. The resolution of the case is<br />
directly related to the early planning and beginning<br />
of the treatment. A good coordination among the<br />
specialties related to the Esthetic Dentistry seems<br />
to be the better way to treat these cases, and a long<br />
time of treatment can be used. The mo<strong>de</strong>rn esthetic<br />
treatments with composite and porcelain veneers<br />
can offer excellent results and are recommen<strong>de</strong>d<br />
for adult patients. These techniques <strong>de</strong>mand a lot<br />
of practice and experience from the <strong>de</strong>ntist and a<br />
well established clinical protocol. The crescent use<br />
of composites due to its recent evolution opposes<br />
to the use of porcelain. New concepts, materials<br />
and restorative techniques are allied to teeth<br />
conservativeness and technique reversibility.<br />
KEY WORDS: Composite resin. Direct composite resin. Resin restoration. Esthetic restoration.<br />
122 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007
Luís Antônio Felippe<br />
Referências<br />
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J. Dent., Bristol, v. 26, no. 7, p. 547-554, 1998.<br />
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anterior aesthetics. Pract. Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah,<br />
v. 7, no. 6, p. 15-25, 1995.<br />
3. FAHL, N. J.; DENEHY, G. E.; JACKSON, R. D. Protocol for predictable<br />
restoration of anterior teeth with composite resin. . Pract.<br />
Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah, v. 7, n. 8, p. 13-21, 1995.<br />
4. FELIPPE, L. A. Restaurações estéticas com resinas compostas:<br />
a evolução da técnica. Dent. Sci. J. Aust., Sydney, v. 1, n. 1, p.<br />
54¬64, 2007.<br />
5. FELIPPE, L. A.; BARATIERI, L. N.; MONTEIRO JÚNIOR, S. et al.<br />
Fibras <strong>de</strong> reforço para uso odontológico: fundamentos básicos<br />
e aplicações clínicas. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v.<br />
55, n. 4, p. 245¬249, 2001.<br />
6. FELIPPE, L. A.; MONTEIRO JR., S.; RITTER, A. V. Clinical strategies<br />
for success in proximoincisal composite restorations. Part I:<br />
un<strong>de</strong>rtanding color and composite selection. J. Esthet. Restor.<br />
Dent., Hamilton, v. 16, no. 6, p. 336-347, 2004.<br />
7. FELIPPE, L. A.; MONTEIRO JR., S.; RITTER, A. V. Clinical strategies<br />
for success in proximoincisal composite restorations. Part<br />
II: composite Application Technique. J. Esthet. Restor. Dent.,<br />
Hamilton, v. 17, no. 1, p. 11-21, 2005.<br />
8. GOLDSTEIN, R. E. A estética em Odontologia. 2. ed. São Paulo:<br />
Ed. Santos, 1999. v. 1, p. 3-50.<br />
9. O’BRIEN, W. J. Double layer effect and other optical phenomena<br />
related to esthetics. Dent. Clin. North Am., Phila<strong>de</strong>lphia, v.<br />
29, no. 4, p. 667-672, 1985.<br />
10. VANINI, L. Light and color in anterior composite restorations.<br />
Pract. Periodontics Aesthet. Dent., Mahwah, v. 8, no.3, p.<br />
673–682, 1996.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Luís Antônio Felippe<br />
Rua Hamburgo 47 - Córrego Gran<strong>de</strong> Florianópolis - SC.<br />
CEP 88037-380.<br />
E-mail: proffel@terra.com.br - www.proffel.com.br<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 107-123, abr./maio/jun. 2007<br />
123
Manual <strong>de</strong> instruções<br />
Editorial<br />
Please read<br />
instructions for use<br />
Sidney Kina<br />
Quem nunca pegou um kit novo <strong>de</strong> sistema a<strong>de</strong>sivo,<br />
abriu, analisou seus frascos, aplicou, errou (ou acertou),<br />
tentou <strong>de</strong> novo, acertou (ou errou), até que num belo dia,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns problemas (i)mediatos, se <strong>de</strong>parou, por<br />
acaso, com o guia <strong>de</strong> instruções no fundo da caixa e, por<br />
falta do que fazer, começou a lê-lo. De repente, surpresa:<br />
as soluções para seus problemas estão ali <strong>de</strong>scritas, clareando<br />
seus conceitos, indo <strong>de</strong> acordo (ou <strong>de</strong>sacordo) com<br />
idéias que você já havia intuído. Lembro-me da primeira<br />
vez que fui utilizar um kit <strong>de</strong> cimento resinoso, o qual traz<br />
seu próprio sistema a<strong>de</strong>sivo. Ao me <strong>de</strong>parar com o lindo<br />
estojo observei a presença dos frascos do sistema a<strong>de</strong>sivo,<br />
porém ao lado havia um espaço vazio para um terceiro<br />
frasco. Como não havia uma seringa <strong>de</strong> ácido fosfórico a<br />
37%, logo <strong>de</strong>duzi que seria para ele. Como ácido é um produto<br />
comum a vários sistemas a<strong>de</strong>sivos, não tive dúvida:<br />
peguei o ácido <strong>de</strong> outro estojo e apliquei junto ao novo.<br />
Muito tempo <strong>de</strong>pois, assistindo uma palestra <strong>de</strong>scobri<br />
que na verda<strong>de</strong> o sistema a<strong>de</strong>sivo era do tipo auto-condicionante<br />
(self-etching), portanto, sem a necessida<strong>de</strong> do<br />
ácido, e que o espaço vazio no estojo era reservado para<br />
um primer, no caso <strong>de</strong> cimentações <strong>de</strong> estruturas metálicas.<br />
Sabe, acho que o manual <strong>de</strong> instruções está citado<br />
nas leis <strong>de</strong> Murphy. Ela <strong>de</strong>screve situações mais ou menos<br />
assim: quando você estiver manipulando algo novo,<br />
equipamento ou produto, e já apertou todos os botões<br />
possíveis e/ou misturou e aplicou todos os ingredientes<br />
nas seqüências mais variadas, e... tudo <strong>de</strong>u errado, é hora<br />
<strong>de</strong> tentar ler o manual <strong>de</strong> instruções. O mais interessante,<br />
é que essa lei (assim como todas as outras <strong>de</strong> Murphy),<br />
geralmente, e infelizmente, é um retrato da realida<strong>de</strong>. Somos<br />
avessos a manuais e bulas. Por algum motivo misterioso,<br />
mesmo aqueles encartes bonitinhos, com <strong>de</strong>senhos<br />
auto-explicativos, são geralmente ignorados. É quase um<br />
impulso. Hoje, sempre que me <strong>de</strong>paro com novos produtos<br />
