Tunísia

passa por um processo intenso de transição e com o novo
presidente aposta em seu portfólio de belezas naturais e
cheio de excentricidades para reforçar o potencial turístico
do país, que sempre levou milhões de pessoas a visitá-lo.
Antes da Revolução eram sete milhões de visitantes por
ano; atualmente, o montante caiu para cinco milhões. O
número anual de brasileiros não ultrapassa os três mil. Com
fôlego surpreendente para a recuperação, a Tunísia gaba-se
do fato de conviver natural e pacificamente com povos de
todas as etnias, crenças e religiões. O país de: “Três mil anos
de história, cinqüenta anos de turismo e um de Primavera
Árabe”, me foi sendo apresentado em pormenores pelo guia
Mohamed Dardour, que de tempos em tempos, na minha
viagem de quase quinze dias, repetia a explicação acima com
uma contagiante e exorbitante empolgação. Pai de três meninos
adolescentes e com uma esposa adorável, Mohamed
é daquelas pessoas que tem o caráter e a ética como norte
do seu trabalho e da sua vida. Ele é um fiel representante
dos homens muçulmanos da Tunísia onde honra e trabalho
sistemático têm fundamental e real importância. Bastante
politizado (eram aulas e mais aulas de política todos os dias),
muito inteligente e atento à realidade do mundo contemporâneo,
Mohamed acredita (e sabe!) que a regra de ouro para
a convivência pacífica entre os povos são amor, respeito e
atualização tecnológica constantes. “Recebemos turistas de
todo o mundo e sabemos fazer isso muito bem. Nossa gastronomia,
nossos pontos turísticos e o nosso povo servem de
exemplo. É preciso acompanhar a evolução que existe atualmente,
sem perder de vista nossos valores”, sempre dizia ele.
Com uma área de pouco mais de 164 mil quilômetros quadrados
e uma localização privilegiada que pode inclusive,
render viagens para países próximos, a Tunísia pertence à
região do Magrebe, sendo que ao norte e ao leste, limitada
pelas águas do Mediterrâneo, o que permite fronteira com a
Itália e ainda outra vantagem: a de estar próxima da Argélia
e da Líbia. Com quase dez milhões de habitantes, língua
oficial árabe e moeda Dinar, o país tem regiões lindas e muito
interessantes. Com paisagem bastante diversificada, de Norte
a Sul, o país soma 24 províncias e não Estados como muita
gente pensa. Com quase 40% da superfície ocupada pelo Deserto
do Saara, suas regiões são fortemente marcadas pelas
tradições árabes, com seus rituais em mesquitas e orações
que transcendem a barreira do som sempre cinco vezes ao
dia. Onde estiverem, os muçulmanos praticantes prostram-
-se sempre em direção à Meca para as suas rezas cheias de fé.
É realmente lindo e emocionante de se ouvir, principalmente
as orações que surgem arrebatadas pelo visual melancólico
do cair de uma tarde fria... Até mesmo para aqueles que
não seguem o Alcorão, o livro sagrado do Islã. Com um
histórico que inclui a fundação de Cartago pelos fenícios
(1000 a.C); destruição e tomada pelo Império-Romano (146
a.C); incorporação pelo império Turco-Otamano (1754);
protetorado (1881); e independência pela França (1956)...
Fica fácil perceber, assim que se chega ao país, todo o legado
deixado por esses povos em sua cultura, religião, costumes,
culinária e educação. Toda a trajetória de seus governantes
mais contemporâneos, que resume-se ainda no primeiro
presidente nacionalista, eleito em 1959 (Habib Bourguiba) e
que ficou no poder até 1987; na entrada de Ben Ali no mesmo
ano, até ser derrubado do poder em 2011 (Como já dito
anteriormente) até chegarmos à situação atual, com o presidente
Moncef Marzouki, tudo retrata a força de um povo
politizado que contribuiu sobremaneira para metamorfosear
todo o contexto político e social do mundo árabe atual.
