CaracterÃsticas da Carcaça de Caprinos das Raças ... - CCA/UFPb
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS<br />
PROGRAMA PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA<br />
Características <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó<br />
Criados em Confinamento e Alimentados com Dietas Contendo Dois Níveis<br />
<strong>de</strong> Energia<br />
Ana Cristina Chacon Lisboa<br />
Zootecnista<br />
AREIA – PARAÍBA<br />
AGOSTO - 2008
ANA CRISTINA CHACON LISBOA<br />
Características <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó<br />
Criados em Confinamento e Alimentados com Dietas Contendo Dois Níveis<br />
<strong>de</strong> Energia<br />
Defesa apresenta<strong>da</strong> ao Programa <strong>de</strong> Pós-<br />
Graduação em Zootecnia, do Centro <strong>de</strong><br />
Ciências Agrárias, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>da</strong> Paraíba, como parte <strong>da</strong>s exigências para<br />
a obtenção do titulo <strong>de</strong> Mestre em<br />
Zootecnia, Área <strong>de</strong> concentração:<br />
Produção Animal.<br />
Comitê <strong>de</strong> Orientação:<br />
Prof. Dr. Dermeval Araújo Furtado<br />
Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Prof. Dr. Roberto Germano <strong>da</strong> Costa<br />
AREIA - PB<br />
AGOSTO – 2008
L769c<br />
Ficha Catalográfica Elabora<strong>da</strong> na Seção <strong>de</strong> Processos<br />
Técnicos <strong>da</strong><br />
Biblioteca Setorial <strong>de</strong> Areia-PB, <strong>CCA</strong>/UFPB.<br />
Bibliotecária: Katiane <strong>da</strong> Cunha Souza CRB-15/353<br />
Lisboa, Ana Cristina Chacon<br />
Características <strong>da</strong> carcaça <strong>de</strong> caprinos <strong>da</strong>s raças canindé e moxotó criados em<br />
confinamento e alimentados com dietas contendo dois níveis <strong>de</strong> energia. / Ana<br />
Cristina Chacon Lisboa – Areia- PB: UFPB/<strong>CCA</strong>, 2008.<br />
68 f.<br />
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Paraíba -<br />
Centro <strong>de</strong> Ciências Agrárias, Areia, 2008.<br />
Bibliografia<br />
Orientador: Dermeval Araújo Furtado<br />
Co-orientador: Ariosvaldo Nunes <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros; Roberto Germano <strong>da</strong> Costa<br />
1. Feno <strong>de</strong> Maniçoba 2. Características <strong>de</strong> Carcaça 3. <strong>Caprinos</strong> Nativos 4.<br />
Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Carne I Furtado, Dermeval Araújo (Orientador) II.Título.<br />
CDU: 636.39 (043.2)
DEDICO<br />
Aos meus pais Pedro Martinho e Maria do Carmo, pelos ensinamentos<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, pelo incentivo, compreensão, amor, pela presença constante<br />
sempre me apoiando, aos meus irmãos Luciano, Marília e Eduardo pelo<br />
carinho <strong>de</strong> sempre, e a minha sobrinha Isabela por encher nosso lar <strong>de</strong><br />
alegria.
AGRADECIMENTOS<br />
A Deus, pela presença constante em minha vi<strong>da</strong>.<br />
À minha família, pelo apoio, confiança e educação.<br />
Ao meu noivo Tiago Araújo, pelo seu amor em mim <strong>de</strong>positado, pela paciência<br />
nos momentos difíceis, pelo companheirismo e por to<strong>da</strong> contribuição <strong>da</strong><strong>da</strong> a este<br />
trabalho.<br />
Ao meu orientador Prof. Dr. Dermeval Araujo Furtado, pela orientação,<br />
ensinamento e <strong>de</strong>dicação na realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Ao Centro <strong>de</strong> Ciências Agrárias <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Paraíba, pelas<br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ofereci<strong>da</strong>s.<br />
A Estação Experimental <strong>de</strong> São João do Cariri, na pessoa do Coor<strong>de</strong>nador José<br />
Moraes, local on<strong>de</strong> esta pesquisa foi realiza<strong>da</strong>.<br />
Ao Laboratório <strong>de</strong> Bromatologia do Departamento <strong>de</strong> Nutrição do Centro <strong>de</strong><br />
Ciências <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> UFPB, João Pessoa, on<strong>de</strong> foram feitas to<strong>da</strong>s as análises físico<br />
químicas. Em especial a Eliei<strong>de</strong>, Gabriela, Estefania e Ilka, por todo apoio e<br />
contribuição <strong>da</strong><strong>da</strong> a este trabalho.<br />
Ao Professor e amigo Ariosvaldo Nunes <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, pelas valiosas<br />
contribuições, ensinamentos, <strong>de</strong>dicação, pessoa esta que admiro.<br />
Ao Professor Roberto Germano Costa pelas orientações e tempo a mim<br />
dispensado.<br />
A Professora Rita <strong>de</strong> Cássia Ramos do Egypto Queiroga, pelas valiosas<br />
orientações e ensinamentos.<br />
A todos os professores do Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Zootecnia do Centro<br />
<strong>de</strong> Ciências Agrárias. Em especial a Professora Patrícia Emilia Givisiez.<br />
A coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Zootecnia – UFPB, Prof. Dr.<br />
Ariosvaldo Nunes <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros.<br />
A CAPES, pela concessão <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> estudo.<br />
A secretária Graça pela amiza<strong>de</strong> e carinho que guar<strong>da</strong>rei na lembrança. A Dona<br />
Carmen por seus maravilhosos cafezinhos e ao Sr. Damião.<br />
As amigas <strong>de</strong> trabalho Ligia e Jória, pelos momentos vividos em São João do<br />
Cariri, e a Robson que tanto contribuiu para este trabalho.
Aos meus compadres e eternos amigos e irmãos Tobyas e Carol, Valdi e Aline,<br />
Henrique e Michelle, Edvaldo Beltrão e Robéria e a Delka pelo carinho e amiza<strong>de</strong>.<br />
Aos meu colegas contemporâneos do curso <strong>de</strong> mestrado, Aurinês, Aluska,<br />
Delka, Denise, Camila, Emerson, Emannuel, Helton, Tiago Araújo, Wlisses, Samuel,<br />
Andréa, Lígia, Janaína e Michelle.<br />
Aos amigos <strong>de</strong> Pós Graduação Érllens, Leilson, Nelson, Teodorico, Ana Sancha,<br />
Claudia Goulart, Thiago Tobata, Sidney, Raul Cunha, Ebson, Welington, André Tinoco,<br />
Josimar, Marcos Jácome, Luciana, Jória, Alexandre, Marcelo, Maurício.<br />
As moradoras <strong>da</strong> casa feminina do mestrado on<strong>de</strong> dividimos vários momentos<br />
inesquecíveis: Alessandra, Ligia, Julicely, Lili, Edvania, Jailma, Samara, Cicília,<br />
Darklê, Juliana, Jussara, Delka e Ludimila.<br />
Aos participantes <strong>da</strong> análise sensorial, pela disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e preciosa aju<strong>da</strong>.<br />
A todos que, traídos pela memória, foram esquecidos e que contribuíram<br />
direta ou indiretamente para a realização <strong>de</strong>ste trabalho: minha eterna gratidão.
Sumário<br />
Pagina<br />
Lista <strong>de</strong> Tabelas<br />
IX<br />
Lista <strong>de</strong> Figuras<br />
XI<br />
Resumo<br />
Abstract<br />
Capítulo I Referencial Teórico 1<br />
Grupo Genético Nativo 2<br />
Níveis <strong>de</strong> Energia x Volumoso 4<br />
Confinamento 5<br />
Características <strong>da</strong> Carcaça 8<br />
Componentes Não Constituintes <strong>da</strong> Carcaça 9<br />
Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Carne 10<br />
Referências Bibliográficas 13<br />
Capítulo II<br />
Características Quantitativa <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong><br />
<strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó Criados em Sistema <strong>de</strong><br />
Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong><br />
Energia<br />
17<br />
Resumo 18<br />
Abstract<br />
Introdução 19<br />
Material e Métodos 22<br />
Resultados e Discussão 30<br />
Conclusões 40<br />
Referências Bibliográficas 41
Capítulo III<br />
Características Físicas, Químicas e Sensoriais <strong>da</strong><br />
carne <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó<br />
Criados em Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados<br />
com Dois Níveis <strong>de</strong> Energia 43<br />
Resumo 44<br />
Abstract<br />
Introdução 45<br />
Material e Métodos 47<br />
Resultados e Discussão 56<br />
Conclusões 62<br />
Referências Bibliográficas 63<br />
Apêndice 65
Tabela 1<br />
Lista <strong>de</strong> Tabelas<br />
Capítulo II<br />
Página<br />
Participação dos ingredientes e composição química <strong>da</strong><br />
dieta experimental com base na matéria seca 23<br />
Tabela 2<br />
Médias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s barimétricas, <strong>de</strong>svio padrão e<br />
coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos nativos criados em<br />
confinamento 31<br />
Tabela 3<br />
Médias dos rendimentos <strong>de</strong> carcaça, <strong>de</strong>svio padrão e<br />
coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos confinados<br />
alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia 32<br />
Tabela 4<br />
Médias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s morfométricas, <strong>de</strong>svio padrão e<br />
coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos alimentados com dois<br />
níveis <strong>de</strong> energia 35<br />
Tabela 5<br />
Médias dos pesos e percentagem dos cortes comerciais,<br />
<strong>de</strong>svio padrão e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos nativos<br />
alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia 36<br />
Tabela 6<br />
Médias dos componentes não constituintes <strong>de</strong> carcaça,<br />
<strong>de</strong>svio padrão e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos<br />
nativos alimentados com diferentes níveis <strong>de</strong> energia 38
Tabela 1<br />
Capítulo III<br />
Página<br />
Participação dos ingredientes e composição química <strong>da</strong><br />
dieta experimental com base na matéria seca 48<br />
Tabela 2<br />
Médias <strong>da</strong> composição centesimal e coeficiente <strong>de</strong> variação<br />
<strong>de</strong> caprinos nativos criados em sistema <strong>de</strong> confinamento<br />
alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
57<br />
Tabela 3<br />
Medias <strong>da</strong> analise sensorial e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong><br />
caprinos nativos criados em sistema <strong>de</strong> confinamento<br />
alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
58<br />
Tabela 4<br />
Medias <strong>da</strong> cor (L*, a* e b*), pH e coeficiente <strong>de</strong> variação<br />
<strong>de</strong> caprinos nativos criados em confinamento alimentados<br />
com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
60
Lista <strong>de</strong> Figuras<br />
Capítulo II<br />
Página<br />
Figura 1 Carcaça <strong>de</strong> caprinos nativos manti<strong>da</strong>s na câmara fria 26<br />
Figura 2<br />
Cortes comerciais na meia carcaça esquer<strong>da</strong> <strong>de</strong> caprinos<br />
1-Perna, 2-Lombo, 3-Costelas,<br />
4-Paleta, 5-Pescoço 27<br />
Figura 3<br />
Mensurações no músculo longissumus dorsi, na altura <strong>da</strong><br />
13 a costela: A (largura máxima): B (profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
máxima); C (espessura mínima <strong>de</strong> gordura) 28<br />
Lista <strong>de</strong> Figuras<br />
Capítulo III<br />
Página<br />
Figura 1 Amostra para composição centesimal 49<br />
Figura 2 Estufa utiliza<strong>da</strong> para obtenção <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> 50<br />
Figura 3 Mufla on<strong>de</strong> as amostras foram incinera<strong>da</strong>s 51<br />
Figura 4 Amostras esfriando após a digestão 52<br />
Figura 5 Triturador Biomatic 53<br />
Figura 6 Preparação <strong>da</strong> carne para analise sensorial 54
Capítulo I-Referencial Teórico<br />
Características <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó Criados em<br />
Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong> Energia
Características <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó Criados em<br />
Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong> Energia<br />
Resumo: Objetivou-se com esse trabalho avaliar, os rendimentos <strong>da</strong> carcaça e a<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne <strong>de</strong> caprinos nativos em confinamento, alimentados com dois níveis<br />
<strong>de</strong> energia. O experimento foi realizado na Estação Experimental <strong>de</strong> São João do Cariri,<br />
<strong>da</strong> UFPB. Utilizou-se 40 animais, todos machos, castrados, sendo 20 animais <strong>da</strong> raça<br />
Moxotó e 20 animais <strong>da</strong> raça Canindé. Utilizaram-se duas dietas, sendo uma <strong>de</strong> alto<br />
valor energético 2,71 (Mcal/kg MS), com uma relação volumoso: concentrado (V:C) <strong>de</strong><br />
35:65 e outra <strong>de</strong> baixo valor energético 2,20 (Mcal/kg MS), sendo a relação V:C <strong>de</strong><br />
70:30. O experimento teve duração <strong>de</strong> 86 dias. Foram analisa<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s<br />
zoométricas e morfométricas, os rendimentos <strong>de</strong> carcaça, os cortes comerciais e os<br />
componentes não constituintes <strong>de</strong> carcaça. Para quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne foi realiza<strong>da</strong> as<br />
seguintes analises: Composição centesimal e sensorial. Os animais <strong>da</strong> raça Canindé e os<br />
animais que consumiram a dieta com maior nível <strong>de</strong> energia 2,71 (Mcal/kg.MS)<br />
apresentaram para os rendimentos <strong>de</strong> carcaça fria e conformação <strong>de</strong> carcaça 46,51% e<br />
3,38 (em escala <strong>de</strong> 1-5) e 48,33% e 3,50, respectivamente. Os animais <strong>da</strong> raça Moxotó<br />
apresentaram uma carne com maior teor <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> (75,5%) do que os animais <strong>da</strong> raça<br />
Canindé (73,87%), como também sua carne foi mais macia e suculenta quando<br />
compara<strong>da</strong> a raça Canindé. A dieta não influenciou (p>0,05) na composição centesimal<br />
<strong>da</strong> carne, porém, influenciou na analise sensorial. A dieta com maior nível <strong>de</strong> energia<br />
obteve uma carne mais macia e suculenta. Conclui-se que os animais <strong>da</strong> raça Canindé<br />
apresentaram melhores resultados na avaliação quantitativa <strong>da</strong> carcaça quando<br />
comparados com a raça Moxotó. Para a avaliação qualitativa a raça Moxotó apresentou<br />
melhores resultados quando compara<strong>da</strong> a raça Canindé. A dieta com maior nível <strong>de</strong><br />
energia 2,71 Mcal/kg.MS apresentou melhores resultados tanto para avaliação<br />
quantitativa quanto para a qualitativa, quando compara<strong>da</strong> a dieta <strong>de</strong> menor nível <strong>de</strong><br />
energia (2,20 Mcal/kg.MS).<br />
Palavras chave: feno <strong>de</strong> Maniçoba; raças nativas; rendimento <strong>de</strong> carcaça, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
carne.
