Construtivismo como método de pesquisa - Uerj
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Siqueira HCH, Erdmann AL<br />
CONSTRUTIVISMO COMO MÉTODO<br />
DE PESQUISA: POSSIBILIDADE DE<br />
GERAÇÃO DE CONHECIMENTOS<br />
Atualida<strong>de</strong>s<br />
CONSTRUCTIVISM AS A RESEARCH METHOD: A<br />
POSSIBILITY FOR THE GENERATION OF KNOWLEDGE<br />
Hedi Crecencia Heckler <strong>de</strong> Siqueira *<br />
Alacoque Lorenzini Erdmann **<br />
RESUMO: O presente artigo objetiva <strong>de</strong>screver o percurso metodológico da <strong>pesquisa</strong> qualitativa<br />
construtivista <strong>como</strong> método que possibilita a geração <strong>de</strong> conhecimentos. Apresenta o referencial teóricofilosófico<br />
<strong>de</strong>ste método emergente e respectivas etapas e fases do caminho percorrido no estudo da<br />
interconexão dos serviços no trabalho hospitalar – um novo modo <strong>de</strong> pensar e agir, realizado com a<br />
participação dos sujeitos <strong>de</strong> todos os serviços <strong>de</strong> um hospital universitário na Região Sul do Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Sul. Os resultados evi<strong>de</strong>nciaram que a construção do conhecimento se efetuou coletivamente nas<br />
relações <strong>de</strong> trocas e confrontos, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> contínua retroalimentação pela discussão<br />
dialógica alicerçada na criativida<strong>de</strong>, na intuição e no respeito da alterida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada sujeito. Esta<br />
retroalimentação representou a constante confrontação e validação, não apenas das idéias dos sujeitos<br />
e do <strong>pesquisa</strong>dor, mas também dos referenciais teóricos e da experiência vivenciada na prática buscando<br />
construir o conhecimento no coletivo.<br />
Palavras-chave: Método construtivista; <strong>pesquisa</strong>; construção <strong>de</strong> conhecimento; referencial teórico.<br />
ABSTRACT: The present article <strong>de</strong>scribes the methodological trajectory of the constructivist-qualitative<br />
research as a method that allows for the production of knowledge. It introduces the theoreticalphilosophical<br />
frameworks behind this emergent method and the respective stages and phases of the<br />
trajectory examined in the study of the interconnection of hospital services. It comes out as a new way<br />
of thinking and proceeding, accomplished through the participation of all individuals of a University<br />
Hospital in the southern area of the state of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – Brazil. The results showed that<br />
knowledge construction was a social accomplishment resulting from relations of exchange and<br />
confrontation, through continuous dialogue-based feedback groun<strong>de</strong>d on creativity, intuition, and respect<br />
for the otherness of each participant. This feedback process translated the continuous confrontation and<br />
validation not only of the subjects’ and the researcher’s i<strong>de</strong>as, but also of the theoretical frameworks<br />
and the experience obtained out of the search for the collective production of knowledge.<br />
Keywords: Constructivism; research; knowledge production; theoretical frameworks.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A abordagem construtivista <strong>como</strong> método <strong>de</strong><br />
<strong>pesquisa</strong> possibilita a geração <strong>de</strong> conhecimentos. Ao<br />
enten<strong>de</strong>r que existe uma estreita inter-relação entre<br />
todos os elementos que compõe o mundo, do qual<br />
cada pessoa participa, através <strong>de</strong> sua interação com<br />
o ambiente, na contínua construção/(re)construção<br />
do conhecimento, buscou-se um paradigma<br />
investigativo que permitisse construir estratégias para<br />
solucionar as questões apresentadas nessa interação.<br />
Esse caminho metodológico possibilita conhecer a<br />
realida<strong>de</strong>, a partir das questões problemas nela<br />
i<strong>de</strong>ntificadas, traçar estratégias resolutivas no coletivo<br />
e assim construir o conhecimento com os sujeitos<br />
participantes.<br />
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<strong>Construtivismo</strong> <strong>como</strong> método <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />
Portanto, o presente artigo objetiva <strong>de</strong>screver<br />
o percurso metodológico da <strong>pesquisa</strong> qualitativa<br />
construtivista <strong>como</strong> método que possibilita a geração<br />
<strong>de</strong> conhecimentos.<br />
Apresenta o referencial teórico-filosófico <strong>de</strong>sse<br />
método emergente e as respectivas etapas e fases do<br />
