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Traços da representação feminina na mídia - Jornalismo da UFV

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES<br />

DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES<br />

COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO<br />

TRAÇOS DA REPRESENTAÇÃO FEMININA NA MÍDIA: ESTUDO DE CASO<br />

DAS CAPAS DA REVISTA MARIE CLAIRE<br />

Monografia apresenta<strong>da</strong><br />

como parte <strong>da</strong>s exigências para conclusão do curso<br />

de Comunicação Social pela Universi<strong>da</strong>de Federal de Viçosa<br />

sob orientação do professor Ricardo Gomes Duarte.<br />

Alu<strong>na</strong>:<br />

Aman<strong>da</strong> Castro de Souza 51294<br />

Viçosa – MG<br />

Novembro/ 2008


UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES<br />

DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES<br />

COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO<br />

BANCA EXAMINADORA<br />

_________________________________<br />

José Paulo Martins – Jor<strong>na</strong>lista CCS<br />

_____________________________________________________<br />

Rodrigo Vaz – Professor do curso de Comunicação Social/<strong>UFV</strong><br />

___________________________________<br />

Ricardo Duarte Gomes <strong>da</strong> Silva – Orientador<br />

Viçosa<br />

Novembro/2008


Agradecimentos<br />

Não foi fácil chegar até aqui, por isso, quero agradecer aos meus ver<strong>da</strong>deiros<br />

mestres, minha mãe Ci<strong>da</strong> e meu pai José Alves, que me deram o aprendizado mais<br />

importante, a persistência e a luta pelos meus ideais, aos meus amados irmãos, Lidiane e<br />

Luciano, pelo apoio incondicio<strong>na</strong>l, aos meus cunhados Kari<strong>na</strong> e Valdir, pela força, à<br />

minha sobrinha Gabriela, pelos sinceros sorrisos nos dias difíceis que me fortaleceram,<br />

ao Mateus, fonte de minha força sobre<strong>na</strong>tural e meu grande incentivador, hoje, essa<br />

vitória também é sua. E ao meu orientador, professor Ricardo Duarte, que me estendeu<br />

a mão quando mais precisei e me orientou com tanto esmero.<br />

A todos vocês minha eter<strong>na</strong> gratidão!


Resumo<br />

O presente trabalho se propõe a compreender a representação <strong>femini<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong>s capas<br />

<strong>da</strong> revista Marie Claire, no período de maio de 2007 a outubro de 2007, totalizando seis<br />

meses. Buscou-se compreender, através de uma análise do conjunto de cores utiliza<strong>da</strong>s,<br />

do contexto histórico em que se inserem as modelos, suas poses fotográficas e as<br />

chama<strong>da</strong>s, com base em seus significados e mensagens implícitos, os valores simbólicos<br />

impressos e alguns tópicos relativos à visuali<strong>da</strong>de contemporânea intensamente marca<strong>da</strong><br />

pelas imagens <strong>femini<strong>na</strong></strong>s veicula<strong>da</strong>s nesta mídia e por objetos de consumo.<br />

Com os resultados, nos tor<strong>na</strong>mos mais atentos às intenções do texto e <strong>da</strong><br />

imagem presentes <strong>na</strong>s capas dos periódicos e em praticamente todos os veículos de<br />

comunicação. Criamos um olhar mais crítico com relação a este tema, que acreditamos<br />

ser essencial para a prática do exercício jor<strong>na</strong>lístico. Também acreditamos que seja de<br />

fun<strong>da</strong>mental importância para todos exercitarem o olhar crítico para poderem formar a<br />

sua própria opinião sobre determi<strong>na</strong>do assunto.<br />

Palavras-chave: Comunicação. Representação <strong>femini<strong>na</strong></strong>. Consumo.


Sumário<br />

CAPÍTULO I – OS ESTEREÓTIPOS DA MULHER NA MÍDIA<br />

1.0. Introdução ......................................................................................................... 01<br />

1.1. A mulher brasileira – breve histórico ............................................................... 02<br />

1.2. Capa de revista .................................................................................................. 04<br />

1.3. O surgimento <strong>da</strong>s revistas ................................................................................. 06<br />

1.4. A evolução <strong>da</strong>s revistas no Brasil ..................................................................... 07<br />

CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO<br />

2.0. Característica <strong>da</strong>s revistas ................................................................................ 08<br />

2.1. Linguagem jor<strong>na</strong>lística: texto de jor<strong>na</strong>l e texto de revista ............................... 09<br />

2.2. As revistas no Brasil ........................................................................................ 11<br />

CAPÍTULO III – REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO<br />

3.0. Metodologia ..................................................................................................... 14<br />

3.1. Referencial teórico ........................................................................................... 15<br />

3.1.1. A Teoria Crítica ............................................................................................ 16<br />

3.1.2. Crítica à revista Marie Claire ....................................................................... 17<br />

3.1.3. A Teoria do Agen<strong>da</strong>mento ........................................................................... 19<br />

3.1.4. Marie Claire e o Agen<strong>da</strong>mento .................................................................... 21<br />

3.2. Cultura de consumo x Socie<strong>da</strong>de de consumo ................................................ 22<br />

CAPÍTULO IV – A REVISTA MARIE CLAIRE<br />

4.0. A editora Globo ............................................................................................... 24<br />

4.1. Marie Claire .................................................................................................... 24<br />

CAPÍTULO V – ANÁLISES<br />

5.0. Análise <strong>da</strong>s edições ......................................................................................... 28<br />

5.1. Marie Claire em Viçosa MG .......................................................................... 43<br />

CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 44<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 46<br />

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 48<br />

ANEXOS ................................................................................................................ 49


CAPÍTULO I – OS ESTEREÓTIPOS DA MULHER NA MÍDIA<br />

1.0. Introdução<br />

Através de levantamentos empíricos, esta pesquisa visa a<strong>na</strong>lisar os valores<br />

simbólicos impressos <strong>na</strong> revista Marie Claire, além de realizar uma análise comparativa<br />

<strong>na</strong>s capas <strong>da</strong>s edições números 194, 195, 196, 197, 198 e 199. Embora o tema seja<br />

interessante para uma análise mais detalha<strong>da</strong>, o recorte a<strong>na</strong>lisado foi necessário, pois<br />

não cabe no momento realizar uma análise aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Serão abor<strong>da</strong>dos alguns tópicos relativos à visuali<strong>da</strong>de contemporânea<br />

intensamente marca<strong>da</strong> pelas imagens <strong>femini<strong>na</strong></strong>s veicula<strong>da</strong>s nesta mídia e por objetos de<br />

consumo. Comparar o recorte e traçar as tendências <strong>da</strong> revista, além, é claro, de mostrar<br />

que a mesma influencia niti<strong>da</strong>mente a mo<strong>da</strong> e o modo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s leitoras.<br />

A socie<strong>da</strong>de de consumo vem sendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong> há alguns anos por vários<br />

estudiosos, como Frederic Jameson, David Harvey, Mike Featherstone, Laslie Sklair,<br />

Zygmunt Bauman e Jean Baudrillard, sendo que ambos ressaltam que a característica <strong>da</strong><br />

mesma é, antes de tudo, a de ser uma socie<strong>da</strong>de de cultura de consumo, que reduz o<br />

indivíduo à condição de consumidor como conseqüência <strong>da</strong> automatização do sistema<br />

de produção.<br />

As novas formas referentes ao consumo estão relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com os meios de<br />

comunicação, com a alta tecnologia, com as indústrias <strong>da</strong> informação (que buscam<br />

expandir uma mentali<strong>da</strong>de consumista, a serviço dos interesses econômicos) e com as<br />

maneiras de ser e de ter do homem pós-moderno.<br />

Já existem também, <strong>na</strong> literatura brasileira, várias obras que abor<strong>da</strong>m este tema,<br />

como Mulher objeto de cama e mesa, de Helonei<strong>da</strong> Stuart, A ditadura <strong>da</strong> beleza e a<br />

revolução <strong>da</strong>s mulheres, de Augusto Cury e outras, além de diversos sites e livros sobre<br />

o jor<strong>na</strong>lismo de revista. A exemplo é válido mencio<strong>na</strong>r o livro de Marília Scalzo,<br />

Jor<strong>na</strong>lismo de revista, publicado em 2003, no qual a autora realiza uma vasta análise<br />

sobre a produção e os aspectos intersubjetivos do jor<strong>na</strong>lismo de revista. Na pági<strong>na</strong> 82 do<br />

livro de Marília a autora apresenta a relação <strong>da</strong> revista com sua publici<strong>da</strong>de, destacando<br />

a relação ética do veículo. Tal fato é importante porque a revista Marie Claire possui<br />

muita publici<strong>da</strong>de em suas pági<strong>na</strong>s, muitas delas de perfumes, grifes de roupas, jóias e<br />

sapatos, marcas de carros, chegando até a apresentar em suas últimas pági<strong>na</strong>s uma<br />

enorme lista com nomes e endereços de lojas de roupas, sapatos e outros.


Além <strong>da</strong>s bibliografias apresenta<strong>da</strong>s, outras, de igual importância e que pode<br />

acrescentar muito <strong>na</strong> área, mas sem relação direta com o tema, também já foram<br />

realiza<strong>da</strong>s como o Jor<strong>na</strong>lismo e desinformação de Leão Serva, onde ele abor<strong>da</strong>, além do<br />

jor<strong>na</strong>lismo de revista, o televisivo, o radiofônico, o de cinema e vários outros. A obra,<br />

assim como A imprensa e o dever <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, de Rui Barbosa, que trata <strong>da</strong><br />

responsabili<strong>da</strong>de dos meios de comunicação de massa e os princípios éticos, contribuem<br />

para aumentar os conhecimentos acerca <strong>da</strong> comunicação e suas vertentes, sem, contudo,<br />

a<strong>na</strong>lisar a revista Marie Claire, trabalho que pretendo realizar.<br />

1.1. A mulher brasileira – breve histórico<br />

Por vários séculos, a mulher foi predesti<strong>na</strong><strong>da</strong> e vista como objeto a ser mol<strong>da</strong>do<br />

para obedecer ao que era pregado pela igreja, satisfazendo as expectativas dos pais e,<br />

posteriormente, do marido, escolhido por sua família. Ela crescia submissa ao pai e<br />

continuava submissa ao marido e aos filhos.<br />

A socie<strong>da</strong>de, por sempre exaltar a superiori<strong>da</strong>de masculi<strong>na</strong>, fez com que a<br />

mulher não demonstrasse sua vontade própria e seus sentimentos. Os valores e as idéias<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira atual trazem as cicatrizes do autoritarismo, do patriarcalismo e<br />

do machismo segundo o qual, o direito legal de chefiar pertence aos homens, enquanto<br />

às mulheres cabe a submissão.<br />

Contudo, o papel <strong>da</strong> mulher <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de começou a mu<strong>da</strong>r a partir <strong>da</strong><br />

Revolução Francesa em 1789, quando as mulheres passaram a atuar de forma<br />

significativa <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de. A exploração e a limitação de direitos marcaram essa<br />

participação <strong>femini<strong>na</strong></strong> e aos poucos foram surgindo movimentos pela melhoria <strong>da</strong>s<br />

condições de vi<strong>da</strong> e trabalho, a participação política, o acesso à instrução e a igual<strong>da</strong>de<br />

de direitos entre os sexos 1 .<br />

Com a Revolução Industrial, <strong>na</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XVIII, a absorção do<br />

trabalho feminino pelas indústrias, como forma de baratear os salários, inseriu<br />

definitivamente a mulher <strong>na</strong> produção. Ela passou a ser obriga<strong>da</strong> a cumprir jor<strong>na</strong><strong>da</strong>s de<br />

até 17 horas de trabalho em condições insalubres e submeti<strong>da</strong>s a espancamentos e<br />

humilhações, além de receberem salários até 60% inferiores aos dos homens (Id.Ibid).<br />

1 O papel <strong>da</strong> mulher <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de. Indexado em 21/03/2007. Capturado em 20/10/2008. Disponível em:<br />

http://www.notapositiva.com/trab_estu<strong>da</strong>ntes/trab_estu<strong>da</strong>ntes/filosofia/filosofia_trabalhos/papelmulherso<br />

cied.htm


Com o engajamento <strong>da</strong> classe <strong>femini<strong>na</strong></strong> nestas causas, muitas conquistas vieram<br />

e aos poucos as mulheres foram conquistando mais espaço, provando competência e<br />

força de trabalho. A ca<strong>da</strong> geração as mulheres ficam mais independentes e, mesmo sem<br />

grupos organizados, as conquistas continuam. Mais do que uma luta pessoal, as<br />

mulheres, com consciência do poder <strong>da</strong> classe, também estão representa<strong>da</strong>s junto às<br />

causas sociais, emitindo opiniões e reivindicando mu<strong>da</strong>nças nos problemas <strong>da</strong>s<br />

minorias.<br />

A mulher deu início, consciente e inconscientemente, a maior revolução<br />

mercadológica <strong>da</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s levando as lideranças empresariais a descobrirem o<br />

potencial do produto que mais agrega valor para a mulher contemporânea - a<br />

pratici<strong>da</strong>de. Com essa descoberta surgiram os alimentos semi-preparados e prontos, as<br />

roupas feitas para todos os gostos e bolsos, os eletrodomésticos de grande utili<strong>da</strong>de no<br />

lar e uma gama enorme de serviços domiciliares. A concentração de produtos e serviços<br />

oferecidos pelos shopping centers, os transportadores escolares, o delivery 2 e tantas<br />

outras ofertas que tiveram como alvo principal poupar tempo <strong>da</strong>quelas que cumprem, no<br />

mínimo, duas jor<strong>na</strong><strong>da</strong>s de trabalho. Sem esquecer de mencio<strong>na</strong>r as facili<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

Internet e do celular, que revolucio<strong>na</strong>ram o sistema de comunicação.<br />

Entre as diversas causas do avanço <strong>da</strong> participação <strong>da</strong> mulher no mundo dos<br />

negócios merece destaque o seu mérito pessoal, a escala<strong>da</strong> de desemprego, o sonho <strong>da</strong><br />

independência fi<strong>na</strong>nceira e econômica e a aju<strong>da</strong> no orçamento familiar. Colaboraram,<br />

ain<strong>da</strong>, a per<strong>da</strong> do poder aquisitivo, o desejo <strong>na</strong>tural de assegurar melhor padrão de<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> aos filhos e a certeza de que poderia desempenhar, com a mesma<br />

eficácia e digni<strong>da</strong>de, tantas outras tarefas como a de do<strong>na</strong>-de-casa que aliás, ela nunca<br />

abandonou. Realizar essas necessi<strong>da</strong>des e acreditar no sonho de que dias melhores<br />

virão, motivam as mulheres a trabalhar fora de casa, apesar <strong>da</strong> injustiça salarial<br />

caracterizar grande parte do universo feminino 3 .<br />

Hoje a mulher costuma ser divulga<strong>da</strong> em to<strong>da</strong> a mídia de massa como usável e<br />

descartável, fragmenta<strong>da</strong> em partes específicas do corpo as quais parecem ter vi<strong>da</strong><br />

própria. O sexo pelo sexo vem sendo propagado, sem carinho e sem afeto, corrompendo<br />

2 De acordo com a enciclopédia eletrônica Wikipédia, o delivery é um sistema de entrega que muitos<br />

restaurantes, principalmente pizzarias, oferecem como serviço aos seus clientes, muitas vezes até mesmo<br />

de graça. Capturado em 05/11/2008. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Delivery<br />

3 A saga <strong>da</strong> mulher contemporânea. Capturado em 05/11/2008. Disponível em:<br />

http://www.portal<strong>da</strong>familia.org/scpainel/cart019.shtml


a própria sexuali<strong>da</strong>de, uma vez que a mulher pouco ou <strong>na</strong><strong>da</strong> faria com um grande<br />

traseiro.<br />

Segundo pesquisas, a programação mais indica<strong>da</strong> às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> mulher<br />

seriam os programas sob a visão <strong>femini<strong>na</strong></strong> e não ape<strong>na</strong>s dedicados às mulheres, uma vez<br />

que a programação atual é ti<strong>da</strong> como machista e distante do corre-corre diário do atual<br />

estilo feminino 4 .<br />

Além disso, a mulher de hoje possui angústias varia<strong>da</strong>s e sua falta de tempo para<br />

executar com sucesso seus papéis está lhe causando um enorme cansaço, fazendo com<br />

que a cama e o sono sejam muitas vezes a alter<strong>na</strong>tiva de lazer mais deseja<strong>da</strong>.<br />

É neste contexto que se localiza o público-alvo de Marie Claire, por isso a<br />

importância de se entender seu histórico para entendermos seu presente.<br />

Vivemos em uma socie<strong>da</strong>de <strong>na</strong> qual a mídia costuma controlar e manipular o<br />

modo de vi<strong>da</strong> e escolha <strong>da</strong>s pessoas, sugerindo regras e comportamentos. Hoje ela<br />

impõe um padrão de beleza i<strong>na</strong>tingível e muitas mulheres e adolescentes sofrem por<br />

nunca conseguirem alcançá-lo.<br />

1.2. Capa de revista<br />

A capa de uma revista é como o seu cartão de visita e sua função é, sem dúvi<strong>da</strong>s,<br />

vender. Ela traz os principais conteúdos <strong>da</strong> revista <strong>na</strong>quela edição e possui formas<br />

diferentes de organizar sua própria apresentação. Ela é forma<strong>da</strong> basicamente por quatro<br />

elementos que são: o logotipo, a imagem principal, o tipo de letra e as cores.<br />

"A capa é a voz que te chama <strong>na</strong> banca” 5 , afirma o designer <strong>da</strong> editora Abril,<br />