Carcass characteristics of the breeds of goats and Canindé Moxotó Raised in<br />
confinement and fed diets containing two levels of Energy<br />
Abstract: The objective is to evaluate this work, yields of carcass and meat quality of<br />
native goats in confinement, fed two energy levels. The experiment was conducted at<br />
the Experimental Station of St. John the Cariri, the UFPB. We used 40 animals, all<br />
male, castrated, and 20 animals of the breed Moxotó and 20 animals of the breed<br />
Canindé. We used two diets, one high-energy 2.71 (Mcal / kg DM) with a forage:<br />
concentrate (F: C) of 35:65 and a low energy 2.20 (Mcal / kg MS), with the V: C, 70:30.<br />
The experiment lasted for 86 <strong>da</strong>ys. Were analyzed and morphometric measures<br />
zoométricas, yields of carcass, the commercial cuts and the non carcass constituents.<br />
For meat quality was conducted the following analysis: proximate composition and<br />
sensory. The race Canindé animals and animals that consumed a diet with higher energy<br />
level of 2.71 (Mcal / kg.MS) presented to the cold carcass yield and carcass<br />
conformation of 46.51% and 3.38 (scale of 1-5) and 48.33% and 3.50, respectively. The<br />
animals of the breed Moxotó had a beef with a higher moisture content (75.5%) than the<br />
animals of the breed Canindé (73.87%), but its meat was more ten<strong>de</strong>r and juicy when<br />
compared to race Canindé. The diet did not influence (p> 0.05) in proximate<br />
composition of meat, however, influenced the sensory analysis. The diet with higher<br />
energy level had a more ten<strong>de</strong>r meat and succulent. It is conclu<strong>de</strong>d that the animal's<br />
breed Canindé showed better results in the quantitative evaluation of the carcass when<br />
compared with race Moxotó. For the qualitative assessment Moxotó race showed better<br />
results when compared to race Canindé. The diet with higher energy level of 2.71 Mcal<br />
/ kg.MS showed better results both for quantitative evaluation as to the quality,<br />
compared the diets of lower energy (2.20 Mcal / kg.MS).<br />
Keywords: carcass yield; maniçoba of hay, native breeds, meat quality
Grupo genético nativo<br />
Os primeiros animais domésticos chegaram ao Brasil na época <strong>da</strong> colonização,<br />
on<strong>de</strong> os animais trazidos <strong>da</strong> Europa não tinham especificação <strong>de</strong> raça, conceito<br />
<strong>de</strong>sconhecido naquela época. Segundo historiadores, tratava-se <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> pequena<br />
estatura e rústicos, para comerem pouco e sobreviverem durante o trajeto marítimo até a<br />
América.<br />
Dentre os recursos genéticos disponíveis no semi-árido, enfatiza-se o potencial<br />
<strong>de</strong> uso <strong>da</strong>s raças caprinas e ovinas nativas. Tem-se, como pressuposto teórico, que os<br />
cinco séculos <strong>de</strong> seleção natural promoveram elevado valor a<strong>da</strong>ptativo em relação ao<br />
ambiente semi-árido, com expectativa <strong>de</strong> maior eficiência na produção animal. Entre os<br />
problemas encontrados para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> caprina <strong>da</strong> região semiári<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong>stacam-se o genótipo e seu potencial produtivo (Silva et al., 2006).<br />
Muito se tem avançado nas discussões sobre a importância <strong>da</strong> conservação dos<br />
recursos genéticos no Brasil. A visão <strong>de</strong> que as raças <strong>de</strong> outros países eram sempre<br />
melhores que as raças brasileiras vêm per<strong>de</strong>ndo terreno a ca<strong>da</strong> dia. Profissionais mais<br />
conscientes <strong>da</strong>s suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s científicas, já se aventuram na utilização dos recursos<br />
genéticos brasileiros como objeto <strong>de</strong> estudo e como alternativa viável para o surgimento<br />
<strong>de</strong> uma raça mais produtiva e a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> ao ambiente em que vive. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50,<br />
Octavio Domingues já chamava a atenção para a importância do uso dos recursos<br />
genéticos locais, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>screve e caracteriza as principais raças nativas brasileiras<br />
(Me<strong>de</strong>iros et al., 2004).<br />
Os caprinos e ovinos, através <strong>de</strong> suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, representam<br />
elementos estratégicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância econômica e social, sendo uma <strong>da</strong>s<br />
poucas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias viáveis nas regiões semi-ári<strong>da</strong>s do Nor<strong>de</strong>ste. Esta é<br />
uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que apresenta enorme potencial produtivo (tanto em termos <strong>de</strong> carne,<br />
como pele e esterco), caracteriza<strong>da</strong> por apresentar alta eficiência para ganhar peso nos<br />
primeiros seis meses <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, aliando-se a um rápido ciclo reprodutivo e a um mercado<br />
ávido, com eleva<strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pelos produtos.<br />
A maioria <strong>da</strong> área utiliza<strong>da</strong> para produção animal na região semi-ári<strong>da</strong> do<br />
Nor<strong>de</strong>ste é constituí<strong>da</strong> <strong>da</strong> vegetação típica <strong>da</strong> caatinga, com gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> árvores<br />
e arbustos e, em menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, por um estrato herbáceo constituído,
principalmente, <strong>de</strong> espécies anuais. A composição botânica e as baixas precipitações<br />
pluviométricas contribuem para baixas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas e extremas variações,<br />
tanto em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> como em quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s pastagens nativas do semi-árido (Oliveira<br />
et al., 2002).<br />
A espécie caprina caracteriza-se pela a<strong>da</strong>ptação as mais diversas condições <strong>de</strong><br />
ambiente, verificando-se a sua ocorrência em quase to<strong>da</strong>s as regiões do mundo. Isso<br />
<strong>de</strong>corre <strong>da</strong> facili<strong>da</strong><strong>de</strong> do caprino a<strong>da</strong>ptar-se as mais diferentes dietas, associa<strong>da</strong> à sua<br />
acentua<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aclimatação (Oliveira et al., 2006). As raças nativas, pela<br />
seleção natural a que foram submeti<strong>da</strong>s, suportam o rigor do clima e são a<strong>de</strong>quados aos<br />
sistemas <strong>de</strong> produção predominantes <strong>da</strong> região. Apesar <strong>de</strong>ssa habili<strong>da</strong><strong>de</strong>, estudos<br />
mostram que o número <strong>de</strong> animais dos grupos nativos está diminuindo (Ribeiro et al.,<br />
2004), em <strong>de</strong>corrência dos cruzamentos <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nados com raças exótica.<br />
A seguir apresenta-se uma <strong>de</strong>scrição pormenoriza<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> genótipo, ecotipo<br />
ou raça que serão avalia<strong>da</strong>s neste estudo transcrito <strong>de</strong> Ribeiro et al. (2004):<br />
Moxotó ⇒ Raça naturaliza<strong>da</strong> do nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Foi introduzi<strong>da</strong> no país pelos<br />
colonizadores, é rústica e a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> a zona semi-ári<strong>da</strong> <strong>da</strong> região nor<strong>de</strong>ste. A origem do<br />
nome "Moxotó" provém do vale do Rio Moxotó, no estado <strong>de</strong> Pernambuco, on<strong>de</strong> se<br />
concentrava a raça. Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> é cria<strong>da</strong>, principalmente, nos estados <strong>da</strong> Bahia, Ceará,<br />
Paraíba, Pernambuco e Piauí. Esta é a única raça brasileira com padrão reconhecido e<br />
homologado junto à Associação Brasileira <strong>de</strong> Criadores <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong>. Apresenta<br />
pelagem branca ou baia, com uma listra negra <strong>de</strong>scendo <strong>da</strong> base dos chifres até a ponta<br />
do focinho, po<strong>de</strong>ndo formar uma auréola em torno <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s orbitárias. Apresenta<br />
pelagem branca, com o ventre, uma lista que se esten<strong>de</strong> do bordo superior do pescoço à<br />
base <strong>da</strong> cau<strong>da</strong>, duas faixas longitudinais que se esten<strong>de</strong>m até a ponta do focinho e as<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos membros, <strong>de</strong> coloração preta. As orelhas são pequenas e as mucosas,<br />
as unhas e o úbere, pigmentados. O peso médio <strong>da</strong>s fêmeas é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 31 kg, com<br />
uma estatura média <strong>de</strong> 62 cm. São animais <strong>de</strong>stinados para a produção <strong>de</strong> pele,mas que<br />
estão sendo melhorados para a produção <strong>de</strong> carne e leite.<br />
Canindé ⇒ Raça dita como nativa do nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Raça naturaliza<strong>da</strong> do<br />
Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro e provavelmente originária <strong>da</strong> raça Grisonne Negra, dos Alpes<br />
Suíços. Alguns afirmam que o nome é oriundo <strong>de</strong> "Calindé" que era a tanga branca, <strong>de</strong><br />
algodão rústico, usa<strong>da</strong> pelos escravos. O escravo vestia sua "calindé" <strong>da</strong> mesma maneira
que essa cabra vestia a sua "calindé", alusão <strong>da</strong> parte baixa do corpo <strong>de</strong> cor branca,<br />
mantendo-se o restante <strong>de</strong> cor preta. Outros afirmam ter origem <strong>da</strong> região do Vale do<br />
Rio Canindé, no Piauí. O nome consolidou-se como Canindé. Este significa "faca<br />
pontu<strong>da</strong>", usa<strong>da</strong> principalmente no sertão cearense ou também po<strong>de</strong> significar as pedras<br />
ou lascas rochosas que serviam para afiar lâminas ou peixeiras no sertão do Piauí.<br />
Apresenta a cabeça negra, com mancha baia, <strong>de</strong> tamanho variado, na região <strong>da</strong> garganta.<br />
Na face, uma faixa branca ("lágrima") estreita percorre a arca<strong>da</strong> orbitária pelo lado<br />
interno (cranial), <strong>de</strong>scendo até os lacrimais, ou pouco mais. Os pêlos <strong>da</strong> parte externa <strong>da</strong><br />
orelha são negros, mas claros na parte interna e nos bordos são claros. O focinho é<br />
negro. A linha branca ventral tem início na base do peito, seguindo pelas axilas,<br />
passando pela região inguinal e pelas ná<strong>de</strong>gas, chegando até á base <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong><br />
cau<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> os pêlos <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s inferiores são claros. Os membros dianteiros e traseiros<br />
são negros na frente e brancos atrás, com exceção dos joelhos que são brancos, tanto na<br />
frente como atrás. Os cascos são sempre negros. E comum encontrar-se animais com<br />
pelagem preta e vermelha ao invés <strong>de</strong> preta e baia. Apresenta peso corporal médio <strong>de</strong> 35<br />
kg a 40 kg e altura aproxima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 55 cm. São rústicas e prolíferas. Esta raça apresenta<br />
dupla aptidão, leite, carne e produção <strong>de</strong> pele. Apresenta uma produção <strong>de</strong> leite acima<br />
<strong>da</strong> média dos caprinos nativos do Brasil.<br />
Níveis <strong>de</strong> energia x volumoso<br />
A alimentação dos animais é um dos principais componentes, constituindo um<br />
fator fortemente restritivo na produção <strong>de</strong> carne caprina, no nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Sua<br />
crescente procura requer melhorias nos <strong>de</strong>sempenhos produtivos do rebanho, exigindo,<br />
<strong>de</strong>ssa forma, estudos que possibilitem estabelecer quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia que aten<strong>da</strong>m<br />
às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses animais, observando o tipo <strong>de</strong> alimento empregado, pois o<br />
melhor <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> caprinos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s características do animal e <strong>da</strong> elaboração<br />
<strong>de</strong> dietas mais eficientes (Alves, 2002).<br />
O termo freqüentemente empregado para <strong>de</strong>screver o limite máximo <strong>de</strong> apetite é<br />
o consumo voluntário, adquirido quando o alimento é oferecido à vonta<strong>de</strong>. De acordo<br />
com Mertens (1992), o consumo é função do alimento (<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> energética, teor <strong>de</strong><br />
nutrientes, necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mastigação, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enchimento, entre outros); do<br />
animal (peso vivo, variação do peso vivo, estado fisiológico, nível <strong>de</strong> produção, etc), e
<strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> alimentação (espaço no cocho, disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento, tempo <strong>de</strong><br />
acesso ao alimento, freqüência <strong>de</strong> alimentação, entre outros).<br />
Os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar às<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais, especialmente em energia. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> energia retar<strong>da</strong> o<br />
crescimento, aumenta a i<strong>da</strong><strong>de</strong> à puber<strong>da</strong><strong>de</strong>, reduz a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong>, diminui o ganho <strong>de</strong> peso<br />
e a produção leiteira (Resen<strong>de</strong> et al., 2001).<br />
Segundo Oliveira et al. (1998) através do fornecimento <strong>de</strong> rações balancea<strong>da</strong>s é<br />
possível conseguir maior ganho diário em peso e redução <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> ao abate, com<br />
reflexos positivos sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s carcaças e sobre a oferta <strong>de</strong> carne na<br />
entressafra. Existem fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong>s características relaciona<strong>da</strong>s à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carcaça e <strong>da</strong> carne, tais como raça, sexo, i<strong>da</strong><strong>de</strong> e principalmente aqueles<br />
relativos ao meio e à nutrição (Osório, 1998). Dentre esses fatores, vários po<strong>de</strong>m afetar<br />
o rendimento <strong>de</strong> carcaça, sobretudo a alimentação, que, inquestionavelmente, é um dos<br />
mais prepon<strong>de</strong>rantes, especialmente os níveis <strong>de</strong> energia na dieta.<br />
O teor energético <strong>da</strong>s rações também tem gran<strong>de</strong> influência sobre o <strong>de</strong>sempenho<br />
dos animais, pois, o animal consome alimento para manter a ingestão constante <strong>de</strong><br />
energia em que, o fator <strong>de</strong>terminante <strong>da</strong> sacie<strong>da</strong><strong>de</strong>, nesse caso, é a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> calórica <strong>da</strong><br />
ração (Van Soest, 1994).<br />
Existem poucos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa no Brasil <strong>de</strong>stinados ao conhecimento dos<br />
níveis i<strong>de</strong>ais dos nutrientes exigidos pela espécie caprinas e ovinas, e seus possíveis<br />
efeitos sobre as características <strong>de</strong> carcaça. Dentre os nutrientes a serem supridos, a<br />
energia tem recebido atenção especial por ser <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância para o<br />
funcionamento dos órgãos vitais, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e renovação <strong>da</strong>s células e processos <strong>de</strong><br />
utilização dos nutrientes, entre outros (Zundt et al., 2002). De acordo com Zambom et<br />
al. (2006), a suplementação <strong>de</strong> energia melhora a eficiência <strong>de</strong> crescimento e aumenta<br />
com isto o rendimento e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carcaça.<br />
Confinamento<br />
Sistema <strong>de</strong> produção é um conjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> tal forma or<strong>de</strong>nados que<br />
estejam dirigidos ao objetivo <strong>de</strong> produzir bem e com quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Se um <strong>de</strong>sses elementos<br />
não funcionar corretamente, to<strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia entrará em <strong>de</strong>sequilíbrio. Os sistemas <strong>de</strong>
produção dos ruminantes no mundo, mais nota<strong>da</strong>mente os <strong>de</strong> caprinos, são<br />
predominantemente extensivos. Portanto, a observação <strong>da</strong> interação genótipo e meio<br />
ambiente, se constitui fatores <strong>de</strong>terminantes para o sucesso dos sistemas (Siqueira et al.,<br />
1993).<br />
No caso brasileiro, <strong>da</strong><strong>da</strong> a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> terras, a <strong>de</strong>scapitalização dos<br />
produtores rurais, o ain<strong>da</strong> baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo dos consumidores e a insipiência <strong>de</strong><br />
um efetivo sistema <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> carcaças, po<strong>de</strong> ser viável adotar o sistema <strong>de</strong><br />
confinamentos, visando a terminação dos animais durante a entressafra, utilizando-se<br />
instalações simples e práticas, fornecendo-se alimentos produzidos na própria fazen<strong>da</strong>,<br />
como feno e silagem.<br />
Para Siqueira et al. (1993) não há um sistema <strong>de</strong> produção padrão para a criação<br />
<strong>de</strong> caprinos que funcione <strong>de</strong> maneira eficiente em to<strong>da</strong>s as regiões, <strong>de</strong>vendo-se levar em<br />
consi<strong>de</strong>ração as características climáticas, a localização, a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos<br />
e a raça.<br />
A terminação em confinamento é um sistema que é utilizado e apresenta bons<br />
resultados, esta prática po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as regiões do País. No Nor<strong>de</strong>ste<br />
brasileiro, ela é especificamente recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para as áreas semi-ári<strong>da</strong>s, nota<strong>da</strong>mente<br />
durante a época seca, on<strong>de</strong> se observa gran<strong>de</strong> carência <strong>de</strong> forragem nas pastagens. Para<br />
outras regiões do país, on<strong>de</strong> a preocupação com as helmintoses gastrintestinais são<br />
muito maiores, o confinamento po<strong>de</strong>rá ser realizado em qualquer época do ano.<br />
Segundo Ribeiro et al. (2001) o uso do confinamento para terminação <strong>de</strong><br />
caprinos tem sido recomen<strong>da</strong>do por apresentar várias vantagens, tais como, bons<br />
ganhos <strong>de</strong> peso, menor mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> e maior lucro final para os produtores.<br />
Na avaliação do confinamento, outros benefícios indiretos ao sistema <strong>de</strong> ciclo<br />
completo <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados, como a aceleração do giro <strong>de</strong> capital, redução <strong>da</strong><br />
carga animal <strong>da</strong>s pastagens durante a escassez, programação <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>de</strong><br />
comercialização e abate <strong>de</strong> animais mais jovens, com melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carcaça e<br />
carne (Almei<strong>da</strong> et al., 2004). As instalações <strong>de</strong>vem ser simples e <strong>de</strong> baixo custo,<br />
constituí<strong>da</strong>s, basicamente, <strong>de</strong> curral, comedouros, bebedouros e saleiros. O curral<br />
po<strong>de</strong>rá ter piso <strong>de</strong> "chão batido" ou cimentado na área coberta.