caminho percorrido em um estudo sobre a Interconexão<br />
dos serviços no trabalho hospitalar: um novo modo <strong>de</strong><br />
pensar e agir, realizado com a participação dos sujeitos<br />
<strong>de</strong> todos os serviços <strong>de</strong> um hospital universitário na<br />
Região Sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-<br />
FILOSÓFICA<br />
Nada constrói e se autoconstrói a partir <strong>de</strong><br />
nada, pois há um ponto <strong>de</strong> partida, um embasamento,<br />
e este é a or<strong>de</strong>m complexa, a realida<strong>de</strong><br />
extrasubjetiva na qual cada um se faz pessoa e<br />
organiza seu projeto <strong>de</strong> vida 1:34 .<br />
A abordagem construtivista, <strong>como</strong> método<br />
emergente <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>, consi<strong>de</strong>ra o ser humano <strong>como</strong><br />
o centro do seu percurso em direção à construção do<br />
conhecimento. Isto significa que o ser humano<br />
constrói, ao longo dos anos, o seu mundo 2 , sua<br />
história <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> maneira própria, única, baseada<br />
nas experiências pessoais, na interação com o outro,<br />
com os grupos, assim <strong>como</strong> com a organização/<br />
instituição e o ambiente. Ele traz consigo valores,<br />
sentimentos, crenças, atitu<strong>de</strong>s, comportamentos,<br />
habilida<strong>de</strong>s, competências, conhecimentos que<br />
interferem, <strong>de</strong> forma positiva e/ou negativa, na sua<br />
práxis e, conseqüentemente, na construção do saber<br />
expresso ou velado no seu ser, viver e fazer.<br />
Ao mesmo tempo em que procura construir um<br />
novo conhecimento, o ser humano busca soluções<br />
para os problemas que se apresentam, procurando<br />
satisfazer as suas necessida<strong>de</strong>s pessoais e profissionais,<br />
alcançar a sua realização pessoal e profissional, a sua<br />
felicida<strong>de</strong> 3 . É nesse ir e vir, em contínuo movimento,<br />
que o ser humano constrói, ao longo dos anos, a sua<br />
história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> maneira própria, única, baseado<br />
nas experiências pessoais, na interação com o outro e<br />
com o ambiente. Cada ser humano é único, diferente<br />
dos <strong>de</strong>mais, com capacida<strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> observar,<br />
refletir, analisar, escolher, <strong>de</strong>cidir, criar e orientar as suas<br />
próprias ações, buscando a maneira <strong>de</strong> realizá-las 4 .<br />
Essas idéias remetem ao princípio interacionista,<br />
referindo que o conhecimento não é relativo somente<br />
ao objeto e nem à razão, mas <strong>de</strong>corre da interação do<br />
sujeito e objeto, com <strong>de</strong>staque do sujeito <strong>como</strong><br />
produtor do conhecimento. Estimular o compartilhar<br />
<strong>de</strong> idéias permite a formação <strong>de</strong> um pensar e agir<br />
coletivo capaz <strong>de</strong> construir novos processos mentais 5<br />
que po<strong>de</strong>m ser acrescidos aos valores que cada um<br />
possui, ou até mesmo serem modificados. Esses valores,<br />
chamados por Senge <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los mentais 5 , são imagens,<br />
pressupostos, princípios, crenças que possuímos <strong>de</strong> nós<br />
mesmos, das pessoas, das instituições, dos serviços,<br />
grupos, socieda<strong>de</strong> e ambiente e que interferem na<br />
interpretação do que se passa à nossa volta, bem <strong>como</strong><br />
na forma <strong>como</strong> enxergamos o outro, a socieda<strong>de</strong>, enfim,<br />
da visão que temos e fizemos a respeito do que nos<br />
cerca e do próprio mundo.<br />
Nesse sentido, o ser humano é sujeito <strong>de</strong> escolha<br />
das ações a ele apresentadas e/ou emergidas durante<br />
o processo, o que lhe possibilita exercitar-se na sua<br />
autonomia moral e cognitiva. No exercício da prática,<br />
entretanto, é preciso oferecer estímulos capazes <strong>de</strong><br />
incentivar o pensamento criativo dos participantes,<br />
levando-os a <strong>de</strong>spertar as suas potencialida<strong>de</strong>s em<br />
busca da mudança que se preten<strong>de</strong> objetivamente<br />
alcançar ou que se faz necessária no ambiente em<br />
que se encontra. A interação das pessoas/do grupo,<br />
com tudo o que constrói e com tudo que faz,<br />
fundamenta-se na emoção que impulsiona e motiva<br />
o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento do pensar e agir 6 .<br />
Nesse processo <strong>de</strong> construção do conhecimento,<br />
<strong>de</strong>vem participar, <strong>de</strong> maneira cooperativa, participativa<br />