a primeira regra é a mais lógica: ler as instruções<br />
(mesmo contrariando minha intuição, do “já sei utilizar”).<br />
Não só eu leio, como toda minha equipe lê – muitas vezes,<br />
a maioria das vezes, quem manipula os materiais. Não<br />
raro, pequenas alterações <strong>de</strong> tempo, seqüência, técnica e/<br />
ou instrumentais <strong>de</strong> manipulação variam <strong>de</strong> produto para<br />
produto, <strong>de</strong> marca para marca e, por vezes, dicas importantes<br />
po<strong>de</strong>m ser encontradas nas instruções. Eu sei que<br />
você já assistiu cursos <strong>de</strong> professores que recomendam a<br />
utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> formas diferentes<br />
das <strong>de</strong>scritas nas bulas. Professores adoram fazer isto – às<br />
vezes estão certos, às vezes trata-se <strong>de</strong> marketing pessoal,<br />
mas este é tema para outro editorial. Assim, acredite: o<br />
caminho mais rápido e seguro para aproveitar ao máximo<br />
os diferentes produtos e equipamentos continua sendo<br />
o manual <strong>de</strong> instruções. Por mais chato que pareça ser,<br />
leia-o.<br />
Antes <strong>de</strong> encerrar, permita-me convidá-lo para o XIII<br />
Encontro Anual da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia<br />
Estética - SBOE, o Esthetics in Foz 2007, nos dias 20 a 23<br />
<strong>de</strong> junho. Com uma gra<strong>de</strong> científica impecável, eclética e<br />
atualizada, combina várias filosofias e pensamentos que<br />
<strong>de</strong>terminam o rumo da Odontologia contemporânea. De<br />
quebra, o evento será realizado numa das paisagens mais<br />
fantásticas do mundo: as Cataratas do Iguaçu. Participe,<br />
será uma alegria vê-lo em Foz do Iguaçu.<br />
Boa leitura.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 3, abr./maio/jun. 2007<br />
3
Entrevista<br />
João Carlos Gomes<br />
Quem já teve a feliz oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conviver ou pelo menos ter participado <strong>de</strong> um dos cursos do<br />
Prof. João Carlos Gomes, sabe do dinamismo, competência e paixão com que ele trata a Odontologia.<br />
Professor <strong>de</strong> inúmeras qualida<strong>de</strong>s, atualmente ocupa, pela segunda vez, a Reitoria da Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa. Conhecedor, como poucos, da vida e política acadêmica, em sua entrevista<br />
nos brinda com esclarecimentos não só <strong>de</strong> aspectos clínicos, como também da ciência, ensino e da<br />
alegria na Odontologia.<br />
O senhor teve uma carreira acadêmica brilhante e<br />
muita rápida, sendo reitor pela primeira vez bastante<br />
jovem. Como <strong>de</strong>screveria sua experiência com um<br />
cargo <strong>de</strong> tal responsabilida<strong>de</strong> e normalmente ocupado<br />
por professores mais velhos<br />
Sem dúvida, uma experiência muito interessante.<br />
Na minha primeira gestão como reitor da Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa - UEPG (1991-1994)<br />
fui o reitor mais jovem <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong> pública<br />
brasileira, na época tinha 33 anos, quando assumi o<br />
cargo. Agora estou ocupando o cargo <strong>de</strong> reitor novamente,<br />
porém, com maior experiência <strong>de</strong> vida e na<br />
própria função. O cargo <strong>de</strong> reitor nos proporciona<br />
oportunida<strong>de</strong>s ímpares <strong>de</strong> conhecimento do Ensino<br />
Superior no Brasil e exterior, bem como um permanente<br />
convívio com a aca<strong>de</strong>mia.<br />
Cada vez mais o Brasil tem sido respeitado como fonte<br />
<strong>de</strong> professores competentes e fonte <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
conhecimento. Como tem acompanhado o papel brasileiro<br />
no cenário latino-americano<br />
No cenário latino-americano o Brasil é, sem dúvida nenhuma,<br />
o país com maior produção científica em Odontologia,<br />
o que o faz muito respeitado pelos nossos irmãos<br />
latinos. A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos professores, ministrantes<br />
<strong>de</strong> cursos e conferências no exterior, também tem sido<br />
um dos fatores importantes na nossa credibilida<strong>de</strong> científica<br />
e profissional em toda a América Latina. Hoje, praticamente<br />
em todas a especialida<strong>de</strong>s, o ministrante brasileiro<br />
é um dos mais requisitados e prestigiados.<br />
22 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 22-29, abr./maio/jun. 2007
João Carlos Gomes<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. v. 4, n. 2, p. 22-29, abr./maio/jun. 2007<br />
23
Acontecimentos<br />
Odontologia Estética ganha novo livro<br />
editado pela <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong><br />
A <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Editora acaba <strong>de</strong> lançar um novo título: Invisível - restaurações estéticas cerâmicas,<br />
do autor Sidney Kina, editor da <strong>Revista</strong> <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> <strong>de</strong> Estética.<br />
Lançado entre os dias 17 e 21 <strong>de</strong> abril, em Florianópolis (SC), durante o evento “Congresso Internacional<br />
da <strong>Revista</strong> Clínica”, realizado no Costão do Santinho, em cerimônia que contou com<br />
inúmeros especialistas em Dentística do país e foi sucesso entre os leitores.<br />
Encomendas do livro po<strong>de</strong>m ser feitas pelo e-mail <strong>de</strong>ntal@<strong>de</strong>ntalpress.com.br ou pelo fone/fax<br />
(44) 3262-2425.<br />
<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Editora<br />
A SBOE (Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Odontologia Estética) foi representada, entre outros<br />
membros, pela Dra. Claudia Cia Worschech, Diretora Científica da SBOE, com<br />
o autor Sidney Kina.<br />
Doutores Ronaldo Hirata (Curitiba/PR), Sidney Kina,<br />
o autor (Maringá/PR), Paulo Kano (São Paulo/SP) e<br />
August Bruguera, co-autor (Espanha).<br />
O atual presi<strong>de</strong>nte da SBOE - Socieda<strong>de</strong> Brasileira<br />
