Edição 42 - Instituto de Engenharia

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Artigo Especial Representatividade Entidade é essência, individualidade, ente, ser, grupo que administra as atividades de uma classe: associação, sociedade, instituição, instituto, conselho, federação, confederação, universidade, sindicato, cooperativa, igreja, clube, agremiação. Classe é categoria, ordem, plana, hierarquia, qualidade, finesse; categoria de cidadãos baseado em distinções de ordem social ou jurídica. As Entidades de Classe cultivam, por princípio, o altruísmo e entre seus objetivos destacam os interesses da Comunidade e questões profissionais e mesmo pessoais de seus membros. Os engenheiros têm a nível federal o CONFEA, a FEBRAE e no Estado de São Paulo a FAEASP, o CREA, o Instituto de Engenharia, o SEESP – Sindicato dos Engenheiros e mais de uma centena de Associações vinculadas à especialidade, grandes empresas, municípios e às respectivas escolas. A ordem de grandeza de alguns números: há no Estado de São Paulo 300 mil engenheiros, o Instituto conta com 3 mil mil sócios, o SEESP tem 25 mil efetivos, os Politécnicos são 25 mil, dos quais 1.500 participam da correspondente Associação, a Associação dos Engenheiros Politécnicos. Essa frustrante participação demonstra indiferença à união, sugere, dentre suas causas, o relacionamento Universidade- Diplomados: 1 - O brasileiro, talvez pela herança genética, religiosa e colonialista se caracteriza pelo individualismo, imediatismo, materialismo, não acalenta o espírito associativo, antes fomenta uma “cultura anti-social, antiprofi ssional, antiproducente”, que explica a insignifi cante porcentagem de membros dessas particulares entidades. 2 - Embora bilateral, esse ângulo da sociabilidade deve ser estimulado pela Universidade (núcleo de conhecimento, cultura, participação social e desenvolvimento integral), por uma questão de natural hierarquia e o universitário sensibilizado, doutrinado para o benefício dessa entrosagem ao ensino, à sociedade, ao desenvolvimento e a si próprio. O nível de sociabilidade flui do conceito de comunicação reinante nas Universidades: a - Interna: entre Faculdades e nelas entre diretoria, corpo docente, corpo discente e funcionários; b- Externa: entre Universidades e cada Faculdade com as congêneres, os centros de pesquisa, seus diplomados, entidades de classe, a sociedade, o mercado e o ambiente científicotecnológico-técnico do Exterior. 3 - As Universidades públicas carecem de recursos de toda ordem. 4 - As Escolas têm a oferecer educação continuada, pós-graduação, palestras, seminários, congressos, biblioteca, site, intercâmbio. 5 - Os formados e empresas têm, à disposição das Escolas, idéias, experiência e apoio financeiro a Programas de Bolsas, de Pesquisas e para adequar a infra-estrutura acadêmica básica ao Ensino e aos trabalhos correlatos. 6 - Apenas para ilustrar, as Universidades estadunidenses, canadenses e européias mantêm próximo e permanente contacto com seus diplomados; elas os valorizam e são importantes para eles, possibilitando o usufruto recíproco desse vínculo. As Associações de ex-alunos integram as Escolas, e, a participação deles nessas entidades é bastante expressiva. A aristocrática e internacionalmente conceituada Harvard University - Cambridge, Massachusetts, USA - estabelecida em 1.636, entre as Faculdades tradicionais, mantinha a Engenharia meio secundária (Division of Engineering and Applied Sciences, oriunda da Lawrence Scientific School criada em 1.847 e incorporada a Harvard em 1906). Em 2007 a promoveu a Faculdade, Harvard School of Engineering and Applied Sciences. A Direção da nova Escola, ofi cializada em 20 de setembro, distribuiu aos amigos e diplomados o documento Engineering a Renaissance – Enhancing Education, Advancing Research, Bettering Society - onde explicita a visão, organização, proposta de trabalho e enfatiza o alcance e ecletismo da Engenharia, sua proximidade à biologia e à química, sua potência no desenvolvimento de tecnologias e técnicas, na realização de estudos, pesquisas (básica e orientada), projetos e seu indeclinável compromisso com a Sociedade e o Ambiente. A filosofia de Harvard reside na harmonia e integração das faculdades, disciplinas, professores, alunos e funcionários; tem 10 principais unidades acadêmicas, 11 faculdades e mais 09 no exterior. No ano letivo 2006/07 abrigava 6.715 alunos na graduação, 12.424 em pós e especialização, 975 em atualização, totalizando 20.042 estudantes (72 freqüentam dois cursos). Seus ex-alunos vivos somam aproximadamente 270 mil e por ela passaram 43 laureados com o Prêmio Nobel. A receita do ano fiscal 2006 somou US$ 3 bilhões equilibrando a despesa; a rubrica “endowments”, no ano fiscal de 2007, acumulava US$ 34,9 bilhões. Tratase de ativo financeiro diferido, oriundo de compromisso legal de doação, em vida e/ ou após a morte. Estatísticas indicam a ordem de grandeza anual dessa receita. As cifras do “endowments” destacam a Universidade no concerto do ensino superior nos EUA: item ponderável na classificação qualitativa, aval para os empréstimos destinados a alterações imobiliárias, ajudam a bem remunerar professores e pesquisadores, receber estrangeiros, manter adequadas instalações e os programas de apoio a alunos. Mr. Venkatesh Narayanamurti, Reitor da recém estabelecida Faculdade de Engenharia, nos remeteu em novembro pp. quatro exemplares do citado documento, que entregamos ao Instituto de Engenharia, Sindicato dos Engenheiros e à Escola Politécnica. A sociabilidade, recurso mental que predispõe as pessoas à harmonia do convívio, tem raízes na família e se estende, com o tempo, a outros ambientes: vizinhança, escolas, esporte e lazer, trabalho, ofício. Os antecedentes e a situação econômica caracterizam o nível desses ambientes e conseqüentemente balizam o comportamento. De maneira efetiva o exercício da profi ssão passa ser o centro das ações e reforça a compreensão da lei, da responsabilidade, deveres, direitos, autorespeito, respeito a todos a tudo, interesses trabalhistas e pessoais, e, do porquê da socialidade. Em se tratando de profissionais liberais, a Universidade, a par da formação, busca sedimentar nos alunos o alcance da solidariedade e da integrada Associação de diplomados, com os quais mantém próximo e permanente contacto. Entre nós entretanto, a Universidade não orienta o aluno para o social, não oficializa a Associação de Diplomados, aliás o relacionamento com eles se caracteriza pela ausência. Ela os ignora, nada lhes oferece nada lhes pede, por isso o vínculo, apenas emocional, se esvai com o tempo e está a exigir um sério trabalho de conscientização, a começar pela Escola, para ser profissionalmente estabelecido e elevar, a níveis efetivos, uma permanente participação dos diplomados em suas várias Entidades de Classe. IE Eng. Benedicto A. dos Santos Silva 14 Instituto de Engenharia abril 2008 nº 42 Especial.indd 14 4/4/2008 13:23:39
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