Carlos Grassetti, em entrevistas veicula<strong>da</strong>s em diversos sites <strong>da</strong> internet. Segundo ele,<br />

para serem bem-sucedi<strong>da</strong>s, as capas devem levar em conta quatro fatores: a estética, o<br />

conteúdo, a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> revista e, claro, o apelo de ven<strong>da</strong>s. Todos agindo em sinergia<br />

com um único objetivo: conquistar o leitor.<br />

A capa deve fazer o leitor identificar imediatamente a publicação, mas ser<br />

sempre surpreendido pelas constantes inovações que ela traz. Devem apresentar uma<br />

logomarca marcante, limpa e de fácil assimilação, relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> ao estilo de vi<strong>da</strong> do<br />

público ao qual a revista se direcio<strong>na</strong>.<br />

4 Mulher <strong>na</strong> mídia. Indexado em junho/2003. Capturado em 05/11/2008. Disponível em<br />

http://www.midiaindependente.org/media/2003/06/257347.doc<br />

5 O poder <strong>da</strong> capa. Capturado em 06/11/2008. Disponível em<br />

http://www.emrevista.com/Edicoes/9/artigo7948-5.asp


A beleza estética também é importante, pois capas feias não vendem. A boa capa<br />

precisa ser constituí<strong>da</strong> de bom gosto <strong>na</strong> seleção <strong>da</strong>s fotos e <strong>na</strong> combi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s cores,<br />

porém, a forma jamais deve prejudicar o conteúdo, mas sim valorizá-lo. As chama<strong>da</strong>s<br />

devem ser legíveis, grandes e as fontes não devem ser serifa<strong>da</strong>s.<br />

Fonte: Associação Nacio<strong>na</strong>l de Editores de Revista


1.3. O surgimento <strong>da</strong>s revistas<br />

A primeira revista de que se tem notícia foi publica<strong>da</strong> em 1663, <strong>na</strong> Alemanha, e<br />

chamava-se Erbauliche Mo<strong>na</strong>ths-Unterredungen (ou Edificantes Discussões Mensais).<br />

Possuía cara e jeito de livro e só é considera<strong>da</strong> revista porque trazia vários artigos sobre<br />

um mesmo assunto – teologia – e era volta<strong>da</strong> para um público específico. Além disso,<br />

propunha-se a sair periodicamente. Mas, como tudo o que é inovador, inspirou<br />

publicações semelhantes pelo mundo: em 1665, surgiu <strong>na</strong> França o Jour<strong>na</strong>l dês Savants;<br />

em 1668, <strong>na</strong>sce <strong>na</strong> tália o Gior<strong>na</strong>li dei Litterati e <strong>na</strong> Inglaterra, em 1680, aparece o<br />

Mercurius Librarius ou Faithfull Account of all Books and Pamphlets.<br />

To<strong>da</strong>s essas publicações, mesmo não utilizando o termo revista no nome (isso só<br />

aconteceu a partir de 1704 <strong>na</strong> Inglaterra) e parecendo-se demais com os livros,<br />

deixavam clara a missão do novo veículo: desti<strong>na</strong>r-se a públicos específicos e<br />

aprofun<strong>da</strong>r os assuntos - mais que os jor<strong>na</strong>is, menos que os livros.<br />

Já em 1672 surge <strong>na</strong> França Le Mercure Galant, contendo notícias curtas,<br />

anedotas e poesia - receita que se mostrou tão eficaz e popular que logo foi copia<strong>da</strong>. E,<br />

em 1731, em Londres, é lança<strong>da</strong> a primeira revista mais pareci<strong>da</strong> com as que<br />

conhecemos hoje em dia, The Gentlemen`s Magazine. Inspira<strong>da</strong> nos grandes magazines<br />

– lojas que vendiam um pouco de tudo. O termo magazine, a partir de então, passa a<br />

servir para desig<strong>na</strong>r revistas em inglês e em francês. Na seqüência, em 1749, surge a<br />

Ladies Magazine, que lança mão <strong>da</strong> mesma receita para o público feminino.<br />

Nos Estados Unidos, os primeiros títulos (American Magazine e General<br />

Magazine) são publicados em 1741, e até o fim do século XVIII uma cente<strong>na</strong> de<br />

publicações já havia tomado conta do mercado. As revistas começam a ganhar os EUA<br />

<strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que o país se desenvolve, o a<strong>na</strong>lfabetismo diminui, cresce o interesse por<br />

novas idéias e a conseqüente necessi<strong>da</strong>de de divulgá-las. Novos títulos surgem e<br />

multiplicam-se (muitos importados <strong>da</strong> Europa), <strong>da</strong>ndo início ao que é hoje um dos<br />

maiores mercados de revistas do mundo: cerca de seis bilhões de exemplares por ano.<br />

Só para comparar: no Brasil, atualmente, são vendidos mais ou menos 600 milhões de<br />

exemplares por ano.<br />

Ao longo do século XIX, a revista ganhou espaço, virou e ditou mo<strong>da</strong>,<br />

principalmente <strong>na</strong> Europa e também nos Estados Unidos. Com o aumento dos índices<br />

de escolarização, havia uma população alfabetiza<strong>da</strong> que queria ler e se instruir, mas não<br />

se interessava pela profundi<strong>da</strong>de dos livros, ain<strong>da</strong> vistos como instrumentos <strong>da</strong> elite e<br />

pouco acessíveis. Com o avanço técnico <strong>da</strong>s gráficas, as revistas tor<strong>na</strong>ram-se o meio


ideal, reunindo vários assuntos em um só lugar, além de trazer belas imagens<br />

ilustrativas. Portanto, era uma forma de se fazer circular, concentra<strong>da</strong>s, diferentes<br />

informações sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibili<strong>da</strong>des que se abriam<br />

para uma população que começava a ter acesso ao saber. A revista ocupou assim um<br />

espaço entre o livro e o jor<strong>na</strong>l.<br />

Além de possibilitar a melhoria <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de dos impressos, os avanços técnicos<br />

<strong>na</strong> indústria gráfica permitiram o aumento <strong>da</strong>s tiragens, o que por sua vez atraiu os<br />

anunciantes dispostos a levar a mensagem sobre seus produtos para um público ca<strong>da</strong><br />

vez mais amplo. Com os anúncios fi<strong>na</strong>nciando os custos de produção, foi possível<br />

baixar os preços dos exemplares, que conseqüentemente passaram a ser lidos por ain<strong>da</strong><br />

mais gente, o que fez as tiragens cresceram <strong>na</strong> mesma proporção 6 .<br />

1.4. A evolução <strong>da</strong>s revistas no Brasil<br />

São do século XIX as primeiras notícias a respeito <strong>da</strong>s revistas brasileiras.<br />

Muitas de vi<strong>da</strong> efêmera, tais publicações, por vezes, eram defini<strong>da</strong>s como “ensaios” 7 ou<br />

“folhetos”; assim ocorreu com aquela que ficou conheci<strong>da</strong> como a primeira revista do<br />

país: As Varie<strong>da</strong>des ou Ensaios de Literatura (1812).<br />

As Varie<strong>da</strong>des teve ape<strong>na</strong>s duas edições e, assim como outras revistas <strong>da</strong> época,<br />

não tinha caráter noticioso. A exemplo de As Varie<strong>da</strong>des, as primeiras revistas<br />

brasileiras foram, em geral, publicações institucio<strong>na</strong>is e eruditas, que pouco lembravam<br />

a configuração que temos hoje do veículo; dentre elas, podemos citar: Revistas <strong>da</strong><br />

Socie<strong>da</strong>de Filomática (1833), Revista <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Ensaios Literários (1876), Revista<br />

<strong>da</strong> união Acadêmica (1899), Revista Semanária dos Trabalhadores Legislativos <strong>da</strong><br />

Câmara dos Senhores Deputados (1828) e Revista Brasileira (1857).<br />

É somente no início do século XX que as revistas começam a ganhar definição e<br />

espaço diferenciado em relação aos jor<strong>na</strong>is, que passam, <strong>na</strong>quele momento, por<br />

mu<strong>da</strong>nças estruturais, especialmente com a separação do material literário.<br />

Dessa fase podemos citar: A Rua do Ouvidor (1900), Revista <strong>da</strong> Sema<strong>na</strong> (1903),<br />

Kosmos (1904), Re<strong>na</strong>scença (1904), A Vi<strong>da</strong> Moder<strong>na</strong> (1907), Fon-Fon (1907), Careta<br />

(1908), Revista America<strong>na</strong> (1909), O Pirralho (1911), A Cigarra (1913), Selecta<br />

(1915), entre outros.<br />

6 As informações deste tópico foram encontra<strong>da</strong>s em Scalzo 2004.<br />

7 Segundo a enciclopédia eletrônica Wikipédia, ensaio é um texto literário breve, situado entre o poético<br />

e o didático, expondo idéias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. C.F.:<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio


O marco do jor<strong>na</strong>lismo em revistas <strong>da</strong>ria-se, no entanto, ape<strong>na</strong>s em 1928, com a<br />

criação de O Cruzeiro, de Carlos Malheiros Dias e que passaria a integrar, juntamente<br />

com A Cigarra, o grupo de Assis Chateaubriand, os Diários Associados. Considera<strong>da</strong><br />

como pioneira <strong>na</strong> reportagem, a revista, que circulou até 1975, consolidou-se no gênero<br />

com a dupla Jean Manzon e David Nasser, nos anos 40.<br />

Ain<strong>da</strong> no gênero reportagem, a revista Diretrizes, cria<strong>da</strong> em 1938 por Samuel<br />

Weiner, destacou-se <strong>na</strong> produção jor<strong>na</strong>lística com textos investigativos e críticos. Com<br />

as ativi<strong>da</strong>des limita<strong>da</strong>s em virtude <strong>da</strong> censura vigente durante o Estado novo, de Getúlio<br />

Vargas, a revista circulou até 1944.<br />

CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO<br />

2.0. Característica <strong>da</strong>s revistas<br />

Em linhas gerais, define-se revista como uma publicação periódica de formato e<br />

temática variados que se difere do jor<strong>na</strong>l pelo tratamento visual (melhor quali<strong>da</strong>de de<br />

papel e de impressa, além de maior liber<strong>da</strong>de <strong>na</strong> diagramação e utilização de cores) e<br />

pelo tratamento textual (sem o imediatismo imposto aos jor<strong>na</strong>is diários, as revistas<br />

li<strong>da</strong>riam com os fatos já publicados pelos jor<strong>na</strong>is diários ou já veiculados pela televisão<br />

de maneira mais a<strong>na</strong>lítica, fornecendo um maior número de informações sobre<br />

determi<strong>na</strong>do assunto). Outra característica é a segmentação.<br />

Ao lado dessa segmentação de público, outra questão ganhou terreno em relação<br />

aos estudos sobre o veículo no país: a tentativa de classificar essas produções no<br />

mercado editorial.<br />

Em A Comunicação Grotesca – Introdução à Cultura de Massa, Sodré afirma<br />

que quatro grupos de revistas prevaleciam no país no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70:<br />

informação geral e entretenimento, informação e análise de notícias, revistas <strong>femini<strong>na</strong></strong>s<br />

ou dedica<strong>da</strong>s a problemas <strong>da</strong> família e revistas de conhecimentos gerais. Para Sodré, em<br />

todos os grupos a noção de catálogo tende a se sobrepor à idéia de notícia, uma vez que<br />

a produção editorial <strong>da</strong>s revistas estaria, segundo ele, comprometi<strong>da</strong> com três elementos<br />

básicos: o sucesso, a sensação e o relaxamento.<br />

Outra idéia nesse sentido é de K. P. Valla<strong>da</strong>, <strong>na</strong> tese Revistas: um produto,<br />

objeto e instrumento de marketing (1989), o autor propõe uma divisão <strong>da</strong>s revistas<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is em quatro classes, basea<strong>da</strong>s nos pressupostos <strong>da</strong> ciência <strong>da</strong> informação:<br />

informativas, de interesse geral, de interesse específico e especializa<strong>da</strong>s.


Tais grupos, contudo, tendem a ser pensados de forma ca<strong>da</strong> vez mais<br />

segmenta<strong>da</strong>. Portanto, consideram-se atualmente no Brasil, pelo menos vinte gêneros <strong>na</strong><br />

classificação dos principais títulos em circulação: interesse geral/informação/<br />

atuali<strong>da</strong>des; interesse geral/ciência; interesse geral/leitura; interesse geral/negócios;<br />

interesse geral/turismo; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/comportamento/beleza; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/jovem; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/<br />

mo<strong>da</strong>; trabalhos manuais; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/puericultura; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/culinária; <strong>femini<strong>na</strong></strong>/saúde;<br />

masculi<strong>na</strong>; esporte/automobilismo; arquitetura; decoração; astrologia; cinema/música/<br />

TV; construção; infantil/games; informática; e outros (Nascimento, 1999).<br />

2.1. Linguagem jor<strong>na</strong>lística: texto de jor<strong>na</strong>l e texto de revista<br />

Enquanto <strong>na</strong> literatura a forma é compreendi<strong>da</strong> como portadora, em si, de<br />

informação estética, em jor<strong>na</strong>lismo a ênfase desloca-se para os conteúdos, para o que é<br />

informado. O jor<strong>na</strong>lismo se propõe processar informação em escala industrial e para o<br />

consumo imediato. As variáveis formais devem ser reduzi<strong>da</strong>s, portanto, mais<br />

radicalmente do que <strong>na</strong> literatura.<br />

Para Nilson Lage (2003) em Linguagem jor<strong>na</strong>lística, o texto jor<strong>na</strong>lístico procura<br />

conter informação conceitual, o que significa suprimir usos lingüísticos pobres de<br />

valores referenciais, como as frases feitas <strong>da</strong> linguagem cartorária. Sua descrição não se<br />

pode limitar ao fornecimento de fórmulas rígi<strong>da</strong>s, porque elas não dão conta <strong>da</strong><br />

varie<strong>da</strong>de de situações encontra<strong>da</strong>s no mundo objetivo e tendem a envelhecer<br />

rapi<strong>da</strong>mente. A questão teórica consiste em estabelecer princípios gerais que permitam a<br />

constante atualização <strong>da</strong> linguagem e relacio<strong>na</strong>dos com os objetivos, o modo e as<br />

condições de produção do texto.<br />

Do ponto de vista <strong>da</strong> eficiência <strong>da</strong> comunicação, o registro coloquial seria<br />

sempre preferível, pois é mais acessível para as pessoas de pouca escolari<strong>da</strong>de e, mesmo<br />

para as que estu<strong>da</strong>ram ou li<strong>da</strong>m constantemente com a linguagem formal, permite mais<br />

rápi<strong>da</strong> fruição e maior expressivi<strong>da</strong>de. Contudo, o registro formal é uma imposição de<br />

ordem política, esteja ou não em lei. A pressão social valoriza seu emprego e qualifica<br />

de erro todo desvio.<br />

A conciliação entre esses dois interesses – de uma comunicação eficiente e de<br />

aceitação social – resulta <strong>na</strong> restrição fun<strong>da</strong>mental a que está sujeita a linguagem<br />

jor<strong>na</strong>lística: ela é basicamente constituí<strong>da</strong> de palavras, expressões e regras<br />

combi<strong>na</strong>tórias que são possíveis no registro coloquial e aceitas no registro formal.


