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Catálogo Patrimônio Cultural do Espírito Santo - Arquitetura - Secult

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153 159Jesus na capitania <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Especializada naprodução de carne, no final <strong>do</strong> século XVII abasteciao colégio de Vitória e as residências <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>,além de ter espaçoso pesqueiro para abastecimento de peixe.Em 1707, era a única fazenda na capitania.Preocupa<strong>do</strong>s com cultivo <strong>do</strong> peixe e a criação dega<strong>do</strong>, provavelmente os padres não tiveram tempopara edificar a totalidade <strong>do</strong> conjunto necessário à suapermanência nas terras <strong>do</strong> sul. Quan<strong>do</strong> foram expulsos<strong>do</strong> Brasil, em 1759, apenas a igreja estava concluída. Daresidência, apenas fragmentos de alvenaria e uma portade acesso ao coro, ambos situa<strong>do</strong>s na fachada lateralesquerda, permitem assegurar sua existência.Expulsos os jesuítas, as terras da Fazenda Muribecaficaram aban<strong>do</strong>nadas até serem arrematadas por umcapitão-mor da capitania <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, que asvendeu para o engenheiro português Manuel Pereira. Édesse momento a demarcação das terras. Manuel Pereirafixa marcos de pedra com suas iniciais sem, entretanto,ocupá-las.Dessa maneira, quan<strong>do</strong> da chegada de <strong>do</strong>is de seusherdeiros, Antônio Pereira Viana e Antônio DomingosTinoco, em data desconhecida, grande parte das terrasestava invadida por famílias provenientes da capitaniavizinha, Rio de Janeiro. Enquanto Antônio DomingosTinoco ocupa o conjunto, a residência e a igreja,e grande parte das terras mais próximas; AntônioPereira Viana constrói residência nas margens <strong>do</strong> rioItabapoana, denominan<strong>do</strong> sua parte de Guarulhos. Aterceira geração de proprietários das terras da FazendaMuribeca pertence a Ulisses Viana Fontão, filho de umaneta de Antônio Domingos Viana e responsável pela<strong>do</strong>ação ao Instituto <strong>do</strong> Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional de parte das terras.Dominan<strong>do</strong> a vasta e arenosa planície, a igreja de NossaSenhora das Neves é um ponto branco contra o infinitoazul <strong>do</strong> mar <strong>do</strong> leste e o ondulante verde das montanhas<strong>do</strong> oeste. O edifício, destaca<strong>do</strong> em sua envolventepaisagem, é artefato para olhar uma paisagem ou para ser vistodesde longe. Percebê-lo é como ver o tempo imobiliza<strong>do</strong>,uma condição apenas alterada a cada dia cinco de agostoquan<strong>do</strong>, para dar e pedir graças, homens, mulheres ecrianças se encontram para orar e festejar o dia de NossaSenhora das Neves. Evento sem fronteiras, a festa atraidevotos de diferentes localidades <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> e<strong>do</strong> Rio de Janeiro. São milhares. Mas, é preciso vontade.A igreja, sinal de práticas centenárias, isolada e distante,exige corpo e espírito esperançosos para nela chegar.O parti<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no conjunto de Muribeca deveter si<strong>do</strong> aquele da quase totalidade da obra jesuítica,disposto em quadra à volta de um pátio, um claustrocentral. Entretanto, não existe <strong>do</strong>cumentação acerca<strong>do</strong> mesmo. Do conjunto, só a igreja transpôs o tempo.Essa ocupava o “quarto” sul da quadra, enquanto aresidência ocupava o “quarto” <strong>do</strong> leste.Para erigir o conjunto, os padres jesuítas utilizaram daspedras <strong>do</strong>s arrecifes existentes na costa <strong>do</strong> Espírito<strong>Santo</strong>. São pedras de pequenas dimensões argamassadascom cal, cujo transporte deve ter exigi<strong>do</strong> o esforçode muitos índios reuni<strong>do</strong>s em torno das atividadesde culto e trabalho da Fazenda Muribeca. Construídacom paredes estruturais de pedra, a igreja encontra-secoberta por telha<strong>do</strong> com armação em madeira e fecha<strong>do</strong>por telhas de barro <strong>do</strong> tipo canal. Sua superfície é plana,constituída por duas águas na nave e outras duas nacapela-mor, e termina em beiral de beira-seveira e bica,com exceção das empenas correspondentes às paredesde fun<strong>do</strong> da nave e da capela-mor, onde a armação seapoia diretamente sobre o topo da parede. Na nave, otelha<strong>do</strong> sem forro, tem as telhas emboçadas – capaspresas por argamassa às telhas <strong>do</strong>s canais.

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