Segundo Carvalho et al. (2001), no Brasil, são utilizados basicamente três tipos<br />
<strong>de</strong> confinamento: a céu aberto, semi-coberto e coberto, em duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o<br />
confinamento <strong>de</strong> recria e engor<strong>da</strong> e confinamento <strong>de</strong> acabamento. É necessário o<br />
preparo dos animais, condicionamento para alimentação em cochos, medi<strong>da</strong>s sanitárias,<br />
instalações a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para o manejo e localização estratégica<br />
Em condições <strong>de</strong> pastejo, os caprinos apresentam comportamento mais ativo do<br />
que os ovinos e os bovinos, o que se reflete no maior tempo <strong>de</strong>spendido em pastejo.<br />
Segundo Garcia et al. (1999) a principal causa <strong>de</strong>sse fato é a seleção que esses animais<br />
fazem na escolha do alimento. Segundo estes autores, quando em confinamento, os<br />
caprinos mantêm a maioria <strong>da</strong>s características <strong>de</strong> comportamento dos animais em<br />
pastejo, como a ocupação <strong>da</strong> maior parte do tempo em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s à<br />
alimentação. Da mesma forma que em pastejo, quando confinado, o caprino se mostra<br />
extremamente hábil na seleção <strong>da</strong> parte mais tenra e palatável <strong>da</strong> forragem,<br />
normalmente a <strong>de</strong> maior valor nutritivo.<br />
Entretanto, <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns são verificados e necessitam <strong>de</strong> resolução<br />
imediata, sendo necessário que modificações no sistema tradicional <strong>de</strong> criação, sejam<br />
efetua<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira a favorecer a expressão <strong>da</strong> potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos animais, elevar sua<br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e conseqüentemente tornar mais rentável a exploração. (Barros et al.,<br />
2003).<br />
Estudos têm sido realizados para comparar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o rendimento <strong>da</strong>s<br />
carcaças <strong>de</strong> animais terminados a campo e a confinamento. A maciez, a suculência, a<br />
cor, o odor e o sabor <strong>da</strong> carne caprina e ovina são atributos que estão diretamente<br />
relacionados com a satisfação do consumidor. Consi<strong>de</strong>rando que cabritos terminados<br />
em confinamento são abatidos em i<strong>da</strong><strong>de</strong> precoce (cinco a seis meses), sua carne ain<strong>da</strong><br />
apresenta to<strong>da</strong>s as características organolépticas e sensoriais <strong>de</strong>sejáveis numa carne <strong>de</strong><br />
eleva<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Em geral os resultados têm indicado que os animais confinados crescem mais<br />
rapi<strong>da</strong>mente, utilizam alimentos mais eficientemente e produzem carcaças com mais<br />
carne comercializável: com menos gordura e mais carne vermelha. Estes apresentam<br />
uma carcaça <strong>de</strong> melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, carne mais saborosa e macia, embora apresentem<br />
uma tendência ao acúmulo <strong>de</strong> gordura (Silva et al., 2000).<br />
Sendo assim, o confinamento apresenta-se como uma boa alternativa entre os<br />
diferentes sistemas <strong>de</strong> criação (Carvalho et al., 2001). Várias pesquisas têm sido<br />
realiza<strong>da</strong>s comparando os diversos sistemas <strong>de</strong> criação praticados, verificando-se
superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> dos caprinos confinados em relação aos criados em pastejo (Osório,<br />
1996).<br />
Características <strong>da</strong> carcaça<br />
O conhecimento <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> carcaça é <strong>de</strong> suma importância para<br />
complementar a avaliação <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> valores ao produto, relatam Jorge et al.<br />
(1999). A melhor carcaça é aquela que possui máxima proporção <strong>de</strong> músculo e mínima<br />
<strong>de</strong> ossos, e uma certa proporção <strong>de</strong> gordura, que o mercado ao qual se <strong>de</strong>stina exige e<br />
que seja suficiente para garantir as condições <strong>de</strong> suculência <strong>da</strong> carne, bem como sua<br />
apresentação e conservação (Madruga, 2003). Em algumas regiões, on<strong>de</strong> existe a oferta<br />
<strong>de</strong> carcaças com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> comprova<strong>da</strong> e apresenta<strong>da</strong> em cortes especiais, o consumo<br />
<strong>da</strong> carne caprina expandiu-se, assim como suas formas <strong>de</strong> utilização.<br />
Os diferentes cortes que compõem a carcaça caprina possuem diferentes valores<br />
econômicos e a proporção dos mesmos constitui importante índice para avaliação <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial <strong>de</strong> carcaças. A padronização <strong>de</strong> cortes <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pelo<br />
mercado consumidor, <strong>de</strong>terminando pesos mínimos e máximos, <strong>de</strong> acordo com os<br />
costumes regionais. Para Furusho-Garcia et al. (2004) um corte i<strong>de</strong>al é aquele <strong>de</strong> fácil<br />
utilização na culinária, que não tenha excesso e nem falta <strong>de</strong> gordura. Um ótimo peso<br />
conseguido para ca<strong>da</strong> corte será aquele em que a valorização for máxima, tanto para o<br />
produtor como para o consumidor (Honório, 2003).<br />
O rendimento <strong>de</strong> carcaça é uma característica diretamente relaciona<strong>da</strong> à<br />
produção <strong>de</strong> carne e po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> acordo com fatores intrínsecos (genótipo, sexo, peso<br />
e i<strong>da</strong><strong>de</strong> do cor<strong>de</strong>iro) e/ou extrínsecos (alimentação, tempo <strong>de</strong> jejum e transporte).<br />
A avaliação do rendimento <strong>de</strong> carcaça é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para julgar o<br />
<strong>de</strong>sempenho alcançado pelo animal. Para Tonetto (2004), geralmente os índices <strong>de</strong><br />
rendimento <strong>de</strong> carcaça no rebanho nativo e SRD do nor<strong>de</strong>ste estão e torno <strong>de</strong> 45%,<br />
variando com a i<strong>da</strong><strong>de</strong> do animal, apesar <strong>de</strong> sempre consi<strong>de</strong>rar no processo <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> do<br />
animal 50% <strong>de</strong> rendimento. Outros fatores como o nível <strong>de</strong> alimentação, jejum préabate<br />
(Sañudo, 2002) e características <strong>da</strong> própria carcaça (Silva Sobrinho, 2001),<br />
também influem no seu rendimento.<br />
Segundo Sainz (1996) o rendimento <strong>da</strong> carcaça <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também do conteúdo<br />
visceral que correspon<strong>de</strong> ao aparelho digestório, o qual po<strong>de</strong> variar entre 8 e 18% do<br />
peso vivo <strong>de</strong> acordo com o nível <strong>de</strong> alimentação do animal previamente ao abate. O
conteúdo gastrintestinal é influenciado pela dieta e pelo tempo em que o animal<br />
ingeriu alimentos sólidos ou líquidos antes <strong>de</strong> ser abatido; <strong>da</strong>í a importância do jejum<br />
pré-abate para não sub ou superestimar o rendimento <strong>da</strong> carcaça.<br />
O peso dos órgãos, conteúdo do trato gastrintestinal (TGI), efeito <strong>da</strong> dieta e<br />
genótipo po<strong>de</strong>m ter fortes relações com o rendimento <strong>da</strong> carcaça. Os órgãos internos<br />
po<strong>de</strong>m apresentar tamanho absoluto e relativo diferentes entre si, e em relação ao<br />
peso do corpo vazio (PCV), que, aliás, <strong>de</strong>verá substituir o peso vivo como base <strong>de</strong><br />
referência <strong>de</strong> ganho <strong>de</strong> peso, evitando-se influencia do conteúdo gastrintestinal<br />
(Moron-Fuenmayor et al., 1999).<br />
Alves (2002) trabalhando com diferentes níveis <strong>de</strong> energia, observou que o<br />
aumento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> energia na dieta elevou a relação peso <strong>de</strong> corpo vazio e<br />
conteúdo do TGI, <strong>de</strong>vido ao menor conteúdo gastrintestinal.<br />
Santos (2003) estu<strong>da</strong>ndo a relação volumoso:concentrado na dieta <strong>de</strong><br />
caprinos, constatou que o aumento dos níveis <strong>de</strong> fibra provocou redução nos pesos e<br />
rendimentos <strong>de</strong> carcaça, ou seja, animais que receberam altas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
volumoso apresentaram menores rendimentos <strong>de</strong> carcaça, em comparação a animais<br />
que receberam alta quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concentrado com essa diferença po<strong>de</strong>ndo chegar até<br />
6%.<br />
Componentes não constituintes <strong>da</strong> carcaça<br />
De acordo com Me<strong>de</strong>iros (2001) durante o abate obtêm-se produtos que não<br />
fazem parte <strong>da</strong> carcaça (componentes não constituintes <strong>da</strong> carcaça), porém afetam o seu<br />
rendimento. To<strong>da</strong>via, são poucos os estudos sobre os <strong>de</strong>mais componentes corporais,<br />
além <strong>da</strong> carcaça, e o valor comercial <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>mais componentes (quinto quarto), que<br />
tradicionalmente, servem para pagar os custos <strong>de</strong> abate e formar a margem líqui<strong>da</strong> do<br />
lucro do abatedouro.<br />
Segundo Silva Sobrinho et al. (2002) estes componentes são conhecidos<br />
tradicionalmente no nor<strong>de</strong>ste como bucha<strong>da</strong>. Para Costa et al. (1990) o aproveitamento<br />
dos órgãos e vísceras caprinas na elaboração <strong>de</strong> produtos como a “bucha<strong>da</strong>”, prato<br />
típico <strong>da</strong> culinária nor<strong>de</strong>stina, representa uma importante alternativa econômica na<br />
utilização <strong>de</strong>stes componentes comestíveis, visto que os mercados encontram-se ca<strong>da</strong>
vez mais competitivos, tornando-se necessário o aproveitamento racional dos<br />
subprodutos gerados no processo produtivo.<br />
Além <strong>da</strong> carcaça, os <strong>de</strong>mais componentes do peso vivo apresentam interesse<br />
comercial, como é o caso do componente não carcaça do peso vivo, que é <strong>de</strong>finido<br />
como o conjunto <strong>de</strong> subprodutos obtidos após o sacrifício do animal, que não fazem<br />
parte <strong>da</strong> carcaça (Rosa et al., 2002). De acordo com Silva Sobrinho et al. (2002),<br />
<strong>de</strong>nomina-se componentes não constituintes <strong>da</strong> carcaça, “quinto quarto”, “miúdos” ou<br />
“saí<strong>da</strong>s” todos os componentes do peso vivo, exceto a carcaça. A pele é a mais<br />
importante e valiosa dos componentes que não fazem parte <strong>da</strong> carcaça, pois atinge <strong>de</strong> 10<br />
a 20% do valor do animal.<br />
O restante do quinto quarto tem menor valor, em torno <strong>de</strong> 5% do total do animal<br />
abatido. O fígado e a gordura são, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> pele, as partes mais valiosas (Honório<br />
2003). Sobre o mesmo assunto, Pires et al. (2000) <strong>de</strong>screvem que, na espécie ovina, o<br />
cor<strong>de</strong>iro apresenta os maiores rendimentos, por isso o estudo do crescimento dos<br />
constituintes do corpo do animal (patas, sangue, pele e vísceras) auxilia na <strong>de</strong>terminação<br />
do peso ótimo do abate. Também comentam que tais constituintes têm importância<br />
econômica, uma vez que po<strong>de</strong>m agregar valores à produção ovina.<br />
Segundo Osório et al. (1995a), a importância dos <strong>de</strong>mais componentes do animal<br />
não está somente na per<strong>da</strong> econômica do setor, mas também no alimento ou matériasprimas<br />
que po<strong>de</strong>riam colaborar para diminuir o preço dos produtos e melhorar o nível<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, em países como o Brasil, on<strong>de</strong> a população possui baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo.<br />
O peso e o valor <strong>de</strong>stes componentes variam com a espécie, estado sanitário,<br />
i<strong>da</strong><strong>de</strong>, sexo, raça e alimentação do animal (Rosa et al., 2002). A valorização <strong>de</strong> todos os<br />
componentes corporais motivará o produtor a tomar maiores cui<strong>da</strong>dos sanitários, para<br />
posterior aproveitamento <strong>da</strong>s vísceras, melhorando as condições para que o animal<br />
manifeste todo o seu potencial genético; bem como estará proporcionando uma fonte<br />
alternativa <strong>de</strong> alimento para parte <strong>da</strong> população (Siqueira et al.,2001).<br />
Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne<br />
Para fazer frente a um mercado competitivo, é necessário que a carne caprina<br />
apresente parâmetros quali-quantitativos <strong>de</strong>sejáveis, e que possa ser bem aproveita<strong>da</strong>,<br />
seja através <strong>de</strong> cortes diferenciados, seja nas formas <strong>de</strong> processamento, agregando valor
ao produto, o que contribuiria para a diversificação <strong>da</strong> indústria local <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />
carnes (Zapata et al., 2000).<br />
Segundo Madruga et al. (2000) a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne caprina também é afeta<strong>da</strong><br />
pela falta <strong>de</strong> padronização dos cortes, má quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos produtos, falta <strong>de</strong> canais<br />
a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> comercialização, ausência <strong>de</strong> crédito e assistência técnica <strong>de</strong>ficiente.<br />
Além disso, vale ressaltar que outros fatores influem na produção e no consumo <strong>da</strong><br />
carne caprina, estando estes diretamente ligados à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre os quais a raça, a<br />
i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate, o sistema <strong>de</strong> produção e a castração. Nos últimos anos especial atenção<br />
tem sido <strong>da</strong><strong>da</strong> aos perigos <strong>da</strong>s dietas ricas em gorduras, e como conseqüência, observase<br />
uma crescente valorização dos produtos com quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s reduzi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sse<br />
componente. Atualmente se observa intensa competição entre os setores <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos nas indústrias, para oferecer aos consumidores alimentos<br />
com baixo teor <strong>de</strong> gordura (Madruga et al., 2002).<br />
O valor comercial <strong>da</strong> carne está baseado no seu grau <strong>de</strong> aceitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelos<br />
consumidores, o qual está diretamente correlacionado aos parâmetros <strong>de</strong> palatabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do produto. As características <strong>da</strong> carne que contribuem com a palatabili<strong>da</strong><strong>de</strong> são aquelas<br />
agradáveis aos olhos, nariz e pala<strong>da</strong>r, <strong>de</strong>ntre as quais sobressaem os aspectos<br />
organolépticos <strong>de</strong> sabor ou "flavour" e <strong>de</strong> suculência. Ambas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser<br />
influencia<strong>da</strong>s por diversos fatores, os quais exercem forte influência na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e na<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s gorduras.<br />
Nos últimos anos o interesse pela carne caprina tem crescido, em função também<br />
<strong>de</strong> suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais, pois apresenta baixos teores <strong>de</strong> colesterol, gordura<br />
satura<strong>da</strong> e calorias, quando compara<strong>da</strong> com as <strong>de</strong>mais carnes vermelhas (Madruga<br />
2004a). No entanto, a carne caprina possui sabor e odor característicos, que se acentuam<br />
em animais (Madruga et al., 2000).<br />
Dentre os parâmetros que apresentam influência direta na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne <strong>de</strong><br />
caprinos do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, os químicos tem sido objeto <strong>de</strong> diversas pesquisas.<br />
Observa-se que os conhecimentos científicos relativos à composição centesimal,<br />
composição mineral, perfil <strong>de</strong> ácidos graxos e colesterol <strong>de</strong>stas carnes, sob a influência<br />
dos fatores pré e pós-abate, estão registrados na literatura em revisão <strong>de</strong> Madruga<br />
(2003).
Os aspectos sensoriais também vêm ganhando <strong>de</strong>staque, principalmente no que<br />
diz respeito à correlação entre os atributos sensoriais e a composição química (Madruga<br />
et al., 2002). A carne caprina apresenta uma cor vermelho intenso, bastante<br />
característica. Beserra et al. (2001) relataram que carne caprina apresentou maior pH<br />
final em comparação com outras carnes, levando a uma carne com coloração vermelho<br />
escuro e <strong>de</strong> maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água e conseqüentemente menores per<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> água durante o cozimento. Diversos fatores afetam o gosto e o aroma ("flavour") <strong>da</strong><br />
carne caprina, no entanto as recentes informações ain<strong>da</strong> são insuficientes para que<br />
melhor se compreen<strong>da</strong> o sabor característico <strong>de</strong>sse produto.
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Capítulo II<br />
Características Quantitativa <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó<br />
Criados em Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong> Energia
Características Quantitativa <strong>da</strong> Carcaça <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé e Moxotó<br />
Criados em Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong> Energia<br />
Resumo: Objetivou-se com esse trabalho avaliar quantitativamente, os rendimentos <strong>da</strong><br />
carcaça <strong>de</strong> caprinos nativos em confinamento, alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia.<br />
O experimento foi realizado na Estação Experimental <strong>de</strong> São João do Cariri, <strong>da</strong> UFPB.<br />
Utilizou-se 40 animais, todos machos, castrados, sendo 20 animais <strong>da</strong> raça Moxotó e 20<br />
animais <strong>da</strong> raça Canindé. Utilizaram-se duas dietas, sendo uma <strong>de</strong> alto valor energético<br />
2,71 (Mcal/kg MS), com uma relação volumoso: concentrado (V:C) <strong>de</strong> 35:65 e outra <strong>de</strong><br />
baixo valor energético 2,20 (Mcal/kg MS), sendo a relação V:C <strong>de</strong> 70:30. O<br />
experimento teve duração <strong>de</strong> 86 dias. Foram analisa<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s zoométricas e<br />
morfométricas, os rendimentos <strong>de</strong> carcaça, os cortes comerciais e os componentes não<br />
constituintes <strong>de</strong> carcaça. Para as medi<strong>da</strong>s barimétricas houve efeito significativo<br />
(P
Quantitative characteristics of the carcass of Canindé breeds of goats and Moxotó<br />
Created in Containment System, supplied at Two Levels of Energy<br />
Abstract: The objective of this work is to assess quantitatively, the income from the<br />
carcass of native goats in confinement, fed with two levels of energy. The experiment<br />
was conducted at the Experimental Station of St. John the Cariri of UFPB. It was used<br />
40 animals, all male, castrated, and 20 animals of racial Moxotó and 20 animals of the<br />
race Canindé. Using two diets, one high-energy 2.71 (Mcal / kg DM), with a forage:<br />
concentrate (F: C) in 35:65 and another low in energy 2.20 (Mcal / kg MS), and the V:<br />
C, 70:30. The experiment lasted for 86 <strong>da</strong>ys. We analyzed the zoometric and<br />
morphometric measures, the income of carcass, cuts and commercial components are<br />
not constituents of carcass. For measures barimétricas significant effects (P
INTRODUÇÃO<br />
A produção <strong>de</strong> carne caprina constitui-se em importante ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica no<br />
semi-árido Nor<strong>de</strong>stino, por apresentar-se como uma fonte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, proveniente <strong>da</strong><br />
comercialização <strong>da</strong> carne, <strong>da</strong> pele e do leite, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar-se como pecuária <strong>de</strong><br />
subsistência, tornando-se uma importante fonte protéica alimentar <strong>da</strong>s famílias <strong>da</strong><br />
região. No entanto, são vários os problemas a serem superados pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> caprina no<br />
semi-árido nor<strong>de</strong>stino, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superação <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s geo-climáticas, como os<br />
longos períodos <strong>de</strong> estiagem, tipos <strong>de</strong> solo, <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do ecossistema <strong>da</strong> caatinga,<br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital a ser investido, até mesmo, aspectos sócio-culturais.<br />
Nesta região a baixa produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos rebanhos e suas pequenas taxas <strong>de</strong><br />
crescimento geométrico geram expectativa <strong>de</strong> déficit na oferta <strong>de</strong> carne nos mercados<br />
internos e externos em um futuro próximo (Siqueira et al., 1993). Por outro lado, <strong>de</strong>vese<br />
levar em consi<strong>de</strong>ração que o maior rebanho <strong>de</strong> caprinos no Nor<strong>de</strong>ste é composto por<br />
animais <strong>de</strong> raças nativas e Sem Padrão Racial Definido (SPRD), <strong>de</strong> notável rustici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
porém com baixa produção <strong>de</strong> leite e carne, além <strong>de</strong> possuir pequena variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
genética (Ribeiro et al., 2001).<br />
Além <strong>da</strong>s restrições climáticas, o baixo nível tecnológico em uso pelos<br />
caprinocultores do semi-árido nor<strong>de</strong>stinos, particularmente nas áreas <strong>da</strong> sani<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
alimentação, reprodução e genética, po<strong>de</strong> ser apontado como um dos principais<br />
responsáveis pelos baixos índices produtivos, eleva<strong>da</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> animais jovens,<br />
baixas taxas <strong>de</strong> crescimento, i<strong>da</strong><strong>de</strong> tardia ao abate e à primeira cobrição e pelos<br />
insignificantes rendimentos econômicos. Uma alternativa para aumentar estas<br />
produções e diminuir a i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate seria o confinamento. Este sistema <strong>de</strong> criação<br />
beneficia os animais, já que <strong>de</strong> acordo com Macedo et al., (1999) os animais em<br />
confinamento são favorecidos pelo ambiente <strong>da</strong>s instalações, principalmente pela<br />
menor possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação por helmintos e outros parasitas, obtendo-se melhor<br />
<strong>de</strong>sempenho e atingem peso <strong>de</strong> abate mais cedo que os terminados em pastagens.