A. Texto de jor<strong>na</strong>l<br />

Um texto de jor<strong>na</strong>l é depurado por uma linguagem específica - a linguagem<br />

jor<strong>na</strong>lística. Sabe-se que deve primar pela clareza de idéias e objetivi<strong>da</strong>de, além do<br />

encadeamento de idéias que é uma exigência que se faz em qualquer texto.<br />

Normalmente esses textos têm caráter informativo. As informações são<br />

apresenta<strong>da</strong>s em ordem decrescente de importância ou relevância, seguindo assim uma<br />

técnica chama<strong>da</strong> pirâmide inverti<strong>da</strong>. Ou seja, a base do texto (conteúdo mais<br />

importante) fica em cima e o ápice (conteúdo mais superficial) embaixo.<br />

O primeiro parágrafo do texto é chamado de “lide” ou “lead” (inglês) e carrega o<br />

conteúdo mais denso <strong>da</strong> matéria, as principais informações. Esse recurso é usado para<br />

que as pessoas possam ter acesso fácil e rápido à informação e tenham a oportuni<strong>da</strong>de<br />

de selecio<strong>na</strong>r as matérias que realmente lhes interessam para prosseguir com a leitura.<br />

Geralmente o título <strong>da</strong> matéria é baseado no lide.<br />

Usualmente, o processo de produção de um texto jor<strong>na</strong>lístico se divide em<br />

quatro fases: a pauta (escolha do assunto), a apuração (verificação dos fatos e de<br />

provas), a re<strong>da</strong>ção (organização <strong>da</strong>s idéias transformando-as em texto) e a edição<br />

(locação desses textos no jor<strong>na</strong>l, correção e revisão dos mesmos).<br />

B. Texto de revista<br />

O texto de revista é diferente do texto de jor<strong>na</strong>l, de Internet, de televisão, de<br />

livro e de rádio. Principalmente o texto de uma boa revista, pois além de conter<br />

informações de quali<strong>da</strong>de, exclusivas e bem apura<strong>da</strong>s, o texto de revista precisa de um<br />

tempero a mais. Diferente do leitor de jor<strong>na</strong>l, o de revista espera, além de receber a<br />

informação, recebê-la de forma prazerosa. Ele quer a informação correta, simples e<br />

clara – seja o exercício para o abdômen, a receita de bolo, a nota política, o roteiro de<br />

viagem -, mas quer também um texto que não seja seco.<br />

Segundo Marília Scalzo (2004) em Jor<strong>na</strong>lismo de Revista, o bom texto de<br />

revista é o que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessi<strong>da</strong>des de informação,<br />

cultura e entretenimento.<br />

Para se fazer um texto de revista é preciso conhecer seu público e direcio<strong>na</strong>r o<br />

texto para ele. Conhecendo o leitor, sabe-se exatamente o tom com que se dirigir a ele.<br />

É preciso escrever <strong>na</strong> língua do leitor.<br />

Assim, o tipo de linguagem varia muito de uma publicação para outra. Diferente<br />

de um jor<strong>na</strong>l, não há um “manual de re<strong>da</strong>ção” detalhado e específico para quem trabalha


em revistas. Uma editora que publica títulos tão diferentes quanto Capricho e Exame,<br />

ou Galileu e Marie Claire, só poderá se guiar por um manual genérico, que se restrinja<br />

a resolver e eluci<strong>da</strong>r problemas de língua portuguesa e padronização ortográfica. Como<br />

não é possível trabalhar com um único estilo de texto para públicos tão diferentes, casa<br />

revista irá falar a linguagem de seu leitor específico.<br />

Uma curiosi<strong>da</strong>de sobre as diferenças entre revistas e jor<strong>na</strong>is diz respeito ao<br />

tempo de exposição <strong>da</strong>s revistas. Segundo Geraldo sobreira (1993) em Como li<strong>da</strong>r com<br />

os jor<strong>na</strong>listas, o tempo de exposição <strong>da</strong>s revistas - uma sema<strong>na</strong> mais alguns dias – <strong>na</strong>s<br />

ante-salas de cabeleleiros e <strong>na</strong>s casas e apartamentos de leitores é quase 10 vezes<br />

superior ao de qualquer jor<strong>na</strong>l.<br />

Outra curiosi<strong>da</strong>de acerca de revista é, de acordo com Nilson Lage (2003) em A<br />

reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jor<strong>na</strong>lística, o surgimento <strong>da</strong>s<br />

pautas que institucio<strong>na</strong>lizou-se, a princípio, nos magazines: a razão é que revistas, ao<br />

contrário de jor<strong>na</strong>is, não têm o compromisso de cobrir todos os assuntos de sua área de<br />

abrangência: devem selecioná-los, sob pe<strong>na</strong> de ter excesso de produção e per<strong>da</strong> de<br />

investimento. A obrigação de selecio<strong>na</strong>r ressalta a importância do planejamento <strong>da</strong><br />

edição. Além disso, matérias de revistas são feitas a partir de enfoques editoriais<br />

específicos, que precisam ser considerados previamente, portanto, as revistas, bem mais<br />

do que os jor<strong>na</strong>is, obedece a um discurso institucio<strong>na</strong>l que lhe é próprio.<br />

2.2. As revistas <strong>femini<strong>na</strong></strong>s no Brasil<br />

As revistas só para mulheres existem desde que surgiram as revistas no país.<br />

Elas começaram a aparecer aos poucos, geralmente produzi<strong>da</strong>s e escritas por homens.<br />

Traziam as novi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, importa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Europa, dicas e conselhos culinários,<br />

artigos de interesse geral, ilustrações, peque<strong>na</strong>s notícias e anedotas. Esse modelo foi<br />

repetido, com peque<strong>na</strong>s diferenças, durante todo o século XIX e a primeira metade do<br />

século XX. Houve também, ain<strong>da</strong> neste período, publicações feitas de mulheres para<br />

mulheres, preocupa<strong>da</strong>s com sua condição <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de e seus direitos, mas são poucas e<br />

a maioria teve vi<strong>da</strong> curta (Scalzo, 2004).<br />

É impossível reconstruir as primeiras revistas <strong>femini<strong>na</strong></strong>s do Brasil sem citar a sua<br />

primeira versão periódica: os jor<strong>na</strong>is.<br />

A imprensa <strong>femini<strong>na</strong></strong> surgiu no Brasil <strong>na</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XIX e a<br />

primeira do século XX, sob um contexto de mutações não só político-econômicas, mas


principalmente sociais que deram início à alteração <strong>da</strong> posição homem-mulher (Scalzo,<br />

2004).<br />

Apesar do confi<strong>na</strong>mento pessoal feminino, a mulher começou a expressar,<br />

publicamente, o que pensava e não o que a socie<strong>da</strong>de esperava que ela pensasse. Houve<br />

vários jor<strong>na</strong>is dirigidos por homens e com a participação de mulheres, dedicados aos<br />

assuntos de interesse feminino. Houve também os que foram dirigidos e produzidos<br />

ape<strong>na</strong>s por mulheres, realmente.<br />

Mas o primeiro deles a marcar a história <strong>da</strong> imprensa <strong>femini<strong>na</strong></strong> foi O Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong>s<br />

Senhoras, fun<strong>da</strong>do em primeiro de janeiro 1852 no Rio de Janeiro pela argenti<strong>na</strong> Joa<strong>na</strong><br />

Paula Manso de Noronha - alguns historiadores dizem que foi fun<strong>da</strong>do pela baia<strong>na</strong><br />

Violante Bivar. O veículo era pautado pela mo<strong>da</strong>, literatura e belas artes, além disso, o<br />

jor<strong>na</strong>l tinha como objetivo, através <strong>da</strong> crítica, abor<strong>da</strong>r a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> emancipação <strong>da</strong><br />

mulher 8 .<br />

Em 1862, surgia outro jor<strong>na</strong>l, um periódico dominical, também no Rio de Janeiro,<br />

por Júlia de Albuquerque Sandy Aguiar. Era o Belo Sexo, onde predomi<strong>na</strong>va assuntos<br />

de cunho religioso e o progresso social <strong>da</strong> mulher.<br />

Já em São Paulo, em 1863, Josefa Álvares de Azevedo lançou o jor<strong>na</strong>l A Família,<br />

<strong>da</strong>ndo instruções para tor<strong>na</strong>r a mulher "pren<strong>da</strong><strong>da</strong>". Echo <strong>da</strong>s Damas, fun<strong>da</strong>do no Rio de<br />

Janeiro por Amélia Caroli<strong>na</strong> <strong>da</strong> Silva Couto, que surgiu cinco anos mais tarde, seguiu a<br />

mesma linha do A Família, que era iniciar a mulher nos deveres de esposa e mãe.<br />

Em 1875, Francisca Senhorinha <strong>da</strong> Motta Diniz fun<strong>da</strong> o Sexo Feminino, que falava<br />

<strong>da</strong> educação como um todo: física, moral e intelectual.<br />

Em Nova Iorque, em 1881, duas brasileiras que não puderam cursar uma facul<strong>da</strong>de<br />

no Brasil, devido ao fato do estudo superior ter sido um privilégio dos homens, vão<br />

estu<strong>da</strong>r nos Estados Unidos, onde a mulher já tinha mais espaço, e publicam o jor<strong>na</strong>l A<br />

Mulher.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 20, do século XX, a revista Única marcou época, pois foi a primeira a<br />

ser dirigi<strong>da</strong> por uma mulher - Francisca Vasconcelos Bastos Cordeiros - e a primeira a<br />

ser assi<strong>na</strong><strong>da</strong> por uma diretora-proprietária. O magazine tratava de literatura, arte,<br />

elegância, sociologia e ain<strong>da</strong> tinha sessão de mo<strong>da</strong>.<br />

8 As informações deste tópico foram encontra<strong>da</strong>s em: Observatório <strong>da</strong> Imprensa. Indexado em<br />

12/03/2003. Capturado em 10/04/2008. Disponível em:<br />

http://www.observatorio<strong>da</strong>imprensa.com.br/artigos/fd120320038.htm


As revistas Brasil Feminino, dirigi<strong>da</strong> por Ivete Ribeiro e Fon-Fon, sua concorrente,<br />

cresceram neste cenário já mais ambientalizado à literatura volta<strong>da</strong> para o feminino.<br />

Enquanto a primeira incentivava o trabalho fora de casa, apesar de não reivindicar<br />

posições sociais, a segun<strong>da</strong> iniciava as honras às magras e demonstrava ousadia ao<br />

explorar, mesmo que sutilmente, a sensuali<strong>da</strong>de em suas propagan<strong>da</strong>s.<br />

Neste mesmo período, as mulheres podiam ler, ver fotos de casamento, saber sobre<br />

cinema, rádio, entre outros assuntos discutidos <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50 em diante, em Vi<strong>da</strong><br />

Doméstica. Já a revista Lady, de 1956, pauta a política, a mo<strong>da</strong>, as receitas e os<br />

conselhos "emocio<strong>na</strong>is".<br />

Contudo, as necessi<strong>da</strong>des de uma <strong>da</strong>ma foram mais bem elabora<strong>da</strong>s em edições<br />

posteriores, com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> revista Claudia. Esta conseguia conciliar beleza, mo<strong>da</strong> e<br />

culinária com política, sexo e cultura. Ela incorpora a contemporanei<strong>da</strong>de e os<br />

argumentos de tantas vozes <strong>femini<strong>na</strong></strong>s. Causa repercussão e é vastamente aceita.<br />

O fato de ter havido a iniciativa em escrever e ler sobre seus interesses foi, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, um avanço no crescimento e destaque feminino que chegam aos nossos dias<br />

com força maior. Ca<strong>da</strong> revista em ca<strong>da</strong> época declara a mentali<strong>da</strong>de vigente.<br />

Atualmente há várias revistas que se empenham em falar sobre a mulher.<br />

As revistas de hoje têm o seu valor de informação em vários níveis, mas é<br />

preciso observar, que as in<strong>da</strong>gações existenciais <strong>da</strong>s mulheres são mais maduras do que<br />

pensávamos. É imprescindível o bom senso <strong>na</strong> hora de planejar uma próxima edição.<br />

A profundi<strong>da</strong>de dos sentimentos de uma mulher e o seu desejo de ter vontade<br />

própria não devem ser, simplesmente, distribuídos em testes ou esboçados em simetrias<br />

perfeitas.<br />

Escrever sobre mulher exige lucidez. Chega de exaltações extravagantes e<br />

liberali<strong>da</strong>de satura<strong>da</strong>. Também é desnecessário colocar equilíbrio <strong>na</strong>s matérias através<br />

de um retorno aos modelos patriarcais de mulher.<br />

Hoje, as grandes revistas <strong>femini<strong>na</strong></strong>s seguem modelos muito parecidos e apesar de<br />

ca<strong>da</strong> uma olhar para um tipo específico de mulher – o seu público -, preferem fórmulas<br />

e cobrem mais ou menos o mesmo universo. Existem publicações para mulheres que só<br />

querem saber de ginástica, de emagrecer ou fazer plástica, revistas para noivas, para<br />

mães, para mães de bebês. Atualmente o segmento feminino representa a maior fatia do<br />

mercado de revistas.<br />

CAPÍTULO III – REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO


3.0. Metodologia<br />

Através de levantamentos empíricos, esta pesquisa visa a<strong>na</strong>lisar os estereótipos<br />

visuais propagados <strong>na</strong> revista Marie Claire, assim como a relação <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de com<br />

suas matérias, realizando uma análise comparativa <strong>na</strong>s capas <strong>da</strong>s edições números 194,<br />

195, 196, 197, 198 e 199 e uma abor<strong>da</strong>gem em seu conteúdo. Embora o tema seja<br />

interessante para uma análise mais detalha<strong>da</strong>, o recorte a<strong>na</strong>lisado foi necessário, pois<br />

não cabe no momento realizar uma análise aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>, sendo indica<strong>da</strong> uma pesquisa<br />

mais avança<strong>da</strong> para tal.<br />

São abor<strong>da</strong>dos alguns tópicos relativos à visuali<strong>da</strong>de contemporânea<br />

intensamente marca<strong>da</strong> pelas imagens <strong>femini<strong>na</strong></strong>s veicula<strong>da</strong>s nesta mídia e por objetos de<br />

consumo. Comparar as edições e traçar as tendências <strong>da</strong> revista, além, é claro, de<br />

mostrar que a mesma influencia niti<strong>da</strong>mente a mo<strong>da</strong> e o modo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s leitoras.<br />

As novas formas referentes ao consumo estão relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com os meios de<br />

comunicação, com a alta tecnologia, com as indústrias <strong>da</strong> informação (que buscam<br />

expandir uma mentali<strong>da</strong>de consumista, a serviço dos interesses econômicos) e com as<br />

maneiras de ser e de ter do homem pós-moderno.<br />

No livro de Marília Scalzo, Jor<strong>na</strong>lismo de revista, publicado em 2004, a autora<br />

realiza uma vasta análise sobre a produção e os aspectos intersubjetivos do jor<strong>na</strong>lismo<br />

de revista. A autora apresenta a relação <strong>da</strong> revista com sua publici<strong>da</strong>de, destacando a<br />

relação ética do veículo. Tal fato é importante para esta pesquisa, tendo em vista que a<br />

revista Marie Claire possui muita publici<strong>da</strong>de em suas pági<strong>na</strong>s, muitas delas de<br />

perfumes, grifes de roupas, jóias e sapatos, marcas de carros, chegando até a apresentar<br />

em suas últimas pági<strong>na</strong>s uma enorme lista com nomes e endereços de lojas de roupas,<br />

sapatos e outros.<br />

Segundo destacou Ruth Joffily (1991) em O jor<strong>na</strong>lismo e produção de mo<strong>da</strong>, a<br />

mo<strong>da</strong> é um fenômeno cultural, desde os seus primórdios. É um dos sensores de uma<br />

socie<strong>da</strong>de e diz respeito ao estado de espírito, aspirações e costumes de uma população.<br />

Além disso, é também uma <strong>da</strong>s maiores fontes de faturamento, via publici<strong>da</strong>de,<br />

<strong>da</strong> mídia eletrônica. Na mídia impressa, é o principal atrativo para o público leitor<br />

feminino em um enorme número de publicações, ou seja, para deixar radicalmente<br />

explícito, a maior responsável pela ven<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de e, conseqüentemente, pela<br />

posição de que desfruta no mercado.


O que ocorre hoje é uma distinção entre os jor<strong>na</strong>listas de mo<strong>da</strong> e os jor<strong>na</strong>listas<br />

de outras editorias, assim:<br />

Por não ser reconhecido como integrante de uma editoria, seu salário é<br />

defasado em relação ao dos colegas jor<strong>na</strong>listas de outras especiali<strong>da</strong>des. Por<br />

ver seu trabalho se afastar <strong>da</strong> cobertura jor<strong>na</strong>lística, <strong>da</strong> informação e <strong>da</strong><br />

crítica e passar a servir ape<strong>na</strong>s como mais um espaço de mera divulgação ou<br />

para a publicação de anúncios velados, o jor<strong>na</strong>lista de mo<strong>da</strong> também se<br />

desvaloriza, seu trabalho é depreciado, perde aquela ligação com o leitor,<br />

característica básica <strong>da</strong> profissão, e curva-se a uma outra ligação: com o<br />

anunciante (JOFFILY, 2003: P. 11).<br />

A mídia desempenha papel importante <strong>na</strong> construção de significados e valores e<br />

hoje muitas delas costumam controlar e manipular o modo de vi<strong>da</strong> e escolha <strong>da</strong>s<br />

pessoas, ditando regras, mo<strong>da</strong>, comportamentos, enfim, padrões a serem seguidos. Hoje<br />

ela impõe um padrão de beleza i<strong>na</strong>tingível e muitas mulheres e adolescentes sofrem por<br />

nunca conseguirem alcançá-lo.<br />

Este estudo é importante, pois através dele, podemos ressaltar no meio<br />

acadêmico a relação ética do jor<strong>na</strong>lismo desta mídia com sua responsabili<strong>da</strong>de social,<br />

apresentando uma análise do veículo, ponderando o jor<strong>na</strong>lismo e sua relação com seus<br />

anunciantes.<br />

Esta análise pretende decompor os elementos constitutivos <strong>da</strong>s fotografias e<br />

textos <strong>da</strong>s capas <strong>da</strong> revista para identificar e construir significações, mensagens<br />

conota<strong>da</strong>s com relação a este conteúdo. E, a partir disso, com base <strong>na</strong> aplicação desta<br />

construção, identificar o discurso de Marie Claire em relação ao público feminino, em<br />

particular, às influências que este veículo exerce neste público.<br />

3.1. Referencial Teórico<br />

“Massa” é um conceito muito amplo, mas, de uma maneira geral, pode ser<br />

caracterizado como um agrupamento de pessoas indiferencia<strong>da</strong>s, separa<strong>da</strong>s no espaço,<br />

sem regras ou estrutura organiza<strong>da</strong>, constituindo-se como uma nova espécie de<br />

organização social (Wolf, 2006).<br />

Apesar <strong>da</strong> variação de conceitos, a maioria deles é concor<strong>da</strong>nte ou<br />

complementar. O que não se pode dizer sobre as teorias de comunicação de massa:<br />

algumas chegam a pressuposições paradoxais.<br />

Há quem diga que os meios de comunicação de massa têm sido benéficos à<br />

socie<strong>da</strong>de: a Escola Progressista-Evolucionista considera a cultura de massa


democrática e pluralista. A industrialização e a difusão cultural no rádio, televisão e<br />

outros meios trouxeram consigo a possibili<strong>da</strong>de de sucesso fi<strong>na</strong>nceiro e o aumento do<br />

consumo de bens culturais, o que se refletiu <strong>na</strong> diminuição de algumas desigual<strong>da</strong>des,<br />

como o a<strong>na</strong>lfabetismo e o monopólio do saber (Cal<strong>da</strong>s, 1987). Eis a Teoria do<br />

Pluralismo, formula<strong>da</strong> por sociólogos norte-americanos. Outras teorias não consideram<br />

os efeitos dos meios de comunicação de massa tão positivos, como a Teoria Crítica – e é<br />

a partir de suas bases que serão estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s as capas <strong>da</strong> revista Marie Claire. Também<br />

serão comenta<strong>da</strong>s as relações entre o objeto de estudo e a Teoria do Agen<strong>da</strong>mento.<br />

3.1.1. A Teoria Crítica<br />

Em linhas gerais, esta teoria tenta entender a socie<strong>da</strong>de de massa como um todo,<br />

propondo a sua reorganização racio<strong>na</strong>l. A relação dela com os meios de comunicação é<br />

que, ao propor um rearranjo <strong>da</strong> ordem social, esta teoria questio<strong>na</strong> os efeitos que novas<br />

tecnologias causam sobre os meios de produção e transmissão cultural. Os teóricos<br />

adeptos a esta tese são radicalmente contrários à idéia de que estas inovações técnicas<br />

causam o fortalecimento <strong>da</strong> democracia, o amadurecimento intelectual ou tragam<br />

avanços sociais (Wolf, 2006).<br />

Dessa forma, a Teoria Crítica se embasa no marxismo e não estu<strong>da</strong> a<br />

comunicação e seus meios de uma maneira isola<strong>da</strong>, mas engloba to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. “Os<br />

meios de comunicação tor<strong>na</strong>m-se suspeitos de violência simbólica, e são encarados<br />

como meios de poder e de domi<strong>na</strong>ção” (MATTELART, 2004: P. 72).<br />

Esta teoria foi proposta em meados do século passado, por estudiosos <strong>da</strong> Escola<br />

de Frankfurt. Surgiu junto a conceitos como comunicação de massa e indústria cultural,<br />

importantes para o seu entendimento e fun<strong>da</strong>mentação.<br />

Esta teoria é importante para se entender como acontece, por exemplo, o<br />

domínio cultural exercido por países desenvolvidos sobre as <strong>na</strong>ções em<br />

desenvolvimento; o que está diretamente relacio<strong>na</strong>do à revista Marie Claire. Elementos<br />

<strong>na</strong>s revistas são claramente identificáveis como difusores de ideologia.<br />

Vários são as definições sobre o conceito de ideologia, Santaella (1980, p. 50),<br />

por exemplo, entende por ideologia:<br />

Sistemas de idéias, representações sociais que abrangem as idéias políticas,<br />

jurídicas, morais, religiosas, estéticas e filosóficas dos homens de uma<br />

determi<strong>na</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.