e permanente, todos os sujeitos envolvidos na situação<br />
a ser resolvida ou construída. É nesse espaço temporal<br />
que a construção do conhecimento, num relacionamento<br />
e confronto coletivo situado na realida<strong>de</strong> do<br />
contexto, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida através <strong>de</strong> um processo<br />
<strong>de</strong> contínua retroalimentação. Esta retroalimentação<br />
representa a constante confrontação, não apenas dos<br />
sujeitos e do <strong>pesquisa</strong>dor, mas também dos referenciais<br />
teóricos e da experiência na prática cotidiana.<br />
Essa construção, numa organização ou equipe<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou grupo <strong>de</strong> estudo, alicerçada na criativida<strong>de</strong><br />
e na intuição, po<strong>de</strong> levar ao processo <strong>de</strong> mudança,<br />
conduzindo a uma interconexão/integração dos<br />
diversos serviços ou integrantes da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
grupos e, assim, oportunizar, ao cliente, um cuidado<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais qualificado, enquanto o ensino fica<br />
mais enriquecido.<br />
O MÉTODO CONSTRUTIVISTA DE<br />
PESQUISA<br />
Este método parte do pressuposto <strong>de</strong> que os<br />
sujeitos da <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>vem estar baseados na <strong>de</strong>finição<br />
clara dos objetivos que se <strong>de</strong>seja alcançar e possuir a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir estratégias/soluções/atitu<strong>de</strong>s<br />
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Siqueira HCH, Erdmann AL<br />
no coletivo, porque são seres humanos capazes <strong>de</strong><br />
pensar, <strong>de</strong>cidir, escolher, agir e assumir um modo <strong>de</strong><br />
ser que leve ou proporcione um inter-relacionamento<br />
inter e intragrupos. Para tal, observam-se princípios<br />
norteadores do método <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> construtivista 7 ,<br />
<strong>de</strong>scrito a seguir.<br />
-A <strong>pesquisa</strong>, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar o<br />
entendimento da realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver-se no seu<br />
contexto natural;<br />
-O <strong>pesquisa</strong>dor <strong>de</strong>ve estar ciente que o sujeito conhece<br />
o mundo, conhece o ambiente e a ativida<strong>de</strong> que<br />
<strong>de</strong>senvolve e forma a representação do real,<br />
utilizando recursos sociais: signos, símbolos e palavras<br />
para expressar o que sente, pensa, e <strong>como</strong> age,<br />
portanto, é sujeito <strong>de</strong> escolha;<br />
-Oferecer situações problemas aos sujeitos da <strong>pesquisa</strong><br />
para conduzir a interação entre os conhecimentos<br />
que os mesmos possuem e o meio organizado, <strong>de</strong><br />
maneira a <strong>de</strong>spertar a motivação e o interesse para a<br />
busca e encontro das estratégias/soluções mais<br />
pertinentes para resolver as situações problemas;<br />
-Realizar a coleta <strong>de</strong> dados captando o significado da<br />
interação entre o <strong>pesquisa</strong>dor e os sujeitos, levando<br />
em consi<strong>de</strong>ração as idéias que emergem no contexto.<br />
Nessa interação, a metodologia construtivista acentua<br />
a abordagem indutiva, procurando compreen<strong>de</strong>r os<br />
fenômenos que se apresentam, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>dutiva. Cada idéia que emerge <strong>de</strong>ve<br />
ser exaustivamente discutida com o propósito <strong>de</strong><br />
encontrar o consenso do grupo <strong>de</strong> participantes ou,<br />
se isto não acontecer, nova questão problema <strong>de</strong>ve ser<br />
encaminhada para ser discutida e encontradas as<br />
estratégias/atitu<strong>de</strong>s mais pertinentes, no enten<strong>de</strong>r dos<br />
sujeitos, conforme o contexto em que se encontram.<br />
As realida<strong>de</strong>s múltiplas se manifestam ao longo do<br />
percurso da <strong>pesquisa</strong> e <strong>de</strong>vem ser analisadas e<br />
interpretadas na medida em que emergem no<br />
transcorrer do processo 8 ;<br />
-Utilizar a dialogicida<strong>de</strong> - Consi<strong>de</strong>rar que o diálogo<br />
representa a forma prática para conduzir o processo <strong>de</strong><br />
interação sujeito-objeto para obter a construção do<br />
conhecimento, <strong>de</strong>vendo ser acompanhado da<br />
observação, procurando interpretar o significado dos<br />
gestos, das palavras, das expressões faciais e <strong>de</strong>mais<br />
