Edição 10 - Revista PIB
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Capa<br />
concorrente não.” Rangel brande as<br />
armas da Odebrecht: conhecimento<br />
e tradição no mercado e maior<br />
capacidade de articulação e formação<br />
de parcerias locais.<br />
O fato é que a influência crescente<br />
da China no mundo se mostra<br />
de modo particularmente visível na<br />
África. Depois de Lula, o estadista<br />
de peso que mais países africanos<br />
visitou foi o presidente chinês Hu<br />
Dinheiro não falta: só em títulos do<br />
Tesouro americano estima-se que,<br />
no fim de 2009, o governo chinês<br />
acumulava em seus cofres cerca de<br />
US$ 2 trilhões. Apenas em Angola, o<br />
China Development Bank (o BNDES<br />
chinês) financiou no passado projetos<br />
no valor de US$ 8 bilhões, todos<br />
tocados por empresas chinesas.<br />
Mas, segundo Rangel, a Odebrecht<br />
tem um diferencial importante:<br />
LUCIANO ANDRADE<br />
estatal brasileira obteve um bloco<br />
de exploração de petróleo na foz do<br />
Rio Zambesi.<br />
Outra estatal brasileira de peso<br />
presente nos dois países é a Embrapa.<br />
“Nossos desafios são similares e<br />
temos de crescer juntos”, diz o presidente<br />
da estatal, Pedro Arraes Pereira.<br />
“No Brasil, pelo menos 250 milhões<br />
de cabeças de gado têm como<br />
alimentação básica pastos tropicais,<br />
carvão mineral de Moatize será<br />
essencial para a entrada da Vale na<br />
siderurgia, a maior virada estratégica<br />
na história da empresa (veja<br />
quadro na pág 46). A onipresente<br />
Odebrecht é uma parceira importante<br />
da Vale no projeto Moatize,<br />
como encarregada de boa parte<br />
das obras de infraestrutura: do<br />
novo aeroporto internacional de<br />
Nacala, perto da mina de Moatize,<br />
Equipe de<br />
funcionários<br />
da Odebrecht<br />
no projeto<br />
agroindustrial<br />
de Pungo<br />
Andongo, em<br />
Angola: 36 mil<br />
ha de terras boas<br />
Plantações de milho<br />
e o ministro das<br />
Relações Exteriores,<br />
Celso Amorim,<br />
com técnicos da<br />
Embrapa, em<br />
Angola: tecnologia<br />
dos cerrados para<br />
as savanas<br />
DIVULGAÇÃO<br />
LUCIANO ANDRADE<br />
Jintao. Entre 1992 e 2008, o fluxo<br />
comercial entre China e África disparou<br />
de US$ 4,1 bilhões para US$<br />
<strong>10</strong>7 bilhões. Empresas chinesas<br />
constroem estradas, hidrelétricas,<br />
ferrovias, edifícios públicos e investem<br />
pesadamente em recursos<br />
naturais, sobretudo em mineração<br />
e petróleo.<br />
Na área de infraestrutura, empresas<br />
chinesas oferecem pacote<br />
completo: projeto, execução, mão<br />
de obra e, sobretudo, financiamento.<br />
a inserção social. “Quase 95% da<br />
nossa equipe de colaboradores locais<br />
são angolanos. A curva chinesa<br />
é inversa: 95% da equipe vem da<br />
China”, estima Rangel. De fato, nos<br />
canteiros de obras chineses se veem<br />
quase que só chineses.<br />
Do outro lado do continente, em<br />
Maputo, capital de Moçambique situada<br />
na belíssima costa do oceano<br />
Índico, a presença chinesa também<br />
é ostensiva. Na Avenida Karl Marx,<br />
uma grande placa em português,<br />
diante de um novo edifício em obras,<br />
anuncia: “Construção de alto nível<br />
em prol da amizade Moçambique–<br />
China”. Na Avenida <strong>10</strong> de Novembro,<br />
a nova sede do ministério das Relações<br />
Exteriores, construção moderna<br />
em estilo neossoviético, reluz<br />
como outra empreitada chinesa.<br />
Apesar de 56% do orçamento<br />
moçambicano derivar de doações e<br />
da cooperação internacional, tratase<br />
de um “país pobre-rico”, como o<br />
define um diplomata brasileiro em<br />
Maputo. Tem grandes reservas minerais<br />
e enorme potencial petrolífero.<br />
A Petrobras, que já explora<br />
petróleo em Angola em parceria<br />
com a Sonagol, em Moçambique<br />
é parceira da ENH (a Petrobras<br />
moçambicana) na prospecção de<br />
petróleo e gás natural, pesquisa<br />
para produção de biodiesel a partir<br />
da jatrofa, oleaginosa abundante<br />
no cerrado local, além de álcool de<br />
cana-de-açúcar. Em sociedade com<br />
a poderosa Petronas, da Malásia, a<br />
como a brachiaria, trazida da África.<br />
Agora, melhoradas, essas pastagens<br />
podem retornar ao continente africano”,<br />
diz Arraes. A Embrapa, cujas<br />
pesquisas foram decisivas para a<br />
expansão do agronegócio no Brasil,<br />
busca agora transpor seu enorme<br />
conhecimento e experiência em<br />
agricultura tropical para terras africanas<br />
– em especial nas regiões de<br />
cerrado, outro traço comum entre o<br />
Brasil e inúmeros países africanos.<br />
O megaprojeto de extração de<br />
ao terminal de carvão do Porto da<br />
Beira, único de águas profundas da<br />
costa leste africana, projeto em que<br />
a Camargo Corrêa tem uma participação<br />
de 50%. A maior obra da<br />
Camargo Corrêa em Moçambique<br />
é a barragem de Mphanda Nkuma,<br />
que praticamente dobrará a capacidade<br />
energética do país quando for<br />
inaugurada, em 2013.<br />
“Moçambique tem um histórico<br />
de estabilidade política que é muito<br />
interessante para atrair inves-<br />
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