De acordo com a autora, a ideologia aparece em socie<strong>da</strong>des com e sem classes,<br />

mas o significado à qual o termo acostumou-se a ser desig<strong>na</strong>do parece ser errôneo:<br />

ideologia sempre está associa<strong>da</strong> ao conhecimento deformado <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />

Porém, é exatamente com este conceito que será encara<strong>da</strong> a ideologia neste<br />

trabalho. Numa socie<strong>da</strong>de de classes, a ideologia <strong>da</strong> classe domi<strong>na</strong>nte é imposta. Assim,<br />

a ideologia é uma representação do real, mas falseado, visto que ela é orienta<strong>da</strong> e<br />

tendenciosa, pois sua fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de não é fornecer aos homens conhecimento objetivo do<br />

sistema social em que vivem, mas ao contrário, proporcio<strong>na</strong>r-lhes uma ótica mistifica<strong>da</strong><br />

desse sistema social para mantê-los em seu lugar no sistema de exploração de classe<br />

(Althusser, 1980).<br />

3.1.2. Crítica à revista Marie Claire<br />

A relação entre a Teoria Crítica e a revista Marie Claire é muito evidente. A<br />

ideologia que a revista apresenta pode ser percebi<strong>da</strong> desde a mo<strong>da</strong> (roupas, grifes,<br />

penteados, maquiagens, sapatos e outros) às propagan<strong>da</strong>s que, em sua grande maioria,<br />

são de produtos importados como: Euphoria, Calvin Klein, L’ Occitane, Lancome,<br />

Amarula Cream, Mont Blanc, Moschino, Lacoste, Vogue Eyewear, Carmen Steffens,<br />

Vichy Laboratoires, Burberry London, Pra<strong>da</strong> - LG, Louis Vuitton, Hstern, Gucci e<br />

outros. Além, claro de canis de TV, como People +Arts e Sportv.<br />

A caracterização é aberta, mas aparece como pano de fundo; à primeira vista,<br />

trata-se de uma simples revista <strong>femini<strong>na</strong></strong> que ape<strong>na</strong>s quer deixar a leitora informa<strong>da</strong><br />

sobre o que “rola” no mundo.<br />

Segundo Adorno apud Wolf (2006):<br />

A mensagem oculta pode ser mais importante do que a que se vê, já que<br />

aquela escapará ao controle <strong>da</strong> consciência, não será impedi<strong>da</strong> pelas<br />

resistências psicológicas aos consumos e penetrará provavelmente no<br />

cérebro dos espectadores<br />

No livro A Socie<strong>da</strong>de do Espetáculo, o filósofo e militante político Guy Debord,<br />

já nos anos 60, denuncia a presença opressiva excessiva <strong>da</strong> imagem <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

tor<strong>na</strong>ndo os indivíduos meros expectadores e consumidores passivos.<br />

As imagens que se destacaram de ca<strong>da</strong> aspecto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> fundem-se num fluxo<br />

comum, no qual a uni<strong>da</strong>de dessa vi<strong>da</strong> já não pode ser restabeleci<strong>da</strong>. A<br />

reali<strong>da</strong>de considera<strong>da</strong> parcialmente apresenta-se em sua própria uni<strong>da</strong>de<br />

geral como um pseudônimo à parte, objeto de mera contemplação. A<br />

espetacularização <strong>da</strong>s imagens no mundo se realiza no mundo <strong>da</strong> imagem


autonomiza<strong>da</strong>, no qual o mentiroso mentiu para si mesmo (Debord, 1997: P.<br />

13).<br />

Há alguns anos Guy Debord descreveu nossa socie<strong>da</strong>de como uma socie<strong>da</strong>de de<br />

imagens, consumi<strong>da</strong>s esteticamente e de concordância, onde a mercadoria também é<br />

consumi<strong>da</strong> “esteticamente” (Jameson, 2001).<br />

A própria reali<strong>da</strong>de é estetiza<strong>da</strong>. A estética passou a ser mais uma mercadoria<br />

para o consumo. Dessa forma, Debord construiu uma teoria critica do presente com base<br />

no materialismo histórico caracterizando o momento atual como um momento<br />

domi<strong>na</strong>do pelas imagens e pela mercadoria onde o espetáculo instituiria o real sentidos<br />

<strong>da</strong>s relações huma<strong>na</strong>s. O espetáculo seria a nova forma do modo de produção<br />

capitalista.<br />

A produção de bens de consumo é agora um fenômeno cultural: compra-se o<br />

produto tanto por sua imagem quanto por sua identi<strong>da</strong>de imediata. Passou a<br />

existir uma indústria volta<strong>da</strong> especificamente para criar imagens para bens<br />

de consumo e estratégias para a sua ven<strong>da</strong>: a propagan<strong>da</strong> tomou-se uma<br />

mediadora essencial entre a cultura e a economia, e certamente pode ser<br />

incluí<strong>da</strong> entre as inúmeras formas de produção estética (por mais que sua<br />

existência complique nossos conceitos de produção cultural) (Jameson,<br />

2001: P. 138).<br />

Outra questão a ser a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong> é o sentido artístico <strong>da</strong> revista. No texto A obra de<br />

arte <strong>na</strong> era de sua reprodutibili<strong>da</strong>de técnica (1933), Walter Benjamin destaca a<br />

peculiari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reprodução artística nos meios de comunicação de massa, encarando<br />

isto de uma maneira positiva. Mais tarde, Adorno e Horkheimer também trataram do<br />

tema, estigmatizando e considerando a cultura de massa inferior à erudita. São<br />

características nelas visíveis a literatura superficial e o uso de clichês, o que contribui<br />

para uma leitura crítica deste meio. Enfim, os objetivos principais são os lucros, e não<br />

constituir-se como arte.<br />

Mais adiante, uma análise mais precisa será feita de ca<strong>da</strong> um dos períodos<br />

editoriais de Marie Claire.<br />

3.1.3. A Teoria do Agen<strong>da</strong>mento<br />

Mais recente que a Teoria Crítica, a Teoria do Agen<strong>da</strong>mento é formula<strong>da</strong> <strong>na</strong><br />

déca<strong>da</strong> de 1970, pelos teóricos Maxwell McCombs e Do<strong>na</strong>ld Shaw. De acordo com ela,<br />

a mídia é responsável por pautar (em inglês, “agen<strong>da</strong>”) os assuntos discutidos pelo<br />

público, pois selecio<strong>na</strong> temas determi<strong>na</strong>dos em detrimento de outros, que serão


omitidos. O Agen<strong>da</strong>mento expla<strong>na</strong> que existe uma proporcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de entre a<br />

intensi<strong>da</strong>de com que um fato é noticiado e a relevância deste para as pessoas.<br />

Em conseqüência <strong>da</strong> ação dos jor<strong>na</strong>is, <strong>da</strong> televisão e dos outros meios de<br />

informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou<br />

negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm<br />

tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo<br />

que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além<br />

disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma<br />

importância que reflete de perto a ênfase atribuí<strong>da</strong> pelos mass media aos<br />

acontecimentos, aos problemas, às pessoas (SHAW apud WOLF: 2006).<br />

No entanto, a Teoria do Agen<strong>da</strong>mento postula que, considerando um indivíduo<br />

isola<strong>da</strong>mente e seu campo de relações imediatas, não há necessariamente predominância<br />

de assuntos midiáticos, ain<strong>da</strong> que esta incidência seja desprezível estatisticamente,<br />

considerando temas de agen<strong>da</strong> em to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. Quando se a<strong>na</strong>lisa uma tabela de<br />

incidência de temas mais presentes <strong>na</strong>s discussões sociais, é perceptível a<br />

preponderância de assuntos presentes <strong>na</strong> mídia. Mas, mesmo com essa predominância, a<br />

mídia não pretende controlar a opinião do público sobre os assuntos, embora possa<br />

contribuir para a construção dessa opinião.<br />

É possível identificar diferentes efeitos do Agen<strong>da</strong>mento, o primeiro é o tipo<br />

individual ou interpessoal, correspondente às preocupações sobre questões públicas<br />

referentes a ca<strong>da</strong> indivíduo. Já a agen<strong>da</strong> interpessoal manifesta<strong>da</strong> diz respeito aos temas<br />

percebidos individualmente, mas discutidos entre relações. A agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> mídia é o tipo<br />

de agen<strong>da</strong>mento onde a lista temática provém dos meios de comunicação. O quarto tipo<br />

é a agen<strong>da</strong> pública, um conjunto de temas que a socie<strong>da</strong>de, em sua totali<strong>da</strong>de, atribui<br />

relevância. O último tipo de agen<strong>da</strong> identificado é a institucio<strong>na</strong>l, segundo a qual as<br />

priori<strong>da</strong>des são eleitas dentro <strong>da</strong>s instituições.<br />

Esta teoria toma como postulado o impacto direto - mesmo que não imediato -<br />

sobre os desti<strong>na</strong>tários, que se configura segundo dois níveis: a ordem do dia dos temas,<br />

com assuntos e problemas presentes <strong>na</strong> agen<strong>da</strong> dos mass media e a hierarquia de<br />

importância e de priori<strong>da</strong>de segundo a qual esses elementos estão dispostos <strong>na</strong> ordem do<br />

dia (Wolf, 2006).<br />

O agen<strong>da</strong>mento é condicio<strong>na</strong>do por dois fatores: a mensagem e a recepção.<br />

Dentro <strong>da</strong> mensagem, três itens devem ser considerados como preponderantes: a<br />

origem, o veículo e o conteúdo. Já no fator recepção, devem ser considera<strong>da</strong>s a<br />

comunicação interpessoal, a necessi<strong>da</strong>de de orientação e a limitação temática.


Em nossas análises, nos focaremos <strong>na</strong> mensagem, em particular, nos meios de<br />

difusão, assim:<br />

Mensagem<br />

• Origem<br />

A origem <strong>da</strong> mensagem busca responder à pergunta “quem agen<strong>da</strong> a mídia”, e algumas<br />

hipóteses podem ser estabeleci<strong>da</strong>s:<br />

O conteúdo <strong>da</strong> notícia: Relevância, novi<strong>da</strong>de, ruptura <strong>da</strong>s expectativas, possibili<strong>da</strong>de<br />

de perso<strong>na</strong>lização, dramatização e di<strong>na</strong>mização. Essas características facilitam a<br />

a<strong>da</strong>ptação às exigências <strong>da</strong> mídia e são aplicáveis a qualquer assunto, por isso, o<br />

conteúdo <strong>da</strong> notícia selecio<strong>na</strong> a agen<strong>da</strong>.<br />

Outros meios de difusão: a homogenei<strong>da</strong>de dos conteúdos <strong>da</strong> mídia é determi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela<br />

própria mídia, que depende <strong>da</strong>s mesmas fontes de notícia.<br />

Fontes: as fontes têm papel decisivo <strong>na</strong> ca<strong>na</strong>lização <strong>da</strong>s notícias, pois operam, <strong>na</strong><br />

ver<strong>da</strong>de uma préca<strong>na</strong>lização informativa. Uma prerrogativa surge <strong>da</strong>í: a matéria-prima<br />

<strong>da</strong> informação não pertence ao informador profissio<strong>na</strong>l; o jor<strong>na</strong>lista passa a ser<br />

“dependente” em relação à fonte.<br />

Outros campos sociais: os setores que têm interesse em uma ou outra publicação<br />

influem diretamente <strong>na</strong> agen<strong>da</strong> dos meios.<br />

• Veículo<br />

O veículo de comunicação também é responsável pelo nível de agen<strong>da</strong>mento. Por<br />

exemplo, há mais probabili<strong>da</strong>de de agen<strong>da</strong> <strong>na</strong>s mensagens impressas que <strong>na</strong>s<br />

televisivas. Ou seja, os jor<strong>na</strong>is, pelo seu caráter mais a<strong>na</strong>lítico e abrangente, definem a<br />

agen<strong>da</strong>; a televisão apresenta noticiários mais breves e fragmentários demais para<br />

estabelecer este efeito.<br />

Entretanto, ca<strong>da</strong> meio possui suas peculiari<strong>da</strong>des, sendo dotados de poderes de<br />

influência diferentes, mas adequados para casos específicos, considerando tempo de<br />

veiculação, intensi<strong>da</strong>de e outros fatores.<br />

• Conteúdo<br />

Há temas que proporcio<strong>na</strong>m mais discussão social que outros. Existem “assuntos<br />

midiáticos” e “acontecimentos”. Os temas midiáticos são as questões ou reflexões de<br />

temas polêmicos, problemas sociais e preocupações públicas, como desemprego e<br />

violência. Já os acontecimentos dizem respeito a fatos concretos, como desgraças<br />

<strong>na</strong>turais e acidentes.


Quanto menos um tema for presente <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> diária <strong>da</strong>s pessoas, mais<br />

dependentes elas estarão <strong>da</strong>s mensagens midiáticas, para se informarem e interpretarem<br />

os acontecimentos.<br />

Por causa <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de dos tipos de agen<strong>da</strong> e de seus pressupostos, há<br />

imprecisões terminológicas. Também por isso, os resultados <strong>da</strong> influência midiática não<br />

podem ser exatamente quantificados.<br />

3.1.4. Marie Claire e o Agen<strong>da</strong>mento<br />

A revista Marie Claire está diretamente relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> a esta teoria, pois constitui<br />

um exemplo de como a cobertura midiática pode determi<strong>na</strong>r o conteúdo que alguns<br />

meios reproduzem. Considerando a contemporanei<strong>da</strong>de <strong>da</strong> revista com a mo<strong>da</strong> e a<br />

cultura, pode-se afirmar que a revista é pauta<strong>da</strong> por assuntos reais, midiáticos. Portanto,<br />

ela é fruto <strong>da</strong> seleção de assuntos amplamente noticiados pelos meios de comunicação<br />

de massa.<br />

A revista também contribui para a interação e influência dos leitores sobre os<br />

temas que ela relata. Publicações como esta podem ter contribuído para a preferência do<br />

público feminino brasileiro por abor<strong>da</strong>r temas como a mo<strong>da</strong> no mundo.<br />

As capas <strong>da</strong>s revistas <strong>na</strong>s edições a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s apresentam, sem exceções, atrizes<br />

globais que protagonizaram novelas <strong>da</strong> rede Globo de Televisão no período em que<br />

foram distribuí<strong>da</strong>s. A linha editorial é niti<strong>da</strong>mente guia<strong>da</strong> pela mídia televisiva, que vai<br />

desde roupas e penteados de perso<strong>na</strong>gens <strong>da</strong>s novelas globais a reportagens que estão<br />

em destaque <strong>na</strong> mídia, como mulheres <strong>da</strong> Daspu, aquecimento global (abor<strong>da</strong>do em<br />

duas edições com angulamentos diferentes), bala perdi<strong>da</strong>, AIDS e outros.<br />

Neste caso, é a socie<strong>da</strong>de quem determi<strong>na</strong> a linha editorial <strong>da</strong> revista Esta<br />

pergunta é um exemplo de um questio<strong>na</strong>mento (ain<strong>da</strong> aberto) <strong>da</strong> Teoria do<br />

Agen<strong>da</strong>mento: é a agen<strong>da</strong> midiática que pauta a agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de ou o contrário<br />

3.2. Cultura de Consumo X Socie<strong>da</strong>de de Consumo<br />

No mundo moderno, o consumo parece ter se tor<strong>na</strong>do o foco central <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

social, onde as práticas sociais, os valores culturais, as idéias, as aspirações e as<br />

identi<strong>da</strong>des são defini<strong>da</strong>s e orienta<strong>da</strong>s em relação ao consumo, em detrimento de outros<br />

valores, como trabalho, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia entre outros.