<strong>de</strong>monstrações que se evi<strong>de</strong>nciem no <strong>de</strong>correr da<br />
discussão. É importante que o investigador conduza o<br />
diálogo <strong>de</strong> tal maneira que leve os sujeitos a respon<strong>de</strong>rem<br />
a questões cada vez mais complexas <strong>de</strong>ntro do assunto<br />
que está sendo enfocado, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir<br />
o conhecimento com liberda<strong>de</strong>, tolerância, autonomia,<br />
respeito, cooperação e reciprocida<strong>de</strong>, aproximando-se<br />
dos propósitos da <strong>pesquisa</strong>.<br />
A abordagem construtivista favorece a<br />
humanização do processo <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>, porque os<br />
<strong>pesquisa</strong>dores são seres humanos que estudam<br />
problemas humanos <strong>de</strong> maneira humana 7-9 . Ao<br />
respeitar as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um e na medida<br />
em que se procura <strong>de</strong>senvolver as suas<br />
potencialida<strong>de</strong>s e satisfazer as suas necessida<strong>de</strong>s,<br />
permitindo a participação e a cooperação, através<br />
<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s dialógicas reflexivas, o ser humano é<br />
capaz <strong>de</strong> produzir conhecimento, <strong>de</strong> forma crítica,<br />
no coletivo 3,8 .<br />
Assim, todas as pessoas que <strong>de</strong>la participam são<br />
sujeitos, construtores do conhecimento, capazes <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificar problemas, analisá-los, <strong>de</strong>cidir pelos<br />
prioritários e, finalmente, propor ações eficazes 10 ,<br />
compartilhando o significado e o conhecimento do<br />
seu próprio interior, ou seja, do seu processo mental,<br />
contextualizando-o com o da realida<strong>de</strong> e,<br />
finalmente, intervindo nos problemas que são<br />
i<strong>de</strong>ntificados. Nessas intervenções, a negociação é a<br />
forma mais indicada para se chegar ao consenso e<br />
alcançar, mais facilmente, o sucesso nas <strong>de</strong>cisões que<br />
são tomadas em conjunto. Na falta do consenso, a<br />
<strong>de</strong>cisão apontará para novas questões problemas que<br />
<strong>de</strong>vem seguir a trajetória anteriormente abordada.<br />
As estratégias/atitu<strong>de</strong>s dialógicas reflexivas levam<br />
ao exercício da consciência crítica, à i<strong>de</strong>ntificação<br />
das possibilida<strong>de</strong>s/oportunida<strong>de</strong>s e às barreiras/dificulda<strong>de</strong>s,<br />
analisando cada situação, verificando as alternativas<br />
possíveis e a escolha, através da negociação,<br />
da alternativa consi<strong>de</strong>rada a mais eficaz para<br />
aquela situação; propor as ações mais coerentes, compartilhando<br />
o significado e o conhecimento<br />
próprio e o da realida<strong>de</strong>.<br />
Essa é uma forma que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />
a<strong>de</strong>quada para construir o conhecimento/saber<br />
porque, enquanto se respeita à individualida<strong>de</strong> e o<br />
potencial <strong>de</strong> cada um dos participantes, permite-se<br />
a sua inferência, a justificativa, a mudança das análises<br />
e interpretações <strong>de</strong> forma contínua, validada ou não<br />
pelo grupo. Enquanto o grupo analisa os possíveis<br />
resultados obtidos e os relaciona com as<br />
correspon<strong>de</strong>ntes situações que se situam na realida<strong>de</strong>,<br />
processa-se, <strong>de</strong> maneira dinâmica e contínua, a autoorganização<br />
(autopoiese) daquele serviço ou<br />
instituição ou do grupo 10 .<br />
Ao mesmo tempo, todo esse processo dinâmico<br />
po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar reflexos <strong>de</strong> crescimento, mudanças <strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong>s, crenças, valores e sentimentos individuais.<br />
Portanto, o diálogo reflexivo entre os trabalhadores<br />
dos diversos serviços da Instituição po<strong>de</strong> ser capaz<br />
<strong>de</strong> modificar o pensar e o agir dos seus trabalhadores<br />
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<strong>Construtivismo</strong> <strong>como</strong> método <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />
e, assim, promover uma auto-organização mais positiva<br />
dos serviços, do grupo, pois o processo autoorganizador<br />
se mantém ativo numa instituição que<br />
busca construir o conhecimento dinamicamente.<br />
-Seleção proposital dos participantes com o intuito <strong>de</strong><br />
incluir o máximo <strong>de</strong> variação para conseguir retratar<br />
o contexto na maior realida<strong>de</strong> possível.<br />
APLICAÇÃO DA ABORDGEM<br />