Um dos problemas ain<strong>da</strong> a serem resolvidos para caprinos confinados é<br />
<strong>de</strong>terminar a relação ótima entre o volumoso:concentrado. O NRC (1998), preconiza<br />
que o nível <strong>de</strong> concentrado na ração não <strong>de</strong>ve exce<strong>de</strong>r a 70%, pois, <strong>de</strong>ssa forma, a<br />
forragem ingeri<strong>da</strong> não seria a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para manter uma fermentação ruminal normal.<br />
Forbes (1995) afirma que a manutenção <strong>da</strong>s condições i<strong>de</strong>ais do ambiente ruminal<br />
promove um máximo crescimento microbiano, e como conseqüência, o animal mantém<br />
alta ingestão <strong>de</strong> alimentos com satisfatórias produções <strong>de</strong> energia e proteína no rúmen,<br />
sem prejudicar o seu <strong>de</strong>senvolvimento, maximizando sua produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar às<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais, especialmente em energia. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> energia retar<strong>da</strong> o<br />
crescimento, aumenta a i<strong>da</strong><strong>de</strong> à puber<strong>da</strong><strong>de</strong>, reduz a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong>, diminui o ganho <strong>de</strong> peso<br />
e a produção leiteira (Resen<strong>de</strong>, 2001). Segundo Oliveira et al. (1998) através do<br />
fornecimento <strong>de</strong> rações balancea<strong>da</strong>s é possível conseguir maior ganho diário em peso e<br />
redução <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> ao abate, com reflexos positivos sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s carcaças e<br />
sobre a oferta <strong>de</strong> carne na entressafra.<br />
No animal <strong>de</strong>stinado à produção <strong>de</strong> carne, a carcaça constitui-se no principal<br />
produto comercializável (Santos et al.,2001). A melhor carcaça é aquela que possui<br />
máxima proporção <strong>de</strong> músculo e mínima <strong>de</strong> ossos, e uma certa proporção <strong>de</strong> gordura<br />
que o mercado ao qual se <strong>de</strong>stina exige e que seja suficiente para garantir as condições<br />
<strong>de</strong> suculência <strong>da</strong> carne, bem como sua apresentação e conservação.<br />
Silva Sobrinho et al. (2001) afirmam que no sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> carne, as<br />
características quantitativas e qualitativas <strong>da</strong> carcaça são <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância,<br />
pois estão diretamente relaciona<strong>da</strong>s ao produto final. No entanto, para a melhoria <strong>da</strong><br />
produção e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o conhecimento do potencial do animal em produzir carne<br />
é fun<strong>da</strong>mental e, entre as formas para avaliar essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, está o rendimento <strong>de</strong><br />
carcaça. No estudo <strong>de</strong> carcaças caprinas, o rendimento é, geralmente, o primeiro índice<br />
a ser consi<strong>de</strong>rado, expressando a relação percentual entre os pesos <strong>da</strong> carcaça e do<br />
animal.<br />
As carcaças po<strong>de</strong>m ser comercializa<strong>da</strong>s inteiras ou sob forma <strong>de</strong> cortes. Os<br />
cortes cárneos em peças individualiza<strong>da</strong>s associados à apresentação do produto são<br />
importantes fatores na comercialização. O tipo <strong>de</strong> corte varia <strong>de</strong> região para região e
principalmente entre países. To<strong>da</strong>via, os sistemas <strong>de</strong> cortes, além <strong>de</strong> proporcionarem<br />
obtenção <strong>de</strong> preços diferenciados entre diversas partes <strong>da</strong> carcaça, permitem<br />
aproveitamento racional, evitando-se <strong>de</strong>sperdícios (Silva Sobrinho et al., 2001), e a<br />
proporção <strong>de</strong>sses cortes constitui um importante índice para avaliação <strong>da</strong> sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar as características <strong>da</strong>s carcaças <strong>de</strong> caprinos<br />
<strong>da</strong>s raças Moxotó e Canindé criados em sistema <strong>de</strong> confinamento na região semi-ári<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Paraíba, alimentados com diferentes níveis <strong>de</strong> energia.
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Local<br />
O experimento foi realizado na Estação Experimental <strong>de</strong> Pesquisa em Pequenos<br />
Ruminantes, do Centro <strong>de</strong> Ciências Agrárias <strong>da</strong> UFPB, localiza<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> São<br />
João do Cariri-PB. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> esta localiza<strong>da</strong> na microrregião do Cariri Oci<strong>de</strong>ntal <strong>da</strong><br />
Paraíba, entre as coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s 7° 23’ 27” <strong>de</strong> Latitu<strong>de</strong> sul e 36° 31' 58” <strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong><br />
Oeste, <strong>de</strong>ntro do semi-árido nor<strong>de</strong>stino. Durante o período experimental as temperaturas<br />
médias diárias, a média máxima e a média <strong>da</strong>s temperaturas mínimas registra<strong>da</strong>s foram:<br />
24,85°C; 28,49°C e 21,21 °C, respectivamente, com umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa média <strong>de</strong> 57,41%.<br />
Animais e tratamentos<br />
Foram utilizados 40 animais, sendo 20 animais <strong>da</strong> raça Moxotó e 20 Canindé,<br />
todos machos castrados, com i<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> cinco meses e peso médio inicial <strong>de</strong> 15,2 ±<br />
1,91 kg. Os animais ficaram confinados por um período <strong>de</strong> 107 dias, sendo 21 dias <strong>de</strong><br />
a<strong>da</strong>ptação, em 4 galpões abertos, cobertos com telhas <strong>de</strong> cerâmica, piso em chão batido,<br />
orientados no sentido leste-oeste, compostos por 10 baias individuais em ca<strong>da</strong> galpão,<br />
medindo uma área <strong>de</strong> 3,75 m 2 por baia, provi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> comedouro e bebedouro individual.<br />
Os animais foram i<strong>de</strong>ntificados através <strong>de</strong> brincos nas orelhas, pesados no início do<br />
experimento e semanalmente, para controle do <strong>de</strong>senvolvimento corporal, os animais<br />
antes <strong>de</strong> serem pesados não passaram por nenhum tipo <strong>de</strong> jejum. No período préexperimental<br />
eles receberam uma dose <strong>de</strong> vermífugo, com reforço após 21 dias e foi<br />
aplicado ain<strong>da</strong> um modificador orgânico (complexo vitamínico e mineral).<br />
Os tratamentos foram constituídos em função do nível <strong>de</strong> energia metabolizável<br />
e <strong>da</strong>s raças, sendo: D1 = a dieta contendo 2,71 Mcal/kg.MS <strong>de</strong> energia metabolizável<br />
(EM) e D2 = dieta contendo 2,2 Mcal/kg.MS <strong>de</strong> EM, como consta na Tabela 1. A oferta<br />
era ajusta<strong>da</strong> diariamente <strong>de</strong> forma a permitir 20% <strong>de</strong> sobras e <strong>de</strong>sta sobra era retira<strong>da</strong><br />
10% que foram acondiciona<strong>da</strong>s em freezer, juntamente com as amostras do alimento<br />
ofertado.
Tabela1. Participação dos ingredientes e composição química <strong>da</strong> dieta experimental<br />
com base na matéria seca<br />
Ingredientes (%) 2,71 Mcal/kg.MS 2,20 Mcal/kg.MS<br />
Farelo <strong>de</strong> milho 57 21<br />
Farelo <strong>de</strong> soja 5 6<br />
Melaço 1 1<br />
Núcleo mineral 1 1<br />
Calcário 1 1<br />
Feno <strong>de</strong> maniçoba 35 70<br />
Composição Química (%)<br />
Matéria seca 89,25 89,85<br />
Proteína bruta 12,23 12,16<br />
Energia metabolizável (Mcal/kg MS) 2,71 2,20<br />
Extrato etéreo 6,99 3,80<br />
Fibra em <strong>de</strong>tergente neutro 40,50 53,09<br />
Fibra em <strong>de</strong>tergente ácido 20,22 33,46<br />
Medi<strong>da</strong>s zoométricas<br />
As medi<strong>da</strong>s foram realiza<strong>da</strong>s com a metodologia a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>de</strong> Garcia et al.<br />
(1998), Osório et al. (1998) e Calegari, (1999). Os animais ficaram em pé em uma<br />
superfície fixa e plana, evitando-se o máximo <strong>de</strong> movimentação, em segui<strong>da</strong> foram<br />
realiza<strong>da</strong>s as seguintes medi<strong>da</strong>s, com fita métrica e compasso, expressas em cm.<br />
Comprimento corporal:<br />
Método Espanhol: distância entra a articulação <strong>da</strong> ultima vértebra cervical com a<br />
primeira torácica, até a base <strong>da</strong> cau<strong>da</strong>;<br />
Método Neozelandês: distância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o trocânter do fêmur até a face cranial <strong>da</strong><br />
articulação escápulo-umeral;<br />
Comprimento <strong>da</strong> perna: distância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tuberosi<strong>da</strong><strong>de</strong> coxal do ílio até a face<br />
lateral <strong>da</strong> articulação tíbio-tarsica;<br />
Altura do anterior: distância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a região <strong>da</strong> cernelha (cartilagem <strong>da</strong> escapula e<br />
apófise espinhosa <strong>da</strong>s primeiras vértebras torácica) até a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> distal do<br />
membro anterior;
Altura do posterior: distância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tuberosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sacra, na garupa, até a<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> distal do membro posterior.<br />
Perímetro torácico: perímetro tomando-se como base a parte inferior do peito e a<br />
cernelha, passando a fita métrica <strong>de</strong>trás <strong>da</strong> paleta;<br />
Largura <strong>da</strong> garupa: distância entre os trocânteres maiores dos fêmures;<br />
Largura do peito: distância entre as faces laterais <strong>da</strong>s articulações escápuloumerais.<br />
Condição corporal: foi realiza<strong>da</strong> mediante palpação <strong>da</strong> região lombar (sobre as<br />
vértebras lombares, os músculos e gordura correspon<strong>de</strong>ntes) e esternal (massa<br />
muscular e gordura que envolve a ponta do esterno ate, aproxima<strong>da</strong>mente, 10-15<br />
cm ao longo do peito), classificando-os em escores <strong>de</strong> 0,0 a 5,0, obtendo –se o<br />
escore final <strong>da</strong> média <strong>da</strong>s notas lombar e esternal.<br />
Procedimentos para abate<br />
Antes do abate os animais foram pesados, obtendo-se seu peso vivo (PV), logo<br />
após foram submetidos a um jejum sólido e liquido <strong>de</strong> 16h; novamente pesados<br />
obtendo-se o peso vivo ao abate (PVA) e calculando-se a per<strong>da</strong> <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> ao jejum (PJ)<br />
pela razão PJ= PV- PVA/PV x 100.<br />
Os animais foram insensibilizados por atordoamento com concussão cerebral,<br />
seguido <strong>de</strong> sangria através <strong>da</strong> secção <strong>da</strong>s caróti<strong>da</strong>s e jugulares, com conseqüente<br />
recolhimento do sangue. Após a esfola e evisceração, o trato digestório (TD) foi<br />
pesado e esvaziado, para obtenção do peso do corpo vazio (PCV = PVA – conteúdo<br />
do trato digestório) e do rendimento ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro ou biológico, segundo metodologia<br />
<strong>de</strong> Silva Sobrinho (2002). Imediatamente após o abate foi anotado o peso <strong>da</strong> carcaça<br />
quente (PCQ), obtendo o rendimento <strong>da</strong> carcaça quente (RCQ).<br />
As carcaças permaneceram sob refrigeração em câmara fria em 4 ºC por 24<br />
horas, pendura<strong>da</strong>s pela articulação tarso-metatarsiana, em ganchos apropriados com<br />
distanciamento <strong>de</strong> 17 cm. Após este período, as carcaças foram pesa<strong>da</strong>s, para<br />
obtenção do peso <strong>da</strong> carcaça fria (PCF) e também calculado a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> peso pelo<br />
resfriamento (PPR) e o rendimento <strong>de</strong> carcaça fria (RCF) ou comercial.
Obtenção dos não-constituintes <strong>da</strong> carcaça<br />
Obtiveram-se os pesos dos não-constituintes <strong>da</strong> carcaça, que correspon<strong>de</strong>ram<br />
aos órgãos vermelhos (fígado, rins, aparelho respiratório, baço, coração) e os órgãos<br />
brancos (rúmen - retículo, omaso, abomaso, intestino <strong>de</strong>lgado e intestino grosso) e<br />
ain<strong>da</strong> os pesos <strong>da</strong>s patas, cabeça e pele. Posteriormente, foram esvaziados, lavados e<br />
pesados separa<strong>da</strong>mente, objetivando-se quantificar o conteúdo gastrintestinal, por<br />
diferença, CTGI =TGIC – TGIV em que TGIC (TGI cheio) e TGIV (TGI vazio).<br />
Foi <strong>de</strong>terminado o rendimento <strong>da</strong> “bucha<strong>da</strong>” através do somatório dos órgãos<br />
comestíveis (OC) e seu percentual em relação ao peso vivo ao abate, seguindo a<br />
metodologia <strong>de</strong> Costa (1990) através <strong>da</strong> fórmula: RB (%) = [(ΣOC (kg) / PVA (kg))] x<br />
100. O rendimento <strong>da</strong> “panela<strong>da</strong>” foi <strong>de</strong>terminado através do calculo do somatório <strong>da</strong><br />
bucha<strong>da</strong> + pés + cabeça, o OC foi constituído <strong>de</strong>: fígado, coração, esôfago, diafragma,<br />
pulmões e brônquios, sangue, estômagos, intestinos e gorduras.<br />
Medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> carcaça<br />
Após o resfriamento, foram feitas as mensurações na carcaça, obtendo-se as<br />
seguintes medi<strong>da</strong>s feitas com fita métrica e compasso (cm):<br />
- comprimento externo <strong>da</strong> carcaça, pelo método espanhol (CEC-E): distância entre a<br />
articulação <strong>da</strong> última vértebra cervical com a primeira torácica, até a articulação <strong>da</strong> 2 a<br />
e 3 a vértebras coccígeas ;<br />
- Comprimento externo <strong>da</strong> carcaça, pelo método neo-zeolandês (CEC-NZ): distância<br />
entre a face lateral <strong>da</strong> articulação tíbio-tásica e a face cranial <strong>da</strong> articulação escapuloumeral;<br />
- Comprimento interno <strong>da</strong> carcaça (CIC): distância entre a bor<strong>da</strong> cranial do púbis, em<br />
seu ponto médio, e a bor<strong>da</strong> cranial <strong>da</strong> primeira costela em seu ponto médio;<br />
- Largura <strong>de</strong> garupa (LG): distância entre os trôcanteres maiores dos fêmures;
- Perímetro <strong>da</strong> garupa (PG): perímetro contornando a garupa, tomando-se como base<br />
os troncantêres maiores dos fêmures.<br />
- Profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do tórax (PROFT): distância máxima entre o esterno e a cernelha <strong>da</strong><br />
carcaça;<br />
- Largura máxima do tórax (LMT): largura máxima entre as costelhas;<br />
- Comprimento <strong>da</strong> perna (CP): distância entre a face lateral <strong>da</strong> articulação tíbio-társica<br />
e o trocânter maior do fêmur.<br />
- Perímetro <strong>da</strong> perna (PP): perímetro <strong>de</strong>sta região anatômica em seu ponto médio;<br />
As carcaças foram avalia<strong>da</strong>s subjetivamente, para estimativa do seu grau <strong>de</strong><br />
conformação (GC): avaliação visual <strong>da</strong> carcaça (Figura 1), consi<strong>de</strong>rando-a como um<br />
todo em relação à espessura <strong>de</strong> seus planos musculares e adiposos, se conferindo valor<br />
1 para ca<strong>da</strong> conformação mais <strong>de</strong>ficiente e 5, para a excelente.<br />
Figura 1. Carcaça <strong>de</strong> caprinos nativos manti<strong>da</strong>s na câmara fria
Obtenção dos cortes comerciais e componentes corporais<br />
Após as medi<strong>da</strong>s objetivas e subjetivas as carcaças foram secciona<strong>da</strong>s em<br />
carcaça direita e esquer<strong>da</strong>, proce<strong>de</strong>ndo-se em segui<strong>da</strong> os cortes <strong>da</strong> carcaça <strong>de</strong> acordo<br />
com as metodologias <strong>de</strong>scritas por Osório et al. (1998), conforme po<strong>de</strong> ser visualizado<br />
na figura 2.<br />
- Pescoço: constituído pelo espaço entre a 1ª e a 7ª vértebra cervical;<br />
- Paleta: tendo como base óssea, a escápula, úmero, rádio, cartilagem <strong>da</strong> escápula, ulna<br />
e carpo;<br />
- Costelas: <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s pela composição <strong>da</strong> 6ª a 13ª vértebras torácicas e costelas<br />
correspon<strong>de</strong>ntes;<br />
- Lombo: vértebras lombares;<br />
- Perna: foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a base óssea do tarso, tíbia, fêmur, ísquio, púbis, vértebras<br />
sacras e as duas primeiras vértebras coccígeas;<br />
- 1/2 carcaça direita: composta por: pescoço, paleta, costelas, lombo e perna;<br />
- Cabeça e patas: A cabeça envolvi<strong>da</strong> pela pele foi separa<strong>da</strong> na 1ª vértebra cervical. As<br />
patas foram obti<strong>da</strong>s pela separação na articulação carpo metacarpiana e tarso<br />
metatarsiana.<br />
1<br />
2<br />
4<br />
3<br />
5<br />
Figura 2. Cortes comerciais na meia carcaça <strong>de</strong> caprinos 1 - Pescoço, 2 - Costelas, 3<br />
- Paleta, 4 - Lombo, 5 - Perna.