A cultura de consumo é defini<strong>da</strong> como o conjunto de práticas e<br />

representações que estabelecem uma relação estetiza<strong>da</strong> e estiliza<strong>da</strong> com os<br />

produtos. O seu nível de atuação mais decisivo é o de difusão amplia<strong>da</strong> de<br />

um certo modo de consumo, que não se esgota em hábitos de consumo<br />

particulares, mas através deles se atualiza. Os hábitos de consumo que<br />

atualizam os princípios <strong>da</strong> cultura de consumo têm uma dimensão concreta e<br />

mutante (ROCHA, 2002: P. 37).<br />

Um dos espaços <strong>da</strong> cultura em que se tor<strong>na</strong> mais visível o processo de<br />

construção social de identi<strong>da</strong>des talvez seja o <strong>da</strong> mídia e, particularmente, o <strong>da</strong><br />

publici<strong>da</strong>de. A polissemia <strong>da</strong> mercadoria tem se apresentado como elemento<br />

fun<strong>da</strong>mental para definir gostos, estilos de vi<strong>da</strong> e novos formatos identitários.<br />

Hoje existe ca<strong>da</strong> vez mais uma evidência do consumo e <strong>da</strong> abundância, devido à<br />

multiplicação dos objetos, serviços e bens materiais. Vive-se um mundo de relação com<br />

os objetos, vive-se o tempo dos objetos, isto é, as pessoas existem e funcio<strong>na</strong>m<br />

consoante o seu ritmo e em conformi<strong>da</strong>de com a sua sucessão permanente.<br />

É neste meio que configura-se a socie<strong>da</strong>de de consumo, um termo utilizado em<br />

economia e sociologia, para desig<strong>na</strong>r o tipo de socie<strong>da</strong>de que se encontra numa<br />

avança<strong>da</strong> etapa de desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo<br />

consumo massivo de bens e serviços, disponíveis graça a eleva<strong>da</strong> produção dos<br />

mesmos.<br />

O conceito de socie<strong>da</strong>de de consumo está ligado ao de economia de mercado e,<br />

por fim, ao conceito de capitalismo, entendendo economia de mercado aquela que<br />

encontra o equilíbrio entre oferta e deman<strong>da</strong> através <strong>da</strong> livre circulação de capitais,<br />

produtos e pessoas, sem intervenção estatal.<br />

O que caracteriza a socie<strong>da</strong>de de consumo é a universali<strong>da</strong>de do fait divers 9 <strong>na</strong><br />

comunicação de massa, ou seja, fatos do quotidiano que merecem menos destaque<br />

comparativamente à informação mais relevante. To<strong>da</strong> a informação política, histórica e<br />

cultural é acolhi<strong>da</strong> sob a mesma forma. As comunicações de massa não nos fornecem a<br />

reali<strong>da</strong>de, mas sim a “vertigem” <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, afirma Jean Baudrillard (2007) em seu<br />

livro A Socie<strong>da</strong>de de Consumo. Baudrillard mencio<strong>na</strong> ain<strong>da</strong> que a relação do<br />

consumidor ao mundo real, à política, à história, à cultura, não é do interesse, mas sim<br />

<strong>da</strong> curiosi<strong>da</strong>de. Algo característico <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de de consumo é a curiosi<strong>da</strong>de e o<br />

9 Do francês fato diverso. De acordo com a enciclopédia eletrônica Wikipédia, o fait divers são fatos<br />

desconectados de historici<strong>da</strong>de jor<strong>na</strong>lística, ou seja, referem-se ape<strong>na</strong>s ao seu caráter interno e seu<br />

interesse como fato inusitado, pitoresco. Em geral, remetem a temas considerados "leves", curiosos, não<br />

muito sérios e sem comprometer seriamente ninguém. Em inglês, matérias de faits-divers são chama<strong>da</strong>s<br />

de features. C.F.: http://pt.wikipedia.org/wiki/Faits_divers


desconhecimento, comportamento generalizado e sistematizado pela prática <strong>da</strong>s<br />

comunicações de massa. O lugar do consumo é a vi<strong>da</strong> quotidia<strong>na</strong>, que se caracteriza<br />

como sendo um sistema de interpretação.<br />

Tal como Jean Baudrillard diz nesta obra, a socie<strong>da</strong>de de consumo não se<br />

caracteriza somente pelo rápido crescimento <strong>da</strong>s despesas individuais, mas igualmente<br />

pela intensificação <strong>da</strong>s despesas assumi<strong>da</strong>s por terceiros em benefícios dos particulares,<br />

procurando algumas delas reduzir a desigual<strong>da</strong>de <strong>da</strong> distribuição dos recursos. No<br />

entanto, não existe uma igualização <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des sociais e continua a existir uma<br />

grande desigual<strong>da</strong>de.<br />

Jean Baudrillard deixa bem níti<strong>da</strong> a idéia de que o consumo é algo que ca<strong>da</strong> vez<br />

mais nos consome a uma veloci<strong>da</strong>de estonteante, ou seja, vivemos para consumir,<br />

vivemos para o perfeccionismo que a publici<strong>da</strong>de nos tenta incutir e influenciar.<br />

Na socie<strong>da</strong>de de consumo existem novas invenções, novos objetos, tudo para<br />

incentivar o consumidor à compra de novas coisas, para existir constante renovação de<br />

objetos, ou seja, a socie<strong>da</strong>de de informação é ca<strong>da</strong> vez mais uma reali<strong>da</strong>de. Hoje os<br />

objetos já não são para “to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>” como eram antigamente, vive-se a era <strong>da</strong><br />

tecnologia, onde existe uma constante sucessão dos mesmos.<br />

A socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação não é o que nos vendem, não ape<strong>na</strong>s as novas<br />

tecnologias, não é o fato de se poder falar à distância. A socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação não é<br />

ape<strong>na</strong>s possuir um computador, ter acesso à Internet, ouvir música de todo o mundo e<br />

partilhar o conhecimento com este. Tudo isto e muito mais é indiscutivelmente positivo<br />

e benéfico. A nossa visão sobre o consumismo no trabalho não é ape<strong>na</strong>s parte <strong>da</strong> nossa<br />

motivação moral. É, essencialmente, mostrar que a socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação relacio<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

com o consumismo não é o mundo <strong>da</strong>s mil maravilhas e que há interesses em possuir e<br />

usufruir dos benefícios, mais do que se devia.<br />

CAPÍTULO IV – A REVISTA MARIE CLAIRE<br />

4.0. A editora Globo<br />

A Editora Globo surgiu em 1986, embora já existisse de fato desde 1886 com o<br />

nome de Livraria Globo. A princípio era uma simples livraria, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por Pinheiro de<br />

Barcellos e Saturnino Alves Pinto., com sede em Porto Alegre.<br />

O negóciocio foi se prosperando e a necessi<strong>da</strong>de de ampliação também. Dessa<br />

forma, os sócios resolveram reformar o prédio passando a oferecer também serviços de


encader<strong>na</strong>ção e pautação. Em 1909, instalaram um linotipo, tor<strong>na</strong>ndo-se a principal<br />

gráfica de Porto Alegre. Em 1915 surgiu o Alma<strong>na</strong>que do Globo, primeira grande<br />

publicação <strong>da</strong> editora. Laudelino faleceu em 1917, deixando a empresa com seus<br />

herdeiros e com José Bertaso, que era seu sócio <strong>na</strong> época.<br />

Em 1948 transformou-se em Socie<strong>da</strong>de Anônima, e em 1956 a empresa se<br />

dividiu em Livraria do Globo e Editora Globo. Nos anos 70, o capital foi aberto, mas os<br />

herdeiros continuaram como sócios majoritários. Em 1986 a empresa foi vendi<strong>da</strong> à Rio<br />

Gráfica Editora (RGE), de Roberto Marinho. A Rio Gráfica passou a usar somente o<br />

nome Editora Globo desde então 10 .<br />

4.1. Marie Claire<br />

A Marie Claire é uma revista <strong>femini<strong>na</strong></strong> mensal, publica<strong>da</strong> no Brasil pela Editora<br />

Globo com foco em assuntos sobre mo<strong>da</strong>, comportamento e atuali<strong>da</strong>des.<br />

Sob o slogan Chique é ser inteligente, a revista diz adotar uma linha editorial<br />

que expõe temas polêmicos sobre comportamento e denúncias de violação dos direitos<br />

humanos.<br />

Embora direcio<strong>na</strong><strong>da</strong> para mulheres adultas, não possui um público-alvo definido<br />

em termos de faixa etária ou estado civil. Isso faz com que as leitoras encontrem<br />

assuntos abrangentes <strong>na</strong>s seções de mo<strong>da</strong>, beleza, saúde e turismo. Ain<strong>da</strong> integram a<br />

revista depoimentos reais, crônicas e entrevistas com artistas.<br />

A revista completou dezesseis anos de existência no país no mês de abril de<br />

2008. Surgiu em 1954 em Paris rompendo com os padrões <strong>da</strong> época por ser ousa<strong>da</strong> e<br />

pioneira, possuindo publicações em 29 países, incluindo o Brasil.<br />

A circulação atual de Marie Claire no Brasil é de 300 mil exemplares. O público<br />

é essencialmente feminino (82%), <strong>da</strong>s classes A e B (63%). A faixa etária é de 18 a 34<br />

anos (48%).<br />

A revista alega que um de seus grandes diferenciais é o tratamento <strong>da</strong>do às<br />

reportagens: “a revista faz questão de aprofun<strong>da</strong>r todos os temas, sem meias-palavras.<br />

Assuntos polêmicos como preconceito racial, violência contra a mulher ou crianças<br />

desapareci<strong>da</strong>s são tratados de maneira contundente – em nenhum momento tentamos<br />

suavizar os fatos para a leitora”, destacou a assessoria de imprensa <strong>da</strong> revista ao ser<br />

procura<strong>da</strong> por esta pesquisa, acrescentando ain<strong>da</strong> que “essa ousadia jor<strong>na</strong>lística foi<br />

10 Enciclopédia eletrônica. Capturado em 06/11/2008. Disponível em<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Editora_Globo


econheci<strong>da</strong>, em 1995, com o prêmio Esso ‘Melhor Contribuição à Imprensa’. Além<br />

disso, Marie Claire ganhou outros 20 prêmios importantes”.<br />

Foi a pioneira no uso de depoimentos em primeira pessoa de mulheres reais, que<br />

viveram dramas fortes e/ou encontraram soluções origi<strong>na</strong>is para problemas comuns às<br />

leitoras. Nesse sentido, a seção Eu, Leitora é uma <strong>da</strong>s mais li<strong>da</strong>s <strong>da</strong> revista.<br />

Além <strong>da</strong>s grandes reportagens e <strong>da</strong>s matérias de comportamento, Marie Claire<br />

centra força <strong>na</strong> mo<strong>da</strong>, no tratamento visual e prática <strong>na</strong> informação. E <strong>na</strong> editoria<br />

Beleza, que se caracteriza por informações sobre cosméticos e tratamentos de ponta,<br />

sempre apresentados com fotos bem cui<strong>da</strong><strong>da</strong>s e muito glamour. A editoria de Saúde,<br />

diretamente liga<strong>da</strong> à Beleza e ao Comportamento, traz as pesquisas mais recentes e os<br />

temas que aju<strong>da</strong>m a mulher a cui<strong>da</strong>r de sua quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. A seção Estilo de Vi<strong>da</strong><br />

reúne: Cozinha, Viagem e Consumo. Sob o conceito de Boa Vi<strong>da</strong>, uma seção reúne<br />

ain<strong>da</strong> dicas culturais no Brasil e no exterior, novi<strong>da</strong>des gastronômicas, de consumo,<br />

lazer e entretenimento. A revista conta ain<strong>da</strong> com a editoria de Entrevistas.<br />

Na Universi<strong>da</strong>de Federal de Per<strong>na</strong>mbuco, Marie Claire foi a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, em 2007,<br />

por Maria José Leotti em sua tese de doutorado intitula<strong>da</strong> “A imagem <strong>da</strong> mulher ou a<br />

mulher <strong>da</strong> imagem: um estudo discursivo sobre o imaginário feminino <strong>na</strong> publici<strong>da</strong>de”.<br />

Segundo Leotti (2007):<br />

É pela possibili<strong>da</strong>de do imaginário que acontece o processo de antecipação<br />

pelo qual o enunciador age <strong>na</strong> elaboração de seu discurso. Esse processo<br />

determi<strong>na</strong> a existência <strong>da</strong> discursivi<strong>da</strong>de que se materializa através do<br />

enunciador. O enunciador está representado pelo discurso publicitário, que<br />

sendo conhecedor dos recursos que a linguagem proporcio<strong>na</strong>, faz uso dela<br />

para persuadir e convencer seu público-alvo, tendo como aliado fiel o ethos<br />

pelo qual esse enunciador se institui no discurso publicitário.<br />

O trabalho realizado sobre a revista é importante para nossa análise, tendo em<br />

vista a grande concentração de publici<strong>da</strong>de que a Marie Claire possui, além de muito<br />

contribuir para nosso estudo, trazendo ricas contribuições sobre a representação<br />

<strong>femini<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong> mídia.<br />

CAPÍTULO V – ANÁLISES<br />

Neste capítulo a<strong>na</strong>lisaremos os traços <strong>da</strong> representação <strong>femini<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong>s capas do<br />

nosso recorte, para isso, será realiza<strong>da</strong> uma análise do conjunto de cores utiliza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s<br />

capas, o contexto histórico em que se inserem as modelos, suas poses fotográficas e as<br />

chama<strong>da</strong>s, com base em seus significados e mensagens implícitos. Além disso, será


feito, ain<strong>da</strong>, um sucinto levantamento do conteúdo <strong>da</strong>s edições em questão, abor<strong>da</strong>ndo<br />

suas publici<strong>da</strong>des para, dessa forma, observar se há relação direta com suas respectivas<br />

capas. E ain<strong>da</strong>, apresentaremos os resultados de uma pesquisa realiza<strong>da</strong> em Viçosa,<br />

Zo<strong>na</strong> <strong>da</strong> Mata Mineira, pesquisa essa que objetivou avaliar a influência <strong>da</strong> Marie Claire<br />

<strong>na</strong>s leitoras viçosenses.<br />

Nossas análises basearam-se <strong>na</strong> obra de Affonso Romano de Santa`An<strong>na</strong> (1993),<br />

O canibalismo amoroso, onde o autor realizou uma pesquisa sobre a representação<br />

<strong>femini<strong>na</strong></strong> em poetas brasileiros por várias gerações. Ele expõe e conceitua tais<br />

representações até a presente <strong>da</strong>ta.<br />

Segundo Sant`An<strong>na</strong> (1993), a poesia anterior ao Romantismo, em particular a<br />

poesia neoclássica ou árcade, revela um modo muito peculiar de descrever a mulher,<br />

pois neste período, raramente os poetas utilizavam a palavra beijo, por exemplo, que só<br />

veio a ser utiliza<strong>da</strong> com os românticos, como Tomás Antônio Gonzaga. A mulher era<br />

compara<strong>da</strong> às flores, mulher-flor, sempre trata<strong>da</strong> com delicadeza e sutileza. “Imagi<strong>na</strong><br />

ele que as abelhas vão beijar os ‘sucos saborosos/ <strong>da</strong>s orvalha<strong>da</strong>s flores/ pendentes dos<br />

teus beiços graciosos’” (SANT´ANNA: 1993. P. 23).<br />

A mulher-flor é uma metáfora mais velha que a Bíblia e, no Re<strong>na</strong>scimento, a<br />

poesia tomou como motivo recorrente aquele verso de Ausônio: colligo<br />

virgo rosas: colhei a rosa enquanto é tempo. Segundo a ideologia<br />

re<strong>na</strong>scentista, a flor/ corpo <strong>da</strong> mulher deveria ser colhi<strong>da</strong> pelo amante antes<br />

que a velhice chegasse (SANT´ANNA: 1993. P. 24).<br />

A revista Marie Claire parece adotar o conceito de mulher-flor, pois como<br />

Tomás Antônio Gonzaga que sempre forneceu um retrato de meio corpo de sua ama<strong>da</strong>,<br />

Marília (<strong>da</strong> obra Marília de Dirceu), Marie Claire também fornece um retrato de meio<br />

corpo de suas modelos em suas capas.<br />

Como conseqüência, a cabeça <strong>femini<strong>na</strong></strong> vai ser a parte mais enfatiza<strong>da</strong>. (...) o<br />

poeta faz cinqüenta e uma referências ao rosto, trinta e três aos olhos, vinte e<br />

uma aos cabelos, quinze ao peito (SANT`ANNA: 1993. P. 24).<br />

Além disso, a mulher-flor de Affonso Romano de Sant`An<strong>na</strong> é uma mulher<br />

branca, de família, recata<strong>da</strong>, educa<strong>da</strong> e de princípios. Observando as capas <strong>da</strong> Marie<br />

Claire do nosso recorte, podemos encontrar a mulher-flor. As fotografias em primeiro<br />

plano, enfatizando sempre o rosto e o olhar, as modelos são brancas e se enquadram no<br />

perfil <strong>da</strong> “boa-moça”. A revista trata suas leitoras como mulheres-flores, agindo como


um ver<strong>da</strong>deiro alma<strong>na</strong>que <strong>da</strong> boa do<strong>na</strong>-de-casa. Fornecem dicas de beleza, dicas para<br />

relacio<strong>na</strong>mentos “Homem para ficar e homem para casar: como não confundir um com<br />

o outro” (Marie Claire edição 198) entre outros.<br />

É importante ressaltar que atualmente o que se observa em nossa socie<strong>da</strong>de é a<br />

predominância, salva exceções, <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> mulher-fruto, que segundo as pesquisas de<br />

Sant`An<strong>na</strong>, são mulheres compara<strong>da</strong>s a frutos, portanto, mulheres para comer. Estas são<br />

apresenta<strong>da</strong>s vulgarmente, com o traseiro ou os seios à mostra, sempre com conotação<br />

sexual. Tal representação é oposta à adota<strong>da</strong> por Marie Claire.<br />