<strong>de</strong> Odontologia Estética, Dr. Jairo Pires <strong>de</strong> Oliveira<br />
(Ribeirão Preto/SP) com as colaboradoras da entida<strong>de</strong><br />
Elizabeth Salgado e Catarina Sanches.<br />
Dr. Luiz Narciso Baratieri (Florianópolis/SC), coor<strong>de</strong>nador<br />
do Congresso Internacional da <strong>Revista</strong><br />
Clínica, com o autor do novo livro sobre restaurações<br />
estéticas cerâmicas.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 133, abr./maio/jun. 2007<br />
133
Caso Selecionado<br />
Harmonia<br />
Sidney Kina e José Carlos Romanini<br />
Na busca para encontrar uma composição agradável<br />
no sorriso, alguns fatores <strong>de</strong> composição estética<br />
<strong>de</strong>vem ser observados, para orientação na execução<br />
<strong>de</strong> nossos trabalhos clínicos. Segundo Gerald<br />
Chiche 1 , quatro fatores po<strong>de</strong>m ser efetivamente<br />
aplicados ao sorriso: estruturas <strong>de</strong> referência, proporção,<br />
simetria e perspectiva, on<strong>de</strong>, com base nos<br />
padrões médios <strong>de</strong>stes, po<strong>de</strong>mos focar uma imagem<br />
para servir <strong>de</strong> guia em nossos trabalhos clínicos. As<br />
relações e proporções <strong>de</strong>ntárias no segmento anterior<br />
<strong>de</strong>terminam, praticamente, o equilíbrio e a<br />
percepção estética <strong>de</strong> um sorriso. Incisivos centrais,<br />
com proporções médias maiores que os outros elementos<br />
<strong>de</strong>ntários anteriores, posição central e simetria,<br />
se apresentam como elementos dominantes<br />
na composição do sorriso. Essa colocação parece ser<br />
consenso nos muitos tratados e estudos sobre composição<br />
e arranjos <strong>de</strong>ntários estéticos. Em verda<strong>de</strong>,<br />
essa preferência por centrais dominantes no sorriso<br />
é bastante natural, uma vez que a dominância é<br />
requisito fundamental para proporcionar unida<strong>de</strong>,<br />
força, jovialida<strong>de</strong> e sensualida<strong>de</strong> em uma composição<br />
<strong>de</strong>ntária. Neste caso clínico selecionado vamos<br />
analisar estes fundamentos e aplicá-los. Observe,<br />
na situação clínica inicial, a paciente submetida ao<br />
tratamento restaurador, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>ntes 12, 11 e<br />
22 receberam facetas diretas <strong>de</strong> resina composta<br />
combinadas com restaurações, para o fechamento<br />
das ameias gengivais. Infelizmente o novo contorno<br />
<strong>de</strong>ntário criou excessos interproximais, dificultando<br />
a higienização, e a falta <strong>de</strong> dominância dos incisivos<br />
centrais <strong>de</strong>termina um arranjo sem coesão<br />
e estética sem expressão. Para correção, o planejamento<br />
<strong>de</strong> laminados cerâmicos nos quatro incisivos<br />
foi sugerido para construção <strong>de</strong> um arranjo <strong>de</strong>ntário<br />
com padrões estéticos mais a<strong>de</strong>quados e, especialmente,<br />
com harmonia, através do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> imagens possíveis, persuasivas<br />
aos nossos sentidos para indicar ou iludir <strong>de</strong> forma<br />
agradável e com equilíbrio.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 67-88, abr./maio/jun. 2007<br />
67
Biologia da Estética<br />
124 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007
Alberto Consolaro<br />
Abrasão <strong>de</strong>ntária:<br />
importância do seu diagnóstico<br />
diferencial com outras lesões<br />
cervicais<br />
Por<br />
Alberto Consolaro<br />
A sonorida<strong>de</strong> parecida dos nomes e os conceitos<br />
aprendidos pelo processo <strong>de</strong> memorização - quando<br />
<strong>de</strong>corar foi necessário, para efeito <strong>de</strong> provas, sem que<br />
houvesse aplicação imediata do conhecimento construído<br />
- justificam a confusão terminológica quanto<br />
à atrição, abrasão, erosão e abfração. Os profissionais<br />
têm dificulda<strong>de</strong> em distingui-las.<br />
Em artigo anterior 4 , discorremos sobre a nomenclatura,<br />
a classificação, os conceitos, as causas e os<br />
aspectos clínicos, imaginológicos e microscópicos<br />
das Lesões dos Tecidos Dentários Mineralizados Induzidas<br />
Diretamente por Agentes Físicos e Químicos,<br />
muitas vezes equivocadamente referidas como “<strong>de</strong>sgastes<br />
<strong>de</strong>ntários” ou como “lesões cervicais não cariosas”.<br />
Em outro artigo anterior, a<strong>de</strong>ntramos nos conceitos,<br />
causas e aspectos clínicos, imaginológicos e microscópicos,<br />
bem como nas implicações terapêuticas<br />
e preventivas da Abfração 2 . Mais recentemente, fizemos<br />
o mesmo com a Atrição 5 . Neste artigo, propusemo-nos<br />
a discorrer sobre a Abrasão.<br />
O que estas Lesões dos Tecidos Dentários Mineralizados<br />
Induzidas Diretamente por Agentes Físicos e Químicos<br />
têm a ver com a biologia da estética Tudo, pois<br />
além <strong>de</strong> alterarem as formas coronárias, alteram as<br />
funções <strong>de</strong>ntárias, promovem sintomatologia e ainda<br />
<strong>de</strong>terminam um envelhecimento no sorriso do paciente.<br />
Corrigir estas lesões nos tecidos <strong>de</strong>ntários mineralizados<br />
nos cabe, como profissionais da Odontologia,<br />
mas também nos cabe prevenir que elas ocorram, induzindo<br />
um comportamento preventivo em nossos<br />
pacientes e na população. Para tal <strong>de</strong>vemos conhecer e<br />
distinguir minuciosamente cada um dos aspectos envolvidos<br />
nestas lesões <strong>de</strong>ntárias.<br />
Com a diminuição, e até eliminação da cárie, os<br />
<strong>de</strong>ntes continuarão a gerar preocupações nas pessoas<br />
por alterações como, por exemplo, a abfração, atrição,<br />
abrasão, erosão, fraturas <strong>de</strong>ntárias e alterações <strong>de</strong><br />
cor: quanto mais diferenciada a prática odontológica,<br />
maior a preocupação com estes temas.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />
125
Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />
Abrasão <strong>de</strong>ntária: porque seu diagnóstico diferencial<br />