Área <strong>de</strong> olho <strong>de</strong> lombo e espessura <strong>de</strong> gordura<br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> área <strong>de</strong> olho <strong>de</strong> lombo foi realiza<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> um corte<br />
transversal entre a 13ª vértebra torácica e a 1ª lombar, em correspondência com a porção<br />
cranial do lombo, estabelecendo-se as seguintes medi<strong>da</strong>s: utilizando uma régua (cm):<br />
largura máxima (A) e profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima (B). Para a espessura <strong>da</strong> gordura sobre o<br />
músculo foi utilizado um paquímetro digital (C).<br />
A<br />
B<br />
C
Figura 3. Mensurações no músculo longissumus dorsi, na altura <strong>da</strong> 13 a costela: A<br />
(largura máxima): B (profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima); - C (espessura mínima <strong>de</strong><br />
gordura).<br />
Análise estatística e <strong>de</strong>lineamento experimental<br />
O <strong>de</strong>lineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), num<br />
esquema fatorial 2 x 2 (2 raças e 2 dietas), com 10 repetições. Os <strong>da</strong>dos foram<br />
submetidos à análise <strong>de</strong> variância e, quando necessário, as médias compara<strong>da</strong>s pelo teste<br />
F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> através do programa estatístico SAS (1998), <strong>de</strong> acordo com o<br />
mo<strong>de</strong>lo matemático a baixo:<br />
Y ijk = µ + ri + ij + rik + erroijk:<br />
Y ijk = valor observado;<br />
µ ijk = media geral;<br />
r i = efeito raça;<br />
i j = efeito dieta;<br />
ri k = efeito <strong>da</strong> interação raça X dieta, e;<br />
erro ijk = efeito do erro experimental nas parcelas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Medi<strong>da</strong>s zoométricas<br />
As médias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s zoométricas e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>da</strong>s raças Canindé<br />
e Moxotó estão apresenta<strong>da</strong>s na Tabela 2. Não foi observa<strong>da</strong> influência (P>0,05) <strong>da</strong><br />
interação raça x dieta em nenhuma <strong>da</strong>s variáveis analisa<strong>da</strong>s neste estudo. Com relação<br />
às medi<strong>da</strong>s corporais em relação a raça, tanto o comprimento Neozelandês (55,82 cm)<br />
como o espanhol (58,57 cm), não houve efeito significativo (P>0,05). Menezes et al.<br />
(2005) estu<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>sempenho e medi<strong>da</strong>s zoométricas <strong>de</strong> caprinos <strong>de</strong> diferentes grupos<br />
raciais, encontraram para comprimento corporal os seguintes resultados para animais<br />
alpinos, ½ boer e ¾ boer todos estes animais com i<strong>da</strong><strong>de</strong> variando <strong>de</strong> 60 a 120 dias,<br />
valores médios dos dois métodos: 68,7; 67,0 e 65,7 cm respectivamente. Estes<br />
resultados foram superiores ao encontrado neste trabalho, porém as raças estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s por<br />
os autores são exóticas e esses animais são <strong>de</strong> maior porte que os nativos. Já Yáñez et<br />
al. (2004) estu<strong>da</strong>ndo cabritos Saanen com peso médio <strong>de</strong> 20 kg encontraram valores<br />
inferiores ao do presente trabalho 55,8cm para comprimento corporal.<br />
Para a altura do dorso e <strong>da</strong> garupa encontrou-se neste trabalho valores médios <strong>de</strong><br />
53,7 e 55,65 cm respectivamente, e estes valores foram superiores ao encontrados por<br />
Menezes et al. (2007), com animais ¾ boer (53,2 e 53,7 cm) e inferior aos encontrados<br />
por Yáñez et al. (2004) em cabritos Saanen com peso <strong>de</strong> 20 kg (59,9 e 56,9 cm). As raça<br />
Moxotó e Canindé são raças nativas, e estas raças são predominantes em regiões <strong>de</strong><br />
vegetação caatinga, por isto estes animais levam vantagem para se locomover nesta<br />
região.<br />
Para o comprimento <strong>da</strong> perna, largura <strong>de</strong> peito, largura <strong>de</strong> garupa, perímetro do<br />
tórax, <strong>da</strong> coxa, <strong>da</strong> garupa, comprimento <strong>da</strong> perna e o escore o efeito <strong>da</strong> raça não foi<br />
observado influencia significativa (P>0,05). Observa-se na Tabela 2 que estas medi<strong>da</strong>s<br />
estão <strong>de</strong>ntro do padrão racial <strong>da</strong> raça Moxotó e Canindé <strong>de</strong> acordo com Ribeiro et al.<br />
(2004).<br />
A dieta influenciou significativamente (P0,05). Os animais que<br />
alimentaram-se com a dieta contendo 2,71 Mcal/kg MS, apresentaram maior valor para<br />
perímetro <strong>de</strong> garupa, este resultado (72,25 cm) foi superior ao dos alimentados com a
ação contendo 2,20 Mcal/kg MS que foi <strong>de</strong> 63,33 cm. Porém, todos os resultados estão<br />
<strong>de</strong>ntro do padrão racial <strong>da</strong>s raças estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. (Ribeiro et al., 2004)<br />
Tabela 2. Médias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s zoométricas, <strong>de</strong>svio padrão e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong><br />
caprinos nativos criados em confinamento<br />
Variáveis<br />
Raças Dietas (Mcal/kgMS)<br />
Moxoto Canindé 2,71 2,2<br />
CV (%)<br />
Comprimento neozolandês (cm) 55,10 56,55 56,95 54,70 4,96<br />
Comprimento espanhol (cm) 57,75 59,40 60,05 57,10 6,05<br />
Altura do dorso (cm) 53,45 53,95 54,75 52,65 6,37<br />
Altura <strong>da</strong> garupa (cm) 54,95 56,35 56,50 54,80 6,15<br />
Comprimento <strong>da</strong> perna (cm) 30,95 31,80 32,15 30,60 13,20<br />
Largura <strong>de</strong> peito (cm) 15,43 15,88 16,18 15,13 10,10<br />
Largura <strong>de</strong> garupa (cm) 15,10 15,45 15,65 14,90 10,66<br />
Perímetro do tórax (cm) 74,35 76,05 77,00 73,40 5,80<br />
Perímetro <strong>da</strong> coxa (cm) 36,20 36,60 38,45 34,35 13,22<br />
Perímetro <strong>da</strong> garupa (cm) 65,23 70,35 72,25 A 63,33 B 15,19<br />
Comprimento <strong>da</strong> perna (cm) 47,75 48,30 48,85 47,20 6,74<br />
Escore (1-5) 3,33 3,50 3,83 A 3,00 B 23,32<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong><br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
Os cabritos submetidos ao maior nível energético na dieta, observou-se que<br />
houve diferença significativa (P
por resfriamento, peso do corpo vazio, rendimento biológico, espessura <strong>de</strong> gordura e o<br />
grau <strong>de</strong> conformação <strong>da</strong> carcaça estão apresentados na Tabela 3.<br />
Quando comparado as raças, houve efeito significativo (P0,05), encontrousse os seguintes resultados: 46,62% e 55,25% para a<br />
raça Moxotó, e para a Canindé 47,62% e 55,95%.<br />
A espécie caprina apresenta rendimento <strong>de</strong> carcaça quente <strong>de</strong> 39 a 54% (Anous<br />
& Mourad, 2001), rendimento comercial ou <strong>de</strong> carcaça fria <strong>de</strong> 38 a 51% (Dhan<strong>da</strong> et al.,<br />
2003) e rendimento ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro ou biológico <strong>de</strong> 51 a 57% (Sen et al., 2004). Essas<br />
variações são influencia<strong>da</strong>s, em geral, por fatores como raça, i<strong>da</strong><strong>de</strong>, peso ao abate, sexo<br />
e sistema <strong>de</strong> criação.<br />
Tabela 3. Médias dos rendimentos <strong>de</strong> carcaça e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos<br />
confinados alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
Variáveis<br />
Raças<br />
Dietas<br />
(Mcal/kgMS) CV (%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,2<br />
Peso inicial (kg) 15,29 15,15 15,46 14,97 13,47<br />
Peso final (kg) 19,96 b 21,65 a 22,88 A 18,73 B 11,36<br />
Peso vivo abate pos jejum (kg) 18,81 b 20,49 a 21,74 A 17,57 B 10,68<br />
% Per<strong>da</strong>s pos jejum 5,73 5,31 4,91 6,12 46,00<br />
Peso carcaça quente (kg) 8,77 b 9,87 a 10,83 A 7,81 B 13,91<br />
Rendimento carcaça quente (%) 46,42 47,62 49,69 A 44,34 B 5,91<br />
Peso carcaça fria (kg) 8,44 b 9,64 a 10,53 A 7,55 B 14,11<br />
Rendimento carcaça fria (%) 44,59 46,51 48,33 A 42,78 B 5,71<br />
Per<strong>da</strong>s por resfriamento (%) 3,93 b 2,30 a 2,74 3,48 52,89<br />
Peso do corpo vazio (kg) 15,87 b 17,49 a 18,93 A 14,42 B 12,09<br />
Rendimento biológico (%) 55,25 55,95 57,10 A 54,09 B 4,72<br />
Espessura <strong>de</strong> gordura (cm) 0,87 b 1,01 a 1,02 0,86 3,45<br />
Conformação <strong>da</strong> carcaça (1-5) 3,03 b 3,38 a 3,50 A 2,90 B 23,77<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong><br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta
Os resultados referentes aos rendimentos condizem com os encontrados por<br />
outros autores. Bellaver et al. (1983), avaliando características <strong>de</strong> carcaça <strong>de</strong> quatro<br />
raças caprinas do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro (Moxotó, Canindé, Marota e Reparti<strong>da</strong>),<br />
encontraram rendimentos <strong>de</strong> carcaça quente e fria <strong>de</strong> 39,5 e 40,6%, respectivamente.<br />
Costa et al. (1990), estu<strong>da</strong>ndo características <strong>de</strong> caprinos nativos criados em sistema<br />
tradicional <strong>de</strong> manejo no Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, verificaram rendimento <strong>de</strong> carcaça quente<br />
e fria em torno <strong>de</strong> 34,5 e 39,4%, respectivamente.<br />
Quando comparamos o efeito <strong>da</strong> dieta, os animais que consumiram a ração com<br />
maior nível <strong>de</strong> energia apresentaram maiores resultados para o peso vivo final,<br />
rendimento <strong>de</strong> carcaça fria, rendimento <strong>de</strong> carcaça quente e o rendimento biológico:<br />
22,88 kg; 49,69; 48,33 e 57,10% respectivamente. Já os animais que receberam a dieta<br />
com menor energia, para estas variáveis encontraram os seguintes resultados: 18,73 kg;<br />
44,34; 42,78; 54,09%.<br />
A influência do peso vivo final sobre o rendimento <strong>da</strong> carcaça po<strong>de</strong> ser altera<strong>da</strong><br />
pelo conteúdo gastrintestinal, o qual, por sua vez, é influenciado pelo número <strong>de</strong> horas<br />
em jejum a que os animais são submetidos e pelo tipo <strong>de</strong> dieta. Mattos et al. (2006),<br />
estu<strong>da</strong>ndo dois níveis <strong>de</strong> alimentação para caprinos <strong>da</strong> raça Moxotó e Canindé<br />
obteveram resultados semelhantes ao encontrados neste trabalho. Animais que<br />
submeteram a uma restrição alimentar <strong>de</strong> 30% obtiveram os seguintes valores: 19,42<br />
kg; 45,95; 43,56 e 53,88%; os animais que receberam alimentação a vonta<strong>de</strong><br />
apresentaram melhor resultado 26 kg, 48,09, 46,01 e 55,42%.<br />
As per<strong>da</strong>s por resfriamento que são <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />
carcaça quando manti<strong>da</strong>s na câmara fria e as reações químicas ocorri<strong>da</strong>s no músculo<br />
durante o resfriamento, os animais que receberam uma dieta com maior energia<br />
obtiveram melhor resultado quando comparado ao <strong>de</strong> menor energia 2,74% e 3,48%.<br />
Estes resultados são explicados já que os animais que receberam a dieta com 2,71<br />
Mcal/kgMS tinham uma maior cobertura <strong>de</strong> gordura na carcaça, esta cobertura evita a<br />
per<strong>da</strong> <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne. Mattos et al. (2006) trabalhando com as mesmas raças <strong>de</strong>ste<br />
trabalho encontraram resultados inferiores ao do nosso trabalho, on<strong>de</strong> animais que<br />
submeteu-se a um restrição alimentar apresentou 4,35%, já os que receberam<br />
alimentação a vonta<strong>de</strong> 5,21%.
Medi<strong>da</strong>s morfométricas<br />
A morfométria <strong>da</strong> carcaça permite avaliar a conformação <strong>da</strong> mesma<br />
objetivamente. Os resultados <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s morfométricas <strong>da</strong>s carcaças obtidos neste<br />
experimento estão apresentados na Tabela 4.<br />
A analise dos resultados revelou que não houve efeito significativo (P>0,05)<br />
quando comparousse raças para nenhuma <strong>da</strong>s variáveis, porém, a raça Canindé<br />
apresentou melhores resultados para to<strong>da</strong>s as variáveis estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s do que a raça Moxotó.<br />
Para o comprimento Neozolandês, comprimento Espanhol, comprimento interno <strong>da</strong><br />
carcaça os animais <strong>da</strong> raça Moxotó apresentaram os seguintes resultados: 59,28; 47,63;<br />
56,50 cm respectivamente. Já para os <strong>da</strong> raça Canindé temos: 61,93; 49,80; 58,53 cm.<br />
Para comprimento <strong>da</strong> perna, perímetro <strong>da</strong> coxa, perímetro <strong>da</strong> garupa e perímetro do<br />
tórax os resultados encontrados na raça Moxotó foram: 32,35; 27,08; 41,50 e 60,25 cm.<br />
Estas mesmas variáveis avaliando a raça Canindé encontramos: 32,48; 28,30; 42,68 e<br />
60,53 cm.<br />
Porém quando o efeito estu<strong>da</strong>do foi a dieta, houve efeito significativo (P
Tabela 4. Médias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s morfométricas e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos<br />
alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
Variáveis<br />
Raças Dietas (Mcal/kgMS)<br />
CV (%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,20<br />
Comprimento neozolandês (cm) 59,28 61,93 61,98 59,23 7,09<br />
Comprimento espanhol (cm) 47,63 49,80 49,93 47,50 4,77<br />
Com interno <strong>da</strong> carcaça (cm) 56,50 58,53 59,40 A 55,63 B 6,10<br />
Comprimento <strong>da</strong> perna (cm) 32,35 32,48 33,23 31,60 7,14<br />
Perímetro <strong>da</strong> coxa (cm) 27,08 28,30 28,48 26,90 8,90<br />
Perímetro <strong>da</strong> garupa (cm) 41,50 42,68 44,30 A 39,88 B 7,60<br />
Largura máxima <strong>da</strong> garupa (cm) 17,75 17,83 18,03 17,55 7,95<br />
Largura mínima <strong>da</strong> garupa (cm) 13,63 13,70 14,08 13,25 10,17<br />
Perímetro do tórax (cm) 60,25 60,53 63,05 A 57,73 B 4,30<br />
Profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do tórax (cm) 24,58 24,93 25,53 A 23,98 B 3,93<br />
Largura máxima do tórax (cm) 13,13 13,48 13,83 12,78 15,01<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong><br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
Cortes comerciais<br />
Os valores médios e coeficiente <strong>de</strong> variação dos cortes comerciais (kg) e seus<br />
rendimentos utilizados no presente experimento foram: paleta, perna, pescoço, lombo e<br />
costilhar, para a raça Moxotó encontram os seguintes resultados em kg: 0,85; 1,24;<br />
0,38; 0,42 e 1,05 respectivamente. Os animais Canindés para estas mesmas variáveis<br />
encontramos: 0,95; 1,41, 0,39, 0,52 e 1,20 kg. Diante dos resultados apresentados<br />
po<strong>de</strong>mos ver que a raça Canindé se mostrou superior ao Moxotó. Mattos et al. (2006)<br />
estu<strong>da</strong>ndo a mesmas raças não encontraram diferenças significativas. Para a raça<br />
Moxotó os mesmos autores encontraram 1,02, 1,485, 0,66, 0,50 e 0,94 kg, para Canindé<br />
encontraram 1,0, 1,44, 0,61, 0,47 e 0,91 kg, respectivamente.<br />
Quando comparamos o efeito <strong>da</strong> dieta, os animais que receberam a dieta 2,71<br />
Mcal/kg MS apresentaram resultados superiores ao <strong>da</strong> dieta 2,2 Mcal/kg MS, ou seja, a<br />
alimentação dos animais influenciou diretamente os pesos <strong>da</strong>s carcaças e com isto<br />
influenciou nos cortes: paleta 1,03 kg, perna 1,50 kg, pescoço 0,43 kg, lombo 0,56 kg e
costilhar 1,33 kg para a dieta <strong>de</strong> maior nível energético. Já para a dieta <strong>de</strong> menor nível<br />
os resultados foram 0,77, 1,15, 0,34, 0,39, 0,92 kg.<br />
As dietas não sendo isoenergéticas, contribuiram para os resultados obtidos. À<br />
medi<strong>da</strong> que aumentou o teor <strong>de</strong> energia na ração aumentou também o peso <strong>de</strong>stes<br />
cortes. Já no caso <strong>de</strong> seus percentuais em relação ao peso <strong>da</strong> carcaça fria (PCF), não<br />
houve efeito significativo. A paleta, perna, lombo e costilhar, são os cortes <strong>de</strong> maior<br />
valor comercial em caprinos. Constatando-se que o nível mais alto <strong>de</strong> alimentação<br />
(maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia consumi<strong>da</strong>), influenciou contribuindo para o acréscimo<br />
do tecido adiposo em pesos mais elevados, e com isso valorizando os cortes comercias.<br />
Tabela 5. Médias dos pesos e percentagem dos cortes comerciais e coeficiente <strong>de</strong><br />
variação <strong>de</strong> caprinos nativos alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
Raças Dietas (Mcal/ kg.MS)<br />
Variáveis (kg)<br />
CV (%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,2<br />
Peso ½ Carcaça 3,94 b 4,48 a 4,85 A 3,57 B 14,10<br />
Paleta 0,85 b 0,95 a 1,03 A 0,77 B 17,47<br />
Perna 1,24 b 1,41 a 1,50 A 1,15 B 14,75<br />
Pescoço 0,38 0,39 0,43 A 0,34 B 23,37<br />
Lombo 0,42 b 0,52 a 0,56 A 0,39 B 21,82<br />
Costilhar 1,05 1,20 1,33 A 0,92 B 17,00<br />
(%)<br />
Paleta 21,4 21,2 21,26 21,44 7,85<br />
Perna 31,54 31,58 32,17 30,95 7,38<br />
Pescoço 9,5 b 8,6 a 8,76 9,47 17,13<br />
Lombo 10,71 11,69 11,39 11,00 15,41<br />
Costilhar 26,55 26,62 27,44 25,74 9,31<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
Mattos et al. (2006) estu<strong>da</strong>ndo níveis <strong>de</strong> restrição alimentar em caprinos <strong>da</strong>s<br />
mesmas raças estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s neste trabalho, encontraram para estas variáveis os seguintes<br />
resultados: 1,17; 1,68; 0,73; 0,58 e 1,11 kg, estes valores foram os encontrados nos<br />
animais que receberam alimentação a vonta<strong>de</strong>, sem nenhuma restrição. Os resultados<br />
apresentados por estes autores comprovam que, a alimentação influencia diretamente<br />
nos pesos dos cortes comerciais, animais que sofreram restrição alimentar ou que
alimentaram-se com uma dieta com menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia apresentaram paleta,<br />
perna,costilhar, pescoço e lombo menos pesados.<br />
Apesar <strong>da</strong> resposta positiva do nível <strong>de</strong> energia sobre os pesos dos cortes<br />
comerciais <strong>da</strong> carcaça, torna-se necessária a avaliação em termos percentuais, para<br />
verificar a importância <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> corte em relação ao peso <strong>da</strong> carcaça fria.<br />
Os resultados obtidos consi<strong>de</strong>rando-se a semelhança entre as raças, quanto às<br />
porcentagens dos cortes, reforçam a lei <strong>da</strong> harmonia anatômica (Siqueira et al., 2001)<br />
<strong>de</strong> que, em carcaças com pesos e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> gordura similares, quase to<strong>da</strong>s as<br />
regiões corporais se encontram em proporções semelhantes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong><br />
conformação dos genótipos consi<strong>de</strong>rados.<br />
Yáñez (2002) encontrou reduções nas proporções <strong>da</strong>s costelas e aumento nas <strong>de</strong><br />
paleta e pescoço com o aumento <strong>da</strong> restrição alimentar; to<strong>da</strong>via, as proporções <strong>da</strong>s<br />
pernas, costelas e baixos mantiveram-se constantes. A participação dos cortes na<br />
carcaça permite uma avaliação qualitativa, pois <strong>de</strong>ve apresentar a melhor proporção<br />
possível <strong>de</strong> cortes com maior conteúdo <strong>de</strong> tecidos comestíveis, principalmente<br />
músculos (Yáñez, 2002), ou ain<strong>da</strong>, a melhor proporção possível <strong>de</strong> cortes <strong>de</strong> interesse<br />
ao consumidor.<br />
Componentes não constituintes <strong>de</strong> carcaça<br />
Os valores médios <strong>de</strong> peso e rendimento <strong>da</strong>s vísceras abdominais, representa<strong>da</strong>s<br />
pelo fígado, rins, rúmen/retículo, omaso, abomaso, intestinos <strong>de</strong>lgado e grosso<br />
encontram-se na Tabela 6.<br />
Quando comparamos o efeito <strong>da</strong> raça, ocorreu efeito significativo (P0,05), porém os<br />
valores encontrados neste trabalho estão <strong>de</strong>ntro do padrão <strong>da</strong> raça Moxotó e Canindé.<br />
Mattos et al. (2006), estu<strong>da</strong>ndo diferentes níveis <strong>de</strong> alimentação encontraram<br />
para peso <strong>de</strong> algumas vísceras os seguintes resultados em kg para a raça Moxotó:<br />
coração 0,09; fígado 0,35; pulmão 0,16; língua 0,07; sangue 0,87. Para Canindé os<br />
valores são: 0,10; 0,32; 0,16; 0,07; 0,75 kg respectivamente.
