Remodelagem de calota craniana na displasia ... - ABCCMF
Remodelagem de calota craniana na displasia ... - ABCCMF
Remodelagem de calota craniana na displasia ... - ABCCMF
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Remo<strong>de</strong>lagem</strong> <strong>de</strong> <strong>calota</strong> <strong>crania<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong> <strong>displasia</strong> craniometafisária<br />
orbitária foi remo<strong>de</strong>lada em sua porção súpero-medial, com<br />
o objetivo <strong>de</strong> estreitar o dorso <strong>na</strong>sal. Uma remo<strong>de</strong>lagem da<br />
porção circundante à osteotomia se fez necessária para melhor<br />
acomodação da peça ao seu leito, bem como <strong>na</strong> região glabelar<br />
e outras regiões on<strong>de</strong> se percebeu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um melhor<br />
contorno fronto-facial.<br />
DISCUSSÃO<br />
O diagnóstico da DCM é feito através <strong>de</strong> achados clínicos<br />
e radiográficos, porém a rarida<strong>de</strong> do caso e a relativa variação<br />
das alterações ósseas em diferentes pacientes com a mesma<br />
patologia po<strong>de</strong> tor<strong>na</strong>r o diagnóstico difícil. É sabido que mutações<br />
no gene ANKH (ankylosis homolog) causam a <strong>displasia</strong><br />
craniometafisária, pois geram uma possível i<strong>na</strong>bilida<strong>de</strong> metabólica<br />
no transporte do pirofosfato (regulador da mineralização<br />
óssea) intracelular, do osteoblasto para a matriz óssea 8 . O cálcio<br />
e o fosfato sérico apresentam níveis normais ou baixos 9 e a<br />
fosfatase alcali<strong>na</strong> po<strong>de</strong> estar elevada 10 .<br />
Outras doenças que também cursam com <strong>displasia</strong>s metafisárias<br />
e entram no diagnóstico diferencial, como a doença<br />
<strong>de</strong> Pyle, uma doença autossômica recessiva com pouco ou<br />
nenhum envolvimento dos ossos do crânio 11 . Braun et al. 12<br />
<strong>de</strong>screveram uma sindrome semelhante, porém sem uma<br />
causa genética conhecida. As outras doenças que completam<br />
o diagnóstico diferencial são: a <strong>displasia</strong> craniodiafisária<br />
autossômica recessiva, que apresenta espessamento craniofacial<br />
difuso mais importante, <strong>displasia</strong> <strong>na</strong>s diáfises <strong>de</strong> ossos<br />
longos e possível associação com retardo mental; a <strong>displasia</strong><br />
frontometafisária, com hiperostose frontal, <strong>displasia</strong> metafisária<br />
semelhante à doença <strong>de</strong> Pyle, causada por mutações<br />
no gene FLNA e ligada ao sexo (X); a osteopatia estriada,<br />
que apresenta alterações semelhantes em ossos longos e do<br />
crânio e também ligada ao X; esclerostose e a doença <strong>de</strong> Van<br />
Buchem, ambas relacio<strong>na</strong>das a mutações do gene SOST, que<br />
cursam com hiperostose e estreitamentos <strong>de</strong> forames cranianos<br />
e hiperplasia com bossa frontal, levando, geralmente, a<br />
sur<strong>de</strong>z e paralisia facial, ambas autossômicas recessivas.<br />
Nenhum <strong>de</strong>sses diagnósticos se encaixou <strong>na</strong>s características<br />
do paciente <strong>de</strong>scrito, ora por não se tratar <strong>de</strong> doença autossômica<br />
domi<strong>na</strong>nte, como é o caso da esclerostose, doença <strong>de</strong><br />
Van Buchem, doença <strong>de</strong> Pyle e <strong>displasia</strong> crânio diafisária, ora<br />
