Remodelagem de calota craniana na displasia ... - ABCCMF
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<strong>Remo<strong>de</strong>lagem</strong> <strong>de</strong> <strong>calota</strong> <strong>crania<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong> <strong>displasia</strong> craniometafisária<br />
INTRODUÇÃO<br />
A <strong>displasia</strong> craniometafisária (DCM) é uma doença rara,<br />
que envolve formação anormal dos ossos no crânio, com<br />
mineralização aumentada em ambos os tipos: membranoso e<br />
endocondral 1 , com hiperostose e esclerose difusa dos ossos do<br />
crânio e da face. Além disso, ocorrem alterações <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lagem<br />
<strong>na</strong> metáfise <strong>de</strong> ossos longos, evi<strong>de</strong>nciando diminuição da<br />
espessura cortical e rarefação ou diminuição <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
<strong>na</strong> porção mais inter<strong>na</strong>. Sua forma autossômica domi<strong>na</strong>nte<br />
apresenta-se com quadro clínico mais leve, com poucos<br />
sintomas e maior expectativa <strong>de</strong> vida, ao passo que a forma<br />
autossômica recessiva, mais rara e agressiva, po<strong>de</strong> cursar com<br />
diminuição da expectativa <strong>de</strong> vida por possível compressão do<br />
forame magno 2,3 .<br />
As manifestações clínicas compreen<strong>de</strong>m alterações craniofaciais<br />
provenientes <strong>de</strong> progressivo aumento da espessura dos<br />
ossos da base <strong>crania<strong>na</strong></strong> inicialmente e <strong>de</strong>pois da <strong>calota</strong>, da face<br />
e mandíbula 4-7 . Os achados incluem bossa fronto-<strong>na</strong>sal (fácies<br />
leoni<strong>na</strong>), ponte <strong>na</strong>sal alargada com hiperteleorbitismo, espessamento<br />
da base e <strong>calota</strong> <strong>crania<strong>na</strong></strong> como um todo, alongamento<br />
mandibular e distúrbios <strong>de</strong> oclusão (geralmente em classe 3),<br />
com formato alongado da cabeça. O aspecto dos ossos longos<br />
inclui alargamento metafisário, com córtex afi<strong>na</strong>do e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
óssea diminuída mais vistos no fêmur e tíbia distal. Costelas e<br />
a porção endocondral das clavículas po<strong>de</strong>m ser escleróticas em<br />
crianças jovens, porém com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea normal 7 .<br />
Figura 1 - TC em 3D pré-operatória. A: vista frontal;<br />
B: vista súpero-frontal.<br />
A<br />
Figura 2 - Vista lateral direita da bossa fronto-orbitária.<br />
B<br />
RELATO DO CASO<br />
P.R.T, 55 anos, sexo masculino, casado, nos procurou<br />
queixando-se <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convívio social <strong>de</strong>vido a sua<br />
aparência. Referia não se sentir bem com o aspecto visual <strong>de</strong><br />
sua face, mais precisamente <strong>de</strong> sua região fronto-<strong>na</strong>sal. Negava<br />
qualquer outra queixa que não a sua aparência. Filho <strong>de</strong> mãe<br />
portadora das mesmas características físicas, possuía mais dois<br />
irmãos que <strong>na</strong>sceram com alterações semelhantes. Referiu,<br />
ainda, que um dos irmãos possuía filho e neto que apresentam<br />
os mesmos caracteres fenotípicos.<br />
O paciente possuía gran<strong>de</strong>s proporções corporais, com<br />
altura <strong>de</strong> 1,95 m. Ao exame físico, apresentava alterações<br />
faciais pronunciadas, com a região fronto-orbitária bastante<br />
redundante, lembrando um fácies leonino.<br />
Possuía ponte <strong>na</strong>sal alargada e distância intercantal acima<br />
dos valores normais, porém relativamente proporcio<strong>na</strong>l ao<br />
tamanho do seu crânio. Além disso, apresentava face alongada,<br />
com mandíbula pronunciada (Figura 1). Antes <strong>de</strong> nos procurar,<br />
o paciente realizou investigação endocrinológica que <strong>de</strong>scartou<br />
alterações hormo<strong>na</strong>is para acromegalia ou outras alterações<br />
bioquímicas, hipofisárias ou adre<strong>na</strong>is. Foi <strong>de</strong>scartada, também,<br />
qualquer alteração do ponto <strong>de</strong> vista neurológico ou psicossocial.<br />
De acordo com suas alterações clínicas e radiológicas,<br />
a ausência <strong>de</strong> queixas e o padrão <strong>de</strong> aparecimento familiar,<br />
diagnosticamos o paciente como portador da síndrome craniometafisária<br />
<strong>na</strong> sua forma autossômica domi<strong>na</strong>nte.<br />
O tratamento do paciente foi voltado para suas queixas<br />
estéticas. Nenhum outro si<strong>na</strong>l ou sintoma ocasio<strong>na</strong>do por<br />
possível crescimento ósseo foi visto e nenhuma <strong>de</strong>scompressão<br />
nervosa foi necessária.<br />
Figura 3 - Osteotomia da bossa fronto-orbitária.<br />
Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(4): 250-3<br />
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