Para peso <strong>da</strong> língua (0,07 kg) foi encontrado resultado semelhante por Rosa et<br />
al. (2002), em caprinos SRD nativos do Nor<strong>de</strong>ste. Para o coração os valores<br />
apresentados por Bueno et al. (1999), que avaliaram animais <strong>da</strong> raça Saanen<br />
corroboram com os <strong>de</strong>ste trabalho. Além <strong>da</strong>s diferenças no peso <strong>de</strong> abate dos animais,<br />
as diferenças no rendimento <strong>de</strong> coração po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>ver a influência <strong>da</strong> técnica <strong>de</strong><br />
separação dos órgãos utiliza<strong>da</strong> pelos diferentes autores, a qual nem sempre segue<br />
exatamente a linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação anatômica.<br />
Tabela 6. Médias dos componentes não constituintes <strong>de</strong> carcaça e coeficiente <strong>de</strong><br />
variação <strong>de</strong> caprinos nativos alimentados com diferentes níveis <strong>de</strong> energia<br />
Variáveis<br />
Dietas<br />
CV<br />
Raças<br />
(Mcal/kgMS)<br />
(%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,2<br />
Peso do corpo vazio (kg) 15,87 17,49 18,93 A 14,42 B 12,09<br />
Sangue (kg) 0,75b 0,81a 0,85 A 0,71 B 14,59<br />
Pulmão (kg) 0,16 b 0,19 a 0,18 0,17 21,26<br />
Diafragmas (kg) 0,05 0,06 0,06 0,05 28,10<br />
Traquéia+esôfago (kg) 0,10 0,09 0,10 0,09 21,04<br />
Baço (kg) 0,03 0,03 0,03 0,02 20,43<br />
Coração (kg) 0,09 0,10 0,10 A 0,08 B 18,29<br />
Língua (kg) 0,07 0,07 0,07 0,07 17,34<br />
Pâncreas (kg) 0,04 0,04 0,05 A 0,03 B 38,8<br />
Fígado (kg) 0,29 0,32 0,34 A 0,27 B 17,59<br />
Rins (kg) 0,06 0,06 0,06 A 0,05 B 12,39<br />
Trato gastrointestinal cheio (kg) 4,36 4,47 4,37 4,46 14,17<br />
Trato gastrointestinal vazio (kg) 1,41 1,47 1,57 1,31 21,41<br />
Conteúdo gastrointestinal (kg) 2,95 3,00 2,81 3,14 19,64<br />
Gordura omental (kg) 0,41 b 0,58 a 0,68 A 0,30 B 38,86<br />
Gordura mesentérica (kg) 0,16 0,17 0,21 A 0,12 B 55,36<br />
Gordura perirenal (kg) 0,37 0,41 0,53 A 0,25 B 63,30<br />
Cabeça (kg) 1,32 1,26 1,36 A 1,23 B 11,37<br />
Patas (kg) 0,52 0,56 0,60 A 0,48 B 8,93<br />
Peles (kg) 1,25 1,25 1,36 A 1,14 B 15,06<br />
Rendimento bucha<strong>da</strong> (%) 18,27 18,58 18,85 18,01 11,99<br />
Rendimento panela<strong>da</strong> (%) 28,11 27,53 27,89 27,75 8,30<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
A dieta teve efeito significativo (P
com menor nível energético: 0,71; 0,08; 0,27 e 1,31 kg, respectivamente. Estes<br />
resultados estão semelhantes ao encontrados por Mattos et al. (2006) em animais que<br />
foram alimentados a vonta<strong>de</strong>, apresentaram para estas variáveis os seguintes resultados:<br />
0,92; 0,12; 0,40 e 1,09 kg. Em animais que tiveram restrição <strong>de</strong> 30% na sua dieta os<br />
resultados foram menores: 0,70; 0,07; 0,27 e 0,91 kg.<br />
A influência do nível <strong>de</strong> energia sobre o peso <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> crescimento precoce<br />
como coração, fígado, pulmão e rins, provavelmente pelo fato dos animais terem<br />
consumido mais, com um maior aporte <strong>de</strong> nutrientes ocasionando assim um possível<br />
incremento na taxa metabólica. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento ingeri<strong>da</strong> durante o período<br />
experimental foi responsável pelo maior <strong>de</strong>senvolvimento (kg) do trato gastrintestinal<br />
vazio.
CONCLUSÕES<br />
A raça Canindé apresentou, neste estudo, melhores resultados para rendimentos<br />
<strong>de</strong> carcaça e cortes comerciais (pescoço, perna, costilhar, lombo e paleta) quando<br />
compara<strong>da</strong> a raça Moxotó.<br />
Os animais que consumiram a dieta com maior nível <strong>de</strong> energia<br />
(2,71Mcal/kg.MS) obtiveram maiores rendimentos <strong>de</strong> carcaça e cortes comerciais<br />
(pescoço, perna, costilhar, lombo e paleta) quando compara<strong>da</strong> aos animais que<br />
consumiram a dieta com menor nível <strong>de</strong> energia (2,20 Mcal/kg.MS).
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1572, 2004.
Capítulo III<br />
Características Físicas, Químicas e Sensoriais <strong>da</strong> carne <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças Canindé<br />
e Moxotó Criados em Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois Níveis <strong>de</strong><br />
Energia
Características Físicas, Químicas e Sensoriais <strong>da</strong> Carne <strong>de</strong> <strong>Caprinos</strong> <strong>da</strong>s Raças<br />
Canindé e Moxotó Criados em Sistema <strong>de</strong> Confinamento, Alimentados com Dois<br />
Níveis <strong>de</strong> Energia<br />
Resumo: Objetivou-se com esse trabalho avaliar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne caprina <strong>da</strong>s raças<br />
Canindé e Moxotó criados em sistema <strong>de</strong> confinamento, alimentados com dois níveis<br />
<strong>de</strong> energia. O experimento foi realizado na Estação Experimental <strong>de</strong> São João do Cariri,<br />
<strong>da</strong> UFPB. Utilizou-se 40 animais, todos machos, castrados, sendo 20 animais <strong>da</strong> raça<br />
Moxotó e 20 animais <strong>da</strong> raça Canindé. Utilizaram-se duas dietas, sendo uma <strong>de</strong> alto<br />
valor energético 2,71 (Mcal/kg MS), com uma relação volumoso: concentrado (V:C) <strong>de</strong><br />
35:65 e outra <strong>de</strong> baixo valor energético 2,20 (Mcal/kg MS), sendo a relação V:C <strong>de</strong><br />
70:30. Foram avaliados os parâmetros físicos (pH e cor), composição centesimal<br />
(umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, proteína, lipí<strong>de</strong>os e cinzas) e a análise sensorial. Os animais <strong>da</strong> raça Moxotó<br />
apresentaram uma carne com um maior teor <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> (75,5%) do que os <strong>da</strong> raça<br />
Canindé (73,87), como também sua carne foi mais macia e suculenta quando<br />
compara<strong>da</strong> a raça Canindé. A dieta não influenciou (P>0,05) na composição centesimal<br />
<strong>da</strong> carne, porém, influenciou na analise sensorial. A dieta com maior nível <strong>de</strong> energia<br />
obtiveram uma carne mais macia e suculenta. Tanto o efeito <strong>da</strong> raça quanto o <strong>da</strong> dieta<br />
não influenciou significativamente (P>0,05) a cor <strong>da</strong> carne nem o pH. O valor médio<br />
encontrado neste trabalho para pH foi 5,95. Para as variáveis <strong>da</strong> cor L*, a* e b*<br />
apresentaram os seguintes resultados 23,36; 8,36 e 20,49 respectivamente. Animais <strong>da</strong><br />
raça Moxotó quando comparado com a raça Canindé apresentaram carnes com maior<br />
teor <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais macia, suculenta, diferenciando-se quando alimentados com o<br />
maior nível <strong>de</strong> energia.<br />
Palavras chaves: Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carne caprina; raças nativas; feno <strong>de</strong> Maniçoba
Physical, chemical and Sensorial of meat breeds of goats and Canindé Moxotó<br />
Created in Containment System, supplied at Two Levels of Energy<br />
Abstract: The objective of this work is to evaluate the quality of meat goat breeds<br />
Canindé Moxotó and raised in confinement system, fed with two levels of energy. The<br />
experiment was conducted at the Experimental Station of St. John the Cariri of UFPB. It<br />
was used 40 animals, all male, castrated, and 20 animals of racial Moxotó and 20<br />
animals of the race Canindé. Using two diets, one high-energy 2.71 (Mcal / kg DM),<br />
with a forage: concentrate (F: C) in 35:65 and another low in energy 2.20 (Mcal / kg<br />
MS), and the V: C, 70:30. We evaluated the physical parameters (pH and color),<br />
proximate composition (moisture, protein, lipid and ash) and sensory analysis. The<br />
animals race Moxotó had a beef with a higher moisture content (75.5%) than those of<br />
race Canindé (73.87), but its meat was more ten<strong>de</strong>r and juicy when compared to racial<br />
Canindé. The diet had no effect (P> 0.05) proximate composition of meat, however,<br />
influenced the sensory analysis. The diet with a higher energy level had a meat more<br />
ten<strong>de</strong>r and juicy. Both the effect of race on the diet did not affect significantly (P> 0.05)<br />
the color of the meat or the pH. The average value found in this study for pH was 5.95.<br />
For the variables of color L *, a * b * showed the following results 23.36, 8.36 and<br />
20.49 respectively. Animals race Moxotó compared to the race Canindé had meat with<br />
higher moisture content, more ten<strong>de</strong>r, juicy, differentiating when fed with the highest<br />
energy level.<br />
Key words: hay maniçoba ; native breeds; quality of goat meat
INTRODUÇÃO<br />
A carne caprina é consumi<strong>da</strong> por milhares <strong>de</strong> pessoas ao redor do mundo, sendo<br />
consumi<strong>da</strong>s, mesmo que em pequena escala, em todos os países, uma vez que não<br />
existem tabus religiosos ou culturais aplicados ao consumo <strong>da</strong>s mesmas, a exemplo <strong>da</strong><br />
carne bovina (hindus) e <strong>da</strong> carne suína (mulçumanos). Esta espécie vem se<br />
sobressaindo, ao longo <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s, como uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s opções <strong>de</strong>ntre as carnes<br />
vermelhas, por seu valor nutricional e suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s organolépticas. As vantagens<br />
comparativas, em termos nutricionais, <strong>da</strong> carne <strong>de</strong> caprino relativamente às <strong>de</strong>mais<br />
carnes consumi<strong>da</strong>s no mercado, estão relaciona<strong>da</strong>s aos baixos teores <strong>de</strong> gorduras e<br />
colesterol, à alta digestibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e aos elevados níveis <strong>de</strong> proteína e ferro. Outra<br />
característica que vem sendo referencia para a carne é o baixo teor <strong>de</strong> gorduras e<br />
elevado índice <strong>de</strong> ácidos graxos insaturados (Dias et al., 2008).<br />
A maciez, a suculência, a cor, o odor, e o sabor <strong>da</strong> carne caprina são atributos<br />
que estão relacionados com a satisfação do consumidor. O valor comercial <strong>da</strong> carne está<br />
baseado no seu grau <strong>de</strong> aceitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> por estes consumidores, estes estão<br />
correlacionado aos parâmetros <strong>de</strong> palatabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto. As características <strong>da</strong> carne<br />
que contribuem com a "palatabili<strong>da</strong><strong>de</strong>" são aquelas agradáveis aos olhos, nariz e<br />
pala<strong>da</strong>r, <strong>de</strong>ntre elas sobressaem os aspectos organolépticos <strong>de</strong> sabor ou "flavour" e <strong>de</strong><br />
suculência. Ambas as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser influencia<strong>da</strong>s por diversos fatores, os<br />
quais exercem forte influência na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s gorduras.<br />
Nos últimos anos o interesse pela carne caprina tem crescido, em função<br />
também <strong>de</strong> suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais, pois apresenta baixos teores <strong>de</strong> colesterol,<br />
gordura satura<strong>da</strong> e calorias, quando compara<strong>da</strong> com as <strong>de</strong>mais carnes vermelhas<br />
(Madruga et al, 2005).<br />
No Brasil, o consumo direto e a preferência é por carne <strong>de</strong> animais jovens,<br />
<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> “cabrito”, caracteriza<strong>da</strong> por ser mais macia, mais suculenta e possuir<br />
sabor e odor característicos menos intensos. A carne <strong>de</strong> animais adultos não tem a<br />
mesma aceitação, haja vista apresentar menor maciez, textura mais firme associados a<br />
um sabor e odor característicos mais intenso <strong>da</strong> espécie e in<strong>de</strong>sejável pelo consumidor.<br />
A carne caprina vem sendo pesquisa<strong>da</strong> sobre os aspectos sensoriais, enfatizando-se a<br />
influência <strong>de</strong> alguns fatores pré-abate neste parâmetro <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vale ressaltar que a<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, no tocante à carne caprina, está relaciona<strong>da</strong> a diversos fatores relativos ao
animal, ao meio, à nutrição, ao manejo antes do abate e às condições <strong>de</strong> processamento<br />
e conservação <strong>da</strong>s carcaças após o abate (Sañudo, 2002).<br />
Dentre os fatores “anti-mortem”, a raça é um dos fatores altamente<br />
correlacionados com a maciez. Historicamente a carne dos animais nativos é<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> como dura, porque esses animais são criados à pastos em nenhum tipo <strong>de</strong><br />
suplementação, com isto aumenta a i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate, se comparados com as raças<br />
exóticas que são abatidos precocemente. Diante <strong>de</strong>sse diagnóstico, foi preconizado por<br />
vários técnicos <strong>da</strong> área, modificações no sistema <strong>de</strong> criação, visando obter carcaças com<br />
maior acabamento (maior cobertura <strong>de</strong> gordura) e oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> animais mais jovem, a<br />
fim <strong>de</strong> resolver os problemas <strong>de</strong> maciez <strong>de</strong> carne caprina (Zapata et al., 2000)<br />
Animais confinados ou suplementados à pasto ten<strong>de</strong>m a apresentar melhor<br />
acabamento <strong>de</strong> gordura em menos tempo, <strong>de</strong>vido a uma alimentação mais rica em<br />
energia, sendo assim, os caprinos serão abatidos mais cedo. O nível <strong>de</strong> energia na ração<br />
influencia diretamente na maciez <strong>da</strong> carne, pois quanto maior for o teor energético <strong>da</strong><br />
ração, maior será a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> gordura na carcaça, e, esta <strong>da</strong>rá maciez e suculência na<br />
carne (Madruga et al., 2005).<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar as características físicas, químicas e<br />
sensoriais <strong>da</strong> carne <strong>de</strong> caprinos <strong>da</strong>s raças Moxotó e Canindé criados em sistema <strong>de</strong><br />
confinamento na região semi-ári<strong>da</strong> <strong>da</strong> Paraíba, alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia.