por ser ligada ao sexo como <strong>na</strong> <strong>displasia</strong> frontometafisária e<br />
<strong>na</strong> osteopatia estriada.<br />
O padrão da doença do paciente relatado parece ser autossômico<br />
domi<strong>na</strong>nte com uma alta penetrância e não apresenta<br />
uma predileção por sexo.<br />
CONCLUSÃO<br />
Houve significante melhora no contorno fronto-orbitário do<br />
paciente, relatada pelo mesmo, que agora apresenta uma face menos<br />
“pesada” (Figura 8), e um aspecto visual melhor, sugerindo que a<br />
remo<strong>de</strong>lagem <strong>crania<strong>na</strong></strong> po<strong>de</strong> ser uma alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong> tratamento em<br />
pacientes portadores da DCM em sua forma autossômica domi<strong>na</strong>nte.<br />
REFERÊNCIAS<br />
1. Reichenberger E, Tiziani V, Wata<strong>na</strong>be S, Park L, Ueki Y, Santan<strong>na</strong> C, et al.<br />
Autosomal domi<strong>na</strong>nt craniometaphyseal dysplasia is caused by mutations<br />
in the transmembrane protein ANK. Am J Hum Genet. 2001;68(6):1321-6.<br />
2. Millard DR Jr, Maisels DO, Batstone JH, Yates BW. Craniofacial surgery<br />
in craniometaphyseal dysplasia. Am J Surg. 1967;113(5):615-21.<br />
3. Puliafito CA, Wray SH, Murray JE, Boger WP 3rd. Optic atrophy and visual<br />
loss in craniometaphyseal dysplasia. Am J Ophthalmol. 1981;92(5):696-<br />
701.<br />
4. Hayashibara T, Komura T, Sobue S, Ooshima T. Tooth eruption in a<br />
patient with craniometaphyseal dysplasia: case report. J Oral Pathol Med.<br />
2000;29(9):460-2.<br />
5. Gorlin RJ, Cohen MM, Hennekam RCM. Syndromes of the head and<br />
neck. New York:Oxford Press;2001.<br />
6. Jackson WP, Albright F, Drewry G, Hanelin J, Rubin MI. Metaphyseal dysplasia,<br />
epiphyseal dysplasia, diaphyseal dysplasia, and related conditions.<br />
I. Familial metaphyseal dysplasia and craniometaphyseal dysplasia; their<br />
relation to leontiasis ossea and osteopetrosis; disor<strong>de</strong>rs of bone remo<strong>de</strong>ling.<br />
AMA Arch Intern Med. 1954;94(6):871-85.<br />
7. Richards A, Brain C, Dillon MJ, Bailey CM. Craniometaphyseal and craniodiaphyseal<br />
dysplasia, head and neck manifestations and ma<strong>na</strong>gement.<br />
J Laryngol Otol. 1996;110(4):328-38.<br />
8. Ho AM, Johnson MD, Kingsley DM. Role of the mouse ank gene in control<br />
of tissue calcification and arthritis. Science. 2000;289(5477):265-70.<br />
9. Fanconi S, Fischer JA, Wieland P, Giedion A, Boltshauser E, Olah AJ,<br />
et al. Craniometaphyseal dysplasia with increased bone turnover and<br />
secondary hyperparathyroidism: therapeutic effect of calcitonin. J Pediatr.<br />
1988;112(4):587-91.<br />
10. Sheppard WM, Shprintzen RJ, Tatum SA, Woods CI. Craniometaphyseal<br />
dysplasia: a case report and review of medical and surgical ma<strong>na</strong>gement.<br />
Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2003;67(6):687-93.<br />
11. Komins C. Familial metaphyseal dysplasia, Pyle’s disease. Br J Radiol.<br />
1954;27(324):670-5.<br />
12. Braun HS, Nurnberg P, Tinschert S. Metaphyseal dysplasia: a new autosomal<br />
domi<strong>na</strong>nt type in a large German kindred. Am J Med Genet.<br />
2001;101(1):74-7.<br />
Trabalho realizado no Hospital São Joaquim da Real e Benemérita Socieda<strong>de</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Beneficência <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.<br />
Artigo recebido: 19/5/2010<br />
Artigo aceito: 1/9/2010<br />
Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(4): 250-3<br />
253