das <strong>de</strong>mais lesões cervicais não cariosas é importante<br />
O termo “lesões <strong>de</strong>ntárias cervicais não cariosas” é<br />
muito amplo e, apesar dos textos, <strong>de</strong> um modo geral,<br />
incluirem apenas a abfração, abrasão e erosão <strong>de</strong>ntária,<br />
<strong>de</strong>ver-se-iam incluir também outras alterações, já<br />
que sua natureza é negativa e exclu<strong>de</strong>nte. Assim, <strong>de</strong>veriam<br />
estar incluídas como lesões cervicais não cariosas<br />
a reabsorção cervical externa, o sulco palatogengival,<br />
a projeção cervical do esmalte e as fraturas coronorradiculares,<br />
que nem citados são quando este tema é<br />
abordado. Se estas lesões forem assim <strong>de</strong>nominadas<br />
<strong>de</strong>veria ser excluída a atrição, mas geralmente ela é<br />
“estudada” como uma das lesões <strong>de</strong>ntárias cervicais<br />
não cariosas!<br />
Parece lógico que não <strong>de</strong>vemos usar <strong>de</strong> forma generalizada<br />
e indistinta o termo “lesões cervicais não<br />
cariosas” para toda e qualquer lesão cervical, pois cada<br />
uma das situações requer uma conduta e terapêutica<br />
diferentes e específicas. Para cada diagnóstico estabelecido<br />
se adota um protocolo <strong>de</strong> conduta e tratamento,<br />
gerando prognósticos diferentes. Sem i<strong>de</strong>ntificar a<br />
causa e <strong>de</strong>finir o diagnóstico com precisão, qualquer<br />
tratamento ten<strong>de</strong> a ter gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong> insucesso ao<br />
longo do tempo. Como discorremos em artigo anterior<br />
4 , é possível e necessário diferenciar clinicamente,<br />
do ponto <strong>de</strong> vista terapêutico e preventivo, a abfração<br />
da abrasão.<br />
Entre os vários critérios que caracterizam uma entida<strong>de</strong><br />
clínica, e por extensão uma lesão, está a existência<br />
<strong>de</strong> etiologia (causas) e patogenia (mecanismos)<br />
específicas e acompanhadas <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> características<br />
clínicas, imaginológicas e microscópicas<br />
próprias. O termo “lesões cervicais não cariosas” po<strong>de</strong><br />
até ser reservado para i<strong>de</strong>ntificar tópicos, capítulos ou<br />
títulos <strong>de</strong> aulas e trabalhos que abor<strong>de</strong>m este conjunto<br />
<strong>de</strong> lesões e doenças próprias da região cervical dos<br />
<strong>de</strong>ntes humanos, mas não <strong>de</strong>ve servir como diagnóstico<br />
<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada lesão ou doença nos <strong>de</strong>ntes.<br />
Alguns clínicos acreditam ser difícil a diferenciação<br />
entre as “lesões cervicais não cariosas”, mas uma anamnese<br />
criteriosa relevando os fatores locais e sistêmicos,<br />
um exame clínico minucioso e uma inter-relação<br />
dos dados, incluindo-se os relacionados aos <strong>de</strong>mais<br />
<strong>de</strong>ntes, tecidos periodontais e os aspectos oclusais<br />
e imaginológicos, permitirão uma distinção segura<br />
no diagnóstico <strong>de</strong>stas situações clínicas. Afinal, como<br />
tratar sem i<strong>de</strong>ntificar as reais causas <strong>de</strong> uma situação<br />
clínica, sem um diagnóstico correto e um prognóstico<br />
seguro Não é recomendável <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> distinguir a<br />
abrasão da erosão na região cervical; esta diferenciação<br />
é possível e necessária para uma terapêutica e prevenção<br />
a<strong>de</strong>quadas.<br />
O fato <strong>de</strong> um local ser submetido à ação <strong>de</strong> vários<br />
agentes causais não significa que todas as doenças <strong>de</strong>vem<br />
ter um mesmo nome e nem mesmo permite dizer<br />
que as mesmas sejam multifatoriais. Este local po<strong>de</strong>rá<br />
ser se<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias doenças com etiopatogenias específicas<br />
e causas bem <strong>de</strong>finidas e que, eventualmente, se<br />
superpõem. O termo multifatorial po<strong>de</strong> dar a conotação<br />
que a doença ou lesão se estabelecerá apenas se existirem<br />
todos os fatores atuando sinergicamente e nunca<br />
isoladamente. As também chamadas “lesões cervicais<br />
não cariosas” representam um exemplo <strong>de</strong>sta situação:<br />
são lesões específicas que po<strong>de</strong>m se associar, mas cada<br />
uma <strong>de</strong>las tem seu agente principal, que po<strong>de</strong> ser muito<br />
bem estabelecido a partir <strong>de</strong> um exame clínico minucioso,<br />
valorizando-se a anamnese e os pequenos <strong>de</strong>talhes.<br />
Os dois princípios fundamentais <strong>de</strong> qualquer tratamento,<br />
uma vez estabelecido o diagnóstico com precisão,<br />
são eliminar a causa e reparar os danos. Ao agrupar-se<br />
lesões diferentes, com causas igualmente diferentes,<br />
sob o mesmo nome, dificulta-se o cumprimento <strong>de</strong>stes<br />
princípios terapêuticos. Em suma, é temerário do ponto<br />
<strong>de</strong> vista terapêutico <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> distinguir a abrasão <strong>de</strong><br />
outras lesões que ocorrem na região cervical, como a<br />
abfração e a erosão, e diagnosticá-las <strong>de</strong> forma genérica<br />
como “lesões cervicais não cariosas”.<br />
Abrasão: o conceito<br />
A abrasão consiste no <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> tecidos <strong>de</strong>ntários<br />
por fricção <strong>de</strong> um corpo estranho, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da oclusão e com perda <strong>de</strong> substância. Este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />
<strong>de</strong>ntário em alguns países europeus 13 também é<br />
conhecido como “usura”. Por ser lenta e progressiva a<br />
abrasão expõe a <strong>de</strong>ntina e po<strong>de</strong> até chegar no espaço<br />
da câmara pulpar e do canal radicular 1 .<br />
A ciência que estuda e pesquisa os <strong>de</strong>sgastes, fricção,<br />