Para quem deseja viajar ao país é importante saber que os
roteiros variam de uma agência para outra, mas basicamente
o destino todo — de Norte a Sul — contempla capitais
cosmopolitas, balneários de luxo e paisagens desérticas
capazes de preencherem os dias e as noites de muitas exclamações
e compromissos. No meu caso, os compromissos
começavam sempre às sete da manhã e terminavam duas
ou três da madrugada com extensa lista de lugares maravilhosos
para conhecer. Por isso, afirmo que para os que
desejam viagens diferenciadas e sensoriais, certamente a
Tunísia é o lugar mais adequado e com um outro ponto
a favor: não é necessário visto de turista. Túnis, Sid Bou
Said, Costa do Cartago, Kairouan, Sousse, El Jem, Matmata,
Djerba, KsarGhilane, Douz, Tozeur, Tamerza, Chebika,
Chenini, Sbeitla, Hammamet... Não demora muito
e todos esses nomes vão se tornando bastante familiares,
emoldurando uma viagem de sonhos reais, embora em
muitas situações a gente se pergunte se realmente está ali,
vivenciando aquilo tudo. Divididas em duas partes, essa
reportagem mostrará as belezas, os sabores e os patrimônios
encontrados de Túnis à Matmata. As outras regiões
você conhecerá na nossa edição de novembro. Para aqueles
que ainda não tiveram contato com a cultura árabe, o país é
um ponto de partida bastante interessante, principalmente
pelas características de seu povo: hospitaleiro, alegre, sorridente
e que adora a nação brasileira, cuja demonstração
de afeto é produzida continuamente nos souks, nas lojas,
nos cafés... Os nomes de Pelé, Ronaldinho e Neymar 4
e EXPRESSÕES
ÁRABES MAIS FALADAS
NA TUNÍSIA
4Núchkôr Állah:
Graças a Deus
4Saha: Saúde
4Salam: Paz
4Chahya Tayra: Bom apetite
4Habib: querido
4Isa Bitrid: Por favor
4Áfuan: desculpe-me
4Yála: vamos
4Adêch: Quanto custa?
DE MALAS PRONTAS!
44Dinar: a moeda local do país é o Dinar e não se deve sair do hotel sem ela. Embora alguns
lugares aceitem dólares e cartões de crédito, no dia a dia é esta moeda que você mais vai usar.
4Gorjetas: Para tudo, mas para tudo mesmo, você deve dar gorjetas. Desde o motorista da
van, passando pelo guia turístico até chegar no carregador de malas, o gesto deve ser repetido
muitas vezes na Tunísia. Quanto aos restaurantes, uma vez que não cobram dez por cento dos
serviços, nem é preciso dizer que garçons e manobristas devem ser lembrados. A média das
gorjetas fica ao seu critério, mas na maioria dos casos nunca menos que cinco dólares.
4Trajes: Nos lugares religiosos as mulheres devem sempre cobrir os cabelos com lenços ou
pashiminas. Os homens não podem entrar de bermuda ou de camisas de manga curta. Tanto homens
quanto mulheres religiosas usam as túnicas para entrarem em qualquer lugar religioso do país.
4Casamentos: Até os dias atuais, a família da noiva recebe um dote da família do noivo. A mulher ganha de
presente do marido ouro e jóias e a festa de casamento tunisiana costuma durar até cinco dias com muita
comida, música e dança árabe onde as duas famílias se reúnem para uma comemoração sem fim.
4Religião: Predominante muçulmana (97%), mas existem judeus
e cristãos que convivem pacificamente na Tunísia.
4Idioma Oficial: Árabe. Francês é bastante falado no país, e atualmente
o uso do espanhol tem se difundido bastante.
4Visto de entrada: Não é preciso visto para entrada no país, mas o
passaporte válido por no mínimo seis meses é obrigatório.
4Souks: Os zocos ou mercados estão por todas as cidades da Tunísia, e entre ruelas, becos
e ruazinhas descobrimos verdadeiras obras de artes, roupas, acessórios e túnicas.
BRASIL TRAVEL NEWS 2012 69