QUALITATIVA CONSTRUTIVISTA<br />
A caminhada investigativa, utilizada neste<br />
processo <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> construtivista, ocorreu em um<br />
hospital universitário na Região Sul do Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Sul e constituiu-se <strong>de</strong> três fases, conforme mostra<br />
a Figura1.<br />
Conhecendo a Realida<strong>de</strong><br />
Esta etapa foi sistematizada em diversas fases <strong>de</strong><br />
atuação, cujos resultados se constituíram em subsídios<br />
para a fundamentação e uma maior compreensão das<br />
etapas subseqüentes.<br />
-Definições iniciais: Para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da<br />
<strong>pesquisa</strong>, foi tomada a <strong>de</strong>cisão a respeito <strong>de</strong> quem,<br />
com quem e o que apren<strong>de</strong>r para <strong>de</strong>scobrir o melhor<br />
caminho a ser seguido ao longo <strong>de</strong> toda a caminhada<br />
metodológica.<br />
-Estudo documental: Para conhecer a Instituição, fezse<br />
um estudo do seu Regimento, <strong>de</strong>stacando os<br />
princípios filosóficos, valores, missão, estrutura<br />
organizacional, posições e cargos políticos <strong>de</strong> pessoal,<br />
comissões e assessoria técnica, os serviços que oferece.<br />
-Levantamento <strong>de</strong> opinião. Construíram-se cinco<br />
guias norteadores para enquete que tiveram por<br />
propósito levantar a opinião <strong>de</strong> cinco grupos <strong>de</strong><br />
sujeitos: os diretores da Instituição, as enfermeiras,<br />
os <strong>de</strong>mais clientes internos (servidores: equipe<br />
multiprofissional, técnicos-administrativos, os<br />
clientes externos ou usuários) dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
da Instituição e os membros integrantes do Conselho<br />
Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Nesse diagnóstico, os grupos questionados<br />
expressaram a verda<strong>de</strong>, sob o ângulo <strong>de</strong> sua<br />
percepção, <strong>de</strong>monstrando que a totalida<strong>de</strong> da<br />
realida<strong>de</strong> é um vasto campo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s em que<br />
tanto po<strong>de</strong> ser o que um ou outro grupo apresentou,<br />
<strong>como</strong>, também, o que um terceiro ou quarto mostra<br />
<strong>como</strong> sendo a sua verda<strong>de</strong>. Uma <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong> opinião<br />
representa uma realida<strong>de</strong> possível que diferentes<br />
grupos têm a respeito do assunto naquele momento,<br />
apresentando realida<strong>de</strong>s superpostas e que po<strong>de</strong>m ter<br />
influência na realida<strong>de</strong>, e até po<strong>de</strong>m ser<br />
contraditórias 11 . Esses aspectos <strong>de</strong> pluralida<strong>de</strong> servem<br />
para enriquecer as discussões reflexivas a serem<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas na segunda fase da <strong>pesquisa</strong> para,<br />
Fonte: Siqueira, Portela e Arejano 8:128<br />
FIGURA 1: Etapas e fases da caminhada investigativa construtivista.<br />
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Siqueira HCH, Erdmann AL<br />
assim, encontrar as melhores estratégias capazes <strong>de</strong><br />
conduzir os diferentes grupos para a interconexão<br />
dos serviços da Instituição. Tanto os funcionários<br />
<strong>como</strong> os enfermeiros e a própria direção apontaram,<br />
durante esta etapa, a comunicação/diálogo/discussão/<br />
integração <strong>como</strong> um caminho a ser percorrido na<br />
Instituição, apresentando o mesmo ponto <strong>de</strong> vista.<br />
A análise dos dados da primeira etapa conduziu,<br />
inicialmente, o processo e se constituiu em subsídios<br />
para as discussões/oficinas com os grupos para o<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> estratégias/atitu<strong>de</strong>s dialógicas<br />
reflexivas. A dinâmica <strong>de</strong>sse processo não po<strong>de</strong> ser<br />
assumida apenas por uma parte dos participantes, mas<br />
<strong>de</strong>ve processar-se através <strong>de</strong> todos e com todos numa<br />
visão em que o todo é mais e diferente da soma das<br />
partes.<br />
Construindo o Conhecimento no Coletivo<br />
Esta segunda etapa contempla a fase <strong>de</strong> entrada<br />
em campo propriamente dita e a formação dos grupos<br />
<strong>de</strong> participantes da <strong>pesquisa</strong>. A partir do conhecimento<br />
da realida<strong>de</strong>, foi oferecida aos sujeitos da <strong>pesquisa</strong> a<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressarem, através <strong>de</strong> encontros/<br />