Se a flor é para ser vista à distância, ou se é para ser percebi<strong>da</strong> também à<br />

distância por seu perfume, a fruta, ao contrário, exige proximi<strong>da</strong>de, o tato, o<br />

pala<strong>da</strong>r e a deglutição (SANT`ANNA: 1993. P. 26).<br />

A concepção de mulher-flor caminha de encontro às idéias <strong>da</strong> Teoria Crítica, que<br />

questio<strong>na</strong> os efeitos que novas tecnologias causam sobre os meios de produção e<br />

transmissão cultural. Os teóricos adeptos a esta teoria são radicalmente contrários à<br />

idéia de que estas inovações técnicas causam o fortalecimento <strong>da</strong> democracia, o<br />

amadurecimento intelectual ou tragam avanços sociais (Wolf, 2006). Assim, podemos<br />

observar que Marie Claire se opõe à atual representação <strong>femini<strong>na</strong></strong>, que é a de mulherfruto,<br />

para tratar a leitora como mulher-flor.<br />

Além disso, a mulher-flor <strong>da</strong> revista Marie Claire parece ser pauta<strong>da</strong>, segundo a<br />

Teoria do Agen<strong>da</strong>mento, pelo que o veículo julga importante para ela, tendo em vista<br />

que para o Agen<strong>da</strong>mento existe uma proporcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de entre a intensi<strong>da</strong>de com que um<br />

fato é noticiado e a relevância deste para as pessoas.<br />

Segundo Shaw apud Wolf (2006), as pessoas têm tendência para incluir ou<br />

excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que a mídia inclui ou exclui do seu<br />

conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma<br />

importância que reflete de perto a ênfase atribuí<strong>da</strong> pela mídia aos acontecimentos, aos<br />

problemas e às pessoas.<br />

Portanto, a Marie Claire selecio<strong>na</strong> suas pautas com a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de perpetuar em<br />

suas leitoras a mentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mulher-flor.<br />

De acordo com o recorte, a revista parece tentar manipular e influenciar suas<br />

leitoras a fim de torná-las mulheres-flores, portanto, mulheres reduzi<strong>da</strong>s à concepção do<br />

Romantismo, donzelas que se restringem à casa e à família. O veículo parece querer ser<br />

uma espécie de dicionário para ensi<strong>na</strong>r a essas mulheres a se cui<strong>da</strong>rem para a vi<strong>da</strong>


doméstica, serem as Marílias <strong>da</strong> contemporanei<strong>da</strong>de. E, com essa postura, a revista<br />

adota o Agen<strong>da</strong>mento, controlando suas pautas com o único objetivo: prosperar a<br />

mulher-flor <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de atual.<br />

Seguem abaixo as análises de ca<strong>da</strong> capa, onde tais aspectos serão melhor<br />

detalhados.<br />

5.0. Análise <strong>da</strong>s edições<br />

Edição Nº 194 • Maio/2007<br />

Matéria principal: “Beleza Hi-Tech (os novos tratamentos para acabarem de vez com a<br />

flacidez)”<br />

Capa: Alessandra Negrini<br />

Chama<strong>da</strong>s: “beleza Hi-Tech”, “bala perdi<strong>da</strong> (três histórias dramáticas de quem foi<br />

atingido)”, “vamos não discutir a relação (como melhorar a vi<strong>da</strong> a dois sem cair nessa<br />

armadilha)”, “quero ser loira (sete more<strong>na</strong>s realizam o sonho e contam como suas vi<strong>da</strong>s<br />

mu<strong>da</strong>ram)”, “acredite se quiser (elas toparam seguir um programa de saúde e garantem:<br />

‘a energia foi a mil’)”, “Mo<strong>da</strong> (peças básicas + mistura certa = guar<strong>da</strong>-roupa incrível)” e<br />

“Alessandra Negrini (‘eu não quero me enquadrar nos padrões. Mas isso dá um trabalho<br />

enorme’)”.<br />

Nesta edição, <strong>da</strong>s 202 pági<strong>na</strong>s, as propagan<strong>da</strong>s consomem cerca de 61% <strong>da</strong><br />

revista, ou seja, 123 pági<strong>na</strong>s só de anúncios distribuí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

‣ 39 de cosméticos;<br />

‣ 48 de roupas e acessórios;<br />

‣ 7 de jóias;


‣ 29 de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como aparelhos de celular, site para baixar<br />

músicas <strong>na</strong> internet etc..<br />

Gráfico A<br />

Revista Marie Claire ED. 194<br />

250<br />

200<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

Revista Marie Claire ED. 194<br />

Outro fato importante e digno de apreço é a opção pela capa: Alessandra Negrini –<br />

protagonista <strong>da</strong> novela Paraíso Tropical, exibi<strong>da</strong> entre 5 de março e 28 de setembro de<br />

2007 pela Rede Globo de Televisão. A garota maio <strong>da</strong> Marie Claire estava sendo cota<strong>da</strong><br />

no período em que foi selecio<strong>na</strong><strong>da</strong>, sua perso<strong>na</strong>gem <strong>na</strong> novela, “Taís”, a vilã, se<br />

destacava no horário nobre com suas roupas transa<strong>da</strong>s e maquiagem descola<strong>da</strong>. Não deu<br />

em outra. Eis a capa <strong>da</strong> Marie Claire, Alessandra Negrini, com a frase “Eu não quero<br />

me enquadrar nos padrões. Mas isso dá um trabalho enorme”. Frase polêmica, similar à<br />

perso<strong>na</strong>gem global.<br />

A fotografia, em primeiro plano, selecio<strong>na</strong><strong>da</strong> para a capa transmite muito bem a<br />

idéia de trazer para a revista a “Taís”, mulher fatal, sexy, com a atriz vesti<strong>da</strong> em um<br />

corpete tomara-que-caia preto, maquiagem discreta, porém, elegante, assim como sua<br />

perso<strong>na</strong>gem. Sem esquecer de mencio<strong>na</strong>r, claro, o olhar utilizado pela mesma em ambos<br />

os casos: revista/novela.


As cores podem ter influência psicológica sobre o ser humano, algumas estimulam,<br />

outras tranqüilizam, pois são capta<strong>da</strong>s pela visão e transmiti<strong>da</strong>s para o cérebro e<br />

consequentemente refletem impulsos e reações para o corpo 11 .<br />

O preto, cor <strong>da</strong> roupa utilza<strong>da</strong> pela atriz, permite a auto-análise, a introspecção, pode<br />

significar também digni<strong>da</strong>de, está associado ao mistério.<br />

Já o vermelho, utilizado <strong>na</strong> fonte do nome <strong>da</strong> revista, significa elegância, paixão,<br />

conquista, requinte e liderança.<br />

O lilás, cor de fundo <strong>da</strong> capa, significa sinceri<strong>da</strong>de, digni<strong>da</strong>de, prosperi<strong>da</strong>de e<br />

respeito, portando, a revista traz estampado <strong>na</strong> capa, em outras palavras, a “Taís” de<br />

Paraíso Tropical e suas características que são: mistério, elegância, requinte, liderança e<br />

prosperi<strong>da</strong>de.<br />

Além disso, os temas abor<strong>da</strong>dos <strong>na</strong>s chama<strong>da</strong>s se restringem à mo<strong>da</strong> e<br />

relacio<strong>na</strong>mentos, não há nenhuma chama<strong>da</strong> para alguma matéria de cunho social e<br />

político ou <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de que não esteja ligado à mo<strong>da</strong> e aos relacio<strong>na</strong>mentos amorosos.<br />

É como se a leitora só se interessasse por aparência e casamentos. Tal fato retoma a<br />

idéia <strong>da</strong> mulher submissa, aquela que precisa estar sempre bela e casar-se. Assim, a<br />

revista assume um papel de manual <strong>da</strong> boa moça: fique lin<strong>da</strong> e conquiste um marido.<br />

Edição Nº 195 • Junho/2007<br />

Matéria principal: “Sexo bom com o marido (novas idéias que vão animar a vi<strong>da</strong> a dois<br />

+ um teste que mede sua inteligência erótica)”<br />

Capa: Flávia Alessandra<br />

11 Mundo Educação. Capturado em 20/10/2008. Disponível em<br />

http://www.mundoeducacao.com.br/artes/significado-<strong>da</strong>s-cores.htm


Chama<strong>da</strong>s: “virei detetive depois que descobri que meu marido me traia”, “lisos e<br />

lindos (os segredos para conseguir em casa uma escova de salão)”, “homens confessam:<br />

‘estar apaixo<strong>na</strong>do é um tipo de loucura’”, “aquecimento global: também é problema seu.<br />

Saiba o que você pode fazer”, “um corpo melhor em 5 minutos: 24 looks que disfarçam<br />

suas imperfeições” e “Flávia Alessandra: “já fui ao fundo do poço, não sabia quem eu<br />

era, mas aprendi a crescer com a dor”.<br />

Com 194 pági<strong>na</strong>s, a edição Nº 195 <strong>da</strong> Marie Claire traz aproxima<strong>da</strong>mente 55%<br />

de propagan<strong>da</strong>s em seu conteúdo, portanto, 106 pági<strong>na</strong>s comerciais distribuí<strong>da</strong>s em:<br />

‣ 30 pági<strong>na</strong>s de cosméticos;<br />

‣ 45 pági<strong>na</strong>s de roupas e acessórios;<br />

‣ 4 pági<strong>na</strong>s de jóias;<br />

‣ 27 pági<strong>na</strong>s de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como gelati<strong>na</strong> Royal, escovas para<br />

pentear, secador de cabelos e chapinhas, automóveis, celulares, bancos e outros.<br />

Gráfico B<br />

Revista Marie Claire ED. 195<br />

250<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

A garota do mês de junho <strong>da</strong> Marie Claire não podia ser outra. Bom, vamos<br />

contextualizar o período em questão para entendermos a opção do periódico.<br />

A revista foi distribuí<strong>da</strong> no mês de junho de 2007, neste período a Rede Globo<br />

estava transmitindo, às 19h, Pé <strong>na</strong> jaca, novela pela qual Flávia interpretava a<br />

egocêntrica e deslumbrante Vanessa. Cerca de quatro meses depois Flávia foi para o<br />

horário nobre interpretar Alzira, uma mãe de família e <strong>da</strong>nçari<strong>na</strong> de boate, em Duas<br />

Caras, exibi<strong>da</strong> entre 01 de outubro de 2007 a 31 de maio de 2008. A Rede Globo tentou


a todo custo chamar a atenção do público para a perso<strong>na</strong>gem de Flávia Alessandra em<br />

Duas caras, utilizando-se de conotações sexuais, <strong>da</strong>nças eróticas e nudez. As ce<strong>na</strong>s de<br />

Flávia chegaram a ser proibi<strong>da</strong>s de irem ao ar, devido ao apelo sexual e ao horário.<br />

Obviamente a opção pela capa <strong>da</strong> Marie Claire do mês de junho foi uma grande joga<strong>da</strong><br />

de marketing <strong>da</strong> emissora, que desde o início quis promover a atriz, com o objetivo de<br />

torná-la a “musa do horário nobre”. Sem esquecer de mencio<strong>na</strong>r que a atriz estava <strong>na</strong>s<br />

telinhas <strong>da</strong> Globo às 19h.<br />

A seleção <strong>da</strong>s cores <strong>da</strong> capa, um jogo com preto, laranja e branco foi estratégico<br />

também. O preto, além de denotar digni<strong>da</strong>de, é uma cor discreta, elegante, com o laranja<br />

que, além de significar movimento, espontanei<strong>da</strong>de, tolerância, gentileza, é uma cor<br />

estimulante. Com o branco em algumas fontes, a capa de junho traz estampa<strong>da</strong> a<br />

elegância, o glamour.<br />

A garota junho <strong>da</strong> revista aparece vesti<strong>da</strong> em um discreto vestido preto, que desig<strong>na</strong><br />

digni<strong>da</strong>de, e, como a revista pertence à Editora Globo, podemos ain<strong>da</strong> inferir aqui um<br />

estratégico jogo de marketing <strong>da</strong> mesma, afi<strong>na</strong>l, o que a perso<strong>na</strong>gem de Flávia tentou<br />

demonstrar a todo tempo em Duas Caras era que, embora ela fosse uma <strong>da</strong>nçari<strong>na</strong> de<br />

boate de stripper, ela tinha digni<strong>da</strong>de, pois também era uma respeita<strong>da</strong> mãe de família.<br />

Assim, a opção por Flávia <strong>na</strong>quele momento foi um jogo interessantíssimo para a<br />

revista, pois por um lado a atriz atraia a atenção do público em Pé <strong>na</strong> jaca, por outro, a<br />

atriz já se destacaria em Duas caras com suas ce<strong>na</strong>s sensuais. Ou seja, ela estaria sendo<br />

promovi<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> e iniciaria a novela já em destaque <strong>na</strong> mídia.<br />

A ideologia não foge do seu “manual <strong>da</strong> boa esposa”, trazendo <strong>na</strong>s chama<strong>da</strong>s<br />

matérias sobre beleza e relacio<strong>na</strong>mento, a exceção nesta edição é para a matéria<br />

“aquecimento global”, ocupando seis pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong>s 194 pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong> revista. Percebemos<br />

aqui a Teoria do Agen<strong>da</strong>mento, onde a mídia ditou a pauta, no caso, o aquecimento<br />

global, muito discutido pelos veículos de comunicação no período e que ain<strong>da</strong> é<br />

discutido.


Edição Nº 196 • Julho/2007<br />

Matéria principal: “estilo jeans – 140 peças que dão mil caras para a sua produção”<br />

Capa: Priscila Fantin<br />

Chama<strong>da</strong>s:”o creme compensa Rejuvenescer ou hidratar: o que é melhor para a sua<br />

pele”, “adeus tédio! Liber<strong>da</strong>de e prazer <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s novas separa<strong>da</strong>s”, “Daspu, 2 anos<br />

depois – as incríveis histórias <strong>da</strong>s prostitutas estilistas”, “+ ginástica – cigarro = sexo<br />

muito melhor”, “Priscila Fantin: “não vou ser atriz para sempre”, “eu leitora: tive meu<br />

primeiro orgasmo aos 40 anos” e “estilo jeans – 140 peças que dão mil caras para a sua<br />

produção”.<br />

Com 178 pági<strong>na</strong>s, a edição Nº 196 <strong>da</strong> Marie Claire traz aproxima<strong>da</strong>mente 45% de<br />

propagan<strong>da</strong>s em seu conteúdo, portanto, 79 pági<strong>na</strong>s comerciais distribuí<strong>da</strong>s em:<br />

‣ 16 pági<strong>na</strong>s de cosméticos;<br />

‣ 36 pági<strong>na</strong>s de roupas e acessórios;<br />

‣ 0 pági<strong>na</strong>s de jóias;<br />

‣ 27 pági<strong>na</strong>s de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como roupa de cama, sabão em pó, molho<br />

de tomate, celular, hotel, DVD´s <strong>da</strong> Globo, SUS, ca<strong>na</strong>l de TV a cabo como<br />

SPORTV, secador de cabelo, chapinha, concursos de modelos e outros.


