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Relatorio_Final_CNV_Parte_4

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entre os opositores à ditadura desde que ligado ao grupo de Brizola no Uruguai. E ganhou fama como<br />

um dos líderes da Guerrilha de Três Passos, comandada pelo coronel Jefferson Cardim, em março de<br />

1965. Alberi, na verdade um infiltrado do CIE nos grupos de exilados, viajou com a missão de atrair<br />

militantes da VPR para uma emboscada em território brasileiro. A ideia era repetir o êxito da chacina<br />

na grande Recife, só que dessa vez o grupo seria atraído para o Sul do Brasil, pela fronteira com a<br />

Argentina. Informe confidencial do Departamento Central de Informações da Secretaria de Segurança<br />

Pública do Rio Grande do Sul, de 1º de agosto de 1974 (Informe nº 22.165/74), diz que<br />

[Alberi Vieira dos Santos] comenta que possui cinco companheiros neste estado<br />

[PR] que são agentes de informações do exército, por ordem dos referidos agentes<br />

viaja para São Paulo, Uruguai, Chile, Argentina e outros países. O ponto de encontro<br />

é em Porto Alegre. [...] Em Sede Nova, onde está residindo, espalhou a notícia de<br />

que é agente do SNI, dizendo-se credenciado e podendo até efetuar prisões. Tendo<br />

como missão infiltrar-se entre ex-companheiros para espioná-los e posteriormente<br />

entregá-los para o Exército. Comenta ainda que ganha muito bem, mas no fim do<br />

ano deixará de trabalhar, porque é muito arriscado. 64<br />

111. Com o golpe de Estado no Chile, Alberi foi para o México, onde recebeu um passaporte<br />

da Embaixada Brasileira e rumou para a Argentina. Em Buenos Aires, Alberi atraiu para voltar<br />

ao Brasil um grupo de militantes ligados a Onofre Pinto, dirigente da VPR. Além de Onofre Pinto,<br />

integravam o grupo os irmãos Joel José de Carvalho e Daniel José de Carvalho, José Lavecchia, Vítor<br />

Carlos Ramos (todos da VPR) e o estudante argentino Enrique Ernesto Ruggia.<br />

comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014<br />

112. Sargento do Exército, líder do Movimento dos Sargentos, Onofre Pinto era um dos principais<br />

dirigentes da VPR. Preso em março de 1969, foi um dos presos libertados em troca do embaixador<br />

dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick. Casado com Idalina Maria Pinto, tiveram uma filha, Kátia<br />

Elisa Pinto. José Lavecchia era o mais velho do grupo, tinha 55 anos. Militante da VPR, esteve na base<br />

que a organização montou no Vale do Ribeira, na região sul do estado de São Paulo. Preso, foi banido do<br />

Brasil, junto com outros presos, trocados pelo embaixador da Alemanha, Ludwig Von Holleben, em junho<br />

de 1970. Treinou guerrilha em Cuba, depois foi para o Chile e, posteriormente, após o golpe de Estado que<br />

derrubou o presidente Salvador Allende, refugiou-se na Argentina.<br />

113. Vitor Carlos Ramos era escultor, militante da VPR. Com prisão decretada, fugiu para<br />

o Uruguai em 1969. Depois foi para o Chile e, em seguida, para a Argentina. Lá casou com Suzana<br />

Machado, da Juventude Peronista, que morreu grávida, em um suspeito acidente de carro. Os irmãos<br />

Daniel e Joel José de Carvalho eram de uma família de militantes que atuou em organizações contra<br />

a ditadura. Devanir José de Carvalho, um dos irmãos, foi assassinado no DOPS-SP, em 7 de abril de<br />

1971. Daniel e Joel foram banidos do Brasil em 13 de janeiro de 1971, trocados pelo embaixador suíço<br />

Giovanni Enrico Bucher. Joel, mais novo que Daniel, conheceu o jovem estudante Enrique Ernesto<br />

Ruggia no campus da faculdade de Agronomia e Veterinária, em Buenos Aires. Natural de Corrientes,<br />

Ruggia era o mais novo do grupo liderado por Onofre Pinto, que entrou no Brasil. Tinha 18 anos quando<br />

se despediu de sua irmã, Lílian, no escritório onde ela trabalhava. Disse que faria uma viagem e que<br />

voltaria em poucos dias. Como o irmão não retornou, Lílian começou a procurá-lo, e visitou o Hotel<br />

Cecil, onde se hospedavam perseguidos políticos protegidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas<br />

para Refugiados. No hotel, encontrou pessoas ligadas aos integrantes do grupo de Enrique, mas ninguém<br />

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