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Texto em PDF - Embrapa Gado de Corte

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Aspectos qualitativos do couro <strong>de</strong> novilha orgânica do Pantanal Sul-Mato-Grossense<br />

3<br />

No píquel, etapa que antece<strong>de</strong> o curtimento, as peles são<br />

preparadas para receber<strong>em</strong> os agentes curtentes que<br />

pod<strong>em</strong> ser inorgânicos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> mineral, ou orgânicos <strong>de</strong><br />

orig<strong>em</strong> vegetal, sintéticos, e al<strong>de</strong>ídos (HOINACKI, 1989).<br />

Na composição do píquel, além da água utilizada, são<br />

<strong>em</strong>pregados ácidos orgânicos e inorgânicos e cloreto <strong>de</strong><br />

sódio, na concentração mínima <strong>de</strong> 6º Baumè com a função<br />

<strong>de</strong> inibir o intumescimento da estrutura fibrosa, pois o pH<br />

elevado na faixa ácida t<strong>em</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intumescer a<br />

pele (THORSTENSEN, 1976). O pH <strong>de</strong>ssa etapa interrompe<br />

a ação da purga, <strong>de</strong>sativando as enzimas.<br />

No final do píquel, as peles <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar isentas <strong>de</strong><br />

substâncias que não contribu<strong>em</strong> para o curtimento e<br />

condicionadas para receber o agente curtente que irá<br />

transformá-las <strong>em</strong> couro, material estável e imputrescível<br />

(HOINACKI, 1989). Após o curtimento, o couro não <strong>de</strong>ve<br />

retrair quando colocado <strong>em</strong> contato com água quente. Isto<br />

indica que foi incorporada e combinada com o colágeno a<br />

quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> curtente, sendo o método muito<br />

<strong>em</strong>pregado na avaliação das peles curtidas ao cromo. No<br />

final do curtimento ao cromo, os couros receb<strong>em</strong> a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> wet blue, pois apresentam a cor azul<br />

<strong>de</strong>terminada pelo cromo. Nessas condições, pod<strong>em</strong> ser<br />

armazenados por longos períodos, se receber<strong>em</strong> o tratamento<br />

com fungicidas e for<strong>em</strong> mantidos envoltos <strong>em</strong><br />

plástico para evitar a <strong>de</strong>sidratação.<br />

Após o curtimento, os couros são enxugados e rebaixados<br />

para a espessura próxima àquela solicitada pelo mercado e<br />

classificados quanto à ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos. Após a<br />

classificação segu<strong>em</strong> para a neutralização ou<br />

<strong>de</strong>sacidificação, para o pH ser a<strong>de</strong>quado à penetração e<br />

fixação dos produtos <strong>de</strong> recurtimento (SOLER et al.,<br />

1992).<br />

O recurtimento é executado após a etapa <strong>de</strong> neutralização<br />

ou antece<strong>de</strong>ndo-a, e visa a <strong>de</strong>finir parte das características<br />

físico-mecânicas, tais como maciez, elasticida<strong>de</strong>, enchimento<br />

e algumas características <strong>de</strong> toque e tamanho <strong>de</strong><br />

poro (abertura do folículo piloso). Os produtos <strong>de</strong><br />

recurtimento são <strong>em</strong>pregados isoladamente ou misturados<br />

e pod<strong>em</strong> ser orgânicos ou inorgânicos. No mesmo banho<br />

<strong>de</strong> recurtimento ou <strong>em</strong> um novo banho, os couros são<br />

tingidos com corantes aniônicos ou catiônicos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

do pH do substrato e do efeito <strong>de</strong>sejado (JACINTO,<br />

2000).<br />

As fibras do couro ainda úmido (wet blue) <strong>de</strong>slizam<br />

facilmente entre si, mas, com a secag<strong>em</strong>, ficam rígidas por<br />

causa da sua <strong>de</strong>sidratação e aglutinação, formando uma<br />

estrutura compacta. A operação <strong>de</strong> engraxe é realizada<br />

com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar substâncias lubrificantes no<br />

couro visando à maciez. Os lubrificantes mantêm as fibras<br />

do couro separadas e permit<strong>em</strong> o <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> umas<br />

sobre as outras (PORÉ, 1974). Após o engraxe é aumentada<br />

a resistência ao rasgamento (BOCCONE et al., 1987)<br />

e à distensão da flor (camada lisa e externa do couro). A<br />

composição, a quantida<strong>de</strong> e as combinações dos lubrificantes<br />

<strong>de</strong>terminarão produtos distintos com diferentes<br />

graus <strong>de</strong> hidrofugação e maciez (ADZET ADJET, 1985).<br />

Após as etapas <strong>de</strong> neutralização, recurtimento, tingimento<br />

e engraxe, os couros são estirados e submetidos ao vácuo<br />

para a eliminação do excesso <strong>de</strong> água, e secos naturalmente<br />

no ambiente interno do curtume ou na estufa. Na<br />

seqüência à secag<strong>em</strong>, os couros são recondicionados (para<br />

adquirir<strong>em</strong> a umida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada para a operação <strong>de</strong><br />

amaciamento), amaciados, enviados para o lixamento e,<br />

posteriormente, para o acabamento final, com aplicação <strong>de</strong><br />

resinas e lacas e prensados, para a fixação e apresentação<br />

do aspecto <strong>de</strong>finitivo.<br />

Avaliação da<br />

qualida<strong>de</strong> extrínseca<br />

(Pele) – Estratificação<br />

do mercado com base<br />

nas características<br />

das peles<br />

No Brasil, a classificação comercial <strong>de</strong> peles <strong>de</strong> animais<br />

domésticos, instituída pelo Decreto n o 6.588, citado por<br />

Mucciolo (1948) <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1940, modificado<br />

pelo n o 6.921 (BRASIL, 1941), <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1941, era composta <strong>de</strong> quatro classes, sendo a quarta<br />

consi<strong>de</strong>rada refugo.<br />

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa), pela publicação da Instrução Normativa n o 12, <strong>em</strong><br />

18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002 (BRASIL, 2002), estabeleceu os<br />

critérios <strong>de</strong> classificação do couro bovino conforme os<br />

<strong>de</strong>feitos presentes na pele do animal, assim como o local<br />

on<strong>de</strong> o técnico <strong>de</strong>ve se posicionar para fazer a avaliação<br />

no animal.<br />

Exist<strong>em</strong> vários critérios comerciais para a classificação <strong>de</strong><br />

peles e os mais <strong>em</strong>pregados pelos curtumes iniciam pela<br />

terceira classificação, pois eles consi<strong>de</strong>ram que não<br />

exist<strong>em</strong> peles bovinas <strong>de</strong> primeira e segunda, sendo<br />

consi<strong>de</strong>rada rara, a <strong>de</strong> terceira. Freqüent<strong>em</strong>ente são<br />

utilizadas as classificações: quarta, quinta, sexta, sétima,<br />

oitava e refugo.<br />

O produtor recebe pela pele, mas, com algumas exceções<br />

(INDEPENDÊNCIA, 2005), não recebe pela qualida<strong>de</strong>. O<br />

estabelecimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> r<strong>em</strong>uneração diferencial<br />

pela qualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> induzir o produtor a adotar medidas<br />

para preservar a integrida<strong>de</strong> física da pele do animal.<br />

Assim, além do preço da pele, <strong>em</strong>butida na cotação da<br />

arroba do boi, o produtor passaria a receber um sobrepreço

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