21.01.2015 Views

Um olhar sobre o papel da L1 no processo de aquisição ... - Eutomia

Um olhar sobre o papel da L1 no processo de aquisição ... - Eutomia

Um olhar sobre o papel da L1 no processo de aquisição ... - Eutomia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Um</strong> <strong>olhar</strong> <strong>sobre</strong> o <strong>papel</strong> <strong>da</strong> <strong>L1</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> aquisição do português escrito como L2<br />

necessário. De fato, esse <strong>processo</strong> se repete em vários momentos <strong>no</strong> texto.<br />

Po<strong>de</strong>mos confirmar isso, com o registro do plural em “os mais”, na décima<br />

segun<strong>da</strong> linha, enquanto que, na palavra “velho”, a qual dá continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a essa<br />

escrita, não apresenta flexão <strong>de</strong> número. Observamos ain<strong>da</strong>, na décima <strong>no</strong>na<br />

linha, a não marcação do plural <strong>no</strong> termo “<strong>no</strong>me”, enquanto as palavras “nas<br />

meninas”, escritas na seqüência, apresentam o plural marcado. Ressaltamos que<br />

essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> flexão não quebra a seqüência lógica do texto, apenas<br />

retrata um <strong>processo</strong> comum <strong>de</strong> aquisição <strong>da</strong> escrita bilíngüe.<br />

12. rro<strong>da</strong>em e canta os mais<br />

13. velho e <strong>de</strong> pois vai dois<br />

14. índios para o mata e<br />

15. ai ele vem para come <strong>de</strong> pois<br />

18. agora vai sidomata para<br />

19. colocaem <strong>no</strong>me nas meninas<br />

Outros casos <strong>de</strong> pluralização surgem <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do texto, refletindo a<br />

inquietação <strong>da</strong> criança, <strong>no</strong> intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a estrutura <strong>da</strong> L2.<br />

Percebemos esse fato, na décima quinta linha, na qual o sujeito e o verbo “ele<br />

vem” aparecem registrados <strong>no</strong> singular, havendo concordância <strong>de</strong> número<br />

entre os elementos. Entretanto, essa escrita dá continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à palavra “índios”,<br />

marca<strong>da</strong> <strong>no</strong> plural, na linha anterior. Apesar disso, não atribuem nenhum<br />

transtor<strong>no</strong> e muito me<strong>no</strong>s quebra <strong>de</strong> sentido à narrativa.<br />

Observamos, também, o verbo “vai”, na décima oitava linha, escrito <strong>no</strong><br />

singular, concor<strong>da</strong>ndo em número com os termos que o ro<strong>de</strong>iam, apesar <strong>de</strong> se<br />

referir à palavra “índios” que está implícita, <strong>no</strong> plural. Notamos ain<strong>da</strong> o<br />

numeral “dois”, redigido na décima terceira linha, o qual dá a idéia <strong>de</strong> plural,<br />

concor<strong>da</strong>ndo com a palavra “índios”, que surge em segui<strong>da</strong>. A marcação <strong>de</strong><br />

número, nesses casos, está <strong>de</strong> acordo com a convenção do português,<br />

<strong>de</strong>monstrando que a criança está refletindo <strong>sobre</strong> o funcionamento <strong>da</strong> língua.<br />

Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sses traços, concluímos que a escrita <strong>da</strong> criança<br />

<strong>de</strong>monstra marcas visíveis <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> <strong>L1</strong>, na construção <strong>da</strong> L2,<br />

evi<strong>de</strong>nciando a dialogia entre essas línguas, focalizando a língua Xerente como<br />

o elo facilitador, que direciona os caminhos que <strong>no</strong>rtearão a compreensão <strong>de</strong>ssa<br />

<strong>no</strong>va estrutura e, conseqüentemente, <strong>da</strong> sua escrita.<br />

Sendo assim, percebemos que os <strong>da</strong>dos na produção escrita são<br />

potencialmente reveladores e <strong>de</strong>monstram o trabalho com a escrita <strong>da</strong> criança<br />

<strong>no</strong> percurso natural <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> L2, evi<strong>de</strong>nciando como é relevante o<br />

<strong>papel</strong> <strong>da</strong> <strong>L1</strong> nesse momento. Portanto, to<strong>da</strong> essa escrita manifesta o<br />

conhecimento lingüístico que a criança possui <strong>da</strong> <strong>L1</strong>, que está refletido na<br />

construção <strong>da</strong> L2, através <strong>da</strong> relação <strong>da</strong>s duas línguas, na tentativa <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

melhor a <strong>no</strong>va estrutura com a qual ela está interagindo.<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s palavras: É interessante ressaltar que apesar <strong>da</strong> nãobiunivoci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s palavras entre o português (SVO) e o Xerente<br />

Revista <strong>Eutomia</strong> A<strong>no</strong> II – Nº 01 (603-623) 620

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!