trabalho em condições análogas à de escravo ... - Fabsoft - Cesupa
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278<br />
“A OIT divulgou recent<strong>em</strong>ente um relatório exaustivo sobre o t<strong>em</strong>a do<br />
<strong>trabalho</strong> forçado no mundo. Exist<strong>em</strong> 12 milhões <strong>de</strong> pessoas sujeitas ao<br />
<strong>trabalho</strong> forçado ou obrigatório, cerca <strong>de</strong> 9,5 na Ásia, 1,3 na América<br />
Latina, 600 mil <strong>em</strong> África, 260 mil no Médio Oriente, 360 mil <strong>em</strong> países<br />
industrializados e 210 mil <strong>em</strong> economias <strong>em</strong> transição. Des<strong>de</strong> 2001 que<br />
a OIT t<strong>em</strong> <strong>em</strong> curso o Programa Especial <strong>de</strong> Ação para Combater o<br />
Trabalho Forçado (SAP-FL), que v<strong>em</strong> lançando uma nova luz sobre as<br />
tendências mais recentes incluindo as formas <strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />
forçado nos países industrializados”. 11<br />
Nos dias <strong>de</strong> hoje, tanto faz se a pessoa é negra, amarela ou branca. Os<br />
<strong>escravo</strong>s são miseráveis, s<strong>em</strong> distinção <strong>de</strong> cor ou credo, sendo mantida a ord<strong>em</strong><br />
por meio <strong>de</strong> ameaças, terror psicológico, coerção física, punições e assassinatos.<br />
Não há mais a figura do <strong>escravo</strong> negro, mas sim a figura do cidadão livre que é<br />
tolhido <strong>de</strong> seus direitos <strong>em</strong> uma manifestação claramente <strong>de</strong>lituosa e contrária <strong>à</strong><br />
legislação vigente tão penosamente construída. Na crescente e injusta<br />
disparida<strong>de</strong> entre as classes sociais, chegando o Brasil a alcançar um dos<br />
maiores níveis <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> renda mundial, o pobre se torna cada vez<br />
mais pobre, vendo-se obrigado a se submeter <strong>à</strong> exploração laboral por um prato<br />
<strong>de</strong> comida.<br />
No Brasil, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras e as <strong>condições</strong> geo-climáticas,<br />
favorec<strong>em</strong> a produção <strong>de</strong> mercadorias <strong>de</strong> exportação <strong>em</strong> larga escala, cuja<br />
lucrativida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>preendimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente da sua realização <strong>em</strong><br />
caráter permanente, pois sua interrupção aumentaria os custos ou inviabilizaria a<br />
produção. Dessa forma, o assalariamento da mão <strong>de</strong> obra numerosa reduziria os<br />
lucros e, consequent<strong>em</strong>ente, o enriquecimento dos gran<strong>de</strong>s latifundiários. O<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nessas regiões é predatório, visando <strong>à</strong> maximização<br />
do custo-benefício através do não cumprimento das legislações trabalhista e<br />
ambiental. 12<br />
11<br />
“De 1995 até 2003, 10.726 pessoas foram libertadas <strong>em</strong> ações dos<br />
grupos móveis <strong>de</strong> fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. No<br />
total, foram 1.011 proprieda<strong>de</strong>s fiscalizadas <strong>em</strong> 243 operações. As<br />
ações fiscais d<strong>em</strong>onstram que qu<strong>em</strong> escraviza no Brasil não são<br />
proprietários <strong>de</strong>sinformados, escondidos <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s atrasadas e<br />
arcaicas. Pelo contrário, são gran<strong>de</strong>s latifundiários, que produz<strong>em</strong> com<br />
ALIANÇA Global contra o Trabalho forçardo. Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/news_5.htm Acesso: 05 abr. 2006. 10:30:00.<br />
12 SAKAMOTO, Leonardo. Lucro alto, mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong>scartável<br />
O <strong>trabalho</strong> <strong>escravo</strong> cont<strong>em</strong>porâneo na<br />
economia <strong>de</strong> mercado da Amazônia brasileira. Disponível <strong>em</strong>:<br />
http://www.comciencia.br/200405/reportagens/11.shtmll. Acesso: 05 abr. 2006. 11:10:00.<br />
Saber. Ciências Sociais Aplicadas, Belém, v.7, n. 1, p.271-292, jan./jun. 2008.