126 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007
Alberto Consolaro<br />
lubrificação e corrosões na Engenharia dos Materiais,<br />
especialmente na Metalurgia, recebe o nome <strong>de</strong><br />
Tribologia 7,8,12 . Os conceitos empregados nesta área do<br />
conhecimento para os termos atrição, abrasão e erosão<br />
não são equivalentes aos utilizados na Odontologia.<br />
Na Metalurgia, o <strong>de</strong>sgaste abrasivo é conhecido como<br />
erosão e o <strong>de</strong>sgaste por ação química ou eletroquímica<br />
como corrosão. Entretanto, o uso generalizado e a<br />
sedimentação dos conceitos estabelecidos há mais <strong>de</strong><br />
um século dificultam a mudança e adaptação dos conceitos<br />
da Odontologia, que prevalecem em nosso meio<br />
sobre os conceitos da Tribologia.<br />
A<br />
Classificação, etiopatogenia e diagnóstico da abrasão<br />
Os aspectos clínicos da abrasão estão condicionados<br />
à sua causa e por isto foi assim classificada e<br />
<strong>de</strong>scrita.<br />
Abrasão por escovação ina<strong>de</strong>quada ou excessiva<br />
A escovação atua como causa <strong>de</strong> abrasão quando há:<br />
(1) escolha ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> escova, (2) uso continuado<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrícios muito abrasivos 6,10,16 e (3) aplicação ina<strong>de</strong>quada<br />
<strong>de</strong> técnica com movimentos <strong>de</strong>scontrolados<br />
ou (4) equivocadamente aplicados <strong>de</strong> forma repetitiva<br />
e (5) com forças excessivas.<br />
Geralmente a abrasão associada à escovação ina<strong>de</strong>quada<br />
ocorre na região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores<br />
superiores, incluindo-se os caninos, sendo mais<br />
acentuada no lado esquerdo da maxila, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
que a maioria da população seja <strong>de</strong>stra (Fig. 1).<br />
Os primeiros movimentos são mais intensos e utilizam<br />
<strong>de</strong>ntifrícios em maior quantida<strong>de</strong> e concentração,<br />
promovendo <strong>de</strong>sgastes maiores.<br />
A região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores está mais<br />
freqüentemente envolvida pelos movimentos horizontais<br />
<strong>de</strong> vai e vem com a escova, no sentido ânteroposterior<br />
e vice-versa. Os <strong>de</strong>sgastes são em forma <strong>de</strong><br />
“V” quando analisados lateralmente, em várias magnitu<strong>de</strong>s,<br />
mas <strong>de</strong> forma uniforme entre os vários <strong>de</strong>ntes<br />
do mesmo lado e arco. Estes <strong>de</strong>sgastes formam verda<strong>de</strong>iras<br />
canaletas, <strong>de</strong>nunciando a associação com a<br />
escovação incorretamente aplicada (Fig. 2). Quando os<br />
movimentos <strong>de</strong> escovação são horizontais, os <strong>de</strong>feitos<br />
da abrasão ten<strong>de</strong>m a ter a forma <strong>de</strong> “V”, mas quando<br />
B<br />
Figura 1 - Abrasões <strong>de</strong>ntárias por escovação ina<strong>de</strong>quada. Mais freqüentemente<br />
ocorre na região cervical dos <strong>de</strong>ntes posteriores superiores,<br />
incluindo-se os caninos, sendo mais acentuada no lado esquerdo<br />
da maxila, consi<strong>de</strong>rando-se que a maioria da população seja <strong>de</strong>stra.<br />
Os primeiros movimentos são mais intensos e utilizam <strong>de</strong>ntifrícios<br />
em maior quantida<strong>de</strong> e concentração, promovendo <strong>de</strong>sgastes maiores<br />
ou mais precoces.<br />
os movimentos excessivos são verticais, os <strong>de</strong>sgastes<br />
ten<strong>de</strong>m a ter a forma <strong>de</strong> “U”.<br />
A abfração, quando presente, facilita a instalação<br />
da abrasão e acelera o aparecimento dos <strong>de</strong>sgastes em<br />
forma <strong>de</strong> “V”. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se ter muito cuidado<br />
com o diagnóstico diferencial. Os <strong>de</strong>feitos em forma<br />
<strong>de</strong> cunha na região cervical, típicos da abfração, são<br />
muito pequenos, na verda<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>m a microssulcos<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> microperdas <strong>de</strong> esmalte pelas<br />
microfraturas 2 . Nestes <strong>de</strong>feitos da abfração nem sequer<br />
cabe uma cerda <strong>de</strong> escova. Quando muito estes<br />
<strong>de</strong>feitos da abfração são <strong>de</strong>tectáveis pela sonda exploradora<br />
bem fina.<br />
Quando há perda significante <strong>de</strong> esmalte na abfração,<br />
os <strong>de</strong>feitos ten<strong>de</strong>m a ser irregulares e não em for-<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />
127
Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />
A<br />
<strong>de</strong>ntes isolados ou alternadamente são afetados pelo<br />
processo.<br />
Uma das formas mais simples <strong>de</strong> prevenir a abrasão<br />
por escovação ina<strong>de</strong>quada ou excessiva está em conscientizar<br />
os pacientes sobre a importância da aplicação<br />
<strong>de</strong> uma boa técnica <strong>de</strong> escovação. Outro fator importante<br />
é a alternância constante <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício, pois assim<br />
se evita o risco do paciente usar sempre a mesma<br />
marca que seja mais abrasiva. Os efeitos somatórios<br />
da ida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> da escovação <strong>de</strong>ntária po<strong>de</strong>m<br />
ser ressaltados pelo fato <strong>de</strong> 56% dos idosos <strong>de</strong>ntados<br />
apresentarem abrasão cervical envolvendo 16% dos<br />
<strong>de</strong>ntes 9 . Entretanto nestes idosos, apenas 5% das abrasões<br />
apresentavam profundida<strong>de</strong> superior a 1mm.<br />
Abrasão por uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> fios, palitos e escovas<br />
B<br />
Figura 2 - Casos extremos <strong>de</strong> abrasões <strong>de</strong>ntárias por escovação ina<strong>de</strong>quada.<br />
O compartimento pulpar foi comprometido e está preenchido<br />