oficinas coletivas, suas experiências vividas e suas<br />
percepções a respeito da problemática que envolve as<br />
suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas. Essa forma <strong>de</strong> agir, além <strong>de</strong><br />
representar um estímulo, significa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sua participação e cooperação na construção e<br />
(re)construção da sua história, permitindo a sua<br />
atuação, <strong>de</strong> forma ativa, na construção e (re)construção<br />
do conhecimento/do saber.<br />
Seguindo o método construtivista <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>,<br />
os encontros/oficinas foram realizados apresentando<br />
situações problemas com o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />
estratégias/atitu<strong>de</strong>s dialógicas reflexivas, para<br />
encontrar as melhores alternativas para o<br />
encaminhamento das questões. Assim, com intenção<br />
<strong>de</strong> favorecer a discussão, a participação, a cooperação,<br />
oportunizando, a cada um, dialogar e discutir<br />
suas idéias, foi discutida com os sujeitos a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> formar pequenos grupos. As manifestações foram<br />
registradas em cada pequeno grupo e, posteriormente,<br />
estas idéias, sugestões e encaminhamentos foram<br />
novamente discutidas, negociadas e validadas no<br />
grupo maior.<br />
Enquanto os sujeitos dos pequenos grupos<br />
socializavam as suas idéias ao gran<strong>de</strong> grupo, o<br />
<strong>pesquisa</strong>dor observou atentamente a discussão,<br />
procurando sua apreensão e realizando, inicialmente,<br />
a interpretação do que estava sendo discutido e, no<br />
final <strong>de</strong> cada encontro/oficina, validando a sua<br />
compreensão com o gran<strong>de</strong> grupo a respeito do<br />
conteúdo das discussões. Essas reflexões conduziram<br />
a dois caminhos distintos: ao fechamento da discussão,<br />
diante da validação, por parte dos sujeitos da <strong>pesquisa</strong>,<br />
da interpretação do <strong>pesquisa</strong>dor iniciando-se, então,<br />
novas situações problema, trazidas pelo <strong>pesquisa</strong>dor<br />
<strong>como</strong> elementos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores capazes <strong>de</strong><br />
prosseguir na construção do novo conhecimento com<br />
base no diagnóstico da realida<strong>de</strong>; ao <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong><br />
novas situações problema nos momentos do fechamento,<br />
<strong>como</strong> aconteceu na maioria das vezes, recebendo a<br />
atenção não apenas do grupo <strong>de</strong> sujeitos <strong>como</strong> também<br />
do <strong>pesquisa</strong>dor, cabendo a esses <strong>de</strong>sdobramentos todo<br />
o tratamento anteriormente <strong>de</strong>scrito.<br />
As anotações dos conteúdos das discussões dos<br />
encontros/oficinas foram feitas com o auxílio <strong>de</strong><br />
participantes nos pequenos grupos constituídos,<br />
acrescidas <strong>de</strong> gravações em fita K7. Além disso, cada<br />
grupo elaborava um relatório relativo à discussão<br />
tanto no pequeno grupo <strong>como</strong> na negociação no<br />
grupo maior. Após cada encontro/oficina, as fitas<br />
foram transcritas na íntegra e, posteriormente, foi<br />
feita a revisão <strong>de</strong> conteúdos e a preparação dos<br />
próximos encontros baseados nas situações emergidas.<br />
A validação ocorreu <strong>de</strong> forma constante, tanto<br />
durante a discussão da problemática e das questões<br />
emergidas, <strong>como</strong> também na aprovação dos relatórios<br />
dos pequenos e gran<strong>de</strong>s grupos constituídos. Apesar<br />
da continuida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> construção e da<br />
<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> relações, este aspecto<br />
foi contemplado, nesta fase, após cada um dos<br />
encontros. Esses relatórios foram elaborados, a partir<br />
das situações problemas discutidas com o grupo, sendo,<br />
portanto, os dados empíricos constituídos pelos<br />
conteúdos das discussões sobre os quais realizou-se<br />
as reflexões à luz do referencial, das experiências<br />
vividas, proce<strong>de</strong>ndo, a seguir, à interpretação das<br />
idéias <strong>de</strong> maior relevância. A partir dos resultados<br />
das reflexões e interpretações, foi elaborado o relatório<br />
preliminar, o qual foi entregue aos participantes da<br />
construção do trabalho para discussão, validação,<br />
retroalimentação e, se necessário, sua reconstrução.<br />
Esses relatórios validados pelo grupo constituíram<br />
dados empíricos da <strong>pesquisa</strong>.<br />
A verificação dos resultados obtidos foi uma<br />
