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A S T R O F Í S I C A<br />
ADAPTADO DE AN INTRODUCTION TO ACTIVE GALACTIC NUCLEI, BRADLEY M. PETERSON, CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS, 1997<br />
RICK PERLEY/NATIONAL RADIO ASTRONOMY OBSERVATORY<br />
<strong>As</strong> galáxias de Seyfert irradiam grande quantidade<br />
de energia na forma de radiação infravermelha.<br />
Boa parte dessa energia se deve à poeira que<br />
circunda o núcleo, e o restante se deve à radiação<br />
<strong>do</strong> tipo síncrotron produzida por elétrons viajan<strong>do</strong><br />
a velocidades próximas à da luz através de<br />
um campo magnético.<br />
<strong>As</strong> luminosidades das Seyferts variam de<br />
10 37 watts a 10 38 watts. A fonte central deve ser<br />
bem pequena, mas muito poderosa, para ser<br />
capaz de produzir essas altas luminosidades.<br />
Um estu<strong>do</strong> recente de uma amostra de Seyferts<br />
revelou um resulta<strong>do</strong> bastante curioso: muitas<br />
delas estão próximas de outra galáxia, forman<strong>do</strong><br />
uma ‘dupla’ de galáxias denominada sistema binário.<br />
É possível que essa proximidade induza fortes<br />
interações gravitacionais entre os componentes desse<br />
par de galáxias, fazen<strong>do</strong> com que, em uma delas,<br />
surjam as características de uma Seyfert por um<br />
certo perío<strong>do</strong> de tempo.<br />
Variação rápida e caótica<br />
Outro tipo de galáxia ativa é o objeto BL-Lacertae,<br />
que, em geral, emite radiação sincrotrônica, pre<strong>do</strong>minantemente<br />
na forma de radiação infravermelha.<br />
Quan<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s através da luz visível que emitem,<br />
comumente têm o aspecto de uma estrela, sem<br />
evidências de estrutura extensa. Porém, quan<strong>do</strong><br />
essa observação é feita na faixa das ondas de rádio,<br />
esses objetos podem apresentar uma ligeira estrutura<br />
extensa.<br />
A principal diferença entre os BL-Lacertae e os<br />
demais tipos de NAGs é a rápida e caótica variação<br />
da radiação que emitem. A luz visível emitida pode<br />
variar, por exemplo, em até 20 vezes. Noite após<br />
noite, as flutuações de sua luminosidade podem<br />
chegar a 10% ou 30% e alguns casos variam em até<br />
100 vezes.<br />
Finalmente, vale ressaltar que as determinações<br />
das distâncias desses objetos não são boas. Mas,<br />
através de uma fraca nebulosidade que envolve o<br />
objeto protótipo dessa classe, foi possível avaliar<br />
sua distância em cerca de 430 milhões de parsecs<br />
(ou 430 Mpc). Cabe aqui uma nota sobre as principais<br />
unidades que serão usadas ao longo deste<br />
artigo. A unidade astronômica (UA) é a distância<br />
média da Terra ao Sol, cerca de 150 milhões de km.<br />
O ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano<br />
à velocidade constante de 300 mil km por segun<strong>do</strong>,<br />
valen<strong>do</strong> aproximadamente 10 trilhões de km. O<br />
parsec (pc) equivale a 3,26 anos-luz. Para se ter uma<br />
idéia, a Lua está a cerca de um segun<strong>do</strong>-luz da Terra,<br />
enquanto o Sol está a oito minutos-luz <strong>do</strong> nosso<br />
planeta.<br />
Figura 1.<br />
Modelo-padrão<br />
das galáxias<br />
de Seyfert<br />
Figura 2.<br />
Imagem<br />
feita a partir<br />
das ondas<br />
Como um colar de contas<br />
de rádio<br />
emitidas<br />
<strong>As</strong> primeiras captações de ondas de rádio vindas <strong>do</strong><br />
por Cygnus A,<br />
mostran<strong>do</strong><br />
espaço só foram feitas no início <strong>do</strong>s anos 30, quan<strong>do</strong><br />
o físico norte-americano Karl Jansky (1905-1950) gigantes<br />
os lóbulos<br />
detectou emissão dessa radiação vinda <strong>do</strong> centro situa<strong>do</strong>s<br />
da Via Láctea. Porém, foi só depois da Segunda em posições<br />
Guerra Mundial que a radioastronomia tomou impulso<br />
com o emprego <strong>do</strong> radar, desenvolvi<strong>do</strong> du-<br />
opostas<br />
em relação<br />
ao núcleo<br />
rante o conflito.<br />
da fonte,<br />
Em 1949, astrônomos australianos identificaram<br />
pela primeira vez duas fontes de rádio: M87 e Note-se<br />
ao centro.<br />
Centaurus A, localizadas em galáxias próximas,<br />
também<br />
o jato estreito<br />
NGC 5128 e NGC 4486, respectivamente. Cinco<br />
emergin<strong>do</strong><br />
anos mais tarde, os astrônomos teuto-americanos à direta<br />
Walter Baade (1893-1960) e Ru<strong>do</strong>lf Minkowski <strong>do</strong> núcleo<br />
(1895-1976) observaram, dessa vez em uma galáxia em direção<br />
distante, o objeto Cygnus A, também um emissor de<br />
ao lóbulo,<br />
e a estrutura<br />
rádio (figura 2). Essas identificações marcaram a<br />
filamentar<br />
descoberta de uma nova classe de objetos extragalácticos,<br />
as radiogaláxias. 4 os<br />
de ambos<br />
lóbulos<br />
maio de 2000 • CIÊNCIA HOJE • 33