Gráfico C<br />

Revista Marie Claire ED.196<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

200<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

Revista Marie Claire ED.196<br />

Não diferente <strong>da</strong>s edições anteriormente a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s, a edição de julho de 2007 traz<br />

<strong>na</strong> capa Priscila Fantini, protagonista de Sete pecados, exibi<strong>da</strong> às 19h em julho de 2007.<br />

De acordo com a matéria, a atriz estava gravando a novela quando deu a entrevista e foi<br />

capa <strong>da</strong> revista, embora a novela ain<strong>da</strong> não estivesse sendo transmiti<strong>da</strong> pela emissora.<br />

Na foto <strong>da</strong> capa, um close no rosto de Priscila, que aparece em um casaco de pele<br />

com maquiagem discreta. As fontes estão <strong>na</strong> cor roxa, que transmite a sensação de<br />

tristeza e significa prosperi<strong>da</strong>de, nobreza e respeito. Além de algumas chama<strong>da</strong>s em<br />

branco, que se associa à idéia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao<br />

frio e à limpeza. Significa inocência e pureza.<br />

É importante lembrar aqui que os primeiros episódios <strong>da</strong> novela acontecem <strong>na</strong><br />

Argenti<strong>na</strong>, com a atriz esquiando no gelo, logo, a seleção de cores <strong>da</strong> capa, assim como<br />

os trajes <strong>da</strong> garota julho remetem às ce<strong>na</strong>s iniciais <strong>da</strong> novela Sete pecados. Mais uma<br />

vez um jogo de marketing <strong>da</strong> Editora Globo e obviamente <strong>da</strong> TV Globo. Como de<br />

costume.<br />

As chama<strong>da</strong>s <strong>na</strong> capa apresentam as matérias que a revista acredita serem as mais<br />

relevantes e chamativas e nesta edição elas trazem a beleza e a mo<strong>da</strong>, novamente, e pela<br />

primeira vez no recorte a<strong>na</strong>lisado, “Eu leitora: ‘tive meu primeiro orgasmo aos 40<br />

anos’”, relacio<strong>na</strong>mento com “liber<strong>da</strong>de e prazer <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s novas separa<strong>da</strong>s” e uma<br />

chama<strong>da</strong> para uma reportagem com as prostitutas <strong>da</strong> Daspu.<br />

Nesta edição, como se pôde constatar, houve um pouco mais de varie<strong>da</strong>de <strong>na</strong>s<br />

chama<strong>da</strong>s, embora trazendo seu carro-chefe (mo<strong>da</strong>, beleza e relacio<strong>na</strong>mento), trouxe


duas chama<strong>da</strong>s para matérias polêmicas, como a seção “Eu leitora” e a matérias <strong>da</strong>s<br />

prostitutas <strong>da</strong> Daspu, que aju<strong>da</strong>ram a compor a perso<strong>na</strong>gem <strong>da</strong> atriz Camila Pitanga em<br />

Paraíso Tropical e que são tema do recente livro “As meni<strong>na</strong>s <strong>da</strong> Daspu” (Ed. Novas<br />

Idéias, 248 pági<strong>na</strong>s).<br />

Vale destacar que esta edição não apresentou nenhuma publici<strong>da</strong>de em jóias.<br />

Podemos constatar, portanto, uma representação do real, mas falseado, visto que<br />

essa representação é orienta<strong>da</strong> e tendenciosa, pois sua fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de, segundo este recorte, é<br />

meramente mercadológica, sendo ain<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> Teoria Crítica, que<br />

vê os meios de comunicação como meios de poder e de domi<strong>na</strong>ção.<br />

Edição Nº 197 • Agosto/2007<br />

Matéria principal: “60 pági<strong>na</strong>s de mo<strong>da</strong> e beleza – Os lançamentos <strong>da</strong>s coleções de<br />

verão, as tendências que vão pegar e as novas cores <strong>da</strong> maquiagem”<br />

Capa: Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> Machado<br />

Chama<strong>da</strong>s: “Ele está mentindo quando critica o seu jeito de vestir”, “Amor em teste –<br />

Descubra se vale a pe<strong>na</strong> investir <strong>na</strong> sua relação”, “O que você está fazendo para salvar o<br />

planeta”, “ ‘Vivi uma aventura incrível com os Tuaregues no deserto do Saara’ ”,<br />

“Coques, rabos e lisos – Como fazer os looks <strong>da</strong> tempora<strong>da</strong>”, “Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> Machado, a<br />

Joa<strong>na</strong> de ‘Paraíso Tropical’: ‘Cansei de ser a boazinha, quero mais é sofrer’”.<br />

Das 178 pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong> edição Nº 197 <strong>da</strong> Marie Claire, 86 são de publici<strong>da</strong>de, cerca<br />

de 48% de propagan<strong>da</strong>s em seu conteúdo distribuí<strong>da</strong>s em:<br />

‣ 24 pági<strong>na</strong>s de cosméticos;<br />

‣ 44 pági<strong>na</strong>s de roupas e acessórios;<br />

‣ 1 pági<strong>na</strong> de jóias;


‣ 17 pági<strong>na</strong>s de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como roupa de cama, livros, programas de<br />

TV e outros.<br />

Gráfico D<br />

Revista Marie Claire ED. 197<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

200<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

Revista Marie Claire ED. 197<br />

A garota agosto <strong>da</strong> Marie Claire não podia ser outra, Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> Machado, a atriz que<br />

interpretava <strong>na</strong> época a Joa<strong>na</strong> de Paraíso Tropical, novela também exibi<strong>da</strong> pela TV<br />

Globo. A perso<strong>na</strong>gem de Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> cresceu muito <strong>na</strong> novela, tendo grande destaque no<br />

cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. A atriz interpretava uma garota de família que após uma decepção<br />

amorosa decide entrar para a prostituição, sem êxito. A perso<strong>na</strong>gem apaixo<strong>na</strong>-se e após<br />

vários dramas termi<strong>na</strong> a novela feliz, com seu amor e grávi<strong>da</strong>.<br />

Na fotografia <strong>da</strong> capa <strong>da</strong> edição a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> aparece com uma roupa<br />

decota<strong>da</strong>, cheia de flores e maquiagem discreta. As cores utiliza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> capa, vermelho<br />

no fundo, rosa em dois tons <strong>na</strong>s fontes e <strong>na</strong>s flores <strong>da</strong> roupa <strong>da</strong> atriz e um pouco de<br />

branco em algumas fontes revelam ideologias implícitas. Tendo em vista que o<br />

vermelho é a cor <strong>da</strong> paixão e do sentimento, simbolizando o amor, o desejo, mas<br />

também simboliza o orgulho, a violência, a agressivi<strong>da</strong>de ou o poder. O tom de rosa<br />

utilizado <strong>na</strong> tarja inferior e <strong>na</strong> fonte Marie Claire simboliza a sensuali<strong>da</strong>de e o<br />

romantismo e o rosa claro utilizado <strong>na</strong>s flores <strong>da</strong> roupa <strong>da</strong> atriz e em algumas fontes <strong>na</strong>s<br />

chama<strong>da</strong>s remete para algo amoroso, carinhoso, terno, suave e ao mesmo tempo para<br />

uma certa fragili<strong>da</strong>de e delicadeza. Está ain<strong>da</strong> associado à compaixão.


Ape<strong>na</strong>s com as cores utiliza<strong>da</strong>s e seus significados podemos ver claramente a<br />

perso<strong>na</strong>gem Joa<strong>na</strong> de Paraíso Tropical, garota romântica, frágil, delica<strong>da</strong>,<br />

características sempre destaca<strong>da</strong>s nos episódios em que a moça aparecia.<br />

As chama<strong>da</strong>s são to<strong>da</strong>s para o mesmo conteúdo, beleza, mo<strong>da</strong> e relacio<strong>na</strong>mento,<br />

com uma chama<strong>da</strong> para um suposto teste do amor. Em uma peque<strong>na</strong> chama<strong>da</strong> a revista<br />

em miú<strong>da</strong>s letras traz “o que você está fazendo para salvar o planeta Celebri<strong>da</strong>des<br />

respondem”, esta é a chama<strong>da</strong> que se distingue do carro-chefe de Marie Claire.<br />

O veículo entra no universo <strong>da</strong>s representações como regulador e reprodutor <strong>da</strong>s<br />

normas instituí<strong>da</strong>s socialmente, como um “porta-voz do senso-comum”.<br />

Edição 198 • Setembro/2007<br />

Matéria principal: “Horóscopo especial (Ele é fogo, você é terra, isso dá certo)”<br />

Capa: Adria<strong>na</strong> Esteves<br />

Chama<strong>da</strong>s: “Homem para ficar e homem para casar (como não confundir um com o<br />

outro)”, “Emagreça onde você quer (tratamentos campeões para afi<strong>na</strong>r coxas, barriga,<br />

costas e braços)”, “Adria<strong>na</strong> Esteves: ‘Passei dois anos pensando em abando<strong>na</strong>r a<br />

carreira’”, “Inveja e rivali<strong>da</strong>de: a amizade <strong>femini<strong>na</strong></strong> é capaz de superar isso”, “Amma<br />

no Brasil: a incrível força <strong>da</strong> guru Ino<strong>na</strong><strong>na</strong> que já abraçou 30 milhões de pessoas”,<br />

“Aborto: 51% <strong>da</strong>s nossas leitoras são a favor <strong>da</strong> legalização, e você”, “Branco para as<br />

românticas, esportivo para as moder<strong>na</strong>s. Escolha o seu look”.<br />

Nesta edição, <strong>da</strong>s 194 pági<strong>na</strong>s, as propagan<strong>da</strong>s consomem cerca de 63,4% <strong>da</strong><br />

revista, ou seja, 123 pági<strong>na</strong>s só de anúncios distribuí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

‣ 40 de cosméticos;<br />

‣ 61 de roupas e acessórios;<br />

‣ 0 de jóias;


‣ 22 de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como propagan<strong>da</strong>s de carros, cartão de crédito,<br />

amarula, ca<strong>na</strong>l de TV paga (Telecine e GNT), programas de TV aberta (sítio do<br />

pica-pau amarelo) e remédio.<br />

Gráfico E<br />

Revista Marie Claire ED. 198<br />

250<br />

200<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

Revista Marie Claire ED. 198<br />

Adria<strong>na</strong> Esteves é a garota setembro 2007 de Marie Claire, a atriz que, desde o<br />

dia 07 de agosto de 2007, protagoniza a série humorística Toma Lá Dá Cá, exibi<strong>da</strong> pela<br />

TV Globo <strong>na</strong>s noites de terça-feira. A atriz interpreta Celinha, uma do<strong>na</strong>-de-casa<br />

exemplar. Organiza<strong>da</strong> <strong>na</strong>s tarefas domésticas e vaidosa em sua aparência, também se<br />

dedica a cui<strong>da</strong>r do filho com seu primeiro marido. Além disso, se preocupa com a<br />

irresponsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mãe que mora em sua casa.<br />

A opção pelas cores <strong>da</strong> capa, rosa de fundo e lilás para a roupa de Adria<strong>na</strong> se<br />

justifica pelo fato do lilás significar espirituali<strong>da</strong>de e intuição, o rosa claro usado no<br />

fundo remete para algo amoroso, carinhoso, terno, suave e ao mesmo tempo para uma<br />

certa fragili<strong>da</strong>de e delicadeza. Está ain<strong>da</strong> associado à compaixão. E, o rosa <strong>da</strong>s fontes<br />

maiores conota beleza, saúde, sensuali<strong>da</strong>de e no caso <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>gem vivido pela atriz, o<br />

romantismo. Sem esquecer de mencio<strong>na</strong>r o vermelho <strong>da</strong>s peque<strong>na</strong>s fontes que é a cor <strong>da</strong><br />

paixão e do sentimento. Simboliza o amor, o desejo. Assim sendo, a opção pelas cores


associa-se à imagem <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>gem de Adria<strong>na</strong> <strong>na</strong> série, ou seja, observando ape<strong>na</strong>s as<br />

cores podemos localizar as características de Celinha.<br />

Mais uma vez a Rede Globo e sua influência mercadológica traz mais uma de<br />

suas perso<strong>na</strong>gens para a capa <strong>da</strong> Marie Claire. Através de uma visão crítica podemos<br />

constatar que o veículo em questão é um mero instrumento mercadológico <strong>na</strong>s mãos de<br />

sua editora. A capa é o carro chefe <strong>da</strong> revista e sempre vem associa<strong>da</strong> a um produto <strong>da</strong><br />

TV Globo, no caso, aos seus programas, representados pelas suas atrizes. É a ven<strong>da</strong> em<br />

cima <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>.<br />

A linha editorial permanece i<strong>na</strong>bala<strong>da</strong>, onde a pauta sempre vem associa<strong>da</strong> à<br />

beleza, mo<strong>da</strong> e relacio<strong>na</strong>mentos. Um ver<strong>da</strong>deiro alma<strong>na</strong>que <strong>da</strong> do<strong>na</strong>-de-casa,<br />

prosperando a concepção de mulher-flor. É níti<strong>da</strong> a influência que a revista exerce em<br />

suas leitoras, com suas reportagens superficiais acerca do universo feminino, reduzindo<br />

suas leitoras a meras consumidoras de roupas do que ela chama de mo<strong>da</strong>, produtos e<br />

assessórios importados, onde a mo<strong>da</strong>, em muitos casos é dita<strong>da</strong> por ela mesmo,<br />

indiretamente, através dos perso<strong>na</strong>gens criados <strong>na</strong>s novelas <strong>da</strong> Globo, mesmo veículo<br />

que niti<strong>da</strong>mente controla a linha editorial <strong>da</strong> Marie Claire.<br />

É fato digno de apreço que para a revista, as mulheres continuam as mesmas <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong>de Média, salvo proporções, elas só se preocupam com a família, casa e beleza. Uma<br />

visão extremamente machista e ultrapassa<strong>da</strong> há séculos. Bom, não podemos afirmar que<br />

está ultrapassa<strong>da</strong> de todo, afi<strong>na</strong>l, a revista insiste em manter esta política. Mulher<br />

cui<strong>da</strong><strong>da</strong> e bonita para o marido, uma boa do<strong>na</strong>-de-casa e excelente mãe. Afi<strong>na</strong>l, com<br />

tantos artigos sobre beleza, dicas mirabolantes de regimes, roupas <strong>da</strong> mocinha <strong>da</strong><br />

novela, não teria espaço para matérias culturais, sociais, políticas, até porque, com uma<br />

visão reducionista, a leitora não precisa dessas pautas, precisa ape<strong>na</strong>s consumir seus<br />

produtos, viver angustiantemente e incessantemente <strong>na</strong> busca do corpo perfeito,<br />

comprar os artigos importados e perfumes exorbitantemente caros.


Edição Nº 199 • Outubro/2007<br />

Matéria principal: “especial assessórios 175 peças que fazem ro<strong>da</strong> a diferença no seu<br />

visual”<br />

Capa: Deborah Secco<br />

Chama<strong>da</strong>s: “celulite (novas armas contra a velha inimiga)”, “oops...envieei e agora”,<br />

“Alerta (“peguei o vírus <strong>da</strong> AIDS <strong>na</strong> bala<strong>da</strong>”)”, “24 horas NE cabeça de um homem”,<br />

“dietas sob medi<strong>da</strong> para quem engordou depois do casamento, <strong>da</strong> gravidez, de parar de<br />

fumar” e “especial assessórios 175 peças que fazem ro<strong>da</strong> a diferença no seu visual”.<br />

Das 218 pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong> edição Nº 199 <strong>da</strong> Marie Claire, 130 são de publici<strong>da</strong>de, cerca de<br />

60% de propagan<strong>da</strong>s em seu conteúdo distribuí<strong>da</strong>s em:<br />

‣ 42 pági<strong>na</strong>s de cosméticos;<br />

‣ 54 pági<strong>na</strong>s de roupas e acessórios;<br />

‣ 2 pági<strong>na</strong> de jóias;<br />

‣ 32 pági<strong>na</strong>s de peque<strong>na</strong>s publici<strong>da</strong>des, como refrigerantes e produtos <strong>da</strong> Coca-<br />

Cola, cueca Zorba, bancos, cartão de crédito, cartucho de tinta, bebi<strong>da</strong> alcoólica,<br />

automóvel e outros.


Gráfico F<br />

Revista Marie Clarie ED. 199<br />

250<br />

Total de Pági<strong>na</strong>s<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Cosméticos<br />

Roupas e<br />

acessórios<br />

Jóias<br />

Outras<br />

Publici<strong>da</strong>des<br />

Total de<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>da</strong><br />

revista<br />

Pági<strong>na</strong>s com Publici<strong>da</strong>de<br />

Revista Marie Clarie ED. 199<br />

A última edição do recorte de Marie Claire a<strong>na</strong>lisado traz <strong>na</strong> capa Deborah Secco,<br />

que, no período em que foi capa, acabava de ter participado <strong>da</strong> novela Paraíso Tropical,<br />

novela exibi<strong>da</strong> no horário nobre <strong>da</strong> Globo. Deborah foi convi<strong>da</strong><strong>da</strong> para uma<br />

participação especial <strong>na</strong> novela, sendo que seu perso<strong>na</strong>gem <strong>na</strong> trama teve grande<br />

destaque. A atriz viveu Beti<strong>na</strong>, uma “prostituta chique”, com visual sensual, estilo<br />

mulher fatal.<br />

Na capa, diferente <strong>da</strong>s demais fotos 12 de Deborah <strong>na</strong> reportagem, ela aparece com<br />

um ousado decote, uma produção que se assemelha ao visual <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>gem vivi<strong>da</strong> em<br />

Paraíso Tropical. Nas pági<strong>na</strong>s inter<strong>na</strong>s a atriz é apresenta<strong>da</strong> com fotos produzi<strong>da</strong>s,<br />

estilo book fotográfico de modelos agencia<strong>da</strong>s, a reportagem abor<strong>da</strong> o lado pessoal <strong>da</strong><br />

atriz, <strong>na</strong>rrando sua vi<strong>da</strong> e sua inserção <strong>na</strong>s telinhas, ape<strong>na</strong>s cita sua participação <strong>na</strong><br />

novela, diferentemente <strong>da</strong> imagem <strong>da</strong> capa, que, à primeira vista nos remete à<br />

perso<strong>na</strong>gem.<br />

O fundo azul <strong>da</strong> capa traduz muito bem essa idéia, pois a cor simboliza, entre<br />

outros, a perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de, a sutileza, o ideal e o sonho. Na novela, Beti<strong>na</strong> rouba o<br />

<strong>na</strong>morado <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>gem vivi<strong>da</strong> por Camila Pitanga. O novo <strong>na</strong>morado, rico e<br />

influente, a leva para morar no exterior, o sonho de muitas garotas de programa e que<br />

era ressaltado pela perso<strong>na</strong>gem de Camila Pitanga. Logo, azul, no caso, também pode<br />

12 Vide anexo VII


ser inferido como o sonho conquistado <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>gem Beti<strong>na</strong>. As fontes, <strong>na</strong>s cores<br />

branca, preta e uma mescla de verde com amarelo, ou seja, uma união entre o vigor, a<br />

esperança e a juventude do verde com a prosperi<strong>da</strong>de e o otimismo do amarelo. Além de<br />

ser a cor do verão. Já o branco, utilizado <strong>na</strong> roupa de Deborah e em algumas fontes, está<br />

associado à idéia de paz, de calma, de pureza e o preto, <strong>da</strong>s demais fontes, significa o<br />

mistério, sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa sofisticação e luxo.<br />

A capa traz estampa<strong>da</strong> em grandes letras a chama<strong>da</strong> para a matéria “Celulite: novas<br />

armas contra a velha inimiga”, é fato de conhecimento popular que embora haja<br />

tratamentos para a celulite, nenhum deles extermi<strong>na</strong> a famosa gordura localiza<strong>da</strong>, além<br />

disso, muitas mulheres sofrem por terem a celulite e acreditarem que são as únicas a<br />

possuírem, abrem as revistas e olham as modelos em suas fotos trata<strong>da</strong>s e acreditam que<br />

elas são perfeitas. A matéria supracita<strong>da</strong> é exemplo disso, ela “toca” <strong>na</strong> feri<strong>da</strong> <strong>femini<strong>na</strong></strong>,<br />

a inseparável celulite, e faz com que elas sintam a necessi<strong>da</strong>de de comprar produtos<br />

recém-lançados com promessas milagrosas, reduzindo-as, novamente, a meras<br />

consumidoras, propagando a cultura de consumo. E ain<strong>da</strong>, <strong>na</strong> capa, há também a<br />

chama<strong>da</strong> para “Dietas sob medi<strong>da</strong> para quem engordou depois do casamento, <strong>da</strong><br />

gravidez, de parar de fumar”, é a mídia ditando regras, mo<strong>da</strong>, comportamentos, enfim,<br />

padrões a serem seguidos, impondo seu padrão de beleza i<strong>na</strong>tingível.<br />

