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edição 211 impresso pdf - Jornal Copacabana

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6<br />

ANUNCIE: 2549-1284 / copa@jornalcopacabana.com.br<br />

O ano em que perdemos<br />

Altamiro Carrilho<br />

F<br />

luminense de Santo Antônio<br />

de Pádua e carioca de coração<br />

e de harmonia, o maior<br />

flautista de todos os tempos, gênio absoluto<br />

do seu instrumento, nasceu num<br />

mês de dezembro (dia 21), no ano de<br />

1924. Com os sopros que encantaram<br />

pelo menos duas gerações de admiradores<br />

e de músicos brasileiros (boa parte<br />

deles solando canções de sua própria<br />

autoria), Altamiro reinou soberano nas<br />

melodias e nos arranjos até o dia 15 de<br />

agosto deste ano, quando complicações<br />

pulmonares encerraram a sua linda e<br />

duradoura carreira.<br />

Irmão do também flautista Álvaro<br />

e tio do genial violonista Maurício<br />

Carrilho, mestre Altamiro gravou quase<br />

uma centena de discos, deixou pelo<br />

menos duzentas obras autorais e esteve<br />

à altura de Pixinguinha como executor,<br />

mentor e divulgador do choro, no Brasil<br />

e no mundo inteiro. Artista de seu<br />

tempo, em tempo integral, jamais parou<br />

de trabalhar. Em uma de suas últimas<br />

entrevista, declarou:<br />

“Nem penso em parar. Ainda dependo<br />

do trabalho para sobreviver. Aposentadoria<br />

de músico é muito baixa. E<br />

eu também não soube guardar dinheiro<br />

quando tocava com frequência no exterior”,<br />

admitiu, para logo emendar no<br />

estilo de quem sempre levou a vida com<br />

jovialidade e picardia: “Mas também<br />

não me arrependo, porque a vida é para<br />

ser vivida”.<br />

Em 2009, a gravadora Biscoito Fino<br />

lançou a caixa de discos Poesia do Choro,<br />

com três CDs de Altamiro Carrilho.<br />

Foi um sucesso e aproximou o mestre<br />

de um público mais jovem, que ainda<br />

não conhecia sua obra. O surgimento<br />

ou ressurgimento, nos últimos anos, de<br />

experiências como a Escola Portátil de<br />

Música, no Rio, têm valorizado a produção<br />

de altíssimo nível que o pai da flauta<br />

deixou.<br />

Por ter convivido com a música desde<br />

muito pequeno, tocando tarol na banda<br />

Lira de Arion, em sua cidade, Altamiro<br />

ligou seu nome e existência, também, a<br />

choros seminais de outros compositores,<br />

como Pixinguinha (“Carinhoso”),<br />

Radamés Gnatalli (“Rio antigo”) e João<br />

de Barro (“Urubu malandro”), que nos<br />

acordes de sua flauta ganharam roupagem<br />

e personalidade.<br />

Estará para sempre na pequena galeria<br />

composta por aqueles músicos que a<br />

música jamais esquecerá.

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