por <strong>de</strong>ntina reacional, lenta e progressivamente <strong>de</strong>positada, acompanhando<br />
a velocida<strong>de</strong> da perda tecidual. No incisivo central direito houve<br />
um seccionamento coronário e fratura, o que também iria ocorrer<br />
no esquerdo.<br />
ma <strong>de</strong> canaletas, como ocorre na abrasão por escovação<br />
ina<strong>de</strong>quada. Nos <strong>de</strong>feitos maiores da abrasão o esmalte<br />
vizinho à área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste é regular e cortante, enquanto<br />
na abfração ten<strong>de</strong> a ser irregular e micro-fraturado. Nos<br />
casos <strong>de</strong> abfração há uma franca associação do trauma<br />
oclusal, que po<strong>de</strong> ser confirmada analisando-se as imagens<br />
radiográficas em películas periapicais: aumento regular<br />
e simétrico do espaço periodontal, espessamento<br />
da lâmina dura, aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea periapical<br />
e/ou da crista óssea e perda óssea vertical discreta em<br />
forma <strong>de</strong> “V” na região cervical na crista óssea alveolar<br />
correspon<strong>de</strong>nte ao <strong>de</strong>nte afetado 3 .<br />
Outro aspecto muito importante na diferenciação<br />
entre abfração e abrasão po<strong>de</strong> ser o número <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntes afetados. Na abrasão todos os <strong>de</strong>ntes daquele<br />
lado do arco estão acometidos, enquanto na abfração<br />
inter<strong>de</strong>ntárias<br />
O <strong>de</strong>sgaste promovido pelo uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> fio<br />
<strong>de</strong>ntal tem uma freqüência muito menor que o associado<br />
à escovação incorreta. Alguns pacientes, no afã <strong>de</strong> higienizarem<br />
a<strong>de</strong>qüadamente os <strong>de</strong>ntes, usam o fio <strong>de</strong>ntal<br />
com movimentos muito repetitivos <strong>de</strong> vai e vem, como<br />
uma verda<strong>de</strong>ira lixa atuando sobre a porção cervical ou<br />
colo do <strong>de</strong>nte. Nesta região, a junção amelocementária<br />
está presente e sua irregularida<strong>de</strong> e fragilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />
contribuir para um <strong>de</strong>sgaste se estabelecer mais precocemente,<br />
pois o cemento tem 50% <strong>de</strong> seus constituintes<br />
com natureza orgânica.<br />
A abrasão associada ao uso ina<strong>de</strong>quado do fio <strong>de</strong>ntal,<br />
geralmente, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectada apenas radiograficamente,<br />
especialmente nas tomadas interproximais,<br />
quando ainda incipientes.<br />
A pouca freqüência do uso <strong>de</strong> massageadores gengivais<br />
e escovas inter<strong>de</strong>ntárias faz com que sejam raros<br />
os casos <strong>de</strong> abrasão associada ao uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> tais<br />
aparatos, muito úteis em algumas situações periodontais.<br />
Quando o <strong>de</strong>sgaste está associado ao uso ina<strong>de</strong>quado<br />
<strong>de</strong> palitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira os <strong>de</strong>feitos são amplos nas<br />
proximais e po<strong>de</strong>m ser vistos, clinicamente, estreitando<br />
o colo <strong>de</strong>ntário. São <strong>de</strong>sgastes arredondados em sua<br />
forma e presentes entre dois <strong>de</strong>ntes vizinhos comprometidos<br />
igualmente, pois geralmente o paciente interpõe<br />
o palito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em um espaço interproximal,<br />
friccionando-o repetidamente por longos períodos.<br />
128 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007
Alberto Consolaro<br />
Abrasão em fumadores <strong>de</strong> cachimbo<br />
Os fumadores <strong>de</strong> cachimbo mal orientados em seus<br />
vícios seguram a extremida<strong>de</strong> do instrumento com os<br />
<strong>de</strong>ntes, mais especificamente com os incisivos centrais,<br />
laterais e até com os caninos superiores e inferiores<br />
<strong>de</strong> um único lado. Durante o sorriso, em casos<br />
mais acentuados, percebe-se uma <strong>de</strong>formação na linha<br />
<strong>de</strong> contorno entre os dois arcos, pelo <strong>de</strong>sgaste sofrido<br />
nas margens incisais <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>ntes. Os usuários <strong>de</strong> piteiras<br />
po<strong>de</strong>m sofrer o mesmo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.<br />
Os usuários <strong>de</strong>vem ser orientados para que seus<br />
cachimbos e piteiras sejam apoiados e levados à boca<br />
com uma das mãos ou com os <strong>de</strong>dos, sem segurá-los<br />
com os <strong>de</strong>ntes, e sim contatá-los com os lábios para<br />
succionar a fumaça.<br />
Abrasão ocupacional<br />
As abrasões associadas ao trabalho po<strong>de</strong>m ser classificadas<br />
como ocupacionais e geralmente afetam apenas<br />
um ou poucos <strong>de</strong>ntes, quase sempre os anteriores.<br />
Alguns sapateiros, carpinteiros, costureiras (Fig. 3) e<br />
cabelereiros apresentam uma abrasão muito peculiar e<br />
semelhante, pelo vício <strong>de</strong> segurar pregos, linhas, alfinetes<br />
ou grampos entre os <strong>de</strong>ntes, enquanto suas mãos<br />
manipulam outros objetos, como martelos, alicates,<br />
roupas, cabelos, sapatos e ma<strong>de</strong>ira. A abrasão nestes<br />
trabalhadores forma um <strong>de</strong>sgaste em forma <strong>de</strong> “V” na<br />
borda incisal, às vezes bem discreto, mas em muitos casos<br />
expondo a <strong>de</strong>ntina. No falar ou sorrir percebe-se o<br />
<strong>de</strong>sgaste on<strong>de</strong> se encaixa perfeitamente o material geralmente<br />
interposto durante a ativida<strong>de</strong> profissional.<br />
Nestes casos é importante conscientizar o trabalhador<br />
das conseqüências não só estéticas, mas também<br />
funcionais, pois po<strong>de</strong>m ao longo do tempo comprometer<br />
o compartimento pulpar. Antes <strong>de</strong> qualquer<br />
