Edição 10 - Revista PIB
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MARCAS<br />
De Portugal para a Europa<br />
Na Europa, as iguarias brasileiras<br />
costumavam ser encontradas<br />
apenas em pequenos mercados que<br />
vendiam produtos típicos de países<br />
estrangeiros – no caso do guaraná,<br />
mercadinhos brasileiros, portugueses,<br />
indianos ou sul-americanos. Na<br />
Suíça, por exemplo, onde os portugueses<br />
representam a segunda<br />
maior colônia de imigrantes do<br />
país, proliferam restaurantes, bares<br />
e mercados para atender a comunidade.<br />
E, seguindo a tradição, costumam<br />
vender a bebida brasileira.<br />
É o caso do Delícias de Portugal,<br />
aberto há um ano em Zurique<br />
e vendedor do refrigerante brasileiro<br />
desde o começo.<br />
Mas hoje não só os<br />
pontos tradicionais<br />
oferecem o guaraná.<br />
A pouco mais de<br />
300 metros do Delícias<br />
de Portugal, por<br />
exemplo, a loja de<br />
conveniência de um<br />
posto Shell também<br />
tem nas prateleiras<br />
a marca e o sabor conhecidos dos<br />
brasileiros.<br />
“Todas as distribuidoras de produtos<br />
portugueses têm Guaraná<br />
Antarctica”, conta Fátima Silvestre,<br />
dona do Delícias de Portugal. “Vendo<br />
principalmente para brasileiros,<br />
mas os portugueses e suíços também<br />
DE OLHO NOS EMERGENTES<br />
UM ESTUDO DA empresa de<br />
pesquisas Euromonitor International<br />
mostra que o futuro do mercado<br />
de bebidas carbonadas está na mão<br />
de cinco mercados: Brasil, China,<br />
México, África do Sul e Estados<br />
Unidos. O levantamento revela que<br />
esses países representarão 55% do<br />
compram porque acham que é uma<br />
bebida diferente, gostam de experimentar”,<br />
diz. Os quase vizinhos da<br />
loja de conveniência estão de acordo.<br />
“É uma bebida que apresenta<br />
boas vendas”, afirma Ralph Gsell,<br />
representante da distribuidora que<br />
fornece produtos para as lojas Shell.<br />
E não somente o pequeno varejista<br />
já enxerga no guaraná brasileiro<br />
um chamariz para vendas. Desde<br />
2007, a segunda maior rede de<br />
varejo alimentício da Suíça, o Coop,<br />
comercializa o Guaraná Antarctica.<br />
“Estamos bastante satisfeitos com<br />
as vendas desse produto. Cerca de<br />
600 dos nossos 800 supermercados,<br />
além das lojas de conveniência<br />
Coop, oferecem<br />
o Guaraná”, afirma<br />
O guaraná<br />
brasileiro<br />
é consumido<br />
na Europa<br />
como bebida<br />
energética<br />
crescimento mundial do setor nos<br />
próximos dois anos.<br />
Prevê-se, ainda, que já neste<br />
ano seja registrado um aumento<br />
nas vendas de cerca de 16% nesses<br />
mercados. Os números otimistas<br />
se devem, sobretudo, ao crescimento<br />
populacional nessas regiões,<br />
SUZANA CAMARGO<br />
Bernhard Studer,<br />
gerente de bebidas<br />
do Coop.<br />
As vendas do refrigerante<br />
brasileiro<br />
superaram as expectativas<br />
da rede<br />
de supermercados<br />
suíça. Studer admite<br />
que a empresa não conhece o perfil<br />
exato dos consumidores do produto,<br />
mas acredita que sejam latino-americanos<br />
que vivem no país, suíços<br />
que já experimentaram a bebida em<br />
viagens à América do Sul ou simplesmente<br />
pessoas que se veem atraídas<br />
pelo nome guaraná. “Eu, pessoalmente,<br />
não conhecia o refrigerante,<br />
mas minha sobrinha, que é filha de<br />
boliviano, fica muito orgulhosa em<br />
encontrar guaraná nas lojas Coop”,<br />
revela o gerente da rede. “O refrigerante<br />
atrai consumidores que apre-<br />
ao aumento do poder aquisitivo e<br />
ao estabelecimento de eficientes<br />
redes de distribuição. Para Johanna<br />
Iivonen, analista de mercado de soft<br />
drinks da Euromonitor International,<br />
as indústrias que apostarem<br />
em produtos inovadores ou forte<br />
posicionamento de marca entre os<br />
novos consumidores serão as que<br />
obterão maior lucro e crescimento.<br />
ciam tanto uma bebida energética<br />
quanto doce.”<br />
Outra grande rede europeia<br />
que resolveu investir no sabor da<br />
bebida brasileira é a espanhola El<br />
Corte Inglés. Desde a abertura do<br />
primeiro supermercado da rede<br />
em Portugal, em 2001, o guaraná<br />
já estava presente nas gôndolas. No<br />
começo, era tido como um produto<br />
exótico, mas isso mudou. “Inicialmente,<br />
o consumidor do Guaraná<br />
Antarctica era predominantemente<br />
brasileiro, mas temos registrado<br />
um aumento do consumo por<br />
portugueses”, diz Sara Nogueira,<br />
gerente de relações externas do<br />
El Corte Inglés. É somente nos supermercados<br />
portugueses da rede<br />
DIVULGAÇÃO<br />
espanhola que o guaraná faz parte<br />
da linha contínua de bebidas. Na<br />
Espanha, o refrigerante só é vendido<br />
em campanhas pontuais.<br />
Um traço interessante dessa<br />
recente popularização do Guaraná<br />
Antarctica em alguns países europeus<br />
é que não foi feito nenhum<br />
investimento por parte da InBev.<br />
Não há campanhas publicitárias<br />
ou de marketing sobre o produto<br />
(procurada, a InBev respondeu que<br />
não tinha informações a dar sobre o<br />
guaraná no exterior). Em Portugal,<br />
a Sumol + Compal trabalha a marca<br />
essencialmente com o trade marketing.<br />
Para a companhia, o produto<br />
ainda está numa fase de crescimento<br />
e muito longe da maturidade.<br />
As latinhas<br />
verdes na<br />
prateleira da rede<br />
Coop, a segunda<br />
maior da Suíça:<br />
sucesso de vendas<br />
Mas, ao que parece, a rede informal<br />
de divulgação formada pelos<br />
brasileiros expatriados supre com<br />
vantagens a falta de um trabalho<br />
profissional no mercado. Radicada<br />
há cinco anos na Europa, a baiana<br />
Adjane Selva apresentou o sabor da<br />
bebida amazônica para toda a família<br />
suíça. “Meu marido adora e meu<br />
cunhado toma como energético,<br />
quando pratica esporte ou está cansado”,<br />
diz ela. “Gosto, também, de<br />
comprar quando temos convidados<br />
e preparo algum prato bem brasileiro.”<br />
Uma das maiores fãs de guaraná<br />
na casa dos Selva é a pequena Elisa,<br />
de 3 anos, nascida em Zurique. “Ela<br />
sempre pede para tomar o guaraná<br />
ártica”, conta, rindo, Adjane.<br />
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