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A S T R O F Í S I C A<br />
Figura 7.<br />
O quasar 3C 273<br />
objeto semelhante, 3C 273 (figura 7), foi identifica<strong>do</strong>.<br />
<strong>As</strong> características da radiação que ele emitia<br />
também eram intrigantes .<br />
Essas novas fontes de ondas de rádio foram<br />
designadas quasares, e evidências indicam que estão<br />
bem mais distantes que galáxias vizinhas à Via<br />
Láctea. Hoje, já foram identifica<strong>do</strong>s vários quasares.<br />
<strong>As</strong>sim como as radiogaláxias e demais NAGs, os<br />
quasares emitem radiação <strong>do</strong> tipo sincrotrônica, na<br />
faixa que vai das ondas de rádio aos raios X. Vários<br />
apresentam estrutura dupla extensa que emite ondas<br />
de rádio; outros consistem apenas de uma fonte<br />
compacta dessa radiação.<br />
Quasares variam sua luminosidade tanto na luz<br />
visível quanto em ondas de rádio. Essas variações<br />
têm perío<strong>do</strong>s da ordem de um ano, mas podem ser<br />
ainda mais rápidas, da ordem de dias a semanas.<br />
<strong>As</strong> variações da luz visível ajudam a estimar o<br />
tamanho real desses objetos. Estimativas mostram<br />
que os quasares devem ter dimensões de 1 pc ou<br />
menos, corresponden<strong>do</strong> a volumes trilhões de vezes<br />
menores que o de uma galáxia normal.<br />
Apesar de descobertos por sua emissão em rádio,<br />
somente 10% <strong>do</strong>s quasares são, de fato, emissores<br />
dessa radiação. Tu<strong>do</strong> indica que são exemplos<br />
extremos de NAGs, ten<strong>do</strong> no entanto luminosidade<br />
muito superior. Por exemplo, 3C 273 emite cerca de<br />
10 40 watts, ou seja, 1.000 vezes mais que uma<br />
galáxia espiral ordinária.<br />
Um fato surpreendente presente em alguns quasares,<br />
bem como em outros objetos emissores de rádio,<br />
foi a detecção de fenômenos com velocidades aparentemente<br />
superiores à da luz (ou ‘superluminais’).<br />
O próprio 3C 273 é um exemplo de fonte superluminal.<br />
Verifica-se que em certas fontes essas velocidades<br />
chegam a aparentemente 10 vezes a velocidade<br />
da luz! Apesar de aparentemente contrariar<br />
a teoria da relatividade, que mostra que a velocidade<br />
da luz no vácuo (300 mil km por segun<strong>do</strong>) é<br />
um limite para a natureza, esses fenômenos superluminais<br />
têm a ver, na realidade, com ejeções de nuvens<br />
de gás pela fonte com velocidades próximas<br />
(mas não superiores) à da luz, que apontam praticamente<br />
para a direção <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r aqui na Terra.<br />
Tu<strong>do</strong> indica que os quasares são os objetos mais<br />
brilhantes e mais distantes <strong>do</strong> universo observável.<br />
Suas luminosidades, tipicamente 100 vezes maiores<br />
que as das galáxias mais potentes próximas à<br />
Terra e produzidas em regiões extremamente compactas,<br />
levantam um problema importante: qual a<br />
sua fonte de energia<br />
Devora<strong>do</strong>res de massa<br />
Após a descoberta <strong>do</strong>s quasares, vários modelos<br />
foram propostos para os NAGs. Apesar <strong>do</strong> considerável<br />
avanço das observações nas últimas décadas,<br />
ainda não há um modelo geral capaz de descrever<br />
todas as propriedades <strong>do</strong>s NAGs.<br />
Nos primeiros modelos, explosões estelares, as<br />
supernovas, foram invocadas como fontes de energia.<br />
Como o centro das galáxias tem grande concentração<br />
de estrelas, é de se esperar que a taxa de<br />
produção dessas explosões ali seja grande. Além<br />
disso, suspeitava-se que a colisão freqüente entre<br />
estrelas favoreceria a formação de supernovas.<br />
Entretanto, esses modelos não eram capazes de<br />
reproduzir muitas propriedades <strong>do</strong>s NAGs. Em<br />
particular, não podiam explicar a formação <strong>do</strong>s jatos<br />
bipolares. Foram assim aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s, embora<br />
recentemente, venham sen<strong>do</strong> invoca<strong>do</strong>s para explicar<br />
propriedades de NAGs de menor potência, como<br />
as galáxias de Seyfert.<br />
Atualmente, o modelo mais popular e mais estuda<strong>do</strong><br />
para os quasares e NAGs envolve um buraco<br />
negro supermassivo (figura 8) com massa entre 10<br />
milhões e 10 bilhões de massas solares.<br />
A primeira característica de um NAG ou quasar<br />
é a quantidade colossal de energia que é capaz de<br />
produzir em um volume pequeno. NAGs muito ativos<br />
liberam cerca de 10 53 a 10 54 joules (unidade de<br />
energia) em 100 milhões de anos. Para se ter uma idéia<br />
de quão grandes são esses valores, basta dizer que o<br />
Sol terá libera<strong>do</strong> ao final de sua vida 10 44 joules em<br />
10 bilhões de anos, corresponden<strong>do</strong> à conversão de<br />
massa em energia, em um processo governa<strong>do</strong> pela<br />
equação E = mc 2 (onde E é a energia, m a massa e c 2<br />
a velocidade da luz ao quadra<strong>do</strong>), deduzida pelo<br />
físico alemão Albert Einstein (1879-1955), em sua<br />
teoria da relatividade, publicada em 1905.<br />
Em 10 bilhões de anos, o Sol terá aniquila<strong>do</strong> só<br />
cinco décimos de milésimos de sua massa. Uma<br />
galáxia normal, consistin<strong>do</strong> de cerca de 100 bilhões<br />
de estrelas como o Sol, consome apenas 0,005 mas-<br />
PALOMAR OBSERVATORY/CALIFORNIA INSTITUTE OF TECHNOLOGY<br />
36 • CIÊNCIA HOJE • vol. 27 • nº 160