Segue tabela comparativa entre as capas a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s e suas respectivas chama<strong>da</strong>s:


5.1. Marie Claire em Viçosa MG<br />

Com o objetivo de ape<strong>na</strong>s realizar uma breve verificação <strong>da</strong> influência de Marie<br />

Claire <strong>na</strong>s leitoras de Viçosa, ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Zo<strong>na</strong> <strong>da</strong> Mata Mineira, aplicamos um<br />

questionário 13 a 50 mulheres viçosenses. Para tal, optamos pela abor<strong>da</strong>gem em pontos<br />

comerciais essencialmente femininos, como os salões de beleza e o calçadão Arthur<br />

Ber<strong>na</strong>rdes.<br />

Nesta amostragem foram feitas perguntas acerca <strong>da</strong> influência que esta revista<br />

tem em suas vi<strong>da</strong>s, se as leitoras adotam a mo<strong>da</strong>, a dieta, as dicas de beleza, enfim, os<br />

conselhos <strong>da</strong> revista.<br />

De acordo com esta pesquisa, em Viçosa, 100% <strong>da</strong>s leitoras possuem ren<strong>da</strong> familiar<br />

entre 0 a 5 salários mínimos e possuem de 15 a 24 anos.<br />

Gráfico F<br />

I<strong>da</strong>de<br />

27%<br />

27%<br />

46%<br />

De 15 a 24 anos<br />

De 24 a 40 anos<br />

Acima de 40 anos<br />

Com relação à preferência <strong>da</strong>s leitoras entre as editorias <strong>da</strong> revista, a maioria delas<br />

respondeu preferirem a editoria de entrevista e reportagem, conforme gráfico abaixo.<br />

13 Vide anexo IX


13%<br />

Gráfico G<br />

Preferências<br />

37%<br />

Entrevistas e<br />

reportagens<br />

Teste e dicas em geral<br />

Tudo<br />

25%<br />

Beleza, mo<strong>da</strong>, culinária<br />

e artesa<strong>na</strong>to<br />

25%<br />

Além disso, 64% <strong>da</strong>s leitoras se declararam seguidoras <strong>da</strong>s dicas de beleza <strong>da</strong><br />

revista 14 , 55% seguidoras <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> dita<strong>da</strong> pela Marie Claire e também, 55% seguidoras<br />

<strong>da</strong> editoria de Comportamento.<br />

Apesar de a revista combater, em sua linha editorial, os males que o estereótipo<br />

feminino causa <strong>na</strong>s mulheres, sua publici<strong>da</strong>de é ocupa<strong>da</strong> por mulheres que se<br />

enquadram no ideal de beleza i<strong>na</strong>tingível. E, segundo a pesquisa realiza<strong>da</strong> em Viçosa, a<br />

maioria <strong>da</strong>s leitoras são comprova<strong>da</strong>mente influencia<strong>da</strong>s pela mesma.<br />

CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Diante dos nossos objetivos que foram a<strong>na</strong>lisar as imagens e os textos contidos<br />

<strong>na</strong>s capas <strong>da</strong> revista Marie Claire, edições 194, 195, 196, 197, 198 e 199, portanto, o<br />

explícito e o implícito; o dito e o não-dito; as inferências, as mensagens denota<strong>da</strong>s e<br />

conota<strong>da</strong>s, juntamente com a lingüística e os elementos de conotação; todos esses<br />

conceitos foram utilizados com a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de buscarmos a multiplici<strong>da</strong>de de leituras<br />

que é possível de ser realiza<strong>da</strong> desenvolvendo as diferentes produções de sentido que ali<br />

podem ser produzidos.<br />

O percurso a<strong>na</strong>lítico seguido e o desfecho dos diferentes processos signicos<br />

desenvolvidos incitou nossa percepção visual, nos capacitou a enxergar <strong>na</strong>s imagens em<br />

geral, uma porta de entra<strong>da</strong> para um conjunto de signos imperceptíveis à primeira vista,<br />

mas que excedem a imagem fotográfica e as capas <strong>da</strong>s revistas.<br />

14 Vide anexo X


Segundo Barthes (1984), a retórica <strong>da</strong> imagem se deve à capaci<strong>da</strong>de que as<br />

imagens têm de exprimir emoções, idéias; persuadir; comover; etc.. Ele acredita ain<strong>da</strong><br />

que usar um termo comum aos textos, mas incomum às imagens, se deve ao fato de<br />

principalmente as imagens jor<strong>na</strong>lísticas exprimirem uma certa eloqüência, não uma<br />

eloqüência verbal, mas que, de fato, podem ser verbaliza<strong>da</strong>s.<br />

Barthes acrescenta ain<strong>da</strong> que as fotografias trazem consigo, quando a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s<br />

atentamente, três mensagens: uma mensagem lingüística, uma mensagem icônica<br />

codifica<strong>da</strong> (conota<strong>da</strong>) e uma mensagem icônica codifica<strong>da</strong> (denota<strong>da</strong>).<br />

A mensagem denota<strong>da</strong> foi a primeira que a<strong>na</strong>lisamos em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s capas de<br />

Marie Claire. Trata-se dos elementos explícitos contidos em uma fotografia. Para<br />

percebê-los não foi necessário conhecimento de gramática ou do contexto do período. A<br />

mensagem lingüística apresenta<strong>da</strong> em segui<strong>da</strong>, juntamente com os elementos de<br />

conotação, nos auxiliaram a construir uma mensagem implícita <strong>da</strong>s capas exami<strong>na</strong><strong>da</strong>s.<br />

Porém, <strong>na</strong> construção <strong>da</strong> mensagem implícita, foi necessário o conhecimento <strong>da</strong> língua<br />

portuguesa e dos significados sobre os materiais jor<strong>na</strong>lístico impressos.<br />

Os elementos que conotam as imagens, que Barthes denomi<strong>na</strong> de truncagem,<br />

pose, objetos, fotogenia, estetismo e sintaxe foram observados <strong>na</strong>s capas a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s, em<br />

particular a pose, o estetismo e a fotogenia.<br />

Todos os signos incluídos <strong>na</strong>s capas dos periódicos em geral refletem uma certa<br />

reali<strong>da</strong>de material, além de desviarem certos aspectos e evidenciarem outros.<br />

Para Bakhtin (1981), um signo não existe ape<strong>na</strong>s como parte de uma reali<strong>da</strong>de; ele<br />

também reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer essa reali<strong>da</strong>de, ser-lhe fiel, ou<br />

apreendê-la de um ponto de vista específico etc.. Todo signo está sujeito aos critérios de<br />

avaliação ideológica, ou seja, se ver<strong>da</strong>deiro, falso, correto, justificado, bom, etc..<br />

Consideramos fi<strong>na</strong>lmente que o recorte a<strong>na</strong>lisado restringi-se a temas ligados aos<br />

relacio<strong>na</strong>mentos (amoroso e familiar), casa e beleza, inferindo que as mulheres só se<br />

preocupam com estes assuntos. Uma visão extremamente machista e ultrapassa<strong>da</strong> há<br />

séculos. A Marie Claire insiste em manter esta política. Mulher “cui<strong>da</strong><strong>da</strong>” e bonita para<br />

o marido, uma boa do<strong>na</strong>-de-casa e excelente mãe. Afi<strong>na</strong>l, com tantos artigos sobre<br />

beleza, dicas mirabolantes de regimes, roupas <strong>da</strong> mocinha <strong>da</strong> novela, não haveria espaço<br />

para matérias culturais, sociais, políticas, até porque, com uma visão reducionista, a<br />

leitora não precisa dessas pautas, precisa ape<strong>na</strong>s consumir seus produtos, viver<br />

angustiantemente e incessantemente <strong>na</strong> busca do corpo perfeito, comprar os artigos


importados perfumes exorbitantemente caros e ser uma do<strong>na</strong>-de-casa “moder<strong>na</strong>” e<br />

“ante<strong>na</strong><strong>da</strong>”.<br />

Diante <strong>da</strong> análise deste recorte, podemos observar que a revista se porta como um<br />

ver<strong>da</strong>deiro alma<strong>na</strong>que <strong>da</strong> boa do<strong>na</strong>-de-casa, que se dedica exclusivamente a cui<strong>da</strong>r do<br />

lar, do marido e dos filhos, embora o veículo exponha em sua linha editorial ser um<br />

“guia” para as mulheres inteligentes, moder<strong>na</strong>s e chiques. Aquelas que trabalham fora<br />

de casa. Ao que nos parece, poucas são as matérias que fogem <strong>da</strong> linha beleza,<br />

comportamento e relacio<strong>na</strong>mento. Assim, acreditamos que para uma revista que se<br />

propõe a ser polêmica, com denúncias de violação dos direitos humanos, por exemplo,<br />

poderia conter em sua edições editorias e reportagens de cunho social fixas, pois no<br />

recorte a<strong>na</strong>lisado pouco se viu.<br />

Com esta pesquisa, nos tor<strong>na</strong>mos mais atentos às intenções do texto e <strong>da</strong> imagem<br />

presentes <strong>na</strong>s capas dos periódicos e em praticamente todos os veículos de<br />

comunicação. Criamos um olhar mais crítico com relação a este tema, que acreditamos<br />

ser essencial para a prática do exercício jor<strong>na</strong>lístico. Também acreditamos que seja de<br />

fun<strong>da</strong>mental importância para todos exercitarem o olhar crítico para poderem formar a<br />

sua própria opinião sobre determi<strong>na</strong>do assunto.<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

Livros:<br />

‣ ADORNO, T. Television and the Patterns of Mass Culture. In: WOLF, Mauro.<br />

Teorias <strong>da</strong> Comunicação. 9. ed.Lisboa: Presença, 2006, p. 90.<br />

‣ ALTHUSSER, L.: Ideologia y lucha ideológica. In: Santaella, 1980, p. 51.<br />

‣ BARTHES, Roland. A câmara clara: Nota sobre fotografia. Tradução por Júlio<br />

Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 185p.<br />

‣ _________________O óbvio e o obtuso: Ensaios críticos III. Tradução por Lea<br />

Novaes. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 284p.<br />

‣ BAKHTIN, Mikhail Mikhailovvich. Marxismo e filosofia <strong>da</strong> linguagem:<br />

Problemas fun<strong>da</strong>mentais do método sociológico <strong>na</strong> ciência <strong>da</strong> linguagem.<br />

Tradução por Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 2ª Ed. São Paulo: Hucitec,<br />

1981. p.9-38. (Publicado <strong>na</strong> Rússia em 1929, assi<strong>na</strong>do por V. N. Volochinov).<br />

‣ BAUDRILLARD, Jean. A Socie<strong>da</strong>de de Consumo. Edições 70. 2007.


‣ DEBORD, Guy. A socie<strong>da</strong>de do espetáculo. Ed. Contraponto. Publicado em<br />

1997.<br />

‣ JOJJILY, Ruth. O jor<strong>na</strong>lismo e a produção de mo<strong>da</strong>. Ed. Nova Fronteira.<br />

1991.<br />

‣ LAGE, Nilson. A reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa<br />

jor<strong>na</strong>lística. Ed. Record. 2003.<br />

‣ LAGE, Nilson. Linguagem jor<strong>na</strong>lística. 7ª ed. Editora Ática. 2003.<br />

‣ ROCHA, Maria Eduar<strong>da</strong> de Mota. Pobreza e consumo em São Miguel dos<br />

Milagres. Maceió: EDUFAL, 2002.<br />

‣ SANTAELLA, Lucia. A percepção: Uma teoria semiótica. São Paulo:<br />

Experimento, 1993.<br />

‣ SANTAELLA, Lucia, NÖTH, Winfried. Imagem: Cognição, semiótica, mídia.<br />

3ª ed. São Paulo: Ed. Iluminuras, 2001. 222p.<br />

‣ SCALZO, Marília. Jor<strong>na</strong>lismo de Revista. São Paulo. Editora Contexto. 2003.<br />

‣ SANT`ANNA, Affonso Romano. O canibalismo amoroso. 4ª Ed. Rio de<br />

Janeiro. 1993.<br />

‣ WOLF, Mauro. Teorias <strong>da</strong> comunicação. 2ª ed. São Paulo. 2005<br />

Sites:<br />

‣ Canção Nova. Capturado em 10/08/2008. Disponível em<br />

http://www.cancaonova.com/portal/ca<strong>na</strong>is/formacao/inter<strong>na</strong>s.phpid=&e=3779<br />

‣ Enciclopédia eletrônica. Capturado em 06/11/2008. Disponível em<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Editora_Globo<br />

‣ Mulher <strong>na</strong> mídia. Indexado em junho/2003. Capturado em 05/11/2008.<br />

Disponível em http://www.midiaindependente.org/media/2003/06/257347.doc<br />

‣ Mundo Educação. Capturado em 20/10/2008. Disponível em<br />

http://www.mundoeducacao.com.br/artes/significado-<strong>da</strong>s-cores.htm<br />

‣ Observatório <strong>da</strong> Imprensa. Indexado em 12/03/2003. Capturado em 10/04/2008.<br />

Disponível em<br />

http://www.observatorio<strong>da</strong>imprensa.com.br/artigos/fd120320038.htm<br />

‣ O papel <strong>da</strong> mulher <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de. Indexado em 21/03/2007. Capturado em<br />

20/10/2008. Disponível em


http://www.notapositiva.com/trab_estu<strong>da</strong>ntes/trab_estu<strong>da</strong>ntes/filosofia/filosofia_<br />

trabalhos/papelmulhersocied.htm<br />

‣ O poder <strong>da</strong> capa. Capturado em 06/11/2008. Disponível em<br />

http://www.emrevista.com/Edicoes/9/artigo7948-5.asp<br />

‣ Psicologia. Capturado em 22/05/2008. Disponível em<br />

http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_opiniao.phpcodigo=AOP0068&area<br />

=d11<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

‣ BAHIA, Juarez. Jor<strong>na</strong>l, história e técnica. Ed. Ática. 1990.<br />

‣ BARBOSA, Lívia. Socie<strong>da</strong>de de consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,<br />

2004.<br />

‣ BONI, Paulo César. O discurso fotográfico: A intencio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de<br />

comunicação no fotojor<strong>na</strong>lismo. São Paulo, 200. Tese (Doutorado em<br />

Ciências <strong>da</strong> Comunicação) – ECA – USP.<br />

‣ CURY, Augusto. A ditadura <strong>da</strong> beleza e a revolução <strong>da</strong>s mulheres. Ed.<br />

Sextante. p.208.<br />

‣ DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Tradução por<br />

Mari<strong>na</strong> Appenzeller. 6ª ed. Campi<strong>na</strong>s: Nova Fronteira, 1986.<br />

‣ FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernismo. São<br />

Paulo: Studio. Nobel, 1995.<br />

‣ STUDART, Helonei<strong>da</strong>. Mulher Objeto de Cama e Mesa. Petrópolis RJ.<br />

Editora Vozes. 1983.


ANEXO I


ANEXO II


ANEXO III


ANEXO IV


ANEXO V


ANEXO VI


ANEXO VII


ANEXO VIII


ANEXO IX<br />

Questionário aplicado <strong>na</strong>s leitoras viçosense de Marie Claire<br />

Universi<strong>da</strong>de Federal de Viçosa – Trabalho de conclusão de curso<br />

Questionário aplicado em leitoras viçosenses <strong>da</strong> revista MARIE CLAIRE<br />

1) Ren<strong>da</strong>: ( ) até 5 salários ( ) de 5 a 10 salários ( ) mais de 10 salários<br />

2) I<strong>da</strong>de: ____ 3) Bairro: ___________________________________<br />

4) O quê você mais gosta <strong>na</strong> revista<br />

_____________________________________________________________________________<br />

_____________________________________________________________________________<br />

5) Você costuma fazer os testes <strong>da</strong> revista ( ) Sim ( ) Não<br />

6) Você segue as dicas de beleza ( ) Sim ( ) Não<br />

7) Você segue as dicas de comportamento ( ) Sim ( ) Não<br />

8) Você segue as dicas de mo<strong>da</strong> <strong>da</strong> revista ( ) Sim ( ) Não<br />

9) Você segue as dietas <strong>da</strong> revista ( ) Sim ( ) Não<br />

10) O que você acha <strong>da</strong> linguagem utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> revista<br />

( ) Simples-Fácil de entender ( ) Complica<strong>da</strong> ( ) Razoável<br />

11) Você usa os brindes <strong>da</strong> revista Exemplo: cremes, edições de corte de cabelo etc.<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

12) Você gosta do visual <strong>da</strong>s mulheres/ modelos que aparecem <strong>na</strong> revista Elas se parecem com<br />

você<br />

_____________________________________________________________________________<br />

_____________________________________________________________________________<br />

_____________________________________________________________________________<br />

_____________________________________________


ANEXO X<br />

Gráfico H<br />

Dicas de Beleza<br />

36%<br />

Leitoras que seguem<br />

dicas de beleza<br />

64%<br />

Leitoras que não<br />

seguem dicas de<br />

beleza<br />

Gráfico I<br />

Dicas de Comportamento<br />

45%<br />

55%<br />

Leitoras que seguem<br />

dicas de<br />

comportamento<br />

Leitoras que não<br />

seguem dicas de<br />

comportamento<br />

Gráfico J

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