constante, num ir e vir buscando o consenso através<br />
da negociação durante os encontros/oficinas e a<br />
validação dos dados pelos integrantes da <strong>pesquisa</strong>.<br />
Envolveu as diversas fases e etapas do processo <strong>de</strong><br />
construção do conhecimento, oportunizando<br />
continuamente a retroalimentação que não se<br />
constituiu em etapas separadas, mas sim ao longo <strong>de</strong><br />
todo processo, durante os encontros/oficinas,<br />
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<strong>Construtivismo</strong> <strong>como</strong> método <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />
utilizando o diálogo, a negociação e a validação <strong>de</strong>spertados/provocados<br />
por situações problemas. As<br />
idéias emergentes do grupo, após a discussão, bem<br />
<strong>como</strong> a negociação no coletivo, apontando as<br />
estratégias/atitu<strong>de</strong>s dialógicas reflexivas e indicando<br />
as melhores soluções serviram <strong>como</strong> retroalimentação<br />
para os encontros/oficinas subseqüentes.<br />
Buscando Compreen<strong>de</strong>r as Vibrações<br />
Ondulatórias<br />
Esta etapa compreen<strong>de</strong> a análise e a interpretação<br />
dos dados. Os atores <strong>de</strong>ste cenário institucional,<br />
sujeitos constituintes <strong>de</strong>ste processo, indicaram os<br />
caminhos para a construção e implementação <strong>de</strong><br />
estratégias/atitu<strong>de</strong>s dialógicas reflexivas para o<br />
alcance da proposição <strong>de</strong>sta <strong>pesquisa</strong>.<br />
Nesse particular, apóia-se em Follett 12 ao<br />
consi<strong>de</strong>rar que o grupo, ao discutir as questões<br />
conflituosas, ainda que divergentes quanto à forma<br />
<strong>de</strong> analisá-las, encontra possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> levar a<br />
Instituição a um todo integrado, pois, surgindo várias<br />
idéias ou formas, tais diferenças po<strong>de</strong>m ser<br />
harmonizadas através da interpretação, encontrando,<br />
assim, provavelmente uma solução integrativa.<br />
O trabalho dos participantes mostrou que as<br />
inter-relações que se iniciaram significaram uma<br />
mudança não apenas na maneira <strong>de</strong> pensar e agir,<br />
mas incluíram valores, sentimentos, aspirações e,<br />
especialmente, expectativas manifestadas através das<br />
idéias, das pon<strong>de</strong>rações, das negociações, das atitu<strong>de</strong>s<br />
e dos comportamentos. Uma vez que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cada participante foi respeitada, notou-se que o<br />
po<strong>de</strong>r hierárquico, aos poucos, foi sendo substituído<br />
no grupo por uma forma <strong>de</strong> influência mútua,<br />
evi<strong>de</strong>nciando-se que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar/<br />
<strong>pesquisa</strong>r <strong>de</strong>sta forma po<strong>de</strong> ser estendida a outras<br />
situações porque o resultado em todos os sentidos foi<br />
positivo.<br />
O emergir <strong>de</strong>ssa nova maneira <strong>de</strong> pensar e agir<br />
revelou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma nova estrutura, uma<br />
nova or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pelos movimentos <strong>de</strong> ir e<br />
vir manifestados nos integrantes do grupo,<br />
conduzindo à auto-organização que, em sistema <strong>de</strong><br />
cuidados <strong>de</strong> enfermagem, foram enfatizados <strong>como</strong>:<br />
A auto-organização se apresenta <strong>como</strong> resultante<br />
da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer face às perturbações<br />
aleatórias do ambiente, por <strong>de</strong>sorganizações<br />
seguidas <strong>de</strong> reorganizações internas, absorvendo,<br />
tolerando, integrando o erro e/ou ruído causadores<br />
das perturbações. O processo auto-organizador<br />
po<strong>de</strong> criar o radicalmente novo, ampliando a<br />
capacida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> interagir com os eventos<br />
aleatórios que o perturbam, assimilando-os e<br />
modificando a sua estrutura. Assim, ambigüida<strong>de</strong><br />
e paradoxo marcam a relação entre or<strong>de</strong>m e<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m 13:27 .<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Ao utilizar a abordagem construtivista <strong>como</strong><br />
método <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> que possibilita a geração <strong>de</strong><br />
conhecimentos, acredita-se na potencialida<strong>de</strong> do ser<br />
humano, atribuindo-lhe a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise das<br />