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Local<br />
O experimento foi realizado na Estação Experimental <strong>de</strong> Pesquisa em Pequenos<br />
Ruminantes, do Centro <strong>de</strong> Ciências Agrárias <strong>da</strong> UFPB, localiza<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> São<br />
João do Cariri-PB. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> esta localiza<strong>da</strong> na microrregião do Cariri Oci<strong>de</strong>ntal <strong>da</strong><br />
Paraíba, entre as coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s 7° 23’ 27” <strong>de</strong> Latitu<strong>de</strong> sul e 36° 31' 58” <strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong><br />
Oeste, <strong>de</strong>ntro do semi-árido nor<strong>de</strong>stino. Durante o período experimental as temperaturas<br />
médias diárias, a média máxima e a média <strong>da</strong>s temperaturas mínimas registra<strong>da</strong>s foram:<br />
28,11°C; 28,49°C e 21,21°C, respectivamente, com umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa média <strong>de</strong> 57,41%.<br />
Animais e tratamentos<br />
Foram utilizados 40 animais, sendo 20 animais <strong>da</strong> raça Moxotó e 20 Canindé,<br />
todos machos castrados, com i<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> cinco meses e peso médio inicial <strong>de</strong> 15,2 ±<br />
1,91 kg. Os animais ficaram confinados por um período <strong>de</strong> 107 dias, sendo 21 dias <strong>de</strong><br />
a<strong>da</strong>ptação, em 4 galpões abertos, cobertos com telhas <strong>de</strong> cerâmica, piso em chão batido,<br />
orientados no sentido leste-oeste, compostos por 10 baias individuais em ca<strong>da</strong> galpão,<br />
medindo uma área <strong>de</strong> 3,75 m 2 por baia, provi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> comedouro e bebedouro individual,.<br />
Os animais foram i<strong>de</strong>ntificados através <strong>de</strong> brincos nas orelhas, pesados no início do<br />
experimento e semanalmente, para controle do <strong>de</strong>senvolvimento corporal. No período<br />
pré-experimental eles receberam uma dose <strong>de</strong> vermífugo, com reforço após 21 dias e foi<br />
aplicado ain<strong>da</strong> um modificador orgânico (complexo vitamínico e mineral).<br />
Os tratamentos foram constituídos em função do nível <strong>de</strong> energia metabolizável<br />
e <strong>da</strong>s raças, sendo: D1 = a dieta contendo 2,71 Mcal/kg.MS <strong>de</strong> energia metabolizável<br />
(EM) e D2 = dieta contendo 2,20 Mcal/kg.MS <strong>de</strong> energia metabolizável como consta na<br />
Tabela 1. A oferta era ajusta<strong>da</strong> diariamente <strong>de</strong> forma a permitir 20% <strong>de</strong> sobras e <strong>de</strong>sta<br />
sobra era retira<strong>da</strong> 10% que foram acondiciona<strong>da</strong>s em freezer, juntamente com as<br />
amostras do alimento ofertado.
Tabela1. Participação dos ingredientes e composição química <strong>da</strong> dieta experimental<br />
com base na matéria seca<br />
Ingredientes (%) 2,71 Mcal/kg.MS 2,20 Mcal/kg.MS<br />
Farelo <strong>de</strong> milho 57 21<br />
Farelo <strong>de</strong> soja 5 6<br />
Melaço 1 1<br />
Núcleo mineral 1 1<br />
Calcário 1 1<br />
Feno <strong>de</strong> maniçoba 35 70<br />
Composição Química (%)<br />
Matéria seca 89,25 89,85<br />
Proteína bruta 12,23 12,16<br />
Energia metabolizável (Mcal/kg MS) 2,71 2,20<br />
Extrato etéreo 6,99 3,80<br />
Fibra em <strong>de</strong>tergente neutro 40,50 53,09<br />
Fibra em <strong>de</strong>tergente ácido 20,22 33,46<br />
Amostragem<br />
Terminado o período <strong>de</strong> confinamento os animais foram submetidos a um jejum<br />
hídrico-alimentar <strong>de</strong> 16 horas e abatidos <strong>de</strong> acordo com a metodologia <strong>de</strong>scrita por.<br />
Osório et al. (1998).<br />
Os animais foram atordoados por concussão cerebral, suspensos pelos membros<br />
posteriores e sangrados, perfurando a veia jugular e a artéria caróti<strong>da</strong>, com coleta e<br />
pesagem do sangue. Após a evisceração, foram obtidos os pesos dos componentes não<br />
constituintes <strong>da</strong> carcaça. As carcaças foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s por animal e tratamento e,<br />
transporta<strong>da</strong>s para uma câmara fria, on<strong>de</strong> permaneceram por um período <strong>de</strong> 24 horas a<br />
uma temperatura <strong>de</strong> 4 ˚C. Após este período as carcaças foram secciona<strong>da</strong>s em carcaça<br />
direita e esquer<strong>da</strong>, proce<strong>de</strong>ndo em segui<strong>da</strong> os cortes comerciais: pescoço, paleta,<br />
costelas, lombo e perna. De ca<strong>da</strong> animal foi guar<strong>da</strong>do o lombo, para analise<br />
posteriomente.<br />
Os lombos foram retirados do freezer e colocados sob refrigeração por 24 horas<br />
para o <strong>de</strong>scongelamento, seguido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sossa, retirou-se o músculo longissimus dorsi o<br />
qual foi fracionado em duas partes iguais para analises sensorial e a composição
centesimal. Aproxima<strong>da</strong>mente 250 g <strong>de</strong> tecido muscular <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lombo foram<br />
utilizados para as análises como esta exemplificado na Figura1.<br />
Figura 1. Amostra para composição centesimal<br />
Métodos analíticos<br />
As análises físicas (pH e cor), composição centesimal (umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cinza, proteínas<br />
e lipí<strong>de</strong>os) e a analise sensorial foram realiza<strong>da</strong>s no laboratório <strong>de</strong> Bromatólogia no<br />
Departamento do Centro <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (CCS), pertencente a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Paraíba.<br />
Analises física<br />
pH<br />
Analise do pH foi feita por meio <strong>de</strong> potenciômetro digital (Digimed PS2),<br />
segundo procedimentos AOAC (2000). Do mesmo músculo foi feita 3 leituras,<br />
posteriormente foi calculado uma média para ca<strong>da</strong> animal.<br />
Cor<br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> cor foi feita mediante colorímetro Minolta CR-200, o qual<br />
<strong>de</strong>termina as coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s L*, a* e b*, responsáveis pela luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, teor <strong>de</strong><br />
vermelho e teor <strong>de</strong> amarelo, respectivamente (Miltenburg et al., 1992). Para avaliação<br />
<strong>da</strong> cor, foi feito 3 leituras em diferentes locais no músculo (longissimus dorsi) <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
animal, <strong>de</strong>pois foi calculado uma média <strong>de</strong>stes resultados.
Analises <strong>de</strong> composição centesimal<br />
Umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi realiza<strong>da</strong> seguindo a metodologia <strong>de</strong>scrita <strong>da</strong><br />
AOAC (2000). Pesou-se 3 g <strong>da</strong> amostra em cápsula previamente tara<strong>da</strong>, aquece-se em<br />
estufa a 105 °C por 24 horas (Figura 2), resfria-se em <strong>de</strong>ssecador ate temperatura<br />
ambiente, pesou-se novamente e através <strong>da</strong> formula foi encontra<strong>da</strong> a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> conti<strong>da</strong><br />
na amostra: Umi<strong>da</strong><strong>de</strong> = (100xN)/P; on<strong>de</strong> N é a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> peso em grama, P é igual a<br />
numero <strong>de</strong> grama <strong>da</strong> amostra.<br />
Figura 2. Estufa utiliza<strong>da</strong> para obtenção <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Cinzas ou resíduo mineral<br />
Pesou-se 3 g <strong>da</strong> amostra em cadinho <strong>de</strong> porcelana previamente tarado,<br />
carbonizou totalmente a amostra em chapa aquecedora, em segui<strong>da</strong> incinerou em mufla<br />
a 550 °C (Figura 3), ate que as cinzas fiquem totalmente brancas e sem pontos pretos.<br />
Resfriou ate temperatura ambiente e pesou novamente e através <strong>da</strong> formula foi<br />
encontra<strong>da</strong> o teor <strong>de</strong> cinzas contido na amostra: Cinzas = (100xN)/P; on<strong>de</strong> N é o
numero <strong>de</strong> gramas <strong>de</strong> cinzas; P é o numero <strong>de</strong> gramas <strong>da</strong> amostra. Foi realiza<strong>da</strong><br />
segundo os procedimentos analíticos <strong>da</strong> AOAC (2000).<br />
Figura 3. Mufla on<strong>de</strong> as amostras foram incinera<strong>da</strong>s<br />
Proteína<br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> proteína foi realiza<strong>da</strong> segundo os procedimentos analíticos<br />
<strong>da</strong> AOAC (2000). Pesou-se 1g <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> amostra e embrulhou em papel manteiga,<br />
transferiu este embrulho para um tubo <strong>de</strong> Kje<strong>da</strong>hl, adicionou 5g <strong>da</strong> mistura catalítica, 7<br />
mL <strong>de</strong> acido sulfúrico concentrado e 3 pedrinhas <strong>de</strong> porcelana. Estes tubos foram<br />
levados para um digestor, a temperatura inicial <strong>de</strong> 55 °C e aos poucos esta temperatura<br />
foi aumentando gra<strong>da</strong>tivamente ate atingir a temperatura <strong>de</strong> 300 °C. A digestão foi<br />
finaliza<strong>da</strong> quando a solução apresentou-se incolor.<br />
Após a digestão esperou a solução esfriar por completo e só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fria<br />
iniciou a <strong>de</strong>stilação (Figura 4). Adicionou a solução já digeri<strong>da</strong> 1ml <strong>da</strong> solução <strong>de</strong><br />
fenolftaleina e conecta o tubo ao <strong>de</strong>stilador <strong>de</strong> Kjel<strong>da</strong>hl. Em um erlenmeyer <strong>de</strong> 125 mL<br />
colocou-se 25 mL <strong>de</strong> acido bórico a 4%, este erlenmeyer é mergulhado a saí<strong>da</strong> do<br />
con<strong>de</strong>sador, a temperatura foi manti<strong>da</strong> na posição 2, após aquecer adiciona uma solução<br />
<strong>de</strong> NaOH a 40% lentamente ate conseguir pH alcalino, ocorrendo mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> cor<br />
alaranja<strong>da</strong> para marrom. Após esta viragem <strong>de</strong> cor acontecer aumentou a temperatura
do <strong>de</strong>stilador ate a posição 8 afim <strong>de</strong> promover a <strong>de</strong>stilação. Quando o volume do<br />
erlenmeyer atingiu 75 mL esta solução foi retira<strong>da</strong> e leva<strong>da</strong> para a titulação. As<br />
amostras foram titula<strong>da</strong>s com acido clorídrico 0,1N, após a titulação foi anotado o<br />
volume gasto do acido e através <strong>da</strong> formula foi encontrado o valor <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
amostra: Proteínas Totais = (VA-VB)xfaxFx0,14 /P. On<strong>de</strong> Va é o volume <strong>de</strong> acido<br />
clorídrico; VB volume acido clorídrico gasto no branco; fa é o fator <strong>de</strong> correção <strong>da</strong><br />
solução <strong>de</strong> acido clorídrico; F 6,36 (fator <strong>de</strong> correspondência do nitrogênio) e P o peso<br />
<strong>da</strong> amostra.<br />
Figura 4. Amostras esfriando após a digestão<br />
Lipídios totais<br />
A extração <strong>de</strong> lipídios foi feita através <strong>da</strong> metodologia <strong>de</strong> Folch et al. (1957).<br />
Pesou-se 2 g <strong>da</strong> amostra, adicionou 30 mL <strong>da</strong> mistura <strong>de</strong> clorofórmio:metanol (2:1) a<br />
mistura foi agita<strong>da</strong> por 3 minutos em um triturador Biomatic (Figura 5), cobriu-se a<br />
lateral do vidro com papel alumínio para evitar a evaporação, após a trituração esta<br />
mistura foi filtra<strong>da</strong> em papel <strong>de</strong> filtro qualitativo em uma proveta <strong>de</strong> 100 mL com boca<br />
esmerilha<strong>da</strong>. Adicionou 10 mL do solvente para lavagem do vidro, foi anotado o<br />
volume final do extrato filtrado que estava na proveta.<br />
Após a filtragem foi adicionado 20% do volume final do extrato <strong>da</strong> proveta <strong>de</strong><br />
sulfato <strong>de</strong> sódio a 1,5%, a proveta foi <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente fecha<strong>da</strong> e a mistura foi bem agita<strong>da</strong> e<br />
<strong>de</strong>pois ficou em repouso para que acontecesse a separação, a solução foi dividi<strong>da</strong> em<br />
duas fases a superior e a inferior, anotou-se rigorosamente o volume <strong>da</strong> fase inferior.
