09.07.2015 Views

O herói negro do Martín Fierro - Grupo de Estudos em Literatura ...

O herói negro do Martín Fierro - Grupo de Estudos em Literatura ...

O herói negro do Martín Fierro - Grupo de Estudos em Literatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

162 Alexandre SilvaEm La vuelta, como Dom Quixote <strong>em</strong> sua segunda parte, o <strong>Martín</strong> <strong>Fierro</strong>já é famoso, o que torna ainda mais t<strong>em</strong>erário e digno <strong>de</strong> nota não apenaso <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> Moreno, como também seu comedimento e auto-controle aoenfrentar alguém tão ilustre. É palpável, mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> po<strong>em</strong>a, que oMoreno está <strong>de</strong>safian<strong>do</strong> não somente o valentão que matou seu irmão, mastambém um <strong>herói</strong>, alguém conheci<strong>do</strong>, o paradigma <strong>do</strong> gaúcho:No faltaban, ya se entien<strong>de</strong>en aquel gauchage inmenso,muchos que ya conocíanla historia <strong>de</strong> <strong>Martín</strong> <strong>Fierro</strong> (La vuelta, 1657-60, grifos nossos).No final da payada, o Moreno afirma explicitamente que aquela questãoainda não está completa e <strong>de</strong>safia <strong>Martín</strong> <strong>Fierro</strong>, <strong>em</strong> uma fala cordial, mascheia <strong>de</strong> alusões a um <strong>de</strong>stino que terá que se cumprir, <strong>de</strong> um jeito ou <strong>de</strong>outro. Impossível não ler nas estrofes seguintes praticamente uma promessa,por parte <strong>do</strong> autor, <strong>de</strong> um duelo iminente entre o Moreno e <strong>Martín</strong> <strong>Fierro</strong>,se não mais adiante nesse mesmo po<strong>em</strong>a pelo menos <strong>em</strong> alguma próxima“nova vuelta”:Ya saben que <strong>de</strong> mi madreJueron diez los que nacieron,Mas ya no esiste el primeroY mas queri<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s:Murió por injustos mo<strong>do</strong>sA manos <strong>de</strong> un pen<strong>de</strong>nciero.Los nueve hermanos restantesComo güérfanos quedamos;Den<strong>de</strong> entonces lo lloramosSin consuelo, creanmeló,Y al hombre que lo mató,Nunca jamás lo encontramos.Y que<strong>de</strong>n en paz los güesosDe aquel hermano queri<strong>do</strong>;A moverlos no he veni<strong>do</strong>,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!