abordagem terapêutica, o diagnóstico <strong>de</strong>ve ser muito<br />
bem estabelecido e o paciente <strong>de</strong>ve eliminar o vício<br />
ocupacional, caso contrário, em muito pouco tempo o<br />
paciente voltará com queda ou <strong>de</strong>sgaste da restauração<br />
efetuada.<br />
Outro tipo <strong>de</strong> abrasão ocupacional ocorre entre os<br />
sopradores <strong>de</strong> vidro e os músicos <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong><br />
sopro. Da mesma forma que os fumadores <strong>de</strong> cachimbo<br />
alguns profissionais <strong>de</strong>stes ramos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> seguram<br />
Figura 3 - Abrasão <strong>de</strong>ntária ocupacional (seta). A costureira apreendia<br />
diariamente alfinetes e grampos, utilizados na confecção <strong>de</strong> roupas,<br />
neste incisivo central; a abrasão chegou até a <strong>de</strong>ntina subjacente.<br />
os bocais <strong>de</strong> seus instrumentos <strong>de</strong> trabalho entre os <strong>de</strong>ntes,<br />
promovendo <strong>de</strong>sgastes <strong>de</strong> 2 a 4 <strong>de</strong>ntes anteriores.<br />
Geralmente, são profissionais que em suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
aprendizado e treinamento não receberam informações<br />
a<strong>de</strong>quadas quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurar os instrumentos<br />
<strong>de</strong> trabalho com as mãos e contatá-los com os<br />
lábios e língua para exercer o sopro. Não se <strong>de</strong>ve segurar<br />
os instrumentos com os <strong>de</strong>ntes.<br />
Abrasão por grampo <strong>de</strong> próteses, aparatos ortodônticos<br />
e piercings<br />
Com o advento dos implantes <strong>de</strong>ntários e a evolução<br />
cada vez maior dos aparatos ortodônticos, o uso <strong>de</strong><br />
grampos e apoios das próteses removíveis, bem como<br />
<strong>de</strong> bandas, barras e contenções ina<strong>de</strong>quadas, é cada<br />
vez menor. Existe a possibilida<strong>de</strong> do contato entre estes<br />
grampos e braquetes com o esmalte antagonista,<br />
mas ela é cada vez menos freqüente.<br />
Os metais ten<strong>de</strong>m a ser mais resistentes aos <strong>de</strong>sgastes<br />
que os tecidos <strong>de</strong>ntários e quando este contato<br />
existe a abrasão se estabelece. No planejamento <strong>de</strong>stes<br />
casos clínicos a abrasão <strong>de</strong>ve ser levada em consi<strong>de</strong>ração.<br />
O contato entre o aparato metálico ou cerâmico<br />
e o <strong>de</strong>nte será constante e contínuo por um<br />
longo período ou apenas transitório, por alguns dias ou<br />
semanas, enquanto o <strong>de</strong>nte movimentado estiver apenas<br />
passando por uma <strong>de</strong>terminada posição<br />
Nos últimos anos, a moda jovem tem estimulado o<br />
uso <strong>de</strong> adornos metálicos ou piercings na língua e lábios.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />
129
Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />
A<br />
B<br />
Figura 4 - Abrasão <strong>de</strong>ntária ritual. Os <strong>de</strong>sgastes po<strong>de</strong>m indicar relação <strong>de</strong> parentesco, posição social ou conquistas <strong>de</strong> guerra nas socieda<strong>de</strong>s mais<br />
primitivas da África e América. Nos dois casos os portadores pertencem a socieda<strong>de</strong>s do Senegal (Fonte: KHAYAT, MOREAU, THILMANS 11 ).<br />
B<br />
O contato constante e o manuseio ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>stas<br />
peças metálicas ou cerâmicas po<strong>de</strong>m propiciar <strong>de</strong>sgastes<br />
localizados em alguns <strong>de</strong>ntes.<br />
A<br />
Figura 5 - Preparação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes para abrasão <strong>de</strong>ntária ornamental no<br />
povo Maia, com ou sem a aplicação <strong>de</strong> pedras (Fonte: Ring 14 ).<br />
Abrasão ritual e ornamental<br />
Em algumas socieda<strong>de</strong>s mais primitivas (Fig. 4, 5),<br />
estudadas a partir <strong>de</strong> análises antropológicas em crânios<br />
e esqueletos, existiam vários ritos que indicavam<br />
iniciações e posições sociais, como a entrada na fase<br />
adulta, casamentos, posição <strong>de</strong> guerreiro e caçador,<br />
bem como condições como a <strong>de</strong> curan<strong>de</strong>iro, cacique<br />
e outras 11 . Os estudos mais aprofundados envolvem<br />
socieda<strong>de</strong>s primitivas e algumas tribos que até hoje<br />
exercem estas ativida<strong>de</strong>s, especialmente na África 11 ,<br />
130 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007
Alberto Consolaro<br />
A<br />
Figura 6 - Modificação da anatomia interna pelo estreitamento resultante<br />
da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na pare<strong>de</strong> pulpar na região<br />
cervical, uma das conseqüências da abrasão <strong>de</strong>ntária por escovação<br />
ina<strong>de</strong>quada.<br />
B<br />
Simultaneamente, há tempo suficiente para a polpa <strong>de</strong>positar<br />
várias camadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na pare<strong>de</strong><br />
pulpar correspon<strong>de</strong>nte, mantendo a distância com a<br />
superfície abrasionada.<br />
Em casos mais avançados <strong>de</strong> abrasão, o <strong>de</strong>sgaste expõe<br />
a <strong>de</strong>ntina reacional <strong>de</strong>positada no espaço anteriormente<br />
ocupado pela polpa coronária ou radicular, que<br />
se apresenta mais escurecida. Neste estágio, a abrasão,<br />
quando cervical, po<strong>de</strong> fragilizar o <strong>de</strong>nte a ponto <strong>de</strong><br />
predispor a fraturas coronárias (Fig. 2).<br />
O envelhecimento pulpar precoce e acelerado geralmente<br />
está presente nos <strong>de</strong>ntes com abrasão 1 . A <strong>de</strong>posição<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina reacional na superfície pulpar correspon<strong>de</strong>nte<br />
altera a anatomia interna dos <strong>de</strong>ntes e po<strong>de</strong><br />
dificultar algumas manobras endodônticas (Fig. 6).<br />