situações do cotidiano e a escolha das melhores<br />
alternativas para direcionar soluções que representam<br />
o maior grau <strong>de</strong> resolutivida<strong>de</strong> para a problemática<br />
focalizada.<br />
Assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que este método <strong>de</strong><br />
<strong>pesquisa</strong> apresenta-se <strong>como</strong> um processo dinâmico<br />
<strong>de</strong> aprendizagem, utiliza <strong>como</strong> instrumento a<br />
discussão, a reflexão dialógica, é capaz <strong>de</strong> modificar<br />
o mo<strong>de</strong>lo mental dos sujeitos e construir novos modos<br />
<strong>de</strong> pensar e agir. É um processo construído com um<br />
esforço criativo que po<strong>de</strong> fortalecer o relacionamento<br />
inter e intragrupo e impulsionar a remo<strong>de</strong>lação da<br />
estrutura institucional.<br />
REFERÊNCIAS<br />
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3. Siqueira HCH. As interconexões dos serviços no<br />
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[tese <strong>de</strong> Doutorado]. Florianópolis (SC): Universida<strong>de</strong><br />
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educativo, através do exercício da reflexão crítica sobre<br />
a prática assistencial integrativa com um grupo <strong>de</strong><br />
enfermeiros <strong>de</strong> um hospital universitário [dissertação<br />
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13. Erdmann AL. Sistema <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> enfermagem.<br />
Pelotas (RS): Universitária/UFPEL;1996.<br />
CONSTRUCTIVISMO COMO MÉTODO DE INVESTIGACIÓN: POSIBILIDAD DE GENERAR CONOCIMIENTOS<br />
RESUMEN: El presente artículo tiene <strong>como</strong> objetivo <strong>de</strong>scribir la carrera metodológica <strong>de</strong> la<br />
investigación cualitativa constructivista <strong>como</strong> método que posibilita la generación <strong>de</strong> conocimientos.<br />
Presenta lo referencial teórico-filosófico <strong>de</strong> este método emergente y respectivas etapas y fases <strong>de</strong>l<br />
camino recorrido en el estudio <strong>de</strong> la interconección <strong>de</strong> los servicios en el trabajo hospitalario - un<br />
nuevo modo <strong>de</strong> pensar y actuar, realizado con la participación <strong>de</strong> los sujetos <strong>de</strong> todos los servicios <strong>de</strong><br />
un hospital universitario en la Región Sur <strong>de</strong>l Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – Brasil. Los resultados evi<strong>de</strong>nciaron<br />
que la construcción <strong>de</strong>l conocimiento se efectuó colectivamente en las relaciones <strong>de</strong> cambios y<br />
confrontaciones, a través <strong>de</strong> un proceso <strong>de</strong> continua retroalimentación por la discusión dialógica basada<br />
en la creatividad, en la intuición y en el respeto <strong>de</strong> la alteridad <strong>de</strong> cada sujeto. Esta retroalimentación<br />
representó la constante confrontación y validación, no apenas <strong>de</strong> las i<strong>de</strong>as <strong>de</strong> los sujetos y <strong>de</strong>l investigador,<br />
sino también <strong>de</strong> las referencias teóricas y <strong>de</strong> la experiencia vivenciada en la práctica buscando construir<br />
el conocimiento en lo colectivo.<br />
Palabras Clave: Método constructivista; investigación; construcción <strong>de</strong> conocimiento; referencial teórico.<br />
Recebido em: 04.10.2006<br />
Aprovado em: 29.05.2007<br />
Notas<br />
*<br />
Doutora em Enfermagem pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Professora do Curso <strong>de</strong> Mestrado <strong>de</strong> Enfermagem da Fundação Universida<strong>de</strong><br />
do Rio Gran<strong>de</strong>/RS; Lí<strong>de</strong>r do núcleo <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas em Gerenciamento <strong>de</strong> Serviços e Ações <strong>de</strong> Enfermagem/Saú<strong>de</strong> (GESAES) E-mail:<br />
hedihs@terra.com.br<br />
**<br />
Doutora em Enfermagem – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Professora Titular do Departamento <strong>de</strong> Enfermagem da UFSC – Orientadora.<br />
Pesquisadora do CNPq. E-mail: alacoque@newsite.com.br<br />
***<br />
Artigo originado da Tese <strong>de</strong> Doutorado <strong>de</strong>fendida na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina - UFSC intitulada: As interconexões dos serviços<br />
no trabalho hospitalar – um novo modo <strong>de</strong> pensar e agir - <strong>de</strong> Hedi C. Heckler <strong>de</strong> Siqueira e orientada por Alacoque Lorenzini Erdmann.<br />
R Enferm UERJ 2007 abr/jun; 15(2):291-7. • p.297