edição 211 impresso pdf - Jornal Copacabana
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ANUNCIE: 2549-1284 / copa@jornalcopacabana.com.br<br />
Sobre praias, turismo,<br />
luxo e lixo<br />
Este ano passou voando<br />
O Forte de <strong>Copacabana</strong> fechou contrato<br />
recentemente, para exploração,<br />
por 4 meses, de pequeno trecho de areia<br />
entre a praia do Diabo e o próprio Forte.<br />
A empresa, a mesma que trouxe a Roda<br />
Gigante tempos atrás, oferecerá um serviço<br />
vip para os usuários, com música,<br />
gastronomia, bar, segurança e limpeza.<br />
Logo surgiram vozes contrárias ao<br />
empreendimento, alegando privatização<br />
do espaço público, ruído, etc.<br />
Entendemos serem estas críticas<br />
descabidas, pois não está sendo privatizada<br />
a praia, aliás, esta praia só existe<br />
por 4 meses, no restante do ano ela desaparece<br />
por ação das correntes marítimas.<br />
Os recursos auferidos serão utilizados<br />
em melhorias no próprio Forte.<br />
Cabe lembrar que o Exército, devido<br />
à evolução tecnológica das defesas<br />
militares, viu boa parte de seus fortes<br />
e fortalezas perderem a função estratégica,<br />
passando a administração destes<br />
espaços para o Departamento de Educação<br />
e Cultura e a Diretoria do Patrimônio<br />
Histórico e Cultural, que tem<br />
criado, com êxito, extensa agenda cultural,<br />
cívica e educacional. O Forte de<br />
<strong>Copacabana</strong>, hoje é ponto obrigatório<br />
para turistas e nativos.<br />
Melhor faríamos nós todos, imprensa,<br />
população, associações, se pressionarmos<br />
governo e a própria população<br />
para a preservação de nossas praias, que<br />
estão em petição de miséria, pelo mau<br />
uso. O turista gosta de ser bem atendido,<br />
de praia limpa e o que vemos deixa<br />
a desejar. Nossas praias têm águas poluídas,<br />
areia contaminada, e após cada<br />
final de semana, toneladas de lixo são<br />
coletados, consumindo verbas que poderiam<br />
ser utilizadas na educação ou<br />
saúde. Os banheiros da orla são poucos,<br />
vivem interditados e várias atividades<br />
proibidas ainda são vistas como o indefectível<br />
“altinho”, cães e até um porco,<br />
sem contar a total falta de segurança,<br />
que permite a ação de quadrilhas de<br />
ladrões e assassinos que agem impunemente,<br />
como foi o recente caso do garoto<br />
esfaqueado, que sobreviveu milagrosamente<br />
na praia do Leblon.<br />
A indústria do turismo poderia ocupar<br />
um lugar de destaque em nossa economia,<br />
possuímos quase todos os itens<br />
necessários para isto, falta apenas boa<br />
gestão.<br />
Clichê, claro. Todos os anos passam<br />
voando à medida que o tempo passa.<br />
Mas em <strong>Copacabana</strong> há muito mais no<br />
ar além de anos que voam e aviões de carreira.<br />
Se não percebeu, a hora é boa para<br />
pontificar aqui o que mais anda voando sobre<br />
nossas cabeças sem que a gente tenha<br />
tempo de olhar... e ver.<br />
De dia tem os pombos. Muitos. Já<br />
falei sobre eles, pois é preciso encarar<br />
essa população que convive conosco em<br />
nossas árvores, fios elétricos, marquises,<br />
aparelhos de ar condicionado, balaustradas<br />
de varandas e outras atraentes superfícies<br />
para arrulhos e sonecas. A consequência<br />
está nos automóveis e calçadas, onde estampam<br />
suas opiniões sobre a situação política<br />
nacional: pura caca!<br />
Voam também os moleques gazeteiros<br />
matando aula. De uniforme, rolam no<br />
chão nas brincadeiras de calçada e depois<br />
a mãe que se dane para lavar. Ainda por<br />
cima não escutam nada, pois estão sempre<br />
com I-Phones espetados nos ouvidos. E<br />
aí, acontecem aqueles contatos imediatos<br />
do 3o. grau com outra espécie voadora: os<br />
moto-boys.<br />
Esses voam baixo pelo asfalto, ziguezagueando<br />
entre os carros, sem o menor<br />
respeito por quem tenta atravessar a rua.<br />
Desastre anunciado, estatística exponencial.<br />
Voam também as pessoas apressadas<br />
pelo bairro. Dá vontade de dizer a elas o<br />
que li numa esquina de Santa Tereza: “Se<br />
você não souber que dia é hoje, nunca vai<br />
ser tarde demais”. É que o tempo anda tão<br />
escasso quanto o dinheiro na vida da gente.<br />
Sim, porque dia e noite voam os cheques,<br />
tão voadores quanto as horas. Mas não só.<br />
Voam os gases nocivos dos escapamentos<br />
dos automóveis; voam as fumaças gordurentas<br />
expelidas pelos exaustores de um<br />
sem-fim de restaurantes, lanchonetes, bares,<br />
bibocas, e, ao cair da tarde, as grelhas<br />
de churrasquinho, perfumando <strong>Copacabana</strong><br />
com um pandemônio de odores, aromas<br />
e cheiros, onde identificamos frituras,<br />
pipocas, bife queimado, galeto ao ponto,<br />
restos de feira e carvão na brasa. Voam as<br />
moscas, docemente atraídas por essa mixórdia<br />
de fragrâncias insultantes.<br />
E quando a noite cai, voam alegremente<br />
os morcegos que, por abusados e espaçosos,<br />
andam entrando pelas janelas adentro e atacando<br />
as frutas na cozinha. Uma amiga minha,<br />
muito dessituada, achou que era passarinho<br />
que vinha visitar e deixava alpiste.<br />
-“Ué Bem que eu achava estranho que<br />
ele nunca comia nada”...<br />
Fechando o ano, Prefeito, faça por<br />
onde. Tomara que o ar de <strong>Copacabana</strong> volte<br />
a ser puro como a brisa que sempre beijou<br />
e balançou essa Princesinha do Mar. E<br />
rápido: a vida também passa voando.<br />
Boas Festas, bom Réveillon, pessoal. E<br />
se beber, não dirija, viu<br />
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