Um cuidado especial nos casos <strong>de</strong> abrasão está relacionado<br />
com a terapêutica restauradora a ser adotada:<br />
antes <strong>de</strong> qualquer procedimento restaurador o<br />
paciente <strong>de</strong>ve estar convicto <strong>de</strong> que a não eliminação<br />
da causa da abrasão fará do tratamento algo muito<br />
breve e pífio.<br />
muito embora em todos os continentes isto tenha sido<br />
<strong>de</strong>tectado 14 . Nestes ritos e solenida<strong>de</strong>s, uma das formas<br />
<strong>de</strong> marcar no corpo estas conquistas era o tipo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntário realizado sempre em um <strong>de</strong>terminado<br />
<strong>de</strong>nte. Assim todos os membros daquela socieda<strong>de</strong><br />
saberiam o grau <strong>de</strong> importância daquele indivíduo.<br />
Os <strong>de</strong>sgastes eram realizados com pedras e metais; o<br />
resultado po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> abrasão ritual (Fig.<br />
5). A prática da abrasão ornamental e ritual foi comum<br />
entre os astecas e maias 14,15 .<br />
Conseqüências da abrasão<br />
A primeira conseqüência direta da abrasão está relacionada<br />
com a estética, pelas alterações na forma das<br />
coroas clínicas.<br />
A hipersensibilida<strong>de</strong> nos <strong>de</strong>ntes envolvidos é muito<br />
pouco relatada, pelo fato do <strong>de</strong>sgaste ser lento,<br />
embora progressivo, mas com tempo suficiente para<br />
que ocorra a <strong>de</strong>posição acelerada <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina peritubular<br />
com fechamento da luz dos túbulos <strong>de</strong>ntinários,<br />
caracterizando esclerose <strong>de</strong>ntinária na área exposta.<br />
Prevenção e tratamento da abrasão<br />
Nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, além dos aspectos<br />
relacionados à higiene bucal e dieta cariogênica, as<br />
orientações <strong>de</strong>vem, ou <strong>de</strong>veriam, envolver o tipo <strong>de</strong><br />
alimentação quanto à sua abrasivida<strong>de</strong>, a prevenção<br />
e limitações <strong>de</strong> danos do bruxismo e do apertamento<br />
<strong>de</strong>ntário e a avaliação periódica da oclusão. Assim se<br />
evitaria a atrição <strong>de</strong>ntária.<br />
Nestes programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, coletivos ou individuais,<br />
ao ensinar e treinar os pacientes, incluindo-se<br />
as crianças, <strong>de</strong>ve-se ressaltar o uso a<strong>de</strong>quado das escovas,<br />
dos <strong>de</strong>ntifrícios e fios <strong>de</strong>ntais, mas também as<br />
conseqüências do uso ina<strong>de</strong>quado, como a perda <strong>de</strong> tecidos<br />
mineralizados, incluindo-se a abrasão <strong>de</strong>ntária.<br />
Na especialida<strong>de</strong> Odontologia do trabalho, aspectos<br />
relacionados à abrasão ocupacional <strong>de</strong>vem ser enfatizados<br />
nas escolas <strong>de</strong> formação técnica e artística<br />
<strong>de</strong> sapateiros, carpinteiros, costureiros, cabelereiros,<br />
artesões, sopradores <strong>de</strong> vidro e os músicos <strong>de</strong> instrumentos<br />
<strong>de</strong> sopro.<br />
Em muitos casos, o <strong>de</strong>nte com abrasão será restaurado<br />
estética e funcionalmente dos <strong>de</strong>sgastes so-<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007<br />
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Abrasão <strong>de</strong>ntária: importância do seu diagnóstico diferencial com outras lesões cervicais<br />
fridos, mas há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas para prevenir<br />
novas perdas como:<br />
reeducação <strong>de</strong> manobras realizadas e <strong>de</strong> aplicação<br />
<strong>de</strong> forças ina<strong>de</strong>quadas durante a higiene bucal;<br />
seleção a<strong>de</strong>quada na compra e uso <strong>de</strong> produtos comerciais<br />
por parte dos pacientes;<br />
uso <strong>de</strong> protetores <strong>de</strong>ntários nos casos <strong>de</strong> abrasão<br />
ocupacional;<br />
reeducação nas formas <strong>de</strong> uso dos instrumentos<br />
<strong>de</strong> trabalho;<br />
replanejamento <strong>de</strong> partes metálicas <strong>de</strong> aparelhos<br />
ortodônticos, ortopédicos e protéticos relacionadas à<br />
abrasão;<br />
suspensão temporária ou permanente <strong>de</strong> uso dos<br />
ornamentos relacionados à abrasão, como piercings;<br />
análise e correção <strong>de</strong> problemas oclusais relacionados<br />
quando a abrasão estiver relacionada à história ou<br />
sinais <strong>de</strong> abfração.<br />
Consi<strong>de</strong>ração Final<br />
A abrasão po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong> outras<br />
lesões cervicais como a abfração e a erosão, pois estas<br />
três alterações possuem etiopatogenias e características<br />
clínicas específicas, que influenciam no planejamento<br />
e no tratamento dos casos clínicos a ponto <strong>de</strong> interferirem<br />
diretamente no prognóstico <strong>de</strong> cada situação.<br />
As dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao diagnóstico dos estágios<br />
iniciais <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas lesões cervicais e inerentes<br />
à superposição <strong>de</strong> diferentes fatores causais po<strong>de</strong>m ser<br />
superadas com a aplicação <strong>de</strong> uma anamnese criteriosa,<br />
exame clínico minucioso e conhecimento <strong>de</strong>talhado<br />
sobre o assunto.<br />
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Sept./ Oct. 2004.<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />
Alberto Consolaro<br />
Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />
<strong>de</strong> Bauru - FOB-USP.<br />
E-mail: alberto@fob.usp.br<br />
132 R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Estét, Maringá, v. 4, n. 2, p. 124-132, abr./maio/jun. 2007
BOURBON<br />
CATARATAS<br />
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www.discus<strong>de</strong>ntal.com/br
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