Tomou-se 5 mL <strong>da</strong> extrato inferior com uma pipeta volumétrica e transferiu para um<br />
béquer previamente tarado, este béquer foi levado para uma estufa a 90 °C para<br />
evaporar a mistura do solvente. Após a evaporação o béquer foi levado para um<br />
<strong>de</strong>ssecador ate esfriar, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> frio o béquer foi novamente pesado.<br />
Figura 5. Triturador Biomatic<br />
Análise sensorial<br />
Para a analise sensorial foi aplicado o teste <strong>da</strong> analise <strong>de</strong>scritiva<br />
quantitativa utilizando-se um painel composto por 11 provadores treinados,<br />
segindo-se a metodologia <strong>de</strong> Faria-Yotsuyanagi (2002).<br />
Inicialmente foram pré-selecionados 20 pessoas <strong>de</strong> ambos os sexos, com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
entre 20 e 50 anos, formado por estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> graduação em Nutrição e <strong>de</strong> Pósgraduação<br />
em Ciências e Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Paraíba.<br />
Na etapa <strong>de</strong> pré-seleção avaliaram-se a afini<strong>da</strong><strong>de</strong> dos candi<strong>da</strong>tos com o produto, à<br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo, o interesse em participar dos testes, os parâmetros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
hábitos, mediante a aplicação <strong>de</strong> um questionário. A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> visual e a habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
em usar escalas dos candi<strong>da</strong>tos a provador foram avalia<strong>da</strong>s através do teste <strong>da</strong>s figuras<br />
geométricas.<br />
Dos 20 prováveis provadores 11 foram selecionados e treinados em analise<br />
sensorial <strong>da</strong> carne caprina, enfatizando-se a avaliação sensorial dos atributos <strong>de</strong> textura,
suculência e dureza. Para o treinamento na avaliação do atributo textura foi aplica<strong>da</strong> o<br />
teste triangular no qual ca<strong>da</strong> provador recebeu três amostras, sendo duas iguais e uma<br />
diferente, <strong>de</strong> carne bovina dos cortes lombo (dura) e file mingon (macia). Foi solicitado<br />
a ca<strong>da</strong> provador que i<strong>de</strong>ntificasse a amostra diferente em relação a textura (Apêndice 1,<br />
2 e 3).<br />
Uma equipe <strong>de</strong> 11 provadores treinados realizaram as análises sensoriais. Ca<strong>da</strong><br />
atributo foi pontuado numa escala <strong>de</strong> 1 a 9, <strong>de</strong> tal forma que 1 referiu-se à condição<br />
menos favorável e 9 à mais favorável (Apêndice 4), em relação aos parâmetros<br />
sensoriais <strong>de</strong>, dureza, suculência, sabor, odor e cor. Ca<strong>da</strong> provador repetiu 3 vezes a<br />
sensorial.<br />
Durante o treinamento foi efetua<strong>da</strong> a calibração do grill elétrico utilizado no<br />
preparo <strong>da</strong>s amostras, com o uso <strong>de</strong> um termômetro digital (Delta OHM mo<strong>de</strong>lo HD<br />
9218) até atingir 71°C no centro geométrico, o que levou oito minutos, quatro minutos<br />
para ca<strong>da</strong> lado <strong>da</strong> porção prepara<strong>da</strong> (Figura 6). Para a avaliação <strong>da</strong>s amostras, a carne<br />
foi corta<strong>da</strong> em cubos <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 2,0 cm <strong>de</strong> aresta, submeti<strong>da</strong>s a tratamento<br />
térmico, conforme calibração, e sem adição <strong>de</strong> nenhum condimento, quando então<br />
foram acondicionados em embalagens térmicas. Foram servidos, a ca<strong>da</strong> julgador, quatro<br />
cubos <strong>de</strong> carne cozi<strong>da</strong> nas embalagens codificados com números aleatórios <strong>de</strong> três<br />
dígitos, seguindo-se um balanceamento <strong>da</strong> posição <strong>da</strong>s amostras proposto por Macfie et<br />
al. (1989).<br />
Os testes foram realizados em cabines individuais, sob condições <strong>de</strong> temperatura<br />
e iluminação controla<strong>da</strong>s. As amostras ficaram embala<strong>da</strong>s em papel alumínio e<br />
acondiciona<strong>da</strong>s em um aquecedor, para manter a temperatura até a realização <strong>da</strong> análise.<br />
A ficha <strong>de</strong> avaliação foi entregue junto com as amostras <strong>de</strong> carne caprina.<br />
Figura 6. Preparação <strong>da</strong> carne para analise sensorial
Análise estatística e <strong>de</strong>lineamento experimental<br />
O <strong>de</strong>lineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), num<br />
esquema fatorial 2 x 2 (2 raças e 2 dietas), com 10 repetições para a analise físicoquímica<br />
e <strong>da</strong> cor e para a analise sensorial foi utilizado 11 repetições que foi o numero<br />
dos provadores. Os <strong>da</strong>dos foram submetidos à análise <strong>de</strong> variância e, quando necessário,<br />
as médias compara<strong>da</strong>s pelo teste F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> através do programa<br />
estatístico SAS (1998), <strong>de</strong> acordo com o mo<strong>de</strong>lo matemático a baixo:<br />
Y ijk = µ + ri + ij + rik + erroijk:<br />
Y ijk = valor observado;<br />
µ ijk = media geral;<br />
r i = efeito raça;<br />
i j = efeito dieta;<br />
ri k = efeito <strong>da</strong> interação raça X dieta, e;<br />
erro ijk = efeito do erro experimental nas parcelas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Composição centesimal<br />
Valores médios e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>da</strong> composição centesimal estão<br />
apresentados na Tabela 2. Não foi observa<strong>da</strong> influencia (P>0,05) <strong>da</strong> interação raça x<br />
dieta sobre to<strong>da</strong>s as variáveis analisa<strong>da</strong>s neste estudo.<br />
O teor <strong>de</strong> energia na dieta não apresentou nenhum efeito significativo (P>0,05)<br />
na composição centesimal <strong>da</strong> carne caprina. A dieta contendo 2,20 Mcal/kg.MS<br />
apresentou resultados semelhantes aos animais que consumiram um maior valor<br />
energético.<br />
A umi<strong>da</strong><strong>de</strong> na composição <strong>da</strong> carne é muito importante, pois a sua presença<br />
influencia no sabor, suculência e maciez <strong>da</strong> carne. Na presente pesquisa raça influenciou<br />
significativamente (P0,05) para o efeito<br />
<strong>da</strong> raça nem para a dieta. Os animais <strong>da</strong> raça Moxotó apresentaram 22,57% e os <strong>da</strong> raça<br />
Canindé 22,12%, para o valor médio <strong>de</strong> proteína. Estes resultados concor<strong>da</strong>m com os<br />
encontrados na literatura. Madruga et al.( 2008) estu<strong>da</strong>ndo as mesmas raças citaram<br />
para proteína os seguintes valores: Moxotó 21,4% e para a raça Canindé 22,1%. Dias et<br />
al. (2008) estu<strong>da</strong>ndo a raça Anglo-nubiana, encontraram resultados inferiores ao <strong>de</strong>ste<br />
trabalho (18,7%). Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho condiz com os apresentados por Arru<strong>da</strong><br />
(2003), que em revisão <strong>de</strong> literatura sobre carne caprina, reporta valores 20,74% para<br />
proteína.<br />
Segundo Madruga et al. (1999) a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína presente na carne<br />
caprina é influencia<strong>da</strong> pela i<strong>da</strong><strong>de</strong> do animal, em que animais mais velhos apresentam
uma maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína na sua composição. Tovar-Luna et al.(2007) tambem<br />
afirmaram que animais mais pesados, apresentam na composição <strong>de</strong> sua carne um teor<br />
<strong>de</strong> proteína maior que animais mais leves.<br />
Tabela 2. Médias <strong>da</strong> composição centesimal e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos<br />
nativos criados em sistema <strong>de</strong> confinamento alimentados com dois níveis <strong>de</strong><br />
energia<br />
Dieta<br />
Variáveis<br />
CV<br />
Raças<br />
(Mcal/kg.MS)<br />
(%)<br />
(%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,20<br />
Umi<strong>da</strong><strong>de</strong> 75,50a 73,87b 74,32 75,05 2,12<br />
Proteína 22,57 22,12 22,16 22,53 4,75<br />
Lipí<strong>de</strong>os 3,51 4,14 4,17 3,48 38,84<br />
Cinzas 1,03 0,98 1,02 0,99 7,38<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong><br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
A concentração média <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os foi 3,51% para a raça Moxotó e 4,14% para<br />
a Canindé. Não sendo influencia<strong>da</strong> significativamente (P>0,05) esta variável. Madruga<br />
et al. (2008) estu<strong>da</strong>ndo as mesmas raças encontraram resultados inferiores ao <strong>de</strong>ste<br />
trabalho, para a raça Moxotó 2,8% e para a Canindé 2,7%. O teor <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os é<br />
importante estar presente na composição <strong>da</strong> carne, pois, sua presença interfere<br />
diretamente na suculência, maciez e sabor <strong>da</strong> carne. Madruga et al., 1999 afirmaram que<br />
a i<strong>da</strong><strong>de</strong> influenciou no teor <strong>de</strong> gordura, animais mais jovens apresentaram menos<br />
gordura na sua composição muscular, os nutrientes ingeridos por estes animais são<br />
convertidos em na formação <strong>da</strong> sua estrutura física (formação <strong>de</strong> ossos e tecidos). Como<br />
neste estudo os animais eram <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>s aproxima<strong>da</strong>s isto possivelmente justifica o fato<br />
<strong>de</strong> não ter acontecido efeito significativo para o teor <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os quando o fator estu<strong>da</strong>do<br />
foi a raça. Outro fator que influencia diretamente na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os na carne é a<br />
alimentação que estes animais receberam, pois to<strong>da</strong> a energia em excesso consumi<strong>da</strong> é<br />
converti<strong>da</strong> em tecido <strong>de</strong> reserva.<br />
Os valores médios apresentados neste estudo para cinzas <strong>de</strong>monstra não haver<br />
efeito significativo (P>0,05), entre as raças com teores <strong>de</strong> 1,03% para a Moxotó e os <strong>da</strong><br />
raça Canindé 0,98%. Estes resultados condizem com os encontrados na literatura.<br />
Madruga et al. (2008) estu<strong>da</strong>ndo as mesmas raças encontraram resultados semelhantes
ao <strong>de</strong>ste estudo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> raça o valor encontrado por estes autores foi 1%.<br />
Madruga et al. (1999) avaliando o efeito <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate encontrou resultados<br />
aproximados ao <strong>de</strong>sta pesquisa, sendo que os animais mais jovens (175 dias) para cinzas<br />
apresentaram o seguinte resultado 0,99% e os <strong>de</strong> 265 dias apresentaram 0,88%.<br />
Segundo Gaili et al.(1985) o teor <strong>de</strong> cinzas diminui com o aumento <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
animais mais jovens apresentam na composição <strong>de</strong> seus músculos uma maior<br />
concentração <strong>de</strong> cinzas. A dieta também não influenciou (P>0,05) os resultados<br />
encontrados neste estudo para cinzas. O fato <strong>da</strong> dieta não influenciar os resultados<br />
encontrados para cinzas po<strong>de</strong> ter sido em função <strong>da</strong>s rações terem sido formula<strong>da</strong>s para<br />
aten<strong>de</strong>rem as exigências nutricionais dos animais, sendo assim, nenhum dos animais<br />
teve restrição mineral.<br />
Características sensoriais<br />
Os valores médios e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>da</strong> analise sensorial <strong>da</strong> carne <strong>de</strong><br />
caprinos <strong>da</strong> raça Canindé e Moxoto estão contidos na Tabela 3. Ca<strong>da</strong> variável <strong>de</strong>sta<br />
tabela foi pontuado numa escala <strong>de</strong> 1 a 9, <strong>de</strong> tal forma que 1 referiu-se à condição<br />
menos favorável e 9 à mais favorável.<br />
Tabela 3. Medias <strong>da</strong> analise sensorial e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos nativos<br />
criados em sistema <strong>de</strong> confinamento alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
Dieta<br />
CV<br />
Variáveis<br />
Raças<br />
(Mcal/kg.MS)<br />
(%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,20<br />
Dureza 2,77a 3,63b 2,93A 3,77B 32,61<br />
Suculência 4,23a 3,69b 4,27A 3,66B 26,75<br />
Sabor 4,20 4,36 4,29 4,32 27,14<br />
Odor 4,23 4,09 4,06 4,23 24,93<br />
Cor 3,79 4,07 3,62A 4,19B 27,26<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
Para o atributo dureza verificou-se que houve efeito significativo (P
3,63 em uma escala <strong>de</strong> 1 a 9. Observando-se o efeito <strong>da</strong> dieta, a com maior nível <strong>de</strong><br />
energia (2,71 Mcal/kg.MS) apresentou resultado mais favorável 2,93 do que a <strong>de</strong> menor<br />
nível <strong>de</strong> energia (2,2Mcal/kg.MS) 3,77.<br />
A raça Moxotó apresentou carne mais suculenta quando compara<strong>da</strong> a raça<br />
Canindé, neste estudo a raça influenciou significativamente (P
Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas – Cor e pH<br />
Na Tabela 4 estão apresenta<strong>da</strong>s os valores médios <strong>de</strong> cor <strong>da</strong> carne (L*, a* e b*:)<br />
<strong>de</strong> caprinos <strong>da</strong>s raças Moxotó e Canindé e o coeficiente <strong>de</strong> variação. O efeito <strong>da</strong> raça e<br />
<strong>da</strong> dieta não influenciou significativamente (P>0,05) a coloração <strong>da</strong> carne. A raça<br />
Moxotó apresentou 22,92, 8,16 e 20,56 para L*, a* e b*, respectivamente, e, a Canindé<br />
23,80, 8,56 e 20,43, para os mesmos. Kadim et al. (2004) relataram que o efeito do<br />
genótipo não influenciou na cor <strong>da</strong> carne. Também afirmam que a alimentação, o tipo<br />
<strong>de</strong> músculo e o sistema <strong>de</strong> criação interferem na coloração <strong>da</strong> carne.<br />
Tabela 4. Medias <strong>da</strong> cor (L*, a* e b*), pH e coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> caprinos nativos<br />
criados em confinamento alimentados com dois níveis <strong>de</strong> energia<br />
Dieta<br />
CV<br />
Variáveis<br />
Raças<br />
(Mcal/kg.MS)<br />
(%)<br />
Moxotó Canindé 2,71 2,20<br />
L* 22,92 23,80 22,69 24,03 8,56<br />
a* 8,16 8,56 8,01 8,71 9,60<br />
b* 20,56 20,43 20,62 20,37 4,89<br />
pH 5,89a 6,09b 5,96 6,02 4,92<br />
Médias segui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> letras diferentes nas linhas diferem pelo teste F a 5% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Letras minúsculas refere-se a raças e letras maiúsculas refere-se a dieta<br />
Madruga et al. (2008), trabalhando com o músculo Semimembranosus <strong>de</strong><br />
caprinos Moxotó apresentaram para L*, a* e b*: 37,52, 16,8 e 11,6 e para a raça<br />
Canindé 46,1, 10,8 e 10,6, respectivamente.<br />
A letra L* representa a luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> carne sendo seu valor diretamente<br />
influenciado pelo pH <strong>da</strong> carne, quanto mais áci<strong>da</strong> for a carne menor será o valor <strong>de</strong> L*.<br />
A carne com baixo pH e baixo valor <strong>de</strong> L* será uma carne vermelho muito escuro<br />
puxado para marrom. O valor b* normalmente <strong>de</strong>termina a coloração amarela, que é<br />
influenciado pela presença <strong>de</strong> betacaroteno, esta coloração é influencia<strong>da</strong> pela<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gordura. Como no presente estudo, os animais apresentaram valores<br />
aproximados para o teor <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os na carne, isto po<strong>de</strong> se justificar o fato <strong>de</strong> não ter<br />
ocorrido diferença significativa no efeito raça nem dieta para esta variável.<br />
Essas diferenças estão relaciona<strong>da</strong>s com a proporção dos diferentes tipos <strong>de</strong><br />
fibras nos músculos. Naqueles em que predominam fibras do tipo I que é o caso do<br />
músculo <strong>da</strong> perna, o valor <strong>de</strong> a* ten<strong>de</strong> a ser maior, <strong>de</strong>vido ao elevado teor <strong>de</strong>
mioglobina nesta região, sendo assim, carne se torna mais vermelha, do que naqueles<br />
com predomínio <strong>de</strong> fibras do tipo IIB, como é o caso do músculo localizado no lombo<br />
do animal, apresentando uma carne menos vermelha. (Prata, 1999).<br />
A raça influenciou significativamente (P
CONCLUSÕES<br />
Animais <strong>da</strong> raça Moxotó quando comparado com a raça Canindé apresentaram<br />
carnes com maior teor <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais macia, suculenta.<br />
Os animais que consumiram a dieta com maior nível <strong>de</strong> energia (2,71<br />
Mcal/kg.MS) apresentaram carne mais macia e suculenta quando comparado aos<br />
animais que consumiram a dieta com menor nível <strong>de</strong> energia (2,20 Mcal/kg.MS).
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APÊNDICES
QUESTIONÁRIO<br />
Nome: .....................................................................................................................................................<br />
En<strong>de</strong>reço: .................................................................................................................................................<br />
Telefone resi<strong>de</strong>ncial: ................................ Celular:................................ Trabalho:...............................<br />
Profissão:.................................................. E-mail: .................................................................................<br />
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino<br />
Faixa etária: ( ) 15 – 20 anos ( ) 20 – 30 anos<br />
( ) 30 – 40 anos ( ) 40 – 50 anos ( ) 50 – 60 anos<br />
Escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>: Ensino fun<strong>da</strong>mental ( ) incompleto ( ) completo<br />
Ensino médio ( ) incompleto ( ) completo<br />
Ensino superior ( ) incompleto ( ) completo<br />
Pós-graduação ( ) incompleto ( ) completo<br />
Existe algum dia ou horário durante o qual você não po<strong>de</strong>rá participar <strong>da</strong>s sessões <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação?<br />
Indique o período em que você preten<strong>de</strong> tirar férias este ano.<br />
Cite alimentos e ingredientes que você não po<strong>de</strong> comer ou beber por razões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou que não<br />
tolera.<br />
Você tem conhecimento <strong>de</strong> que seja alérgico a algum alimento? Qual?<br />
Você usa prótese <strong>de</strong>ntária (fixa ou móvel) ou aparelho ortodôntico?<br />
Indique o quanto você gosta <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>sses produtos:<br />
Carne bovina Carne ovina Carne caprina<br />
Gosto muito ( ) ( ) ( )<br />
Gosto regularmente ( ) ( ) ( )<br />
Gosto ligeiramente ( ) ( ) ( )<br />
Nem gosto, nem <strong>de</strong>sgosto ( ) ( ) ( )<br />
Desgosto ligeiramente ( ) ( ) ( )<br />
Desgosto regularmente ( ) ( ) ( )<br />
Desgosto muito ( ) ( ) ( )<br />
Com que freqüência você consome carnes?<br />
( ) menos <strong>de</strong> 1 vez por mês ( ) 1 a 2 vezes por mês ( ) 1 vez por semana<br />
( ) 2 a 3 vezes por semana ( ) 4 vezes ou mais semana ( ) todos os dias ( ) nunca<br />
Quais os tipos <strong>de</strong> cortes <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> sua preferência?<br />
Cite carnes que você consi<strong>de</strong>re:<br />
Muito duras: .............................................................................................................................................<br />
Média dureza:...........................................................................................................................................<br />
Pouca dureza:............................................................................................................................................<br />
Cite três tipos <strong>de</strong> produtos alimentícios que apresentam característica <strong>de</strong> suculência?<br />
Apêndice 1.Mo<strong>de</strong>lo do questionário usado no recrutamento <strong>de</strong> julgadores.
Nome __________________________________________<br />
Data: __________<br />
Você está recebendo três amostras <strong>de</strong> carne. Duas amostras são iguais e uma<br />
é diferente. Por favor, prove as amostras <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita e<br />
i<strong>de</strong>ntifique, com um círculo, a amostra diferente quanto a TEXTURA.<br />
--------- ---------- ----------<br />
Comentários: _________________________________________________<br />
Apêndice 2. Mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> ficha do teste triangular emprega<strong>da</strong> na pré-seleção dos<br />
julgadores.<br />
TERMOS<br />
DESCRITIVOS<br />
DEFINIÇÃO<br />
Força necessária para comprimir um<br />
POUCA<br />
REFERÊNCIAS<br />
MUITA<br />
pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> carne entre os <strong>de</strong>ntes<br />
FILÉ MIGNON<br />
PEITO<br />
DUREZA<br />
molares, avalia<strong>da</strong> na primeira mordi<strong>da</strong>.<br />
BOVINO<br />
BOVINO<br />
Percepção <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido<br />
SUCULÊNCIA<br />
liberado <strong>da</strong> amostra <strong>de</strong> carne na boca,<br />
LAGARTO<br />
FILÉ MIGNON<br />
após a 5ª mastiga<strong>da</strong>.<br />
BOVINO<br />
BOVINO<br />
Apêndice 3. Ficha <strong>de</strong> instrução para avaliação dos atributos dureza e suculência <strong>da</strong><br />
carne.
NOME: ______________________________ AMOSTRA: ________- DATA: ____/____/____<br />
Você está recebendo um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> carne caprina. Avalie o ODOR<br />
característico <strong>da</strong> carne e a COR mais agradável. Por favor, coloque o pe<strong>da</strong>ço entre os<br />
<strong>de</strong>ntes molares e dê a 1ª mordi<strong>da</strong>. Avalie a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> para DUREZA,<br />
colocando um traço vertical na escala correspon<strong>de</strong>nte. Depois continue mastigando, e<br />
após a 5ª mastiga<strong>da</strong> avalie a SUCULÊNCIA <strong>da</strong> amostra na escala correspon<strong>de</strong>nte. E<br />
por fim, avalie a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> do SABOR percebido.<br />
DUREZA<br />
pouca<br />
muita<br />
SUCULÊNCIA<br />
pouca<br />
muita<br />
SABOR<br />
pouco<br />
muito<br />
ODOR<br />
pouco<br />
muito<br />
COR (carne assa<strong>da</strong>)<br />
Pouco<br />
muito<br />
Comentários:<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
Apêndice 4. Mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> ficha utiliza<strong>da</strong> para avaliação dos atributos dureza, suculência,<br />
sabor e cor.